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7 - Hematologia Técnicas Automatizadas O Hemograma O hemograma completo é o estudo das células que compõem o sangue. Nele são analisados a quantidade e a qualidade dessas células e suas alterações. Ele é composto pelo eritograma, leucograma e série plaquetária. Eritrograma: estudo da série vermelha do sangue, as hemácias. Leucograma: corresponde ao estudo dos leucócitos, com a contagem global e específica dos leucócitos e suas alterações. Plaquetograma: contagem das plaquetas. O HEMOGRAMA Antigamente... ◼ Hemoglobina medida por colorimetria ◼ Centrifugação para Hematócrito ◼ Contagem de leucócitos em câmara (Hemocitômetro) ◼ Contagem de plaquetas por microscopia de fase ◼ Contagem de hemácias em alguns casos ◼ Diferencial de leucócitos pela microscopia ótica ◼ Ìndices hematimétricos calculados Hemograma automatizado Principio do método: varias técnicas e princípios são utilizados na analise do hemograma automatizado: Espectrofotometria: reage com o ferrocianeto de potássio, técnica colorimétrica para quantificar a hemoglobina. Desvio da luz polarizada: quantifica os elementos sanguíneos, distinguindo- os pela complexidade celular devido ao grau de divergência que a célula causa quando o laser incide sobre seu citoplasma. Impedância: demonstra o volume celular por meio do impedimento da passagem de eletricidade entre dois compartimentos isotonicamente banhados. CONTADORES ELETRÔNICOS DE CÉLULAS ❑COULTER ❑ABBOTT ❑ ABX ❑ROCHE ❑SYSMEX ❑BAYER ❑Outros Quais as metodologias mais utilizadas? Impedância elétrica: origem da automação Dispersão a laser: evolução da automação Impedância elétrica Os irmãos Coulter em 1956, patenteou um dispositivo que contava as células usando o método da impedância elétrica, também conhecido como impedância de abertura. Essa invenção tornou a realização das contagens mais rápida, mais fácil e muito mais disponível. As diferentes células sanguíneas são contadas e medidas a partir dos pulsos elétricos que geram quando imersas em um meio condutor (solução eletrolítica). Impedância As células a serem contadas por impedância elétrica são diluídas em uma solução eletrolítica que conduz eletricidade. A corrente elétrica flui na solução eletrolítica de um eletrodo a outro através de uma abertura. Uma suspensão de célula, presentes na solução eletrolítica, passa constantemente pelo canal de abertura. As células sanguíneas, como são fracas condutoras de eletricidade, ao passarem pelo canal de abertura, interrompem o circuito elétrico, causando impedância, que originará um pulso no circuito elétrico. Esses pulsos, são contados como células. E o tamanho da impedância é proporcional ao tamanho da célula. Dessa forma, o analisador é capaz de registrar o numero e o tamanho das células que passam pelo canal. Impedância Contagem precisa e reprodutível Classificação pelo volume da célula Geração de histogramas Analise de toda população celular Lei de Ohm : V=IR A voltagem gerada (corrente constante) é proporcional ao tamanho da partícula (obstrução) Impedância A somatória dos impulsos elétricos produzem os histogramas, importantes para analise da variabilidade das populações celulares Somatória dos impulsos elétricos produzem os histogramas Quanto maior o volume da célula, maior a amplitude/intensidade do pulso elétrico, e quanto maior quantidade de células, maior o número de pulsos elétricos. Essa metodologia é utilizada essencialmente para contagem de eritrócitos e plaquetas, que passam pelo mesmo canal e são distinguidos com base no seu volume celular. Os pulsos são analisados e classificados pelo tamanho por um analisador específico, e a soma dos impulsos de todas as células, num volume específico, gera um histograma. Na contagem celular, o registro simultâneo da amplitude (volume da partícula) e do número de partículas contadas fornece o volume corpuscular médio (VCM), que, multiplicado pelo número de eritrócitos, fornece o hematócrito e, no caso das plaquetas, fornece o plaquetócrito. (THOMAS; BHAGYA; MAJEED, 2017) Classificação dos leucócitos Células pequenas: linfócitos Células de tamanho médio: monócitos, eosinófilos, basófilos e blastos Células de tamanho grande: neutrófilos Classificação dos leucócitos Conforme o equipamento, os leucócitos são direcionados a outro canal, o trajeto de impedância é usado para a medida de condutividade e o tamanho leucócitos corresponde ao tamanho do seu núcleo ou do tamanho celular nos equipamentos mais atuais, que variam a frequência de corrente elétrica. Se houver eritrócitos nesse canal, eles serão lisados pelo líquido diluidor (que possui um componente lítico). A hemoglobina pode ser dosada nos equipamentos por espectrofotometria após hemólise dos eritrócitos (THOMAS; BHAGYA; MAJEED, 2017) O pulso gerado é proporcional ao tamanho das células, sendo que, para os leucócitos, é proporcional ao tamanho do núcleo da célula. Parâmetros plaquetários VPM: volume plaquetário médio PCT: Plaquetócrito PDW: RDW de plaquetas Exemplo de mapa: Impedância Elétrica HEMOGRAMA – ERA DA AUTOMAÇÃO Progressos ◼ Procedimentos manuais ◼ Contadores semi-automatizados Hemácias, Leucócitos e Plaquetas ◼ Contadores com diferencial em 3 partes Neutrófilos, linfócitos e “outras” ◼ Contadores com diferencial em 5 partes Neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos ◼Automação da confecção de lâminas, da coloração de lâminas e AUTOMAÇÃO DA MICROSCOPIA. HEMOGRAMA • MANUAL • AUTOMATIZADO • EQUIPAMENTOS • PRIMEIRA GERAÇÃO • 3 PARÂMETROS • SEGUNDA GERAÇÃO • 5 PARÂMETROS • TERCEIRA GERAÇÃO • 18 A 24 PARÂMETROS Contadores Manuais – contadores diferenciais de células Diferencial em 3 partes Assim como nos contadores de células, dois tipos principais de tecnologia foram desenvolvidas para a contagem diferencial automatizada: a impedância elétrica e a dispersão de luz de raio laser. Para esses instrumentos produzirem um diferencial automatizado, as células devem ser submetidas a um reagente especial, que atua promovendo uma concentração do citoplasma de cada tipo leucócito de forma diferenciada, sendo o linfócito aquele que apresenta o citoplasma mais contraído. O instrumento emite alarmes, para sinalizar ao operador quando são obtidos resultados, anormais, como contagens de leucócitos e hemácias alteradas, presença de linfócitos atípicos ou plaquetas gigantescas. Diferencial em 5 partes Vários analisadores de hematologia fornecem diferenciais de cinco partes. No diferencial de cinco partes habitual, os leucócitos são classificados em neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos, gerando um histograma. Qualquer variante de linfócito ou outras células imaturas é incluída em uma categoria adicional denominadas grandes células não coradas. NOVAS TECNOLOGIAS – APLICAÇÕES E VANTAGENS Permitem o processamento de maior número de amostras em menor tempo Reduzem os procedimentos manuais Reduzem o impacto dos interferentes laboratoriais REDUZEM ERROS !! Tecnologias mais modernas têm menor chance de falhas, mas sua aquisição e utilização podem ser limitadas ... Hemograma automatizado Os elementos figurados do sangue são avaliados por meio dos contadores hematológicos eletrônicos que contam, medem e identificam as células, utilizando diferentes métodos combinatórios como: volume da célula, condutividade por radiofrequência; diferencial de céls imaturas; dispersão de raio laser, corrente direta e foco heterodinâmico, dependendo do modelo e do fabricante do contador. Esses equipamentos possibilitam a contagem global e diferencial dos leucócitos em vários modelos, alem de fornecerem índices e histogramas de distribuição por volumes. Analise automatizada tem facilitado o desempenho da rotina do laboratório, disponibilizando equipamentos que possibilitam analisede 30/hemogramas/hora ate 120 hemogramas/hora. Estes equipamentos possibilitam não só a contagem global, como a contagem diferencial dos leucócitos em vários modelos, além de fornecerem índices e histogramas de distribuição de volume. Os contadores hematológicos eletrônicos também contam as plaquetas e fornecem seu histograma especifico, informando presença de anisiocitose plaquetaria e grumos de plaquetas. Também informam sinais de alertas ( flags) quando há anormalidades. Hemograma automatizado Hemograma automatizado Hemograma automatizado Hemograma automatizado Hemograma automatizado Histograma • É a curva de frequência da distribuição e tamanho dos eritrócitos, com o volume na abscissa e a frequência na ordenada • Quando a curva situa-se à esquerda, denota-se microcitose e à direita, macrocitose Histograma - RBC • normal Histograma • Anemia microcítica Histograma • Anemia macrocítica Hemograma automatizado Hoje, os instrumentos disponíveis fornecem valores diretos ou calculados, de 60 ou mais parâmetros. Nesses instrumentos, somente os leucócitos, as hemácias, a hemoglobina, as plaquetas e os reticulócitos são contados ou medidos de forma direta. O hematócrito e os índices hematimétricos são calculados a partir da contagem de hemácias e do valor da hemoglobina. Os resultados automatizados são mais exatos e precisos do que as contagens manuais. HEMOGRAMA exemplo: VALORES REFERENCIAIS PARA ADULTOS • ERITROGRAMA • Eritrócitos 4,00 - 5,00 milhões/mm3 Mulher 4,50 - 6,00 milhões/mm3 Homem • Hemoglobina 12,0 - 16,0 g/dL Mulher 14,0 - 18,0 g/dL Homem • Hematócrito 36,0 - 45,0 % Mulher 41,0 - 50,0 % Homem • VCM 80,0 - 100,0 fL • HCM 26,0 - 34,0 pg • CHCM 31,0 - 36,0 % • RDW ≤ 15,0 % • LEUCOGRAMA • Leucócitos 3.500 - 11.000/uL • Bastonetes 40 - 500/uL • Segmentados 1.500 - 7.000/uL • Eosinófilos 40 - 500/uL • Basófilos 0 - 100/uL • Linfócitos 800 - 4.000/uL • Monócitos 80 - 1.000/uL Dispersão a laser • É uma técnica de medição das propriedades de células em suspensão, orientadas em um fluxo laminar e interceptadas uma a uma por um feixe de luz (LASER). • Baseada na incidência de laser sobre a célula e na dispersão da luz quando incide na mesma – Utilizados com fluorescência ou sem fluorescência. • Dependem do fabricante • Avalia tamanho e complexidade interna Dispersão a laser Nos contadores de células por dispersão da luz, um raio laser, é dirigido a uma suspensão de células que passam por um canal estreito, forçando as células a passarem em fila única. Quando o raio de luz incide sobre uma célula, o raio é disperso em um ângulo, e cada tipo de célula causa uma dispersão em ângulo diferente. Esse ângulo depende do volume, da forma e do índice de refração da célula. Contudo, o tamanho da célula tem o efeito mais importante da dispersão. Os sensores detectam quanta luz é dispersa e quando do raio é absorvido pela célula. A luz do laser é monocromática, o que significa que ela tem apenas um comprimento de onda e move-se somente em uma direção. Essas duas características permitem que seja mais finamente sintonizadas, produzindo padrões de dispersão mais uteis na hematologia diagnóstica. Método de dispersão a laser • Componentes – Câmara de fluxo – Conjunto óptico luminoso (LASER); – Amplificador e processador dos sinais luminosos (SENSORES); – Sistema computacional integrado para processar as informações oriundas dos sensores. • O feixe de laser incidirá sobre cada célula (de forma individual) • A radiação incidente sofrerá desvios que serão reconhecidos pelos fotossensores Dispersão a laser SSC- avalia a granulosidade intracelular através da luz dispersada FSC –avalia o tamanho da célula pela difração e refração da luz FL: Sensores especializados em medir intensidade da fluorescência: avalia características e tamanho do núcleo Contagem total e diferencial de leucócitos Método de dispersão a laser As informações provenientes dos diferentes sensores, são agrupadas, formando as características de cada célula que são expressas em um citograma. Exemplo sysmex xe 5000 A intensidade da dispersão de luz frontal é convertida em pulso de voltagem Quanto maior o pulso de voltagem, maior é a complexidade interna da célula (granulosidade) Citometria de fluxo Citômetros de fluxo são usados tanto na clinica quanto na pesquisa. Esses instrumentos combinam os princípios da dispersão de luz com excitação leve e emissão de sinais fluorescentes. As áreas clinicas e as áreas de pesquisa que usam o citômetro de fluxo incluem: hematologia; imunologia; analise de célula tumoral; genética; microbiologia. Com esse dispositivo, as células a serem analisadas são hidrodinamicamente alinhadas em um fluxo de liquido. Quando se aproximam do detector, são alinhadas de modo a formar uma fila única. Esse fluxo intercepta uma fonte de luz, normalmente um raio laser. Os fotodetectores captam as emissões de luz e convertem os dados em sinais elétricos. Um computador gerencia os dados. Algumas aplicações da citometria de fluxo são a distinção e a quantificação das subpopulações linfocitárias. Utilização de corantes fluorescentes (corante de polimetina) que se ligam ao RNA das organelas citoplasmáticas e ao DNA nuclear. O laser incide na substância fluorecente e a fluorescência emitida é captada por sensores O aparelho converte esses sinais em pulsos identificando o tipo celular Citometria de fluxo fluorescente Flags • Flags comuns em aparelhos que utilizam dispersão a laser; Os hemogramas anormais são sinalizados por "flags" que indicam a necessidade de revisão pela microscopia convencional. Os "flags" fornecem subsídios morfológicos sobre todas as séries do hemograma que auxiliam na avaliação das lâminas. – Blastos – Granulócitos imaturos – Linfócitos atípicos – Células progenitoras hematopoéticas – Eritroblastos Flags Velocidade de hemossedimentação automatizado A VHS automatizada é a medida de separação entre as hemácias e o plasma, e a sedimentação das hemácias ocorre pela ação da gravidade. Ao contrario da metodologia manual em que o teste requer 1 ou 2h, a metodologia automatizada, dependendo do fabricante e do modelo do equipamento varia de 8 a 20 min para finalizar o teste. Velocidade de hemossedimentação automatizado Reticulócito automatizado Avaliar a eritropoese, investigar anemias hemolíticas e acompanhar a eficácia da resposta a terapia especifica após quimioterapia ou transplante da medula óssea. O equipamento utiliza uma solução de corante azul de metileno ( reagente A) que é incubada com amostra de sangue total na mesma quantidade. O corante se precipita e agrega substancias basofílicas encontradas nos reticulócitos, que resulta em um padrão de coloração granular. O regente B remove a hemoglobina da célula vermelha, sem retirar o corante do precipitado. A população total de células vermelhas é analisadas por meio da tecnologia VCS (volume , condutividade e dispersão da luz) Fibrinogênio automatizado É quantificado no equipamento em presença do excesso de trombina no qual o tempo de coagulação de um plasma diluído em proporções adequadas depende diretamente do nível de fibrinogênio plasmático. Alguns equipamentos utilizam o método calculado através do resultado do tempo de protrombina. Testes automatizados para a hemostasia Os instrumentos analisadores de coagulação variam do mais simples aos mais complexos. Estes equipamentos pode ser usado para determinar o tempo de protrombina (TP), o tempo de tromboplastina ativada (TTPA) e o fibrinogênio. Podem utilizar o plasma e o sangue total para essa detecção. O TP e o TTPA continua sendo um dos testes de coagulação mais solicitados. É usado para avaliar a função das vias extrínsecas e comuns, e também bastante usado para monitor pacientes que recebem terapiacom varfarina. Devido a variações de sensibilidade da tromboplastina, que poderia ter discordância entre os valores, hoje, um índice de sensibilidade, o ISI, é designado para cada lote de tromboplastina. Esse índice é usado para calcular a INR, valor que deve representar o resultado do tempo de tromboplastina do paciente, independente do local onde o teste foi executado. Segurança em Hematologia automatizada A automação aumenta a exatidão e reduz o tempo para a conclusão do exame. Contudo, o uso de instrumentos apresentam riscos físicos, químicos e biológicos. As precauções padrão devem ser seguidas, e o equipamento de proteção individual (EPI) deve ser usado durante a utilização desses instrumentos e durante manutenções e reparos, pois as partes internas do instrumento podem estar contaminada com sangue. A preparação da amostra de sangue para a analise e o uso de controles e calibradores de hematologia expõem os técnicos aos patógenos presentes no sangue. A manutenção de rotina ou reparo de um instrumento podem apresentar vários riscos. Alguns instrumentos executam automaticamente os procedimentos de manutenção de rotina, porém, quando esses procediementos precisam ser realizados por um técnico, as instruções do fabricante devem ser seguidas com rigor. Os reparos devem ser executados apenas por pessoal treinado. A retirada da tampa externa do instrumento deve ser realizada somente pelo pessoal autorizado, devido ao risco de choque elétrico. Os riscos químicos estão presentes nos reagentes usados pelos instrumentos durante a execução das analises. O material de segurança que acompanha os produtos químicos deve ser lido e entendido por todos que utilizam o equipamento. Se os esfregaços para a contagem diferencial forem corados, todas as precauções químicas devem ser observadas. Conclusão Os analisadores hematológicos simplificaram e reduziram um tanto a carga de trabalho da hematologia. Ao mesmo tempo, aumentaram a capacidade do laboratório e a capacidade de executar vários testes de hematologia. É de responsabilidade de cada profissional do laboratório assegurar que os controles adequados e os materiais de calibração sejam usados em todos os procedimentos. Quando um laboratório mantem um bom CQ (Controle de Qualidade), um programa de garantia de qualidade e participa de programas de certificação, o médico pode ter confiança nos resultados liberados para guiar o tratamento do paciente. Qual a definição de anemia? As anemias classificam-se em agudas ou crônicas. Estas desenvolvem-se devagar durante doenças crônicas, como diabetes, doença renal crônica ou câncer. Nesses casos, a anemia pode não ser evidente porque os sintomas são mascarados pela doença subjacente. A presença de anemia em doenças crônicas pode não ser detectada durante algum tempo e, algumas vezes, ser descoberta apenas em exames para outros problemas. A anemia pode ocorrer também em episódios agudos, como em certas anemias hemolíticas em que há grande destruição de hemácias. Os sinais e sintomas aparecem com muita rapidez, e a causa é determinada por dados do exame físico, da história clínica e de exames laboratoriais. Em geral, a anemia tem duas causas principais: Diminuição da produção de hemácias, como, por exemplo, na deficiência de ferro ou de vitaminas e na anemia aplástica. Diminuição da sobrevida das hemácias por aumento da destruição, como nas anemias hemolíticas. Há muitos tipos diferentes de anemias com muitas causas. Algumas das mais comuns são resumidas na tabela abaixo. Tipo de anemia Descrição Exemplos de causas Deficiência de ferro A carência de ferro prejudica a síntese de hemoglobina, o que diminui a produção de hemácias. Perda de sangue, dieta com pouco ferro, má absorção de ferro. Anemia perniciosa e deficiência de vitaminas do complexo B A carência de vitaminas do complexo B prejudica o desenvolvimento e a divisão de células precursoras, diminuindo a produção de hemácias. Falta de fator intrínseco, dieta pobre em vitaminas do complexo B, má absorção de vitaminas do complexo B. Anemia aplástica Diminuição de todas as células produzidas na medula óssea, incluindo hemácias. Tratamento de câncer, exposição a venenos, distúrbios autoimunes, infecções virais. Anemias hemolíticas Diminuição da sobrevida normal de 120 dias das hemácias na circulação, causando redução da quantidade total de hemácias. Causas hereditárias compreendem anemia falciforme e talassemias. Outras incluem reações transfusionais, doenças autoimunes e alguns medicamentos (por exemplo, penicilina). Anemia das doenças crônicas Diversos problemas clínicos crônicos podem diminuir a produção de hemácias. Doenças renais, diabetes, tuberculose, HIV. classificação morfológica das anemias Para a classificação morfológica das anemias, é fundamental a análise do VCM, que permite classificá-las em microcíticas (VCM inferior a 82 fL), normocíticas (VCM entre 82 e 98 fL) ou macrocíticas (VCM maior que 98 fL). A anemia por deficiência de ferro, as talassemias, a anemia sideroblástica. A anemia de doença crônica, as hemogloblinopatias (S, C, D, E) e a toxicidade por alumínio são classificadas como microcíticas (eritrócitos com volume reduzido). A anemia por doença crônica, anemia por doença renal crônica, anemia por hemólise, anemia por perda sanguínea aguda, anemia aplástica, aplasia eritroide, anemia por endocrinopatias e anemia por infiltração da medula óssea são, geralmente, consideradas normocíticas (eritrócitos com volume dentro dos limites normais). classificação morfológica das anemias São consideradas macrocíticas (eritrócitos com volume aumentado) a anemia megaloblástica (por deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico), a anemia por hepatopatias, a anemia por alcoolismo, as síndromes mielodisplásicas e a anemia por fármacos que interferem na síntese de DNA. o tamanho dos eritrócitos, o VCM também se correlaciona com o HCM (derivado da dosagem de Hb dividido pela contagem de eritrócitos), isto é, eritrócitos grandes têm maior quantidade de Hb, e eritrócitos pequenos têm menor quantidade de Hb. De acordo com Failace e Fernandes (2016), além da avaliação do volume dos eritrócitos pelo VCM, a classificação também pode incorporar a avaliação da coloração dos eritrócitos (grau de hemoglobinização) pelo CHCM (acima de 36% hipercrômia, abaixo de 31% hipocrômia) e a análise da variabilidade de tamanho dos eritrócitos (grau de anisocitose) pelos valores de RDW (normal, de 11,5 a 15%, ou aumentado). classificação morfológica das anemias A combinação dos valores de volume do eritrócitos (VCM e HCM) e a coloração pela concentração de hemoglobina (CHCM) são comumente utilizados para classificar as anemias de acordo com a morfologia (micro- cítica e hipocrômica — menor volume com menor coloração; normocítica e normocrômica — volume e coloração normais; macrocíticas — volume aumentado) Como proceder a investigação das anemias normocíticas? Anemias normocíticas são aquelas que têm VCM entre 80-96fl. Elas podem estar relacionadas a uma doença subjacente obrigando o clínico a desenvolver extensa pesquisa na busca etiológica. O primeiro passo na investigação é determinar sua atividade funcional pela contagem de reticulócitos Como proceder a investigação das anemias microcíticas? A maioria das anemias microcíticas (VCM inferior a 80 fl) é devido a deficiência de ferro ou distúrbios de sua utilização. Elas podem cursar com reticulócitos elevados, diminuídos ou normais, o que novamente fará de sua contagem o passo inicial da investigação etiológica. Como investigar as anemias macrocíticas? Em vigência de macrocitose (VCM acima de 96 fl) e na ausência do uso de drogas que cursam com macrocitose associada (hidroxiuréia e zidovudine), a pesquisa deve ser dirigida principalmente para as deficiências de folato e de vitamina B12. Anemia ferropriva É uma das formas mais comuns de anemia no mundo e temcomo principais causas da ferropenia (deficiência de ferro) perda gastrointestinal de sangue, má absorção, perda de sangue não gastrointestinal (como no período menstrual e na doação de sangue), além de gestação, lactação e dieta deficiente. Como sinais e sintomas, além dos gerais apresentados na anemia, o desejo de ingerir substâncias não comuns (por exemplo, gelo, barro), inflamação da língua e estrias nas unhas. No hemograma, a concentração de hemoglobina está frequentemente abaixo de 10,0 g/dL, o VCM é menor do que 80 fL (microcíticas), RDW está aumentado e HCM, diminuído. Em relação ao metabolismo do ferro, há diminuição do ferro sérico, da ferritina e da saturação da tranferrina, além de aumento da capacidade de ligação ao ferro (KUMAR et al., 2010; FOCHESATTO FILHO; BARROS, 2013; DUNCAN et al., 2014; SILVA et al., 2016). Anemia megaloblástica As anemias megaloblásticas ocorrem por diversas causas, sendo as principais deficiência de vitamina B12 (anemia perniciosa) e/ou deficiência de ácido fólico, importantes para síntese de DNA. Quando não for causada pela falta de vitaminas (hipovitaminose), a anemia megaloblástica pode ser causada por fármacos, como alguns agentes quimioterápicos ou antibióticos (por exemplo, azatioprina ou trimetoprim). No hemograma, o VCM apresenta-se elevado (macrocitose), bem como o RDW, com variação do tamanho dos eritrócitos. Porém, a contagem de reticulócitos é baixa, e o CHCM não está elevado. Nos casos mais graves, é caracterizada por eritrócitos primitivos e disfuncionais (megaloblastos) (KUMAR et al., 2010; FOCHESATTO FILHO; BARROS, 2013; SILVA et al., 2016). Anemia aplástica É uma condição rara, em que ocorre destruição dos precursores hematopoiéticos e hipocelularidade da medula. Na maioria dos casos, a causa é desconhecida (idiopática), podendo ser relacionada com agentes tóxicos e infecções. A forma hereditária é a anemia de Fanconi. A diminuição das contagens do hemograma resulta da combinação de anemia (eritrócitos, hemoglobina), leucopenia (redução de leucócitos) e trombocitopenia (redução de plaquetas). O sangramento é o sintoma mais comum (por exemplo, equimoses, sangramento menstrual intenso) e podem ser manifestados, também, os sintomas comuns as outras anemias. No hemograma, o VCM costuma estar aumentado, ao contrário da contagem de reticulócitos frequentemente baixa, com alterações também nos leucócitos e nas plaquetas (LONGO, 2015; KUMAR et al., 2010; FOCHESATTO FILHO; BARROS, 2013; SILVA et al., 2016). Anemia falciforme É uma hemoglobinopatia (patologia relacionada à hemoglobina) hereditária, relacionada a uma mutação da cadeia β, originando a hemoglobina falciforme (Hb S), que, quando desoxigenada, muda a forma e se assemelha à uma “foice”. Pela modificação do seu formato, perde a felixibilidade para atravessar os capilares sanguíneos e ocasiona, principalmente, hemólise crônica, oclusão de capilares e lesão de tecidos. É caracterizada por eritrócitos em formato de foice (drepanócitos), CHCM elevado e reticulocitose (LONGO, 2015; KUMAR et al., 2010; FOCHESATTO FILHO; BARROS, 2013; SILVA et al., 2016). Dengue A dengue é considerada a arbovirose mais comum no mundo e quatro sorotipos já foram descritos (DEN 1 a 4) como causadores da doença. A presença do vírus se manifesta em surtos epidêmicos, geralmente no verão/outono, pelo acúmulo de água parada, o que facilita a proliferação do vetor Aedes aegypti. O único animal reservatório a participar no ciclo transmissor de dengue é o homem. A transmissão dá-se por fêmeas que, ao se alimentarem de sangue para suprir as necessidades protéicas da oviposição, infesta-se picando indivíduos virêmicos. Diagnóstico - dengue Suspeita-se de dengue quando a época do Ano é propicia e o paciente apresente febre associada aos sintomas abaixo: dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor muscular em todo o corpo, dor nas articulações, manchas avermelhadas pelo o corpo, podendo ainda ter sangramento, vômitos e diarreia. A febre hemorrágica da dengue ocorre geralmente após o termino da febre, entre o 3º e o 5º dia da doença. Diante de um caso suspeito, deve-se solicitar a sorologia para dengue após o 6º dia de aparecimento de doença febril aguda, associado ou não a pelo menos dois dos sintomas mais comuns. Na dengue clássica observa-se leucopenia com linfocitopenia após o segundo dia de doença, o número de plaquetas está normal ou diminuído. No caso de dengue hemorrágica ocorre plaquetopenia abaixo de 100.000 plaquetas/mm³, e a positividade da prova do laço (PENA 1998). Diagnóstico - dengue Para o diagnostico sorológico, a técnica mais usada é o ELISA, detectando os anticorpos IgG e IgM separadamente, devido sua alta sensibilidade e facilidade de reação. Na infecção primária, anticorpos IgM são detectados, em média, a partir do 4º dia do início de sintomas, declinando a partir do 7º dia de sintomas, até desaparecer totalmente. Anticorpos IgG são observados em níveis baixos, elevando-se gradativamente, e mantem-se detectável por vários anos (PENA 1998). Todo caso suspeito deve ser notificado a vigilância epidemiológica local. Diagnóstico Todas as pessoas com suspeitas de dengue devem ser avaliadas por um médico. Durante a avaliação e necessário examinar completamente o paciente, com medidas de pressão, e realizado a prova do laço, que consiste em apertar o aparelho no braço, manter por 3 a 5 minutos e depois procurar por pequenos pontos avermelhados na pele, chamados de petequias. A prova do laço positiva indica tendência a sangramentos. As alterações hematológicas observadas em pacientes que contrairam dengue apresentam-se de acordo com a evolução clínica e gravidade da doença. As principais alterações hematológicas observadas são a leucopenia, plaquetopenia, linfocitopenia, presença de linfócitos atípicos, alterações nas transaminases. A febre hemorrágica apresenta plaquetopenia mais prolongada e maior número de linfócitos atípicos, as demais alterações apresentam evolução diária semelhante às encontradas na dengue clássica. Cabe ao profissional aplicar conhecimento teóricocientífico para perceber as alterações que possam contribuir para o diagnóstico dos casos suspeitos de dengue, interpretando o exame de hemograma. INTERATIVIDADE Na anemia ferropriva (ou ferropênica), as alterações na síntese de hemoglobina são causadas por deficiência nutricional de ferro, deficiência na absorção ou pela perda de sangue progressiva. Conforme apresentado nas classificações das anemias, como a anemia ferropriva é caracterizada hematogicamente? a) Microcitose, hipocromasia. b) Macrositose, hipocromasia. c) Normocitose, hipercromasia. d) Macrocitose, hipercromasia. e) Normocitose, hipocromasia. INTERATIVIDADE Na anemia ferropriva (ou ferropênica), as alterações na síntese de hemoglobina são causadas por deficiência nutricional de ferro, deficiência na absorção ou pela perda de sangue progressiva. Conforme apresentado nas classificações das anemias, como a anemia ferropriva é caracterizada hematogicamente? a) Microcitose, hipocromasia. b) Macrositose, hipocromasia. c) Normocitose, hipercromasia. d) Macrocitose, hipercromasia. e) Normocitose, hipocromasia. RESPOSTA No hemograma, a concentração de hemoglobina está frequentemente abaixo de 10,0 g/dL, o VCM é menor do que 80 fL (microcíticas), RDW está aumentado e HCM, diminuído. Em relação ao metabolismo do ferro, há diminuição do ferro sérico, da ferritina e da saturação da tranferrina, além de aumento da capacidade de ligação ao ferro (KUMAR et al., 2010; FOCHESATTO FILHO; BARROS, 2013; DUNCAN et al., 2014; SILVA et al., 2016). INTERATIVIDADE Diferentes métodos físicos, químicos e imunológicos permitem a contagem celular automatizada como radiofrequência, métodos ópticos, entre outros. Qual das alternativas a seguir descreve a metodologia por impedância? a) Utiliza um feixe de luz ou laser paracontagem das células. b) Avaliação da fluorescência do DNA nuclear após marcação com iodeto de propídio. c) Medida e contagem das células por diferença de corrente elétrica. d) Utiliza a espectrofotometria para contagem celular. e) Dispersão e absorvância da luz, após coloração supravital do ácido ribonucleico (RNA). INTERATIVIDADE Diferentes métodos físicos, químicos e imunológicos permitem a contagem celular automatizada como radiofrequência, métodos ópticos, entre outros. Qual das alternativas a seguir descreve a metodologia por impedância? a) Utiliza um feixe de luz ou laser para contagem das células. b) Avaliação da fluorescência do DNA nuclear após marcação com iodeto de propídio. c) Medida e contagem das células por diferença de corrente elétrica. d) Utiliza a espectrofotometria para contagem celular. e) Dispersão e absorvância da luz, após coloração supravital do ácido ribonucleico (RNA). RESPOSTA: As células a serem contadas por impedância elétrica são diluídas em uma solução eletrolítica que conduz eletricidade. A corrente elétrica flui na solução eletrolítica de um eletrodo a outro através de uma abertura. Referencias Técnicas Básicas de Laboratório Clínico - 5ª Ed. 2011. Autor: H. Estridge, Barbara|Marca: Artmed Hematologia - Métodos e Interpretação - Série Análises Clínicas e Toxicológicas. Editora: Roca/ Grupo Gen. Laboratório de Hematologia – Teorias, Técnicas e Atlas - Márcio de Melo | Cristina Silveira Biodiagnosticos fundamentos e técnicas laboratoriais – biblioteca virtual Hematologia Laboratorial –- MARTY, Elizângela; MARTY, Roseli Mari Hematologia Laboratorial autor SILVA, Paulo Henrique da Biblioteca virtual Hematologia Laboratorial.Ed Saraiva Hematologia – Métodos e Interpretação Hematologia laboratorial : teoria e procedimentos [recurso eletrônico] / Paulo Henrique da Silva ... [et al.]. – Porto Alegre : Artmed, 2016 Hematologia básica [recurso eletrônico] / Adriana Dalpicolli Rodrigues... [et al.] ; [revisão técnica: Liane Nanci Rotta]. – 2.ed. – Porto Alegre: SAGAH, 2019. https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Loader/174238/pdf https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Loader/174238/pdf Obrigada!