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TEORIA DE JOHN RAWLS

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1 
 
 
` 
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBQUE 
UDM 
 
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E SOCIAIS 
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL 
Ética Profissional e a Teoria da Justiça de John Rawls 
Discentes: 
Chels Johnny Mabui Manjate 
Edmilson Bambo Matavela 
Edson de Lucrécia C. Mucussete 
Lília de Jesus Neto Cuna 
Sala: 202/B2 
Turma: B 
 
 Docente: Bendito Sebastião 
 
 Maputo, Novembro de 2019 
 
 
 
2 
 
Índice 
Introdução ....................................................................................................................................... 5 
Objectivo geral ................................................................................................................................ 5 
Objectivos específicos .................................................................................................................... 5 
Metodologia da Investigação .......................................................................................................... 6 
1. ÉTICA PROFISSIONAL..................................................................................................... 7 
1.1. Conceitos Básicos ............................................................................................................ 7 
1.1.1. Ética .......................................................................................................................... 7 
1.1.2. Profissão .................................................................................................................... 7 
1.1.3. Ética Profissional ...................................................................................................... 7 
1.2. Os códigos da ética profissional ....................................................................................... 7 
1.2.1. Ética e a Virtude ........................................................................................................... 8 
1.2.1.1. Noção ................................................................... Error! Bookmark not defined. 
1.2.1.2. As Virtudes Básicas .............................................................................................. 9 
1.2.1.3. Os Vícios ............................................................................................................... 9 
1.2.1.4. Conclusão .............................................................................................................. 9 
1.3. Ética e Profissão ............................................................................................................... 9 
1.3.1. Valor da Profissão, Utilidade e Expressão Ética .................................................... 10 
1.3.2. Especialização, Cultura e Utilidade Profissional .................................................... 10 
1.4. Deveres Profissionais ..................................................................................................... 11 
1.4.1. Conceito Originário de Dever Profissional e Escolha da Profissão ........................ 11 
1.4.2. A Escolha da Profissão Implica o Dever do Conhecimento e o Dever do 
Conhecimento Implica o Dever da Execução Adequada. ..................................................... 12 
1.4.3. Dever de Conhecer a Profissão e a Tarefa .............................................................. 12 
1.4.4. Dever da Execução das Tarefas e das Virtudes Exigíveis ...................................... 13 
3 
 
1.5. Ambiência e relações especiais no desempenho ético-profissional ............................... 13 
1.5.1. Aspectos Especiais de Relações Profissionais ........................................................ 13 
1.5.2. Condutas Gerais Especiais e de Ambiência ............................................................ 13 
1.5.3. O Profissional na Ambiência do Emprego.............................................................. 14 
1.5.4. Aspectos Positivos na Ambiência do Emprego ...................................................... 14 
1.5.5. Eticidade, Conduta Humana e Actos Institucionais ................................................ 15 
1.5.6. Ética Profissional nas Ambiências Empresarias ..................................................... 16 
1.6. Virtudes Complementares Profissionais ........................................................................ 17 
1.6.1. Orientação e Assistência ao Cliente – Generalidades ............................................. 17 
1.6.2. Ética na Orientação e Assistência: Tipos Humanos de Clientes – Erros do 
Profissional perante Utentes .................................................................................................. 17 
1.6.3. Ética do Coleguismo ............................................................................................... 18 
1.6.4. Ética da Resposta .................................................................................................... 19 
1.6.5. Ética e Revide ......................................................................................................... 19 
1.7. Ética da Mentira ............................................................................................................. 20 
1.7.1. Ética Profissional e Mentira .................................................................................... 20 
1.7.2. Simulação e Ocultação Total da Verdade perante a Ética Profissional .................. 21 
2. TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS..................................................................... 22 
2.1. Conceitos básicos ........................................................................................................... 22 
2.1.1. Teoria da Justiça ..................................................................................................... 22 
2.1.2. Justiça ...................................................................................................................... 22 
2.2. O Papel da Justiça .......................................................................................................... 22 
2.3. O objecto da justiça ........................................................................................................ 23 
2.3.1. Justiça Social ........................................................................................................... 23 
2.4. Os Princípios da Justiça.................................................................................................. 25 
4 
 
2.4.1. Instituições e Justiça Formal ................................................................................... 26 
2.4.2. Princípio da Eficiência ............................................................................................ 29 
2.4.3. A igualdade Democrática ........................................................................................ 30 
2.4.4. O Princípio da Diferença ........................................................................................ 30 
2.5. Posição Originaria .......................................................................................................... 31 
2.6. Ética Profissional e a Teoria da Justiça de Rawls .......................................................... 32 
2.6.1. Relação entre a Ética Profissional e a Teoria da Justiça de John Rawls................. 32 
Conclusão .................................................................................................................................. 33 
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 34 
 
 
 
5 
 
Introdução 
O estudo da ética na conduta profissional pode ter diferentes enfoques, um deles segue a linha de 
que o descobrimento dessas questõese suas soluções deve surgir no decorrer da carreira, sem 
reflexão anterior. Em contraste, opondo-se à ausência de reflexão, há quem defenda o ensino da 
ética pelo estudo de regulamentos que aconselhem o profissional sobre como proceder frente a 
determinadas situações. 
Enquanto a primeira posição parece negar utilidade ao estudo da ética profissional, a segunda 
parece ignorar o que é ética profissional. Como ambas as posições marginalizam a possibilidade 
de uma discussão com algum grau de profundidade, precisa-se escolher outro caminho. Se se 
deseja entender o problema da ética profissional, precisa-se fazer algo mais do que esperar pela 
experiencia. 
Inicia-se então, a ética profissional e justiça, a fim de estabelecer bases para uma discussão 
fundamentada. A ética profissional está ligada à busca da justiça? 
O presente trabalho, apresenta alguns aspectos e discute questões cruciais da Ética Profissional e 
a Teoria da Justiça de John Rawls. 
Objectivo geral 
• Compreender a ética profissional segundo a teoria de justiça de John Rawls. 
Objectivos específicos 
• Definir os conceitos da ética profissional e a teoria da justiça de John Rawls; 
• Relacionar a ética profissional da teoria de justiça de John Rawls; 
• Analisar os componentes da ética profissional dentro da teoria da justiça de John Rawls. 
 
 
 
6 
 
 Metodologia da Investigação 
A definição da metodologia de investigação determina as diretrizes iniciais e procedimentos no 
desenvolvimento de todo o trabalho científico. 
No caso particular deste trabalho, decidiu-se por adotar uma abordagem qualitativa quanto à 
metodologia e bibliográfica quanto ao tipo por julgar ser a mais adequada aos modestos objetivos 
deste trabalho. “A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, 
decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses, etc.” 
(Severino, 2007, p. 122). 
Quanto aos objetivos, este trabalho enquadra-se no universo filosófico, modestamente limitada ao 
levantamento de informações que possam ser substancialmente importantes nas sociedades, 
organizações… através da Ética Profissional e a Justiça. 
 
 
7 
 
1. ÉTICA PROFISSIONAL 
1.1. Conceitos Básicos 
1.1.1. Ética 
Em sentido amplo de maior amplitude, ética tem sido entendida como a ciência da conduta humana 
perante o ser e seus semelhantes. 
Envolve, pois, os estudos de aprovação ou desaprovação da acção dos homens e a consideração 
do valor como equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso no campo das acções 
virtuosas. SÁ (2017, pag.3). 
1.1.2. Profissão 
O conceito de profissão, na atualidade, aquele que aceito, representa: “trabalho que se pratica com 
habitualidade a serviço de terceiros”, ou seja, “ prática constante de um ofício”. A profissão tem, 
pois além de sua utilidade para o individuo, uma rara expressão social e moral. (SÁ, 2017, pag.47) 
citando CÍCERO, 1992. 
1.1.3. Ética Profissional 
A ética profissional e a aplicação da ética geral no campo das actividades profissionais; a pessoa 
tem que estar imbuída de certos princípios ou valores próprios do ser humano para vivê-los nas 
suas actividades de trabalho. De um lado ela exige a deontologia, isto é, estudo dos deveres 
específicos que orientam o agir humano no seu campo profissional; do outro lado exige a 
diciologia, isto é, o estudo dos direitos que a pessoa tem ao exercer suas actividades. Portanto, a 
ética profissional é intrínseca à natureza humana e explicita pelo facto de a pessoa fazer parte de 
um grupo de pessoas que desenvolvem determinado agir na produção de bens e serviços. 
(CAMARGO, 2010, pag.32). “ A ética é condição essencial para o exercício de qualquer profissão 
” (FRANCO, 1991: 66). 
1.2. Os códigos da ética profissional 
Os códigos sempre são definidos, revestidos e promulgados a partir da realidade social de cada 
época e de cada país; suas linhas-mestras porém são deduzidas de princípios perenes e universais. 
8 
 
Os códigos referem-se a actos praticados no exercício da profissão, a não ser que outros também 
tenham um reflexo nesta; por exemplo: se um administrador vem bêbado. 
Finalmente, os códigos da ética por si não tornam melhores os profissionais, mas representa uma 
luz e uma pista para o seu comportamento; mas do que ater-se aquilo que é prescrito literalmente, 
é necessário compreender e viver a razão básica das determinações. 
Desta maneira resume MAXIMIANO (1997: 294) “códigos de ética fazem parte do sistema de 
valores que orientam o comportamento das pessoas, grupos, e das organizações e seus 
administradores ”. 
Porém, as pessoas têm que dar uma alma aos códigos para vivê-los, como afirma SÁ (1996: 136): 
Quando a consciência profissional se estrutura em um trígono, formado pelos amores à profissão, 
a classe, e a sociedade, nada exige a temer quanto ao sucesso da conduta humana; o dever passa 
então a ser uma simples decorrência das convicções plantadas nas áreas recônditas do ser, ali 
depositadas pelas formações educacionais básicas. 
1.2.1. Ética e a Virtude 
As virtudes éticas são disposições estáveis para agir bem; a aquisição delas exige uma ascese ou 
prática constante através de exercício; as virtudes são essencialmente pessoais; não provém de 
herança e nem resultam de circunstância, do ensino ou do meio; elas podem partir de 
predisposições, mas sempre são o prêmio do esforço da vontade à luz da razão. 
As virtudes determinam e fixam as inclinações e os atrativos, assegurando a constância da conduta; 
facilitam a acção, suprimindo uma multidão de excitações e de actos intermediários inúteis 
produzindo presteza em fazer o bem e em fugir do mal, transformam-se quase em uma segunda 
natureza e fazem agradáveis todos os actos dos quais são o princípio. 
Nesse sentido é bom lembrar o que afirma SÁ (1996: 65): “ Na conduta ética, a virtude é a condição 
basilar, ou seja, não se pode conceder ou seja, não se pode conceber o ético sem o virtuoso como 
princípio, nem deixar de apreciar tal capacidade em relação a terceiros ”. 
 
 
9 
 
1.2.2. As Virtudes Básicas 
 A prudência é a reta noção daquilo que deve se fazer ou evitar, exigindo o conhecimento dos 
princípios gerais da moralidade e das contingências particular da acção. Assim exige “tempo para 
tudo”. ECLESIASTES (3,2-8). 
A justiça é a vontade firme de respeitar todos os direitos e todos os deveres, dar a cada um o que 
é seu de acordo com a natureza, a igualdade ou as necessidades. 
1.2.2.1. Os Vícios 
Os vícios não são propriamente a negação das virtudes, mas atitudes contrárias ao bem ou 
disposições estáveis para agir mal; em termos éticos os vícios são adquiridos pelas pessoas. Os 
vícios também fixam as tendências fortalecendo a continuidade do comportamento, facilitando a 
acção dos seus objectos. CAMARGO, (2010.) 
1.2.2.2. Conclusão 
As virtudes, bem como os vícios, demonstram que a ética é uma construção da pessoa a partir do 
que ela pretende do seu ser, com a sua vida, não só isoladamente, mas junto com os outros nessas 
realidades matérias. 
1.3. Ética e Profissão 
Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem pratica e a quem recebe o fruto do trabalho, 
também exige, nessas relações, a preservação de uma conduta condizente com os princípios éticos 
específicos. 
Existem aspectos claros de observação do comportamento, nas diversas esferas em que ele se 
processa: perante o conhecimento, perante o cliente, perante o colega, perante a classe, perante a 
sociedade, perante a pátria, perante a própria humanidade como conceito global. 
A consideração ética, sendo relativa, também hoje se analisa do ponto de vista da necessidade de 
uma conduta de efeitos amplos, globais, mesmo diante de povos, que possuem tradições e 
costumes diferentes. SÁ, (2017). 
 
10 
 
1.3.1. Valor da Profissão, Utilidade e Expressão Ética 
A profissão, como prática habitual de um trabalho,oferece uma relação entre necessidade e 
utilidade, no âmbito humano, que exige uma conduta específica para o sucesso de todas as partes 
envolvidas- quer seja os indivíduos diretamente ligados ao trabalho, quer sejam os grupos, maiores 
ou menores, onde tal relação se insere. SÁ, (2017, pág. 155) 
Não se constrói um conceito pleno, todavia, sem que se pratique uma conduta também qualificada. 
O Valor profissional deve acompanhar-se de um valor ético para que exista uma integral imagem 
de qualidade. 
Quando só existe a competência técnica e cientifica e não existe uma conduta virtuosa, a tendência 
é de que o conceito, no campo do trabalho, possa abalar-se, notadamente em profissões que lidam 
com maiores riscos. 
 Um advogado, por exemplo, que defende o réu e sirva também autor, quebra um princípio ético e 
se desmerece, conceitualmente, como profissional. SÁ, (2017, pág. 156). 
1.3.2. Especialização, Cultura e Utilidade Profissional 
No campo educacional, tem-se alegado que o excesso de especialização termina por marginalizar, 
socialmente, o profissional. 
 Entende-se, particularmente, que o nível de cultura profissional depende do que se faz exigível, 
porque a tarefa pode realizar-se em diversos âmbitos: no campo da pesquisa, da literatura, do 
ensino, do exercício prático geral, do exercício prático especifico etc. 
 Para SÁ, a cultura geral ensina a viver com maior intensidade e a compreender a própria 
especialização sob um prisma e maior valor. 
Pode parecer supérfluo, por exemplo, a um administrador profissional, os conhecimentos de 
psicologia, psicanálise, cibernética, e heurística, mas, na verdade, se tiver bases nesses ramos, 
conseguirá, com muito melhor qualidade, entender as questões relativas à qualidade da decisão, 
da seleção pessoal, da motivação para produção etc. 
Para SÁ, parece falso o argumento que se usa, em sentido absoluto, de que “Aquilo que se ganha 
em extensão se perde em profundidade”, no campo profissional. 
11 
 
Depende, sim entendo, da profundidade que já se tenha e da extensão a que se dedica um ser, nas 
áreas do conhecimento humano. 
A extensão do saber nunca prejudicou, mas, pelo contrário, muito auxiliou grandes pensadores e 
cientistas, no curso do tempo, como nos prova a Historia. A utilidade e a qualidade do trabalho 
tendem a ser tanto maiores quanto maior for a cultura do profissional. 
1.4. Deveres Profissionais 
Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para o desempenho eficaz da profissão são deveres 
éticos. 
Sendo o propósito do exercício profissional a prestação de uma utilidade a terceiros, todas as 
qualidades pertinentes à satisfação da necessidade, de quem requer a tarefa, passam a ser uma 
obrigação perante o desempenho. SÁ, (2017). 
Esses deveres impõem-se e passam a governar a acção do individuo perante seu cliente, seu grupo, 
seus colegas, a sociedade, o Estado e especialmente perante sua própria conformação mental e 
espiritual. 
Distinguem-se, pois, os valores nas tarefas e também a importância destas em face da conduta 
humana observável perante a execução. 
1.4.1. Conceito Originário de Dever Profissional e Escolha da Profissão 
Quando escolhemos o que fazer, devemos consultar nossa consciência: se a tarefa é, realmente, a 
desejável, a condizente com o que nos apraz, e se possuímos pendor para realizá-la. O dever nasce 
primeiro do empenho de escolher, depois daquele de conhecer, e finalmente de o executar as 
tarefas, com a prática de uma conduta lastreada em valores ou guias de conduta. 
Não basta escolher a profissão de administrador, advogado, analista de sistemas, biólogo, contador, 
engenheiro, jornalista, seja o que for, é preciso que, ao buscar conhecer a tarefa, haja uma ligação 
sensível com a mesma, de modo que possa ser prazenteira e ensejar, por isso, a prática sob os 
influxos de amor e do que se faz concretamente desejável. SÁ (2017, pág. 168). 
12 
 
1.4.2. A Escolha da Profissão Implica o Dever do Conhecimento e o Dever do Conhecimento 
Implica o Dever da Execução Adequada. 
 Aquele que elege um trabalho como meio de vida precisa fazer dele algo prazenteiro, ou seja 
deve estar estimulado, por si mesmo, a exercer as tarefas, não só por convicção da escolha, mas 
por identificar-se com o selecionado, ou seja, deve estar estimulado, por si mesmo, a exercer as 
tarefas, não só por convicção da escolha, mas por identificar-se como o selecionado. 
A eleição de uma tarefa habitual, pois deve ser natural, defluente de um encontro de nossas 
estruturas mentais com a tarefa prazente, como a solução de uma fórmula de identidades. 
A harmonia na vida muito depende de nossa harmonia com o trabalho que executamos. O dever 
precisa fluir como algo que traz bem-estar, e não como uma obrigação imposta que se faz pesada 
e da qual se deseja logo se livrar. 
A profissão não deve ser um meio, apenas, de ganhar a vida, mas de ganhar pela vida que ela 
proporciona, representado de fé. Seus deveres, nesta acepção, não são imposições, mas vontades 
espontâneas. Isto exige, portanto, que a seleção da profissão passe pela vocação, pelo amor ao que 
se faz, como condição essencial de uma opção. SÁ (2017, pag.169). 
1.4.3. Dever de Conhecer a Profissão e a Tarefa 
 O dever de conhecer envolve, pois, o de estar apto perante a ciência, a tecnologia a arte (qual seja 
o caso) e de ter domínio total sobre tudo o que envolve o desempenho eficaz da tarefa. 
O dever para com a eficácia da tarefa envolve a posse do saber, a percepção integral do objecto 
de trabalho e a aplicação plena do conhecimento de ambos na execução, de modo a cumprir-se 
tudo o que se faz exigível, com a perfeição desejável. SÁ (2017,pag. 171). 
Ter conhecimento é saber como executar e também ter pleno domínio sobre o que deve ser 
executado, quando a questão se trata sob a visão da Ética. 
É dever ético-profissional dominar o conhecimento, como condição originária da qualidade ou 
eficácia da tarefa. 
13 
 
1.4.4. Dever da Execução das Tarefas e das Virtudes Exigíveis 
Se a profissão eleva o nível moral do individuo, por sua vez, também exige dele uma prática 
valorosa, como escolha, pelas vias da virtude. O êxito tende ser uma natural decorrência de quem 
trabalha de modo eficaz, em plenitude ética. 
A consciência profissional necessita de uma formação específica. Não pode ser considerada eficaz 
uma tarefa realizada apenas com pleno conhecimento material, sendo imprescindível que tudo se 
exerça sob atuação de todo um complexo de virtudes nas quais o zelo, a excelência do produto, é 
uma das mais louvadas. SÁ (2017, pag.173). 
1.5. Ambiência e relações especiais no desempenho ético-profissional 
Não se pode negar que existem ambientes distintos onde as condutas humanas se processam, se 
vive no trabalho e o profissional convive com diversas e especificas formas de relacionamento. 
Conforme a ambiência onde se realizam as tarefas, espécies de condutas também podem variar 
para as relações profissionais. SÁ, 2017. 
1.5.1. Aspectos Especiais de Relações Profissionais 
Diversos são aspectos especiais ou condições ambientais, sob os quais podemos observar a atuação 
do profissional, em seus espaços e relações no trabalho. 
Nas grandes organizações, um profissional é ainda mais envolvido e quase, apenas, passa a ser um 
pequeno algarismo em um volumoso total. 
1.5.2. Condutas Gerais Especiais e de Ambiência 
Entende-se que existem condutas básicas, virtudes pétreas, que não podem ser abaladas- sejam as 
relações de emprego com o profissional, sejam as de um autônomo com uma empresa, sejam as 
de uma empresa comercial para com a empresa profissional. 
Não se pode comparar o regime de relações no trabalho de um médico que tem seu próprio 
consultório com aquele em que é empregado da Previdência Social. 
14 
 
Não se pode negar, entretanto, que existam conflitos de consciência; entre as práticas virtuosas e 
as que devem seguir a determinaçõesimperativas, administrativas, de natureza superior podem 
ocorrer sérias turbulências. 
Não se pode negar, por evidente, a variedade de condutas exigíveis nem, como decorrência, alguns 
aspectos especiais de comportamento ético. 
Nenhuma dessas posições exemplificadas tendem a alterar a condição do trabalho, mas poderá 
modificar o sistema de conduta do profissional perante terceiros. 
1.5.3. O Profissional na Ambiência do Emprego 
Na condição de empregado, o profissional subordina-se a um poder patronal, a uma condição de 
relacionamento obediente. A obediência no emprego não deve, todavia, significar escravidão, nem 
negação da Consciência Ética, nem exclusão total da vontade humana, mas exige subordinação de 
vontades. 
Tal concessão pode ocasionar reações diferentes nos seres, de acordo com suas estruturas mentais 
e a importância do facto. Ou ainda, por exemplo, um profissional funcionário pode terminar por 
sujeitar-se a tal autocrítica de que é possível que venham vitimá-lo graves disfunções orgânicas, 
derivadas de efeitos psicossomáticos, com origens no superego. 
Enfrenta, no caso, um bívio: ou realiza uma tarefa, mesmo consciente de que não é a melhor, ou 
perde o emprego e nesse caso abala-se a estrutura de seus rendimentos ou até sua condição de 
sobrevivência. 
1.5.4. Aspectos Positivos na Ambiência do Emprego 
Ressaltar só aspectos conflituantes e negativos nas relações entre o profissional e o empregador é 
fazer exame parcial da questão. O que normalmente o empregado tem como deveres profissionais 
éticos são as práticas usuais da virtude: zelo, discrição, pontualidade, disciplina, sigilo, honradez 
etc. SÁ (2017, pag.188). 
São expressivas, a este respeito, as palavras de MARDEN: “ A dignidade, a paz e o bem-estar não 
podem existir para quem voluntariamente se dedica a um trabalho indecoroso, desses que 
15 
 
contribuem para o desenvolvimento da imoralidade e têm por base os mais degradantes vícios e 
paixões.” 
Como o emprego consome grande parte de nossas vidas, a escolha da forma de viver já é todo um 
princípio de qualidade espiritual. Isto porque “ aquilo de que homens vivem é a fé na razão de 
viver”, “é o estado de certeza e de crença” no dizer de PETRONE, 1950. Também afirmou BUDA 
que “vive-se do se pensa”; tudo isso sugere que a Consciência Profissional, aplicada ao trabalho 
assalariado, seja moldada ao sabor dos interesses maiores da natureza da tarefa que a empresa, 
onde se vai trabalhar. 
 O empregado deve estar motivado a crer na tarefa que lhe atribuem e em seu próprio desempenho; 
deve aceitar convicto a ideia de que sem a sua a aludida tarefa a empresa não estaria completa em 
suas funções; quando esta é a mentalidade de existe um compromisso com a eficácia, o 
profissional, também institavemente, cumpre suas obrigações com adequação ética. SÁ, 
(2017,pag.189). 
1.5.5. Eticidade, Conduta Humana e Actos Institucionais 
A eticidade, tal como Hegel a distingue da moralidade, como realização advinda de uma concepção 
de algo institucional, é, essencialmente, para SÁ parece ser uma “abstração”, ou seja, algo 
concebido, mas necessário de uma consideração limitada a tal forma de conceber. 
SÁ, António Lopes, não crê ser possível dissociar, de forma absoluta, uma conduta, uma realização 
de actos, daquela de um ser humano. A conduta mesmo praticada em nome de sigla, denominação 
ou ideia, dimanará, sempre, da vontade de um ou mais seres. 
Não há como duvidar do institucional, nem da realidade de sua aceitação, mas admitir que esse 
abstrato possa produzir por si só condutas concretas é coisa que só consegue assimilar com 
relatividade. 
Pôde-se, por conveniência, por ângulo jurídico, económico, contábil, admitir-se a célula social 
como uma existência, mas, no campo da Ética, da conduta humana, para SÁ, parece uma violência 
admitir que tal célula seja a responsável, absoluta, por uma acção, sem que o homem tenha 
exercido sua vontade. 
16 
 
Essencialmente, a eticidade é, apenas, uma apresentação abstrata de conduta e, assim parece ser. 
Seria irreal admitir a inexistência do institucional, mas não menos irreal admitir que ele por si só 
possa ser o responsável absoluto pela conduta humana. 
HEGEL, admitiu, por exemplo, ser o Estado a própria manifestação de Deus, em razão e em nome 
de sua eticidade; os resultados práticos a humanidade está a comprovar, com os fracassos do 
mundo soviético. 
Contrariamente a Hegel, NIETZSCHE considerou o estado como um monstro e, 
contundentemente, afirmou: “ São os aniquiladores preparam as armadilhas para muitos e as 
chamam de Estado, à sombra de suas espadas e dos seus apettites variados…” “o Estado conta 
mentiras em todas as linguagens, do bem e do mal”. 
1.5.6. Ética Profissional nas Ambiências Empresarias 
Uma empresa prestadora de serviços só se justifica se existirem profissionais competentes para a 
execução de um tipo de trabalho, logo, tenha o tamanho que tiver, será sempre dependente de 
atitudes dimanadas do ser humano. SÁ, (2017, pag.194). 
O profissional é quem constitui a empresa. Tudo o que dimanar dessa organização, ainda que 
realizado por auxiliares, terá sempre a responsabilidade ética dos criadores. 
Grandes empresas de serviços profissionais são sempre vulneráveis à perda de qualidade do 
trabalho, pelo facto da quantidade de pessoal que envolve e da impossibilidade de obter-se só mão-
de-obra de refinada competência. 
Muitos problemas podem ser evitados com bons métodos operacionais e supervisão de alta 
qualidade, paralelamente a treinamentos eficazes, mas isto parece diluir-se na medida em que a 
dimensão da empresa começa a alcançar gigantismo. 
As questões éticas no campo profissional empresarial podem ser agravadas em face da dimensão 
empresarial. O zelo, a pontualidade, o sigilo etc. nem sempre são atitudes que se conseguem, 
presentes, quando as estruturas empresarias se desenvolvem, crescem ou alcançam divisões 
espácias de maior montra. 
17 
 
1.6. Virtudes Complementares Profissionais 
Além das virtudes básicas ou imprescindíveis a uma conduta eficaz fundamental, diversas outras, 
também, se fazem necessárias para que se alcance uma posição integral, no campo da convivência 
profissional. 
Portanto, são complementares as virtudes que completam o valor da acção do profissional e 
ampliam as virtudes básicas, sendo, a transgressão delas, infração e perda da qualidade ética. 
1.6.1. Orientação e Assistência ao Cliente – Generalidades 
A orientação ao cliente compreende, pois, dar a ele a plenitude da utilidade sobre o serviço que 
lhe é prestado, em todos os tempos: na preliminar, durante e após a prestação do trabalho. O 
trabalho de orientação inicia-se com os preliminares do que é necessário ao bom desempenho da 
tarefa e deve prolongar-se até que toda utilidade seja oferecida, até o ponto em que não mais seja 
preciso a opinião e o cuidado do profissional. SÁ (2017, pag.222). 
O profissional tem o dever ético de guiar seu cliente e de conduzi-lo ao limite máximo de 
aproveitamento da tarefa, com segurança, serenidade e teor humano, durante todo tempo que 
necessário for à eficácia da prestação de serviços. 
Orientar é oferecer um guia detalhado sobre o uso competente de um trabalho, suprindo o utente 
de todos os meios possíveis para um máximo aproveitamento do mesmo, dentro de condições de 
satisfação plena do cliente e máxima qualidade da tarefa. 
Assistir é continuar a orientar, defendendo a eficácia perene do serviço. A assistência ao cliente 
compreende a responsabilidade sem limites pela qualidade do trabalho, mediante presença efetiva 
de orientações e disponibilidade plena destas, até que toda a necessidade do utente esteja esgotada. 
1.6.2. Ética na Orientação e Assistência: Tipos Humanos de Clientes – Erros do Profissional 
perante Utentes 
O profissional, na prática, enfrenta problemas humanos relevantes, no que tange à orientação e 
assistência,em razão dos diversos tipos humanos de utentes, como já foi resultado. Cada caso 
merece um tratamento e a conduta é variável, sempre com o objectivo de evitar o problema ético-
profissional nessa tão delicada missão do exercício de tarefas. 
18 
 
Diante de um cliente rebelde, de má formação moral, pode o profissional complicar-se, sendo as 
vezes, a este imputada uma culpa que não tem e que se derivaria da acusação, do próprio utente. 
Outro tipo humano de cliente que também preocupa é aquele contrata os serviços de orientação e 
assistência e não realiza perguntas, ou seja, apenas contrata os serviços e aguarda, passivamente, 
a acção do profissional. SÁ (2017,pag.226). 
Mesmo sabendo as orientações necessárias, ele mantém-se omisso e por razoes psíquicas de 
comodismo ou acanhamento e certas vezes até por negligência, acaba por ir realizando atitudes e 
tomando decisões, sem ouvir o profissional. 
 Diferentemente do caso anterior, onde o cliente tem a informação, mas obstina-se em não segui-
la (cliente rebelde), neste, o cliente não tem a informação, porque não busca e o profissional pode 
desconhecer qual sua necessidade. 
1.6.3. Ética do Coleguismo 
O colega de profissão, pois, é aquela pessoa connosco identificada pela prática de um mesmo 
conhecimento, sujeita aos mesmos problemas e às mesmas alegrias, decorrentes do êxito, da 
eficácia no mesmo desempenho. 
Eticamente faz-se necessário exercer a virtude do coleguismo e que se fundamenta na fraternidade 
profissional, com absoluta solidariedade, desde, também, que esta exerça dentro dos preceitos da 
moral e do direito. SÁ (2017, pag.233). 
Isto exige que nos interessemos pelos problemas dos colegas como se nossos fossem e que 
tenhamos, para com eles, atitudes de lealdade, sinceridade, honestidade, cooperação, compreensão, 
tolerância, cordialidade, em suma, tudo que o amor fraterno verdadeiro pode produzir dentro das 
práticas virtuosas. 
Se se observar desta forma, evitaremos ver, em nosso colega, um adversário, um concorrente, 
como é possível algumas vezes observar, infelizmente, quando ocorre desrespeito à ética. 
Se observarmos que tira maior proveito aquele que pensa em construir sua vida do que aquele que 
se dedica a destruir a dos outros, entenderemos que a compressão para com aqueles que praticam 
19 
 
o mesmo trabalho deve excluir em nós a preocupação de perdermos tempo com acções negativas 
contra colegas. SÁ (2017, pag.234). 
1.6.4. Ética da Resposta 
Muitos homens que se notabilizam pela inteligência, pela influência, que exerceram sobre a 
cultura, preocuparam-se com o dever ético da resposta. 
Em nossos dias, aceleram-se as perguntas, porque fácil e ágil é o meio de comunicar-se, e os nossos 
deveres parecem prodigiosamente multiplicados. 
Quando alguém pergunta algo é porque necessita de uma resposta. A questão, todavia, é 
especificamente ética e os códigos para as profissões sempre destacam o dever de solidariedade 
de classe. Quando a questão é profissional, relevante é a responsabilidade. 
O respeito pela pergunta deve ser coerente com sua responsabilidade. Satisfazendo ou não ao 
interlocutor, seja em que circunstância for, em que forma for, há um dever ético em responder. O 
responder, todavia, pode limitar-se diante de circunstâncias imperiosas ou de força maior. 
É dever ético, diante de uma pergunta sobre coisa sigilosa, a sinceridade ou a aplicação de uma 
estratégia de resposta que proteja o segredo que deve ser guardado; nesse caso, muitas as vezes 
são adequadas as respostas por meio de expressões como: “não lembro, “não tenho autorização 
para revelar”, “ vou estudar a questão”, “preciso realizar consultas a respeito”, “ não me passa pela 
memória…” ou outras equivalentes. SÁ (2017, pag.249). 
Seja qual for a resposta, todavia, ela deve existir sempre. 
1.6.5. Ética e Revide 
Ao comportamento profissional não convêm revides ou vinganças em relação a actos que possam 
ser considerados como lesivos. 
É natural, no regime de competição entre prestadores de serviços, no mercado de trabalho, que 
alguns problemas ocorram e que vícios de espirito, como os derivados da inveja, vaidade, orgulho, 
ambição, narcisismo, possam criar obstáculos. 
20 
 
Como actos emocionais e instintivos, os de vingança ou revides, como desforras, que provocam 
até oposições sistemáticas ou atitudes similares, tendem a ser prejudiciais tanto a vítimas como a 
agressores. SÁ (2017, pag.252). 
Os referidos comportamentos, por natureza, são os de um tipo de justiça que se procura fazer com 
as próprias mãos, sujeitos às falhas de julgamento. 
Revides não parecem ser as melhores soluções, como a violência não é o melhor antídoto contra a 
própria violência. 
O amor, a vigilância como protetores da virtude, estes, sim, são os grandes modelos éticos 
competentes para sanar males e corrigir as mazelas sociais. 
Um profissional não prospera com a prática de criar problemas a terceiros e nem pode aspirar a 
ser um líder, se está constantemente a criticar seus companheiros, a formular denúncias sem 
fundamentos ou movimentar oposições baseadas em calúnias e difamações. 
A opção que melhor convém diante de um dever ético é a de equilíbrio, de serenidade, sem, 
todavia, essas coisas se caracterizarem pelo aviltamento e nem pela passividade do ser atingido. 
O valor de cada atitude tem a natureza do impulso que produziu a intenção de realiza-la. 
As vinganças, as desforras são actos que quase sempre possuem a intenção de representar um mal 
equivalente ao que se sofreu, ou seja, representam a imitação intencionada de uma atitude não 
virtuosa. SÁ (2017,pag.256). 
1.7. Ética da Mentira 
A “mentira” é uma falsidade, uma afirmação consciente contrária a uma realidade, ou seja, uma 
negação da verdade conhecida, e, consequentemente, uma lesão à virtude, ao bem de cada um ao 
de terceiros. SÁ, António Lopes. 
1.7.1. Ética Profissional e Mentira 
Por natureza, o profissional deve ser um homem seriamente comprometido com a verdade. No 
desempenho de seus serviços, não deve mentir, nem com seus clientes, nem com os funcionários, 
nem com quem quer que seja. 
21 
 
Esse compromisso com a verdade é um princípio a ser tomado como base fundamental para os que 
oferecem seu trabalho a terceiros. 
 Existem casos, entretanto, em que a verdade pode chegar a ser perniciosa se dita com toda a sua 
dureza, e também aqueles em que a proteção de uma virtude maior, como a do sigilo, por exemplo, 
exige a ocultação de realidades. 
A mentira no campo profissional, portanto, apresenta-se sob vários aspectos. 
Se um dentista, por exemplo, informa seu cliente que um tratamento vai causar dor, mesmo que 
não esteja tão forte, só diante dessa informação, a pessoa pode já começar a sentir profundo 
desconforto, conforme seu grau de entendimento e comportamento perante a dor. 
Para SÁ, António Lopes, ocultar a verdade, até mentir para beneficiar em casos de menor 
importância, mas que podem causar fortes impressões, parece-me ser uma mentira defensável 
profissionalmente, desde que não tenha efeitos prejudiciais relevantes. 
Cada pessoa tem uma forma de apreensão, um limite de observação e de raciocínio, e os 
profissionais não podem desconhecer essa particularidade. 
1.7.2. Simulação e Ocultação Total da Verdade perante a Ética Profissional 
A ocultação da verdade pode gerar aparente mentira quando, obrigado a responder ou opinar, 
alguém necessita pronunciar-se ou proferir afirmações. 
Inquirido sobre um assunto relativo a um cliente seu, um profissional poderia dizer que não se 
lembraria de como o facto aconteceu, embora pudesse ter gravado em sua memória o referido 
evento. 
Estaria o depoente mentindo para garantir a ocultação de uma verdade, cumprindo um dever ético 
de manter sigilo, fazendo-se digno da confiança que nele foi depositada. 
O mesmo caso ocorreria com um advogado que para salvar um cliente, vítima de circunstâncias 
adversas,evocasse a forte emoção como o motivo de um delito ou até mesmo a demência, quando 
tais coisas, de facto, não tivessem ocorrido. 
22 
 
Estaria o profissional a mentir, mas cumpriria seu dever de defesa; não estaria ele a proteger o 
delito, mas a pessoa que o praticou e da qual recebeu a confiança e em favor da qual deveria usar 
de todos os meios a seu alcance ara cancelar ou reduzir as penas pertinentes. 
Utilizar-se da profissão, dos conhecimentos que ela oferece, ou de uma função outorgada, para 
enganar, ludibriar, falsear a verdade é aético e injustificável sob todos os títulos. SÁ, (2017, 
pag.279). 
A virtude é a base da ética; a mentira, em sentido absoluto, é aética, por ser uma lesão à virtude. 
Só mesmo uma razão de ordem deveras pode tornar tolerável uma transgressão ligeira aos rigores 
da defesa intransigente da verdade. 
2. TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS 
2.1. Conceitos básicos 
2.1.1. Teoria da Justiça 
RAWLS, propõe-se a responder de que modo podemos avaliar as instituições sociais: a virtude 
das instituições sociais consiste no facto de serem justas. Em outros termos, para filósofo norte-
americano, uma sociedade bem ordena compartilha de uma concepção pública de justiça que 
regula a estrutura básica da sociedade. Com base nesta preocupação, Rawls formulou a teoria da 
justiça como uma equidade. 
2.1.2. Justiça 
A justiça é a primeira virtude das instituições sociais, tal como a verdade, é para os sistemas de 
pensamento. Uma teoria, por mais elegante ou parcimoniosa que seja, deve ser rejeitada ou alterada 
se não for verdadeira; da mesma forma, as leis e as instituições, não obstante o serem eficazes e 
bem concebidas, devem ser reformadas ou abolidas se forem injustas. RAWLS, 1997. 
2.2. O Papel da Justiça 
Cada pessoa beneficia de uma inviolabilidade que decorre da justiça, a qual nem sequer em 
benefício do bem-estar da sociedade como um todo poderá ser eliminado. Por esta razão, a justiça 
23 
 
impede que a perda da liberdade para alguns seja justificada pelo facto de outros passarem a 
partilhar um bem maior. 
Não permite que os sacrifícios impostos a uns poucos sejam compensados pelo aumento das 
vantagens usufruídas por um maior número. Assim sendo, numa sociedade justa a igualdade de 
liberdades e direitos entre os cidadãos é considerada como definitiva; os direitos garantidos pela 
justiça não estão dependentes da negociação política ou do cálculo dos interesses sociais. 
As únicas justificarão para mantermos uma teoria errada está na ausência de uma alternativa 
melhor de modo análogo uma injustiça só é tolerável quando é necessária para evitar uma injustiça 
ainda maior. RAWLS, (2000, pag.3). 
2.3. O objecto da justiça 
De toda a sorte de coisas se diz que são justas ou injustas: não apenas leis, instituições e sistemas 
sociais, mas também ações individuais de vários tipos, incluindo decisões, juízos e imputações. 
Também qualificamos as atitudes e as inclinações das pessoas bem como elas próprias, como justas 
ou injustas. 
2.3.1. Justiça Social 
O nosso tema no entanto é a justiça social, para nós, objecto primário da justiça é a estrutura básica 
da Sociedade ou, mais exactamente, a forma pela qual as instituições sociais mais importantes 
distribuem os direitos e deveres fundamentais e determinam a divisão dos benefícios da 
cooperação em sociedade. 
Por instituições mais importantes entendo a constituição política bem como as principais estruturas 
económicas e sociais. Assim a proteção jurídica da liberdade de pensamento e de consciência, da 
concorrência de mercado, da propriedade privada dos meios de produção e da família monogâmica 
são exemplos de instituições desse tipo. Vistas em conjunto como um único sistema, estas 
instituições definem os direitos e deveres de todos e influenciam as suas perspectivas de vida, 
aquilo com que podem contar e o grau das suas expectativas de êxito. RAWLS, 1997. 
A estrutura básica é o objecto primário da justiça, porque as suas consequências são profundas e 
estão presentes desde o início. 
24 
 
A noção intuitiva sobre este ponto é a de que esta estrutura abarca diferentes situações sociais e 
que aqueles que nascem nessas situações tem diferentes expectativas de vida, determinadas em 
parte, pelo sistema político, bem como pelas circunstâncias económicas e sociais. Deste modo as 
instituições da sociedade favorecem certas posições iniciais relativamente a outras. Este tipo de 
desigualdades é particularmente profundo, não só são generalizadas como também afectam as 
possibilidades iniciais de vida de cada um; no entanto, não podem ser justificadas mediante a 
invocação das noções de mérito ou valor. E estas desigualdades provavelmente inevitáveis na 
estrutura básica de qualquer sociedade, que os princípios da justiça se devem aplicar em primeiro 
lugar. 
Estes princípios presidem em seguida escolha da constituição política e dos principais elementos 
do sistema económico e social. A justiça de um modelo de sociedade depende essencialmente da 
forma como são atribuídos os direitos e deveres fundamentais, bem como das oportunidades 
económicas e condições sociais nos diferentes sectores da sociedade. 
Ao longo da investigação encontramos de duas formas: 
1º- Em primeiro lugar, interessa-nos um caso particular do problema da justiça a justiça no direito 
internacional público e nas relações entre estados. 
Assim ainda que se admita que o conceito de justiça se aplica sempre que há uma repartição algo 
que é racionalmente encarado como um benefício ou uma desvantagem, o que aqui nos interessa 
é apenas um dos casos em que ele é aplicado. Não há razão para supor antecipadamente que os 
princípios que são adequados para a estrutura básica são igualmente válidos para todos os casos. 
Estes princípios podem não ser aplicáveis para as regras e práticas das associações privadas ou 
para os grupos socais mais restritos. Podem ser irrelevantes para as diversas convenções informais 
e hábitos da Vida quotidiana, podem não nos esclarecer quanto à justiça, ou melhor, equidade das 
formas ou processos de cooperação voluntária que permitem obter acordos contratuais. 
As condições do direito internacional público podem exigir princípios diferentes, a atingir por 
outros meios. Dar-me-ei por satisfeito se for possível formular uma concepção razoável da justiça 
adaptada estrutura básica da sociedade, que por agora é concebida como um sistema fechado, 
isolado das outras sociedades. RAWLS, 1997. 
25 
 
2º - Em segundo lugar a é limitada pelo facto de, no essencial, examinar os princípios da justiça 
que vão regular uma sociedade bem ordenada. 
Parte-se da presunção de que todos agem com justiça contribuem para a manutenção das 
instituições justas. Ainda que a justiça possa ser a virtude cautelosa e ciumenta de que falava 
Hume, sempre nos poderemos interrogar sobre como seria uma sociedade perfeitamente justa. 
Assim, consideramos em primeiro lugar aquilo que designo por teoria da conformação estrita aos 
princípios da justiça, que se opõe teoria da conformação parcial (SS 25. 39). 
Esta última estuda os princípios que governam o modo como enfrentamos a injustiça. Compreende 
tópicos como a teoria da pena, a doutrina da guerra justa e a justificarão das diversas formas de 
oposição aos regimes injustos, que vão da desobediência civil e da objeção de consciência 
resistência militante e revolução. Inclui também os problemas da justiça compensatória e da 
comparação das diferentes formas de injustiça institucional. 
Como é evidente, os problemas colocados pela teoria da conformação parcial são as relativas as 
questões mais imediatas e urgentes. É com elas que nos defrontarmos no quotidiano. Mas a razão 
que nos leva a começar pela teoria das condições ideais é que ela fornece, segundo creio, a única 
base para a apreensão sistemática das questões mais urgentes. É dela, por exemplo, que depende a 
discussãodo problema da desobediência civil (SS 55.59). 
Em todo o caso, parto do princípio de que não há outro meio que permita obter um entendimento 
mais profundo da questão e que a definição da natureza e objectivos de uma sociedade 
perfeitamente justa constitui a parte fundamental da teoria da justiça. 
2.4. Os Princípios da Justiça 
A teoria da justiça pode ser dividida em duas partes principais: 
I. Uma interpretação da situação inicial, acompanhada da formularão dos vários princípios 
de entre os quais nela é possível optar; 
II. Uma discussão para decidir quais de entre esses princípios deveriam de facto ser 
adoptados. 
Neste capítulo, vai se discutir e explicar dois princípios da justiça relativos às instituições e vários 
princípios relativos a sujeitos individuais. 
26 
 
Será necessário abordar uma série de tópicos como as instituições como objecto da justiça e o 
conceito de justiça formal; três espécies de justiça processual; o lugar da teoria do bem; em que 
sentido cada um dos princípios da justiça é igualitário, etc. Em cada um destes casos, é o objectivo 
é explicar o significado e a aplicação dos princípios em causa. RAWLS, John.1997 
2.4.1. Instituições e Justiça Formal 
O objecto primário dos princípios da justiça social é a estrutura básica da sociedade, ou seja, a 
articulação das principais instituições sociais num sistema único de cooperação. Viu-se que estes 
princípios devem presidir atribuição de direitos e deveres nestas instituições e determinar a 
distribuição apropriada dos encargos e benefícios da vida social. Mas não se devem, porém, 
confundir os princípios da justiça relativos às instituições com os princípios aplicáveis aos 
indivíduos e sua acção em circunstâncias determinadas. Estes dois tipos de princípios aplicam-se 
a objectos diferentes e devem ser analisados separadamente. RAWLS, (2000,pag.57). 
RAWLS, Definiu instituição como sendo um sistema público de regras que determina funções e 
posições, fixando, por exemplo, os respectivos direitos e deveres, bem como poderes e imunidades. 
De acordo com estas regras, certas formas de acção são permitidas e outras proibidas; e, em caso 
de infração, elas preveem penas e medidas de proteção contra as violações. Como exemplo de 
instituições ou, em sentido mais geral, de práticas sociais, pode-se pensar nos diversos jogos e 
rituais, processos judiciais e parlamentos, mercados e sistemas de propriedade. Uma instituição 
pode conceber-se de duas formas: 
1º - Como um objecto abstracto, isto é, como uma possível forma de conduta expressa por um 
sistema de regras; 
2º - Como a realização, através da conduta e pensamento de certas pessoas em tos momentos e 
lugares, das acções prescritas por essas regras. Há pois, uma ambiguidade na determinação do que 
é justo ou injusto: se a instituição como realização concreta ou a instituição como objecto abstracto. 
Parece mais razoável afirmar que só a instituição concretizada na prática e efectiva e 
imparcialmente administrada pode ser justa ou injusta. A instituição enquanto objecto abstracto só 
é justa ou injusta no sentido em que qualquer das suas concretizações o for. 
27 
 
Pode-se afirmar, que uma instituição é a estrutura básica da sociedade, é um sistema público de 
regras, quer dizer que os sujeitos que dela fazem parte tem os conhecimentos que teriam se essas 
regras e a sua participação na actividade por elas definida fossem, de facto, produto de um acordo. 
Um sujeito que é membro duma instituição sabe o que é que as regras aplicáveis exigem dele e 
dos outros. Sabe igualmente que os outros também sabem disso, tal como sabem que ele o sabe e 
assim sucessivamente. É certo que esta condição nem sempre é preenchida quanto a instituições 
efectivamente existentes, mas tal constitui uma hipótese simplificadora razoável. 
Os princípios da justiça são aplicáveis a estruturas sociais cuja natureza é, neste sentido, pública. 
Quando as regras de certo elemento de uma instituição são conhecidas apenas por aqueles que a 
ela pertencem, podemos partir do princípio de que há um acordo segundo o qual só o sujeito em 
questão tem o poder de emitir regras para si próprios, desde que elas prossigam objectivos 
geralmente aceites e que não haja terceiros negativamente afectados. 
Os dois princípios da justiça, serão apresentadas agora, de forma provisória, os dois princípios de 
justiça sobre os quais acredita-se que haveria um consenso na posição original. A primeira 
formulação desses princípios é ainda um esboço. Na medida em que prosseguirmos, devera-se 
considerar várias formulações e aproximar-se passo a passo da elaboração final, que será feita bem 
mais tarde. Tal procedimento permite, segundo RAWLS, que a exposição se desenvolva de um 
modo natural. 
A primeira afirmação dos dois princípios é a seguinte: 
Cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema de liberdades básicas iguais que 
seja comparável com um sistema semelhante liberdades para as outras; 
As desigualdades sociais e econômicas devem ser ordenadas de tal modo que sejam ao mesmo 
tempo consideradas como vantajosas para todos dentro dos limites do razoável, e vinculadas a 
posições e cargos acessíveis a todos. 
Como já foi dito, esses princípios se aplicam primeira- mente à estrutura básica da sociedade, 
governam a atribuição de direitos e deveres e regulam as vantagens econômicas e sociais. A sua 
formulação pressupõe que, para os propósitos de uma teoria da justiça, a estrutura social seja 
considerada como tendo duas partes mais ou menos distintas, o primeiro princípio se aplicando a 
uma delas e o segundo princípio à outra. Assim distinguimos entre os aspectos do sistema social 
28 
 
que definem e asseguram liberdades básicas iguais e os aspectos que especificam e estabelecem as 
desigualdades econômicas e sociais. 
É essencial observar que é possível determinar uma lista dessas liberdades. As mais importantes 
entre elas são a liberdade política (o direito de votar e ocupar um cargo público) e a liberdade de 
expressão e reunião; a liberdade de consciência e de pensa- mento; as liberdades da pessoa, que 
incluem a proteção contra a opressão psicológica e a agressão física (integridade da pessoa); o 
direito à propriedade privada e a proteção contra a prisão e a detenção arbitrárias, de acordo com 
o conceito de estado de direito. Segundo o primeiro princípio, essas liberdades devem ser iguais. 
Nessa primeira abordagem, o segundo princípio se aplica à distribuição de renda e riqueza e ao 
escopo das organizações que fazem uso de diferenças de autoridade e de responsabilidade. Apesar 
de a distribuição de riqueza e renda não precisar ser igual, ela deve ser vantajosa para todos e, ao 
mesmo tempo, as posições de autoridade e responsabilidade devem ser acessíveis a todos. 
Aplicamos o segundo princípio mantendo as posições abertas, e depois, dentro desse limite, 
organizando as desigualdades econômicas e sociais de modo que todos se beneficiem. 
Esses princípios devem obedecer a uma ordenação serial, o primeiro antecedendo o segundo. Essa 
ordenação significa que as violações das liberdades básicas iguais protegidas pelo primeiro 
princípio não podem ser justificadas nem compensadas por maiores vantagens econômicas e 
sociais. Essas liberdades têm um âmbito central de aplicação dentro do qual elas só podem ser 
limitadas ou comprometidas quando entram em conflito com outras liberdades básicas. Uma vez 
que podem ser limitadas quando se chocam umas com as outras, nenhuma dessas liberdades é 
absoluta; entretanto, elas são ajustadas de modo a formar um único sistema, que deve ser o mesmo 
para todos. E difícil, talvez impossível, fazer uma especificação completa dessas liberdades 
independentemente das circunstâncias particulares, sociais, econômicas e tecnológicas, de uma 
dada sociedade. A hipótese é de que a forma geral consiste numa lista que pode ser definida com 
exatidãosuficiente para sustentar essa concepção de justiça. Sem dúvida, liberdades que não 
constam nessa lista, por exemplo, o direito a certos tipos de propriedade (digamos, os meios de 
produção), e a liberdade contratual como determina a doutrina do laissez-faire, não são básicas; 
portanto, não estão protegidas pela prioridade do primeiro princípio. Finalmente, em relação ao 
segundo princípio, a distribuição de renda e riqueza, e de posições de autoridade e 
29 
 
responsabilidade, devem ser consistentes tanto com as liberdades básicas quanto com a igualdade 
de oportunidades. 
Os dois princípios são bastante específicos em seu conteúdo, e sua aceitação se apoia em certas 
suposições que vamos explicar e justificar. Por enquanto, devemos observar que esses princípios 
são um caso especial de uma concepção mais geral de justiça que pode ser expressa como segue. 
Todos os valores sociais liberdade e oportunidade, renda e riqueza, e as bases sociais da autoestima 
devem ser distribuídos igualitariamente a não ser que uma distribuição desigual de um ou de todos 
esses valores traga vantagens para todos. 
A injustiça, portanto, se constitui simplesmente de desigualdades que não beneficiam a todos. Sem 
dúvida, essa concepção é extremamente vaga e exige uma interpretação. 
Como um primeiro passo, suponhamos que a estrutura básica da sociedade distribua certos bens 
primários, ou seja, coisas que todo homem racional presumivelmente quer. Esses bens em geral 
têm uma utilidade, não importam quais sejam os planos racionais de vida de uma pessoa. Para 
simplificar, suponhamos que os principais bens primários à disposição da sociedade sejam direitos, 
liberdades e oportunidades, renda e riqueza. Esses são os bens primários sociais. 
Outros bens primários como a saúde e o vigor, a inteligência e a imaginação, são bens naturais; 
embora a sua posse seja influenciada pela estrutura básica, eles não estão sob seu controle de forma 
tão direta. Imaginemos, então, uma organização inicial hipotética na qual todos os bens primários 
sociais são distribuídos igualitariamente: Todos tem direitos e deveres semelhantes, e a renda e a 
riqueza são partilhados de modo imparcial. 
2.4.2. Princípio da Eficiência 
Este princípio pode ser aplicado à estrutura básica em referência às expectativas dos homens 
representativos. Assim, podemos dizer que uma organização de direitos e deveres na estrutura 
básica é eficiente se, e somente se, é impossível mudar as regras, redefinir o esquema de direitos 
e deveres, de modo a aumentar as expectativas de qualquer dos homens representativos (pelo 
menos um) sem ao mesmo tempo diminuir as expectativass de um (pelo menos um) outro homem 
representativo. E claro que essas alterações devem ser consistentes com os outros princípios. 
30 
 
Ou seja, ao mudarmos a estrutura básica não nos é permitido violar o princípio de liberdade igual 
ou a exigência de posições abertas. O que pode ser alterado é a distribuição de renda e riqueza e o 
modo pelo qual aqueles em posição de autoridade e responsabilidade regulam as atividades 
cooperativas. Consistente com as restrições de liberdade e acessibilidade, a alocação desses bens 
primários pode ser ajustada para modificar as expectativas dos indivíduos representativos. Uma 
organização da estrutura básica é eficiente quando não há como mudar essa distribuição de modo 
a elevar as perspectivas de alguns sem diminuir as perspectivas de outros. 
2.4.3. A igualdade Democrática 
Chega-se à igualdade democrática por meio da combinação do princípio da igualdade equitativa 
de oportunidades com o princípio da diferença. Este último elimina a indeterminação do princípio 
da eficiência elegendo uma posição particular a partir da qual as desigualdades econômicas e 
sociais da estrutura básica devem ser julgadas. Supondo-se a estrutura de instituições exigida pela 
liberdade igual e pela igualdade equitativa de oportunidades, as maiores expectativas daqueles em 
melhor situação são justas se, e somente, funcionam como parte de um esquema que melhora as 
expectativas dos membros menos favorecidos da sociedade. A ideia intuitiva é de que a ordem 
social não deve estabelecer e assegurar as perspectivas mais atraentes dos que estão em melhores 
condições a não ser que, fazendo isso, traga também vantagens para os menos afortunados. 
2.4.4. O Princípio da Diferença 
Suponha-se que as curvas de indiferença representem agora as distribuições que são consideradas 
como igualmente justas. Então, o princípio da diferença é uma concepção fortemente igual no 
sentido de que, se não houver uma distribuição que melhore a situação de ambas as pessoas 
(limitando-nos, para simplificar, ao caso de duas pessoas), deve-se preferir uma distribuição igual. 
Não importa o quanto a situação de cada pessoa seja melhorada, do ponto de vista do princípio da 
diferença, não há ganho algum a não ser que o outro também ganhe. 
Suponha-se que xi seja o homem representativo mais favorecido na estrutura básica. A medida que 
as suas perspectivas aumentam, aumentam também as perspectivas de x2, o homem menos 
favorecido. 
31 
 
2.5. Posição Originaria 
JOHN RAWLS (1921-2002) propôs uma nova versão do contratualismo, baseada no seguinte 
raciocínio: “Imagine que todos nos reunamos para decidir como a sociedade vai distribuir as coisas 
e os direitos de que todos precisamos para viver.” 
Vamos chamar essa situação de posição originária. Imagine que na posição originária ninguém 
sabe que posição vai ter na sociedade. Isto é, na hora de decidir como vai ser a distribuição dos 
bens e direitos, você não sabe se vai ser o mais pobre ou o mais rico, se sua religião vai ser a da 
maioria ou a da minoria, se você vai ser o mais forte ou o mais fraco. Ou seja: na posição originária 
todos estaríamos atrás de um véu da ignorância que nos obrigaria a escolher o que é justo sem 
saber se seríamos beneficiados ou prejudicados por essa decisão. 
Essa situação de ignorância aumentaria a probabilidade de escolher com imparcialidade o que 
realmente achamos justo. 
 Que princípios seriam adotados por pessoas racionais na posição originária? Para RAWLS, seriam 
os seguintes: 
 1º - Cada pessoa tem direito ao conjunto de direitos que podem ser distribuídos igualmente a todos 
sem prejudicar ninguém. 
Por exemplo, se eu tiver o direito de defender minhas opiniões, isso não impede que você também 
defenda as suas. Se eu tiver liberdade de votar, isso não impede que você também tenha. Se eu 
tiver liberdade de escolher minha própria religião, ou viver segundo minha orientação sexual, isso 
não impede que você também escolha a sua religião e viva segundo sua orientação sexual. Nesse 
conjunto de direitos estão incluídos todos os direitos civis e políticos básicos. 
2º - As desigualdades sociais só serão justas quando: 
 a) As posições privilegiadas da sociedade estiverem abertas a todos que preenchem certas 
condições de talento e esforço. Por exemplo, não será legítimo que os juízes ganhem mais que as 
outras pessoas se as pessoas forem impedidas de se tornarem juízes em virtude de serem negros, 
mulheres, judeus, muçulmanos, homossexuais ou sujeitas a outras formas de discriminação. 
32 
 
 b) As desigualdades beneficiarem os cidadãos menos privilegiados. Esse princípio, batizado de 
princípio da diferença, é o mais polêmico dos defendidos por Rawls. Ele se justificaria pelo 
seguinte: imagine que você está na posição originária, tentando decidir que desigualdades serão 
aceitáveis, sem saber se você será rico ou pobre. 
É claro que você não vai aceitar desigualdades extremas em que os pobres sejam dramaticamente 
explorados ou oprimidos; afinal, e se o pobre for você? Mas, então, porque não escolher a 
igualdade absoluta? Porque a igualdade absoluta não favoreceria que pessoas muito talentosas 
colocassem seus talentos a serviço da sociedade (elas não ganhariam nada a mais por serem 
excepcionalmenteinteligentes, criativas, trabalhadoras, etc., e para a sociedade é bom que haja 
pessoas excepcionalmente inteligentes, trabalhadoras, etc.). E, aliás, pode ser que você seja uma 
dessas pessoas excepcionais. Por isso, o racional seria adotar o princípio da diferença: deixar as 
pessoas mais talentosas prosperarem (afinal, você pode ser uma delas), desde que essa 
prosperidade também favoreça os mais pobres entre os pobres (afinal, você também pode ser um 
deles). 
2.6. Ética Profissional e a Teoria da Justiça de Rawls 
2.6.1. Relação entre a Ética Profissional e a Teoria da Justiça de John Rawls 
A ética individual e profissional que regula as nossas atitudes diárias no sentido de facilitar as 
relações humanas, em todas as esferas do conhecimento prático, é deveras o ponteiro imantado de 
grande e eficiente bússola, sempre capaz de estabelecer uma melhor convivência humana no 
âmbito social e até mesmo politico – estendendo-se às famílias, que constituem as comunidades. 
Mas, quando ao longo das nossas existências, por força de contingências várias, torna-se então 
viver bem, nós precisamos enfocar ou entender a “Ética”- para praticar no dia-a-dia a justiça social. 
E cada ser se vê obrigado a fazer uma introspecção maior para buscar na consciência pessoal (e 
também coletiva) aquela diretriz fundamental, que desafia quase todos os postulados e paradigmas, 
no sentido de plasmar e garantir a harmonia entre os seres humanos. 
33 
 
Conclusão 
Depois de uma leitura feita de algumas obras de autores que escreveram sobre as concepções da 
Ética Profissional e da Teoria da Justiça, chegou-se a conclusão de que, a Ética é a “mola mestra” 
a impulsionar as atitudes corretas e capazes de moldar, personalidades marcantes, e assim 
confirmar na prática os múltiplos benefícios essências, físicos, conceituais ou relativos de sempre 
urgente “ Justiça Social” humanamente falando. 
E diante dos objectivos específicos, pode-se concluir que, vale lembrar, agora, sempre, que sem o 
exercício da consciência ética, não se pode enfatizar e aprimorar as relações humanas em qualquer 
âmbito: pois não estaremos a tratar com o merecido carinho os nossos semelhantes…diariamente. 
Bons Profissionais são diferenciados, respeitados, recomendados e reconhecidos por seus parentes 
e clientes, quando exercem suas actividades diárias com retidão moral e pautam seus deveres com 
a necessária ética profissional, conscientemente. 
Ética e Justiça Social na convivência humana é um tema realmente interessante. Talvez uma 
palavra de ordem para se colocar em prática todos dias e noites, em qualquer lugar ou 
circunstâncias. Pois como bons cidadãos devemos agir com Ética, Respeito, Justiça e Amor. E 
então seremos felizes… pois estaremos praticando o amor incondicional e promovendo o bem 
coletivo; vivendo em paz. 
 
 
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Referências Bibliográficas 
CAMARGO, Marculino. Fundamentos da ética geral e profissional. 9ª edição petrópolis, RJ: 
Vozes 2010, pag.31-38. 
SÁ, António Lopes, de. Ética Profissional. São Paulo: Atlas, 1996, pág. 65, 136. 
RAWLS, John, Uma Teoria da Justiça / John Rawls: tradução Almiro Pisetta e Lenita M. R. 
Esteves. – São Paulo: Martins Fontes, 1997,- (Ensino Superior) 
SÁ, António Lopes, de Ética Profissional. 9ª ed. – São Paulo: Atlas, 2017. 
CÍCERO, Marco Túlio. De oratore. 1,21. Bolonha: Zanichelli, 1992 
MARDEN, O. S. A escolha da profissão. Porto: Figueirinhas, s.d. p.127. 
PETRONE, Igino. Filosofia del diritto. Varese: Giuffré, 1950. p. 266. 
HEGEL. Filosofia do direito 
NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra.

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