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1 
CBI of Miami 
 
 
 
2 
CBI of Miami 
 
 
DIREITOS AUTORAIS 
 Esse material está protegido por leis de direitos autorais. Todos os 
direitos sobre o mesmo estão reservados. 
 Você não tem permissão para vender, distribuir gratuitamente, ou copiar 
e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou 
quaisquer veículos de distribuição e mídia. 
 Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações 
legais.
3 
CBI of Miami 
 
 
Introdução aos Delineamentos Experimentais de Sujeito Único 
Luis Humbert Andrade de Lemos 
 
Introdução 
O estudo científico do comportamento humano é o objetivo principal da 
Análise do Comportamento. O comportamento, como objeto de estudo, 
estabelece diversos desafios ao campo da Análise do Comportamento devido à 
complexidade de fatores que podem estar relacionados ao estabelecimento e 
manutenção dos mais variados repertórios comportamentais. 
 Estabelecer uma relação causal entre os eventos ambientais e 
comportamentais exige grande esforço dos cientistas. O tema principal deste 
capítulo é sobre o planejamento necessário durante a condução de 
experimentos para garantir a identificação da relação causal entre os eventos 
investigados. Sendo assim, o termo Delineamento Experimental é utilizado 
para descrever o processo de planejamento das etapas de um experimento. 
É necessária a apresentação de alguns conceitos para realizar uma 
compreensão abrangente deste tema. O primeiro conceito é o de “variável”, 
definido como qualquer evento, situação, comportamento ou característica que 
varia do indivíduo, portanto, tudo que seja sensível à alteração é definida como 
variável (COZBY & BATES, 2015). Cada variável, durante a realização de um 
experimento, recebe uma classificação distinta. Uma das principais variáveis 
classificadas é denominada de variável dependente (VD), usualmente descrita 
na literatura analítico comportamental como a classe de respostas na qual ao 
menos uma das dimensões é mensurada ao longo do tempo. Esta é a variável 
em que o pesquisador tem como objetivo observar os efeitos das manipulações 
realizadas no experimento. Ela, portanto, depende de alguma alteração do 
ambiente para ser modificada. 
Sempre que esse conceito for abordado, tratar-se-á da questão “O que 
eu quero compreender que depende de uma mudança no ambiente para 
acontecer ou para modificar alguma das suas dimensões?”. Abaixo, no 
Quadro 1, estão definidas algumas dimensões do comportamento que podem 
ser mensuradas como variáveis dependentes. 
4 
CBI of Miami 
 
 
Quadro 1. Dimensões do Comportamento 
Dimensão Definição 
Latência da resposta 
Tempo transcorrido entre a 
apresentação do estímulo e a 
ocorrência da resposta. 
Duração 
Tempo total de ocorrência de uma 
resposta e/ou respostas durante um 
período de observação. 
Frequência/Taxa 
Total de ocorrências de respostas 
dividido pelo tempo observado 
Topografia 
Forma física, observável, do 
comportamento. 
Intervalo entre Respostas 
Tempo transcorrido entre as 
respostas. 
 
 Outra classificação central é o conceito de Variável Independente (VI), 
definida como um evento ambiental cuja presença ou ausência é manipulada 
pelo pesquisador, com o objetivo de analisar os efeitos sobre a variável 
dependente. Relaciona-se com as mudanças ambientais planejadas pelo 
experimentador ou, no caso de pesquisas na Análise do Comportamento 
Aplicada, com as intervenções realizadas. Os pesquisadores têm como 
principal interesse identificar qual a influência da variável independente na 
variável dependente. 
Observar os efeitos da introdução da VI sobre a VD é essencial para a 
conclusão dos estudos, porém, para identificar estas influências, outro papel do 
pesquisador relaciona-se ao controle de outros eventos ambientais que 
também podem exercer influência sobre a VD. Estes eventos, denominamos de 
variáveis estranhas ou variáveis intervenientes, que são tecnicamente 
definidos como eventos ambientais que não são do interesse do pesquisador, 
mas podem influenciar o comportamento do participante de modo a mascarar 
os efeitos da variável independente manipulada. 
 
5 
CBI of Miami 
 
 
O controle das variáveis estranhas garante o que é denominado de 
validade interna do experimento, caracterizada pela validação da atribuição 
da relação causal das mudanças na variável dependente à variável 
independente. Quanto maior a validade interna do experimento maior a 
confiabilidade nos seus resultados, pois é possível determinar que foi 
realmente a VI responsável pelas mudanças observadas sobre a VD. Perone & 
Hursh (2013) descrevem as principais ameaças à validade interna de um 
experimento como a) história, b) maturação, c) testagem e d) 
instrumentalização. 
A. História, no contexto da experimentação, refere-se à influência de 
fatores externos ao contexto experimental que podem influenciar a variável 
dependente. Em um exemplo de estratégias para redução no consumo de 
bebida alcoólica em mulheres, vamos imaginar que, quando iniciou a 
intervenção, ocorreu também uma greve dos caminhoneiros que reduziu o 
abastecimento de cerveja na cidade e isso pode ter influenciado os dados 
relacionados ao consumo, pois estava em falta nos mercados e bares. 
B. Maturação envolve as questões relacionadas a passagem de tempo e 
mudanças caracteristicamente desenvolvimentais, como idade, marcos sociais 
e cognitivos. Estas variáveis podem envolver processos mais situacionais e 
característicos de etapas do desenvolvimento. Portanto, tais fatores devem ser 
considerados na escolha dos participantes e na confiabilidade dos achados da 
pesquisa. 
C. Testagem refere-se a exposição repetida aos instrumentos avaliativos 
pode afetar o comportamento. No caso, participantes que ao longo do 
experimento serão entrevistados ou responderão escalas diversas vezes 
podem apresentar respostas repetitivas, dificultando a sensibilidade aos efeitos 
da intervenção realizada. 
D. Instrumentalização refere-se a perda de confiabilidade nos dados devido 
a vícios adquiridos no processo de coleta pelos mecanismos utilizados. Isto 
pode ocorrer no uso de instrumentos mecânicos pela falta de manutenção ao 
longo do experimento ou no caso de coleta feita por observadores humanos 
treinados. Uma perda da consistência da coleta pode ocorrer caso não seja 
6 
CBI of Miami 
 
 
feita periodicamente uma concordância entre os observadores em relação ao 
que está sendo observado e mensurado. 
Estas principais ameaças à validade interna de um experimento são 
minimizadas com o planejamento adequado das fases do experimento e na 
ordem de apresentação e, quando apropriado, remoção da Variável 
Independente. A organização das fases será abordada em fase posterior deste 
texto, sendo caracterizada a adequabilidade de cada decisão nos 
delineamentos experimentais de sujeito único. Primeiro, foram 
apresentadas e caracterizadas as mudanças que ocorrem ao longo do 
experimento, denominado de fases experimentais, sendo elas: a) Linha de 
Base b) Condição Experimental e/ou intervenção e c) Follow-Up. 
 
Linha de Base (LB) 
 A condição de linha de base, também denominada na literatura como 
fase A ou pré-intervenção, caracteriza-se pela coleta sistemática da variável 
dependente na ausência da variável independente. Ou seja, será a medida 
comparativa de mudanças estabelecidas pela manipulação do pesquisador. 
 A coleta de dadosrealizada nesta fase é crucial na determinação da 
confiabilidade dos dados no período da intervenção. No gráfico 1. está uma 
coleta de linha de base na qual há uma tendência estável, isto quer dizer que 
há pouca variabilidade nos dados e sem mudança nos níveis dos dados. Em 
outras palavras, os pontos de dados estão sempre na mesma média, indicando 
estabilidade. Este padrão é o esperado para o início de uma intervenção 
comportamental, pois demonstra que não há variáveis estranhas influenciando 
a tendência dos dados. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
CBI of Miami 
 
 
Gráfico 1. Linha de Base 
 
 No Gráfico 2. temos uma linha de base com muita variabilidade, 
indicando que possivelmente há variáveis não controladas influenciando o 
comportamento alvo investigado. Em geral, recomenda-se uma investigação 
para o controle destas variáveis e, na ausência deste controle, a confiabilidade 
nos achados pode ser questionada. 
 
Gráfico 2. Linha de Base com alta variabilidade 
 
 
Se o objetivo da pesquisa é reduzir o comportamento, durante a linha de 
base espera-se que, antes de iniciar a intervenção, os dados estejam em uma 
tendência em níveis maiores que 0 e uma tendência que seja oposta aos 
resultados esperados na intervenção. No caso do Gráfico 3., que demonstra 
uma tendência descendente, pode-se considerar que uma intervenção com 
este padrão poderá sofrer críticas de baixa validade interna pois já havia 
8 
CBI of Miami 
 
 
fatores não controlados influenciando o comportamento aos níveis esperados 
com a intervenção. 
 
Gráfico 3. Linha de Base com tendência descendente 
 
 
 
Análise de Dados 
Tendência ascendente: um padrão dos dados que demonstra uma 
tendência crescente nas respostas mensuradas 
Tendência descendente: um padrão dos dados que demonstra uma 
tendência decrescente nas respostas mensuradas 
Variabilidade: um padrão dos dados que demonstra uma tendência irregular, 
podendo ser classificada como alta, baixa ou ausente. 
 
Condição Experimental 
 A fase denominada de condição experimental relaciona-se à introdução 
da variável independente. Também denominado, nas pesquisas, de Fase B ou 
fase de intervenção. 
 Nesta fase realiza-se um comparativo dos resultados com o período de 
Linha de Base. O gráfico 4. exemplifica o resultado hipotético, com a 
introdução da VI, no qual há uma redução dos comportamentos inapropriados 
investigados. Em geral, nas pesquisas de sujeito único, a introdução e/ou 
remoção da VI é demarcada por uma linha na vertical denominada linha de 
9 
CBI of Miami 
 
 
mudança de fase. O processo de inspeção visual comparando os níveis e 
tendência dos dados com o início da intervenção ao período pós-intervenção é 
o padrão ouro de análise das pesquisas em Análise do Comportamento 
Aplicada. 
 
Gráfico 4. Introdução da Variável independente 
 
No gráfico 5. exemplifica a tendência esperada caso a condição 
experimental não tivesse sido iniciada ou caso a intervenção manipulada não 
tivesse apresentado influências sobre a variável dependente. 
 
Gráfico 5. Expectativa da tendência da linha de base 
 
10 
CBI of Miami 
 
 
Follow-Up 
 A fase de follow-up é caracterizada pelo acompanhamento dos efeitos 
da intervenção após o fim do experimento. Pesquisas que apresentam medidas 
de follow-up fornecem boa previsibilidade aos clínicos que consomem as 
pesquisas do que é usual em médio e longo prazo como efeito da intervenção 
realizada. 
 
Delineamento Experimental de Sujeito Único 
Os delineamentos experimentais de sujeito único são caracterizados e 
definidos como a mensuração sistemática e repetitiva de comportamentos de 
um único organismo, que é comparado entre fases experimentais. Considera-
se que um dos maiores potenciais dos delineamentos de sujeito único é a 
possibilidade de estabelecer um alto controle sobre as variáveis que 
influenciam o comportamento investigado e sua flexibilidade para 
estabelecimento do controle experimental em um processo de análise 
momento-a-momento. 
 Abaixo, está descrita uma variedade de delineamentos amplamente 
utilizados e estudados na Análise do Comportamento Aplicada e uma breve 
caracterização das principais potencialidades e fraquezas de cada 
delineamento em relação a fatores que podem ameaçar sua validade interna. 
As informações descritas foram baseadas nos textos de Perone & Hursh 
(2013), Green, Johnston & Pennypacker (2019) e Bates & Cozby (2015). 
 
Intervention-Only Design 
 O Intervention-Only Design caracteriza-se como um delineamento que 
envolve a mensuração repetitiva dos dados ao longo do tempo. É um 
procedimento muito utilizado principalmente em contextos nos quais uma 
coleta de linha de base pode ser considerada uma decisão antiética. Os dados 
coletados nas sessões iniciais servem como um período comparativo à 
tendência posterior dos dados. Perone & Hursh (2013) descrevem que o 
processo de ascendência, descendência ou variabilidade dos dados servem 
como evidência das relações entre VI e VD. Na figura abaixo está representado 
11 
CBI of Miami 
 
 
como usualmente são apresentados os dados desta intervenção. Trata-se de 
um delineamento com muitos fatores que ameaçam a sua validade interna, 
principalmente devido à ausência de um período de linha de base. No exemplo 
abaixo, fatores maturacionais ou históricos podem ser levantados como 
explicativos da mudança do padrão comportamental. 
 
Gráfico 6. Intervention-Only Design 
 
 
Delineamento AB 
 O Delineamento AB apresenta características de maior validade interna 
do que o Intervention-Only Design, pois apresenta uma fase pré-intervenção 
de coleta de dados (uma fase de linha de base). Denomina-se delineamento 
AB, pois o período de coleta de linha de base é também denominado de fase A 
e o período intervenção de fase B. 
 Deste modo, uma característica central deste delineamento é a coleta 
sistemática do comportamento alvo de estudo na ausência da variável 
independente. A relação causal entre a intervenção e a mudança no 
comportamento alvo é estabelecida pela mudança justaposta à introdução da 
variável independente quando comparado ao padrão comportamental antes de 
sua introdução. Quanto mais distante for a mudança nos níveis dos dados após 
a introdução da variável independente, maiores os riscos de que fatores que 
ameaçam sua validade interna estejam presentes. 
12 
CBI of Miami 
 
 
Quanto maior for a coleta do período de linha de base e sua 
estabilidade, maior o controle de fatores que ameaçam sua validade interna, 
porém isto pode ser antiético em uma série de contextos (ex. comportamentos 
autolesivos, comportamentos essenciais ao autocuidado do indivíduo). 
O gráfico 7 abaixo representa os dados que representam 
hipoteticamente um delineamento AB, considerando a redução do 
comportamento com a introdução da variável independente. O gráfico 8 
representa o aumento do comportamento com a introdução da variável 
independente. E o gráfico 9 representa um delineamento AB no qual a variável 
independente não apresentou influência sobre a variável dependente 
investigada. 
 
Gráfico 7. Delineamento AB e efeitos da VI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
CBI of Miami 
 
 
Gráfico 8. Delineamento AB e efeitos da VI 
 
 
Gráfico 8. Delineamento AB e efeitos da VI 
 
Delineamento ABAB ou Delineamento de Reversão 
 O delineamento ABABé uma extensão do delineamento AB. Tal como 
sugerem as letras em seu nome, trata-se de um planejamento das fases no 
qual a variável independente é removida sucessivas vezes e restabelece-se a 
condição de linha de base. É utilizado em comportamentos que são passíveis 
de restabelecimento ou reversão, como comportamentos inapropriados. 
 Este delineamento aumenta a validade interna do experimento pois a 
replicação dos resultados é estabelecida com o mesmo sujeito, demonstrando 
14 
CBI of Miami 
 
 
alto controle sobre as variáveis estranhas. Observe que na figura do gráfico 9 
há uma replicação dos resultados encontrados na manipulação AB inicial. 
Porém, para a realização da replicação dos resultados, é necessário aguardar 
os dados na segunda Condição A permanecerem em níveis próximos aos da 
primeira coleta de linha de base. 
 
Gráfico 9. Delineamento ABAB 
 
Variações do delineamento ABAB são relacionadas ao que o 
pesquisador deseja mensurar, como por exemplo, comparação entre 
tratamentos e seus efeitos sobre a variável dependente. Abaixo foram 
exemplificadas algumas modificações ao delineamento de reversão (ABAB). 
Delineamento ABACAC caracteriza-se por uma modificação do 
delineamento ABAB, sendo que há, em fase posterior do experimento, a 
introdução de uma terceira intervenção, simbolizada pela letra C. Nesta 
intervenção há a comparação com sucessivas linhas de base, demonstrando, 
que as mudanças identificadas, tanto na condição B como na condição C, são 
por causa das variáveis independentes manipuladas. 
No gráfico 10 estão apresentados os resultados de um delineamento 
ABACAC. Há, portanto, uma fase na ausência das variáveis independentes em 
que o comportamento ocorre em níveis altos. Hipoteticamente, a intervenção 
ocorre com o objetivo de redução deste comportamento alvo, sendo que na 
15 
CBI of Miami 
 
 
introdução da condição B o comportamento diminui para metade, e na 
condição C o comportamento ocorre em níveis de zero ou quase zero, 
representando que a condição C teve maior influência sobre a variável 
dependente que a condição B. 
 
Gráfico 10. Variação do delineamento de Reversão 
 
Outro exemplo seria uma variação denominada Delineamento ABCB. 
Neste caso, a reversão ocorre com a intervenção B. Em geral, esse 
delineamento pode ser adotado como uma decisão necessária em contextos 
em que eticamente não é possível permanecer com o participante na ausência 
de um tratamento, imagine um contexto de comportamentos de autolesão. Este 
delineamento também mantém sob controle possíveis ameaças à validade 
interna, pois a mudança nos níveis ocorre contingente à mudança das fases e 
os níveis em B são restabelecidos após sua reintrodução (exemplo gráfico 11). 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
CBI of Miami 
 
 
Gráfico 11. Variação do delineamento de Reversão 
 
 
As alternações entre as fases podem ser realizadas de diferentes 
formas, com a introdução de uma terceira (fase D) ou quarta (E) intervenção. 
Não há uma regra específica, exceto a estabilidade do dado, para o 
planejamento destas manipulações. 
 
Delineamento de Tratamentos Alternados ou Elementos Múltiplos 
 Outro delineamento que envolve a comparação entre tratamentos ou 
condições é o Delineamento de Tratamentos Alternados ou Elementos 
Múltiplos. São frequentemente utilizados como sinônimos e referem-se ao 
planejamento de condições experimentais que são intercaladas de modo 
rápido, mensurando suas influências sobre a variável dependente. Rápido, 
neste contexto, é quer dizer dependente do contexto, e o objetivo da pesquisa, 
em alguns casos, pode se relacionar a minutos, horas ou dias (Perone & 
Hursh, 2013; Green, Johnston & Pennypacker, 2019) 
 Por exemplo, um pesquisador que quisesse investigar como variável 
dependente o comportamento do aluno permanecer sentado e comparar dois 
diferentes tratamentos, poderia manipular como variável independente se o 
feedback contingente ao aluno permanecer sentado é efetivo como 
Tratamento A em comparação ao Tratamento B, caracterizado por modificar 
a posição do aluno na sala deixando-o mais próximo do quadro e do professor. 
Para isso, realizaria o Tratamento A em alguns dias e o B em outros, de modo 
17 
CBI of Miami 
 
 
alternado, medindo o tempo que a criança permaneceria sentada em sala. 
Abaixo, em um resultado hipotético, o gráfico 11 demonstra que o tratamento A 
foi mais efetivo que o B. 
 
Gráfico 11. Delineamento de Tratamentos Alternados 
 
 
 Outro contexto de comparação em que se utiliza o Delineamento de 
Tratamentos Alternados pode ser a comparação de duas intervenções sobre 
respostas diferentes. Imagine o contexto que investiga qual de dois 
tratamentos é o mais efetivo no ensino da habilidade de nomear objetos. Pode-
se implementar a intervenção em dois alvos distintos e investigar em qual deles 
a resposta é estabelecida primeiro. Veja o exemplo abaixo. 
 
Gráfico 12. Delineamento de Tratamentos Alternados 
 
18 
CBI of Miami 
 
 
 É possível considerar que esse delineamento mantém, em algum nível, 
uma reversão dos resultados devido a sua alternação entre os tratamentos, 
sendo um comparativo do outro. Outro contexto no qual o termo “Elementos 
Múltiplos” é mais utilizado é o das pesquisas que envolvem a realização de 
Análises Funcionais Experimentais. No artigo clássico de Iwata, et. al 
(1982/1994), há a manipulação de diferentes contextos alternados de modo 
rápido com intervalo de minutos entre as condições na identificação de qual 
contexto estabelece maior frequência do comportamento investigado. Veja o 
gráfico 13, extraído da pesquisa de Iwata e colaboradores, no qual a condição 
Acadêmica (Academic) demonstra níveis mais altos de problemas de 
comportamento, sendo, possivelmente, o contexto de maior relação causal com 
problema de comportamento. 
 
Gráfico 13. Análise Funcional Experimental 
 
 
 Algumas estratégias adicionais são utilizadas para auxiliar os 
participantes a discriminarem as condições experimentais em vigor. Em geral 
pode-se estabelecer algum estímulo visual que saliente a mudança das 
condições, como um cartão colorido, um som, ou realizar as condições 
experimentais em salas diferentes. Esse tipo de delineamento preserva 
características importantes relacionadas ao aumento da validade interna da 
pesquisa. 
 
19 
CBI of Miami 
 
 
Delineamento de Linha de Bases Múltiplas 
 Há comportamentos que não são passíveis de reversão como, por 
exemplo, a aprendizagem de leitura e resolução de problemas matemáticos ou 
um contexto no qual não é ético a remoção da intervenção para analisar seus 
efeitos sobre o comportamento investigado. Para isto, é necessário adotar 
outras estratégias de apresentação das fases experimentais em benefício do 
participante. 
 Um modo de evitar os efeitos deletérios destas manipulações é a 
adoção do Delineamento de Linha de Bases Múltiplas. Este delineamento 
consiste na coleta sistemática de condições de linha de base entre diferentes 
participantes, contextos ou habilidades de modo simultâneo (simultâneo, nesse 
contexto, refere-se à proximidade temporal, mas podem envolver minutos, 
horas ou dias). 
 Por exemplo, em um Delineamento de Linha de Bases Múltiplas 
entre participantes consiste na coleta de linha de base simultaneamente de 
dois ou mais participantes de uma pesquisa. Após estabelecer estabilidade 
entre as linhas de base, a variável independente é introduzida emum dos 
participantes enquanto os demais permanecem sem intervenção. Após os 
dados se estabilizarem com a introdução da variável independente no 
participante 1, é realizada a introdução da variável independente no 
participante 2 e caso tenha um terceiro participante é realizado desse modo 
sucessivamente. É esperado, nessa manipulação, que antes da introdução da 
variável independente nos participantes 2 e 3, os dados se mantenham 
estáveis na linha de base, portanto servindo de controle às possíveis variáveis 
estranhas que ameacem a validade interna do experimento. O gráfico 14 
representa esse dado entre participantes. 
 
 
 
 
 
 
20 
CBI of Miami 
 
 
Gráfico 14. Delineamento de Tratamentos Alternados 
 
Um único participante pode ter seu comportamento mensurado em 
diferentes contextos e a intervenção realizada em cada contexto analisado, 
descrito como Delineamento de Linha de Bases Múltiplas entre ambientes, 
preservando as mesmas características do delineamento entre participantes. O 
exemplo abaixo caracteriza essas medidas, demonstrando um mesmo 
participante com seu comportamento coletado em 3 ambientes diferentes e a 
intervenção introduzida sucessivamente em cada contexto após a mudança na 
primeira condição. 
 
 
 
 
 
21 
CBI of Miami 
 
 
Gráfico 15. Delineamento de Tratamentos Alternados 
 
 Por último, outra variação deste delineamento é o Delineamento de 
Linha de Bases Múltiplas entre Estímulos. Uma pesquisa pode avaliar, por 
exemplo, a efetividade de um determinado procedimento no ensino de uma 
habilidade. No gráfico abaixo, imagine que o participante Otavio estava 
aprendendo a nomear diferentes grupos de estímulos, portanto realizou-se 
uma linha de base entre os múltiplos grupos de estímulos e foi analisado se a 
introdução da VI foi a responsável pelas mudanças na VD. 
 
 
 
 
 
 
 
22 
CBI of Miami 
 
 
Gráfico 16. Delineamento de Tratamentos Alternados 
 
Considerações Finais 
O delineamento de sujeito único é o padrão ouro em pesquisas 
realizadas no campo da Análise do Comportamento Aplicada. Os 
delineamentos descritos representam estratégias úteis há uma variedade de 
desafios que o clínico ou pesquisador podem enfrentar durante a condução de 
intervenções a comportamento socialmente relevantes, como: 1) 
irreversibilidade do comportamento, 2) desafios éticos na condução das 
intervenções e investigação da relação funcional, 3) controle de variáveis 
estranhas. 
Esta proposta é passível de críticas em relação a sua validade externa, 
ou seja o grau que seus resultados são generalizáveis a outros indivíduos e 
contextos, mas é possível estabelecer a validade externa com replicações dos 
experimentos a diferentes participantes, contribuindo deste modo ao 
fortalecimento do campo e o desenvolvimento de tecnologias efetivas de 
intervenção. 
23 
CBI of Miami 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
COZBY, P. C., BATES, S., KRAGELOH, C., LACHEREZ, P., & VAN ROOY, D. 
(1977). Methods in behavioral research. Houston, TX: Mayfield publishing 
company. 
 
PERONE, M., & HURSH, D. E. (2013). Single-case experimental designs. 
Johnston, J. M. 
 
PENNYPACKER, H. S., & GREEN, G. (2019). Strategies and tactics of 
behavioral research and practice. Routledge.

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