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91 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE Unidade III 7 ENSINAR POR COMPETÊNCIAS E A INTEGRALIDADE DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM De acordo com Zabala e Arnau: As mudanças na própria universidade, a pressão social sobre a necessária funcionalidade das aprendizagens e a função social do ensino propiciam falar de um ensino baseado no desenvolvimento de competências (2014, p. 23). O termo competência surge no âmbito empresarial no início da década de 1970, caracterizando como competente a pessoa que consegue realizar uma tarefa de forma eficiente. No entanto, no âmbito educacional, a ideia de uma formação mais ampla e integral, atrelando as capacidades de resolução de problemas (eficácia) e conteúdos acadêmicos, foi incorporada muito depois. Com a globalização econômica e seus mercados abertos, a educação teve que atender demandas que preparassem os indivíduos não somente para dominar técnicas específicas do seu fazer e conhecimentos específicos, como também oportunizar o desenvolvimento de aptidões e atitudes que facilitem as relações interpessoais no mundo social e nas organizações, com destaque para: trabalho colaborativo, empreendedorismo, aprender a fazer, adaptabilidade, empatia, entre outros. Diante desta breve trajetória, é possível afirmar que o ensino com base em competências surge em consequência das lacunas de falta de aplicabilidade dos conhecimentos teóricos aprendidos em situações reais, tanto da vida cotidiana quanto da profissional. Segundo Zabala e Arnau (2014), a universalização do ensino em países desenvolvidos e em desenvolvimento e a expansão do pensamento democrático reforçam a necessidade de um sistema escolar mais acolhedor e concatenado com a autonomia dos sujeitos frente aos desafios do mundo contemporâneo. Além disso, os autores apontam três fatores que contribuem para a ascensão do ensino baseado no desenvolvimento de competências: • Mudanças nas universidades: a partir das necessidades de adaptar‑se às novas demandas, as instituições de Ensino Superior estão replanejando suas estruturas e conteúdos. • Funcionalidade das aprendizagens: surge da urgência de articular os conhecimentos teóricos adquiridos em situações ou problemas reais. Desta forma, é preciso identificar competências coerentes às expectativas dos estudantes e, ao mesmo tempo, observar as competências necessárias para que o professor possa ensinar. 92 Unidade III • Função social do ensino: trata‑se da necessidade de revitalizar a função social da escola, minimizando seu caráter propedêutico e seletivo, potencializando uma sociedade mais autônoma e democrática; reduzindo o ensino centrado em disciplinas fragmentadas e com critérios arbitrários, valorizando aspectos socioculturais, vivências da realidade e aplicabilidade dos conhecimentos aprendidos. Observação As três exigências para educar por competências são: conversão de conteúdos tradicionais para um contexto funcional, formação para a vida e formação integral das pessoas. A formação com base nas competências deve responder aos problemas da vida cotidiana, para isso, é importante determinar competências que possam ser alcançadas, considerando o trabalho com conteúdos que auxiliem na vida em sociedade e que se articulem em várias possibilidades de entendimento a partir da interdisciplinaridade e complementariedade entre as áreas do conhecimento. Ainda discutiremos muito sobre as competências no âmbito educacional, no entanto, é importante ter em mente que as competências não propõem extinção de conteúdo, mas sua funcionalidade em relação à realidade, para que os estudantes saibam utilizar os conhecimentos em variados contextos. Além disso, é necessário repensar possíveis mudanças de estruturas organizacionais, gestão de sala de aula e formação de professores, a fim de reafirmar a dinâmica proposta pelo ensino baseado em competências. Como nível mais alto de exigência, o trabalho com competências requer um sistema escolar que explicita as finalidades dos conteúdos e os direciona para a formação integral das pessoas. Convidamos você a refletir sobre possíveis caminhos que superem o paradigma tradicional da escola e promovam, por meio do trabalho com competências e habilidades, a integração entre escola e sociedade, conteúdos e realidade, conhecimento e vida social. Saiba mais São muitas as definições para competências e habilidades. Conheça as que estão mais alinhadas à BNCC a seguir. DA REDAÇÃO. BNCC: você sabe a diferença entre competências e habilidades? Educação Integral, 19 fev. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3SwOzzQ. Acesso em: 27 fev. 2023. 93 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE Prosseguindo as nossas discussões sobre competências na área da educação, elas podem ser compreendidas em sua totalidade como a formação da pessoa que utiliza os conhecimentos aprendidos e vivenciados na escola para resolver problemas da realidade. Em outras palavras, como intervenções nos vários contextos da vida, em que são mobilizados, de maneira inter‑relacionada, conteúdos, estratégias e encaminhamentos para a vida em sociedade. Segundo Zabala e Arnau (2014, p. 30), “a competência, no âmbito da educação escolar, identificará o que qualquer pessoa necessita para responder aos problemas que enfrentará ao longo de sua vida”. Eles apresentam definições das competências a partir de dois campos: o profissional e o educacional. A seguir, trazemos, de forma sintética, tais concepções, acrescentando a definição de competência pela BNCC (BRASIL, 2018). No campo profissional, há uma coletânea de definições que abarcam vários setores da sociedade internacional e espanhola, já que os autores são espanhóis; assim como no campo educacional, há conteúdo do Conselho Europeu, universidades espanholas, OCDE e autores renomados, como Monereo e Perrenoud. Assim, é importante que todas as definições sejam analisadas e consideradas no contexto nacional, principalmente no contexto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Como último foco de atenção sobre a questão das competências na educação, cabe ressaltar que não queremos indicar somente este modelo, mas que ele seja para você, futuro profissional da educação, ponto de partida e alicerce para reflexões e construções de suas próprias concepções acerca do ensino com base nas competências. Desta maneira, sugerimos que observe com atenção as figuras a seguir, a fim de compreender os vários movimentos que a concepção de competência tem realizado até os dias atuais. Definições de competência 4 5 6 1 2 3 McCIelland (1973) Forma de avaliar o que causa rendimento no trabalho Lloyd McLeary (2005) Características que qualificam a pessoa para determinada tarefa Ministério do Trabalho (1995) Capacidade de aplicar conhecimentos, habilidades e atitudes; com flexibilidade, autonomia e colaboração OIT (2004) Capacidade de realizar com êxito uma atividade laboral plenamente identificada Tremblay (1994) Sistema de conhecimentos conceituais e procedimentais, que permitem a resolução de um problema por uma ação eficaz Le Boterf (2004) Construção resultado de combinação de vários recursos (conhecimentos, saber fazer, informações) Figura 24 – Campo profissional: definições de competência Adaptada de: Zabala e Arnau (2014). 94 Unidade III Definições de competência 5 6 2 3 1 Conselho Europeu (2001) Soma de conhecimento, habilidades e características individuais que permitem a realização de determinadas ações CIDE (2002) Capacidades, conhecimentos e atitudes que permitem participação eficaz na vida política, econômica, social e cultural da sociedade OCDE (2002) Habilidade de cumprir com êxito as exigências complexas, mediante a mobilização de pré‑requisitos psicossociais 4 Perrenoud (2001) Aptidões para enfrentar, de modo eficaz, situações análogas, mobilizando consciências aos múltiplos recursos cognitivos Monereo (2005) Domínio de amplo repertório de estratégias em determinado âmbito ou cenárioda atividade humana BNCC (2018) Mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana Figura 25 – Campo educacional: definições de competência Adaptada de: Zabala e Arnau (2014). Embora as definições apresentadas pertençam a situações e contextos diferentes, são perceptíveis alguns pontos em comum entre eles; deste modo, a competência, de modo geral, pode ser definida como: • aplicabilidade de conhecimentos e habilidades para resolução de problemas; • êxito na realização de determinada tarefa; • conjunto de valores e atitudes que se mobilizam para atender situações simples e/ou complexas da vida cotidiana. Embora as competências tenham sua origem no mundo empresarial, cuja palavra eficácia seja espinha dorsal da concepção, na educação, há uma ampliação do termo eficiente, pois remete ao aprendizado que valoriza a concatenação dos conhecimentos propedêuticos e comportamentos colaborativos, estratégicos e analíticos para a resolução de problemas que permeiam a realidade. Observação A palavra eficácia, no contexto do ensino com base em competências, não possui caráter tecnicista, pelo contrário, indica sucesso na mobilização de conhecimentos para resolver problemas da realidade. Segundo Monereo (apud ZABALA; ARNAU, 2014, p. 38), as competências diferenciam‑se de estratégias, uma vez que “implicam repertórios de ações aprendidas, autorreguladas, contextualizadas e de domínio variável”. Enquanto a estratégia é “uma ação específica para resolver um tipo de problema”. 95 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE Dessa forma, segundo o autor, a competência é superior à estratégia, já que consiste em um complexo integrado por várias estratégias, para poder identificar muitos tipos de problemas advindos da vida social e acionar uma gama de estratégias para resolvê‑los. Com isso, ser competente demanda demonstrar, em situações reais, a capacidade de encaminhar soluções, por meio da mobilização de conhecimentos, procedimentos e atitudes. Em outras palavras, é necessário acionar estruturas cognitivas, emocionais, criativas, informacionais, estratégicas e sensíveis para continuar vivendo em sociedade, modificando‑a e sendo modificado por ela. Portanto, continuaremos nossas reflexões sobre o ensino baseado em competências, a fim de compreender suas várias dimensões e de que forma elas podem contribuir para uma formação engajada com a educação integral dos sujeitos e o processo de ensino e aprendizagem associado às demandas da sociedade contemporânea. Nas palavras de Zabala e Arnau (2014, p. 38), “a melhoria da competência implica a capacidade de refletir sobre sua aplicação e, para alcançá‑la, é necessário o apoio do conhecimento teórico”, assim, ao contrário do que pensa o senso comum, para aperfeiçoar as competências e sua amplitude na resolução de problemas, é preciso um preparo teórico. Os autores relacionam a construção do conhecimento por competências com a articulação de, pelo menos, quatro momentos de aprendizagem: aprendizagem dos fatos, aprendizagem dos conceitos, aprendizagem dos procedimentos e aprendizagem das atitudes. A aprendizagem dos fatos está relacionada com os conteúdos de aprendizagem; nesta categoria, descritiva e concreta, temos como exemplo nomes de figuras históricas e literárias, datas comemorativas, obras de arte e suas escolas artísticas, localização geopolítica, linguagem matemática (equações, símbolos), entre outros. Tais conteúdos são fundamentais para a compreensão de informações que, articuladas com a vida cotidiana e profissional, contextualizam a aprendizagem e fornecem subsídios para interpretar e resolver problemas. Segundo Zabala e Arnau (2014, p. 119): Um fato aprendido por meio da compreensão de um conceito associado pode ser utilizado em uma atuação competente quando de sua reprodução literal. A estratégia de estudo consistirá em repetir o objeto de estudo tantas vezes quantas forem necessárias até chegar a uma automatização da informação. Como podemos perceber, a aprendizagem de fatos está ligada às informações literais, isto é, ainda estão associadas ao aprendizado informacional e repetitivo, mas, por sua vez, constituem etapa inicial da construção de competências. 96 Unidade III A aprendizagem dos conceitos está com a significação dos conceitos aprendidos, isto é, a capacidade de explicar definições conceituais de um fenômeno ou situação. Dito de outra forma, ela pode ser definida como etapa em constante construção, considerada a possibilidade de ampliar e ou aprofundar conhecimentos, a fim de torná‑los mais significativos. Sobre a aprendizagem dos conceitos, Zabala e Arnau (2014, p. 119) afirmam que: Os conceitos e os princípios são aprendidos quando é possível utilizá‑los para a interpretação, compreensão ou exposição de um fenômeno ou situação, ou então quando é possível situar os fatos, os objetos ou as situações reais no conceito que os inclui. A partir dos apontamentos realizados pelos autores, podemos inferir que, para desenvolver as competências e torná‑las significativas, é necessário utilizar com sucesso princípios e conceitos aprendidos. A aprendizagem dos procedimentos está relacionada à aplicabilidade dos fatos e conceitos aprendidos para atuar na resolução dos problemas, exercitando e dando funcionalidade aos componentes teóricos dos conteúdos procedimentais. Por fim, as estratégias procedimentais permitem a utilização do conhecimento em diferenciados contextos da realidade; Zabala e Arnau (2014, p. 120) sinalizam que “os conteúdos procedimentais são aprendidos por meio de um processo de exercitação tutelada e refletida a partir de modelos científicos”. A aprendizagem das atitudes está relacionada ao processo de vivência dos sujeitos, seus processos de reflexão e relações intrapessoais e interpessoais em situações dialógicas, que requer o estabelecimento de normas comportamentais. Além disso, a aprendizagem das atitudes está pautada em relações afetivas, em que se estabelecem vínculos e modelos, cujo processo de ensino e aprendizagem é permeado de etapas de identidade e construção da moralidade. Sobre aprendizagem das atitudes, Zabala e Arnau (2014, p. 121) afirmam que: [...] supõe um conhecimento e uma reflexão sobre os possíveis modelos, uma análise e uma valorização das normas, uma apropriação e elaboração do conteúdo, o que implica a análise dos fatores positivos e negativos, uma tomada de posição, uma implicação afetiva e uma revisão da própria atuação. É possível considerar a aprendizagem das atitudes como a prática da competência, uma vez que consiste na mobilização de fatos, conceitos, conteúdos e procedimentos para que os sujeitos da aprendizagem posicionem‑se e atuem frente à realidade apresentada. 97 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE Lembrete Competência envolve os seguintes tipos de aprendizagem: dos fatos (categoria descritiva); dos conceitos (categoria de conteúdos); dos procedimentos (categoria de estratégias); das atitudes (categoria prática). Como vimos, o procedimental é uma das aprendizagens relacionadas com as competências, no entanto, segundo Zabala e Arnau (2014), elas constituem o núcleo do aprender por meio de competências. Neste sentido, os autores apresentam, de maneira categórica, que há uma sequência de procedimentos que se articulam no processo de aprendizagem. São eles: 1) Interpretação e compreensão da situação de aprendizagem. 2) Identificação de questões e/ou problemas a serem solucionados. 3) Resolução dos problemas levantados. 4) Revisão de esquemas que levaram à resolução dos problemas. 5) Análise de informações de cada um dos esquemas identificados durante todo o processo. Ampliando nossas discussões, de acordo com os autores (2014), para ensinar com base em competências, é necessário seguir quatro critérios essenciais (quadro a seguir): significado, complexidade, procedimental e componentespor tipologia. Quadro 14 – Critérios para aprendizagem por competências Critérios Principais características Relacionados ao significado ‑ Propor conteúdos significativos para os estudantes ‑ Considerar conhecimentos prévios ‑ Apresentar desafios e adaptabilidade dos conteúdos para o desenvolvimento das competências ‑ Fomentar autoestima, autoconceitos em relação às aprendizagens propostas ‑ Considerar habilidades que estimulem o aprender a aprender Relacionados à complexidade ‑ Responder aos problemas da vida real ‑ Superar, durante o processo de ensino e aprendizagem, respostas e situações estereotipadas ‑ Valorizar o pensamento crítico e criativo para reconhecer situações complexas da vida ‑ Propor situações de aprendizagem que sejam próximas da vida social ‑ Motivar momentos de intervenção, em que os sujeitos possam mobilizar conceitos, fatos, procedimentos e atitudes 98 Unidade III Critérios Principais características Relacionados ao caráter procedimental ‑ Oportunizar práticas pedagógicas que contemplem situações funcionais, a partir de diferentes fases, passos ou ações da ação humana e ajustar práticas pedagógicas em uma sequência clara, com progressão gradual na construção do conhecimento ‑ Propor atividades de diferentes graus e práticas, com possibilidade de que os sujeitos construam, individual ou coletivamente, procedimentos para alcançar as competências requeridas Relacionados por componentes de tipologia ‑ Garantir a integração dos componentes que integram o processo ensino e aprendizagem ‑ Clarificar o papel de cada componente, seus conteúdos e conceitos, sem perder o caráter integrador, durante o processo de desenvolvimento de competências Adaptado de: Zabala e Arnau (2014, p. 132‑137). Percebe‑se que, a fim de ter uma formação e uma prática pedagógica voltadas para competências, é preciso considerar muitas características, assim, acrescentamos outra dimensão, a vivência das habilidades e competências, isto é, precisamos ir além de exercitação de situações de aprendizagem contemplando vários contextos vivenciais do conhecimento compartilhado. O que queremos dizer é que a aprendizagem não deve se limitar ao desenvolvimento de uma unidade didática, nível escolar ou ano letivo; precisa propiciar uma imersão em um processo em longo prazo, em que os sujeitos possam experimentar conteúdos e habilidades de variadas formas. Nesta perspectiva, podemos afirmar que as experiências são inerentes ao ensino por competências, pois estabelecem conflitos e desafios a serem superados, análise crítica do contexto e atitudes que viabilizem a resolução de problemas. Dito de outra forma, de acordo com Zabala e Arnau (2014, p. 129): ensinar competências significa partir de situações e problemas reais em um complexo processo de construção pessoal com exercitações de progressiva dificuldade e ajudas contingentes conforme as características diferenciais dos alunos. No contexto brasileiro, as competências assumem centralidade com a apresentação das 10 competências para a Educação Básica, pela BNCC; segundo o documento, o trabalho com as competências pode garantir um conjunto de aprendizagens essenciais aos estudantes brasileiros e, consequentemente, a concretização de seus projetos de vida e continuidade de estudos (BRASIL, 2018). Veja a figura a seguir, exibindo as 10 competências apresentadas pela BNCC: 99 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE 10 competências Educação Básica Competência 1 Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade [...] Competência 2 Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade [...] Competência 3 Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais [...] Competência 4 Utilizar diferentes linguagens ‑ verbal (oral ou visual‑motora, como libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital [...] Competência 5 Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética [...] Competência 6 Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar‑se de conhecimentos e experiências [...] Competência 7 Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideais [...] Competência 8 Conhecer‑se, apreciar‑se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo‑se na diversidade humana [...] Competência 9 Exercitar empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo‑se respeitar e promovendo o respeito ao outro [...] Competência 10 Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação [...] Figura 26 – 10 competências básicas da BNCC Adaptada de: Brasil (2018, p. 9‑10). A BNCC (BRASIL, 2018, p. 8) reconhece que a “educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando‑a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza”, alinhando‑se com a Agenda 2030 proposta pelas Nações Unidas (ONU). Ressalta, ainda, a necessidade de inter‑relacionar e desdobrar as 10 competências apresentadas durante as três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), com valorização para a construção dos conhecimentos, desenvolvimento de habilidades e formação cidadã. Sobre as competências e conhecimentos, Zabala e Arnau (2014, p. 52) afirmam que “não são antagônicos, pois qualquer atuação competente sempre envolve o uso de conhecimentos inter‑relacionados a habilidades e atitudes”. Ao refletir sobre as interconexões entre competências e habilidades, podemos afirmar que as competências são resultado da articulação entre disciplinas, habilidades e objetos de conhecimento. 100 Unidade III Saiba mais Para conhecer as 10 competências da Educação Básica na íntegra, acesse: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília: Ministério da Educação, 2018. Disponível: https://bit.ly/2uLz78O. Acesso em: 27 fev. 2023. É preciso superar alguns equívocos sobre o ensino baseado em competências, sendo o principal deles que a competência é antagônica ao conhecimento. Para que haja clareza no trabalho com competências, é importante compreender em que concepção de educação estamos inseridos e o que queremos realizar, pois, a partir desta indagação, conseguimos visualizar objetivos de ensino e, consequentemente, as competências a serem desenvolvidas. Zabala e Arnau (2014) apresentam um quadro com as principais finalidades da educação, considerando vários anos de pesquisa, diversos contextos de propostas e suas ideologias. Quadro 15 – As várias finalidades da educação Finalidade da Educação Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) “... o pleno desenvolvimento da personalidade humana...”. “... favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade...”. Constituição Espanhola (1978) “... o pleno desenvolvimento da personalidade humana...”. ”... respeito aos princípios democráticos de convivência e às liberdades fundamentais...”. Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) “... assumir uma vida responsável em uma sociedade livre...” “... com espírito de compreensão, de paz, de tolerância, de igualdade...” Conferência Mundial sobre Educação para Todos (UNESCO, 1990) “... de conhecimentos e técnicas indispensáveis a partir do ponto de vista do desenvolvimento humano...” “Deveria compreender, de forma particular, a educação referente ao meio ambiente, à saúde e à nutrição.” Plano de Ação Integrada sobre a Educação para a Paz, sobre os Direitos Humanos e sobre a Democracia (UNESCO, 1995) “... o fomento, em todos os indivíduos, do sentido dos valores universais e dos tipos de comportamentoem que se baseia uma cultura de paz.” “... a tolerância, a solidariedade, a vontade de compartilhar e o cuidado com os demais.” Informe da Unesco presidido por J. Delors (1996) Saber, saber fazer, saber ser, saber conviver “... o pleno desenvolvimento do ser humano em sua dimensão social.” “... permitir a todos, sem exceção, a frutificação de seus talentos e de suas capacidades de criação...” Fórum Mundial sobre a Educação de Dakar (UNESCO, 2000) “... aprender a assimilar conhecimentos, a fazer, a viver com os demais e a ser.” “explorar os talentos e as capacidades de cada pessoa...” “... com o objetivo de melhorar sua vida e transformar a sociedade.” Intermón Oxfam (2005) “... compreender e interpretar a realidade, a transformar as relações das pessoas com as novas sensibilidades interculturais, relacionadas ao meio ambiente e igualitárias.” Fonte: Zabala e Arnau (2014, p. 74). 101 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE Já a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei n. 9.394/1996, estabelece, em seu artigo 2º, princípios e fins da Educação Nacional: Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996, p. 2). O referido documento aponta, ainda, os seguintes princípios para a Educação Básica brasileira: Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância; V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII – valorização do profissional da educação escolar; VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX – garantia de padrão de qualidade; X – valorização da experiência extraescolar; XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII – consideração com a diversidade étnico‑racial. (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) XIII – garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. (Incluído pela Lei n. 13.632, de 2018) XIV – respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária das pessoas surdas, surdo‑cegas e com deficiência auditiva. (Incluído pela Lei n. 14.191, de 2021). 102 Unidade III Assim, diante dos diversos contextos apresentados por Zabala e Arnau (2014) e a LDB (BRASIL, 1996), com suas alterações em 2013, 2018 e 2021, podemos identificar os seguintes pontos convergentes: Quadro 16 – Intersecções entre finalidades da educação em vários contextos e LDB Vários contextos Palavras‑chave de convergência LDB Declaração Universal dos Direitos Humanos “compreensão, tolerância e amizade [...]” Tolerância Art. 2 – “exercício da cidadania [...]” Art. 3 – “IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância” Constituição Espanhola “pleno desenvolvimento da personalidade humana [...] princípios democráticos [...]” Liberdade Art. 2 – “princípios de liberdade [...]” Art. 3 – “II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber” Convenção para os Direitos das Crianças “assumir a vida responsável em uma sociedade livre [...]” Sociedade Art. 2 – “inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana [...]” Art. 3 – “IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância” Conferência Mundial sobre a Educação para todos “conhecimentos e técnicas a partir do desenvolvimento humano [...]” Desenvolvimento humano Art. 2 – “tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho [...]” Art. 3 – “XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais” Plano de Ação Integrado Unesco “a tolerância, a solidariedade, a vontade de compartilhar e o cuidado com os demais” Solidariedade Art. 2 – “inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana [...]” Art. 3 – “IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância” Informe Unesco – Jacques Delors “saber, saber fazer, saber ser, saber, conviver [...] o pleno desenvolvimento do ser humano em sua dimensão social” Dimensão social Art. 2 – “[...] inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” Art. 3 – “X – valorização da experiência extraescolar; XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais” Fórum Mundial sobre Educação – Dakar “explorar os talentos e capacidades de cada pessoa [...] objetivo de melhorar a vida e transformar a sociedade” Qualificação pessoal e social Art. 2 – “[...] tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” Art. 3 – “IX – garantia de padrão de qualidade; XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais” Intermón Oxfam “compreender e interpretar a realidade, transformar as relações das pessoas com as novas sensibilidades interculturais [...]” Intercultural Art. 2 – “[...] princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando” Art. 3 – “XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais” XII – consideração com a diversidade étnico‑racial XIII – garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida XIV – respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária das pessoas surdas, surdo‑cegas e com deficiência auditiva 103 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE A partir das várias finalidades educacionais pontuais e através de eventos e tempos diferentes, chegamos ao documento mais recente da educação brasileira: a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), que tem como princípio o desenvolvimento de habilidades e competências. Nesta perspectiva, o referido documento define habilidades, como aquelas que “expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares” (BRASIL, 2018, p. 30), e dispõe de três elementos, que devem estar articulados a fim de garantir aos estudantes as habilidades propostas: • Processos cognitivos: compreendidos como verbos, no infinitivo, expressos nas habilidades de competências gerais da BNCC e específicas das áreas de conhecimento. • Objetos de conhecimento: complemento do verbo (processos cognitivos), isto é, temas e conteúdos que serão mobilizados durante o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. • Modificadores: entendidos como a explicitação da situação ou condição em que a habilidade deve ser desenvolvida, considerando a faixa etária dos alunos. Tais elementos são ilustrados pela BNCC: Diferenciar escravidão, servidão e trabalho livre no mundo antigo Verbo(s) que explicita(m) o(s) processo(s) cognitivo(s) envolvido(s) na habilidade Modificadores do(s) verbo(s) ou do complemento do(s) verbo(s), que explicitam o contexto e/ou uma maior especificação da aprendizagem esperada Complemento do(s) verbo(s), que explicita o(s) objeto(s) de conhecimento mobilizado(s) na habilidade Figura 27 – Articulação de processos cognitivos, objetos de conhecimento e modificadores Fonte: Brasil (2018, p. 29). A estrutura é um recorte de uma habilidade do componente de história, em que, por meio do verbo diferenciar, apresenta o que a habilidade pretende desenvolver; na sequência, temos o complemento ou objeto de conhecimento, isto é, o conteúdo/tema a ser tratado, neste caso,“escravidão, servidão e trabalho livre”; por último, estão os modificadores, elementos que atendem às especificidades da aprendizagem, norteando qual o recorte que será dado à temática, olhar a servidão e o trabalho livre no “mundo antigo”. Cabe ressaltar que os modificadores, como o próprio nome sinaliza, modificam as situações de aprendizagem, direcionando os vários contextos aplicados nos objetos de conhecimento, por exemplo, em vez de “mundo antigo” poderia ser um modificador “mundo contemporâneo”, “mundo coorporativo” etc. 104 Unidade III Estamos diante de uma nova estrutura para a Educação Básica, que tem a finalidade, como vimos anteriormente, de atender as demandas do mundo contemporâneo, associando conhecimento escolar com o desenvolvimento de competências para atuar na vida social. A Educação Básica brasileira está alicerçada em 10 competências gerais, estando estruturada da seguinte forma: Bebês (0‑1a 6m) Competências específicas de componente Componentes curriculares Área do conhecimento Direitos de aprendizagem e desenvolvimento Área do conhecimento ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIOEDUCAÇÃO INFANTIL Competências específicas de área Campo de experiências Competências específicas de área Matemática Habilidade Língua portuguesa Anos finais Anos iniciais Unidades temáticas Objetivos de conhecimento Habilidades Crianças bem pequenas (1a 7m ‑ 3a 11m) Crianças pequenas (4a – 5a 11m) Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento ETAPAS Figura 28 – Estrutura geral da Educação Básica no Brasil Fonte: Brasil (2018, p. 24). 105 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, propõe, para o desenvolvimento das competências e habilidades das crianças, dois elementos importantes: direitos de aprendizagem e desenvolvimento e campos de experiências. De acordo com a BNCC (BRASIL, 2018), são seis os direitos de aprendizagem: • conviver; • brincar; • participar; • explorar; • expressar; • conhecer‑se. Associados aos seis direitos de aprendizagem da Educação Infantil, temos os campos de experiências, definidos pela BNCC (BRASIL, 2018, p. 40) como “um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando‑os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural”. Podemos compreender que os campos de experiências, além de garantir as finalidades educacionais das crianças, trazem vários contextos para vivenciar conhecimentos e habilidades, desenvolvendo a competência do aprender a aprender, a conviver, a fazer e a ser nos pequenos aprendizes. A BNCC (BRASIL, 2018) estabelece cinco campos de experiências: • O eu, o outro e nós. • Corpo, gestos e movimentos. • Traços, sons, cores e formas. • Escuta, fala, pensamento e imaginação. • Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. Não é nosso objetivo aprofundar as discussões sobre os campos de experiências, mas apontá‑los como elementos que contextualizam a aprendizagem, interligam vários componentes curriculares e oportunizam às crianças vivenciar e construir seus próprios conhecimentos. 106 Unidade III Diante disso, a BNCC (BRASIL, 2018) disponibiliza para profissionais da educação a seguinte configuração, por meio de código alfanumérico: E I O 2 T S O 1 O primeiro par de letras indica a etapa de Educação Infantil O último par de números indica a posição da habilidade na numeração sequencial do campo de experiências para cada grupo/faixa etária O primeiro par de números indica o grupo por faixa etária: 01 = Bebês (zero a 1 ano e 6 meses) 02 = Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) 03 = Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses) O segundo par de letras indica o campo de experiências: EO = O eu, o outro e o nós CG = Corpo, gestos e movimentos TS = Traços, sons, cores e formas EF = Escuta, fala, pensamento e imaginação ET = Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações Figura 29 – Significados do código alfanumérico na Educação Infantil Fonte: Brasil (2018, p. 26). O código alfanumérico proposto pela BNCC (BRASIL, 2018) propõe, em uma leitura da esquerda para direita, não apenas códigos referentes à etapa da Educação Básica, faixas etárias e campos de experiências; mas, principalmente, a indicação da habilidade necessária para o desenvolvimento da competência que se pretende desenvolver nas crianças. Vejamos um exemplo de habilidades que permeiam as várias faixas etárias da Educação Infantil, recorte do campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”. Quadro 17 – Distribuição de habilidades – Campo de Experiências: traços, sons, cores e forma Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Bebês (zero a 1 ano e 6 meses) Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses) (EIO1TSO1) Explorar sons produzidos com o próprio corpo e com objetos do ambiente (EIO2TSO1) Criar sons com materiais, objetos e instrumentos musicais, para acompanhar diversos ritmos de música (EIO3TSO1) Utilizar sons produzidos por materiais, objetos e instrumentos musicais durante brincadeiras de faz de conta, encenações, criações musicais, festas Fonte: Brasil (2018, p. 26). Ao observar as habilidades definidas para cada faixa etária, visualizamos na prática a definição dada por Zabala e Arnau (2014, p. 98), que compreendem competências específicas como as que “deverão incluir conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais”. 107 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE As competências tornam‑se mais específicas no Ensino Fundamental, quando a BNCC (BRASIL, 2018) estipula competências específicas para áreas do conhecimento e componentes curriculares, como na figura a seguir: Competências específicas de componente Componentes curriculares Área do conhecimento ENSINO FUNDAMENTAL Competências específicas de área Anos finais Anos iniciais Unidades temáticas Objetivos de conhecimento Habilidades Figura 30 – Estrutura geral da Educação Básica no Brasil Fonte: Brasil (2018, p. 28). Segundo a BNCC (BRASIL, 2018, p. 28): [...] as competências específicas possibilitam a articulação horizontal entre áreas, perpassando todos os componentes curriculares, e também articulação vertical, ou seja, progressão entre o Ensino Fundamental – Anos Iniciais e o Ensino Fundamental – Anos Finais e a continuidade das experiências dos alunos, considerando suas especificidades). Diante desta concepção, é possível compreender que o desenvolvimento de competências específicas é articulado a partir de um conjunto de habilidades que cada componente curricular possui, conteúdos, conceitos e processos específicos, os quais estão organizados em unidades temáticas (BRASIL, 2018). 108 Unidade III Observação Os seguintes componentes constituem áreas e componentes do Ensino Fundamental: Linguagens: Português, Arte, Educação Física, Inglês. Ciências da Natureza: Ciências. Ciências Humanas: Geografia e História. Matemática: Matemática. Ensino Religioso: Ensino Religioso. Para que você conheça na prática a articulação de competências e habilidades específicas, trazemos 10 competências específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental e, em seguida, uma figura que relaciona objetos de conhecimento e habilidades de Língua Portuguesa para os 1º e 2º anos do Fundamental: Quadro 18 – Competências específicas para Língua Portuguesa – Ensino Fundamental Competências específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental 1. Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo‑a como meio de construção de identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem 2. Apropriar‑se da linguagem escrita, reconhecendo‑a como forma de interação nos diferentes campos de atuação da vida social e utilizando‑a para ampliar suas possibilidadesde participar da cultura letrada, de construir conhecimentos (inclusive escolares) e de se envolver com maior autonomia e protagonismo na vida social 3. Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemióticos que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo 4. Compreender o fenômeno da variação linguística, demonstrando atitude respeitosa diante de variedades linguísticas e rejeitando preconceitos linguísticos 5. Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de linguagem adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao gênero do discurso/gênero textual 6. Analisar informações, argumentos e opiniões manifestados em interações sociais e nos meios de comunicação, posicionando‑se ética e criticamente em relação aos conteúdos discriminatórios que ferem os direitos humanos e ambientais 7. Reconhecer o texto como lugar de manifestação e negociação de sentidos, valores e ideologias 8. Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo com objetivos, interesses e projetos pessoais (estudo, formação pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho etc.) 9. Envolver‑se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a leitura e outras manifestações artístico‑culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura 10. Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar projetos autorais Fonte: Brasil (2018, p. 87). 109 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE Quadro 19 – Objetos de conhecimento e habilidades específicas de Língua Portuguesa – 1º e 2º anos Objetos de conhecimento Habilidades 1º ano 2º ano Protocolos de leitura (EF01LP01) Reconhecer que textos são lidos e escritos da esquerda para direita e de cima para baixo da página Decodificação/ Fluência de leitura (EF12LP01) Ler palavras novas com precisão na decodificação, no caso de palavras de uso frequente, ler globalmente, por memorização Formação de leitor (EF12LP02) Buscar, selecionar e ler, com a mediação do professor (leitura compartilhada), textos que circulam em meios impressos ou digitais, de acordo com as necessidades e interesses Correspondência fonema‑grafema (EF01LP02) Escrever, espontaneamente ou por ditado, palavras e frases de forma alfabética – usando letras/grafemas que representem fonemas Construção do sistema alfabético/Convenções da escrita (EF01LP03) Observar escritas convencionais, comparando‑as às suas produções escritas, percebendo semelhanças e diferenças (EF02LP01) Utilizar, ao produzir o texto, grafia correta de palavras conhecidas ou com estruturas silábicas já denominadas, letras maiúsculas em início de frases e em substantivos próprios, segmentação entre as palavras, ponto final, ponto de interrogação e ponto de exclamação Construção do sistema alfabético/Estabelecimento de relações anafóricas na referenciação e construção da coesão (EF12LP03) Copiar textos breves, mantendo suas características e voltando para o texto sempre que tiver dúvidas sobre sua distribuição gráfica, espaçamento entre as palavras, escrita das palavras e pontuação Adaptado de: Brasil (2018, p. 99). A partir das exemplificações, percebemos que, para o trabalho com competências, é preciso uma abordagem educacional interdisciplinar, isto é, considerar a integração dos componentes curriculares, suas temáticas para ampliação dos saberes e intervenção dos sujeitos no mundo em que vivem. Assim, nesta concatenação entre os diversos objetos de conhecimento, conteúdos, com as habilidades e competências, Zabala e Arnau (2014) sinalizam para a necessidade de considerar os tipos de conteúdos que sustentarão as práticas pedagógicas. Eles foram sistematizados da seguinte forma: 110 Unidade III Quadro 20 – Tipos de conteúdos e suas dimensões Dimensões Conceituais Procedimentais Atitudinais Social Derivam de disciplinas, especialmente das Ciências Sociais Desenvolvem participação da vida pública Todas as dimensões contemplam identidade, solidariedade, respeito aos demais, tolerância, empatia, assertividade, autoestima, autocontrole, responsabilidade, adaptabilidade, flexibilidade Pessoal Relacionados às Ciências da Saúde e desenvolvimento psicomotor Buscam análise e organização da informação. Planejamento e resolução de problemas Interpessoal Relacionados com a Psicologia Social e Sociolinguística Priorizam o trabalho em equipe e interação dentro de grupos heterogêneos e homogêneos Profissional Contemplam conhecimentos básicos universitários e profissionais Trabalham gestão e solução de conflitos Adaptado de: Zabala e Arnau (2014). O que queremos é que, em sua formação, você considere que ensinar e aprender por competências exige conexão entre situações e problemas de diferentes matizes, ambientes para vivências e trabalhos colaborativos e, por fim, temáticas e objetos de conhecimentos que fortaleçam os desdobramentos das habilidades e a integração dos estudantes com o contexto histórico, social e cultural. Observação Importante considerar as novas nomenclaturas trazidas pela BNCC: “conteúdos” passou a ser “objetos de conhecimento”; “disciplinas” agora é “componentes curriculares”; e “contextos” virou “modificadores”. Como estudado, trabalhar com competências exige articulação de vários momentos durante o processo de ensino e aprendizagem; além disso, a capacidade de reconhecer o progresso dos estudantes diante de situações complexas, com uso efetivo das habilidades e conhecimentos desenvolvidos durante toda a vida escolar. Segundo Zabala e Arnau: O processo avaliativo das competências consistirá em utilizar os meios possíveis que permitam reconhecer se os esquemas de atuação que os alunos aprenderam podem lhes ser úteis para superar situações reais em contextos também reais, apesar de, naturalmente, não coincidirem com a situação que terá de enfrentar em um futuro não muito distante (2014, p. 214). A partir da citação, percebemos que avaliar por competências demanda associar conhecimentos e habilidades a situações de aprendizagem que estejam diretamente relacionadas à realidade humana. 111 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE Zabala e Arnau (2014) apresentam um esquema para avaliação, a fim de elucidar as várias competências avaliadas durante todo o processo: Avaliação das competências Situação da realidade que obriga a intervir e questiona ou propõe problemas para resolver Situação‑problema Análise da situação Seleção do esquema de atuação Atuação flexível e estratégica Avaliação da capacidade de compreensão e análise Avaliação da capacidade de conhecimento e seleção do esquema de atuação apropriado Avaliação da competências: avaliação da resposta diante da situação‑problema Figura 31 – Avaliação no processo de atuação competente Fonte: Zabala e Arnau (2014, p. 217). Temos três competências avaliadas: compreensão e análise; conhecimento e seleção do esquema de atuação apropriado; resposta diante da situação problema. Esta sequência evidencia uma progressão crescente do conhecimento, uma vez que o sujeito compreende, seleciona habilidades para agir e realiza sua ação, com base nos conhecimentos e experiências vivenciadas durante toda sua trajetória. Em outras palavras, a partir de uma situação‑problema, que se aproxima o máximo possível da realidade, os indivíduos analisam criticamente a situação, elaboram esquemas para atuação e resolução das situações problemáticas levantadas no início. Voltemos às quatro dimensões propostas porZabala e Arnau (2014), que constituem a integralidade do ser competente: Ser competente no âmbito pessoal Segundo Zabala e Arnau, Na dimensão pessoal o indivíduo deverá ser competente para exercer, de forma responsável e crítica, a autonomia, a cooperação, a criatividade e a liberdade, por meio do conhecimento e da compreensão de si mesmo, da sociedade e da natureza em que vive (2014, p. 96). Esta dimensão considera a complexidade humana, as incertezas das relações e a revitalização do conhecimento que acompanha os fenômenos mundiais. 112 Unidade III Portanto, o contexto escolar deve priorizar a formação de cidadãos críticos, autônomos e engajados no mundo social e natural em que vivem, com compreensão de si e de seu entorno. Ser competente no âmbito interpessoal Zabal e Arnau afirmam que: Na dimensão interpessoal o indivíduo deverá ser competente para se relacionar, se comunicar e viver positivamente com os demais, cooperando e participando em todas as atividades humanas desde a compreensão, a tolerância e a solidariedade (2014, p. 94). A competência da interpessoalidade relaciona‑se com a compreensão de desenvolver suas próprias potencialidades no contexto de vivência coletiva, respeitando suas trajetórias, tradições, valores e conflitos pessoais. Neste sentido, ser competente no âmbito interpessoal exige alteridade e diálogo durante a construção dos conhecimentos, com respeito ao pluralismo de ideias e diversidade de posicionamentos e fontes de informação. Ser competente no âmbito social Para Zabala e Arnau, Na dimensão social a pessoa dever ser competente para participar ativamente na transformação da sociedade, ou seja, compreendê‑la, valorizá‑la e nela intervir de maneira crítica e responsável, com vistas a que seja cada vez mais justa, solidária e democrática (2014, p. 93). A formação com base na dimensão social visa a habilitar as pessoas para utilizar os conhecimentos construídos para a transformação da sociedade, participando ativamente de tomadas de decisões e interações colaborativas que respeitem a diversidade cultural e os valores dos diferentes grupos sociais. Dito de outra forma, ser competente socialmente é um desafio do mundo contemporâneo, indispensável para a evolução da humanidade no contexto da liberdade, equidade, cooperação e justiça. Ser competente no âmbito profissional Segundo Zabala e Arnau, Na dimensão profissional o indivíduo deve ser competente para exercer uma tarefa profissional adequada às suas capacidades, a partir dos conhecimentos e das habilidades específicas da profissão, de forma responsável, flexível e rigorosa que lhe permita satisfazer suas motivações e suas expectativas de desenvolvimento profissional e pessoal (2014, p. 98). 113 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE A competência no âmbito profissional vai além da preparação para exercer um ofício, qualificando o sujeito na aquisição de habilidades e estratégias que auxiliem diversas situações encontradas durante o percurso do trabalhador. Entre as atribuições desejadas para a competência profissional estão: capacidade de adaptação às transformações constantes do mundo, abertura às mudanças e perfil criativo e inovador na resolução de problemas. Diante deste contexto, ao avaliar por competências é preciso considerar a realidade e suas várias dimensões: social, pessoal, interpessoal e profissional. Anteriormente estudamos os saberes docentes, agora observamos que as competências reafirmam o compromisso que a formação docente e discente tem com a educação integral, ou seja, a competência está relacionada com o equilíbrio de todas as dimensões e saberes. No contexto educacional brasileiro, as competências a serem priorizadas no processo de formação de professores e alunos são identificadas a partir de políticas públicas propostas, principalmente, por Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Plano Nacional de Educação. 8 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E BNCC Com as transformações do mundo contemporâneo, as novas demandas do contexto educacional, em especial a BNCC, o que devo ensinar em sala de aula? Figura 32 Disponível em: https://bit.ly/3meK4xT. Acesso em: 27 fev. 2023. Esta deve ser a sua e a indagação de muitos professores em serviço: o que fazer em sala de aula para que as práticas pedagógicas estejam alinhadas à Base Nacional Comum Curricular? 114 Unidade III Refletiremos possíveis caminhos para efetivar tal inquietação, no entanto, adiantamos: todo o processo deve ser refletido, replanejado e vivenciado, uma vez que não podemos cair em receitas prontas, o que ofuscaria todo o caráter emancipatório, democrático, colaborativo e inovador que a Base propõe. Diante dessas reflexões iniciais, as práticas que devem ser contempladas em sala de aula com premissas da BNCC podem ser aquelas ancoradas na perspectiva freiriana: Sob uma perspectiva freiriana, não há o desprezo ao conhecimento acumulado historicamente, mas um cuidado democrático e dialógico na construção da proposta curricular. A problematização e a horizontalização das relações são fundamentos de um diálogo que se pretende emancipatório em uma proposta curricular. Compreender a BNCC e sua proposta de currículo nacional a partir de Freire é, primordialmente, rejeitar que a escola, os educadores e os educandos são tábulas rasas e serão reprodutores de conhecimentos, habilidades e competências selecionados a priori (CURY; REIS; ZANARDI, 2018, p. 121). Trata‑se de uma possibilidade de fazer docente, isto é, planejar e executar aulas em que educandos e educadores desenvolvam competências e habilidades em ambiente dialógico e solo fértil para experiências, construção de conhecimentos individuais e coletivos, momentos de criação e inovação e, sobretudo, articulação dos objetos de conhecimentos com práticas sociais. Diante de tal perspectiva de trabalho pedagógico engajado com a realidade de professores e estudantes, podemos dizer que aulas concatenadas com a BNCC são aquelas que privilegiam aprendizagem e desenvolvimento. De acordo com Perez (2018), a aprendizagem pode ser entendida como processo de constantes aquisições que ocorrem durante todo o percurso do indivíduo, referindo‑se ao contexto da psicologia do ciclo vital (nascimento, vida até a morte); enquanto o desenvolvimento está relacionado a um conjunto de progressões cognitivas, emocionais, físicas e sociais, o que auxilia a pessoa na compreensão de seu papel no mundo, com os outros e consigo mesma. Portanto, o papel da escola que contemple aprendizagem e desenvolvimento é “gerar situações que ajudem as crianças e os jovens a aprender e, consequentemente, desenvolver‑se” (PEREZ, 2018, p. 11). Exemplo de aplicação Leia a seguir o depoimento da professora Joselene e faça um mapa mental das principais mudanças apontadas. OBSERVATÓRIO. A BNCC mudou a minha prática em sala de aula. 19 jan. 2022. Disponível em: https://bit.ly/3UClDaK. Acesso em: 27 fev. 2023. 115 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE Muitos são os desafios para executar práticas que estejam em consonância com a BNCC, visto seu caráter orentador e o pouco tempo de sua homologação. Queremos dizer que o pouco tempo de BNCC, considerando experiências em cursos de formação de professores e Educação Básica, depositam nos educadores e educandos a responsabilidade de protagonizar processos de ensino‑aprendizagem que consolidem a educação integral, competências e habilidades. Para tanto, o olhar atento, reflexivo e crítico da BNCC pode ser um grande parceiro na construção de práticas coerentes ao documento da Educação Básica brasileira. A seguir, propomos um exercício, o qual chamaremos de teoria na prática, cujo objetivo é realizar uma leitura crítica dos objetivos de duas etapas da Educação Básica (Educação Infantil e Ensino Fundamental) e apontar possíveis ações pedagógicas. Quadro 21 – Teoria na prática: Proposta da BNCC para Educação Infantil Educação Infantil O que a BNCC dizO que posso fazer em sala de aula (1) acolher vivências e conhecimentos construídos pelas crianças (1) Produções de desenhos, roda de conversa (2) compartilhamento de responsabilidades entre a instituição de Educação Infantil e a família são essenciais (2) Leitura compartilhada, convidando membros da família para lerem para os alunos na escola (3) conhecer e trabalhar com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cultural das famílias e da comunidade (3) Pequenos roteiros para a família responder sobre suas origens, pratos preferidos, preferências culturais; ou mesmo dinâmicas preparadas para o dia de reuniões de pais Adaptado de: Brasil (2018). Quadro 22 – Teoria na prática: Proposta da BNCC para Ensino Fundamental – Anos iniciais Ensino Fundamental I – Anos iniciais O que a BNCC diz O que posso fazer em sala de aula (1) valorizar situações lúdicas de aprendizagem (1) dinâmicas de improvisação teatral sobre objetos de conhecimento trabalhados (2) novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá‑las, de refutá‑las, de elaborar conclusões. (2) Pesquisas de campo, por exemplo, o que tem de natureza no meu bairro, comparar com colegas Adaptado de: Brasil (2018). Como dissemos, os quadros apresentados não se configuram como metodologia descritiva, mas uma tentativa de avistar possibilidades no desenvolvimento de habilidades e competências propostas pela BNCC. 116 Unidade III Neste contexto, Perez (2018) apresenta, em A Base Nacional Comum Curricular na prática da gestão escolar e pedagógica, possíveis configurações metodológicas, as quais os professores podem utilizar para potencializar seu trabalho em consonância com a BNCC, como veremos nas figuras a seguir: PROFESSOR Solicitar que os estudantes argumentem sobre as opções feitas ao resolver problemas Aproveitar diferentes referências que as crianças e os jovens trazem de seu dia a dia (conhecimento prévio) Assegurar que todos os alunos estejam tranquilos para se expor e que tenham persistência na busca de soluções. Pedir que os estudantes antecipem possíveis soluções com base nas vivências de cada um Propor o uso de tecnologia digital para buscar soluções e validar estratégias Solicitar que os alunos registrem e comentem o que sabem sobre determinado problema. Valorizar registros para que fiquem elegantes e de fácil compreensão Estar atento para não privilegiar o desempenho dos meninos em detrimento do das meninas Organizar duplas ou grupos para a realização da atividades Algumas práticas em aulas de Matemática que potencializam competências específicas dessa área CRIANÇAS E JOVENS APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO Figura 33 – Práticas para aulas de Matemática Fonte: Perez (2018, p. 74). PROFESSOR Propor situações comunicativas em que os estudantes adequem a linguagem ao interlocutor e ao propósito Proporcionar situações em que a literatura possa ser identificada por seu potencial estético, transformador e humanizador Assegurar que todos os alunos estejam tranquilos para se expor, considerando as variedades linguísticas que convivem no ambiente escolar Diversificar situações didáticas para possibilitar a construção de sentido compartilhado e, assim, ampliar condições para leitura e escrita autônomas Promover atividades que considerem as práticas sociais de leitura e escrita, os conhecimentos prévios dos estudantes e seus direitos de apredizagem Apresentar situações em que os estudantes tomem consciência do texto como manifestação de valor e ideologia Criar situações em que os alunos possam trabalhar em duplas ou grupos de forma colaborativa Aproveitar diferentes referências que as crianças e os jovens trazem de seu dia a dia (conhecimento prévio). Gerar situações em que os alunos possam escolher textos de acordo com seus interesses pessoais Propor projetos para serem desenvolvido em meio digital, utilizando diferentes linguagens Algumas práticas em aulas de Língua Portuguesa que potencializam competências específicas desse componente curricular CRIANÇAS E JOVENS APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO Figura 34 – Práticas para aulas de Língua Portuguesa Fonte: Perez (2018, p. 74). 117 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE Saiba mais A fim de visualizar as pautas formativas que apresentam integração entre BNCC e formação continuada de professores, acesse: INSTITUTO REÚNA. Coordenação pedagógica em ação: percurso formativo no foco. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3SvZTMB. Acesso em: 27 fev. 2023. Veja no link a seguir o caderno com as propostas de práticas alinhadas à BNCC: MEC. Caderno de práticas. Brasília, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/41kChNW. Acesso em: 27 fev. 2023. Como já estudamos, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que apresenta premissas importantes para a Educação Básica, portanto, deve estar em alinhamento com a formação docente. Ou seja, para que o processo de ensino e aprendizagem em sala de aula reverbere os princípios pedagógicos da BNCC, necessita que os cursos de formação de professores possuam planos de ensino e intervenções que contemplem os pressupostos da Base. O Parecer CNE/CP n. 22/2019 enfatiza que: A BNCC da Educação Básica traz dez competências gerais que devem ser desenvolvidas pelos estudantes, tendo como princípio a Educação Integral, que privilegia o desenvolvimento pleno das pessoas. Essas competências estabelecem um paradigma que não pode ser diferente para a formação do professor (BRASIL, 2019a, p. 15). Segundo Oliveira e Leiro (2019, p. 6), “a formação inicial é desafiada a superar a histórica dicotomia entre teoria e prática”, para isso, podemos destacar a publicação da BNCC como instrumento propulsor de novas reflexões, adequações e reencaminhamentos na formação de professores. Diversas associações auxiliam em fundamentações e posicionamentos que permeiam a formação de professores, entre elas: Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE), Associação Nacional de Pós‑Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE). Segundo Araújo, Brzezinski e Sá (2020, p. 3), todas a instituições citadas “[...] elegeu[ram] como tarefa fundamental a defesa da formação e da valorização dos profissionais da educação básica, balizada em um ‘paradigma educacional dialético’”. 118 Unidade III Em outras palavras, todo movimento formativo e educativo deve primar pelas relações interpessoais, variações de pontos de vista, concordâncias ou discordâncias, construções ou desconstruções, aproximações ou afastamentos, enfim, as relações dialéticas que são inerentes aos seres humanos. Neste sentido, muitos documentos oficiais têm sido elaborados para atender a relação formação docente e prática docente; com isso, em 2015, foi aprovada a Resolução CNE/CP n. 2/2015, que trata da formação inicial em âmbito superior de cursos de licenciatura, formação pedagógica para graduandos e cursos de segunda licenciatura, e também de formação continuada. No referido documento, a proposta é articular formação inicial e continuada de professores em consonância com políticas públicas vigentes; assim, em seu artigo 12 (BRASIL, 2015), apresenta que a formação inicial de professores deve ser composta a partir de três núcleos de estudos. São eles: • 1º Núcleo – Formação geral: aponta a necessidade do trabalho interdisciplinar, metodologias, contemplando as diversas realidades educacionais. • 2º Núcleo – Aprofundamento e diversificação de estudos: prioriza estudos das áreas de atuação dos profissionais da educação, com projetos em conformidade com as demandas sociais. • 3º Núcleo – Estudos integradores: dedica‑se ao enriquecimento curricular, integrando conhecimentos específicos com as várias dimensões que constituem a formação integral dos profissionais. Em 2019, foi aprovado,pelo Conselho Nacional de Educação, o Parecer n. 22 de 07/11/2019, cujo objetivo é discutir as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para Educação Básica, assim como estabelecer a Base Nacional Comum (BNC‑Formação) à formação inicial de professores da Educação Básica. A introdução do parecer reafirma o trabalho dos professores com base no desenvolvimento de competências e qualidade para todos, sinalizando que as ações: [...] devem desenvolver um conjunto de competências profissionais que os qualifiquem para colocar em prática as dez competências gerais, bem como as aprendizagens essenciais previstas na BNCC, cuja perspectiva é a de oferecer uma educação integral para todos os estudantes, visando não apenas superar a vigente desigualdade educacional, mas também assegurar uma educação de qualidade para todas as identidades sobre as quais se alicerça a população brasileira (BRASIL, 2019a, p. 1). Ainda, no ano de 2019, foi sancionada a Resolução CNE/CP n. 2, de 20 de dezembro de 2019, que revogou a Resolução CNE/CP n. 2/2015, cujo tema central continua versando sobre Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC‑Formação). 119 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE A referida resolução reafirma a formação de licenciandos a partir das competências gerais da BNCC – Educação Básica, as quais devem permear todo o processo formativo dos futuros professores, como indicado nos artigos a seguir: Art. 2º A formação docente pressupõe o desenvolvimento, pelo licenciando, das competências gerais previstas na BNCC‑Educação Básica, bem como das aprendizagens essenciais a serem garantidas aos estudantes, quanto aos aspectos intelectual, físico, cultural, social e emocional de sua formação, tendo como perspectiva o desenvolvimento pleno das pessoas, visando à Educação Integral. Art. 3º Com base nos mesmos princípios das competências gerais estabelecidas pela BNCC, é requerido do licenciando o desenvolvimento das correspondentes competências gerais docentes. Parágrafo único. As competências gerais docentes, bem como as competências específicas e as habilidades correspondentes a elas, indicadas no Anexo que integra esta Resolução, compõem a BNC‑Formação (BRASIL, 2019b, p. 2). Tais encaminhamentos geraram muitas dúvidas quanto aos ajustes de planos de cursos das Instituições de Ensino Superior (IES), o que culminou na Resolução CNE/CP n. 2, de 30 de agosto de 2022, que determina alterações e aperfeiçoamentos dos itens ou artigos, a partir de consultas e debates, em um prazo de até quatro anos para que as IES possam implementar as Diretrizes Nacionais para Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e da BNC‑Formação. Saiba mais Com o objetivo de visualizar as resoluções na íntegra, acesse: BRASIL. Resolução CNE/CP n. 2, de 20 de dezembro de 2019. Define as diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial de professores [...]. Brasília, 2019b. Disponível em: https://bit.ly/3BtYHSj. Acesso em: 27 fev. 2023. BRASIL. Resolução CNE/CP n. 2, de 30 de agosto de 2022. Altera o Art. 27 da Resolução CNE/CP n. 2, de 20 de dezembro de 2019 [...]. Brasília, 2022. Disponível em: https://bit.ly/3KFU11c. Acesso em: 27 fev. 2023. Em Preparando os professores para um mundo em transformação, Darling‑Hammond e Bransford (2019) elaboram um gráfico, apresentado a seguir, cuja estrutura parte da noção trabalhada por Dewey na obra The child and the curriculum (a criança e o currículo), que tem como discussão principal a mediação dos professores nas necessidades de estudantes e elementos do currículo. 120 Unidade III Conhecimento de ensino ‑ Ensino do conteúdo ‑ Ensino de uma diversidade de alunos ‑ Avaliação ‑ Gerenciamento da sala de aula Conhecimento de conteúdo da disciplina e dos objetivos curriculares Objetivos e metas educacionais para habilidades, conteúdo, disciplinas Conhecimento dos alunos e seu desenvolvimento nos contextos sociais ‑ Aprendizagem ‑ Desenvolvimento humano ‑ Linguagem Uma visão prática do profissional Preparando professores para um mundo em transformação O ensino como profissão Figura 35 – O ensino como profissão Fonte: Darling‑Hammond (2019, p. 9). Como sabemos, a formação docente é um processo complexo e que exige desdobramentos de vários conhecimentos, os quais constituem a prática do profissional de educação. O formato circular e interligado aponta para a necessidade de compreender a infinitude dos processos que envolvem a construção dos conhecimentos, os quais partem de várias origens: do aluno e seus contextos sociais, das propostas curriculares e suas habilidades/competências e do ponto de vista metodológico, com as práticas pedagógicas e avaliativas que o professor escolhe para viabilizar seu fazer em sala de aula. Em nosso contexto, o conhecimento de objetivos curriculares, como a BNCC e as demais resoluções sobre formação de professores, é de extrema importância, visto que dá sentido às práticas inerentes ao conhecimento de ensino e às vivências socioculturais durante o desenvolvimento do conhecimento dos alunos. Lembrete Três conhecimentos articulam‑se na prática profissional do professor, são eles: conhecimento dos alunos e seu desenvolvimento em contextos sociais; conhecimento de conteúdos e objetivos curriculares e conhecimento de ensino. 121 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE Exemplo de aplicação Leia com atenção as afirmações a seguir: I – O conhecimento curricular, em nosso caso, da BNCC, traz um trabalho burocrático para a dimensão prática do professor. II – O conhecimento dos alunos deve levar em conta contextos sociais a fim de que eles alcancem competências para atuar na realidade. III – O conhecimento de ensino deve atender necessidades dos alunos e das propostas curriculares. Quais as afirmativas corretas? A) I e II, apenas. B) I, II, III. C) II, apenas. D) II e III, apenas. E) I e III, apenas. A alternativa correta é a d (a afirmativa I está incorreta, pois a BNCC serve de norte para o trabalho prático do professor, auxiliando‑o em suas escolhas). Gostaríamos de destacar que a formação de professores deve estar engajada com objetivos sociais, dando dinamicidade às propostas curriculares. Deve, ainda, partir da premissa da compreensão dos diferentes contextos, decisões, interações que se manifestam nos contextos educacionais e que devem ser compreendidos como oportunidade de propor estratégias inovadoras, consolidar e validar conteúdos e valorizar as múltiplas identidades que constituem a tessitura educacional. Embora seja uma publicação antiga, o livro A place called school (Um lugar chamado escola), de Goodlad (1984), traz quatro objetivos das escolas: acadêmico, profissionalizante, social e cívico. Mesmo passados muitos anos, podemos dizer que tais objetivos têm validade para o contexto atual – o qual foi ampliado pela BNCC – e podem ser interpretados por meio da sequência a seguir: 122 Unidade III Objetivo acadêmico A BNCC aponta a necessidade de articular os objetos do conhecimento, habilidades e competências para alcançar os objetivos acadêmicos Ensino profissionalizante ou, simplesmente, preparar para o mundo do trabalhoObjetivo profissionalizante Tem como propósito concatenar os objetos de conhecimento com sua relevância social e projeto de vida dos estudantes A BNCC apresenta seis áreas denominadas Temas Transversais Contemporâneos (Meio Ambiente; Ciência e Tecnologia; Multiculturalismo; Cidadania e Civismo; Economia; Saúde) Objetivo social Pode ser compreendido, atualmente, como protagonismo do estudante, olhar crítico e autonomia na mobilização dos conhecimentosObjetivo cívico Figura 36 O texto de referência, elaborado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em 18/09/2019, traz, em sua composição, um breve histórico das políticas de valorização e formaçãode professores, sintetizadas no quadro a seguir: Quadro 23 – Panorama das políticas relacionadas à formação de professores Documento Principais ações Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001 Com o objetivo de concretizar os preceitos constitucionais sobre o Direito à Educação, “em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos”, nos termos do §1º do Art. 87 da LDB, contemplando dispositivos sobre a inclusão de capítulos específicos sobre o magistério da educação básica e sobre a educação a distância e novas tecnologias, incidindo diretamente na formação de professores Rede Nacional de Formação Continuada Criada em 2004, pelo MEC, visando à criação de uma maior organicidade entre os programas e os gestores responsáveis pelas políticas de formação continuada Programas de apoio à formação docente Merecem destaque o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) e o Programa de Consolidação das licenciaturas (Prodocência) Decreto n. 6.755/2009 Política Nacional da Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica – disciplinou a atuação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no fomento a programas orientados para a formação inicial e continuada de Professores da Educação Básica Portaria MEC n. 11.087/2011 Comitê Gestor da Política Nacional de Formação Inicial e Continuada de Profissionais da Educação Básica, responsável pela formulação, coordenação e avaliação das ações e programas do MEC, Capes e FNDE, no âmbito da Política Nacional de Formação de Profissionais da Educação Básica Plano Nacional de Educação (PNE) 2014‑2024 Dedica quatro (15, 16, 17 e 18) das suas 20 metas à valorização dos profissionais do magistério e à formação inicial e continuada de docentes Decreto n. 8.752, de 9 de maio de 2016 Dispõe sobre a Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica 123 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE Como é possível perceber, diversas ações contemplam tanto a formação inicial quanto a formação continuada, sendo a última de extrema importância para auxiliar o trabalho docente em sua trajetória complexa, visto que está inserido em uma realidade dinâmica, em constante construção conflituosa, o que exige a mobilização de saberes para atender as diversas formas de aprender dos estudantes, em suas dimensões cognitivas, afetivas, físicas, éticas e estéticas, nas relações estabelecidas na vida social (PEREIRA, 2011). Delors (1996) sinaliza a necessidade de atualização de conhecimentos e competências dos professores, visto que, durante sua vida profissional, devem organizar‑se e adaptar‑se aos contextos econômicos, sociais e culturais. Do ponto de vista de Wengzynski e Tozetto (2012), a formação continuada deve criar oportunidades de professores vivenciarem novas estratégias que possam transformá‑los em seu fazer pedagógico e, ao mesmo tempo, transformar o que acontece à sua volta. As autoras acrescentam ainda que: A formação continuada contribui de forma significativa para o desenvolvimento do conhecimento profissional do professor, cujo objetivo, entre outros, é facilitar as capacidades reflexivas sobre a própria prática docente elevando‑a a uma consciência coletiva. A partir dessa perspectiva, a formação continuada conquista espaço privilegiado por permitir a aproximação entre os processos de mudança que se deseja fomentar no contexto da escola e a reflexão intencional sobre as consequências destas mudanças (2012, p. 4). À luz dessas reflexões, a formação continuada permite processos de mudanças da prática do professor, o que fortalece não somente os conhecimentos profissionais, mas o nível reflexivo e de atuação coletiva e engajada com um contexto de mudanças. Nesta perspectiva, o Movimento Pela Base Nacional Comum (MPB), no ano de 2019, elabora o documento Critérios da Formação Continuada, no qual estabelece oito critérios alinhados com a BNCC, a fim de evidenciar elementos importantes que formadores de profissionais da educação devem considerar durante o planejamento, execução e avaliação de suas ações. Na sequência, apresentaremos e refletiremos sobre cada um deles. 1º critério – “A formação continuada não deve ser um evento único ou isolado” (MPB, 2019, p. 5), isto é, o principal desafio do formador de professor é garantir que o percurso formativo deste profissional não sofra interrupções durante o processo. No entendimento de Nascimento e Purificação (2020), é importante que o formador, durante o processo de formação de professores, realize um diagnóstico do grupo que está trabalhando, com utilização de indicadores que permitam compreender os vários elementos do processo pedagógico, tais como avaliações, produções discentes e docentes etc. 124 Unidade III 2º critério – “A formação continuada é mais eficaz com materiais alinhados ao referencial curricular ou à BNCC, que indicam ao professor o como fazer e o aproxima da prática” (MPB, 2019, p. 6), ou seja, a necessidade de mobilizar as premissas da BNCC durante as práticas e vivências no processo ensino e aprendizagem. Nascimento e Purificação (2020) complementam este critério sinalizando a importância de conhecimento dos princípios da BNCC, cujas estratégias utilizadas explicitem um ambiente seguro quanto às implementações de novos currículos. 3º critério – “A formação continuada deve se apoiar nas competências, nos objetos de conhecimento/ habilidades e em procedimentos e práticas pedagógicas” (MPB, 2019, p. 7). Em outras palavras, é necessário aprofundar saberes, associando os saberes do professor e competências gerais, desenvolvendo conceitos e práticas contextualizadas e que atendam às transformações da sociedade. 4º critério – “A formação continuada deve proporcionar ao professor desenvolver as competências gerais por meio da vivência profissional” (MPB, 2019, p. 8). Segundo Nascimento e Purificação (2020, p. 5), “o formador deve compreender que o processo formativo é feito por meio de diálogo e que o professor tem seu lugar de fala”, ou seja, é preciso garantir valores e atitudes alinhados às competências, à resolução de conflitos e oportunidades constantes de diálogo. 5º critério – “A formação continuada deve reconhecer e valorizar as experiências dos professores, ajudando a transformar sua prática” (MPB, 2019, p. 9). A transformação da prática decorre da capacidade de improvisar e articular a experiência adquirida a serviço de reflexões sobre a prática, que contribuam para a evolução das ações realizadas em sala de aula (NASCIMENTO; PURIFICAÇÃO, 2020). 6º critério – “A formação continuada deve ensinar o professor a refletir sobre sua prática” (MPB, 2019, p. 10), ou seja, toda ação formativa deve estar pautada na ação‑reflexão‑ação. O movimento do percurso formativo deve levar o professor a um “ir e vir” entre o planejamento, a prática e a reflexão sobre o que foi colocado em prática. Em todas essas etapas, o formador pode ser um apoio, trazendo momentos para serem analisados, discutidos e estudados. 7º critério – “A formação continuada deve identificar os desafios de aprendizagem dos professores para priorizar o que será trabalhado” (MPB, 2019, p. 11). O planejamento dos percursos formativos deve ser realizado após amplo diagnóstico do contexto, logo, gerir processos formativos requer atender às demandas que impactam no desenvolvimento dos alunos. 125 DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE 8º critério – “A formação continuada deve estabelecer um ciclo permanente de diagnóstico, ação e monitoramento e avaliação” (MPB, 2019, p. 12), ou seja, determina um desafio do formador ligado ao ciclo formativo. Avaliar todo o percurso formativo fornece ao formador dados para o aprimoramento de seu trabalho, isto é, a avaliação das várias situações auxilia o formador a mediar novas ações e redirecionar sua própria formação. Consta a seguir a representação
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