Buscar

eBook Completo - Responsabilidade Socioambiental_SER(versao digital) pdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 131 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 131 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 131 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RESPONSABILIDADE 
SOCIOAMBIENTAL
Responsabilidade Socioam
biental
Bruno Fonseca da Silva
Camila Bolfarini Bento
Bruno Fonseca da Silva
Camila Bolfarini Bento
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
As questões sociais e ambientais adentram o século XXI transpassando as barreiras 
acadêmicas. O tema ganha forma e passa a ser debatido não somente em grandes 
eventos, conferências e a� ns, mas também compõe o discurso político e as rodas de 
diálogo, e dele tomam parte pessoas de diferentes graus de conhecimento. O mun-
do das artes – músicas, poesias, peças teatrais, novelas – “� rma” um compromisso, 
denunciando e levando o conhecimento de forma popular. O distanciamento entre so-
ciedade e ambiente passa a ser gradativamente erradicado e dá margem a uma nova 
visão, denominada socioambiental.
Antes de qualquer titulação ou posto empregatício, somos cidadãos e temos res-
ponsabilidade com nosso meio de convívio e com as causas socioambientais. Temos 
o compromisso de reestruturar nossas formas de pensamento e nosso conhecimen-
to, pois, no decorrer da História, a ideia de hierarquização da sociedade sobre o am-
biente, ou dentro do próprio âmbito social, acarretou re� exos desastrosos. Mesmo 
em passos lentos, caminhamos rumo à construção socioambiental de maneira digna; 
contudo, para entender como isso ocorreu, é necessário fazer uma linha do tempo, 
compreendendo o histórico e o surgimento dos conceitos e seus fundamentos. 
RESPONSABILIDADE 
SOCIOAMBIENTAL
SER_ADM_RESSOC_CAPA.indd 1,3 11/11/2020 18:44:21
© Ser Educacional 2020
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo 
artigo 184 do Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock
Presidente do Conselho de Administração 
Diretor-presidente
Diretoria Executiva de Ensino
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos
Diretoria de Ensino a Distância
Autoria
Projeto Gráfico e Capa
Janguiê Diniz
Jânyo Diniz 
Adriano Azevedo
Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Bruno Fonseca da Silva
Camila Bolfarini Bento
DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 2 11/11/2020 18:45:10
Boxes
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 3 11/11/2020 18:45:10
Unidade 1 - Aspectos introdutórios da temática socioambiental
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13
Introdução .............................................................................................................................. 14
Os problemas ambientais da atualidade ..................................................................... 16
A interdisciplinaridade nas questões ambientais ...................................................... 19
Um convite para repensar o amanhã ........................................................................... 21
Conceitos e definições ........................................................................................................ 22
Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e 
no mundo ................................................................................................................................ 32
Movimentos mundiais ......................................................................................................... 34
Sintetizando ........................................................................................................................... 38
Referências bibliográficas ................................................................................................. 39
Sumário
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 4 11/11/2020 18:45:10
Sumário
Unidade 2. Aspectos legais e ações globais para o desenvolvimento sustentável 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 42
Responsabilidade socioambiental ................................................................................... 43
O nascimento do mundo globalizado e a questão socioambiental ......................... 44 
A responsabilidade socioambiental como compromisso da modernidade .......... 46
A responsabilidade socioambiental governamental, cidadã e empresarial ......... 47
Aspectos legais .................................................................................................................... 50
Leis socioambientais brasileiras .................................................................................. 51
A responsabilidade socioambiental além das exigências legais .......................... 52
Desenvolvimento sustentável ............................................................................................ 54
Ações globais rumo ao desenvolvimento sustentável .............................................. 56
As três dimensões da sustentabilidade ....................................................................... 60
Debates mundiais ................................................................................................................. 61
Agenda 21 ......................................................................................................................... 62
Agenda 2030 ..................................................................................................................... 63
Contexto atual ....................................................................................................................... 65
Ecoeficiência .................................................................................................................... 66
Os 7 R’s da sustentabilidade .......................................................................................... 67
Sintetizando ........................................................................................................................... 68
Referências bibliográficas ................................................................................................. 69
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 5 11/11/2020 18:45:10
Sumário
Unidade 3 – Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 72
Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão .................................. 73
Ações de gestão interna ................................................................................................ 74
Ações de gestão externa ............................................................................................... 75
Paradigma econômico, social e ambiental ................................................................. 78
Empresasustentável ....................................................................................................... 79
Modelos de gestão ambiental ....................................................................................... 81
Gestão e as políticas socioambientais ........................................................................ 82
Princípios, códigos e regulamentos das políticas socioambientais empresariais .. 84
Indicadores, certificações, tecnologias e instrumentos de gestão ........................... 86
Fontes de orientação estratégica ................................................................................. 87
A Norma ISO 26000 .......................................................................................................... 88
Indicadores e índices de sustentabilidade ................................................................. 92
Tecnologias resultantes da gestão ambiental ............................................................ 94
Marketing ambiental ........................................................................................................... 95
Tendências mundiais sobre o perfil do consumidor .................................................. 96
Iniciativas de marketing ambiental .............................................................................. 97
Sintetizando ........................................................................................................................... 98
Referências bibliográficas ................................................................................................. 99
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 6 11/11/2020 18:45:11
Sumário
Unidade 4 - Cooperativismo, atuação conjunta e promoção do desenvolvimento 
socioambiental
Objetivos da unidade ......................................................................................................... 102
Cooperação, articulações intersetoriais e promoção do desenvolvimento ............... 103
O sistema cooperativista e a responsabilidade socioambiental ........................... 104
A abordagem intersetorial na elaboração de políticas socioambientais ................ 107
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e o terceiro setor ....................110
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental, saúde e educação ......................113
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e redes .............. 114
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e a ciência .................116
Promoção do desenvolvimento: o papel da educação ambiental ........................ 117
Desafios da prática e tendências ................................................................................... 123
Tendências das organizações na busca da responsabilidade socioambiental.................. 123
Sintetizando ......................................................................................................................... 126
Referências bibliográficas ............................................................................................... 128
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 7 11/11/2020 18:45:11
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 8 11/11/2020 18:45:11
As questões sociais e ambientais adentram o século XXI transpassando as 
barreiras acadêmicas. O tema ganha forma e passa a ser debatido não somente 
em grandes eventos, conferências e afi ns, mas também compõe o discurso po-
lítico e as rodas de diálogo, e dele tomam parte pessoas de diferentes graus de 
conhecimento. O mundo das artes – músicas, poesias, peças teatrais, novelas – 
“fi rma” um compromisso, denunciando e levando o conhecimento de forma po-
pular. O distanciamento entre sociedade e ambiente passa a ser gradativamente 
erradicado e dá margem a uma nova visão, denominada socioambiental.
Antes de qualquer titulação ou posto empregatício, somos cidadãos e te-
mos reponsabilidade com nosso meio de convívio e com as causas socioam-
bientais. Temos o compromisso de reestruturar nossas formas de pensamento 
e nosso conhecimento, pois, no decorrer da História, a ideia de hierarquização 
da sociedade sobre o ambiente, ou dentro do próprio âmbito social, acarretou 
refl exos desastrosos. Mesmo em passos lentos, caminhamos rumo à constru-
ção socioambiental de maneira digna; contudo, para entender como isso ocor-
reu, é necessário fazer uma linha do tempo, compreendendo o histórico e o 
surgimento dos conceitos e seus fundamentos. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 9
Apresentação
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 9 11/11/2020 18:45:11
Dedico este livro a todos que buscam compreender e se preocupam com as 
causas ambientais – e principalmente aos cientistas da sociedade civil, que 
defendem e procuram solucionar problemas sobre a temática.
O professor Bruno Fonseca da Silva é 
graduado em Geografi a (Licenciatura) 
e Mestre em Desenvolvimento e Meio 
Ambiente pela Universidade Federal de 
Pernambuco, atuando desde 2013 em 
estudos relacionados às ciências am-
bientais. Suas pesquisas concentram-
-se no monitoramento ambiental, por 
meio da análise de elementos químicos, 
radioisótopos e compostos orgânicos 
para avaliação da qualidade do ar – utili-
zando organismos vivos (líquens) – e do 
solo. Tem publicações, participações em 
eventos científi cos e ministração de cur-
sos e palestras. 
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3215963517080495
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 10
O autor
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 10 11/11/2020 18:45:11
Dedico este trabalho aos meus professores, por todos que acrescentaram 
conhecimento teórico e prático desde a minha formação de base até a pós-
graduação. Agradeço por serem profi ssionais tão dedicados nessa árdua e 
nobre tarefa de formar pessoas intelectual e socialmente.
A professora Camila Bolfarini Bento 
é Doutora e Mestre em Biotecnologia 
e Monitoramento Ambiental pela Uni-
versidade Federal de São Carlos (2020), 
licenciada em Biologia (2020) e Bacha-
rel em Engenharia Agronômica pela 
Universidade Estadual Paulista (2012).
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3230386423166043
A autora
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 11
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 11 11/11/2020 18:45:12
ASPECTOS 
INTRODUTÓRIOS 
DA TEMÁTICA 
SOCIOAMBIENTAL
1
UNIDADE
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 12 11/11/2020 18:45:21
Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Introduzir a temática social e ambiental e realizar uma reflexão sobre os 
problemas atuais, para descobrir quais os motivos de o tema ser debatido 
atualmente;
 Explanar conceitos importantes e apresentar as respectivas definições sobre 
o tema socioambiental;
 Conhecer os movimentos existentes que fundamentam o debate 
socioambientalista mundial.
 Introdução
 Os problemas ambientais da 
atualidade
 A interdisciplinaridade nas 
questões ambientais
 Um convite para repensar o 
amanhã
 Conceitos e definições
 Histórico dos debates 
a respeito de ética e 
responsabilidade social no 
Brasil e no mundo
 Movimentos mundiais
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 13
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 13 11/11/2020 18:45:21
Introdução
Atualmente, a humanidade apresenta forte 
preocupação com as questões ambientais. No 
sentido restrito, utilizamos o termo “ambien-
te” para nos referirmos aos aspectos da natureza, 
como a água, as plantas, os “animais”; mas conside-
ramos a “sociedade” como algo à parte, como se não 
houvesse um elo entre ambos. Qual motivo, porém, para 
inserimos aspas nos respectivos termos?
Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus sig-
nificados. Quando abordamos a palavra “animais”, em certo ponto, infe-
riorizamos as demais espécies por sermos seres pensantes – mas, nisso, 
fracassamos. Nós nos consideramos inteligentes; porém, não sabemos 
respeitar o meio em que vivemos. Somos definidos como sociais; todavia, 
negligenciamos o respeito à opinião, a escolha, ao status social do outro. 
Nessa direção, chegamos ao limite: da abundânciade recursos naturais, 
mas também do preconceito, iniciando uma corrida contra o tempo para 
equilibrar a balança, e alcançarmos a harmonia.
Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemen-
te de outras espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao 
outro, fazendo com que se estruture uma pirâmide social (Figura 1), o que, 
em determinados momentos, acarreta discriminação.
No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se 
a temática é ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com outra: 
afinal, somos também ambiente? Se a resposta for positiva, o 
que nos levaria a pensar que questões sociais não são dis-
cutidas na temática ambiental? O primeiro exer-
cício necessário é a reflexão de que não existe 
diferença entre sociedade e ambiente: ser hu-
mano e o seu meio constituem algo mútuo 
e unitário. A compreensão é aparentemente 
simples, mas torna-se complexa ao tentarmos 
colocá-la em prática.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 14
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 14 11/11/2020 18:45:21
Classe A
Renda mensal 
acima R$ 14.695 3,6% 
das famílias
37,4% 
da renda nacional
26,5% 
da renda nacional
22,6% 
da renda nacional
13,6% 
da renda 
nacional
15% 
das famílias
27,9% 
das famílias
53,5% 
das famílias
Renda mensal 
R$ 4.720 a R$ 14.695 
Renda mensal 
R$ 1.957 A R$ 4.720 
Renda mensal 
até R$ 1.957 
Classe B
Classe C
Classe D/E
Figura 1. Modelo de pirâmide social brasileira, classificada pela renda. Fonte: IBGE (2015) apud Mussi, 2017, p. 20. 
Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a abordar 
esse discurso socioambiental com afinco. Talvez seja a busca pela sensi-
bilização social, não se restringindo à conscientização. Sensibilizar a po-
pulação às questões socioambientais procura estimular seu engajamento 
e trabalho efetivo, com a finalidade de um ambiente de melhor convívio. 
Deve-se, por sinal, compreender que a palavra trabalho não está restri-
ta às relações de emprego, mas a toda e qualquer atividade socioambien-
tal realizada. Para melhor compreensão, pode-se afirmar que a produção 
do conhecimento e o desligamento histórico entre sociedade e ambiente 
são formas de trabalho. Dessa forma, o trabalho é o produto dos fenôme-
nos e da relação entre sociedade e natureza, que procura atingir alguma 
meta ou objetivo. Essa finalidade é denominada teleologia.
CONTEXTUALIZANDO
A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para 
elaboração da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos 
homens: trabalho e ser social. O enredo da obra baseia-se na concepção 
de trabalho como processo de complexidade do ser social e no trabalho 
abstrato (força produtiva). A abordagem da obra é de cunho filosófico e 
sociológico, e convida-nos a conhecer e ampliar a visão sobre o tema 
(LESSA, 2012).
Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que temos 
com o nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais que o envolvem. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 15
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 15 11/11/2020 18:45:21
Compreender esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de di-
versas áreas – humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual traz 
uma forma de construção de conhecimento – nem sempre convergente –, e 
essa contradição, ou contraposição de ideias tem a capacidade de formar no-
vos conhecimentos. É o que se denomina dialética.
Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento, pois 
o ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira, a implementa-
ção do método cartesiano como forma de compreender melhor os fenômenos 
que nos rodeiam acarretou alguns problemas: com o formato de fragmentação 
do conhecimento, precisamos, agora, unir as diversas ciências, algo de suma 
importância para compreendermos o ambientalismo.
CITANDO
Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética, publi-
cada pela primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem estrutural 
histórica, fi losófi ca e sociológica sobre o tema, traz a seguinte defi nição 
de dialética pelo autor: “O modo de pensarmos as contradições da rea-
lidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente 
contraditória e em permanente transformação” (KONDER, 2008, p. 8). 
Os problemas ambientais da atualidade
A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica sé-
rios problemas ambientais. Para movimentar a “máquina” fi nanceira e se tor-
narem concorrentes, as grandes empresas buscaram o lucro e se ausentaram 
das questões do ser humano e seu meio. É complexo afi rmar que os governos 
são responsáveis pelo desenvolvimento regional, pois, durante o processo his-
tórico, em especial após a Segunda Guerra Mundial, as grandes corporações, as 
multinacionais, iniciaram uma espécie de regência econômica global. Em geral, 
torna-se perceptível a necessidade das indústrias e do setor de serviços para a 
manutenção de empregos, geração de rendas e afi ns.
Uma indústria multinacional, ao se instalar, por exemplo, em determinada 
cidade, ocasiona o surgimento de outras pequenas empresas que lhe darão su-
porte produtivo (peças, tecidos ou qualquer tipo de matéria-prima). Também 
ocorrerá a ampliação do comércio e outros meios de serviços, devido à chegada 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 16
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 16 11/11/2020 18:45:21
de novos moradores ou visitantes, ampliando a abertura de hotéis, restauran-
tes, entre outros. Além disso, os gestores regionais procuram melhorar os ser-
viços básicos, principalmente aqueles relacionados ao transporte, o que facilita 
a locomoção. Isso demonstra a formação de uma cadeia que, com o passar dos 
anos, gera maior engajamento.
Aparentemente, todo esse processo parece positivo; contudo, há, também, 
um lado obscuro. A falta de preocupação com o meio físico ocasionou a devas-
tação de florestas, ameaçando a sobrevivência de espécies. Essa remoção de co-
bertura vegetal também ocasionou a degradação dos solos, bem essencial à ma-
nutenção da vida, assim como dos recursos hídricos, que foram poluídos – em 
ambos os casos, com consequências consideradas irreversíveis. A exploração de 
bens minerais tornou-se altamente crescente, mas a manutenção dos recursos 
não pôde acompanhar a demanda.
Além disso, o fenômeno da urbanização ocasionou aumento demasiado na 
geração de resíduos sólidos e efluentes, bem como a constante emissão de parti-
culados atmosféricos (orgânicos e inorgânicos), por meio dos gases emitidos por 
indústrias, transportes e pela realização de queimadas (Figura 2).
Figura 2. Ilustração dos problemas ambientais da atualidade. Fonte: SOUZA, 2014.
AR
TERRA FOGO
ÁGUA
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 17
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 17 11/11/2020 18:45:37
Não somente as questões relacionadas ao meio físico, porém, registraram 
impactos. A necessidade de mão de obra acarretou a busca por pessoas de 
outras regiões que aceitassem empregos exploratórios, sujeitando-se a uma 
elevada carga de trabalho e a baixos salários. Os resultados desse processo fo-
ram xenofobia e inferiorização do trabalho feminino, e o preconceito contra 
raça e gênero tornou-se crescente. O status social e profissional paira sobre 
o ambiente, dando margem à inferiorização. Mesmo assim, os subgrupos, co-
mentados anteriormente, foram incorporados socialmente e ganharam força, 
mas sabemos que esses problemas ainda se encontram presentes, embora as 
legislações e os movimentos para mudanças se encontrem ativos e tenham 
obtido resultados positivos. Todavia, muito ainda precisa ser feito.
CURIOSIDADE
A história de Marie Curie é inspiradora. Nascida em 1867, na Polônia, 
desafiou todos os preconceitos existentes quanto à inferiorização social 
da mulher. Realizou um trabalho crucial sobre a radioatividade, sendo a 
primeira mulher, e a única pessoa no mundo, a ganhar o Prêmio Nobel 
duas vezes em categorias científicas distintas,química e física. Lutou 
contra toda forma de discriminação e preconceito, e seu legado científico 
é reconhecido e aplicado até os dias atuais, principalmente nas áreas de 
física, química e na medicina.
É importante perceber que as atividades relacionadas à economia estarão 
sempre interligadas aos problemas socioambientais. A empregabilidade e a ne-
cessidade de circulação financeira elevam as relações no interior da sociedade 
e o meio físico.
A educação é uma ferramenta “libertadora” para a erradicação dos pro-
blemas apresentados; entretanto, as falhas nesse processo são enormes. O 
esquecimento de que educar é a principal ferramenta para a formação de ci-
dadãos é uma das principais delas. A realização de mudanças deve ser iniciada 
a qualquer momento, por mais simples que seja a atitude; porém, a educação 
será crucial e terá impactos na construção de um novo futuro.
As questões relatadas implicam sérias consequências para um bom desen-
volvimento socioambiental. A saúde humana é a principal impactada e motivo 
de estudos em diversos países. Um dos temas trabalhados em países desen-
volvidos é a influência das questões socioambientais na população, pois é per-
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 18
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 18 11/11/2020 18:45:37
ceptível o crescimento do número de mortes por câncer devido à poluição, da 
procura por psicólogos e psiquiatras devido a problemas de relacionamento 
etc. – e isso infl uencia a qualidade de vida e bem-estar do ser humano. As me-
lhorias surgirão primeiramente da sensibilização, e posteriormente no traba-
lho para modifi cação – formas de ação denominadas práxis.
DICA
A práxis é o processo da junção entre teoria e prática. A explanação des-
se conceito foi realizada no trabalho realizado por Pereira e colaboradores 
(2016), chamado: “O conceito de práxis e a formação docente como ciên-
cia da educação”. Mesmo com uma abordagem mais voltada à pedagogia, 
os autores procuram apresentar os princípios fundamentais do conceito.
A interdisciplinaridade nas questões ambientais
Os meios de comunicação facilitaram nossa percepção sobre o sistema cau-
sa-efeito dos problemas ambientais. Todavia, é importante relembrá-los para 
fi xá-los em nosso cotidiano. Podemos classifi cá-los em:
1. Discriminação por questões de classe, gênero, raça e etnia;
2. Exploração irregular de recursos naturais;
3. Abuso de autoritarismo por status social, empregatício ou acadêmico;
4. Despejo de rejeitos em locais e formas indevidas;
5. Desmatamento e caça predatória;
6. Exploração de mão de obra;
7. Emissão constantes de poluentes atmosféricos;
8. Ausência de aprendizado sobre deveres sociais éticos.
As causas dessas questões acarretam uma conjuntura de reuniões, debates 
e movimentos sociais, para o despertar da sensibilização. A academia, como 
principal membro estrutural de discussão dos problemas socioambientais, tem 
o compromisso de trabalhar esses temas e propor soluções. Entretanto, uma 
única ciência não é capaz de ter a totalidade de conhecimentos necessários para 
essa fi nalidade.
Um sociólogo, por exemplo, não tem competência, em sua formação, para 
implementar tecnologias industriais de recuperação de áreas degradadas – mas 
tem o conhecimento necessário para compreender as causas humanas que le-
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 19
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 19 11/11/2020 18:45:37
varam à degradação do local. Um administrador não tem, em seu perfil profis-
sional, qualificação para análises químicas de despejo de efluentes em rios – mas 
pode trabalhar em conjunto com um especialista na área ambiental para propor 
uma gestão sustentável de resíduos. Esses exemplos demonstram a importân-
cia do trabalho conjunto das diferentes áreas.
No decorrer do processo de construção do conhecimento, podemos subdivi-
dir esse trabalho conjunto em três aspectos:
1. Multidisciplinar: cada área contribui com seu conhecimento, sem modifi-
cações; há uma espécie de ponto de vista;
2. Interdisciplinar: as áreas do conhecimento adentram-se umas nas outras 
e formam uma interligação de conhecimentos;
3. Transdisciplinar: não existem áreas de conhecimento. Tudo é contínuo, 
sem ocasionar espécie alguma de divisão ou interrupção.
Este último aspecto é considerado, por diversos cientistas, uma utopia, de-
vido à complexidade de um único ser lidar com todo tipo de área existente. 
No caráter multidisciplinar, a falta da construção de novos pensamentos não 
apresentará eficácia quando em comparação com a interdisciplinaridade. Já a 
interdisciplinaridade recebe contribuições em diferentes áreas, e ocorre um 
engajamento, com a construção de novas formas de pensamentos aplicadas 
em diferentes contextos. Nesse caminho, o discurso socioambiental apresenta 
sua formação.
Atualmente, praticamente todos os cursos de formação profissional e tec-
nológica (técnico, graduação ou pós-graduação) trazem alguma disciplina, ou 
assuntos dentro de sua ementa, que abordam a temática ambiental. Nesse sen-
tido, os projetos ambientalistas, por abarcarem diferentes áreas do conhecimen-
to, demonstram robustez de elaboração e execução, uma vez que sua constru-
ção exige diferentes pontos de vistas, que são interligados e contextualizados.
No Brasil, os cursos de pós-graduações stricto sensu (mestrado 
e doutorado) inseridos na área de ciências ambientais da CAPES 
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior) apresentam a interdisciplinaridade de áreas 
como obrigatoriedade no processo de construção de 
suas dissertações e teses. Caso o trabalho não tenha 
esse escopo, poderá ser penalizado com reprovação. As 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 20
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 20 11/11/2020 18:45:37
questões sociais, inclusive, devem ser contempladas na problemática da pesqui-
sa, pois, em sua maioria, os programas têm o objetivo de formar recursos huma-
nos capazes de compreender e solucionar problemas relacionados ao ambiente.
Um convite para repensar o amanhã
Nossas formas de agir, sejam elas positivas ou negativas, implicarão no 
futuro. Como forma de refl etir sobre a exposição anteriormente realizada, 
percebe-se que o ambiental é algo mais abrangente do que os elementos 
físicos. Compreender a natureza e suas interligações é um processo comple-
xo; contudo, em um primeiro momento, talvez seja primordial respeitarmos 
os elementos que nos rodeiam. Somos todos os dias convidados a refazer 
um novo amanhã, e repensá-lo signifi ca transformar nossas atitudes e pro-
por ações de melhoria. 
Procuremos deixar o pensamento focado no dinheiro, as atitudes de so-
berba, a ganância para passarmos a conviver em harmonia. A teoria ética 
que aprendemos no período escolar é sempre necessária de ser colocada 
em prática, sensibilizando-nos com o meio em que estamos e que vivencia-
mos. Diferentemente das demais espécies, somos seres pensantes – e, ao 
realizarmos escolhas e ponderarmos nossas atitudes, conhecemos as con-
sequências das nossas ações. Portanto, ao prejudicarmos o meio em que vi-
vemos, temos conhecimento dos impactos que causaremos a nós mesmos.
As gerações futuras agradecerão as transformações positivas que nos 
propusermos fazer hoje, e deverão dar continuidade a elas, pois este é um 
trabalho constante, ininterrupto e inacabável: a manutenção do nosso meio 
é fundamental para melhorar exponencialmente a qualidade de vida e, con-
sequentemente, nossa felicidade.
Numa sociedade harmonizada, todos têm bons lucros em 
ambos os aspectos, fi nanceiro e moral – pois pas-
samos a refl etir sobre o coletivo, e não somente 
sobre as questões individuais. Procuremos, por-
tanto, sempre fazer esse exercício de pensar no 
próximo, sobre as coisas que nos rodeiam e so-
bre o amanhã.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 21
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 21 11/11/2020 18:45:37
Conceitos e definições 
Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento 
é construtivo.A academia exige constantes refl exões sobre suas teorias, pois é 
dela a responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, de-
vemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não simples-
mente recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por qual motivo 
existe a necessidade de constantes e diferentes formas de leituras – livros, notas, 
artigos, comunicações curtas –, e essas questões dúbias são erradicadas quando 
entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos.
Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e defi nições utilizados frequen-
temente na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar que eles são 
passíveis de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se encontra em 
constantes transformações. As práxis implementadas são responsáveis pelo sur-
gimento de novas formas de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pen-
samento teórico.
Socioambiental/ambiental
Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) 
as relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem 
como produto o trabalho.
Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um 
equilíbrio. Torna-se importante a fi xação dessa “balança equilibrada”, pois duran-
te séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as partes: 
ora, a sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre 
no sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico e social foi funda-
mental para o surgimento de determinadas ciências, como a Geografi a.
A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse 
o conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar 
os recursos para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pen-
samento, denominada determinista, foi elaborada por 
Friedrich Ratzel e largamente incorporada nas ideolo-
gias de Hitler para o nazismo, sendo esse um dos pri-
meiros relatos escritos sobre a implementação das 
questões sociais sobre o ambiente.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 22
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 22 11/11/2020 18:45:37
Meio ambiente
Termo usualmente empregado nos estudos voltados às ciências ambientais. 
Entretanto, há cientistas que iniciaram uma espécie de desuso, pois, ao inserirmos 
a palavra “meio”, estaríamos abordando a metade de algo, e, devido à interligação 
existente, não se deve realizar essa inferência.
Por muitos anos, as questões ambientais foram abordadas nos seus aspectos 
físicos. Contudo, o papel social tem apresentado uma inserção gradativa e abran-
gente na discussão. Por termos sido acostumados (ou até mesmo doutrinados) 
a dividirmos o conhecimento para melhor compreensão, esse termo pode ser 
usualmente empregado para o estudo das questões físicas ambientais.
Áreas degradadas 
Umas das maiores problemáticas 
ambientais existentes atualmente é a 
degradação ambiental. O termo é em-
pregado principalmente para estudos 
de solos e ecossistemas.
As atividades humanas, principal-
mente de industrialização, agricultura, 
pecuária, e mineração, destacam-se no 
desmatamento e improdutividade do 
solo, por meio do lançamento de rejei-
tos, como elementos químicos tóxicos. 
Ao dizermos que uma área é degrada-
da, ocorre uma referência àquelas que se encontram altamente poluídas e reque-
rem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para melhoramento de so-
los, afluentes e reflorestamento.
No meio acadêmico, pesquisas voltadas à recuperação dessas áreas são cons-
tantes. O avanço nas ciências dos materiais possibilitou a aplicação de nanopartí-
culas, hidrogéis e estruturas poliméricas que auxiliam, com sucesso, a recupera-
ção de solos e rios.
Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesquisas ou compra de 
patentes para solucionar tais problemas, o que implica na inserção de uma série 
de profissionais, como engenheiros, físicos, químicos, administradores, biólogos 
e afins.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 23
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 23 11/11/2020 18:45:42
Desertificação
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das 
Nações Unidas (ONU). A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, 
somada às mudanças climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degra-
dação de tal forma que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fa-
zendo surgir áreas áridas e semiáridas. 
Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano, 
alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países 
como os Estados Unidos entraram na “corrida”, com o intuito de adquirir lucros, 
contestando a existência de áreas em processo de desertificação em seu terri-
tório. No entanto, atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos 
países com tendências ao processo de desertificação, que podem ser encontrados 
nas Américas, África e Europa.
No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região 
Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco, 
que se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de agri-
cultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração 
devido às condições climáticas, ocasionou a formação de extensas camadas de 
sais no solo, tornando-o improdutivo e causando abandono das áreas. As pesqui-
sas estão concentradas nos aspectos de impactos socioambientais, bem como na 
tentativa de mitigar o problema. 
Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de desertificação brasileiro. Fonte: MAIA, 2015. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 24
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 24 11/11/2020 18:45:51
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores 
sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um im-
pacto direto na produção de alimentos, bem como o abandono dos locais pelos 
moradores. Nesse processo, há uma queda na arrecadação econômica. Sendo 
a região responsável por produzir alimentos para outros municípios, estados e 
afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará milhares de famí-
lias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das entidades governamen-
tais sobre o tema.
Efluentes
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental 
são os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em 
nossas atividades do cotidiano. O processo de “chegada, recebimento” da água 
é denominado afluente; e a “saída”, denominada efluente.
Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como 
gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de 
grande discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lança-
dos em aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana existente 
no material, que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento 
e manutenção da vida aquática. 
Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capaci-
dade de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres 
humanos, por meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde.
ASSISTA
A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com cla-
reza os problemas causados pelo não tratamento de efluentes. O 
enredo concentra-se nos impactos socioambientais causados pela 
mineração na região amazônica. O despejo irregular dos efluentes, 
com altas concentrações de metais como chumbo e mercúrio, 
ocasiona problemas de saúde nos moradores da região devido à 
ingestão por meio do consumo de peixes. Em algumas cenas, é 
demonstrada a morte gradativa dessas pessoas.
Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e moni-
toramento constante, por meio de análises químicas que atendem às legisla-
ções ambientais.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 25
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 25 11/11/202018:45:51
Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente 
pela aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a 
utilização de organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de 
tratamentos. O propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutili-
zação para fins de serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo. 
No Brasil, a importância do tema reflete-se na construção de linhas de pes-
quisas em cursos de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o 
problema e buscar soluções.
Bioenergia
As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarreta-
ram mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia 
tornou-se crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro.
Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas 
condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementa-
ção de fontes limpas e renováveis.
A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de 
impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como 
biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4).
Solar
Geotérmica Biomassa Mini-hídricas
Eólica Ondas
Figura 4. Principais fontes de energia limpa. Fonte: CreaJR-PR, 2010.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 26
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 26 11/11/2020 18:46:05
É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum 
nível de impacto: o que se diferencia é o grau implicado.
Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem par-
ticulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os hidrocar-
bonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. Estudos 
apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais sustentáveis, 
com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias uma constante 
atenção e acompanhamento.
A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção 
de energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados 
da soja e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais 
importantes. 
Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e 
eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, princi-
palmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação desses 
modais energéticos também é outra problemática. Compreender tais problemas 
é importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia 
sustentável, há alguma forma de impacto.
Economia verde
Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram 
um processo de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de 
trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente.
Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como 
na criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é deno-
minado de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por parte 
de empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se encontra 
restrita à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange mais lucra-
tividade, com diminuição de custos.
Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes de-
bates e participa da agenda da ONU. Os empreendimentos 
estão gradativamente reestruturando suas linhas produti-
vas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores 
públicos têm uma tendência em incentivar essa transição, 
principalmente para atingir as metas propostas em acor-
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 27
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 27 11/11/2020 18:46:05
dos de cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que 
devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu 
bem-estar, sem ocorrência de danos.
Padrões de consumo
Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, 
e essa atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quais-
quer produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima 
originada do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas.
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recur-
sos naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões 
de consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descar-
ta seus bens – roupas, eletrodomésticos, calçados e afins.
O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo cons-
ciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se apren-
deu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma mu-
dança nessa forma de pensar é complexo.
Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de mu-
dança de atitudes – e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já 
que a demanda é superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá 
ocorrer uma queda no bem-estar da população, assim como a falta de atendi-
mento para questões básicas e essenciais de manutenção diária.
Mudanças climáticas
Para compreensão desse tema, 
uma primeira definição precisa ser es-
clarecida, que é a diferença entre clima 
e tempo. O tempo é algo mutável – um 
dia poderá ser de sol, e o outro é de 
chuva. Já o clima é uma observação das 
modificações do tempo numa faixa mí-
nima de 30 anos.
Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande mo-
dificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar 
sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas frios, por exem-
plo, podem apresentar constante aquecimento.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 28
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 28 11/11/2020 18:46:12
As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da proble-
mática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e oca-
sionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse processo 
é denominado aquecimento global.
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temáti-
ca. Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de aque-
cimento natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já que, no 
contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de processos de 
glaciação e deglaciação. 
Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasio-
nados ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os 
principais responsáveis por esse processo atualmente.
Desenvolvimento sustentável
Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias 
que ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da 
emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias limpas tam-
bém é usualmente empregada nessa temática.
A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é 
considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnoló-
gicas sustentáveis também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas 
as classes sociais. A questão social também se encontra inclusa no discurso des-
sa temática, devido à necessidade de melhorar a qualidade de vida da popula-
ção, em uma tentativa de diminuir as desigualdades.
Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários 
altos investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substi-
tuição parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies 
devem ser imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar 
um desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas estão 
sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por países europeus; 
entretanto, muito ainda precisa ser realizado. 
Preservação e conservação 
Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados to-
talmente opostos. A preservaçãoé designada para áreas com proteção total, 
em que não pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 29
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 29 11/11/2020 18:46:12
trata de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não fo-
mentando indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com 
legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo 
como punição de descumprimento multas e/ou prisões.
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de 
ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso 
de empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal, 
são situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as 
áreas protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e 
afins, cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma face 
esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas áreas, 
em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas.
Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de 
novas espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os 
estudos de base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que 
há muito que ser descoberto. São fatores como esses que demonstram a im-
portância de proteção das respectivas áreas, especialmente em um contexto 
em que, em muitos casos, ocorre negligência para atender anseios econômicos.
Ecologia, ecossistemas e biomas
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos 
com seu ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, 
busca-se o entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações 
fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins. São assuntos de extrema 
complexidade que envolvem, em determinados casos, anos de pesquisas para 
obtenção de resultados. 
O bioma é compreendido pela delimitação de uma região com característi-
cas (climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem defini-
das. No território brasileiro há seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, 
Caatinga, Pantanal e Pampa.
Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos 
e abióticos, e se propõe estudar suas respectivas influências. 
Esse é um conceito bastante utilizado e estudado pelos 
ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informa-
ção também têm-se apropriado dessa terminologia.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 30
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 30 11/11/2020 18:46:12
Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos 
debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais, 
empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação 
de parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltados ao campo 
das engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da informação.
Equidade social
A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A 
questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua 
relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais.
O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e 
evitar erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua apli-
cação ampliada: a equidade.
Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento 
e afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso, 
ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da 
justiça (Figura 5).
Figura 5. Exemplificação da diferença entre igualdade e equidade social. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020. 
Igualdade Equidade
Segurança alimentar
Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição 
de alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanis-
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 31
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 31 11/11/2020 18:46:30
mos produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas enti-
dades governamentais, é denominada soberania alimentar.
A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles 
voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está 
relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como 
obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício inadequado também são 
relacionadas à segurança alimentar.
Resíduos sólidos
Esse tema é defi nido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e descar-
tado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados e/ou reu-
tilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais problemas 
ambientais atuais.
No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 
12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão, res-
ponsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e sistema de infor-
mações sobre o gerenciamento de resíduos. 
Contudo, falhas envolvendo aspectos fi nanceiros inviabilizam um trabalho efeti-
vo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes 
como cidadãos são importantes pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco 
executado na sociedade.
Racismo estrutural
Vivemos em uma sociedade diversifi cada. Contudo, as políticas étnicas e de res-
peito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas. 
No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determina-
do grupo social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado 
neste século. Essa trajetória histórica, que põe em prática uma 
cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma negativa, 
sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural.
Histórico dos debates a respeito de ética e 
responsabilidade social no Brasil e no mundo
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos 
os dias. As mesas redondas e eventos científi cos são constantes no mundo inteiro, 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 32
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 32 11/11/2020 18:46:30
sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promover 
ações que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios acadêmi-
cos e as universidades são os principais polos desses debates, destacando-se as 
Ciências Humanas, embora não sejam exclusivas nessas mesas. 
Uma visão de aspecto mundial
O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela 
Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria 
exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática. 
Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl 
Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de pensa-
mento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe operária, 
e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que estavam nas mãos 
dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx também 
contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de poluição que se 
alastravam pela Europa.
As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe ope-
rária procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava 
atrelado, também, à constante modernização fabril, que diminuiu a dependência 
de mão de obra e fez com que antigos artesões se tornassem desempregados. 
Essas perspectivas levaram os operários a lutar e a construir os sindicatos, reco-
nhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que também resultaram no 
surgimento de movimentos grevistas.
Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas 
ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vidasocial 
foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor soluções 
de mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para atender às preo-
cupações com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas pau-
tas ambientalistas. 
O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma im-
portante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso 
de armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu 
discurso, como o respeito à natureza, homossexualidade, pre-
conceito racial e consumo consciente, dando margem a ou-
tros debates pouco comentados naquele período.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 33
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 33 11/11/2020 18:46:30
O Brasil no caminho da responsabilidade social
Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democra-
cia, novos debates surgiram. A elaboração da Constituição garantiu as legisla-
ções trabalhistas anteriormente reduzidas durante a ditadura. A liberdade de 
expressão e de imprensa é devolvida, ampliando a ascensão sobre os proble-
mas sociais, principalmente relacionados à pobreza, existentes devido à liber-
dade dos pesquisadores das ciências humanas defi nirem seus estudos sem a 
ocorrência de algum tipo de retaliação.
A reforma agrária é outro importante marco, que possibilitou a distribui-
ção e posse de terras para os pequenos agricultores. Diferentemente do que 
se imagina, esse grupo de trabalhadores são os principais responsáveis pelo 
abastecimento alimentício nacional. As grandes lavouras, as agroindústrias, 
têm foco na manutenção do mercado internacional, uma vez que o Brasil é um 
dos principais centros do agronegócio mundial.
Movimentos mundiais
A Segunda Guerra Mundial teve 
fi m no ano de 1945 e deixou conse-
quências graves para humanidade. 
O mundo precisava reestruturar-se 
fi sicamente e economicamente. Além 
da morte de milhares de pessoas, ou-
tro grande grupo fi cou sem acesso a 
alimentos e suprimentos de neces-
sidades básicas. Fatores como esses 
impulsionaram o problema da fome 
existente em diversos países do mun-
do, mesmo anteriormente à guerra, e fi zeram com que surgisse uma visão agrí-
cola denominada Revolução Verde. Entre os períodos de 1960 e 1970, países 
como Estados Unidos e México procuraram implementar tecnologias que ace-
lerassem a produção agrícola.
Por outro lado, a utilização desenfreada de pesticidas trouxe problemas 
ambientais. O uso de produtos químicos como fertilizantes era algo corriquei-
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 34
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 34 11/11/2020 18:46:46
ro. Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde humana, bem 
como avaliações de riscos, não eram realizados com frequência, e não existiam 
protocolos seguros de utilização e afins. Estudos que fossem contra e apre-
sentassem divergências de pensamentos eram duramente criticados: um deles 
realizado por Rachel Carson em 1962, denominado Primavera silenciosa.
A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de pes-
ticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde hu-
mana, foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno. 
Mesmo sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os 
impactos desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança, 
que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o 
desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com 
níveis mais baixos de impactos ambientais.
Conferência de Estocolmo 
O fim da Segunda Guerra também 
ocasionou outras preocupações am-
bientais. O relatório produzido pelo 
Clube de Roma em 1972 apontou um 
problema de crescimento rápido da po-
pulação e que os recursos naturais não 
conseguiriam suprir as necessidades. 
Naquele mesmo ano, a ONU de-
cidiu realizar a primeira reunião com 
chefes de Estado que procurassem 
tratar dos problemas ambientais, de-
nominada Conferência Mundial do 
Homem e do Meio Ambiente, popu-
larmente conhecida como Conferência 
de Estocolmo (Figura 6).
Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível es-
cassez de recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram de-
batidas no encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre 
o Meio Ambiente, também denominada Declaração de Estocolmo, que pro-
movia ações ambientais. A importância dessa reunião é pautada por ser a 
Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência 
de Estocolmo. Fonte: FEITOSA, 2018.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 35
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 35 11/11/2020 18:46:49
primeira vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente, 
com os aspectos ambientais.
A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das institui-
ções governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação 
do IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, em 1988.
A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a 
mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos 
fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões 
econômicas).
Protocolo de Quioto
Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído 
o Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada 
apenas no ano de 2005. 
Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida 
no planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de ga-
ses do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera. 
Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de 
CO2, e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos 
de carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito 
em forma de certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mer-
cado internacional.
Eco 92 e Rio + 20
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente 
conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos 
temas ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países (176) 
de todo o planeta.
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava de-
finir um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tor-
nou-se o início da ascensão global das discussões sobre 
os problemas ambientais, tendo como foco a busca 
por alternativas de solução (Figura 7). Assim como o 
relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental para ela-
boração do Protocolo de Quioto.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 36
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 36 11/11/2020 18:46:49
Figura 7. Registro do encerramento da Eco 92. Fonte: ROZARIO, 1992.
Figura 8. Os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável na Agenda 2030. Fonte: ONU Brasil, 2015.
A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo a rea-
firmação dos compromissos adotados na Eco 92. A conferência também teve 
como foco a observação e discussão de problemas ainda existentes e buscou 
formas de soluções futuras. Um grande diferencial do encontro foi a intensifi-
cação dos debates voltados à implementação da economia verde.
Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados Uni-
dos, com o objetivo de direcionar o planejamento para o desen-
volvimento sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 17 
objetivos, denominados ODS (Objetivos para o Desenvolvi-
mento Sustentável), como demonstra a Figura 8. No encontro, 
também foram discutidas as ações propostas durante a Rio +20.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 37
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 37 11/11/2020 18:46:55
Sintetizando
A industrialização e o desenvolvimento urbanos foram os principais causado-
res dos impactos ambientais, transformandoradicalmente o modo de vida so-
cial. Esse processo também ocasionou o afastamento do ser humano em relação 
a seu meio, o que causou uma diferença entre sociedade e natureza. Além disso, 
o deslumbramento com os aspectos econômicos e ascensão do modo capitalista 
fizeram com que a sociedade se dividisse em subgrupos, dando margem à disse-
minação de diversas formas de discriminação.
O consumo e a falta de sensibilização com a natureza ocasionaram uma série 
de consequências, como a poluição de aquíferos, do ar e do solo, que impac-
tam seriamente a manutenção e qualidade de vida. Ademais, o surgimento e 
disseminação de doenças relacionadas a impactos ambientais é algo presente 
na sociedade atual, e tais fatores levam-nos a refletir sobre a necessidade de 
reestruturarmos nossas atitudes.
As causas sociais, como preconceito racial, discriminação a grupos etc. são de 
cunho ambientalista, pois devemos lembrar sempre que ser humano e nature-
za são indissociáveis. A compreensão de todos os aspectos, humanos, físicos e 
afins, na óptica interdisciplinar, é fundamental, devido à robustez em receber e 
interligar diferentes formas de conhecimento.
Nesta unidade, vimos um pouco dos debates ambientalistas, seus concei-
tos e fundamentos. A principal observação a ser feita é a atenção dos setores 
públicos para as causas ambientalistas. A percepção que este é um tema que 
influencia diretamente os aspectos sociais e econômicos fez com que a temática 
adentrasse as agendas globais. O fomento de pesquisas também demonstra a 
importância da discussão. Todos os eventos e conferências, diante disso, têm um 
único fim: proporcionar para sociedade uma vida sustentável.
Devemos sempre lembrar que esta não é uma causa exclusiva dos órgãos go-
vernamentais e das grandes empresas, porém. Assim como a sociedade procu-
rou lutar pelos diretos trabalhistas, deverá ater-se à sensibilização 
com o seu meio. O ambiente que nos rodeia é de todos, e somos 
responsáveis por sua melhoria. Pequenas atitudes hoje farão 
a diferença para termos um futuro melhor e proporcionar me-
lhor qualidade de vida para as próximas gerações.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 38
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 38 11/11/2020 18:46:56
Referências bibliográficas
ARUANAS (seriado). Direção de Estela Renner. Rio de Janeiro: Globoplay, 2019. 
(40 min.), son., color.
BRASIL. Lei n. 12.305/10, de 2 de agosto de 2010. Diário Oficial da União, Bra-
sília, DF, Poder Legislativo, 03 ago. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 24 jul. 2020.
CREAJR-PR [Programa]. Brasil e as energias renováveis. [s.l.], 30 ago. 2010. 
Disponível em: <https://creajrpr.wordpress.com/2010/08/30/brasil-e-as-ener-
gias-renovaveis/>. Acesso em: 23 jul. 2020.
FEITOSA, E. 1972: o Brasil na Conferência de Estocolmo. 1 imagem. Eco Kids, 
Eco Teens, Ministério Público do Estado da Bahia, 12 mar. 2018. Publicado por 
Karina Cherubini. Disponível em: <http://www.ecokidsecoteens.mpba.mp.br/
1972-o-brasil-na-conferencia-de-estocolmo/>. Acesso em: 23 jul. 2020.
GOMES, M. C.O. A poluição ambiental e sua agressividade. Jornal Cruzeiro do 
Sul, 24 set. 2014. 1 fotografia. Disponível em: <https://www2.jornalcruzeiro.com.
br/materia/571762/a-poluicao-ambiental-e-sua-agressividade>. Acesso em: 22 
jul. 2020.
IBGE. A pirâmide econômica brasileira (2015) de acordo com os dados da Pes-
quisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do IBGE versus as declarações 
do Imposto de Renda. 2016. 1 gráfico. In: MUSSI, L. O paradigma da inclusão 
social na indústria cosmética brasileira: pesquisa, desenvolvimento e va-
lor agregado para as camadas sociais menos favorecidas. 2016. 41f. Traba-
lho de Conclusão de Curso (Especialização) — Faculdade de Gestão da Inovação 
Tecnológica, Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, 2016. 
KONDER, L. O que é dialética. São Paulo: Brasiliense, 2008.
LESSA, S. Mundo dos homens: trabalho e ser social. São Paulo: Instituto Lukács, 2012.
LEITE, M.; ALVES, E. (Colab.). Há 25 anos, Eco-92 tentava convencer o mundo a 
se salvar. PROCLIMA, São Paulo, jun. 2017. 1 fotografia. Disponível em: <https://
cetesb.sp.gov.br/proclima/2017/06/02/ha-25-anos-eco-92-tentava-convencer-
-o-mundo-a-se-salvar/>. Acesso em 23 jul. 2020
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS [ONU Brasil]. Transformando nosso 
mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Tradução Centro 
de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) Rio de Janeiro: ONU, 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 39
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 39 11/11/2020 18:46:56
2015. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>. Aces-
so em: 25 jul. 2020.
MAIA, F. Fenômeno de salinização. [2015]. 1 fotografia. In: SILVA, V. PINEIRO, A.; 
BERNSTEIN, A. Cabrobó (PE) rumo à desertificação. Educação Pública, 10 nov. 
2015. 1 fotografia. Disponível em: <http://educacaopublica.cecierj.edu.br/arti-
gos/15/22/cabrob-pe-rumo-desertificacao>. Acesso em: 23 jul. 2020.
PEREIRA, D. A.; ROCHA, S. F. M.; CHAVES, P. M. O conceito de práxis e a formação 
docente como ciência da educação. Revista de Ciências Humanas, Rio Grande 
do Sul. v. 17, n. 29, p. 31-46, 2016.
POTT, C. M.; ESTRELA, C. C. Histórico ambiental: desastres ambientais e o des-
pertar de um novo pensamento. Estudos Avançados, São Paulo. v. 31, n. 89, p. 
271-283, 2017.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 40
SER_ADM_RESSOC_UNID1.indd 40 11/11/2020 18:46:56
ASPECTOS LEGAIS E 
AÇÕES GLOBAIS PARA 
O DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL 
2
UNIDADE
SER_ADM_RESSOC_UNID2.indd 41 11/11/2020 18:45:36
Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Contextualizar a necessidade da responsabilidade socioambiental na 
sociedade globalizada;
 Explicar sobre responsabilidade socioambiental individual, governamental e 
empresarial;
 Apresentar as práticas de responsabilidade socioambiental rumo ao 
desenvolvimento sustentável;
 Abordar o contexto atual sobre responsabilidade socioambiental e 
desenvolvimento sustentável.
 Responsabilidade 
socioambiental
 O nascimento do mundo 
globalizado e a questão 
socioambiental 
 A responsabilidade 
socioambiental como 
compromisso da modernidade
 A responsabilidade 
socioambiental governamental, 
cidadã e empresarial
 Aspectos legais
 Leis socioambientais 
brasileiras
 A responsabilidade 
socioambiental além das 
exigências legais 
 Desenvolvimento sustentável
 Ações globais rumo ao 
desenvolvimento sustentável
 As três dimensões da 
sustentabilidade
 Debates mundiais
 Agenda 21
 Agenda 2030
 Contexto atual
 Ecoeficiência
 Os 7 R’s da sustentabilidade
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 42
SER_ADM_RESSOC_UNID2.indd 42 11/11/2020 18:45:36
Responsabilidade socioambiental
Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos 
processos naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços tecnológicos e 
crescimento econômico foram obtidos. Com o aprimoramento tecnológico e 
inúmeras descobertas em todas as áreas do conhecimento, passamos a con-
trolar os elementos da natureza e a aumentar sua capacidade de produção. 
Muitos desses avanços visaram à produção e o consumo sem avaliar questões 
de risco ambiental e social.
O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento 
pela demanda por combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou em 
um fl uxo enérgico desequilibrado ecossistemicamente. Há muitos anos esta-
mos sendo alertados sobre a insustentabilidade dos hábitos de consumo re-
sultantes da economia capitalista. 
Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e conec-
tadas. Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que padrões de 
consumo adotados em escala mundial resultam em perdas progressivas de 
características geográfi cas, regionais e culturais, bem como na contaminação 
ambiental, que resulta em perda de diversidade de fauna e fl ora. 
Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade socioambien-
tal.Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2020), a responsabilidade so-
cioambiental está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e políticas 
que tenham entre seus principais objetivos a sustentabilidade. Responsabi-
lidade socioambiental também pode ser compreendida como um conjunto 
de práticas exercidas por cidadãos, governos e empresas públicas 
e privadas que têm por objetivo providenciarem a inclusão social 
(responsabilidade social) e o cuidado com o meio ambiente (res-
ponsabilidade ambiental).
Se de um lado temos observado diversas atividades que 
causam degradação socioambiental e colocam em risco a 
qualidade de vida e a sobrevivência das futuras gerações, 
do outro há diversas organizações se mobilizando para nos 
conscientizar da necessidade de mudança para que o plane-
ta Terra e a humanidade possam coexistir (Figura 1).
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 43
SER_ADM_RESSOC_UNID2.indd 43 11/11/2020 18:45:36
Figura 1. Mobilização popular enfatizando a necessidade de mudança para um perfi l responsável socioambientalmen-
te. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020.
O nascimento do mundo globalizado e a questão
socioambiental
Nos últimos 250 anos, os impactos causados pelas diversas mudanças de-
correntes do desenvolvimento industrial ainda não estão totalmente dese-
nhados e são debatidos por diversas organizações e meios de comunicação. 
Nos dias de hoje, podemos dizer que a máxima do desenvolvimento indus-
trial é a globalização. 
Para chegarmos ao mundo como conhecemos hoje, o mundo globalizado, 
alguns momentos históricos foram cruciais. A Revolução Industrial intensi-
fi cou o uso e a pressão sobre os recursos naturais renováveis e não reno-
váveis para atender à intensifi cação da produção industrial em escala. Com 
a maior demanda por trabalhadores nas indústrias e em busca de “uma vida 
melhor” – aos moldes capitalistas –, muitas pessoas saíram do campo para 
morar nas cidades, processo que culminou na urbanização. A revolução 
verde levou ao campo das tecnologias nunca vistas, permitindo incrementos 
anuais na produtividade de vegetais e carnes, comercializados para atender a 
demanda interna e externa das redes de mercado global.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 44
SER_ADM_RESSOC_UNID2.indd 44 11/11/2020 18:45:41
EXPLICANDO
Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior capaci-
dade de manutenção e não se esgotam facilmente, são exemplos: água, 
solo, matéria orgânica e vento. Os recursos naturais não renováveis são 
aqueles que se esgotam quando usados sem práticas sustentáveis e seu 
tempo de reposição não é comparado à cronologia de vida humana, são 
exemplos: petróleo, carvão mineral, gás natural, xisto betuminoso e ener-
gia nuclear. Com exceção à energia nuclear, todos os exemplos citados 
são de origem fóssil.
Estas transformações foram e são acompanhadas pelos impactos negativos 
ao meio ambiente e à perda de características sociais: há aumento das áreas 
desmatadas, da poluição atmosférica, do solo e hídrica, perda de biodiversida-
de, os produtos consumidos não são corretamente descartados, há aumento 
da desigualdade social, entre outros (Figura 2).
Figura 2. Poluição ambiental resultante da produção industrial. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. 
Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras ecoló-
gicas mundiais foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem exigindo con-
tinuamente modelos de produção de bens e serviços obtidos por meio de tec-
nologias que repensem questões de competitividade e que considerem formas 
de mitigação do impacto social e ambiental. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 45
SER_ADM_RESSOC_UNID2.indd 45 11/11/2020 18:45:49
A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos têm 
sobre o ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além da avaliação, 
ações de gestão que contribuam para o desenvolvimento ambiental e para o 
despertar da responsabilidade socioambiental devem ser propostas por gover-
nos, empresas e cidadãos.
A responsabilidade socioambiental como compromisso 
da modernidade
Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as ques-
tões ambientais. Comumente, ouvimos falar sobre responsabilidade socioam-
biental. Isso vem acontecendo porque o mundo moderno se deu conta de que 
os impactos dos nossos hábitos de produção e consumo não estão alinhados 
com o poder de resiliência do planeta, uma vez que seus recursos são limitados.
Por esse motivo, instituições públicas e privadas, organizações governa-
mentais e não governamentais têm se dedicado cada vez mais a programas 
de implementação de práticas socioambientais e de conscientização da popu-
lação. A ideia consiste em identifi car, eliminar ou, ao menos, reduzir o impacto 
negativo que uma determinada atividade possa causar.
EXEMPLIFICANDO
Diversas organizações governamentais e não governamentais se dedicam 
à causa socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir:
• Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA); 
• Agenda ambiental na administração pública;
• Instituto de pesquisas socioambientais (IPESA);
• Instituto socioambiental (ISA);
• Fundo casa socioambiental;
• Verdejar socioambiental;
• Instituto Ethos.
Uma vez que elas já existem e não se mostraram totalmente efetivas, as 
práticas de responsabilidade socioambiental vão além de Leis. Atualmente, os 
programas devem fomentar e inserir a responsabilidade socioambiental como 
um compromisso diário a ser adotado pela sociedade, de forma a garantir a 
existência de um mundo melhor para as futuras gerações. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 46
SER_ADM_RESSOC_UNID2.indd 46 11/11/2020 18:45:49
Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem 
ser adotadas a fim de inserir as práticas de responsabilidade socioam-
biental no dia a dia pessoal e profissional. Hoje, a sociedade sabe identifi-
car cidadãos, instituições, organizações e empresas que investem em po-
líticas e na cultura organizacional sustentável, posicionando-se de forma 
ética e responsável.
A responsabilidade socioambiental governamental, 
cidadã e empresarial 
Todos são responsáveis pela elaboração, difusão e aplicação das práticas 
de responsabilidade socioambiental; entre seus agentes, estão os governos, as 
cidades e as empresas.
O governo atua na pauta socioambiental, formulando leis e ações de cons-
cientização que atingem a sociedade civil e empresarial. Para que os cidadãos 
se tornem cientes, possam exigir e exercer a responsabilidade socioambiental, 
o governo deve encontrar meios para que as políticas públicas estejam próxi-
mas dos cidadãos, divulgando-as nos meios de comunicação e redes sociais, 
adequando currículos escolares e fi nanciando instituições de pesquisa. Além 
disso, a gestão socioambiental deve ouvir os cidadãos por meio de seus repre-
sentantes municipais e estaduais, bem como a iniciativa privada e as organiza-
ções não governamentais. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e 
suas esferas são responsáveis pelo desenvolvimento de políticas públicas que 
tenham como objetivo promover a produção e o consumo sustentáveis. Além 
disso, também é responsabilidade do governo promover o crescimento do País 
adotando práticas de desenvolvimento sustentável, ou seja, grandes obras de 
interesse social devem fazer uso de práticas sustentáveis e serem baseadas em 
estudos de impacto ambiental. 
As cidades e seus cidadãos têm o compromisso de exercer as práticas 
de responsabilidade socioambiental. Para isso, como mostra o Quadro 1, 
existem diversas ações que podem ser adotadas no nosso dia a dia. De-
vemos exigir dos governantes, políticas que fomentem tal temática e dar 
preferência ao consumo de produtos e serviços de empresas atuantes na 
causa socioambiental.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 47
SER_ADM_RESSOC_UNID2.indd 47 11/11/2020 18:45:49
Quando nos colocamos como agentes ativos das práticas de responsabili-

Outros materiais