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Tiago Zanquêta de Souza
Carlos Messias Pimenta
Gustavo Silva Araújo
Natálya Dayrell de Carvalho
Therbio Felipe Moraes Cezar
Valter Machado da Fonseca
Educação socioambiental 
© 2011 by Universidade de Uberaba
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Universidade de Uberaba.
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Pró-Reitora de Ensino Superior:
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Pró-Reitor de Logística para Educação a Distância:
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Assessoria Técnica:
Ymiracy N. Sousa Polak
Produção de Material Didático:
• Comissão Central de Produção
• Subcomissão de Produção
Editoração:
Supervisão de Editoração
Equipe de Diagramação e Arte
Capa:
Toninho Cartoon
Edição:
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE
 Educação socioambiental / Tiago Zanquêta de Souza ... [et al.]. - 
E84 Uberaba: Universidade de Uberaba, 2011. 
 224 p.: il. 
 ISBN 978-85-7777-415-9
 
 1. Educação ambiental. 2. Gestão do conhecimento. 3. Gestão 
 ambiental. I. Souza, Tiago Zanquêta de. II. Pimenta, Carlos Messias. III. 
 Araújo, Gustavo Silva. IV. Carvalho, Natálya Dayrell de. V. Cezar, 
 Therbio Felipe Moraes. VI. Fonseca, Valter Machado da. VII. Título. 
 
 CDD: 304.2
Tiago Zanquêta de Souza 
Especialista em Docência do Ensino Superior. Especialista em Gestão 
Ambiental. Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade de 
Uberaba (Uniube). Habilitado em magistério para os anos iniciais do 
Ensino Fundamental. Professor da Universidade de Uberaba. Professor 
de Biologia no Ensino Médio da rede privada de ensino de Uberaba.
Carlos Messias Pimenta
Especialista em Administração Rural pela Universidade Federal de 
Lavras. Graduado em Direito pela Universidade de Uberaba (Uniube) e 
em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras. Professor 
da Universidade de Uberaba, com experiência na área de Ciências 
Ambientais.
Gustavo Silva Araújo
Graduado em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, 
Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (2005). Consultor Ambiental e 
Diretor de Controle Ambiental da Prefeitura Municipal de Uberaba. 
Natálya Dayrell de Carvalho
Licenciada em Geografia pela (UNESP) Universidade Estadual Paulista 
(Campus de Presidente Prudente), em 2007. Estagiária no (PJCAN)
Projeto Jovem Cidadão Amigo da Natureza pelo Instituto BioMA 
(Associação de Preservação do Meio Ambiente Natural e Melhoria de 
Qualidade de Vida), no ano de 2006. 
Sobre os autores
Therbio Felipe Moraes Cezar
Especialista em Educação Ambiental na modalidade a distância pelo 
SENAC-BH. Bacharel em Turismo. (Gestão hoteleira) pela Universidade 
do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Tecnólogo em Hotelaria pelo Centro 
Superior de Estudos em Hotelaria e Turismo – Florianópolis, SC.
Valter Machado da Fonseca
Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade 
Federal de Uberlândia (FACED/UFU). Licenciado em Geografia pela 
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Técnico em Mineração pela 
Escola Técnica Federal de Ouro Preto, MG. Docente da Universidade de 
Uberaba (Uniube). 
Sumário
Apresentação ............................................................................................................. VII
Capítulo 1 Gestão do conhecimento com o indivíduo e com os 
outros ................................................................................... 1
1.1 Diferentes visões acerca dos atos de conhecer, gerar e gerir conhecimento .........6
1.1.1 Aspectos fundamentais: conhecimento ..........................................................6
1.1.2 Reflitamos juntos essa proposição de paradoxos ..........................................9
1.1.3 Dando um exemplo de conhecimento tácito ................................................11
1.2 A gestão do conhecimento e o processo inter-relacional sujeito-objeto-
-contexto .................................................................................................................27
1.3 A relação entre a gestão do conhecimento e a geração de inteligências 
coletivas ..................................................................................................................37
Capítulo 2 A relação sociedade e natureza: contradições, desafios e 
possibilidades .................................................................... 55
2.1 O Homem e o ambiente ..........................................................................................57
2.2 O tempo da sociedade e o tempo da natureza ......................................................64
2.3 A história da sociedade e da natureza: buscando o entendimento dessa 
dualidade relacional.................................................................................................66
2.4 Contradições e desafios da relação sociedade e natureza e suas relações 
com trabalho, capital e a indústria ..........................................................................70
2.5 Como a relação da sociedade com a natureza resulta na produção do espaço 
geográfico ................................................................................................................76
2.6 A cultura como resultado da relação homem-natureza ..........................................80
2.7 A busca por um ponto de equilíbrio entre natureza e sociedade ...........................82
Capítulo 3 Instrumentos e ferramentas de gestão ambiental ............. 95
3.1 Estudos de impacto ambiental como instrumento de planejamento .....................97
3.2 Origens e evolução da avaliação de impacto ambiental ......................................101
3.2.1 Avaliações de impacto ambiental no Brasil ................................................105
3.3 Como é elaborado um EIA/RIMA .........................................................................107
3.3.1 Descrição do projeto ...................................................................................108
3.3.2 Caracterização das áreas de influência ......................................................109
3.3.3 Tópicos a serem abordados na determinação das áreas de influência ..... 111
3.3.4 Métodos de avaliação de impactos ambientais ..........................................113
3.3.5 Prevenção, atenuação, potencialização e compensação instalação .........119
3.3.6 Monitoramento ............................................................................................121
3.4 Avaliações de impactos ambientais em áreas urbanas .......................................123
3.4.1 Participação social ......................................................................................126
3.5 Conclusão .............................................................................................................129
Capítulo 4 Gestão de resíduos: uma atividade de gestão ambiental 137
4.1 Resíduos Sólidos Industriais (RSI) .......................................................................139
4.1.1 Resíduos Sólidos Urbanos e Industriais (RSI) ...........................................142
4.2 Emissões gasosas ................................................................................................147
4.3 Resíduos rurais: destino e tratamento ..................................................................151
4.3.1 Destino de embalagens vazias de agrotóxicos ..........................................151
4.3.2 Resíduos vegetais.......................................................................................156
4.4 Técnicas de disposição final e tratamento de resíduos urbanos e industriais .....159
Capítulo 5 Atores da educação socioambiental: políticas públicas, 
ONGs e o município educador ......................................... 171
5.1 A importância das políticas públicas na educação socioambiental......................172
5.1.1 O retorno das políticas públicas inclusivas .................................................173
5.1.2 O governo, as políticas públicas e as comunidades ..................................173
5.2 As políticas públicas e a educação .......................................................................175
5.2.1 A educação como suporte na reconquista dos valores perdidos ...............176
5.3 As políticas públicas e as temáticas ambientais ..................................................178
5.4 Os problemas ambientais urbanos .......................................................................179
5.4.1 Os problemas ambientais e as políticas públicas .......................................182
5.5 As Organizações Não Governamentais (ONGs) ..................................................184
5.5.1 As ONGs e a captação de recursos financeiros .........................................185
5.5.2 Onde atuam as ONGs? ..............................................................................187
5.6 O papel do município educador ............................................................................188
5.6.1 Exemplos práticos: analisando casos localizados ......................................189
5.7 Amarrando o tema: refletir, atuar e... agir!!! ..........................................................195
5.8 Conclusão .............................................................................................................196
Capítulo 6 Os mecanismos da legislação ambiental ........................ 227
6.1 Histórico e evolução da legislação ambiental ......................................................228
6.2 Bens ambientais protegidos .................................................................................233
6.2.1 O que é competência? ................................................................................234
6.2.2 Competência para elaboração de leis ambientais......................................237
6.3 Legislações ambientais ........................................................................................240
6.3.1 O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) ..................................246
6.3.2 Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) ..................247
Prezado(a) aluno(a).
É com satisfação que apresentamos a você o livro Educação Socioam-
biental. Esse livro foi dividido em seis capítulos que tratam com dinamis-
mo e senso crítico de temas arrolados às questões ambientais e suas 
relações com a sociedade contemporânea e as práticas cotidianas dos 
seres humanos. Tais relações são também apresentadas nesse livro 
com ênfase nas práticas pedagógicas, e suas consequências para os 
ecossistemas e para a própria qualidade de vida do ser humano. 
Nesse livro, os capítulos serão distribuídos seguindo a sequência 
apresentada a seguir:
• Gestão do conhecimento com o indivíduo e com os outros;
• A relação sociedade e natureza: contradições, desafios e possibili-
dades; 
• Instrumentos e ferramentas de gestão ambiental;
• Gestão de resíduos: uma atividade de gestão ambiental;
• Atores da educação socioambiental: políticas públicas, ONGs e o 
município educador;
• Os mecanismos da legislação ambiental. 
No primeiro capítulo, trataremos do tema Gestão do Conhecimento, que 
também intitula o capítulo. Tais estudos nos levarão a refletir sobremaneira 
a respeito das relações entre a geração de informação, a comunicação, 
a linguagem e o desenvolvimento das habilidades humanas, no tempo 
e no espaço, dentro de uma odisseia denominada Conhecer e Gerir 
Apresentação
VIII UNIUBE
Conhecimento. Dentro desse capítulo, será apresentado um conjunto 
teórico cujo objetivo é mostrar, não a uniformidade, porém, a unicidade 
presente na diversidade de entendimentos e perspectivas acerca do tema 
Conhecimento, bem como trazer à tona uma revisão conceitual acessória. 
Além disso, parte do capítulo propõe uma apresentação da Gestão 
do Conhecimento associada às individualidades, às particularidades 
presentes na relação sujeito-objeto, dentro do processo ininterrupto e 
cíclico de conhecer, gerar e gerir conhecimento. Por último, sugere-se 
com o estudo desse capítulo, estabelecer algumas relações da Gestão do 
Conhecimento nas organizações ou grupos, sob a forma de construção 
de inteligências coletivas.
No Capítulo 2, visamos o entendimento da relação sociedade e nature-
za em suas várias formas. Exploraremos os conceitos e os entendi-
mentos básicos e depois contextualizaremos para a contemporanei-
dade, buscaremos entender primeiramente a relação que a sociedade 
desenvolve com a natureza, como a natureza se define e como ela é 
entendida pelo seres humanos. Além disso, este capítulo apresenta como 
fundamento de estudo a relação entre a sociedade e o ambiente em 
que ela vive. Aborda questões sobre como se dá esta relação e quais 
as consequências da forma em que essa relação tem sido estabelecida 
e conduzida. Enfim, o tema explorado no capítulo 2 é importante para 
toda a sociedade e essencial aos geógrafos. Aqui buscamos entender 
o contexto histórico da relação da sociedade com a natureza e como 
chegamos hoje ao quadro considerado de crise ambiental.
No Capítulo 3, traremos uma abordagem acerca das ferramentas de 
controle ambiental estabelecidas pela Política Nacional de Meio Ambiente 
no Brasil, vinculadas às novas perspectivas socioambientais. Por meio do 
estudo desse capítulo, será possível entender melhor as fases de realiza-
ção de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) elaborado multidiscipli-
narmente, além de discussões sobre a origem dos estudos ambientais e 
 UNIUBE IX
os níveis de planejamento que os norteiam. Além disso, nesse capítulo, 
serão estudados também os procedimentos para realização do diagnós-
tico ambiental com base nos indicadores de qualidade do ambiente e as 
fases de planejamento de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Dessa 
forma, o assunto abordado no capítulo 3 é de suma importância aos 
estudantes porque delineia uma das possibilidades de atuação enquanto 
profissionais da geografia. Este aspecto leva os futuros profissionais a 
entenderem a legislação ambiental enquanto norteadora do processo 
democrático que induz ao desenvolvimento sustentável.
No Capítulo 4, vamos estudar a gestão de resíduos, na expectativa 
de contribuir para sua melhor atuação no mercado de trabalho, frente 
ao controle da poluição, agente transformador do meio ambiente. 
Nessa perspectiva, o capítulo abordará com detalhes assuntos como 
a devastação dos recursos naturais e a urbanização poluidora, que se 
seguiu à Revolução Industrial a partir do século XVIII. Será também 
estudado, nesse capítulo, o desenvolvimento tecnológico, nas sociedades 
capitalistas, que dão origem a diversos resíduos com as novas 
atividades do consumo humano. Tais estudos serão essenciais para o 
desenvolvimento social e econômico e para uma melhor qualidade de 
vida para os seres humanos e, consequentemente, para os ecossistemas.
O Capítulo 5 é de fundamental relevância para formação docente, pois, 
trata de um conteúdo ligado à sua prática pedagógica. Neste capítulo, 
apresentamos-lhe os principais atores ligados às políticas que interferem, 
diretamente, no estudo e na pesquisa das práticas com os conteúdos 
ambientais, por intermédio da educação socioambiental.
Compreender os atores e os diversos aspectos que compõem os princí-
pios da educação socioambiental é perceber a importância dos aspectos 
e elementos ligados ao ambiente e, consequentemente, às práticas didáti-
co-pedagógicas no ensino de Geografia.Da mesma forma, compreender 
os papéis desses atores significa realçar também as necessidades e os 
X UNIUBE
desafios que nós, educadores da área do ensino de Geografia, teremos 
que enfrentar para superar os obstáculos presentes nesta relevante área 
do conhecimento científico.
Além disso, neste capítulo, analisamos os conceitos, os papéis e as 
responsabilidades inerentes às ONGs, às políticas públicas municipais, 
bem como ao conjunto de elementos que interferem direta ou indireta-
mente nas políticas ligadas à educação socioambiental. Portanto, este 
capítulo exige um reexame de nossas atitudes e de nossas responsa-
bilidades no trato das práticas pedagógicas ligadas às ações que se 
relacionam com a educação socioambiental. 
Por fim, o capítulo 6 será dedicado exclusivamente à legislação ambiental, 
em que você conhecerá as principais leis, decretos e normas complemen-
tares referentes ao meio ambiente e sua aplicabilidade. Desta forma, você 
deverá conhecer, a partir desse capítulo, as peculiaridades da legislação 
ambiental e outras normas aplicadas ao setor, pois esse conhecimento 
poderá fazer a diferença entre estar no mercado de forma competitiva 
ou aguardar uma próxima oportunidade, que pode demorar, ou mesmo, 
não acontecer. Assim, ao estudar o assunto abordado no capítulo 6, você 
estará apto a julgar, criticar e fazer cumprir as legislações em vigor, para 
um efetivo funcionamento do Sistema de Gestão Ambiental.
Lembramos que o conteúdo do livro será estudado no componente 
Educação Socioambiental do curso de Licenciatura em Geografia da 
Universidade de Uberaba (Uniube), respectivamente nas etapas cinco 
e seis.
Esperamos que esse livro lhe dê subsídio para a pesquisa e reflexão 
sobre a Educação Socioambiental. Contudo, não se restrinja a esta 
leitura. Pesquise sobre o tema em outros veículos de comunicação e 
faça a diferença!
Bons estudos.
Therbio Felipe Moraes Cezar
Introdução
Gestão do conhecimento 
com o indivíduo e 
com os outros
Capítulo
1
Prezados(as) alunos(as).
Seguindo com nossos estudos dentro de uma perspectiva socioam-
biental, vamos buscar desenvolver algumas reflexões acerca de um 
dos temas mais presentes nas discussões do mundo organizacio-
nal; nas esferas do poder entre governos e governantes; na lógica 
de mercado que produz, a cada momento, mais consumidores; nos 
estudos acadêmicos em diferentes campos do saber, e ainda, nas 
cotidianidades dos grupos sociais, sejam eles formais ou informais.
 
Por cotidianidades, entende-se o conjunto de contextos, distintos e 
complexos ao mesmo tempo, que se convertem em um espaço ou 
território com características próprias, mas sempre dizem respeito 
ao mesmo indivíduo ou a um mesmo grupo de indivíduos. Então, 
eu sou um indivíduo que convivo em unicidade com outros indiví-
duos, seja no meu espaço doméstico, com meus familiares; seja 
no meu trabalho com meus colegas e clientes; seja na minha 
cidade, como pertencente a um grupo de cidadãos, ou ainda, no 
planeta, como parte da vida que o habita e que, ao mesmo tempo, 
pertence a ele. Todos estes espaços e indivíduos estão, de uma 
maneira ou de outra, inter-relacionados.
2 UNIUBE
O tema Gestão do Conhecimento nos leva a refletir sobremaneira a 
respeito das relações entre a geração de informação, a comunica-
ção, a linguagem e o desenvolvimento das habilidades humanas, no 
tempo e no espaço, dentro de uma odisseia denominada Conhecer 
e Gerir Conhecimento. 
A primeira parte de nosso capítulo á apresentará um breve conjunto 
teórico cujo principal objetivo é mostrar, não a uniformidade, porém, 
a unicidade presente na diversidade de entendimentos e perspec-
tivas acerca do tema Conhecimento, bem como trazer à tona uma 
revisão conceitual acessória.
A unicidade será entendida, nesse contexto, como a unidade na 
diversidade. Vejamos, o corpo humano é um organismo formado 
por inúmeras e diferentes partes, cada uma delas trabalhando 
em codependêcia e interdependência necessária à sobrevivência 
do organismo maior, ainda que mantenham suas características, 
formas e funções. A unidade de suas partes é garantida pela diversi-
dade das mesmas. Os grupos sociais também podem ser vistos 
desta forma, pois cada indivíduo tem suas características e funções 
próprias, formando com os demais o tecido social.
Na segunda parte do capítulo, propõe-se apresentar a Gestão do 
Conhecimento associada às individualidades, às particularidades 
presentes na relação sujeito-objeto, dentro do processo ininterrupto 
e cíclico de conhecer, gerar e gerir conhecimento.
Já na terceira e última parte, sugere-se estabelecer algumas 
relações da Gestão do Conhecimento nas organizações ou 
grupos, sob a forma de construção de inteligências coletivas. 
 UNIUBE 3
Busque pesquisar, de maneira ainda que superficial, como a Gestão 
do Conhecimento vem sendo traduzida a cada novo passo da história 
do hoje, nas empresas e/ou nas famílias, nas grandes corporações 
dos países desenvolvidos ou nas cooperativas de trabalho e renda à 
beira dos rios, pelo mundo, por exemplo. 
Você irá notar que a Gestão do Conhecimento está gravada na 
tecnologia, nas vantagens competitivas entre as empresas, nos 
produtos e serviços; ela dita a moda que entra e a moda que sai; 
importa valores de culturas distantes, refaz os modos de produção, 
move os mercados.
PESQUISANDO
Os dados, os fatos, os acontecimentos, as mudanças de opinião, as 
descobertas, as imagens e seus significados; as falas, os falares, 
os cantos e os cantares, a música, a fotografia, um símbolo ou um 
sinal rupestre; uma nova teoria ou uma nova síntese, uma ideia que 
desbanque a anterior, um pensamento externado, uma poesia, uma 
mágica, uma técnica aprimorada ou descartada, ou ainda, outro 
paradigma; uma rede de relações, uma hipótese comprovada, um 
enigma desvendado, um segredo revelado, um mistério desmisti-
ficado. Enfim, tudo o que é gerado pelo homem ou dele resulta é 
conhecimento!
Vale salientar que não é nossa intenção resumir, suprimir ou 
condensar a teoria que sustenta o conceito de Gestão do Conheci-
mento. Ao contrário, buscamos elaborar uma reflexão a partir das 
nossas inferências baseadas em determinados autores e tentar, 
ao fim, dialogar com a cotidianidade, ao estabelecer relações entre 
o conhecer, a gestão do conhecimento e o impacto destes na vida 
de indivíduos e grupos.
4 UNIUBE
Consideremos interferência como as maneiras particulares de 
concluir sobre alguma coisa, de chegar à conclusão pelo raciocínio. 
Muitas vezes, a inferência é uma associação que fazemos, reunindo 
dados aleatórios e chegando a uma síntese, a um entendimento.
Como será percebido a seguir, a linha de condução deste conteú-
do se estabelece, inicialmente, sob a forma conceitual, para, em 
seguida, tornar-se um tanto mais reflexiva, o que irá sugerir a 
você, aluno(a), retomar cada parte dos capítulos anteriores, revisi-
tar seus estudos, além de permitir que os saberes apreendidos 
anteriormente sejam revitalizados por novas reflexões.
Tomando-se a Figura 1, a seguir, como ilustração, pretende-se que este 
estudo sobre o conhecimento possa ser, metaforicamente, como um 
“rio”. O “rio” é o mesmo, mas as “águas” são sempre diferentes. Reflita 
sobre o que expomos a seguir, observando, ao mesmo tempo, a figura.
IMPORTANTE!
Por vezes, tentamos conter o rio, mas a força e natureza de suas 
águas permitem que ele corra por novos caminhos, que ele mude 
de curso, singre por entre as pedras e árvores, e se manifeste 
além de nossos olhares com maior vigor e beleza.
Por onde passa, o rio deixa marcas, transforma a paisagem, sulca 
a terra e a torna mais profícua; traz nutrientes de outras paragens, 
até mesmo troncos antes fixos em suas margens, além de peixes 
para a próxima piracema.
A natureza do rio é feita de se deixar fluir, ele não faz uso de força 
para ser assim. Da mesma maneira, a natureza das aves é feita 
 UNIUBE 5
de voar e a dos peixes, nadar, ou seja, não há sofrimento para 
fazê-lo. A naturezado ser humano é feita de questionar e buscar 
respostas. Ainda assim, sempre está presente o esforço por saber 
mais e melhor que outrora.
A proposta do “rio”, na Figura 1, irá acompanhar nossos argumen-
tos até o final deste capítulo.
Figura 1: “Nosso Rio” – Represa em Sacramento – MG.
Ao término dos estudos propostos neste capítulo, esperamos que 
você seja capaz de:
• reconhecer os diferentes conceitos e posicionamentos afetos 
à gestão do conhecimento;
• apontar fatores relacionados à informação e à produção do 
conhecimento no âmbito do indivíduo e dos grupos;
• relacionar a noção de gestão do conhecimento às parcelas 
ou fragmentos do universo das organizações.
Objetivos
6 UNIUBE
Esquema
1a Parte do Capítulo: 
Revisão conceitual e 
apresentação de diferentes 
visões acerca dos atos 
de conhecer, gerar e 
gerir conhecimento.
2a Parte do Capítulo: 
A Gestão do 
Conhecimento e o 
processo interrelacional 
sujeito-objeto-contexto.
3a Parte do Capítulo: A 
relação entre a Gestão 
do Conhecimento 
e a geração de 
inteligências coletivas.
Diferentes visões acerca dos atos de conhecer, gerar e 
gerir conhecimento
1.1
1.1.1 Aspectos fundamentais: conhecimento
Ao dar início ao embasamento deste capítulo, é interessante abordar 
sobre o ato de conhecer, que, na maioria das opiniões dos teóricos e na 
nossa, particularmente, nasce do ato de questionar. 
Vemos, ao revisitar mentalmente a história da humanidade, que mais do 
que de respostas, este é um mundo de perguntas. Antes de parecer algo 
que demonstre debilidade, a incerteza faz parte da vida, por essência.
Sendo assim, podemos verificar que o que possivelmente tem mais valor, 
em toda a evolução e revoluções do pensamento humano, científico ou 
 UNIUBE 7
Laico 
O mesmo que leigo, 
amador, algumas 
vezes referindo-se 
a conhecimentos 
anteriores, outras 
vezes a conhecimentos 
religiosos. Todo leigo 
(ou laico) conhece 
por experiência, não 
por teoria ou método 
científico. Sabe apenas 
porque experimenta, 
mas não quer dizer 
que este conhecimento 
seja inválido, não 
sério, menor ou menos 
importante.
laico, é formular questões que desencadeiem 
um sem-número de hipóteses, comparações, 
reflexões, associações, teorias, formações de 
paradigmas, fórmulas, modelos, métodos, antíte-
ses, sínteses e, por que não dizer, respostas. 
Mais do que qualquer outra forma de expressão, 
o homem inquire, questiona, indaga. Quando 
crianças, a formação do que vamos aprenden-
do, com o passar das experiências, quase 
sempre começa com uma pergunta. Quando 
nos explicavam o significado ou a razão de ser 
de algo, invariavelmente, nossa pergunta era: 
“mas, por quê?”
E a cada nova pergunta, uma nova resposta era atribuída contendo mais 
informações, mais dados que, por inferência, reuníamos, de forma a 
constituir nosso conhecimento sobre o mundo que nos cercava e com o 
qual nos relacionávamos.
O conhecimento é inerente à natureza humana e à condição de observa-
dores do mundo e de si mesmo. Observadores do mundo que incluem 
tais conhecimentos, ainda que sejam produzidos por eles mesmos. 
Somos, enquanto humanos, seres de perguntas... Como se houvesse um 
vazio incomensurável (Algo que não pode ser medido, que é impossível 
mensurar, às vezes, por ser algo imensamente grande ou infinitamente 
pequeno) a ser preenchido desde o momento em que abrimos os olhos, 
ao nascer. Há certa avidez por preencher-se e por preencher o mundo que 
criamos a partir de nós mesmos, a cada segundo, com os outros.
IMPORTANTE!
8 UNIUBE
O homem busca explicações que o levem a sanar parte de sua ignorância 
(não saber), ainda que momentaneamente. Esta “incapacidade” de saber 
sobre tudo ou sobre todas as coisas, de deter-se do conhecer, pode ser 
considerada como uma das maiores incógnitas presentes na história da 
humanidade, já que é notório que o homem não possui a capacidade de 
conhecer tudo e sobre tudo, porque a cada momento, ele interage com 
o meio e com os demais, modificando-os e a si mesmo, o que faz com 
que sempre existam mais coisas a conhecer.
Vamos fazer uma rápida visita ao que todos sabemos, ao que já conhece-
mos. Em nossa história ancestral, passamos de coletores a caçadores 
(período paleolítico), de nômades a domesticadores de animais, cultua-
mos e cultivamos a terra (25.000 a 15.000 a.C.), a subjugamos aos nossos 
interesses, caprichos e desejos; modificamos a forma das coisas, transfor-
mamos um material em outro (derretimento de minério em metal, areia em 
vidro, água em vapor...), adaptamo-nos ao meio ao passo que o reconce-
bemos (aldeias, vilas, cidades, metrópoles); reconfiguramos os nossos 
fazeres buscando melhorar em tudo, aprimorando os procedimentos e a 
nós mesmos (civilização).
EXEMPLIFICANDO!
Perceba que em poucas linhas, quase toda a existência humana passou 
à frente de nossos olhos. Vamos adiante.
Criamos a técnica, pela repetição e pela inventividade. Criamos o método 
(e dele, a ciência), pela recriação e interpretação da pergunta “como”. 
Manifestamos nossos anseios sob a forma de sinais, debruçados sobre a 
textura rude de pedras e madeiras em meio às noites frias na floresta; e a 
insegurança, naquele momento, de não saber, permitiu que as sombras 
dos vultos bailantes, projetadas nas paredes dos abrigos, fizessem nossa 
imaginação fluir. 
 UNIUBE 9
Sim, caro(a) aluno(a). Boa parte do que conhece-
mos vem do que imaginamos sobre um determi-
nado objeto e contexto de nossa curiosidade. 
Ao imaginarmos um objeto (coisa, pessoa, 
sentimento, pensamento...) refletimos sobre ele 
e resgatamos um conjunto de informações de 
que dispomos acerca dele e acerca do mundo 
do qual, nós e o objeto, fazemos parte. É como 
se ativássemos o repertório de informações que 
gravamos em nossas mentes, selecionando-as 
conforme a necessidade de uso.
Dessa forma, entendemos e assimilamos o mundo. E o refazemos a cada 
novo pensar, a cada novo conhecer.
Ao perceber este mundo das coisas, do qual também fazemos parte, 
aprendemos, muitas vezes, por dedução, que o que sabemos sempre 
será, em paradoxo, muito e insuficiente ao mesmo tempo.
1.1.2 Reflitamos juntos essa proposição de paradoxos
Quando descobrimos, cobrimos. Quando desvendamos, escondemos. 
Ocultamos, por vezes, os caminhos que nos levaram a chegar às nossas 
concepções, incertas, em sua grande parte. Inventamos. Erramos. 
Refizemos. Assim como nosso “rio”, na Figura 2.
Paradoxo
Pode ser entendido 
como um contrasenso, 
uma contradição. 
Porém, vale dizer que 
há uma relação interna 
que admite que a 
contradição seja, em 
virtude, necessária, e 
ainda que pareça falsa, 
quer desvendar uma 
verdade. Parafraseando 
o célebre poeta lisboeta 
Fernando Pessoa, 
paradoxo é o mesmo 
que tentar falhar e 
conseguir.
10 UNIUBE
Figura 2: Nosso “rio” – Rio das Velhas – 
Desemboque, MG.
O “rio” se permite ‘recomeçar’ toda vez que toma uma curva, toda vez 
que supera uma pedra, a todo o momento em que um novo aspecto do 
relevo se mostra ou se revela. O relevo molda o rio e o rio molda o relevo. 
Um e outro se complementam, se refazem, se ressignificam.
Assim é o conhecimento e o homem. O homem molda, refaz, ressignifica 
o que conhece, e, por isso, o que conhece faz do homem diferente, 
melhor, mais capaz, mais apto.
É como se o inventor se reinventasse através da criatura. Quanto mais 
descobrimos o mundo, mais este mundo faz com que descubramos 
novas capacidades de interpretá-lo e a nós mesmos.
Ao fazer, como orientam os cientistas chilenos Maturana e Varela, o ser 
humano chega a um novo fazer, e, desta maneira, faz nascer “um mundo”.
 UNIUBE 11
Segundo eles, querer conhecer se constitui no 
“círculo cognitivo que caracteriza o nosso ser, num 
processo cuja realização está imersa no modo de 
ser autônomo do ser vivo”(MATURANA ; VARELA, 
2001, p. 264.)
Associado ao ato de questionar deu-se o ato de testar, experimentar, 
averiguar. 
Ainda que de forma rude, o método “tentativa 
e erro”, possivelmente, pode ter sido uma das 
manifestaçõesmais remotas de organização do 
pensamento, ainda que de maneira tácita. 
Ao organizar o pensamento, organizou-se o conhecimento.
Esclarecendo, por conhecimento tácito, Melo orienta que pode ser 
entendido como o
resultado de experiências vividas pelo indivíduo como 
elemento observador de seu mundo em diversos 
cenários. Trata-se de um tipo de conhecimento incorpo-
rado ao seu ser que muitas vezes sequer tem consciên-
cia de sua existência. (MELO, 2003, p. 34.)
1.1.3 Dando um exemplo de conhecimento tácito
Todos nós conhecemos pessoas que, sem ter estudado ou lido a respeito 
de algo, o conhecem e o fazem com maestria, melhor que muitos 
especialistas. Minha avó materna, analfabeta, organizava a alimentação de 
toda a família, liderando a cozinha e a produção dos alimentos, na minha 
infância. Eu sempre me perguntava como ela conseguia saber a proporção 
exata de arroz, carne e feijão a ser cozida para o almoço de uma família 
de seis pessoas, se nem matemática ela havia estudado.
Cognitivo
Indica que se adquire 
ou se apreende 
conhecimento.
Tácita
Por inferência, sem 
o uso de palavras 
que a justifique, 
sem explicações 
de outros, de forma 
intuitiva.
12 UNIUBE
E como será que ela sabia que abafando tal alimento por cinco minutos 
com o fogo baixo, ele ficaria mais tenro e saboroso? No mínimo, pensava 
eu, precisaria saber um pouco de física e de química para chegar a tal 
resultado, mas não. E quando eu lhe perguntava como sabia que as 
coisas dariam certo na cozinha, ela me respondia, por detrás de seus 
óculos, lenço na cabeça, avental, pernas tortas e sorriso generoso, que 
simplesmente “sabia”.
Este “saber simplesmente”, sem explicações anteriores, sem um estudo 
formal sobre o tema, sem sequer saber que se sabe, isto é conhecimen-
to tácito. E ele, essencialmente, nasce da capacidade que todo o ser 
humano tem de perceber e relacionar dados, fatos, informações e, por 
fim, associá-los com o seu contexto e com seu imaginário.
Portanto, prezado(a) aluno(a), questionar sobre seu existir é um dos 
elementos determinantes do fazer humano, visto que, boa parte deste 
questionamento era e ainda é feito inconscientemente, como que por 
efeito ou resultado das próprias observações do contexto e de si mesmo. 
Ou seja, de forma tácita.
Indo um pouco mais além, saber que o fogo 
é quente, atribuir este significado ao elemen-
to ‘fogo’ e, a partir daí tentar dominá-lo, são 
fragmentos de um processo desencadeado pela 
curiosidade humana que, em essência, é tácita 
e empírica, ou seja, necessita da experiência 
para existir, e por ser incerta, gera mais vontade de conhecer. 
Então, reforçando: curiosidade, necessidade, oportunidade, incerteza, 
tudo isto está intimamente ligado com o nosso processo cognitivo, ou 
seja, nosso processo ininterrupto de conhecer.
Empírica 
Baseada na experiência, 
na vivência, na 
observação participante. 
Só se sabe que a laranja 
tem o gosto que tem 
porque se experimentou.
 UNIUBE 13
Esta inerência (Que é inerente, que está ligado de modo profundo, intima-
mente associado.) da curiosidade e do conhecer deu origem às ciências, 
às estratégias de guerra, aos métodos de obtenção do fogo, entre infinitos 
milhões de exemplos. Por esta fórmula de perguntar e buscar respostas 
chegou-se às matemáticas, às línguas, às tecnologias da informação, aos 
modos de comunicação, e porque não dizer, às religiões, artes e gastronomia.
PARADA PARA REFLEXÃO
Tomando este último aspecto como referên-
cia, entende-se que não seja interessante 
distinguir o conhecimento a partir de dicoto-
mias, visto que, para Gadotti (2000, p.193), o 
“sujeito e objeto do conhecimento não estão 
separados”.
Dicotomias
Divisão de um conceito 
em partes contrárias e, ao 
mesmo tempo, assessorias 
e inexoráveis, que não se 
pode separar, sem as quais 
o conceito não existiria, 
assim como a razão/
emoção; bem/mal; sujeito/
objeto; clareza/escuridão; 
pobreza/riqueza; teoria/
prática, entre tantos outros.
Pense um momento em como nosso mundo separa as coisas de forma 
dicotômica. Analise seu entorno, seu universo profissional ou pessoal, tente 
perceber onde se dão estas dicotomias, como se manifestam e se são 
bem-vindas, necessárias ou obsoletas.
AGORA É A SUA VEZ
Para auxiliar em sua reflexão, proponho o seguinte raciocínio. 
Razão, emoção e intuição são partes de um todo no ato de conhecer. Não 
se pode separar uma da outra, porque fazem parte da mesma unidade, 
chamada sentir. Por este motivo, o ato de conhecer também está 
intimamente ligado à subjetividade do ser humano e à sua manifestação 
14 UNIUBE
(epifania), quando se dá conta do significado ou do sentido do que faz, 
do que produz, do que conhece, do que descobre. 
Assim sendo, o conhecimento não está associado, tão somente, à 
equação do mundo de forma científica. Ver o mundo das coisas e as 
coisas do mundo por detrás de uma formulação metodológica e fria é 
como se tudo coubesse em uma régua, de maneira linear e uniforme.
Valho-me de um exemplo bastante particular.
Tenho por costume, degustar um bom vinho do Porto, sempre que se faz 
possível. Para qualquer outra pessoa, imagino, este hábito poderia ser 
compreendido por meio de inúmeras inferências, principalmente, se a 
observação vier de pessoas que não conhecem ou não gostam de vinho 
do Porto. 
Enquanto uso da razão, escolho o Porto por se tratar de um vinho licoroso 
e de personalidade, feito da fermentação tardia de uvas portuguesas (em 
sua maioria, da uva chamada Touriga Nacional), constituindo-se em um 
exemplar único da bebida considerada a mais sábia entre todas. 
Escolho também, ainda valendo-me da razão, o vinho do Porto por ser 
degustado em doses pequenas, porém, com determinada concentração 
de flavonoides e fenóis em sua composição, além de taninos habilmente 
amadurecidos quando este vinho segue por determinado tempo em barris 
de carvalho, nas caves da cidade do Porto. 
A razão me diz ainda que estas propriedades químico-físicas desta 
variedade de vinho dispõem a meu favor um arsenal de substâncias que 
auxiliam na eliminação de toxinas e radicais livres de meu corpo, além 
de proporcionar às minhas artérias a inexistência de gordura acumulada. 
 UNIUBE 15
Enquanto, porém, uso da emoção, ao saborear uma pequena copa 
deste vinho, sempre relembro os passeios que fiz por Gaia e pela cidade 
do Porto, das visitas às caves e adegas, além dos bons conselhos de 
enólogos e enófilos, a cada momento de degustação. Lembro do vento 
frio, das construções, do cheiro das vinhas e das caves, da cor da cidade 
e das vestes de meus anfitriões.
Ao usar da emoção, qualifico e me identifico com este vinho porque difere 
de todos os outros por tudo aquilo a que me remete, pela sensação de 
eternidade na suavidade e maciez de seu gosto. 
E, finalmente, ao usar da emoção, atribuo a este vinho uma sensação 
plena de memória, do que vivi e daquilo que ouvi sobre Portugal, terra 
da gente da minha terra, na qual ainda permaneço e retorno a cada novo 
degustar do vinho do Porto.
Por sua vez, quando valho-me da intuição, recorro a meu repertório de 
vida, aos conhecimentos acessórios sobre vinificação e viticultura, vou 
associando o paladar a aquilo ao qual este vinho me remete. Associo 
em minha imaginação, frutas vermelhas e um pouco de tabaco ao fundo, 
tento respirar fundo ao sorver cada gole, para que este gesto me avive 
os sentidos e me permita saber mais sobre o que sinto, além de sentir 
mais sobre o que vou sabendo a cada segundo.
O conhecimento, portanto, como já vimos, necessita do brilho de uma 
ideia luminosa, que sempre vai olhar os fatos, dados e informações, de 
forma diferente, intuitiva, plena de inferências. 
O que fazemos com o uso da ciência é justificar o mundo que vamos 
conhecendo de forma objetiva. Concluindo o raciocínio, o conhecimento 
está presente, sem dúvida alguma, no processo cultural do ser humano 
em sociedade, tácita e empiricamente, lembra?
16 UNIUBE
Então, pode-se destacar que todo o serhumano evolui porque conhece, 
ou seja, porque a partir de suas capacidades de questionar, armazenar, 
interpretar, comparar, deduzir, inferir, relacionar e discernir, entre tantas 
outras, torna possível a transcendência entre o não saber e o saber.
PARADA OBRIGATÓRIA
Em algumas bibliografias as palavras ‘saber’ e ‘conhecimento’ são 
tomadas como equivalentes.
Vamos aprofundar um pouco mais sobre esta palavra, conhecimento. 
De origem latina, a palavra conhecimento pode significar compreen-
são, maneira de reunir e organizar informações sobre uma realidade 
ou parcela dela mesma. O que torna possível a definição do conheci-
mento são as condições que o possibilitam, as quais se denominam de 
componentes do conhecer: o cognoscente, o cognoscível e o contexto. 
Por cognoscente (do latim vulgar cognoscens) entende-se o sujeito 
observador que tem a capacidade / habilidade de conhecer. Já, por cognos-
cível (do latim vulgar cognoscibilis) entende-se o objeto observado, sobre 
o qual é possível distinguir, elaborar, analisar, perceber, enfim, conhecer.
Portanto, o longo processo de acúmulo de informações vivido pela 
humanidade, em toda a sua história, foi e é determinado pela relação 
entre o cognoscente, o cognoscível e o ambiente (contexto), ou seja, 
entre o indivíduo, a humanidade e o que a cerca. 
Então, o conhecimento é o resultado deste processo de interação, 
jamais finalizado, jamais concluído, jamais encerrado. E isto pode levar 
à incerteza, mas logo iremos concluir, como já fora proposto, que ela 
pode ser considerada como bem-vinda no processo de conhecer.
 UNIUBE 17
Sendo assim, caro(a) aluno(a), todo o conhecimento baseia-se nos resulta-
dos de nossa interação e em nossa própria existência, dos aspectos mais 
elementares até os mais insondáveis e profundos, e se estabelece no 
indivíduo e nos grupos sociais através de sua interação com o real, com o 
simbólico e com o complexo.
Morin (2005, p. 20), ao abordar sobre a possibilidade da incerteza 
decorrente da interpretação de quem observa, afirma que
o conhecimento, sob a forma de palavra, de ideia, de 
teoria, é o fruto de uma tradução/reconstrução por meio 
da linguagem e do pensamento e, por conseguinte, está 
sujeito ao erro. [...] Comporta a interpretação, o que 
introduz o risco do erro na subjetividade do conhecedor, 
de sua visão de mundo e de seus princípios de 
conhecimento.
 
Então, entende-se que o conhecimento não seja meramente uma reflexão 
do mundo externo, mas a interpretação particular deste mundo a partir 
dos olhares e da imaginação de quem o observa, ou seja, o observador, 
nós mesmos enquanto sujeitos.
É na forma de interação do observador com o seu mundo, neste compor-
tamento pleno de inferências, de comparações e constatações, de 
alternância de posições, que o homem faz e se refaz. Ao fazer, conhece, 
e ao conhecer, faz. 
Vamos avançando um pouco mais nos conceitos de nosso capítulo, sempre 
relembrando que esta parte sugere os fundamentos teóricos para adentrar-
-mos mais ainda em nosso estudo.
PARADA PARA REFLEXÃO
Sendo assim, vamos reconhecer agora o que se pode chamar de tomada 
de consciência. A palavra consciência aqui está associada ao ato de 
18 UNIUBE
dar-se conta, ter e estar cônscio. Diz respeito à condição de realidade, 
de existência do conhecer; em outras palavras, é quando o ser humano 
percebe que o que conhece é real.
Por exemplo, a cada nova transformação de dados em informações, 
destas últimas em resultados, a humanidade sobrevive e transcende suas 
realidades e possibilidades, convergindo para uma tomada de consci-
ência, ou seja, chegando até onde o homem sabe que sabe sobre si, e 
isto determina todo um mundo ao seu redor, toda uma possibilidade de 
existência.
Esse conjunto de possibilidades e realidades é chamado por Maturana; 
Varela, de tradição estrutural do conhecimento, e se estabelece a partir de 
tudo aquilo que o ser humano acumulou em sua história, além, é claro, da 
estrutura de pensamento enraizada em nossa tradição biológica comum. 
Para entender o que estes cientistas sugerem, os mesmos afirmam que 
[...] por causa de nossa herança biológica comum 
temos os fundamentos de um mundo comum, e não 
nos parece estranho que para todos os seres humanos 
o céu seja azul e que o sol nasça a cada dia. De nossas 
heranças linguísticas diferentes surgem todas as 
diferenças de mundos culturais, que como homens 
podemos viver e que, dentro dos limites biológicos, 
podem ser tão diversas quanto se queira. Todo 
conhecer humano pertence a um desses mundos e é 
sempre vivido numa tradição cultural. (MATURANA; 
VARELA, 2001, p. 265.)
Quando os autores sugerem que temos uma herança biológica comum, 
remetem à condição humana enquanto espécie evoluída, que pensa 
inteligentemente. 
E aqui não se está fazendo uma apologia à teoria evolucionista, mas 
sim, querendo dizer que, biologicamente, pensamos e sentimos com 
significado e sentido, e traduzimos isso de maneira cultural. 
 UNIUBE 19
Os demais seres não possuem este predicado, que chamo de ‘sentir 
sobre o que se sabe e saber sobre o que se sente’. Esta é uma condição 
humana garantida pela nossa herança biológica comum.
Não se esqueça!
Sendo assim, a realidade, natural ou artificial, recebe influências da tomada 
de consciência do homem a partir da qual ele cria e se recria, aprende e 
se reconhece, inventa e se reinventa, descobre e se redescobre. É o fazer 
humano que colabora para a reinvenção do que é ser (verbo) humano.
IMPORTANTE!
A cultura, por exemplo, vista através deste 
prisma, pode ser considerada como um 
conhecimento democrático debruçado sobre 
o fazer humano, sobre a própria natureza 
do conhecer, em cujo seio estão todas as 
manifestações da produção humana, no 
tempo cronológico e no tempo complexo.
A humanidade, portanto, é o resultado de si 
mesma, de seu próprio processo de conheci-
mento e realização. E não é estranho pensar 
que quanto mais o homem pensa no seu 
existir, mais pensa na condição de conhecer 
sobre si e sobre o mundo do qual é parte 
integrante e transformadora. Ele reúne para 
si o conhecer tácito e empírico, e desenvol-
ve maneiras cada vez mais elaboradas e 
sensíveis de manifestar o que conhece, 
explicitando perenemente o seu saber.
Tempo cronológico
Antropologicamente, designa 
o tempo histórico, dividido 
em partes mensuráveis como 
eras, séculos, décadas, anos, 
horas, minutos, segundos. 
É o tempo determinado por 
uma medida, que foi traduzido 
culturalmente, e difundido pelo 
mundo. O dia, em qualquer 
parte do planeta tem 24 horas, 
os minutos e segundos têm a 
mesma duração.
Tempo complexo
Antropologicamente e até 
mesmo na física quântica 
determina-se o tempo com 
significado, o tempo com 
sentido. Almoçar é um 
tempo complexo. Estudar é 
um tempo complexo. Viver 
é um tempo complexo. O 
tempo cronológico “24 horas” 
para um trabalhador e para 
um desempregado tem o 
mesmo significado. Porém, o 
tempo complexo “trabalho”, 
para ambos tem significado 
completamente diferente.
20 UNIUBE
Abordando-se, então, sobre o conhecimento explícito, por sua vez, 
pode-se entender como aquele resultante de “toda a carga de informação 
digerida e analisada por um indivíduo que, por meio de técnicas 
estruturadas, permite sua disseminação”. (MELO, 2003, p. 33). 
Desta maneira, este conhecimento é facilmente transmitido, pois sua 
interpretação está definida por um código de linguagem de domínio 
(sinais, símbolos, formas, sequências lógicas, dados...), sistematizado 
para fins de difusão. Assim são as técnicas, as metodologias, as 
linguagens, entre outras.
Esclarecendo um pouco mais sobre o que fora exposto anteriormente, 
tomemos o processo de digitação de dados. Ao contrário do que muitas 
pessoas ainda pensam, ele não começa com a invenção do computador, 
muito menos com a falência e descarte das máquinas de escrever, com 
o advento do mundo digital. Pensemos um pouco mais além. 
Ele inicia, possivelmente, com a invenção da escrita, pelos sumérios,um povo da Mesopotâmia, há cerca de 4.000 anos antes da Era Cristã. 
Apenas como registro e para que nossa imaginação flua um pouco mais, 
o nome mesopotamus significa ‘terra entre rios’, ou seja, entre os rios 
Tigre e Eufrates, onde hoje se encontram as nações do Irã e do Iraque.
Seguindo nossa viagem, das origens da escrita até o mundo digital, 
passamos pela invenção da grafia das letras enquanto símbolos com 
sentido e significado, codificados por e para um determinado povo; pela 
invenção dos números (até hoje, os números que usamos são chamados 
arábicos – 1234567890); pela formação dos alfabetos grego, romano e 
arábico, entre tantos outros; pelos primeiros manuscritos, primeiras gramáti-
cas, tratados e leis das línguas e idiomas; pela formação de vocabulários 
cada vez mais complexos e pela disseminação da língua falada e escrita 
associada a cada grupamento de indivíduos; até a invenção da imprensa, 
pelo alemão Johannes Gutemberg, em meados de 1455. 
 UNIUBE 21
A escrita, então, é um conhecimento explícito, é um código de linguagem 
de domínio, assim como a digitação que transfere dados de um teclado 
para um ambiente virtual informatizado, também o é. 
Este código de linguagem de domínio ou conhecimento explícito é usado 
e usa da informação para se manifestar.
Pare um pouco e revise o conteúdo trabalhado até o momento. Dialogue 
com pessoas do seu convívio a respeito das informações, dados e conceitos 
apresentados até esta parte do capítulo. Você irá perceber os diferentes 
argumentos e formas de conceber o mesmo tema, indicando que questio-
namento gera questionamento e conhecimento gera conhecimento.
IMPORTANTE!
Vale, agora, identificar melhor o conceito de informação, que, segundo 
Melo (2003), é o conjunto de elementos que podem ser reunidos ou não 
com o propósito de formar juízo sobre algo.
Para Drucker (1999, p. 22), porém, a informação é formada por “dados 
interpretados, dotados de relevância e propósito”. 
Este olhar remete à condição e capacidade de acúmulo de conhecimen-
tos dentro de organizações, com fins estratégicos, planejados estrutural-
mente, associados ao aumento de competitividade. 
Na escola, por exemplo, vemos isto claramente, pois a informação é 
repassada através dos professores que, sistemática e metodologicamen-
te, seguem e perseguem os objetivos propostos dentro de uma disciplina, 
de forma a cumular na experiência de aprendizado do aluno e no aprovei-
tamento dos conteúdos.
22 UNIUBE
Já, para Machlup (1983), a informação pode ser considerada como um 
meio, ou até mesmo, um material necessário para construir o conheci-
mento, afetando-o sobremaneira ao agregar novos dados.
Nota-se que, nos conceitos apresentados até agora, existe sempre uma 
tônica denominada ‘relação’, que determina o processo de associação 
dos dados e das informações como um processo de troca alternada, de 
transferência, de compartilhamento, de conexão e conectividade de tudo 
com tudo.
Por sua vez, a partir do contexto onde se utiliza 
a palavra ‘dado’, pode-se entender como “um 
conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos 
a eventos”. (DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p. 2).
Dados, são, portanto, a matéria-prima da informação, por vezes bruta, 
por vezes lapidada. 
Em escala, tem-se: 
Dados → informação → conhecimento.
Vamos utilizar mais uma vez, uma imagem, para 
traduzir estes conceitos de maneira a construir 
melhor a assimilação dos mesmos.
Quando imaginamos uma flor, a imaginamos 
de acordo com nosso repertório particular de 
imagens e significados relativos à palavra ‘flor’. 
Imaginamos uma flor, porém, cada qual a sua 
maneira. Ao imaginar a flor, atribuímos a ela um 
Contexto
Ambiente, campo. 
Observe que, como 
contexto também se 
inclui o sujeito, de forma 
relacional.
Repertório particular de 
imagens
Conjunto de imagens 
estabelecidas e gravadas 
por experiência de 
sentido. Ou seja, 
enquanto alguém não 
veio até nós para dizer 
que aquele objeto, 
aquela coisa observada 
era uma ‘flor’, não 
havia sentido nem na 
coisa nem na palavra. 
Somente a partir do 
momento em que 
relacionamos o objeto 
ao significado é que 
ele faz sentido. E tudo 
aquilo, que a partir deste 
momento se parecer, 
ainda que minimamente, 
com uma flor, para 
nós terá este sentido e 
significado.
 UNIUBE 23
arsenal de outras informações, por vezes culturais, por vezes, científicas, 
ou apenas empíricas, validadas exclusivamente por nossa experiência 
com o objeto e palavra ‘flor’. Não existe o certo ou o errado, nem o válido 
ou inválido, nem tampouco o aceitável e o inaceitável.
Como seria, então, entender a flor enquanto dado, informação e conheci-
mento?
AGORA É A SUA VEZ
Pare e reflita por alguns minutos olhando para a Figura 3, a seguir, tentan-
do distinguir cada um destes elementos sobre o objeto ou palavra ‘flor’.
Figura 3: Orquídea do Cerrado – Vale Encantado – 
Uberaba, MG.
Partindo-se da imagem anterior e da provocação feita, vamos tentar 
exercitar o teorema proposto, separando a observação do contexto. 
Vamos elaborar sobre a flor, e distingui-la isoladamente como dado, 
depois como informação e, finalmente, enquanto conhecimento. 
Você irá notar que, quando chegamos no momento de observá-la enquanto 
conhecimento, trazemos toda uma bagagem cultural e emocional para 
interpretar o objeto ou palavra ‘flor’.
24 UNIUBE
Dado: é a foto de uma flor.
Informação: é a foto de uma orquídea, flor ornamental, encontrada em 
grande parte do território nacional. Dizem que é difícil cultivá-la, dada 
sua delicadeza.
Conhecimento: é a foto que fiz de uma orquídea epífita que encontrei 
nas imediações de Uberaba-MG, numa Unidade de Conservação 
denominada de RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) - Vale 
Encantado. As orquídeas epífitas não se enraízam ao solo, mas em 
outros troncos de árvores ou outras estruturas. 
No Brasil, representam mais de 90% das variedades de orquídeas 
cultivadas. O nome científico da variedade da foto é Phalaenopsis, e é 
bem fácil de ser cultivada em casa. Basta regar semanalmente, nunca 
deixá-la diretamente ao sol, permitir sempre que fique em locais arejados 
com “meia-sombra”, podendo receber adubos orgânicos específicos a 
cada fase de seu desenvolvimento. As cores da Phalaenopsis podem 
variar entre o branco, o lilás e o rosáceo. Ah, quase me esqueci de dizer 
e vale muito lembrar, ela é linda!
O conhecimento, portanto, é resultado da mistura dos outros dois 
elementos (dado e informação), num contexto. Mais do que um resultado, o 
conhecimento é um processo imprevisível, dialógico (Que provoca debate, 
diálogo, alternando opiniões e inferências. Todo movimento dialógico pode 
ser entendido como um movimento evolutivo, porque a cada nova inferência, 
surge um novo conhecimento.) e dialético (Que oportuniza o confronto de 
ideias, não é pragmático, nem linear), portanto, não pragmático. 
PARADA PARA REFLEXÃO
 UNIUBE 25
Todo o conhecimento, naturalmente, vem impregnado de sentido, e 
concordando com Maturana e Varela, carregado de sentimentos e de 
subjetividades, onde habita a emoção.
Longe de ser exclusivamente racional, movido pela razão, o conhecimen-
to está para a emoção como o arco está para a flecha. 
É seguro afirmar, como se fez no início deste capítulo, que os valores 
pessoais e sociais incidem, integram e alteram o conhecimento, porque 
de certa maneira determinam o que (objeto) o observador vê e como ele 
o interpreta (razão e emoção, objetividade e subjetividade). 
O conhecimento, portanto, “pode ser comparado a um sistema vivo, que 
cresce e se modifica à medida que interage com o meio”. (DAVENPORT; 
PRUSAK, 1998, p.6.).
Dado, informação e conhecimento dependem e interagem com o contexto 
onde se dão, possibilitando a migração comum de elementos, a troca mútua 
de aspectos e a geração de um ciclo dialógico ininterrupto, que envolve 
observador e observado. 
RELEMBRANDO
Mais além, este ciclo generativo irá promover um cenário propício para 
geração e difusão do conhecimento,sem o qual o mesmo se invalida, 
esfacela ou se esgota.
Para contribuir com o entendimento das distinções entre os três concei-
tos, foi elaborado um Quadro 1 comparativo indicando as principais 
características de cada um deles, seguindo orientações dos mesmos 
autores anteriores.
26 UNIUBE
Fonte: Adaptado de Davenport e Prusak; (1999, p. 18).
Quadro 1: Quadro comparativo 
Dados, Informação e Conhecimento
Dados Informação Conhecimento
Simples observações 
sobre o estado das coisas, 
dos elementos, do mundo.
Dados dotados de 
relevância e propósito, 
caracterizados pela 
possibilidade de 
associação.
Informação valiosa 
da mente humana, 
complexa e subjetiva. 
Inclui reflexão, síntese 
e contexto. Tem 
inferências percebidas 
ou captadas do meio.
Facilmente estruturados.
Facilmente obtidos 
por máquinas.
Frequentemente 
quantificados.
Facilmente transferíveis.
Requer unidade de análise.
Exige consenso em 
relação ao significado.
Exige necessariamente 
a mediação humana.
De difícil estruturação.
De difícil captura 
em máquinas.
Frequentemente 
tácito.
De difícil transferência.
Assim, encerra-se o momento conceitual de nosso capítulo. 
Não se esqueça de revisar metódica e reflexivamente tudo o que foi exposto 
até o momento, revise os exemplos dados e se proponha a levar para o seu 
contexto cotidiano as inferências resultantes deste estudo até aqui.
Este diálogo com a realidade que propomos é fundamental para que o 
que fora apreendido se consolide ao ser relacionado com a sua realidade. 
Comungue com as pessoas do seu convívio os principais conceitos 
desenvolvidos e preste muita atenção sobre o seu ponto de vista, porque, 
como já comentamos, necessitamos fugir da possibilidade da certeza ao 
mover questionamentos e novas inferências, dialogar com novos saberes 
e novas experiências, a fim de enriquecer nosso repertório particular de 
sentidos e significados.
 UNIUBE 27
Vamos dar continuidade apresentando a gestão do conhecimento 
associada às individualidades e às particularidades presentes na relação 
sujeito-objeto, como parte integrante e indissociável do processo ininter-
rupto e cíclico de conhecer, gerar e gerir conhecimento.
A gestão do conhecimento e o processo inter-relacional 
sujeito-objeto-contexto
1.2
Para onde flui o “rio”?
Seguindo com nosso estudo, porém de uma maneira um pouco mais 
reflexiva, vale lembrar que se faz necessário que as informações e os dados 
estejam situados em seu contexto para que adquiram sentido e não pareçam 
insustentáveis ou insuficientes. (MORIN, 2005.)
PARADA OBRIGATÓRIA
Para elucidar, o mesmo autor traz um exemplo muito próximo da realida-
de de todos nós, quando afirma que “desse modo, a palavra ‘amor’ muda 
de sentido no contexto religioso e no contexto profano, e uma declaração 
de amor não tem o mesmo sentido de verdade se é enunciada por um 
sedutor ou por um seduzido”. (MORIN, 2005, p. 36.)
Seguindo a mesma linha de raciocínio, longe do romantismo que sugere 
e a frase, há um dito popular mouro que orienta que ‘não se esquece 
aquilo que se ama e não se ama aquilo que não se conhece’. 
Fora do contexto, qualquer informação é um mero dado, e qualquer dado 
é simplesmente nada.
28 UNIUBE
Não se esqueça!
Todo o conhecer está atrelado ao contexto do conhecer.
IMPORTANTE!
Podemos considerar, então, que a forma de conhecer coincide com um 
ambiente ou cenário onde se dá o conhecer. Mais do que interpretações 
estranhas ao observador, o conhecimento é um resultado da experiência 
contextual do observador, a qual envolve o objeto observado, o ambiente 
onde se dá a experiência e, ainda, o próprio observador.
Outra abordagem sobre conhecimento é apresentada por Maturana; 
Varela (2001), quando, quase poeticamente, mas sem banalismos, 
orientam que todo ato de conhecer faz surgir um mundo.
Vamos um pouco além nesta perspectiva?
Reflita por alguns instantes.
O que os autores citados argumentam em sua obra, é que se existe “um 
mundo”, e que o criamos com os demais, pelos processos de comunicação, 
linguagem, assimilação, interpretação, objeção, replicação, entre tantos outros
PARADA PARA REFLEXÃO
E, indubitavelmente, este “mundo” é pleno de incertezas, reforçando o que 
já expomos anteriormente, baseando-nos nas orientações de Morin. (2005.) 
Sugerem, ainda, opinião com a qual concordamos muito particularmente, 
que de forma profunda e profícua 
o conhecimento do conhecimento obriga. Obriga-nos 
a assumir uma atitude de permanente vigília contra a 
tentação da certeza, a reconhecer que nossas certezas 
não são provas da verdade, como se o mundo que 
 UNIUBE 29
cada um vê fosse ‘o mundo’ e não ‘um mundo’ que 
construímos juntamente com os outros. (MATURANA; 
VARELA, 2001, p. 267.).
O conhecimento, portanto, nos obriga porque, indiscutivelmente, ao saber 
que sabemos, já não podemos negar que sabemos.
Reflita a respeito da frase anterior, verificando no seu contexto cotidiano, em 
que circunstâncias você percebe que o conhecimento nos obriga.
PARADA PARA REFLEXÃO
Continuando, cremos que seduzidos pela sensação 
excitante de conhecer, os homens são levados ou 
se deixam levar pela tentação da certeza. Porém, 
dinamizam a história buscando realizar esse mundo, 
tornando a experiência de conhecer algo ontológi-
co, maior e mais complexo do que se imagina. 
A curiosidade por conhecer pode, em nossa humilde opinião, ser conside-
rada como uma das sensações mais completas e complexas já traduzi-
das na e pela experiência humana.
Quando sugerimos que o conhecimento nos obriga porque não podemos 
negar que conhecemos, queremos afirmar que nada continua o mesmo 
naturalmente após a tomada de consciência. 
Sempre ouvimos dizer que o conhecimento liberta e, hoje, concordamos 
legitimamente com esta afirmação. 
Porém, ao mesmo tempo que o conhecimento ou o saber libertam, 
aprisionam. Aprisionam a necessidade de agir de acordo com o que se 
sabe, por isso, a obrigação.
Ontológico
Aquilo que dá sentido 
ao existir, que 
responde às perguntas 
mais complexas sobre 
a existência.
30 UNIUBE
Tomemos as leis como referência. 
Enquanto ignorantes às leis, agíamos presos à liberdade da ignorância. 
Não poderíamos ser punidos por não saber, mas ao passo que nos foram 
apresentadas as leis, tivemos que passar a agir de acordo com o que 
sabíamos existir, já não podíamos negar conhecer, não podíamos alegar 
ignorância.
Libertamo-nos da ignorância (das trevas, como nos ensinaram desde cedo) 
pelo conhecimento e, por consequência, passamos a estar presos à ação 
condicionada pelo conhecer, porque necessitamos agir de acordo com o 
que sabemos existir. 
Além disso, até mesmo as leis passam por reformulações, por revisões, por 
adaptações a novos contextos, sendo assim, são naturalmente incertas. 
Nossa sede de conhecimento nos remete à condição de amantes da dúvida, 
da incerteza, pelo fato de que o que conhecemos neste tempo e neste 
contexto só tem validade dentro deles. 
Em outra época, em outras condições ou em outro cenário, possivelmente, 
teremos de refletir e avaliar se o que conhecemos é válido e se mantém 
como tal diante das circunstâncias em um outro contexto, dialogando alterna-
damente com o todo.
EXEMPLIFICANDO!
A natureza de nosso ‘rio’ (Figura 4) permite que seu curso seja incerto, 
devido às águas das chuvas, à variação de volume de seus afluentes, 
entre outras variáveis. 
 UNIUBE 31
Figura 4: Lembram-se de “nosso” rio? – Rio Salto – Águas 
Mornas, SC.
O conhecimento também é mutável devido à natureza de que é constituí-
do, e não quer dizer, em hipótese alguma, que por mais que seja incerto, 
não seja válido.
A incerteza não significa invalidez, inaplicabilidade, inconsistência. 
Reforçamos isto para que não se atribua à incerteza significado negati-
vo. Se assim o fosse, a ciência seria negativa, pois trabalha no campo 
da incerteza, na busca de provas, de comprovações, válidas por um 
momento, até que se encontre uma nova explicação para o fenômeno.
Apenas para lembrar, assimé o método de tese, antítese, síntese, tese, 
antítese, síntese...
Enquanto observadores, tentamos visar e revisar um mundo que construi-
mos ou criamos com os outros, através do tempo e inseridos no espaço 
(contexto), numa mistura de regularidade e mutabilidade, porque o 
conhecimento que trazemos confrontado com uma nova concepção ou 
um novo dado, sugere, quase que por consecução, um outro conhecer.
32 UNIUBE
E relembrando o que fora comentado, caro(a) aluno(a), no início deste 
capítulo, a “teoria do conhecimento deveria mostrar como o fenômeno 
do conhecer gera a pergunta que leva ao conhecimento”. (MATURANA; 
VARELA, 2001, p. 261).
Toda vez que criamos, produzimos ou repassamos conhecimento estamos 
gerando a nós mesmos e, esse processo, segundo os autores anterior-
mente citados, faz com que a explicação de nosso mundo e de nós 
mesmos também se sustente e se garanta, perenemente, porém, sempre 
de maneira nova.
Atenção, vamos acrescentar novos conceitos.
É importante acrescentar outros conceitos a esta teia de relações, dentre 
eles os denominados de poiésis e de autopoiésis, os quais são originais 
das ciências biológicas, mas que nos últimos dez ou quinze anos vêm 
sendo incorporados e adaptados ao domínio da antropologia (etnologia), da 
administração de empresas, da psicologia e cultura organizacional, da física 
e, ainda, do turismo e da hospitalidade, da educação, entre tantos outros.
IMPORTANTE!
Os conceitos de poiésis e autopoiésis foram criados pelos autores 
chilenos Maturana e Varela, na década de 1970, ambos PhD’s em 
biologia.
Marioti, (2009) por sua vez, contribui com esclarecimentos sobre estes 
termos, quando diz que 
Poiésis é um termo grego que significa produção. 
Autopoiésis quer dizer autoprodução. A palavra surgiu 
pela primeira vez na literatura internacional em 1974, 
num artigo publicado por Varela, Maturana e Uribe, para 
definir os seres vivos como sistemas que produzem 
 UNIUBE 33
continuamente a si mesmos. Esses sistemas são 
autopoiéticos por definição, porque recompõem, de 
maneira incessante, os seus componentes desgas-
tados. Pode-se concluir, portanto, que um sistema 
auto-poiético é ao mesmo tempo produtor e produto.
O conhecimento, em face disso, é autopoiético, porque conhecimento 
gera conhecimento; ao se consumir, se multiplica; ao gerar, se autogera. 
Da mesma forma, questionamento gera questionamento, como afirma-
mos anteriormente.
Para Maturana (1998), o fato de um sistema ou organismo ter por nature-
za a condição autopoiética se dá porque ele é, ao mesmo tempo, autôno-
mo e dependente do ambiente onde se insere. 
O conhecimento segue o mesmo padrão, pois, ao passo que se caracte-
riza por ser autônomo também importa do meio elementos para sua 
constituição, o que alguns autores entendem como parte da teoria de 
sistemas, visto que um sistema é um ambiente que troca com os demais 
ambientes informações que sustentam a ambos.
Ainda que sugira um paradoxo, essa dualidade pode ser mais bem 
entendida se observarmos a condição da vida humana. 
Vamos a alguns exemplos.
Nosso organismo se autogera, independente de nossa vontade e controle, 
porém necessita de elementos do meio (contexto) para dar seguimento 
ao processo de autopoiésis, importando oxigênio, água e alimentos, entre 
tantas outras coisas, para que nossas células, moléculas, órgãos e sistemas, 
autonomamente, se regulem, gerem vida e nos sustentem. 
EXEMPLIFICANDO!
34 UNIUBE
Lembra-se de nosso “rio” (Figura 5)? 
Figura 5: Rio Rhône – Genebra – Suíça.
Nosso organismo é um sistema (chamado corporal) que troca informações 
com um sistema maior, o ambiente. Nosso corpo, como sabemos, é consti-
tuído de outros sistemas menores, os quais trocam entre si informações que 
sustentam ou abastecem a ambos, alternada ou simultaneamente. Enfim, 
nosso organismo é autopoiético.
Da mesma forma, o conhecimento do indivíduo se faz e se refaz ao trocar 
com o ambiente (e com outros indivíduos e grupos) informações e outros 
elementos que desencadeiem, possivelmente, mais conhecimento. Nosso 
conhecimento, portanto, é autopoiético também.
Pois bem, para existir, ele foi formado pela deriva de lençóis freáticos, 
pelas águas das chuvas e por outros rios da bacia hidrográfica. Além 
disso, nosso rio recebe nutrientes de seu leito e de suas margens, 
quando suas águas entram em contato, não somente com o ar, mas 
com a terra, as pastagens e com as pedras e minerais. 
A topografia por onde singra nosso “rio”, com altos e baixos, quedas e 
cascatas, permite que ele se renove. 
 UNIUBE 35
A vida que corre em nosso “rio” é a mesma que o consome e que o gera. 
Até os peixes (seu movimento, auxilia na oxigenação; seus excrementos 
e sua carcaça, ao morrer, entram na cadeia trófica que sustenta a vida 
em torno do rio) e demais animais e insetos, além do fito e zooplancton, 
são elementos que permitem a sobrevida de nosso “rio” em plenitude, 
consumindo-o em igual maneira, intermitentemente.
E, por conseguinte, nosso “rio” não é visto ou percebido por nós sob o 
mesmo ângulo ou prisma. Tampouco por quem nos observa. Assim é 
o conhecimento. 
Muitas vezes, quem gera um novo dado ou informação, não detém o 
conhecimento em sua totalidade, por vezes, nem sequer reconhece que 
produziu uma nova realidade. E, sendo assim, uma realidade pode ser 
vista de diferentes maneiras por distintos indivíduos, levando assim, a 
diferentes significados e sentidos.
Remeto esta observação ao fato de que, a mesma realidade, pode ser 
interpretada de diferentes formas. É, o caso das invasões e descobertas 
por volta dos anos 1400 e 1500. 
Os nativos não sabiam como interpretar aqueles estranhos indivíduos 
em suas embarcações, não havia sequer uma referência de algo similar. 
Interpretaram, pois, segundo seu próprio contexto, atribuindo a aqueles 
seres condições de divindades, com poderes sobre-humanos. 
Enquanto os navegadores, por sua vez, pouco conheciam sobre o modo de 
vida daquelas populações, embora soubessem, pelo sentido da conquista, 
como dominá-los e submetê-los a seus interesses. Como veremos, a 
seguir, o conhecimento traz implícito o poder.
36 UNIUBE
É o que sugerem Maturana; Varela (2001 apud MARIOTI, 2009) quando 
orientam que:
O mundo em que vivemos é o que construímos a partir 
de nossas percepções, e é nossa estrutura que permite 
essas percepções. Por conseguinte, nosso mundo é a 
nossa visão de mundo. Se a realidade que percebemos 
depende da nossa estrutura - que é individual -, existem 
tantas realidades quantas pessoas percebedoras.
Trazendo estas ideias ao tema de nosso capítulo, os mesmos autores 
continuam exemplificando:
Eis por que o chamado conhecimento só objetivo é 
inviável: o observador não é separado dos fenômenos 
que observa. Se somos determinados pelo modo como 
se interligam e funcionam as partes de que somos feitos 
(ou seja, pela nossa estrutura), o ambiente só desenca-
deia em nós o que essa estrutura permite. Um gato 
percebe o mundo e interage com ele de acordo com sua 
estrutura de gato, jamais com uma configuração que 
não tem, como a de um ser humano, por exemplo. Não 
vemos um rato da mesma forma que o vê um gato.
Vamos refletir a respeito?
Encerramos aqui, o segundo momento de nosso capítulo. Vamos refletir a 
respeito do que fora apresentado até aqui? Que conceitos foram trabalha-
dos? Que inferências podemos extrair? Que relações permitem?
Passaremos, a seguir, para a fase final de nosso estudo, na qual serão 
apresentados argumentos que associam o que fora explicitado, conceitual e 
reflexivamente, com a geração de inteligências coletivas, a partir da gestão 
do conhecimento.
PARADA PARA REFLEXÃO
 UNIUBE 37
A relação entre a gestão do conhecimento e a geração de 
inteligências coletivas
1.3
Levando nosso estudo para o campo da aplicação nas organizações 
(grupos), é interessante observar que a partir da administração científica 
(taylorismo, fayolismo e weberianismo no início do século XX) o homem 
passa a organizarsuas práticas de tal forma que consegue, ao passo 
dos anos e dos testes, alcançar melhorias em seus processos produtivos, 
porque não dizer, em sua produção cultural, intelectual e econômica.
Parte dessa evolução do pensamento administrativo recorre ao conheci-
mento tácito, enquanto outra parte recorre ao conhecimento explícito. 
Toda vez que um novo conhecimento é gerado, ele é aproveitado como 
um novo dado ou informação para que o processo continue.
Sendo assim, todo conhecimento para uma organização representa um bem/
valor que será utilizado de forma inteligente e estratégica para alcançar-se 
os objetivos da organização, bem como superá-los, em determinados casos.
IMPORTANTE!
Por gestão do conhecimento, então, entende-se a “estratégia que 
transforma bens intelectuais da organização – informações registradas 
e o talento de seus membros – em maior produtividade, novos valores e 
aumento de competitividade” (MURRAY, 1996 apud MELO, 2003, p. 35).
A palavra competitividade presente no conceito pode ser entendida por 
nós como uma qualidade de evolução, porque quanto mais se conhece 
mais apto se configura o observador de interpretar a si, ao objeto e ao 
contexto em que se encontra.
38 UNIUBE
Seguindo, ainda, o mesmo raciocínio, Zabot e Silva (2002, p.13) contri-
buem dizendo que 
a gestão do conhecimento, também chamada por 
alguns autores de gestão do capital intelectual, está 
entre os temas mais discutidos atualmente. Sua 
importância não é nova, pois ao longo da história 
mundial sempre foram destaque os homens que se 
encontravam na vanguarda do conhecimento, não 
sendo desconhecido o fato de que, possuindo conheci-
mento, mais facilmente poder-se-ia triunfar e sobressair 
perante os demais.
Gestão do conhecimento é, portanto 
uma visão, baseada no conhecimento dos processos 
de negócio da organização, para alavancar a capaci-
dade de processamento de informações avançadas e 
tecnologias de comunicação, via translação da informa-
ção em ação por meio da criatividade e inovação dos 
seres humanos, para afetar a competência da organiza-
ção e sua sobrevivência em um crescente de imprevisi-
bilidade. (MALHOTRA apud MELO, 2003, p. 35)
Vamos refletir a respeito...
Quando encontramos, no conceito anterior, a palavra ‘competência’, 
entendemos que se trata de um conjunto de predicados (qualidades) que a 
organização desenvolve a fim de garantir a superação das adversidades. E 
como resultado, tem-se mais conhecimento, e, por consequência, o domínio 
dos processos pelos quais a organização atravessa. 
PARADA PARA REFLEXÃO
Quanto mais se sabe ou se conhece sobre a organização, mais se evolui 
em seu controle interno, mais se compreende as capacidades que ela 
possui de resistir à pressões externas, e assim sobreviver.
 UNIUBE 39
Para alguns autores, porém, a produção do conhecimento dentro das 
organizações passa por determinados momentos denominados de 
Socialização, Combinação, Externalização e Internalização, associando-
-se mais uma vez o conhecimento tácito ao explícito.
Para explicar tais fatos, recorre-se à Nonaka e Takeuchi (1997, p. 80), os 
quais nos orientam dizendo que
socialização é o compartilhamento do conhecimen-
to tácito, por meio da observação, imitação ou prática 
(tácito para tácito). Articulação/ externalização é a 
conversão do conhecimento tácito em explícito e sua 
comunicação ao grupo (tácito para explícito). Combina-
ção – padronização do conhecimento é juntá-lo em um 
manual ou guia de trabalho e incorporá-lo a um produto 
(explícito para explícito). Internalização é quando 
novos conhecimentos explícitos são compartilhados na 
organização e outras pessoas começam a internalizá-
-los e o utilizam para aumentar, estender e reenquadrar 
seu próprio conhecimento tácito (explícito para tácito). 
(grifo do autor.)
Como se vê, existe uma tentativa de sistematizar a gestão do conheci-
mento baseando-se na criação e interpretação dos fatos e relacionando-
-os com as estratégias definidas por cada organização. 
Trata-se, assim, de transformar o conhecimento tácito e empírico (talentos 
dos indivíduos) em conhecimento explícito (regras, metodologias, textos), 
permitindo que a organização evolua detendo e dominando o saber, a 
técnica, a visão.
E, acredite, todo este novo conhecimento gerado será usado para 
atender a um fim determinado por cada organização.
40 UNIUBE
Em tudo isso reside um objetivo maior que é o de criar e sustentar uma 
organização autopoiética através da gestão dos saberes (conhecimento). 
Uma organização autopoiética supera as adversidades do contexto em que se 
insere por transcender suas realidades através do uso dos saberes comparti-
lhados sistemática e metodologicamente entre seus talentos humanos. 
PONTO-CHAVE
Estes saberes se constituem os segredos da organização, que de forma 
estratégica e processual, devem ser desenvolvidos à luz da excelência. 
Mas, devemos considerar que este processo pode ocorrer em qualquer 
exemplo de organização, seja a família, a empresa, a escola, uma ONG, 
uma associação informal, um país, estado de direito ou território, entre 
tantas outras.
Seguindo a sistematização do conceito, entende-se que a “gestão do 
conhecimento reside, basicamente, na capacidade de relacionar informa-
ções estruturadas e/ou não estruturadas com regras constantemente 
modificadas e aplicadas pelas pessoas na empresa”. (ZABOT; SILVA, 
2002, p. 14.)
E estas informações e regras, circunstancialmente, se baseiam nas 
relações entre o conhecimento tácito e o explícito.
Os mesmos autores Zabot e Silva, (2002, p. 15) destacam ainda que
nesses tempos de grandes mudanças de mercado, 
proliferação de tecnologias, multiplicidade de competi-
dores e produtos tornando-se obsoletos quase que 
de um dia para o outro, as empresas de sucesso são 
aquelas que conseguem, com consistência, criar novos 
conhecimentos, disseminá-los por toda a organização, e 
transformá-los em novas tecnologias e novos produtos.
 UNIUBE 41
E como um resultado estrategicamente esperado, essas “atividades 
definem a empresa ‘criadora de conhecimento’, cujo principal negócio 
é a continuação da inovação”. (NONAKA, 1991 apud ZABOT e SILVA 
2002, p. 15).
Ou seja, conhecimento que gera conhecimento.
Algo que vale a pena salientar, alunos e alunas, e que se associa com o 
“rio” que acompanha nossas ideias desde o início de nosso estudo, é que 
o “conhecimento é criado apenas pelos indivíduos e a eles pertence, e, 
portanto, uma organização não pode criar conhecimento sem as pessoas” 
(STUART,1998 apud ZABOT; SILVA, 2002, p. 15), mas sim, por outro lado, 
apoiá-las e incentivá-las nesta produção, estabelecendo ambientes e contex-
tos possíveis a esta criação.
IMPORTANTE!
Ainda que se sustente uma certa dependência das organizações, do 
ponto de vista hierárquico, é dos indivíduos a produção do conhecimento, 
que sob a forma de produção é associado aos bens da empresa
Quando uma empresa lança um novo produto, está lançando um conjunto de 
conhecimentos desenvolvidos como uma solução para determinada lacuna no 
mercado. Chegou-se a esta solução através do compartilhamento de informa-
ções e dados entre os talentos formadores de conhecimento da empresa.
Parte desses conhecimentos está associada a um novo componente da 
fórmula do produto, outra parte, está determinando o apelo de marketing e 
o tipo de promoção e propaganda que chegará até as casas dos consumi-
dores, e até mesmo as cores e nome do produto, apenas para exemplificar.
EXEMPLIFICANDO!
42 UNIUBE
Vamos refletir?
Tudo tem por trás uma gama de conceitos internalizados pela organização, 
conceitos estes cujo nascedouro são os indivíduos que compõem o corpo 
da empresa. 
Tudo o que eles sabem, que carregam como carga intelectual ou como 
repertório particular de conhecimento, deve estar à disposição da empresa, 
não somente no desenvolvimento de tal produto, mas nas fases da produção, 
na distribuição, na promoção, e ainda, durante as reações do mercado a este 
novo conceito,

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