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Tiago Zanquêta de Souza Carlos Messias Pimenta Gustavo Silva Araújo Natálya Dayrell de Carvalho Therbio Felipe Moraes Cezar Valter Machado da Fonseca Educação socioambiental © 2011 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor: Marcelo Palmério Pró-Reitora de Ensino Superior: Inara Barbosa Pena Elias Pró-Reitor de Logística para Educação a Distância: Fernando César Marra e Silva Assessoria Técnica: Ymiracy N. Sousa Polak Produção de Material Didático: • Comissão Central de Produção • Subcomissão de Produção Editoração: Supervisão de Editoração Equipe de Diagramação e Arte Capa: Toninho Cartoon Edição: Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Educação socioambiental / Tiago Zanquêta de Souza ... [et al.]. - E84 Uberaba: Universidade de Uberaba, 2011. 224 p.: il. ISBN 978-85-7777-415-9 1. Educação ambiental. 2. Gestão do conhecimento. 3. Gestão ambiental. I. Souza, Tiago Zanquêta de. II. Pimenta, Carlos Messias. III. Araújo, Gustavo Silva. IV. Carvalho, Natálya Dayrell de. V. Cezar, Therbio Felipe Moraes. VI. Fonseca, Valter Machado da. VII. Título. CDD: 304.2 Tiago Zanquêta de Souza Especialista em Docência do Ensino Superior. Especialista em Gestão Ambiental. Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade de Uberaba (Uniube). Habilitado em magistério para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Professor da Universidade de Uberaba. Professor de Biologia no Ensino Médio da rede privada de ensino de Uberaba. Carlos Messias Pimenta Especialista em Administração Rural pela Universidade Federal de Lavras. Graduado em Direito pela Universidade de Uberaba (Uniube) e em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras. Professor da Universidade de Uberaba, com experiência na área de Ciências Ambientais. Gustavo Silva Araújo Graduado em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (2005). Consultor Ambiental e Diretor de Controle Ambiental da Prefeitura Municipal de Uberaba. Natálya Dayrell de Carvalho Licenciada em Geografia pela (UNESP) Universidade Estadual Paulista (Campus de Presidente Prudente), em 2007. Estagiária no (PJCAN) Projeto Jovem Cidadão Amigo da Natureza pelo Instituto BioMA (Associação de Preservação do Meio Ambiente Natural e Melhoria de Qualidade de Vida), no ano de 2006. Sobre os autores Therbio Felipe Moraes Cezar Especialista em Educação Ambiental na modalidade a distância pelo SENAC-BH. Bacharel em Turismo. (Gestão hoteleira) pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Tecnólogo em Hotelaria pelo Centro Superior de Estudos em Hotelaria e Turismo – Florianópolis, SC. Valter Machado da Fonseca Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia (FACED/UFU). Licenciado em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Técnico em Mineração pela Escola Técnica Federal de Ouro Preto, MG. Docente da Universidade de Uberaba (Uniube). Sumário Apresentação ............................................................................................................. VII Capítulo 1 Gestão do conhecimento com o indivíduo e com os outros ................................................................................... 1 1.1 Diferentes visões acerca dos atos de conhecer, gerar e gerir conhecimento .........6 1.1.1 Aspectos fundamentais: conhecimento ..........................................................6 1.1.2 Reflitamos juntos essa proposição de paradoxos ..........................................9 1.1.3 Dando um exemplo de conhecimento tácito ................................................11 1.2 A gestão do conhecimento e o processo inter-relacional sujeito-objeto- -contexto .................................................................................................................27 1.3 A relação entre a gestão do conhecimento e a geração de inteligências coletivas ..................................................................................................................37 Capítulo 2 A relação sociedade e natureza: contradições, desafios e possibilidades .................................................................... 55 2.1 O Homem e o ambiente ..........................................................................................57 2.2 O tempo da sociedade e o tempo da natureza ......................................................64 2.3 A história da sociedade e da natureza: buscando o entendimento dessa dualidade relacional.................................................................................................66 2.4 Contradições e desafios da relação sociedade e natureza e suas relações com trabalho, capital e a indústria ..........................................................................70 2.5 Como a relação da sociedade com a natureza resulta na produção do espaço geográfico ................................................................................................................76 2.6 A cultura como resultado da relação homem-natureza ..........................................80 2.7 A busca por um ponto de equilíbrio entre natureza e sociedade ...........................82 Capítulo 3 Instrumentos e ferramentas de gestão ambiental ............. 95 3.1 Estudos de impacto ambiental como instrumento de planejamento .....................97 3.2 Origens e evolução da avaliação de impacto ambiental ......................................101 3.2.1 Avaliações de impacto ambiental no Brasil ................................................105 3.3 Como é elaborado um EIA/RIMA .........................................................................107 3.3.1 Descrição do projeto ...................................................................................108 3.3.2 Caracterização das áreas de influência ......................................................109 3.3.3 Tópicos a serem abordados na determinação das áreas de influência ..... 111 3.3.4 Métodos de avaliação de impactos ambientais ..........................................113 3.3.5 Prevenção, atenuação, potencialização e compensação instalação .........119 3.3.6 Monitoramento ............................................................................................121 3.4 Avaliações de impactos ambientais em áreas urbanas .......................................123 3.4.1 Participação social ......................................................................................126 3.5 Conclusão .............................................................................................................129 Capítulo 4 Gestão de resíduos: uma atividade de gestão ambiental 137 4.1 Resíduos Sólidos Industriais (RSI) .......................................................................139 4.1.1 Resíduos Sólidos Urbanos e Industriais (RSI) ...........................................142 4.2 Emissões gasosas ................................................................................................147 4.3 Resíduos rurais: destino e tratamento ..................................................................151 4.3.1 Destino de embalagens vazias de agrotóxicos ..........................................151 4.3.2 Resíduos vegetais.......................................................................................156 4.4 Técnicas de disposição final e tratamento de resíduos urbanos e industriais .....159 Capítulo 5 Atores da educação socioambiental: políticas públicas, ONGs e o município educador ......................................... 171 5.1 A importância das políticas públicas na educação socioambiental......................172 5.1.1 O retorno das políticas públicas inclusivas .................................................173 5.1.2 O governo, as políticas públicas e as comunidades ..................................173 5.2 As políticas públicas e a educação .......................................................................175 5.2.1 A educação como suporte na reconquista dos valores perdidos ...............176 5.3 As políticas públicas e as temáticas ambientais ..................................................178 5.4 Os problemas ambientais urbanos .......................................................................179 5.4.1 Os problemas ambientais e as políticas públicas .......................................182 5.5 As Organizações Não Governamentais (ONGs) ..................................................184 5.5.1 As ONGs e a captação de recursos financeiros .........................................185 5.5.2 Onde atuam as ONGs? ..............................................................................187 5.6 O papel do município educador ............................................................................188 5.6.1 Exemplos práticos: analisando casos localizados ......................................189 5.7 Amarrando o tema: refletir, atuar e... agir!!! ..........................................................195 5.8 Conclusão .............................................................................................................196 Capítulo 6 Os mecanismos da legislação ambiental ........................ 227 6.1 Histórico e evolução da legislação ambiental ......................................................228 6.2 Bens ambientais protegidos .................................................................................233 6.2.1 O que é competência? ................................................................................234 6.2.2 Competência para elaboração de leis ambientais......................................237 6.3 Legislações ambientais ........................................................................................240 6.3.1 O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) ..................................246 6.3.2 Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) ..................247 Prezado(a) aluno(a). É com satisfação que apresentamos a você o livro Educação Socioam- biental. Esse livro foi dividido em seis capítulos que tratam com dinamis- mo e senso crítico de temas arrolados às questões ambientais e suas relações com a sociedade contemporânea e as práticas cotidianas dos seres humanos. Tais relações são também apresentadas nesse livro com ênfase nas práticas pedagógicas, e suas consequências para os ecossistemas e para a própria qualidade de vida do ser humano. Nesse livro, os capítulos serão distribuídos seguindo a sequência apresentada a seguir: • Gestão do conhecimento com o indivíduo e com os outros; • A relação sociedade e natureza: contradições, desafios e possibili- dades; • Instrumentos e ferramentas de gestão ambiental; • Gestão de resíduos: uma atividade de gestão ambiental; • Atores da educação socioambiental: políticas públicas, ONGs e o município educador; • Os mecanismos da legislação ambiental. No primeiro capítulo, trataremos do tema Gestão do Conhecimento, que também intitula o capítulo. Tais estudos nos levarão a refletir sobremaneira a respeito das relações entre a geração de informação, a comunicação, a linguagem e o desenvolvimento das habilidades humanas, no tempo e no espaço, dentro de uma odisseia denominada Conhecer e Gerir Apresentação VIII UNIUBE Conhecimento. Dentro desse capítulo, será apresentado um conjunto teórico cujo objetivo é mostrar, não a uniformidade, porém, a unicidade presente na diversidade de entendimentos e perspectivas acerca do tema Conhecimento, bem como trazer à tona uma revisão conceitual acessória. Além disso, parte do capítulo propõe uma apresentação da Gestão do Conhecimento associada às individualidades, às particularidades presentes na relação sujeito-objeto, dentro do processo ininterrupto e cíclico de conhecer, gerar e gerir conhecimento. Por último, sugere-se com o estudo desse capítulo, estabelecer algumas relações da Gestão do Conhecimento nas organizações ou grupos, sob a forma de construção de inteligências coletivas. No Capítulo 2, visamos o entendimento da relação sociedade e nature- za em suas várias formas. Exploraremos os conceitos e os entendi- mentos básicos e depois contextualizaremos para a contemporanei- dade, buscaremos entender primeiramente a relação que a sociedade desenvolve com a natureza, como a natureza se define e como ela é entendida pelo seres humanos. Além disso, este capítulo apresenta como fundamento de estudo a relação entre a sociedade e o ambiente em que ela vive. Aborda questões sobre como se dá esta relação e quais as consequências da forma em que essa relação tem sido estabelecida e conduzida. Enfim, o tema explorado no capítulo 2 é importante para toda a sociedade e essencial aos geógrafos. Aqui buscamos entender o contexto histórico da relação da sociedade com a natureza e como chegamos hoje ao quadro considerado de crise ambiental. No Capítulo 3, traremos uma abordagem acerca das ferramentas de controle ambiental estabelecidas pela Política Nacional de Meio Ambiente no Brasil, vinculadas às novas perspectivas socioambientais. Por meio do estudo desse capítulo, será possível entender melhor as fases de realiza- ção de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) elaborado multidiscipli- narmente, além de discussões sobre a origem dos estudos ambientais e UNIUBE IX os níveis de planejamento que os norteiam. Além disso, nesse capítulo, serão estudados também os procedimentos para realização do diagnós- tico ambiental com base nos indicadores de qualidade do ambiente e as fases de planejamento de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Dessa forma, o assunto abordado no capítulo 3 é de suma importância aos estudantes porque delineia uma das possibilidades de atuação enquanto profissionais da geografia. Este aspecto leva os futuros profissionais a entenderem a legislação ambiental enquanto norteadora do processo democrático que induz ao desenvolvimento sustentável. No Capítulo 4, vamos estudar a gestão de resíduos, na expectativa de contribuir para sua melhor atuação no mercado de trabalho, frente ao controle da poluição, agente transformador do meio ambiente. Nessa perspectiva, o capítulo abordará com detalhes assuntos como a devastação dos recursos naturais e a urbanização poluidora, que se seguiu à Revolução Industrial a partir do século XVIII. Será também estudado, nesse capítulo, o desenvolvimento tecnológico, nas sociedades capitalistas, que dão origem a diversos resíduos com as novas atividades do consumo humano. Tais estudos serão essenciais para o desenvolvimento social e econômico e para uma melhor qualidade de vida para os seres humanos e, consequentemente, para os ecossistemas. O Capítulo 5 é de fundamental relevância para formação docente, pois, trata de um conteúdo ligado à sua prática pedagógica. Neste capítulo, apresentamos-lhe os principais atores ligados às políticas que interferem, diretamente, no estudo e na pesquisa das práticas com os conteúdos ambientais, por intermédio da educação socioambiental. Compreender os atores e os diversos aspectos que compõem os princí- pios da educação socioambiental é perceber a importância dos aspectos e elementos ligados ao ambiente e, consequentemente, às práticas didáti- co-pedagógicas no ensino de Geografia.Da mesma forma, compreender os papéis desses atores significa realçar também as necessidades e os X UNIUBE desafios que nós, educadores da área do ensino de Geografia, teremos que enfrentar para superar os obstáculos presentes nesta relevante área do conhecimento científico. Além disso, neste capítulo, analisamos os conceitos, os papéis e as responsabilidades inerentes às ONGs, às políticas públicas municipais, bem como ao conjunto de elementos que interferem direta ou indireta- mente nas políticas ligadas à educação socioambiental. Portanto, este capítulo exige um reexame de nossas atitudes e de nossas responsa- bilidades no trato das práticas pedagógicas ligadas às ações que se relacionam com a educação socioambiental. Por fim, o capítulo 6 será dedicado exclusivamente à legislação ambiental, em que você conhecerá as principais leis, decretos e normas complemen- tares referentes ao meio ambiente e sua aplicabilidade. Desta forma, você deverá conhecer, a partir desse capítulo, as peculiaridades da legislação ambiental e outras normas aplicadas ao setor, pois esse conhecimento poderá fazer a diferença entre estar no mercado de forma competitiva ou aguardar uma próxima oportunidade, que pode demorar, ou mesmo, não acontecer. Assim, ao estudar o assunto abordado no capítulo 6, você estará apto a julgar, criticar e fazer cumprir as legislações em vigor, para um efetivo funcionamento do Sistema de Gestão Ambiental. Lembramos que o conteúdo do livro será estudado no componente Educação Socioambiental do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade de Uberaba (Uniube), respectivamente nas etapas cinco e seis. Esperamos que esse livro lhe dê subsídio para a pesquisa e reflexão sobre a Educação Socioambiental. Contudo, não se restrinja a esta leitura. Pesquise sobre o tema em outros veículos de comunicação e faça a diferença! Bons estudos. Therbio Felipe Moraes Cezar Introdução Gestão do conhecimento com o indivíduo e com os outros Capítulo 1 Prezados(as) alunos(as). Seguindo com nossos estudos dentro de uma perspectiva socioam- biental, vamos buscar desenvolver algumas reflexões acerca de um dos temas mais presentes nas discussões do mundo organizacio- nal; nas esferas do poder entre governos e governantes; na lógica de mercado que produz, a cada momento, mais consumidores; nos estudos acadêmicos em diferentes campos do saber, e ainda, nas cotidianidades dos grupos sociais, sejam eles formais ou informais. Por cotidianidades, entende-se o conjunto de contextos, distintos e complexos ao mesmo tempo, que se convertem em um espaço ou território com características próprias, mas sempre dizem respeito ao mesmo indivíduo ou a um mesmo grupo de indivíduos. Então, eu sou um indivíduo que convivo em unicidade com outros indiví- duos, seja no meu espaço doméstico, com meus familiares; seja no meu trabalho com meus colegas e clientes; seja na minha cidade, como pertencente a um grupo de cidadãos, ou ainda, no planeta, como parte da vida que o habita e que, ao mesmo tempo, pertence a ele. Todos estes espaços e indivíduos estão, de uma maneira ou de outra, inter-relacionados. 2 UNIUBE O tema Gestão do Conhecimento nos leva a refletir sobremaneira a respeito das relações entre a geração de informação, a comunica- ção, a linguagem e o desenvolvimento das habilidades humanas, no tempo e no espaço, dentro de uma odisseia denominada Conhecer e Gerir Conhecimento. A primeira parte de nosso capítulo á apresentará um breve conjunto teórico cujo principal objetivo é mostrar, não a uniformidade, porém, a unicidade presente na diversidade de entendimentos e perspec- tivas acerca do tema Conhecimento, bem como trazer à tona uma revisão conceitual acessória. A unicidade será entendida, nesse contexto, como a unidade na diversidade. Vejamos, o corpo humano é um organismo formado por inúmeras e diferentes partes, cada uma delas trabalhando em codependêcia e interdependência necessária à sobrevivência do organismo maior, ainda que mantenham suas características, formas e funções. A unidade de suas partes é garantida pela diversi- dade das mesmas. Os grupos sociais também podem ser vistos desta forma, pois cada indivíduo tem suas características e funções próprias, formando com os demais o tecido social. Na segunda parte do capítulo, propõe-se apresentar a Gestão do Conhecimento associada às individualidades, às particularidades presentes na relação sujeito-objeto, dentro do processo ininterrupto e cíclico de conhecer, gerar e gerir conhecimento. Já na terceira e última parte, sugere-se estabelecer algumas relações da Gestão do Conhecimento nas organizações ou grupos, sob a forma de construção de inteligências coletivas. UNIUBE 3 Busque pesquisar, de maneira ainda que superficial, como a Gestão do Conhecimento vem sendo traduzida a cada novo passo da história do hoje, nas empresas e/ou nas famílias, nas grandes corporações dos países desenvolvidos ou nas cooperativas de trabalho e renda à beira dos rios, pelo mundo, por exemplo. Você irá notar que a Gestão do Conhecimento está gravada na tecnologia, nas vantagens competitivas entre as empresas, nos produtos e serviços; ela dita a moda que entra e a moda que sai; importa valores de culturas distantes, refaz os modos de produção, move os mercados. PESQUISANDO Os dados, os fatos, os acontecimentos, as mudanças de opinião, as descobertas, as imagens e seus significados; as falas, os falares, os cantos e os cantares, a música, a fotografia, um símbolo ou um sinal rupestre; uma nova teoria ou uma nova síntese, uma ideia que desbanque a anterior, um pensamento externado, uma poesia, uma mágica, uma técnica aprimorada ou descartada, ou ainda, outro paradigma; uma rede de relações, uma hipótese comprovada, um enigma desvendado, um segredo revelado, um mistério desmisti- ficado. Enfim, tudo o que é gerado pelo homem ou dele resulta é conhecimento! Vale salientar que não é nossa intenção resumir, suprimir ou condensar a teoria que sustenta o conceito de Gestão do Conheci- mento. Ao contrário, buscamos elaborar uma reflexão a partir das nossas inferências baseadas em determinados autores e tentar, ao fim, dialogar com a cotidianidade, ao estabelecer relações entre o conhecer, a gestão do conhecimento e o impacto destes na vida de indivíduos e grupos. 4 UNIUBE Consideremos interferência como as maneiras particulares de concluir sobre alguma coisa, de chegar à conclusão pelo raciocínio. Muitas vezes, a inferência é uma associação que fazemos, reunindo dados aleatórios e chegando a uma síntese, a um entendimento. Como será percebido a seguir, a linha de condução deste conteú- do se estabelece, inicialmente, sob a forma conceitual, para, em seguida, tornar-se um tanto mais reflexiva, o que irá sugerir a você, aluno(a), retomar cada parte dos capítulos anteriores, revisi- tar seus estudos, além de permitir que os saberes apreendidos anteriormente sejam revitalizados por novas reflexões. Tomando-se a Figura 1, a seguir, como ilustração, pretende-se que este estudo sobre o conhecimento possa ser, metaforicamente, como um “rio”. O “rio” é o mesmo, mas as “águas” são sempre diferentes. Reflita sobre o que expomos a seguir, observando, ao mesmo tempo, a figura. IMPORTANTE! Por vezes, tentamos conter o rio, mas a força e natureza de suas águas permitem que ele corra por novos caminhos, que ele mude de curso, singre por entre as pedras e árvores, e se manifeste além de nossos olhares com maior vigor e beleza. Por onde passa, o rio deixa marcas, transforma a paisagem, sulca a terra e a torna mais profícua; traz nutrientes de outras paragens, até mesmo troncos antes fixos em suas margens, além de peixes para a próxima piracema. A natureza do rio é feita de se deixar fluir, ele não faz uso de força para ser assim. Da mesma maneira, a natureza das aves é feita UNIUBE 5 de voar e a dos peixes, nadar, ou seja, não há sofrimento para fazê-lo. A naturezado ser humano é feita de questionar e buscar respostas. Ainda assim, sempre está presente o esforço por saber mais e melhor que outrora. A proposta do “rio”, na Figura 1, irá acompanhar nossos argumen- tos até o final deste capítulo. Figura 1: “Nosso Rio” – Represa em Sacramento – MG. Ao término dos estudos propostos neste capítulo, esperamos que você seja capaz de: • reconhecer os diferentes conceitos e posicionamentos afetos à gestão do conhecimento; • apontar fatores relacionados à informação e à produção do conhecimento no âmbito do indivíduo e dos grupos; • relacionar a noção de gestão do conhecimento às parcelas ou fragmentos do universo das organizações. Objetivos 6 UNIUBE Esquema 1a Parte do Capítulo: Revisão conceitual e apresentação de diferentes visões acerca dos atos de conhecer, gerar e gerir conhecimento. 2a Parte do Capítulo: A Gestão do Conhecimento e o processo interrelacional sujeito-objeto-contexto. 3a Parte do Capítulo: A relação entre a Gestão do Conhecimento e a geração de inteligências coletivas. Diferentes visões acerca dos atos de conhecer, gerar e gerir conhecimento 1.1 1.1.1 Aspectos fundamentais: conhecimento Ao dar início ao embasamento deste capítulo, é interessante abordar sobre o ato de conhecer, que, na maioria das opiniões dos teóricos e na nossa, particularmente, nasce do ato de questionar. Vemos, ao revisitar mentalmente a história da humanidade, que mais do que de respostas, este é um mundo de perguntas. Antes de parecer algo que demonstre debilidade, a incerteza faz parte da vida, por essência. Sendo assim, podemos verificar que o que possivelmente tem mais valor, em toda a evolução e revoluções do pensamento humano, científico ou UNIUBE 7 Laico O mesmo que leigo, amador, algumas vezes referindo-se a conhecimentos anteriores, outras vezes a conhecimentos religiosos. Todo leigo (ou laico) conhece por experiência, não por teoria ou método científico. Sabe apenas porque experimenta, mas não quer dizer que este conhecimento seja inválido, não sério, menor ou menos importante. laico, é formular questões que desencadeiem um sem-número de hipóteses, comparações, reflexões, associações, teorias, formações de paradigmas, fórmulas, modelos, métodos, antíte- ses, sínteses e, por que não dizer, respostas. Mais do que qualquer outra forma de expressão, o homem inquire, questiona, indaga. Quando crianças, a formação do que vamos aprenden- do, com o passar das experiências, quase sempre começa com uma pergunta. Quando nos explicavam o significado ou a razão de ser de algo, invariavelmente, nossa pergunta era: “mas, por quê?” E a cada nova pergunta, uma nova resposta era atribuída contendo mais informações, mais dados que, por inferência, reuníamos, de forma a constituir nosso conhecimento sobre o mundo que nos cercava e com o qual nos relacionávamos. O conhecimento é inerente à natureza humana e à condição de observa- dores do mundo e de si mesmo. Observadores do mundo que incluem tais conhecimentos, ainda que sejam produzidos por eles mesmos. Somos, enquanto humanos, seres de perguntas... Como se houvesse um vazio incomensurável (Algo que não pode ser medido, que é impossível mensurar, às vezes, por ser algo imensamente grande ou infinitamente pequeno) a ser preenchido desde o momento em que abrimos os olhos, ao nascer. Há certa avidez por preencher-se e por preencher o mundo que criamos a partir de nós mesmos, a cada segundo, com os outros. IMPORTANTE! 8 UNIUBE O homem busca explicações que o levem a sanar parte de sua ignorância (não saber), ainda que momentaneamente. Esta “incapacidade” de saber sobre tudo ou sobre todas as coisas, de deter-se do conhecer, pode ser considerada como uma das maiores incógnitas presentes na história da humanidade, já que é notório que o homem não possui a capacidade de conhecer tudo e sobre tudo, porque a cada momento, ele interage com o meio e com os demais, modificando-os e a si mesmo, o que faz com que sempre existam mais coisas a conhecer. Vamos fazer uma rápida visita ao que todos sabemos, ao que já conhece- mos. Em nossa história ancestral, passamos de coletores a caçadores (período paleolítico), de nômades a domesticadores de animais, cultua- mos e cultivamos a terra (25.000 a 15.000 a.C.), a subjugamos aos nossos interesses, caprichos e desejos; modificamos a forma das coisas, transfor- mamos um material em outro (derretimento de minério em metal, areia em vidro, água em vapor...), adaptamo-nos ao meio ao passo que o reconce- bemos (aldeias, vilas, cidades, metrópoles); reconfiguramos os nossos fazeres buscando melhorar em tudo, aprimorando os procedimentos e a nós mesmos (civilização). EXEMPLIFICANDO! Perceba que em poucas linhas, quase toda a existência humana passou à frente de nossos olhos. Vamos adiante. Criamos a técnica, pela repetição e pela inventividade. Criamos o método (e dele, a ciência), pela recriação e interpretação da pergunta “como”. Manifestamos nossos anseios sob a forma de sinais, debruçados sobre a textura rude de pedras e madeiras em meio às noites frias na floresta; e a insegurança, naquele momento, de não saber, permitiu que as sombras dos vultos bailantes, projetadas nas paredes dos abrigos, fizessem nossa imaginação fluir. UNIUBE 9 Sim, caro(a) aluno(a). Boa parte do que conhece- mos vem do que imaginamos sobre um determi- nado objeto e contexto de nossa curiosidade. Ao imaginarmos um objeto (coisa, pessoa, sentimento, pensamento...) refletimos sobre ele e resgatamos um conjunto de informações de que dispomos acerca dele e acerca do mundo do qual, nós e o objeto, fazemos parte. É como se ativássemos o repertório de informações que gravamos em nossas mentes, selecionando-as conforme a necessidade de uso. Dessa forma, entendemos e assimilamos o mundo. E o refazemos a cada novo pensar, a cada novo conhecer. Ao perceber este mundo das coisas, do qual também fazemos parte, aprendemos, muitas vezes, por dedução, que o que sabemos sempre será, em paradoxo, muito e insuficiente ao mesmo tempo. 1.1.2 Reflitamos juntos essa proposição de paradoxos Quando descobrimos, cobrimos. Quando desvendamos, escondemos. Ocultamos, por vezes, os caminhos que nos levaram a chegar às nossas concepções, incertas, em sua grande parte. Inventamos. Erramos. Refizemos. Assim como nosso “rio”, na Figura 2. Paradoxo Pode ser entendido como um contrasenso, uma contradição. Porém, vale dizer que há uma relação interna que admite que a contradição seja, em virtude, necessária, e ainda que pareça falsa, quer desvendar uma verdade. Parafraseando o célebre poeta lisboeta Fernando Pessoa, paradoxo é o mesmo que tentar falhar e conseguir. 10 UNIUBE Figura 2: Nosso “rio” – Rio das Velhas – Desemboque, MG. O “rio” se permite ‘recomeçar’ toda vez que toma uma curva, toda vez que supera uma pedra, a todo o momento em que um novo aspecto do relevo se mostra ou se revela. O relevo molda o rio e o rio molda o relevo. Um e outro se complementam, se refazem, se ressignificam. Assim é o conhecimento e o homem. O homem molda, refaz, ressignifica o que conhece, e, por isso, o que conhece faz do homem diferente, melhor, mais capaz, mais apto. É como se o inventor se reinventasse através da criatura. Quanto mais descobrimos o mundo, mais este mundo faz com que descubramos novas capacidades de interpretá-lo e a nós mesmos. Ao fazer, como orientam os cientistas chilenos Maturana e Varela, o ser humano chega a um novo fazer, e, desta maneira, faz nascer “um mundo”. UNIUBE 11 Segundo eles, querer conhecer se constitui no “círculo cognitivo que caracteriza o nosso ser, num processo cuja realização está imersa no modo de ser autônomo do ser vivo”(MATURANA ; VARELA, 2001, p. 264.) Associado ao ato de questionar deu-se o ato de testar, experimentar, averiguar. Ainda que de forma rude, o método “tentativa e erro”, possivelmente, pode ter sido uma das manifestaçõesmais remotas de organização do pensamento, ainda que de maneira tácita. Ao organizar o pensamento, organizou-se o conhecimento. Esclarecendo, por conhecimento tácito, Melo orienta que pode ser entendido como o resultado de experiências vividas pelo indivíduo como elemento observador de seu mundo em diversos cenários. Trata-se de um tipo de conhecimento incorpo- rado ao seu ser que muitas vezes sequer tem consciên- cia de sua existência. (MELO, 2003, p. 34.) 1.1.3 Dando um exemplo de conhecimento tácito Todos nós conhecemos pessoas que, sem ter estudado ou lido a respeito de algo, o conhecem e o fazem com maestria, melhor que muitos especialistas. Minha avó materna, analfabeta, organizava a alimentação de toda a família, liderando a cozinha e a produção dos alimentos, na minha infância. Eu sempre me perguntava como ela conseguia saber a proporção exata de arroz, carne e feijão a ser cozida para o almoço de uma família de seis pessoas, se nem matemática ela havia estudado. Cognitivo Indica que se adquire ou se apreende conhecimento. Tácita Por inferência, sem o uso de palavras que a justifique, sem explicações de outros, de forma intuitiva. 12 UNIUBE E como será que ela sabia que abafando tal alimento por cinco minutos com o fogo baixo, ele ficaria mais tenro e saboroso? No mínimo, pensava eu, precisaria saber um pouco de física e de química para chegar a tal resultado, mas não. E quando eu lhe perguntava como sabia que as coisas dariam certo na cozinha, ela me respondia, por detrás de seus óculos, lenço na cabeça, avental, pernas tortas e sorriso generoso, que simplesmente “sabia”. Este “saber simplesmente”, sem explicações anteriores, sem um estudo formal sobre o tema, sem sequer saber que se sabe, isto é conhecimen- to tácito. E ele, essencialmente, nasce da capacidade que todo o ser humano tem de perceber e relacionar dados, fatos, informações e, por fim, associá-los com o seu contexto e com seu imaginário. Portanto, prezado(a) aluno(a), questionar sobre seu existir é um dos elementos determinantes do fazer humano, visto que, boa parte deste questionamento era e ainda é feito inconscientemente, como que por efeito ou resultado das próprias observações do contexto e de si mesmo. Ou seja, de forma tácita. Indo um pouco mais além, saber que o fogo é quente, atribuir este significado ao elemen- to ‘fogo’ e, a partir daí tentar dominá-lo, são fragmentos de um processo desencadeado pela curiosidade humana que, em essência, é tácita e empírica, ou seja, necessita da experiência para existir, e por ser incerta, gera mais vontade de conhecer. Então, reforçando: curiosidade, necessidade, oportunidade, incerteza, tudo isto está intimamente ligado com o nosso processo cognitivo, ou seja, nosso processo ininterrupto de conhecer. Empírica Baseada na experiência, na vivência, na observação participante. Só se sabe que a laranja tem o gosto que tem porque se experimentou. UNIUBE 13 Esta inerência (Que é inerente, que está ligado de modo profundo, intima- mente associado.) da curiosidade e do conhecer deu origem às ciências, às estratégias de guerra, aos métodos de obtenção do fogo, entre infinitos milhões de exemplos. Por esta fórmula de perguntar e buscar respostas chegou-se às matemáticas, às línguas, às tecnologias da informação, aos modos de comunicação, e porque não dizer, às religiões, artes e gastronomia. PARADA PARA REFLEXÃO Tomando este último aspecto como referên- cia, entende-se que não seja interessante distinguir o conhecimento a partir de dicoto- mias, visto que, para Gadotti (2000, p.193), o “sujeito e objeto do conhecimento não estão separados”. Dicotomias Divisão de um conceito em partes contrárias e, ao mesmo tempo, assessorias e inexoráveis, que não se pode separar, sem as quais o conceito não existiria, assim como a razão/ emoção; bem/mal; sujeito/ objeto; clareza/escuridão; pobreza/riqueza; teoria/ prática, entre tantos outros. Pense um momento em como nosso mundo separa as coisas de forma dicotômica. Analise seu entorno, seu universo profissional ou pessoal, tente perceber onde se dão estas dicotomias, como se manifestam e se são bem-vindas, necessárias ou obsoletas. AGORA É A SUA VEZ Para auxiliar em sua reflexão, proponho o seguinte raciocínio. Razão, emoção e intuição são partes de um todo no ato de conhecer. Não se pode separar uma da outra, porque fazem parte da mesma unidade, chamada sentir. Por este motivo, o ato de conhecer também está intimamente ligado à subjetividade do ser humano e à sua manifestação 14 UNIUBE (epifania), quando se dá conta do significado ou do sentido do que faz, do que produz, do que conhece, do que descobre. Assim sendo, o conhecimento não está associado, tão somente, à equação do mundo de forma científica. Ver o mundo das coisas e as coisas do mundo por detrás de uma formulação metodológica e fria é como se tudo coubesse em uma régua, de maneira linear e uniforme. Valho-me de um exemplo bastante particular. Tenho por costume, degustar um bom vinho do Porto, sempre que se faz possível. Para qualquer outra pessoa, imagino, este hábito poderia ser compreendido por meio de inúmeras inferências, principalmente, se a observação vier de pessoas que não conhecem ou não gostam de vinho do Porto. Enquanto uso da razão, escolho o Porto por se tratar de um vinho licoroso e de personalidade, feito da fermentação tardia de uvas portuguesas (em sua maioria, da uva chamada Touriga Nacional), constituindo-se em um exemplar único da bebida considerada a mais sábia entre todas. Escolho também, ainda valendo-me da razão, o vinho do Porto por ser degustado em doses pequenas, porém, com determinada concentração de flavonoides e fenóis em sua composição, além de taninos habilmente amadurecidos quando este vinho segue por determinado tempo em barris de carvalho, nas caves da cidade do Porto. A razão me diz ainda que estas propriedades químico-físicas desta variedade de vinho dispõem a meu favor um arsenal de substâncias que auxiliam na eliminação de toxinas e radicais livres de meu corpo, além de proporcionar às minhas artérias a inexistência de gordura acumulada. UNIUBE 15 Enquanto, porém, uso da emoção, ao saborear uma pequena copa deste vinho, sempre relembro os passeios que fiz por Gaia e pela cidade do Porto, das visitas às caves e adegas, além dos bons conselhos de enólogos e enófilos, a cada momento de degustação. Lembro do vento frio, das construções, do cheiro das vinhas e das caves, da cor da cidade e das vestes de meus anfitriões. Ao usar da emoção, qualifico e me identifico com este vinho porque difere de todos os outros por tudo aquilo a que me remete, pela sensação de eternidade na suavidade e maciez de seu gosto. E, finalmente, ao usar da emoção, atribuo a este vinho uma sensação plena de memória, do que vivi e daquilo que ouvi sobre Portugal, terra da gente da minha terra, na qual ainda permaneço e retorno a cada novo degustar do vinho do Porto. Por sua vez, quando valho-me da intuição, recorro a meu repertório de vida, aos conhecimentos acessórios sobre vinificação e viticultura, vou associando o paladar a aquilo ao qual este vinho me remete. Associo em minha imaginação, frutas vermelhas e um pouco de tabaco ao fundo, tento respirar fundo ao sorver cada gole, para que este gesto me avive os sentidos e me permita saber mais sobre o que sinto, além de sentir mais sobre o que vou sabendo a cada segundo. O conhecimento, portanto, como já vimos, necessita do brilho de uma ideia luminosa, que sempre vai olhar os fatos, dados e informações, de forma diferente, intuitiva, plena de inferências. O que fazemos com o uso da ciência é justificar o mundo que vamos conhecendo de forma objetiva. Concluindo o raciocínio, o conhecimento está presente, sem dúvida alguma, no processo cultural do ser humano em sociedade, tácita e empiricamente, lembra? 16 UNIUBE Então, pode-se destacar que todo o serhumano evolui porque conhece, ou seja, porque a partir de suas capacidades de questionar, armazenar, interpretar, comparar, deduzir, inferir, relacionar e discernir, entre tantas outras, torna possível a transcendência entre o não saber e o saber. PARADA OBRIGATÓRIA Em algumas bibliografias as palavras ‘saber’ e ‘conhecimento’ são tomadas como equivalentes. Vamos aprofundar um pouco mais sobre esta palavra, conhecimento. De origem latina, a palavra conhecimento pode significar compreen- são, maneira de reunir e organizar informações sobre uma realidade ou parcela dela mesma. O que torna possível a definição do conheci- mento são as condições que o possibilitam, as quais se denominam de componentes do conhecer: o cognoscente, o cognoscível e o contexto. Por cognoscente (do latim vulgar cognoscens) entende-se o sujeito observador que tem a capacidade / habilidade de conhecer. Já, por cognos- cível (do latim vulgar cognoscibilis) entende-se o objeto observado, sobre o qual é possível distinguir, elaborar, analisar, perceber, enfim, conhecer. Portanto, o longo processo de acúmulo de informações vivido pela humanidade, em toda a sua história, foi e é determinado pela relação entre o cognoscente, o cognoscível e o ambiente (contexto), ou seja, entre o indivíduo, a humanidade e o que a cerca. Então, o conhecimento é o resultado deste processo de interação, jamais finalizado, jamais concluído, jamais encerrado. E isto pode levar à incerteza, mas logo iremos concluir, como já fora proposto, que ela pode ser considerada como bem-vinda no processo de conhecer. UNIUBE 17 Sendo assim, caro(a) aluno(a), todo o conhecimento baseia-se nos resulta- dos de nossa interação e em nossa própria existência, dos aspectos mais elementares até os mais insondáveis e profundos, e se estabelece no indivíduo e nos grupos sociais através de sua interação com o real, com o simbólico e com o complexo. Morin (2005, p. 20), ao abordar sobre a possibilidade da incerteza decorrente da interpretação de quem observa, afirma que o conhecimento, sob a forma de palavra, de ideia, de teoria, é o fruto de uma tradução/reconstrução por meio da linguagem e do pensamento e, por conseguinte, está sujeito ao erro. [...] Comporta a interpretação, o que introduz o risco do erro na subjetividade do conhecedor, de sua visão de mundo e de seus princípios de conhecimento. Então, entende-se que o conhecimento não seja meramente uma reflexão do mundo externo, mas a interpretação particular deste mundo a partir dos olhares e da imaginação de quem o observa, ou seja, o observador, nós mesmos enquanto sujeitos. É na forma de interação do observador com o seu mundo, neste compor- tamento pleno de inferências, de comparações e constatações, de alternância de posições, que o homem faz e se refaz. Ao fazer, conhece, e ao conhecer, faz. Vamos avançando um pouco mais nos conceitos de nosso capítulo, sempre relembrando que esta parte sugere os fundamentos teóricos para adentrar- -mos mais ainda em nosso estudo. PARADA PARA REFLEXÃO Sendo assim, vamos reconhecer agora o que se pode chamar de tomada de consciência. A palavra consciência aqui está associada ao ato de 18 UNIUBE dar-se conta, ter e estar cônscio. Diz respeito à condição de realidade, de existência do conhecer; em outras palavras, é quando o ser humano percebe que o que conhece é real. Por exemplo, a cada nova transformação de dados em informações, destas últimas em resultados, a humanidade sobrevive e transcende suas realidades e possibilidades, convergindo para uma tomada de consci- ência, ou seja, chegando até onde o homem sabe que sabe sobre si, e isto determina todo um mundo ao seu redor, toda uma possibilidade de existência. Esse conjunto de possibilidades e realidades é chamado por Maturana; Varela, de tradição estrutural do conhecimento, e se estabelece a partir de tudo aquilo que o ser humano acumulou em sua história, além, é claro, da estrutura de pensamento enraizada em nossa tradição biológica comum. Para entender o que estes cientistas sugerem, os mesmos afirmam que [...] por causa de nossa herança biológica comum temos os fundamentos de um mundo comum, e não nos parece estranho que para todos os seres humanos o céu seja azul e que o sol nasça a cada dia. De nossas heranças linguísticas diferentes surgem todas as diferenças de mundos culturais, que como homens podemos viver e que, dentro dos limites biológicos, podem ser tão diversas quanto se queira. Todo conhecer humano pertence a um desses mundos e é sempre vivido numa tradição cultural. (MATURANA; VARELA, 2001, p. 265.) Quando os autores sugerem que temos uma herança biológica comum, remetem à condição humana enquanto espécie evoluída, que pensa inteligentemente. E aqui não se está fazendo uma apologia à teoria evolucionista, mas sim, querendo dizer que, biologicamente, pensamos e sentimos com significado e sentido, e traduzimos isso de maneira cultural. UNIUBE 19 Os demais seres não possuem este predicado, que chamo de ‘sentir sobre o que se sabe e saber sobre o que se sente’. Esta é uma condição humana garantida pela nossa herança biológica comum. Não se esqueça! Sendo assim, a realidade, natural ou artificial, recebe influências da tomada de consciência do homem a partir da qual ele cria e se recria, aprende e se reconhece, inventa e se reinventa, descobre e se redescobre. É o fazer humano que colabora para a reinvenção do que é ser (verbo) humano. IMPORTANTE! A cultura, por exemplo, vista através deste prisma, pode ser considerada como um conhecimento democrático debruçado sobre o fazer humano, sobre a própria natureza do conhecer, em cujo seio estão todas as manifestações da produção humana, no tempo cronológico e no tempo complexo. A humanidade, portanto, é o resultado de si mesma, de seu próprio processo de conheci- mento e realização. E não é estranho pensar que quanto mais o homem pensa no seu existir, mais pensa na condição de conhecer sobre si e sobre o mundo do qual é parte integrante e transformadora. Ele reúne para si o conhecer tácito e empírico, e desenvol- ve maneiras cada vez mais elaboradas e sensíveis de manifestar o que conhece, explicitando perenemente o seu saber. Tempo cronológico Antropologicamente, designa o tempo histórico, dividido em partes mensuráveis como eras, séculos, décadas, anos, horas, minutos, segundos. É o tempo determinado por uma medida, que foi traduzido culturalmente, e difundido pelo mundo. O dia, em qualquer parte do planeta tem 24 horas, os minutos e segundos têm a mesma duração. Tempo complexo Antropologicamente e até mesmo na física quântica determina-se o tempo com significado, o tempo com sentido. Almoçar é um tempo complexo. Estudar é um tempo complexo. Viver é um tempo complexo. O tempo cronológico “24 horas” para um trabalhador e para um desempregado tem o mesmo significado. Porém, o tempo complexo “trabalho”, para ambos tem significado completamente diferente. 20 UNIUBE Abordando-se, então, sobre o conhecimento explícito, por sua vez, pode-se entender como aquele resultante de “toda a carga de informação digerida e analisada por um indivíduo que, por meio de técnicas estruturadas, permite sua disseminação”. (MELO, 2003, p. 33). Desta maneira, este conhecimento é facilmente transmitido, pois sua interpretação está definida por um código de linguagem de domínio (sinais, símbolos, formas, sequências lógicas, dados...), sistematizado para fins de difusão. Assim são as técnicas, as metodologias, as linguagens, entre outras. Esclarecendo um pouco mais sobre o que fora exposto anteriormente, tomemos o processo de digitação de dados. Ao contrário do que muitas pessoas ainda pensam, ele não começa com a invenção do computador, muito menos com a falência e descarte das máquinas de escrever, com o advento do mundo digital. Pensemos um pouco mais além. Ele inicia, possivelmente, com a invenção da escrita, pelos sumérios,um povo da Mesopotâmia, há cerca de 4.000 anos antes da Era Cristã. Apenas como registro e para que nossa imaginação flua um pouco mais, o nome mesopotamus significa ‘terra entre rios’, ou seja, entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se encontram as nações do Irã e do Iraque. Seguindo nossa viagem, das origens da escrita até o mundo digital, passamos pela invenção da grafia das letras enquanto símbolos com sentido e significado, codificados por e para um determinado povo; pela invenção dos números (até hoje, os números que usamos são chamados arábicos – 1234567890); pela formação dos alfabetos grego, romano e arábico, entre tantos outros; pelos primeiros manuscritos, primeiras gramáti- cas, tratados e leis das línguas e idiomas; pela formação de vocabulários cada vez mais complexos e pela disseminação da língua falada e escrita associada a cada grupamento de indivíduos; até a invenção da imprensa, pelo alemão Johannes Gutemberg, em meados de 1455. UNIUBE 21 A escrita, então, é um conhecimento explícito, é um código de linguagem de domínio, assim como a digitação que transfere dados de um teclado para um ambiente virtual informatizado, também o é. Este código de linguagem de domínio ou conhecimento explícito é usado e usa da informação para se manifestar. Pare um pouco e revise o conteúdo trabalhado até o momento. Dialogue com pessoas do seu convívio a respeito das informações, dados e conceitos apresentados até esta parte do capítulo. Você irá perceber os diferentes argumentos e formas de conceber o mesmo tema, indicando que questio- namento gera questionamento e conhecimento gera conhecimento. IMPORTANTE! Vale, agora, identificar melhor o conceito de informação, que, segundo Melo (2003), é o conjunto de elementos que podem ser reunidos ou não com o propósito de formar juízo sobre algo. Para Drucker (1999, p. 22), porém, a informação é formada por “dados interpretados, dotados de relevância e propósito”. Este olhar remete à condição e capacidade de acúmulo de conhecimen- tos dentro de organizações, com fins estratégicos, planejados estrutural- mente, associados ao aumento de competitividade. Na escola, por exemplo, vemos isto claramente, pois a informação é repassada através dos professores que, sistemática e metodologicamen- te, seguem e perseguem os objetivos propostos dentro de uma disciplina, de forma a cumular na experiência de aprendizado do aluno e no aprovei- tamento dos conteúdos. 22 UNIUBE Já, para Machlup (1983), a informação pode ser considerada como um meio, ou até mesmo, um material necessário para construir o conheci- mento, afetando-o sobremaneira ao agregar novos dados. Nota-se que, nos conceitos apresentados até agora, existe sempre uma tônica denominada ‘relação’, que determina o processo de associação dos dados e das informações como um processo de troca alternada, de transferência, de compartilhamento, de conexão e conectividade de tudo com tudo. Por sua vez, a partir do contexto onde se utiliza a palavra ‘dado’, pode-se entender como “um conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a eventos”. (DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p. 2). Dados, são, portanto, a matéria-prima da informação, por vezes bruta, por vezes lapidada. Em escala, tem-se: Dados → informação → conhecimento. Vamos utilizar mais uma vez, uma imagem, para traduzir estes conceitos de maneira a construir melhor a assimilação dos mesmos. Quando imaginamos uma flor, a imaginamos de acordo com nosso repertório particular de imagens e significados relativos à palavra ‘flor’. Imaginamos uma flor, porém, cada qual a sua maneira. Ao imaginar a flor, atribuímos a ela um Contexto Ambiente, campo. Observe que, como contexto também se inclui o sujeito, de forma relacional. Repertório particular de imagens Conjunto de imagens estabelecidas e gravadas por experiência de sentido. Ou seja, enquanto alguém não veio até nós para dizer que aquele objeto, aquela coisa observada era uma ‘flor’, não havia sentido nem na coisa nem na palavra. Somente a partir do momento em que relacionamos o objeto ao significado é que ele faz sentido. E tudo aquilo, que a partir deste momento se parecer, ainda que minimamente, com uma flor, para nós terá este sentido e significado. UNIUBE 23 arsenal de outras informações, por vezes culturais, por vezes, científicas, ou apenas empíricas, validadas exclusivamente por nossa experiência com o objeto e palavra ‘flor’. Não existe o certo ou o errado, nem o válido ou inválido, nem tampouco o aceitável e o inaceitável. Como seria, então, entender a flor enquanto dado, informação e conheci- mento? AGORA É A SUA VEZ Pare e reflita por alguns minutos olhando para a Figura 3, a seguir, tentan- do distinguir cada um destes elementos sobre o objeto ou palavra ‘flor’. Figura 3: Orquídea do Cerrado – Vale Encantado – Uberaba, MG. Partindo-se da imagem anterior e da provocação feita, vamos tentar exercitar o teorema proposto, separando a observação do contexto. Vamos elaborar sobre a flor, e distingui-la isoladamente como dado, depois como informação e, finalmente, enquanto conhecimento. Você irá notar que, quando chegamos no momento de observá-la enquanto conhecimento, trazemos toda uma bagagem cultural e emocional para interpretar o objeto ou palavra ‘flor’. 24 UNIUBE Dado: é a foto de uma flor. Informação: é a foto de uma orquídea, flor ornamental, encontrada em grande parte do território nacional. Dizem que é difícil cultivá-la, dada sua delicadeza. Conhecimento: é a foto que fiz de uma orquídea epífita que encontrei nas imediações de Uberaba-MG, numa Unidade de Conservação denominada de RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) - Vale Encantado. As orquídeas epífitas não se enraízam ao solo, mas em outros troncos de árvores ou outras estruturas. No Brasil, representam mais de 90% das variedades de orquídeas cultivadas. O nome científico da variedade da foto é Phalaenopsis, e é bem fácil de ser cultivada em casa. Basta regar semanalmente, nunca deixá-la diretamente ao sol, permitir sempre que fique em locais arejados com “meia-sombra”, podendo receber adubos orgânicos específicos a cada fase de seu desenvolvimento. As cores da Phalaenopsis podem variar entre o branco, o lilás e o rosáceo. Ah, quase me esqueci de dizer e vale muito lembrar, ela é linda! O conhecimento, portanto, é resultado da mistura dos outros dois elementos (dado e informação), num contexto. Mais do que um resultado, o conhecimento é um processo imprevisível, dialógico (Que provoca debate, diálogo, alternando opiniões e inferências. Todo movimento dialógico pode ser entendido como um movimento evolutivo, porque a cada nova inferência, surge um novo conhecimento.) e dialético (Que oportuniza o confronto de ideias, não é pragmático, nem linear), portanto, não pragmático. PARADA PARA REFLEXÃO UNIUBE 25 Todo o conhecimento, naturalmente, vem impregnado de sentido, e concordando com Maturana e Varela, carregado de sentimentos e de subjetividades, onde habita a emoção. Longe de ser exclusivamente racional, movido pela razão, o conhecimen- to está para a emoção como o arco está para a flecha. É seguro afirmar, como se fez no início deste capítulo, que os valores pessoais e sociais incidem, integram e alteram o conhecimento, porque de certa maneira determinam o que (objeto) o observador vê e como ele o interpreta (razão e emoção, objetividade e subjetividade). O conhecimento, portanto, “pode ser comparado a um sistema vivo, que cresce e se modifica à medida que interage com o meio”. (DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p.6.). Dado, informação e conhecimento dependem e interagem com o contexto onde se dão, possibilitando a migração comum de elementos, a troca mútua de aspectos e a geração de um ciclo dialógico ininterrupto, que envolve observador e observado. RELEMBRANDO Mais além, este ciclo generativo irá promover um cenário propício para geração e difusão do conhecimento,sem o qual o mesmo se invalida, esfacela ou se esgota. Para contribuir com o entendimento das distinções entre os três concei- tos, foi elaborado um Quadro 1 comparativo indicando as principais características de cada um deles, seguindo orientações dos mesmos autores anteriores. 26 UNIUBE Fonte: Adaptado de Davenport e Prusak; (1999, p. 18). Quadro 1: Quadro comparativo Dados, Informação e Conhecimento Dados Informação Conhecimento Simples observações sobre o estado das coisas, dos elementos, do mundo. Dados dotados de relevância e propósito, caracterizados pela possibilidade de associação. Informação valiosa da mente humana, complexa e subjetiva. Inclui reflexão, síntese e contexto. Tem inferências percebidas ou captadas do meio. Facilmente estruturados. Facilmente obtidos por máquinas. Frequentemente quantificados. Facilmente transferíveis. Requer unidade de análise. Exige consenso em relação ao significado. Exige necessariamente a mediação humana. De difícil estruturação. De difícil captura em máquinas. Frequentemente tácito. De difícil transferência. Assim, encerra-se o momento conceitual de nosso capítulo. Não se esqueça de revisar metódica e reflexivamente tudo o que foi exposto até o momento, revise os exemplos dados e se proponha a levar para o seu contexto cotidiano as inferências resultantes deste estudo até aqui. Este diálogo com a realidade que propomos é fundamental para que o que fora apreendido se consolide ao ser relacionado com a sua realidade. Comungue com as pessoas do seu convívio os principais conceitos desenvolvidos e preste muita atenção sobre o seu ponto de vista, porque, como já comentamos, necessitamos fugir da possibilidade da certeza ao mover questionamentos e novas inferências, dialogar com novos saberes e novas experiências, a fim de enriquecer nosso repertório particular de sentidos e significados. UNIUBE 27 Vamos dar continuidade apresentando a gestão do conhecimento associada às individualidades e às particularidades presentes na relação sujeito-objeto, como parte integrante e indissociável do processo ininter- rupto e cíclico de conhecer, gerar e gerir conhecimento. A gestão do conhecimento e o processo inter-relacional sujeito-objeto-contexto 1.2 Para onde flui o “rio”? Seguindo com nosso estudo, porém de uma maneira um pouco mais reflexiva, vale lembrar que se faz necessário que as informações e os dados estejam situados em seu contexto para que adquiram sentido e não pareçam insustentáveis ou insuficientes. (MORIN, 2005.) PARADA OBRIGATÓRIA Para elucidar, o mesmo autor traz um exemplo muito próximo da realida- de de todos nós, quando afirma que “desse modo, a palavra ‘amor’ muda de sentido no contexto religioso e no contexto profano, e uma declaração de amor não tem o mesmo sentido de verdade se é enunciada por um sedutor ou por um seduzido”. (MORIN, 2005, p. 36.) Seguindo a mesma linha de raciocínio, longe do romantismo que sugere e a frase, há um dito popular mouro que orienta que ‘não se esquece aquilo que se ama e não se ama aquilo que não se conhece’. Fora do contexto, qualquer informação é um mero dado, e qualquer dado é simplesmente nada. 28 UNIUBE Não se esqueça! Todo o conhecer está atrelado ao contexto do conhecer. IMPORTANTE! Podemos considerar, então, que a forma de conhecer coincide com um ambiente ou cenário onde se dá o conhecer. Mais do que interpretações estranhas ao observador, o conhecimento é um resultado da experiência contextual do observador, a qual envolve o objeto observado, o ambiente onde se dá a experiência e, ainda, o próprio observador. Outra abordagem sobre conhecimento é apresentada por Maturana; Varela (2001), quando, quase poeticamente, mas sem banalismos, orientam que todo ato de conhecer faz surgir um mundo. Vamos um pouco além nesta perspectiva? Reflita por alguns instantes. O que os autores citados argumentam em sua obra, é que se existe “um mundo”, e que o criamos com os demais, pelos processos de comunicação, linguagem, assimilação, interpretação, objeção, replicação, entre tantos outros PARADA PARA REFLEXÃO E, indubitavelmente, este “mundo” é pleno de incertezas, reforçando o que já expomos anteriormente, baseando-nos nas orientações de Morin. (2005.) Sugerem, ainda, opinião com a qual concordamos muito particularmente, que de forma profunda e profícua o conhecimento do conhecimento obriga. Obriga-nos a assumir uma atitude de permanente vigília contra a tentação da certeza, a reconhecer que nossas certezas não são provas da verdade, como se o mundo que UNIUBE 29 cada um vê fosse ‘o mundo’ e não ‘um mundo’ que construímos juntamente com os outros. (MATURANA; VARELA, 2001, p. 267.). O conhecimento, portanto, nos obriga porque, indiscutivelmente, ao saber que sabemos, já não podemos negar que sabemos. Reflita a respeito da frase anterior, verificando no seu contexto cotidiano, em que circunstâncias você percebe que o conhecimento nos obriga. PARADA PARA REFLEXÃO Continuando, cremos que seduzidos pela sensação excitante de conhecer, os homens são levados ou se deixam levar pela tentação da certeza. Porém, dinamizam a história buscando realizar esse mundo, tornando a experiência de conhecer algo ontológi- co, maior e mais complexo do que se imagina. A curiosidade por conhecer pode, em nossa humilde opinião, ser conside- rada como uma das sensações mais completas e complexas já traduzi- das na e pela experiência humana. Quando sugerimos que o conhecimento nos obriga porque não podemos negar que conhecemos, queremos afirmar que nada continua o mesmo naturalmente após a tomada de consciência. Sempre ouvimos dizer que o conhecimento liberta e, hoje, concordamos legitimamente com esta afirmação. Porém, ao mesmo tempo que o conhecimento ou o saber libertam, aprisionam. Aprisionam a necessidade de agir de acordo com o que se sabe, por isso, a obrigação. Ontológico Aquilo que dá sentido ao existir, que responde às perguntas mais complexas sobre a existência. 30 UNIUBE Tomemos as leis como referência. Enquanto ignorantes às leis, agíamos presos à liberdade da ignorância. Não poderíamos ser punidos por não saber, mas ao passo que nos foram apresentadas as leis, tivemos que passar a agir de acordo com o que sabíamos existir, já não podíamos negar conhecer, não podíamos alegar ignorância. Libertamo-nos da ignorância (das trevas, como nos ensinaram desde cedo) pelo conhecimento e, por consequência, passamos a estar presos à ação condicionada pelo conhecer, porque necessitamos agir de acordo com o que sabemos existir. Além disso, até mesmo as leis passam por reformulações, por revisões, por adaptações a novos contextos, sendo assim, são naturalmente incertas. Nossa sede de conhecimento nos remete à condição de amantes da dúvida, da incerteza, pelo fato de que o que conhecemos neste tempo e neste contexto só tem validade dentro deles. Em outra época, em outras condições ou em outro cenário, possivelmente, teremos de refletir e avaliar se o que conhecemos é válido e se mantém como tal diante das circunstâncias em um outro contexto, dialogando alterna- damente com o todo. EXEMPLIFICANDO! A natureza de nosso ‘rio’ (Figura 4) permite que seu curso seja incerto, devido às águas das chuvas, à variação de volume de seus afluentes, entre outras variáveis. UNIUBE 31 Figura 4: Lembram-se de “nosso” rio? – Rio Salto – Águas Mornas, SC. O conhecimento também é mutável devido à natureza de que é constituí- do, e não quer dizer, em hipótese alguma, que por mais que seja incerto, não seja válido. A incerteza não significa invalidez, inaplicabilidade, inconsistência. Reforçamos isto para que não se atribua à incerteza significado negati- vo. Se assim o fosse, a ciência seria negativa, pois trabalha no campo da incerteza, na busca de provas, de comprovações, válidas por um momento, até que se encontre uma nova explicação para o fenômeno. Apenas para lembrar, assimé o método de tese, antítese, síntese, tese, antítese, síntese... Enquanto observadores, tentamos visar e revisar um mundo que construi- mos ou criamos com os outros, através do tempo e inseridos no espaço (contexto), numa mistura de regularidade e mutabilidade, porque o conhecimento que trazemos confrontado com uma nova concepção ou um novo dado, sugere, quase que por consecução, um outro conhecer. 32 UNIUBE E relembrando o que fora comentado, caro(a) aluno(a), no início deste capítulo, a “teoria do conhecimento deveria mostrar como o fenômeno do conhecer gera a pergunta que leva ao conhecimento”. (MATURANA; VARELA, 2001, p. 261). Toda vez que criamos, produzimos ou repassamos conhecimento estamos gerando a nós mesmos e, esse processo, segundo os autores anterior- mente citados, faz com que a explicação de nosso mundo e de nós mesmos também se sustente e se garanta, perenemente, porém, sempre de maneira nova. Atenção, vamos acrescentar novos conceitos. É importante acrescentar outros conceitos a esta teia de relações, dentre eles os denominados de poiésis e de autopoiésis, os quais são originais das ciências biológicas, mas que nos últimos dez ou quinze anos vêm sendo incorporados e adaptados ao domínio da antropologia (etnologia), da administração de empresas, da psicologia e cultura organizacional, da física e, ainda, do turismo e da hospitalidade, da educação, entre tantos outros. IMPORTANTE! Os conceitos de poiésis e autopoiésis foram criados pelos autores chilenos Maturana e Varela, na década de 1970, ambos PhD’s em biologia. Marioti, (2009) por sua vez, contribui com esclarecimentos sobre estes termos, quando diz que Poiésis é um termo grego que significa produção. Autopoiésis quer dizer autoprodução. A palavra surgiu pela primeira vez na literatura internacional em 1974, num artigo publicado por Varela, Maturana e Uribe, para definir os seres vivos como sistemas que produzem UNIUBE 33 continuamente a si mesmos. Esses sistemas são autopoiéticos por definição, porque recompõem, de maneira incessante, os seus componentes desgas- tados. Pode-se concluir, portanto, que um sistema auto-poiético é ao mesmo tempo produtor e produto. O conhecimento, em face disso, é autopoiético, porque conhecimento gera conhecimento; ao se consumir, se multiplica; ao gerar, se autogera. Da mesma forma, questionamento gera questionamento, como afirma- mos anteriormente. Para Maturana (1998), o fato de um sistema ou organismo ter por nature- za a condição autopoiética se dá porque ele é, ao mesmo tempo, autôno- mo e dependente do ambiente onde se insere. O conhecimento segue o mesmo padrão, pois, ao passo que se caracte- riza por ser autônomo também importa do meio elementos para sua constituição, o que alguns autores entendem como parte da teoria de sistemas, visto que um sistema é um ambiente que troca com os demais ambientes informações que sustentam a ambos. Ainda que sugira um paradoxo, essa dualidade pode ser mais bem entendida se observarmos a condição da vida humana. Vamos a alguns exemplos. Nosso organismo se autogera, independente de nossa vontade e controle, porém necessita de elementos do meio (contexto) para dar seguimento ao processo de autopoiésis, importando oxigênio, água e alimentos, entre tantas outras coisas, para que nossas células, moléculas, órgãos e sistemas, autonomamente, se regulem, gerem vida e nos sustentem. EXEMPLIFICANDO! 34 UNIUBE Lembra-se de nosso “rio” (Figura 5)? Figura 5: Rio Rhône – Genebra – Suíça. Nosso organismo é um sistema (chamado corporal) que troca informações com um sistema maior, o ambiente. Nosso corpo, como sabemos, é consti- tuído de outros sistemas menores, os quais trocam entre si informações que sustentam ou abastecem a ambos, alternada ou simultaneamente. Enfim, nosso organismo é autopoiético. Da mesma forma, o conhecimento do indivíduo se faz e se refaz ao trocar com o ambiente (e com outros indivíduos e grupos) informações e outros elementos que desencadeiem, possivelmente, mais conhecimento. Nosso conhecimento, portanto, é autopoiético também. Pois bem, para existir, ele foi formado pela deriva de lençóis freáticos, pelas águas das chuvas e por outros rios da bacia hidrográfica. Além disso, nosso rio recebe nutrientes de seu leito e de suas margens, quando suas águas entram em contato, não somente com o ar, mas com a terra, as pastagens e com as pedras e minerais. A topografia por onde singra nosso “rio”, com altos e baixos, quedas e cascatas, permite que ele se renove. UNIUBE 35 A vida que corre em nosso “rio” é a mesma que o consome e que o gera. Até os peixes (seu movimento, auxilia na oxigenação; seus excrementos e sua carcaça, ao morrer, entram na cadeia trófica que sustenta a vida em torno do rio) e demais animais e insetos, além do fito e zooplancton, são elementos que permitem a sobrevida de nosso “rio” em plenitude, consumindo-o em igual maneira, intermitentemente. E, por conseguinte, nosso “rio” não é visto ou percebido por nós sob o mesmo ângulo ou prisma. Tampouco por quem nos observa. Assim é o conhecimento. Muitas vezes, quem gera um novo dado ou informação, não detém o conhecimento em sua totalidade, por vezes, nem sequer reconhece que produziu uma nova realidade. E, sendo assim, uma realidade pode ser vista de diferentes maneiras por distintos indivíduos, levando assim, a diferentes significados e sentidos. Remeto esta observação ao fato de que, a mesma realidade, pode ser interpretada de diferentes formas. É, o caso das invasões e descobertas por volta dos anos 1400 e 1500. Os nativos não sabiam como interpretar aqueles estranhos indivíduos em suas embarcações, não havia sequer uma referência de algo similar. Interpretaram, pois, segundo seu próprio contexto, atribuindo a aqueles seres condições de divindades, com poderes sobre-humanos. Enquanto os navegadores, por sua vez, pouco conheciam sobre o modo de vida daquelas populações, embora soubessem, pelo sentido da conquista, como dominá-los e submetê-los a seus interesses. Como veremos, a seguir, o conhecimento traz implícito o poder. 36 UNIUBE É o que sugerem Maturana; Varela (2001 apud MARIOTI, 2009) quando orientam que: O mundo em que vivemos é o que construímos a partir de nossas percepções, e é nossa estrutura que permite essas percepções. Por conseguinte, nosso mundo é a nossa visão de mundo. Se a realidade que percebemos depende da nossa estrutura - que é individual -, existem tantas realidades quantas pessoas percebedoras. Trazendo estas ideias ao tema de nosso capítulo, os mesmos autores continuam exemplificando: Eis por que o chamado conhecimento só objetivo é inviável: o observador não é separado dos fenômenos que observa. Se somos determinados pelo modo como se interligam e funcionam as partes de que somos feitos (ou seja, pela nossa estrutura), o ambiente só desenca- deia em nós o que essa estrutura permite. Um gato percebe o mundo e interage com ele de acordo com sua estrutura de gato, jamais com uma configuração que não tem, como a de um ser humano, por exemplo. Não vemos um rato da mesma forma que o vê um gato. Vamos refletir a respeito? Encerramos aqui, o segundo momento de nosso capítulo. Vamos refletir a respeito do que fora apresentado até aqui? Que conceitos foram trabalha- dos? Que inferências podemos extrair? Que relações permitem? Passaremos, a seguir, para a fase final de nosso estudo, na qual serão apresentados argumentos que associam o que fora explicitado, conceitual e reflexivamente, com a geração de inteligências coletivas, a partir da gestão do conhecimento. PARADA PARA REFLEXÃO UNIUBE 37 A relação entre a gestão do conhecimento e a geração de inteligências coletivas 1.3 Levando nosso estudo para o campo da aplicação nas organizações (grupos), é interessante observar que a partir da administração científica (taylorismo, fayolismo e weberianismo no início do século XX) o homem passa a organizarsuas práticas de tal forma que consegue, ao passo dos anos e dos testes, alcançar melhorias em seus processos produtivos, porque não dizer, em sua produção cultural, intelectual e econômica. Parte dessa evolução do pensamento administrativo recorre ao conheci- mento tácito, enquanto outra parte recorre ao conhecimento explícito. Toda vez que um novo conhecimento é gerado, ele é aproveitado como um novo dado ou informação para que o processo continue. Sendo assim, todo conhecimento para uma organização representa um bem/ valor que será utilizado de forma inteligente e estratégica para alcançar-se os objetivos da organização, bem como superá-los, em determinados casos. IMPORTANTE! Por gestão do conhecimento, então, entende-se a “estratégia que transforma bens intelectuais da organização – informações registradas e o talento de seus membros – em maior produtividade, novos valores e aumento de competitividade” (MURRAY, 1996 apud MELO, 2003, p. 35). A palavra competitividade presente no conceito pode ser entendida por nós como uma qualidade de evolução, porque quanto mais se conhece mais apto se configura o observador de interpretar a si, ao objeto e ao contexto em que se encontra. 38 UNIUBE Seguindo, ainda, o mesmo raciocínio, Zabot e Silva (2002, p.13) contri- buem dizendo que a gestão do conhecimento, também chamada por alguns autores de gestão do capital intelectual, está entre os temas mais discutidos atualmente. Sua importância não é nova, pois ao longo da história mundial sempre foram destaque os homens que se encontravam na vanguarda do conhecimento, não sendo desconhecido o fato de que, possuindo conheci- mento, mais facilmente poder-se-ia triunfar e sobressair perante os demais. Gestão do conhecimento é, portanto uma visão, baseada no conhecimento dos processos de negócio da organização, para alavancar a capaci- dade de processamento de informações avançadas e tecnologias de comunicação, via translação da informa- ção em ação por meio da criatividade e inovação dos seres humanos, para afetar a competência da organiza- ção e sua sobrevivência em um crescente de imprevisi- bilidade. (MALHOTRA apud MELO, 2003, p. 35) Vamos refletir a respeito... Quando encontramos, no conceito anterior, a palavra ‘competência’, entendemos que se trata de um conjunto de predicados (qualidades) que a organização desenvolve a fim de garantir a superação das adversidades. E como resultado, tem-se mais conhecimento, e, por consequência, o domínio dos processos pelos quais a organização atravessa. PARADA PARA REFLEXÃO Quanto mais se sabe ou se conhece sobre a organização, mais se evolui em seu controle interno, mais se compreende as capacidades que ela possui de resistir à pressões externas, e assim sobreviver. UNIUBE 39 Para alguns autores, porém, a produção do conhecimento dentro das organizações passa por determinados momentos denominados de Socialização, Combinação, Externalização e Internalização, associando- -se mais uma vez o conhecimento tácito ao explícito. Para explicar tais fatos, recorre-se à Nonaka e Takeuchi (1997, p. 80), os quais nos orientam dizendo que socialização é o compartilhamento do conhecimen- to tácito, por meio da observação, imitação ou prática (tácito para tácito). Articulação/ externalização é a conversão do conhecimento tácito em explícito e sua comunicação ao grupo (tácito para explícito). Combina- ção – padronização do conhecimento é juntá-lo em um manual ou guia de trabalho e incorporá-lo a um produto (explícito para explícito). Internalização é quando novos conhecimentos explícitos são compartilhados na organização e outras pessoas começam a internalizá- -los e o utilizam para aumentar, estender e reenquadrar seu próprio conhecimento tácito (explícito para tácito). (grifo do autor.) Como se vê, existe uma tentativa de sistematizar a gestão do conheci- mento baseando-se na criação e interpretação dos fatos e relacionando- -os com as estratégias definidas por cada organização. Trata-se, assim, de transformar o conhecimento tácito e empírico (talentos dos indivíduos) em conhecimento explícito (regras, metodologias, textos), permitindo que a organização evolua detendo e dominando o saber, a técnica, a visão. E, acredite, todo este novo conhecimento gerado será usado para atender a um fim determinado por cada organização. 40 UNIUBE Em tudo isso reside um objetivo maior que é o de criar e sustentar uma organização autopoiética através da gestão dos saberes (conhecimento). Uma organização autopoiética supera as adversidades do contexto em que se insere por transcender suas realidades através do uso dos saberes comparti- lhados sistemática e metodologicamente entre seus talentos humanos. PONTO-CHAVE Estes saberes se constituem os segredos da organização, que de forma estratégica e processual, devem ser desenvolvidos à luz da excelência. Mas, devemos considerar que este processo pode ocorrer em qualquer exemplo de organização, seja a família, a empresa, a escola, uma ONG, uma associação informal, um país, estado de direito ou território, entre tantas outras. Seguindo a sistematização do conceito, entende-se que a “gestão do conhecimento reside, basicamente, na capacidade de relacionar informa- ções estruturadas e/ou não estruturadas com regras constantemente modificadas e aplicadas pelas pessoas na empresa”. (ZABOT; SILVA, 2002, p. 14.) E estas informações e regras, circunstancialmente, se baseiam nas relações entre o conhecimento tácito e o explícito. Os mesmos autores Zabot e Silva, (2002, p. 15) destacam ainda que nesses tempos de grandes mudanças de mercado, proliferação de tecnologias, multiplicidade de competi- dores e produtos tornando-se obsoletos quase que de um dia para o outro, as empresas de sucesso são aquelas que conseguem, com consistência, criar novos conhecimentos, disseminá-los por toda a organização, e transformá-los em novas tecnologias e novos produtos. UNIUBE 41 E como um resultado estrategicamente esperado, essas “atividades definem a empresa ‘criadora de conhecimento’, cujo principal negócio é a continuação da inovação”. (NONAKA, 1991 apud ZABOT e SILVA 2002, p. 15). Ou seja, conhecimento que gera conhecimento. Algo que vale a pena salientar, alunos e alunas, e que se associa com o “rio” que acompanha nossas ideias desde o início de nosso estudo, é que o “conhecimento é criado apenas pelos indivíduos e a eles pertence, e, portanto, uma organização não pode criar conhecimento sem as pessoas” (STUART,1998 apud ZABOT; SILVA, 2002, p. 15), mas sim, por outro lado, apoiá-las e incentivá-las nesta produção, estabelecendo ambientes e contex- tos possíveis a esta criação. IMPORTANTE! Ainda que se sustente uma certa dependência das organizações, do ponto de vista hierárquico, é dos indivíduos a produção do conhecimento, que sob a forma de produção é associado aos bens da empresa Quando uma empresa lança um novo produto, está lançando um conjunto de conhecimentos desenvolvidos como uma solução para determinada lacuna no mercado. Chegou-se a esta solução através do compartilhamento de informa- ções e dados entre os talentos formadores de conhecimento da empresa. Parte desses conhecimentos está associada a um novo componente da fórmula do produto, outra parte, está determinando o apelo de marketing e o tipo de promoção e propaganda que chegará até as casas dos consumi- dores, e até mesmo as cores e nome do produto, apenas para exemplificar. EXEMPLIFICANDO! 42 UNIUBE Vamos refletir? Tudo tem por trás uma gama de conceitos internalizados pela organização, conceitos estes cujo nascedouro são os indivíduos que compõem o corpo da empresa. Tudo o que eles sabem, que carregam como carga intelectual ou como repertório particular de conhecimento, deve estar à disposição da empresa, não somente no desenvolvimento de tal produto, mas nas fases da produção, na distribuição, na promoção, e ainda, durante as reações do mercado a este novo conceito,
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