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Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Atendimento Inicial ao 
Politraumatizado" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 
9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material 
sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 
Com certificado 
online 
120 horas Atualização em 
Atendimento Inicial ao 
Politraumatizado 
Atayane Gomes Ferreira 
 
 
 
 
 
 
Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Atendimento Inicial ao 
Politraumatizado" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 
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sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 
Atualização em 
Atendimento Inicial ao 
Politraumatizado 
Atayane Gomes Ferreira 
120 horas 
Com certificado 
online 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 5 
CONCEITOS E TIPOS DE TRAUMAS ........................................................................... 8 
2.1 CONCEITOS ............................................................................................................... 8 
2.1.1 Trauma .................................................................................................................. 8 
2.1.2 Trauma Maior ....................................................................................................... 8 
2.1.3 Trauma Menor ...................................................................................................... 9 
2.2 TIPOS DE TRAUMA ............................................................................................... 10 
2.2.1 Trauma Torácico................................................................................................. 10 
2.2.2 Pneumotórax Hipertensivo ................................................................................. 11 
2.2.3 Pneumotórax Aberto (Ferida Torácica Aspirativa) ............................................ 11 
2.2.4 Hemotórax Maciço ............................................................................................. 12 
2.2.5 Tórax Instável ..................................................................................................... 13 
2.2.6 Lesões Torácicas – Divisão Segungo ATLS ...................................................... 13 
2.2.7 Sinais e Sintomas das Principais Lesões Traumáticas ........................................ 14 
2.2.8 Conduta das Principais Lesões Traumáticas ...................................................... 15 
2.3 TRAUMA ABDOMINAL ........................................................................................ 16 
2.4 TRAUMA CONTUSO .............................................................................................. 17 
2.5 TRAUMA PENETRANTE ....................................................................................... 17 
2.6 EXAME FÍSICO ....................................................................................................... 18 
2.6.1 Adjuntos ao Exame Físico .................................................................................. 18 
2.7 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) ................................................. 19 
2.8 ESCALA DE COMA DE GLASGOW (ECG) ......................................................... 21 
2.9 TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR (TRM) ........................................................ 22 
2.9.1 Tratamento na sala de emergência...................................................................... 22 
2.9.2 Avaliação neurocirúrgica .................................................................................... 23 
2.9.3 Tratamento de urgência ...................................................................................... 23 
2.10 TRAUMATISMO PÉLVICO.................................................................................. 25 
2.10.1 Classificação do trauma pélvico ....................................................................... 25 
2.10.2 Tratamento ............................................................................................................ 26 
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA NO ATENDIMENTO AO POLITRAUMATIZADO .... 28 
3.1 ATENDIMENTO DE VIA AÉREA E ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA 
CERVICAL ..................................................................................................................... 29 
3.1.1 Vias aéreas .......................................................................................................... 29 
3.1.2 Estabilização da coluna cervical ......................................................................... 30 
3.2 BOA RESPIRAÇÃO ................................................................................................. 30 
3.3 CIRCULAÇÃO COM CONTROLE DE HEMORRAGIAS .................................... 31 
3.4 DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA .............................................................................. 32 
 
 
, 
ATENDIMENTO AO QUEIMADO ................................................................................ 35 
AVALIAÇÃO..................................................................................................................... 37 
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 41 
 
Unidade 1 – Introdução 
 
 
5 
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01 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
Trauma grave é um grande problema de saúde pública mundial. Trata-se de uma doença 
heterogênea, multissistêmica e de gravidade variável que acomete principalmente indivíduos 
até a quarta década de vida, sendo a principal causa de mortalidade até essa faixa etária. 
Também sendo responsável por cerca de 80% das mortes na adolescência. Atribuem-se esses 
riscos aos homens jovens em razão de atividades trabalhistas perigosas, consumo abusivo de 
álcool, comportamento agressivo pela questão cultural de gênero, baixa renda e direção 
perigosa de veículos automotores. 
Os acidentes de moto, que envolvem lesões musculoesqueléticas, atingem, na 
maioria das vezes, indivíduos mais jovens, população relativamente hígida e produtiva. Por 
consequência, o número elevado de incapacitados para atividades pessoais e profissionais 
resulta em gastos com seguridade e alto consumo de recursos hospitalares e tecnológicos, 
além de longo tempo necessário para recuperação e reabilitação. 
Os altos índices de mortes decorrentes de trauma mostram a importância da urgência 
no fornecimento de atendimento adequado e organizado, esse atendimento imediato e 
qualificado tem o intuito de minimizar os danos causados por incidentes, evitando futuras 
sequelas pós-tratamento ou até mesmo a morte. 
A abordagem multiprofissional de cuidados a esses pacientes são parte significativa 
da prática diária dos profissionais de saúde e, empregada de forma sistematizada, tem 
possibilitado minimizar a morbidade e mortalidade decorrentes de eventos agudos. 
A avaliação inicial de qualquer paciente politraumatizado segue as recomendações 
do Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões. O atendimento segue um 
protocolo sistemático cujas ações devem seguir uma sequência, executadas na prática quase 
que simultaneamente pela equipe responsável. Porém, um dos dados importantes a serem 
obtidos provém da história do trauma e de seus mecanismos. Por meio de sua avaliação e da 
cinemática envolvida, pode-se prever a gravidade e a natureza das lesões torácicas. 
Assim, é imperativo que o enfermeiro saiba efetivamentefazer a triagem e aplicar os 
instrumentos de avaliação aos pacientes com lesões traumática, bem como implementar as 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
6 
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deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 
intervenções baseadas em evidências inerentes a cada caso, compreendendo os efeitos 
traumáticos imediatos e de longo prazo. 
É fundamental que a equipe de enfermagem participe do atendimento por meio da 
implementação de medidas terapêuticas, como a reabilitação, pois conforme o grau da lesão 
o paciente torna-se dependente de cuidados de enfermagem, dispensados a eles na tentativa 
de prevenir eventos adicionais. 
Os aspectos que envolvem o atendimento dos pacientes com lesões traumáticas se 
fazem necessários e urgentes na busca e no controle dos parâmetros hemodinâmicos, na 
avaliação do padrão respiratório, no controle da termorregulação, na sistematização de 
cuidados básicos como higiene e conforto, na atenção aos distúrbios hidroeletrolíticos, no 
controle do metabolismo e na verificação do aporte nutricional, além de outros cuidados. 
Na ocorrência de um trauma em vias de atendimento público, independentemente da 
sua origem, o serviço de atendimento pré-hospitalar (APH) deve ser acionado no menor 
tempo possível. A avaliação da cena permite identificar as possíveis ameaças tanto para a 
equipe quanto para as vítimas envolvidas, a fim de garantir a segurança do local e a 
segurança de todos os envolvidos, e determinar qual a melhor opção de manejo à vítima. Ao 
chegar ao local do acidente, a equipe deve realizar a avaliação da cena e a avaliação de cada 
vítima e determinar quais vítimas terão prioridade no atendimento. 
Para todos os tipos de trauma, uma abordagem padronizada é adotada a fim de 
garantira segurança da vítima e minimizar a possibilidade de agravo de lesões já existentes. 
Para isso, são realizadas técnicas de extricação e imobilização por profissionais de saúde 
treinados, permitindo, assim, avaliação constante e transporte adequado da vítima até o 
ambiente hospitalar. 
As vítimas portadoras de lesões musculoesqueléticas podem chegar ao ambiente 
intra-hospitalar apresentando diversos níveis de complexidade. Dessa forma, a assistência 
de enfermagem será direcionada de acordo com a gravidade da vítima. A equipe de 
enfermagem tem papel fundamental tanto no APH quanto no atendimento intra-hospitalar. 
Na maioria das vezes, essa equipe é responsável pela abordagem inicial à vítima e faz total 
diferença no tratamento das lesões existentes e na prevenção das complicações tardias das 
lesões musculoesqueléticas no ambiente intra-hospitalar. 
As condições do ambiente intra-hospitalar, assim como a disponibilidade dos 
recursos, farão muita diferença na prestação do cuidado, principalmente nos casos de vítimas 
graves. Para que os cuidados iniciais sejam prestados de maneira adequada, é necessária uma 
sala de estabilização de vítimas graves organizada e com profissionais treinados para o 
atendimento ao paciente traumatizado. O acesso aos materiais e ao carro de emergência deve 
ser rápido e fácil; os laboratórios, as salas de raio x e tomografia computadorizada (TC) e o 
banco de sangue devem estar sempre prontos para receber o paciente a qualquer momento e 
oferecer um atendimento adequado. 
No ambiente pré e intra-hospitalar, o primeiro passo para o atendimento ao paciente 
de trauma é a abordagem sequencial do método mnemônico ABCDE, realizado na avaliação 
primária. A partir dessa avaliação e das intervenções necessárias estabelecidas, o paciente 
segue para a avaliação secundária, que inclui exames de imagem e laboratoriais, cirurgias 
Unidade 1 – Introdução 
 
 
7 
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ou internação, de acordo com o seu estado de gravidade, determinando, assim, o seu 
tratamento definitivo. 
O significado do ABCDE é: 
• A – Airway: vias aéreas permeáveis com controle da coluna cervical; 
• B – Breathing: respiração e ventilação; 
• C – Circulation: circulação com controle das hemorragias; 
• D – Disability: incapacidade neurológica; 
• E - Exposure/Enviromental Control: despir o paciente, mas protegendo-o da 
hipotermia. 
 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
8 
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02 
CONCEITOS E TIPOS DE TRAUMAS 
 
 
 
 
2.1 CONCEITOS 
 
2.1.1 Trauma 
O trauma consiste em lesão de extensão, intensidade e gravidade variáveis, que pode ser 
produzida por agentes diversos (físicos, químicos, elétricos), de forma acidental ou 
intencional, capaz de produzir perturbações locais ou sistêmicas. 
 
2.1.2 Trauma Maior 
Paciente que na classificação pré-hospitalar apresenta um ou mais dos critérios: 
• Parâmetros vitais: ECG < 14 ou deterioração neurológica; PAS < 90; FR < 10 ou > 
29 ou mecânica ventilatória que necessite intubação pré-hospitalar. 
• Anatomia da lesão: 
a. Ferimento penetrante craniano, cervical, torácico, abdome, extremidades proximais 
ao cotovelo e joelho; 
b. Combinação de traumas ou queimaduras de 2º ou 3º graus; 
c. Suspeita clínica de instabilidade da pelve; 
d. Suspeita de fratura de dois ou mais ossos longos proximais (fêmur ou úmero); 
Unidade 2 – Conceitos e tipos de traumas 
 
9 
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e. Paralisia de um ou mais membros; 
f. Amputação completa ou incompleta proximal ao punho ou ao tornozelo. 
• Impacto violento: 
a. Ejeção do veículo; 
b. Velocidade do veículo superior a 60 km/h; 
c. Deformação externa superior a 50 cm; 
d. Intrusão da lataria superior a 30 cm; 
e. Capotamento do veículo; 
f. Morte de um ocupante do mesmo veículo; 
g. Colisão de automóvel, atropelamento de pedestre ou de ciclista com velocidade 
superior a 10 km/h; 
h. Colisão de automóvel, atropelamento de pedestre ou de ciclista com projeção à 
distância ou amputação traumática; 
i. Queda de motocicleta em velocidade superior a 40 km/h; Queda de motocicleta com 
projeção à distância, ou impacto secundário, ou amputação traumática; 
j. Queda de altura superior a 6 m; 
k. Remoção de ferragens com tempo superior a 20 min. 
• Condições clínicas de risco aumentado: 
a. Idade < 12 anos ou > 70 anos; 
b. Gravidez confirmada ou presumida; 
c. Doenças crônicas graves; 
d. Terapia com anticoagulante. 
 
2.1.3 Trauma Menor 
Trauma menor é aquele que na triagem pré-hospitalar se enquadra em um ou mais dos 
critérios: 
• Dados vitais normais; 
• Fraturas alinhadas, luxações, lacerações; dor leve – moderada; 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
10 
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deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29).• Lesão de pele e subcutâneo com sangramento compressível; 
• Trauma torácico com dor leve sem dispnéia; 
• Suspeita de fratura, entorse, luxação, contusões, mialgias; 
• Escoriações, ferimentos que não requerem fechamento e outros traumas que não 
contém critérios para trauma maior. 
A morte decorrente de traumas apresenta distribuição trimodal: 
Primeiro pico: representa mais da metade de todas as mortes por trauma, constituem 
as mortes imediatas, que ocorrem nos primeiros minutos até a primeira hora após o evento 
do trauma, em geral ainda no local do acidente. Em sua maioria não são evitáveis, pois são 
decorrentes de grandes lesões de órgãos vitais: lacerações do coração, de grandes vasos, do 
cérebro, tronco cerebral ou medula espinhal. 
Segundo pico: abrangem cerca de 30% das mortes por trauma, ocorrem nas 
primeiras horas após o trauma, ditas mortes precoces. São em sua maioria evitáveis mediante 
diagnóstico precoce e tratamento adequado, pois são secundárias às lesões tratáveis. São 
decorrentes em geral de causas hemorrágicas, por lesões do sistema respiratório, órgãos 
abdominais ou sistema nervoso central (hematoma subdural ou extradural), ou de múltiplos 
traumatismos. O tempo entre a ocorrência do trauma e o diagnóstico e tratamento adequado 
é primordial para a recuperação do paciente, principalmente na primeira hora, chamada de 
Golden hour. 
Terceiro pico: são as mortes tardias, que ocorrem dias ou até semanas após a 
ocorrência do evento do trauma. Decorrem em geral em consequência de causas infecciosas 
e falência de múltiplos órgãos. 
O diagnóstico precoce e preciso, um tratamento rápido, adequado e efetivo bem como 
uma assistência integral ao paciente vítima de trauma podem diminuir a taxa de mortalidade, 
bem como a ocorrência de sequelas ocasionadas pelo trauma. O índice de acidentes fatais, 
não tratáveis, é muito alto, bem como ocorrência de sequelas definitivas, portanto a 
prevenção à ocorrência do trauma ainda constitui seu melhor tratamento. 
 
 
2.2 TIPOS DE TRAUMA 
 
2.2.1 Trauma Torácico 
As lesões torácicas traumáticas consistem no acometimento do tórax de forma isolada ou em 
conjunto com outras regiões do corpo nos pacientes vítimas de lesões multissistêmicas. O 
paciente com esse tipo de lesão apresenta alteração da mecânica respiratória, o que pode ser 
observado na musculatura intercostal, no arcabouço ósseo e na contração do diafragma. 
Unidade 2 – Conceitos e tipos de traumas 
 
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Essas lesões podem ser classificadas em fechadas (quando atingem a parede, a pleura 
e os pulmões) ou perfurantes (quando atingem pulmões), sendo essa uma das principais 
causas de óbitos de pacientes com lesões multissistêmicas, devido ruptura de grandes vasos, 
do coração e da árvore brônquica. 
Quatro são as condições relacionadas ao trauma torácico que implicam risco de morte 
iminente: pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, tórax instável e hemotórax 
maciço. Todas as outras condições: pneumotórax simples, hemotórax simples, contusão 
pulmonar não associada a tórax instável, fratura de esterno e costela, lesão traqueobrônquica, 
lesão esofágica, contusão cardíaca, lesão de grandes vasos e ruptura diafragmática podem 
ser diagnosticadas sucessivamente com exames complementares apropriados e tratadas em 
tempo hábil. 
 
2.2.2 Pneumotórax Hipertensivo 
O pneumotórax é o acúmulo de ar entre as pleuras parietal e visceral, levando ao aumento 
da pressão intratorácica, com colapso do tecido pulmonar ipsilateral, resultando em grave 
anormalidade da relação ventilação-perfusão, redução da capacidade vital, do volume-
minuto e do retorno venoso, levando à hipóxia por aumento do shunt pulmonar. 
Pneumotórax são frequentes em traumas torácicos. 
O pneumotórax hipertensivo desenvolve-se a partir da entrada de ar no espaço pleural 
através de uma válvula unidirecional no pulmão ou parede torácica. Consequentemente, a 
pressão interpleural aumenta de forma progressiva, colabando o pulmão ipsilateral e 
deslocando o mediastino e a traqueia contralateralmente, comprimindo o pulmão sadio e 
reduzindo o retorno venoso e o débito cardíaco, com rápida deterioração dos sinais vitais. 
Um pneumotórax simples pode se transformar em hipertensivo quando é instituída a 
ventilação mecânica com pressão positiva. 
Sinais e sintomas clínicos incluem dispneia, hipoperfusão, distensão jugular, 
diminuição ou ausência dos murmúrios vesiculares do lado afetado, hipertimpanismo e 
desvio da traqueia para o lado contrário da lesão. Ressalta-se que estes sintomas e sinais 
muitas vezes estão ausentes ou aparecem tardiamente. Assim, a suspeita clínica em razão do 
mecanismo de trauma e a presença de instabilidade hemodinâmica deve ser levada em 
consideração. 
Descompressão imediata do pneumotórax é mandatória. Tal alívio pode ser obtido 
de forma mais definitiva pele inserção de um dreno tubular de tórax. Porém, em situações 
de urgência ou falta de uma pessoa habilitada para tal procedimento, pode-se inserir um jelco 
14G ou 16G no segundo espaço intercostal linha hemiclavicular para alívio. 
 
2.2.3 Pneumotórax Aberto (Ferida Torácica Aspirativa) 
Pneumotórax aberto não é frequente em traumas contusos torácicos. Ele resulta de uma lesão 
de toda a profundidade da parede torácica, com exposição pulmonar. Caso o diâmetro da 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
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lesão seja maior que dois terços do diâmetro da traqueia, o ar atmosférico entra na cavidade 
torácica preferencialmente pela lesão ao invés das vias aéreas superiores (por ser o trajeto 
com menor resistência). Com isso, não ocorre expansão pulmonar, levando a hipoventilação 
e hipoxemia. Habitualmente, não ocorre hipertensão do pneumotórax em razão da 
comunicação da pleura com a atmosfera por meio da ferida aberta. 
O tratamento imediato do pneumotórax aberto consiste na realização de um curativo 
de três pontos. O orifício é coberto com material estéril não permeável quadrado e ocluído 
em três de seus lados. Como um dos lados permanece aberto, o curativo previne entrada de 
ar para a cavidade pleural na inspiração, mas permite a saída do pneumotórax na expiração. 
 
2.2.4 Hemotórax Maciço 
O hemitórax maciço resulta de um rápido acúmulo de mais de 1500 ml de sangue na cavidade 
pleural. É causado mais comumente por ferimentos penetrantes que dilaceram os vasos 
sistêmicos ou hilares, principalmente por armas de fogo. O hemotórax maciço é 
diagnosticado pela associação de choque com ausência de murmúrios vesiculares e/ou 
macicez à percussão do hemitórax. 
O hemotórax maciço é tratado inicialmente por correção da hipovolemia e 
descompressão do espaço pleural. Após conseguir rápido acesso venoso com cateter 
calibroso, inicia-se a infusão de cristaloides, e concentrado de hemácias após a tipagem do 
sangue. 
Para drenagem, sugere-se colocação de drenos calibrosos (36F a 38F) para se evitar 
obstrução. Eles devem ser colocados em posição posterior para drenagem adequada. Saída 
imediata na colocação do dreno maior que 1.500ml de sangue ou drenagem mantida maior 
que 200 a 250ml por 3 horas indica a necessidade de toracotomia para avaliação e contenção 
do sangramento. 
Quando realizamos a drenagem pleural fechada e o sangramento estanca, a 
toracotomia é suspensa. Terão indicação de toracotomiaaqueles pacientes que: 
• Tiveram sangramento de 1500 ml (20 ml/Kg) em menos de uma hora após a 
drenagem inicial e que represente próximo da metade da volemia; 
• Sangramento mantendo um ritmo de 500 ml/h nas 3 a 4 horas, que se seguiram ao 
traumatismo; 
• Quando houver suspeita de lesão da aorta torácica (alargamento do mediastino com 
hemotórax esquerdo), independente do volume e da velocidade do sangramento. 
Quando a radiografia do tórax revela permanência da opacificação do hemitórax 
significa a drenagem inadequada do hemotórax coagulado, que deverá ser aspirado através 
da videotoracoscopia. 
 
Unidade 2 – Conceitos e tipos de traumas 
 
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2.2.5 Tórax Instável 
Tórax instável é definido como uma lesão da parede torácica que gera movimento paradoxal 
de um de seus segmentos. Ele ocorre por fratura de 2 a 3 costelas em dois ou mais locais. 
Em decorrência de seu movimento paradoxal durante a respiração (uma vez que tal segmento 
está separado do restante do tórax), ele se move para dentro com a inspiração e para fora 
com a expiração. 
Sua ocorrência em traumas torácicos fechados varia de 5 a 13%. Quatro são os fatores 
mecânicos que prejudicam a respiração no cenário do tórax instável: contusão pulmonar 
associada, obstrução das vias aéreas, pneumotórax ou hemotórax e dor. A presença da 
contusão pulmonar é de longe o componente mais importante que leva ao prejuízo da 
ventilação. Além disso, o tórax instável raramente é resultado de um trauma isolado, pois a 
força necessária para originá-lo está frequentemente associada a envolvimentos 
multissistêmicos, sendo, portanto, um marcador de outras lesões associadas. 
O tratamento possui como foco principal a adequação da oxigenação e ventilação 
pulmonar, e não a estabilização esquelética. Felizmente, cerca de 68% dos pacientes que são 
submetidos à ventilação mecânica são extubados até o terceiro dia. A estabilização cirúrgica 
do tórax não é sugerida em razão de seu benefício marginal, uma vez que a maior parte dos 
casos graves possui contusão pulmonar como causa do distúrbio ventilatório, e não as 
fraturas ósseas. Deve ser dada atenção especial a analgesia para se evitar hipoventilação. 
 
2.2.6 Lesões Torácicas – Divisão Segungo ATLS 
Lesões com risco iminente de vida (devem 
ser diagnosticadas e prontamente tratadas 
no exame primário) 
Lesões com potencial risco de vida 
(devem ser suspeitadas e 
investigadas/tratadas no exame secundário) 
Obstrução da via aérea Pneumotórax simples 
Pneumotórax hipertensivo hemotórax 
Pneumotórax aberto Contusão pulmonar 
Tórax instável Laceração traqueobrônquica 
Hemotórax maciço Traumatismo contuso do coração 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
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Tamponamento cardíaco Ruptura traumática de aorta 
 Ruptura traumática de diafragma 
 Ferimentos transfixantes do mediastino 
 
2.2.7 Sinais e Sintomas das Principais Lesões Traumáticas 
LESÃO SINAIS E SINTOMAS 
Obstrução de via aérea Dispneia, estridor, sinais de hipoxemia. 
Pneumotórax hipertensivo Dispneia, taquipneia, redução ou ausência de 
murmúrios vesiculares (MV), hipertimpanismo e 
redução de expansão torácica do lado acometido, 
desvio traqueal, sinais de choque. 
Pneumotórax aberto Dispneia, lesão extensa de parede torácica. 
Tórax instável Dispneia, dor torácica, crepitação de arcos, 
movimento paradoxal, sinais de hipoxemia 
Hemotórax maciço Choque hipovolêmico, redução ou ausência de 
murmúrios vesiculares, macicez à percussão 
Tamponamento cardíaco Hipotensão arterial, turgência jugular, abafamento 
de bulhas, pulso paradoxal e sinal de Kussmaul 
(não presentes se choque hipovolêmico associado) 
Pneumotórax simples Dispneia, dor torácica, redução ou ausência de MV, 
hipertimpanismo e redução da expansão torácica 
do lado acometido 
Unidade 2 – Conceitos e tipos de traumas 
 
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Hemotórax Dispneia, redução ou ausência de MV, macicez à 
percussão do lado acometido 
Contusão pulmonar Dispneia, sinais de hipoxemia, sinais de trauma 
violento à parede torácica 
Laceração traqueobrônquica Dispneia, enfisema subcutâneo, enfisema de 
mediastino, estridor, sinais de hipoxemia 
Traumatismo contuso do coração Arritmias, sinais de trauma contuso violento ao 
pré-cordio 
Ruptura traumática de diafragma Dispneia, redução de MV, ausculta de ruídos 
hidroaéreos no tórax 
 
2.2.8 Conduta das Principais Lesões Traumáticas 
Lesão diagnosticada Conduta proposta 
Obstrução de aérea 
Assistência ventilatória (se necessário, 
cricotiroidostomia) e desobstrução por 
broncoscopia rígida ou, raramente, 
toracotomia 
Pneumotórax hipertensivo Punção descompressiva e drenagem pleural 
Pneumotórax aberto 
Curativo em três pontos seguido de 
drenagem pleural 
Tórax instável Analgesia vigorosa e assistência 
ventilatória 
Hemotórax maciço 
Drenagem pleural, reposição volêmica e 
toracotomia exploradora 
Tamponamento cardíaco Pericardiocentese e/ou drenagem 
pericárdica 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
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Pneumotórax simples Drenagem pleural 
Hemotórax Drenagem pleural 
Contusão pulmonar 
Analgesia vigorosa e fisioterapia 
respiratória; quando necessário, restrição 
hídrica e assistência ventilatória 
Laceração traqueobrônquica 
Permeabilização da via aérea e cirurgia, se 
necessário 
Traumatismo contuso do coração 
Monitorização cardíaca e tratamento de 
arritmias 
Ruptura traumática da aorta Tratamento cirúrgico especializado 
Ruptura traumática do diafragma 
Na fase aguda, laparotomia e correção da 
hérnia 
Ferimentos transfixantes do mediastino 
Investigação extensa e cirurgia conforme 
achados 
 
 
2.3 TRAUMA ABDOMINAL 
A hemorragia nas primeiras horas após o trauma é o fator mais relacionado a óbito e, nesse 
contexto, os traumas abdominais são muito comuns pelas proporções de abdome e pelos 
órgãos e vasos que abriga. Geralmente, os traumatismos abdominais ocorrem em cerca de 
15 a 20% dos traumas. 
Tanto o abdome como a pelve podem ser fontes de sangramento que, por não ser 
visualizado, tende a ser muito mais dificilmente diagnosticados em comparação ao 
sangramento de uma extremidade, por exemplo. No abdome, o sangramento na cavidade 
peritoneal pode não provocar inicialmente irritação peritoneal nem dor, o que dificulta o 
reconhecimento da lesão abdominal. 
O diagnóstico da hemorragia abdominal ou pélvica é muito importante para 
identificação rápida do local do sangramento e para aplicação do melhor tratamento ao 
choque hemorrágico, que é a interrupção imediata do sangramento. Em pacientes com 
trauma abdominal fechado, em cerca de 40% dos casos a hemorragia intra-abdominal é 
decisiva para o óbito. 
Unidade 2 – Conceitos e tiposde traumas 
 
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Os traumas abdominais podem ser divididos em trauma abdominal fechado ou 
contusão abdominal (quando não ocorre solução de continuidade na pele) e trauma 
abdominal penetrante (com solução de continuidade). 
 
 
2.4 TRAUMA CONTUSO 
Os mecanismos mais comuns que produzem lesões abdominais são compressão, 
esmagamento, cisalhamento e desaceleração. A compressão e o esmagamento produzem 
lesão direta em órgãos parenquimatosos, como fígado e baço. A compressão abdominal 
também pode provocar aumento súbito da pressão na cavidade, com ruptura de vísceras ocas 
ou até ruptura de parede abdominal, principalmente do diafragma, que é um ponto bastante 
frágil da cavidade abdominal. 
O cisalhamento ocorre quando forças em direções opostas aplicadas no mesmo órgão 
podem produzir lesões – por exemplo, ocasiões nas quais o fígado se movimenta e sofre 
lesão no ponto de fixação de ligamentos. Pacientes que utilizam cintos de segurança com 
fixação no ombro também podem desenvolver lesão abdominal pela compressão vigorosa 
do cinto sobre a cavidade abdominal durante o trauma. 
A lesão por desaceleração, por sua vez, ocorre nos pontos de fixação das estruturas 
intra-abdominais com as paredes internas do abdome. Tal mecanismo pode causar lesão de 
pedículos vasculares, com lesão das camadas íntima e média das artérias, resultando em 
infarto do órgão acometido. Alguns órgãos são mais suscetíveis a esse tipo de trauma, como 
rins, baço e mesentério. 
 
 
2.5 TRAUMA PENETRANTE 
Os ferimentos penetrantes são responsáveis por inúmeras lesões abdominais. As lesões 
penetrantes podem determinar efeitos indiretos, como cavitação e explosão; ademais, a lesão 
depende do trajeto do projétil ou do instrumento penetrante. Um dos aspectos importantes a 
serem considerados é a energia cinética envolvida na gênese da lesão, a qual sofre grande 
influência da velocidade. 
As armas brancas possuem baixa energia cinética e sua área de ação fica limitada a 
seu tamanho, dessa maneira, as lesões induzidas por arma branca podem ser razoavelmente 
preditas a partir do ponto de entrada. Já os projéteis de arma de fogo têm maior energia 
cinética e sua área é maior, pois podem assumir trajetos tortuosos dentro da cavidade 
abdominal. 
Uma das características das lesões por arma de fogo é a presença de cavitação 
desencadeada pelas ondas de pressão que se disseminam radialmente em relação à trajetória 
do projétil. A cavitação é mais larga que o projétil e é geralmente contaminada por debris 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
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arrastados para seu interior durante a trajetória. Os ferimentos por arma branca geram com 
mais frequência lesões no fígado, intestino delgado, diafragma e cólon; ao passo que as 
feridas por projétil de arma de fogo lesam predominantemente intestino delgado, cólon, 
fígado e vasos abdominais. 
 
 
2.6 EXAME FÍSICO 
O exame abdominal deve ser completo e seguir a sequência a sequência clássica: Inspeção, 
ausculta, percussão e palpação. As estruturas adjacentes como tórax, uretra, vagina, períneo, 
dorso e nádegas podem nos dar pistas de possíveis lesões de órgãos abdominais. Além disso 
o exame da bacia é de suma importância nesse momento. Deve ser realizado toque retal e 
vaginal em todos os pacientes politraumatizados com trauma maior e em alguns casos 
selecionados de trauma menor. 
 
2.6.1 Adjuntos ao Exame Físico 
• Sondagem gástrica (SG) 
O objetivo principal da SG é a descompressão gástrica antes da realização da 
Lavagem Peritoneal Diagnóstica (LPD) quando indicada. Pode-se observar também 
presença de sangue na sonda sugerindo possível lesão gástrica ou esofágica. Em pacientes 
com fraturas de face e/ou suspeita de lesão em base de crânio sempre utilizar a via 
orogástrica. 
• Sondagem vesical de demora (SVD) 
O objetivo principal é avaliar a perfusão tecidual e descomprimir a bexiga antes do 
LPD. Em casos de suspeita de lesão de uretra (Ex. sangue no meato, hematúria, hematoma 
no períneo) evitar o uso da SVD e solicitar avaliação do urologista. 
• Raio X 
Um Rx de torax antero-posterior na sala de choque é recomendado para pacientes 
estáveis hemodinamicamente com trauma contuso multissistêmico. Se o paciente está 
estável e apresenta trauma penetrante acima do umbigo ou suspeita de lesão 
toracoabdominal, o RX tórax é útil para excluir hemotórax e/ou pneumotórax associados. 
• FAST (Focused Assessment with Sonography for Trauma) 
Trata-se de um exame acessível, factível e rápido para avaliação da presença de 
fluídos intra-abdominais que pode ser realizado a beira do leito na sala de choque. Inclui o 
exame de quatro regiões importantes (saco pericárdico, espaços hepato e esplenorrenal e 
pelve ou recesso de Douglas), sendo extremamente útil na detecção da causa de choque. 
Unidade 2 – Conceitos e tipos de traumas 
 
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• Lavagem Peritoneal Diagnóstica (LPD ou DPL) 
É um exame rápido e fácil de realizar sendo útil para detectar hemorragia. Deve ser 
realizado pela equipe de cirurgia e necessita descompressão gástrica e vesical para prevenir 
complicações. As melhores indicações são os pacientes hemodinamicamente instáveis com 
trauma abdominal contuso ou em pacientes com trauma abdominal penetrante com múltiplos 
orifícios ou trajetórias aparentemente tangenciais, quando não disponível ultrassonografia 
rápida (FAST). A aspiração de conteúdo gástrico, fibras vegetais ou bile durante o 
procedimento já indica laparotomia urgente. Além disso a aspiração de 10ml ou mais de 
sangue requer laparotomia. 
• Tomografia Computadorizada (TC ou CT) 
É um exame que demanda tempo para realização, portanto só deve ser realizado em 
pacientes hemodinamicamente estáveis nos quais não há uma indicação aparente para 
laparotomia de emergência. Nunca realizar TC se isto for causar um atraso na transferência 
do paciente para um nível de atenção mais avançado. A grande vantagem da TC é que o 
exame pode fornecer informações sobre órgãos específicos, além da extensão destas lesões 
e pode diagnosticar lesões retroperitoneais e pélvicas, as quais não podem ser bem avaliadas 
pelo exame físico, FAST e LPD. 
• Laparoscopia ou Toracoscopia Diagnósticas 
A laparoscopia é um método aceito para avaliar pacientes hemodinamicamente 
estáveis com trauma penetrante e possível lesão tangencial e sem indicação de laparotomia 
de emergência, sendo útil na detecção de lesões diafragmáticas ou avaliar penetração 
peritoneal. 
 
 
2.7 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) 
Diversas escalas foram e continuam sendo descritas para a avaliação prognóstica do TCE. A 
mais difundida delas, a escala de coma de Glasgow (ECG), estratifica em TCE leve (13-15 
pontos), moderado (9-12 pontos) e grave (3-8 pontos). De forma geral, ela é considerada 
prognóstica nas primeiras 48 horas. 
O tratamento do paciente com suspeição de TCE segue os princípios gerais da 
abordagem do paciente vítima de trauma, com a identificação e tratamento prioritário 
daquelas lesões quepõem em risco a vida. Uma história breve deve ser coletada através do 
relato do próprio paciente, de testemunhas ou dos responsáveis pelo atendimento pré-
hospitalar. Para pacientes admitidos sob sedação ou entubados, é importante saber e registrar 
as condições neurológicas pré-intubação, registrar a pontuação da ECG observada no local 
do acidente e a quantidade de sedativos utilizados durante o transporte. 
Atenção especial deve ser dada à possibilidade e exclusão de lesões associadas, 
sobretudo as lesões da coluna cervical, devido à potencial gravidade, e às lesões faciais, 
devido à alta frequência. O tratamento simultâneo das lesões pode ocorrer quando houver 
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mais de uma lesão potencialmente fatal. A ECG deverá ser registrada no momento da 
admissão e reavaliada após correção de fatores de confusão potenciais como, por exemplo, 
hipotensão, hipóxia ou intoxicação exógena. 
Ao realizar o exame do crânio e da face, deve-se examinar e palpar toda a cabeça e 
couro cabeludo em busca de ferimentos, contusões, fraturas, afundamentos e assimetrias, 
avaliar a simetria e forma das pupilas; os olhos à procura de hemorragias, lesões penetrantes, 
presença de lentes de contatos; as orelhas e o nariz identificando se há perda de sangue ou 
líquor; a cavidade oral à procura de sangramentos, lacerações, dentes soltos ou próteses 
removíveis. 
Após ou de forma simultânea à estabilização, deve-se proceder a avaliação da ECG, 
visando alocar o paciente em algum dos grupos prognósticos (TCE leve, moderado ou 
grave). O transporte do paciente para a realização de exames de imagem somente deverá ser 
feito após a estabilização clínica. Lesões abertas com sangramento ativo deverão, 
preferencialmente, ser suturadas antes da realização dos exames de imagem. 
De forma geral, recomenda-se a realização de tomografia do crânio e coluna cervical, 
sem contraste, para todas as vítimas de TCE grave e moderado. Atualmente, a radiografia 
simples do crânio possui pouca utilidade diagnóstica, e foi abandonada pela maioria dos 
centros de referência. A radiografia da coluna cervical apresenta inúmeras limitações 
técnicas, sendo frequentemente insuficiente para a exclusão de fraturas da coluna cervical e 
decisão quanto à retirada do colar. 
Poderá ser feita a tentativa de ressuscitação neurológica (uso de manitol ou solução 
salina hipertônica) para os pacientes de maior gravidade (Glasgow 3 e 4), de acordo com o 
resultado do exame de imagem. Considera-se como resposta positiva, a melhora na 
pontuação da ECG ou reversão da anormalidade pupilar. 
O TCE grave deverá sempre ser tratado como lesão sistêmica, fazendo-se necessária 
avaliação laboratorial de emergência. Anormalidades da glicemia, sódio ou gasometria 
arterial deverão ser rapidamente corrigidas visando reduzir a incidência de injúria 
secundária. A hipotensão arterial é um potencial fator de piora prognóstica e de confusão na 
avaliação inicial de pacientes graves e, portanto, deverá ser tratada de forma agressiva. 
A avaliação neurocirúrgica é recomendada para os pacientes classificados como TCE 
grave, moderado e leve de alto e médio risco. Caso não esteja disponível de forma imediata, 
recomendasse a transferência para avaliação especializada somente após a estabilização 
clínica. O atendimento às vítimas de TCE moderado segue os princípios do atendimento ao 
paciente traumatizado. É recomendada internação em unidade de terapia intensiva nos 
primeiros dias ou até documentação da estabilidade das lesões intracranianas. 
A perda de pelo menos 2 pontos na ECG deverá motivar nova tomografia, com o 
intuito de avaliar se houve piora das lesões prévias. Se o paciente apresentar ECG menor do 
que 9 a qualquer momento, deverá ser procedida intubação orotraqueal e os princípios do 
TCE grave deverão ser seguidos. 
As vítimas de TCE leve constituem um grupo extremamente heterogêneo, com 
pacientes que transitam entre sintomáticos e sem lesões à tomografia, com lesões menores à 
tomografia, os que necessitem de monitorização em terapia intensiva, ou ainda com lesões 
Unidade 2 – Conceitos e tipos de traumas 
 
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mínimas e situações de risco social que demandam maior tempo de internação. A conduta 
varia desde a liberação imediata (pacientes com ECG 15, sem sinais de risco ou com 
tomografia normal), até observação hospitalar por horas ou dias (pacientes sintomáticos ou 
com lesões intracranianas menores). Todos os pacientes com ECG 13 ou 14 deverão realizar 
tomografia do crânio sem contraste, a fim de se excluir lesões cirúrgicas. 
Na ocasião da alta, recomenda-se a presença de algum acompanhante para os 
pacientes admitidos com TCE, além do fornecimento de orientações por escrito para o 
paciente e acompanhante em conjunto com orientações verbais sobre sinais de alarme que 
motivariam uma reavaliação imediata no serviço de urgência. 
 
 
2.8 ESCALA DE COMA DE GLASGOW (ECG) 
A Escala de Coma de Glasgow (ECG) é uma maneira simples e efetiva de avaliação do nível 
de consciência, que auxilia na avaliação seriada de forma organizada, e não em avaliações 
subjetivas e individuais, não devendo ser considerado um exame neurológico completo. 
Além dela, também se deve contemplar a avaliação das funções pupilar, motora, sensitiva, 
cerebelar e dos nervos cranianos, constituindo, assim, uma avaliação completa da função 
neurológica. 
A ECG se baseia nas melhores respostas do paciente a estímulos, atribuindo-se 
valores numéricos a estas. Através da avaliação do nível de consciência determina-se o 
estado funcional do cérebro. Nessa escala avaliam-se três parâmetros: abertura ocular (AO), 
melhor resposta verbal (MRV) e melhor resposta motora (MRM). Para cada parâmetro dá-
se uma pontuação (Figura 1), sendo quinze (15) a pontuação mais alta e três (03) a mais 
baixa, indicando o coma grave e/ou profundo. 
Ao ser aplicada a escala, o paciente precisa estar hemodinamicamente estável e com 
parâmetros respiratórios regulares, pois hipotensão e hipóxia podem alterar a pontuação. 
Uma queda de dois pontos na escala deve ser investigada e sempre associada a outros itens, 
como reação das pupilas e sinais vitais. A ECG somente deve ser aplicada em pacientes sem 
sedação; nos pacientes sedados deve ser utilizada uma escala específica (por exemplo, Escala 
RASS ou Escala de Ramsay). 
FIGURA 1. ESCALA DE COMA DE GLASGOW 
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2.9 TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR (TRM) 
No Brasil existem poucos dados referentes a especificidades das lesões medulares, mas sabe-
se de origem traumática, sendo o ferimento ocasionado por arma de fogo (FAF), acidente 
automobilístico e quedas, as causas externas mais frequentes. Estima-se a ocorrência de 
cerca de 40 novos casos por milhão de habitantes, somando de 6 a 8 mil casos por ano com 
custo elevado ao sistema de saúde. A região cervical constitui o segmento mais atingido. 
 
2.9.1 Tratamento nasala de emergência 
• ATLS; 
• Imobilização com colar cervical, na suspeita de fratura cervical ou impossibilidade 
de avaliação neurológica; 
• Definição em relação a necessidade de exames complementares, após a estabilização 
inicial; 
Unidade 2 – Conceitos e tipos de traumas 
 
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• Reavaliação após a realização de exames de imagem e suporte clínico até a 
transferência para unidade de menor complexidade ou unidade de terapia intensiva; 
 
2.9.2 Avaliação neurocirúrgica 
• Acionamento do neurocirurgião após a fase de estabilização. Para as unidades sem 
neurocirurgião disponível, providenciar transferência para unidade com atendimento 
de emergência em neurocirurgia, caso haja estabilidade clínica para tal; 
• Solicitação de exames complementares adicionais, após estabilização; 
• Auxílio da decisão em relação à retirada do colar cervical; 
 
2.9.3 Tratamento de urgência 
• Descompressão e fixação da coluna para os pacientes com lesões instáveis, à critério 
da equipe assistente. 
Múltiplos sistemas de classificação foram descritos para a avaliação prognóstica. De 
forma geral, deve-se tentar classificar as lesões de acordo com o tipo de déficit (completo ou 
incompleto) e de acordo com a topografia e o nível (coluna cervical, torácica e lombossacra). 
A extensão da lesão é definida pela Escala de Incapacidade da American Spinal 
Injury Association (ASIA), utilizando as seguintes categorias: 
• ASIA A: Lesão completa. Sem função motora ou sensitiva preservada nos segmentos 
sacrais S4-S5 
• ASIA B: Lesão incompleta. Sem função motora, mas com função sensitiva 
preservada abaixo do nível da lesão, incluindo os segmentos sacrais S4-S5 
• ASIA C: Lesão incompleta. Função motora preservada abaixo do nível da lesão, com 
a maioria dos músculos apresentando grau de força menor que 3 
• ASIA D: Lesão incompleta. Função motora preservada abaixo do nível da lesão, com 
a maioria dos músculos apresentando grau de força maior ou igual a 3 
• ASIA E: Normal. Sem alteração das funções motora e sensitiva. 
O tratamento do paciente com suspeita de lesão medular segue os princípios gerais 
da abordagem do paciente vítima de trauma, com a identificação e tratamento prioritário 
daquelas lesões que põem em risco a vida. 
Uma história breve deve ser coletada através do relato do próprio paciente, de 
testemunhas ou dos responsáveis pelo atendimento pré-hospitalar. Deve-se considerar como 
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caso suspeito de lesões medulares pacientes vítimas de trauma com queixa de dor cervical, 
parestesias nas extremidades ou dificuldades de movimentos. 
Para pacientes com qualquer alteração do nível de consciência, considerar sempre a 
possibilidade de fraturas da coluna ou lesões medulares, até a exclusão com exames de 
imagens. Caso seja necessária a intubação orotraqueal ou outra manobra para manutenção 
das vias aéreas, deve-se tomar o cuidado de não retirar o colar ou, na impossibilidade desta, 
proceder a estabilização manual da cabeça, retornando o uso tão logo seja possível. 
O transporte do paciente para a realização dos exames de imagem somente deverá 
ser feito após a estabilização clínica. 
Para o paciente sem alteração do nível de consciência, o colar cervical poderá ser 
retirado, caso não exista queixa de dor e parestesia, após o teste de movimento lateral e de 
rotação da cabeça. Para os pacientes com queixa de dor ou parestesia e para os pacientes 
com alteração do nível de consciência, recomenda-se a realização de exame tomográfico da 
coluna cervical, sem contraste. Caso o exame seja normal e o paciente mantenha a queixa de 
dor ou a alteração de consciência, a retirada do colar poderá ser feita de acordo com a 
experiência e indicação do médico assistente. 
A ressonância magnética e as radiografias dinâmicas da coluna poderão ser 
solicitadas para o estudo adicional após a identificação de fraturas ou para os pacientes que 
mantenham alterações clínicas, apesar da tomografia normal. 
A radiografia da coluna cervical apresenta inúmeras limitações técnicas, sendo 
frequentemente insuficiente para a exclusão de fraturas da coluna cervical e decisão quanto 
à retirada do colar. Na indisponibilidade da tomografia, o exame radiográfico ideal 
consistiria em radiografias da coluna cervical em AP, perfil (com visualização completa da 
transição C7-T1) e transoral, para visualização do processo odontóide, com retirada 
momentânea do colar. 
O TRM cervical abrange uma variedade de síndromes clínicas distintas, e pode ser 
decorrente de traumas de alta ou baixa energia cinética. Nestes, observamos principalmente 
a associação com alterações degenerativas pré-existentes da coluna (espondilose cervical), 
sendo um dos tipos de TRM mais comuns da população idosa. Poderão ser observadas as 
síndromes completas e incompletas, dentre as quais se destacam a síndrome centro-medular, 
caracterizada por um prejuízo nos membros superiores desproporcional ao prejuízo dos 
membros inferiores (diplegia braquial com paraparesia ou função motora normal nas 
pernas). 
Faz-se necessária a monitorização cardíaca, hemodinâmica e respiratória contínua, 
nos primeiros 3 dias, de todos os pacientes com lesão medular aguda secundária a trauma de 
alta energia cinética. Pacientes com lesão medular alta (cervical e torácica alta) deverão ser 
mantidos sob monitorização por tempo prolongado em ambiente de terapia intensiva. 
Recomenda-se correção agressiva da hipotensão arterial, mobilização em bloco com 
cabeceira plana ou pequena elevação (até 15°) em todos pacientes com lesões instáveis que 
ainda não foram submetidos a estabilização cirúrgica, mudança de decúbito em bloco de 2/2 
horas associada a medidas gerais de prevenção de úlceras de decúbito, sondagem vesical de 
demora nos casos com lesão medular que comprometa função vesical, principalmente 
Unidade 2 – Conceitos e tipos de traumas 
 
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quando associada à instabilidade hemodinâmica (devendo ser substituída por sondagem 
intermitente após o término da fase aguda), acompanhamento fisioterápico na fase aguda e 
reabilitação, início do suporte nutricional assim que o peristaltismo estiver presente 
(idealmente dentro de 72 horas), instituição de profilaxia para TVP precocemente nos 
pacientes com déficits neurológicos graves. 
A associação de medidas mecânicas com medidas químicas (heparina de baixo peso 
molecular) é o método mais frequentemente recomendado. A principal peculiaridade dos 
traumatismos da região torácica é a sua associação com mecanismos de alta energia e fraturas 
de maior gravidade. Devido a estes fatores, frequentemente vemos associação com outras 
lesões da região torácica que podem não ser reconhecidas na admissão hospitalar. Ao 
contrário da coluna cervical, não existe protocolo bem estabelecido para a utilização de 
exames de imagem na identificação de trauma nesta região. 
 
 
2.10 TRAUMATISMO PÉLVICO 
As lesões pélvicas de alta energia são fonte frequente dehemorragia potencialmente letal. A 
letalidade geral das fraturas pélvicas oscila entre 5 e 30%. Se houver associação com 
hipotensão, a letalidade sobre para 10-42%, e para 50% se a fratura pélvica for exposta. Em 
pacientes politraumatizados com hipotensão e exclusão de outras fontes de sangramento, 
deve-se suspeitar de lesão pélvica, principalmente se houver fratura do anel pélvico 
associada. 
As pistas diagnósticas para fraturas instáveis do anel pélvico incluem visualização de 
sangue no meato uretral ou escroto, ferimentos abertos do flanco, reto e períneo, 
encurtamento de membro inferior e deformidade rotacional do membro inferior na ausência 
de fraturas deste. Quando há suspeita de fratura de anel pélvico, a manipulação regional 
repetitiva deve ser evitada, em face do risco de deslocar um coágulo e agravar o quadro 
hemorrágico. Ao invés disso, a abordagem deve ser por palpação cuidadosa e, em caso de 
suspeita de fratura, aplicação imediata de um torniquete pélvico, centrado nos trocânteres 
maiores, utilizando-se usualmente um lençol. 
As fraturas do anel pélvico ocorrem normalmente após trauma de alta energia, como 
atropelamentos, acidentes de trânsito e quedas de altura. A direção e magnitude da força de 
impacto determinam o padrão de lesão. A gravidade imediata do quadro se relaciona 
principalmente com a ruptura do plexo venoso pélvico e do sangramento das superfícies 
ósseas, mas, menos comumente, podem ocorrer roturas de ramos arteriais do sistema ilíaco 
interno. 
 
2.10.1 Classificação do trauma pélvico 
• Compressão antero-posterior - Força direcionada de anterior para posterior 
(acidentes de trânsito, atropelamentos): produz rotação externa da hemipelve 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
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atingida, com rotura da sínfise púbica e dos ligamentos pélvicos posteriores. A pelve 
se alarga e há risco de hemorragia grave e fatal. 
• Compressão lateral - Força aplicada lateralmente sobre a pelve: neste caso, ocorre 
uma rotação interna atingida. É o mecanismo mais comum nos acidentes com 
veículos motorizados. Usualmente não causa hemorragia grave, exceto em pacientes 
idosos. Uma vez que há rotação interna da pelve, o púbis pode se projetar sobre o 
conteúdo visceral, causando lesão de uretra e/ou bexiga, por exemplo. 
• Cisalhamento vertical - Força de cisalhamento vertical: quedas de altura, 
geralmente acima de 4 metros, produzem uma força no plano vertical, rompendo o 
os ligamentos sacroespinhal e sacrotuberal e causando instabilidade pélvica, com 
sangramento potencialmente fatal. 
 
2.10.2 Tratamento 
Medidas gerais: ressuscitação volêmica com ao menos 2 acessos venosos antecubitais, com 
cateteres 14 a 18G. Se necessário, venóclise subclávia. Na impossibilidade de acesso 
periférico, usar infusão intra-óssea no úmero proximal, como uma ponte até que se obtenha 
êxito no acesso a veia periférica. Lembrar que não se deve buscar acesso em veia 
infradiafragmática em face de trauma pélvico grave. 
Além da abordagem às possíveis lesões viscerais concomitantes, a instabilidade 
pélvica associada à hemorragia interna deve ser emergencialmente tratada por ressuscitação 
volêmica e compressão por meio de um torniquete pélvico, usualmente lençóis. A correta 
aplicação é necessária (pontos de compressão sobre os trocânteres maiores) e deve-se 
monitorar constantemente o paciente, com vistas a evitar pontos assimétricos de pressão e 
úlceras sobre proeminências ósseas. 
Uma vez obtida a estabilização hemodinâmica, procede-se à liberação parcimoniosa 
do garrote. Caso venha a ocorrer novamente instabilidade hemodinâmica, e, uma vez 
excluídas outros fatores causais, deve-se aplicar novamente o torniquete, radiografar a pelve 
e encaminhar ao centro cirúrgico para fixação externa por médico ortopedista. Neste caso, a 
instabilidade rotacional é tratada por fixador externo anterior, e a instabilidade vertical ou a 
rotacional com rotura completa dos ligamentos posteriores deve ser fixada por clampe em 
C. 
Se o paciente permanece estável com a aplicação do torniquete e há tempo hábil para 
estudo radiológico da pelve, deve-se preferir a TC sobre a radiografia, em face da 
sensibilidade relativamente baixa desta última. Se houver instabilidade hemodinâmica e 
evidências de fratura pélvica instável ao exame clínico, prefere-se a radiografia sobre a TC, 
por tratar-se de um exame rápido e aí sim com sensibilidade razoável, uma vez que o exame 
físico já aventa a suspeita de lesão grave. 
Situação ainda mais grave se estabelece quando a ressuscitação volêmica e aplicação 
do torniquete pélvico não propiciam estabilização hemodinâmica, e há suspeita ou 
confirmação de fratura desviada do anel pélvico. Nestes casos, assume-se que há grande 
Unidade 2 – Conceitos e tipos de traumas 
 
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possibilidade de a causa de o sangramento ser arterial, de modo que a angiografia imediata 
e possível embolização se impõem. 
 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
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03 
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA NO 
ATENDIMENTO AO 
POLITRAUMATIZADO 
 
 
 
 
Ao realizar a avaliação da cena, é necessário que seja feita uma impressão geral da vítima, 
para identificar os parâmetros que classificarão a sua gravidade. Depois de realizar uma 
impressão geral da vítima, a avaliação primária do trauma é realizada, a fim de identificar e 
tratar condições que possam causar risco de vida. 
Avaliação primária do paciente com trauma maior deverá ocorrer conforme o 
protocolo de atendimento inicial do politraumatizado recomendado pelo ATLS. Reanimação 
frente a parada cardiocirculatória é realizada imediatamente após o diagnóstico. Avaliação 
primária e reanimação ocorrem simultaneamente, em uma sequência lógica de condições de 
risco à vida, conhecida como “ABCDE”. A avaliação ABCDE (Airway, Breathing, 
Circulation, Disability, Exposition - Via aérea, Respiração, Circulação, Disfunção 
Neurológica e Exposição) é efetuada e esta avaliação primária em até 2 a 5 minutos. 
Tratamento simultâneo de lesões potencialmente fatais pode ser feito. 
 
 Avaliação Primária no 
politrauma – o ABCDE 
 
A Airway Via aérea e estabilização da coluna cervical 
B Breathing Boa respiração 
C Circulation Circulação com controle de hemorragias 
D Disability Disfunção neurológica 
E Exposition Exposição e ambiente 
 
Unidade 3 – Avaliação Primária no Atendimento ao Politraumatizado 
 
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3.1 ATENDIMENTO DE VIA AÉREA E ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA 
CERVICAL 
 
3.1.1 Vias aéreas 
A avaliação das vias aéreas é conduta prioritária no trauma, pois, se houver alguma disfunção 
no sistema respiratório, sem possibilidade de reversão, de nada será válido dar continuidadeao ABCDE. É necessário checar a permeabilidade das vias aéreas, por ser comum os casos 
de obstrução por queda da língua em pacientes inconscientes, a presença de corpos estranhos, 
o sangue ou os restos de alimentos e as fraturas de face. 
Inicialmente, é avaliada a permeabilidade das vias aéreas superiores: 
• Capacidade do paciente falar (se ela consegue falar, evidencia-se a 
permeabilidade das vias. 
• Inspeção da cavidade oral, buscando possível obstrução da via aérea 
• Queda de língua, 
• Presença de vômito, sangue, corpo estranho na cavidade oral, 
• Trauma bucomaxilofacial, 
• Queimadura extensa de face com acometimento da cavidade oral, 
• A respiração tipo gasping, estridor laríngeo. 
• Em obstrução real ou potencial de vias aéreas, fazer manobras para sua 
liberação: 
• Aspiração, 
• Anteriorização do mento, 
• Posicionamento da cânula orofaríngea, 
• Administração de oxigênio 10-12L/min em máscara com reservatório 
• Intubação traqueal se necessário. 
• Intubação via nasotraqueal no potencial trauma maxilofacial é contra-indicada. 
• Traqueostomia pode ser necessária em traumas faciais com fraturas graves de 
mandíbula e maxila. 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
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A aspiração das vias aéreas deverá ser feita com cateter rígido sempre que houver 
suspeita de fratura de base de crânio, pois, havendo descontinuidade da lâmina crivosa e 
utilizando cateter flexível, existe grande possibilidade de desvio de trajeto, realizando 
aspiração de massa encefálica. 
 
 
3.1.2 Estabilização da coluna cervical 
Diferentemente do que muitos profissionais acreditam, o colar cervical isoladamente não 
imobiliza a coluna, mesmo que esse equipamento seja colocado em tamanho apropriado e 
da maneira certa. O colar é responsável por imobilizar aproximadamente 33% da coluna. 
Inicialmente, a estabilização da coluna cervical é feita com as mãos. Uma vez que o 
socorrista estabiliza a cervical segurando a cabeça da vítima, ele só deve soltar quando a 
vítima estiver com o colar cervical, na prancha longa, com os tirantes da pelve, do tronco e 
das pernas fixados e os imobilizadores de cabeça e tirantes da testa e do queixo ajustados. 
Nos casos de acidentes que envolvam algum mecanismo de trauma, a equipe deve 
considerar a possibilidade de lesões que possam comprometer a medula espinhal. Nesses 
casos, qualquer movimento pode causar ou agravar as lesões neurológicas. Então, até que se 
prove o contrário: 
• O pescoço da vítima deverá ser mantido em posição neutra; 
• O colar cervical deverá ser utilizado; 
• A movimentação deverá ocorrer em bloco; 
• Todo o corpo da vítima deverá estar alinhado e imobilizado. 
 
 
3.2 BOA RESPIRAÇÃO 
Na primeira avaliação da respiração, assim como na circulação, o socorrista deve observar a 
presença de movimentos respiratórios e as suas características (rápido ou muito rápido, 
profundo ou superficial). A ausculta deve ser realizada para avaliar o funcionamento 
adequado dos pulmões. A percussão identifica a presença de líquidos (sangue) ou ar nos 
pulmões: em presença de som timpânico, deve-se suspeitar de pneumotórax; havendo som 
maciço, deve-se suspeitar de hemotórax. A inspeção e a palpação permitem identificar o 
abaulamento ou a perfuração no tórax, respiração paradoxal. 
O fato de as vias aéreas estarem permeáveis não significa que a respiração esteja 
adequada, e a qualidade e a quantidade de ventilação da vítima devem ser avaliadas. A 
equipe deve observar a expansão e a simetria torácica, realizar a ausculta pulmonar e 
verificar a frequência respiratória e a saturação de O2. O uso de oxímetro de pulso é 
Unidade 3 – Avaliação Primária no Atendimento ao Politraumatizado 
 
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fundamental para avaliar a saturação de O2 da hemoglobina. Se necessário, deve-se ofertar 
ventilação artificial com proteção contínua da coluna cervical. 
A equipe deve estar preparada para diferenciar os problemas ventilatórios de 
obstrução de vias aéreas, pois, se o problema estiver relacionado com problemas 
ventilatórios, a intubação e a ventilação excessiva podem agravar as condições do doente. 
Os diagnósticos a serem buscados são: 
• Pneumotórax hipertensivo 
• Pneumotórax aberto 
• Tórax instável 
• Hemotórax maciço 
 
Alteração da ventilação no trauma 
CAUSA CONDUTA 
Pneumotórax hipertensivo Toracocentese imediata e/ou toracotomia com drenagem 
torácica fechada 
Pneumotórax aberto -Curativo de três pontos imediatamente (paciente não 
intubado 
-Drenagem torácica é tratamento definitivo 
Tórax instável Intubação e ventilação com pressão positiva 
Hemotórax maciço -Toracotomia com drenagem torácica fechada 
 
 
3.3 CIRCULAÇÃO COM CONTROLE DE HEMORRAGIAS 
Nessa etapa, a equipe deve atuar: 
• No controle da hemorragia; 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
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• Na avaliação do nível de consciência; 
• Na avaliação da perfusão periférica; 
• Na observação das características do pulso periférico, da cor, da temperatura e da 
umidade da pele. 
Com a diminuição do volume sanguíneo, causado, por exemplo, por hemorragia, 
pode haver comprometimento da perfusão cerebral, gerando, em consequência, alteração do 
nível de consciência. 
A coloração da pele – acinzentada na face e esbranquiçada nas extremidades – pode 
estar relacionada à hipovolemia. Observa-se, ainda, a temperatura da pele e o enchimento 
capilar. Deve-se avaliar a qualidade, a frequência e a regularidade bilateral dos pulsos 
centrais nas vítimas inconscientes (femoral e carotídeo), por serem mais calibrosos, e do 
pulso radial nas vítimas conscientes. Deve-se observar as características do pulso, se rápido 
ou muito rápido, cheio ou filiforme, lembrando que essa vítima pode estar fazendo uso de 
betabloqueador. 
O controle da hemorragia também é prioridade. Nos casos de hemorragia externa, o 
socorrista deverá aplicar pressão direta no local ou torniquete (nos casos mais graves) e 
direcionar a vítima o quanto antes para uma unidade com suporte para o atendimento, centro 
cirúrgico e equipamentos adequados. 
No manuseio do traumatizado o choque deve ser sempre considerado (e tratado), a 
princípio, como hemorrágico. Como sequência para exame deve-se: 
• Pesquisar e controlar fontes de sangramento externo, mediante compressão; 
• Puncionar dois acessos periféricos calibrosos (14-16 G) e, na impossibilidade destes 
obter acesso central: 
• Colher amostra de sangue para prova cruzada (lactato, troponina no trauma cardíaco, 
BHCG para mulheres jovens); 
• Em caso de choque, realizar reposição volêmica, utilizando solução salina (SF 0,9%, 
em bolus de 2000ml). Para cada ml de sangue perdido repõe-se 3ml de cristaloide 
isotônico. A hemotransfusão é somente indicada em caso de choque grau III e IV. 
 
 
3.4 DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA 
O objetivo dessa etapa é determinar o nível de consciência do doente e considerar o potencial 
de hipóxia. Uma ferramenta utilizada para determinar o nível de consciência de forma 
simplese rápida da função cerebral é a Escala de Coma de Glasgow (ver figura 1). Essa 
avaliação pode ser comprometida, por desconhecer se a vítima fez uso de alguma substância 
química, ou se a equipe fez uso de algum analgésico ou sedativo. O seu menor escore é 3, e 
Unidade 3 – Avaliação Primária no Atendimento ao Politraumatizado 
 
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o maior é 15: um escore menor do que 8 indica lesão grave; entre 9 e 12, lesão moderada, e 
entre 13 e 15, lesão mínima. 
 
Classificação do traumatismo cranioencefálico 
TCE leve ECG = 15 - 14 
TCE moderado ECG = 13 – 9 
TCE grave ECG < 9 
O nível de consciência diminuído pode estar associado: 
• À baixa perfusão; 
• À lesão do sistema nervoso central; 
• À intoxicação por drogas (álcool, medicações, entre outros); 
• A distúrbios metabólicos. 
A Escala de Coma de Glasgow igual ou menor do que 8 é indicativa de intubação. A 
avaliação das pupilas, na avaliação primária, será feita rapidamente se a vítima estiver 
inconsciente ou desorientada. Deve-se avaliar simetria, tamanho e fotorreação das pupilas. 
Um escore inferior a 14 na Escala de Coma de Glasgow, combinado com o exame pupilar 
anormal, pode indicar a presença de uma lesão cerebral potencialmente letal. 
 
 
3.5 EXPOSIÇÃO E AMBIENTE 
Remoção de toda vestimenta é realizada na chegada, com exposição do tórax e membros 
superiores para avaliação, monitoramento e punção venosa. Durante este momento é 
realizada a rolagem em bloco para facilitar a remoção das vestimentas e realização do exame 
do dorso, que compreende a inspeção e palpação. Posteriormente faz-se a limpeza e 
medicação temporária das feridas, posicionamento de talas e tutores ortopédicos e, por fim, 
o paciente é coberto com manta térmica para se prevenir a dispersão de calor. 
 
 
 
 
 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
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Remover vestimentas e expor tronco 
Alinhar e imobilizar temporariamente fraturas evidentes ou presumidas 
Cuidar de hipotermia 
Reavaliar perfusão de membros 
Avaliar parte posterior do tronco 
Proceder completa remoção das vestes 
Fazer limpeza e curativo temporário das feridas 
Avaliar perfusão dos membros 
Rolar paciente em bloco com quatro pessoas 
Trauma maior 
Avaliação secundária 
Unidade 4 – Atendimento ao Queimado 
 
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04 
ATENDIMENTO AO QUEIMADO 
 
 
 
 
A avaliação primária ao paciente queimado é realizada conforme o esquema ABCDE. No 
caso de queimaduras com suspeita de acometimento das vias aéreas (história de acidente em 
ambiente fechado, queimaduras envolvendo a face, exame clínico visualizando a presença 
de queimadura das vias nasais, hiperemia e fuligem na orofaringe e escarro fuliginoso), faz-
se necessário: 
• Intubação orotraqueal o mais precoce possível, antes que o edema se estabeleça e a 
torne inviável, tornando necessária uma traqueostomia, ato mais agressivo e passível 
de complicações; 
• Acesso venoso deve ser periférico e o mais calibroso possível evitando-se o acesso 
venoso central. Caso necessário pode-se utilizar mais de um acesso venoso a fim de 
hidratar o paciente adequadamente; 
• Parada do processo de queimadura com retirada cuidadosa das vestes, limpeza 
adequada e resfriamento da lesão com água corrente ou soro fisiológico em 
temperatura ambiente, evitando-se os líquidos gelados, os quais podem levar à 
vasoconstrição local e hipotermia, piorando o estado clínico do paciente; 
• Analgesia adequada com morfina ou derivados via endovenosa; 
• Cálculo da superfície corporal queimada (SCQ), conforme tabela de LUND-
BROWDER de acordo com a idade ou conforme a “regra dos nove”, 
preferencialmente para adultos; 
• Hidratação adequada com cristaloides (soro fisiológico isotônico ou, 
preferencialmente, ringer lactato) conforme a fórmula de Parkland (Peso X superfície 
corporal queimada X 3 ou 4), metade do volume sendo infundido nas primeiras 8 
horas e o restante nas 16 horas seguintes, aumentando ou diminuindo a velocidade 
de infusão a fim de manter uma diurese média de 0,5 ml a 1 ml/Kg/hora. Na 
impossibilidade de um atendimento imediato ao paciente queimado, o atraso na 
hidratação inicial deverá ser compensado com o aumento da velocidade de infusão 
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do volume do líquido calculado para as primeiras 8 horas (descontar o tempo de 
atraso no início da hidratação das 8 horas iniciais e infundir o volume calculado nas 
horas restantes); - 
• Sondagem vesical de demora com medida rigorosa do volume horário da diurese, 
principal parâmetro de hidratação; 
• Proteção gástrica com ranitidina ou omeprazol EV; 
• Verificar esquema vacinal antitetânico, aplicando, conforme a necessidade, dose 
inicial ou de reforço de VAT ou até imunoglobulina humana hiperimune; 
• Limpeza das lesões com soro fisiológico e curativo básico com creme de 
Sulfadiazina de Prata a 1%. 
 
 
Avaliação 
 
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AVALIAÇÃO 
 
 
 
 
Responda a avaliação abaixo em sua conta, no site 
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superior a 60% para poder emitir o seu certificado. 
 
1. Sinais como agitação, cianose ou respiração ruidosa podem significar: 
a. Asma 
b. Obstrução das vias respiratórias 
c. Edema agudo de pulmão 
d. Doença pulmonar obstrutiva crônica 
 
2. Após realizar uma impressão geral da vítima, a avaliação primária no trauma é realizada 
a fim de identificar e tratar condições que possam causar risco de morte. Essa avaliação 
deve acontecer na seguinte sequência: 
a. Atendimento da via aérea e estabilização da coluna cervical – circulação com 
controle de hemorragias – boa respiração – disfunção neurológica – exposição e 
ambiente. 
b. Atendimento da via aérea e estabilização da coluna cervical – boa respiração – 
circulação com controle de hemorragias – exposição e ambiente – disfunção 
neurológica 
c. Atendimento da via aérea e estabilização da coluna – boa respiração – circulação 
com controle de hemorragias – disfunção neurológica – exposição e ambiente 
d. Atendimento da via aérea e estabilização da coluna cervical – circulação com 
controle de hemorragias – exposição e ambiente – disfunção neurológica – boa 
respiração 
 
3. Analise as afirmativas quanto ao TCE. 
Atualização em Atendimento Inicial ao Politraumatizado 
 
 
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