Buscar

livro (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 151 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 151 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 151 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ORGANIZAÇÃO E 
PLANEJAMENTO 
DO TREINAMENTO 
DESPORTIVO
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Manoel Carneiro de Oliveira Junior
Indaial - 2022
2ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Jairo Martins 
Marcio Kisner
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: : Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Copyright © UNIASSELVI 2022
O48o
 Oliveira Junior, Manoel Carneiro de
 Organização e planejamento do treinamento desportivo. / Manoel 
Carneiro de Oliveira Junior – Indaial: UNIASSELVI, 2022.
 151 p.; il.
 ISBN Digital 978-65-5646-548-7
1. Treinamento desportivo. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
da Vinci.
CDD 796
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Histórico e Avaliações do Treinamento Desportivo ................7
CAPÍTULO 2
O Fator Planejamento no Treinamento Desportivo ..............51
CAPÍTULO 3
A Psicologia e a Nutrição na Contribuição do 
Treinamento Desportivo ..........................................................101
APRESENTAÇÃO
Para entendermos os conceitos do treinamento desportivo, é fundamental 
vermos os fatos históricos marcados em épocas distintas e que complementam 
tudo aquilo que vemos atualmente quando falamos de técnicas de treino. Se 
formos pensar em primórdios do treinamento, vemos o homem pré-histórico 
utilizando técnicas de corrida, lançamento e saltos, que eram importantes para 
a sua sobrevivência. A história do treinamento passa desde essa época até anos 
mais tarde, em que as técnicas de treino foram marcadas por grandes mudanças, 
como a era dos jogos modernos da Grécia, em que o Barão de Coubertin deu início 
às competições em nível de público, tornando os atletas pessoas consagradas e 
mostrando a todos como são importantes as técnicas e a disponibilidade de treino.
Não podemos pensar no treinamento desportivo como uma forma isolada de 
técnicas e treinos, temos que pensar também que existem “braços” no treinamento 
que ajudam em todos os aspectos na montagem e supervisão. Estamos falando 
das técnicas de aferição ou da antropometria, que é de extrema importância 
para determinarmos o andamento dos trabalhos que estão sendo conduzidos. 
Assim, no Capítulo 1, veremos a antropometria, uma valiosa ferramenta tanto nos 
treinamentos quanto na saúde dos avaliados, pois ela orienta os possíveis fatos e 
acontecimentos que podem fazer, por exemplo, que o atleta perca seu rendimento, 
passando por momentos fisiológicos importantes que não demonstram sucesso.
Um outro aspecto muito importante e que também está ligado à antropometria 
são as avaliações neuromotoras, nelas podemos avaliar e mensurar a força, a 
resistência muscular e a flexibilidade, o que ajuda em qualquer esporte treinado.
No Capítulo 2, abordaremos o planejamento do treinamento desportivo. A 
periodização deve ser organizada de forma global, respeitando todas as fases 
do desenvolvimento, evitando, assim, o abandono precoce da prática, devido 
a possíveis lesões ou transtornos causados pela falta de planejamento do 
treinamento. Uma vez estabelecidos de forma clara e concreta os objetivos da 
formação, respeitando os seus princípios científicos, as fases desse processo 
devem ser identificadas e organizadas, visto que a formação deve ser periódica.
A periodização representa uma linha de trabalho para estruturar e orientar 
o treinamento, levando em consideração o tempo disponível para as atividades, 
o público-alvo e o ambiente no qual o programa estará inserido. Essa divisão é 
uma estratégia para organizar variáveis de carga de trabalho, como intensidade, 
volume, frequência e períodos de descanso, permitindo uma variedade de 
sessões de trabalho e auxiliar no rendimento do indivíduo.
Por último, no Capítulo 3, abordaremos o trabalho da área nutricional e 
psicológica frente ao individuo que realizará o treinamento. Recentemente 
(Olimpíadas de 2021, em Tóquio), a atleta americana Simone Biles, da ginástica, 
desistiu de uma competição olímpica devido a problemas emocionais, o que 
justifica o uso da psicologia no esporte para manter não só o emocional, mas 
também a integridade dos atletas e/ou indivíduos que treinam. Abordaremos 
também o fator nutricional e como alguns parâmetros, como o metabolismo, 
podem interferir não só no rendimento, mas também na própria competição.
CAPÍTULO 1
HISTÓRICO E AVALIAÇÕES DO 
TREINAMENTO DESPORTIVO
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Entender os fatos históricos do treinamento desportivo, passando por diversas 
épocas e fatos que trouxeram ferramentas para a sua constituição.
• Avaliar os tipos de análise e avaliações corpóreas e como elas podem nos 
ajudar na elaboração de um treinamento.
• Verifi car as análises, passando desde uma simples anamnese até a utilização 
de equipamentos para nos auxiliar no contexto do treino.
• Diferenciar as avaliações de medidas com as avaliações neuromotoras e 
entender como elas podem infl uenciar no contexto neuromuscular.
• Entender as dinâmicas do treinamento e ter uma noção ampla de como 
estruturar um ciclo de treino para um indivíduo. 
• Realizar medidas importantes para o contexto do esporte, utilizando técnicas 
simples e complexas para o desenvolvimento do atleta.
8
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
9
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Segundo Tubino (2003), treinamento esportivo é o conjunto de atividades 
físicas que são realizadas ao longo de um período prolongado, perfazendo de 
uma forma progressiva, cuja principal função é desenvolver as habilidades 
humanas, fi siológicas e psicológicas de um indivíduo. Se formos levar em termos 
práticos e simples, os treinamentos são exercícios bem planejados individual e 
sistematicamente para a evolução de um atleta ou de uma equipe.
Os objetivos do treinamento esportivo são diferentes, sendo o principal a 
evolução da forma física e técnica do indivíduo. Quando feito corretamente, ajuda 
a melhorar o desempenho, porém, certos princípios devem ser seguidos para 
atingir os resultados desejados em nível competitivo ou não.
Dantas (2014) preconiza que é altamente recomendado que um profi ssional 
com destreza e técnica, formado em educação física, seja o responsável pelo 
planejamento do treinamento para atender a todos os detalhes de cada indivíduo. 
Mesmo em equipes com muitos atletas, o treino deve ser individualizado, pois 
cada organismo tem uma resposta diferente aos estímulos, o que podemos 
chamar de individualidade biológica.
Embora os aspectos técnicos sejam bastante aprofundados, é importante 
afi rmar e ressaltar que, além dos conhecimentos técnicos, estes também devem 
abranger outras áreas, como psicologia e nutrição. O bom desenvolvimento 
mental é essencial para o alcance dos objetivos propostos, da mesma forma que 
o alimento pode ser um aliado ou um vilão nos resultados.
Não há esporte em que o treinamento esportivo seja mais adequado. Isso 
porque cada atividade possui suas especifi cidades e particularidades, além das 
suas peculiaridades, e cabe ao profi ssional buscar o conhecimento técnico e 
científi co para aplicar com efi cácia a metodologia. Além disso, como cada atleta 
possui características próprias, o treinamento individualizado deve ser utilizadoem qualquer esporte. 
2 HISTÓRIA DO TREINAMENTO 
DESPORTIVO
Quando pensamos em treinamento desportivo, logo vem à mente os jogos 
olímpicos na Grécia, mas será que a história do treinamento desportivo provém 
dessa época?
10
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
Os jogos olímpicos são jogos denominados de excelência, que dispõem de 
sucessos, fracassos, além de serem uma grande vitrine de atletas e, através disso, 
temos métodos de treinamento que são mostrados ao mundo, demonstrando o 
seu poder ao grande público. Segundo Bompa (2000), é necessário considerar 
que, antes dos jogos olímpicos surgirem na Grécia Antiga, já existiam algumas 
práticas de treinamentos diversifi cados sempre em busca de um objetivo, que 
era a melhora do rendimento físico. Óbvio que nesse contexto não nos convém 
debater e discutir se existia efi ciência nesses treinos e sim a causalidade destes.
2.1 OS FATOS HISTÓRICOS DO 
TREINAMENTO DESPORTIVO
Pensando em forma de treinamento e até fazendo um comparativo com os 
tempos ditos modernos, as práticas desportivas em forma de treinamento eram 
feitas de forma inconsciente e não com o objetivo de performance, como seria 
na Pré-História, em que o objetivo do homem apenas e tão somente era a sua 
sobrevivência em relação aos seus predadores, bem como os de sua própria 
espécie, e isso pode ser considerado devido ao seu condicionamento físico 
adquirido no dia a dia (TUBINO, 2003). 
Posteriormente, com a evolução do homem, principalmente na Grécia e 
na Roma Antiga, estas práticas, bem diferentes do treinamento desportivo da 
atualidade, passaram a obedecer a um senso lógico e comum, buscando além 
da estética (e, pensando na estética, a beleza corporal era considerada um 
alto elemento signifi cativo, principalmente para elevar o homem comum a uma 
condição social mais elevada). Óbvio que esse fator era importante também para 
a preparação para as guerras, bem como para outras competições desportivas 
menos importantes que os Jogos Olímpicos, como os Jogos Augustos e os Jogos 
Capitolinos.
Com o objetivo de iniciar uma nova discussão sobre o assunto, podemos 
exemplifi car a evolução do treinamento desportivo na história com a seguinte 
ordem cronológica:
1º - Período do Empirismo – duração: dos métodos arcaicos de preparação 
física das antigas civilizações até o surgimento do Renascimento (século 
XV).
2º - Período da Improvisação – duração: do surgimento do Renascimento 
(século XV) até as I Olimpíadas da Era Moderna (1896 - Atenas).
3º - Período da Sistematização – duração: das I Olimpíadas da Era Moderna 
(1896 - Atenas) - até as XI Olimpíadas (1936 - Berlim).
11
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
Como aspecto profi lático (prevenção de doenças) existiam 
os exercícios físicos, através de jogos, de ginástica, de desporto 
(esporte), da dança, do excursionismo, que é a prática de exercícios 
por um gosto, das massagens e das saunas. Na Antiguidade, 
os exercícios eram orientados principalmente para os aspectos 
estabilizadores e terapêuticos, tendo por objetivo geral cooperar 
no desenvolvimento integral do indivíduo, além de manter esses 
indivíduos saudáveis. Assista ao vídeo Efeitos da pandemia sobre os 
esportes de alto rendimento, disponível em: https://youtu.be/A8nKn-
YG2ow.
4º - Período Pré-Científi co – duração: das XI Olimpíadas (1936 - Berlim) até 
as XIV Olimpíadas (1948 - Londres).
5º - Período Científi co – duração: das XIV Olimpíadas (1948 - Londres) até 
as XXI Olimpíadas (1972 - Munique).
6º - Período Tecnológico – duração: das XX Olimpíadas (1972 - Munique) 
até as XXV Olimpíadas (1992 - Barcelona).
7º - Período do Mercantilismo Desportivo – duração: a partir das XXV 
Olimpíadas (1992 - Barcelona) (COSTA, 1972).
Temos que pensar que muitos dos diferentes processos que implicaram na 
complicada estrutura esportiva atual têm sua origem na mais remota civilização. 
Desde o começo da aventura do homem sobre a Terra, foram transmitidas de 
geração em geração práticas utilitárias, principalmente para a sua sobrevivência, 
que foram obviamente observadas e imitadas, possibilitando-lhe viver em um 
meio hostil, e isso ajudou o homem a apurar seus sentidos. Iniciando pela Pré-
História, período em que o homem primitivo tinha sua vida cotidiana assinalada 
por grandes preocupações, principalmente atacar e se defender, passando pela 
Antiguidade, na qual alguns povos, como os do Oriente, Ocidente e do Novo 
Mundo, apresentavam um notável interesse em cuidar da alimentação, regime 
de vida e performance, até atingir o rigor tecnológico e científi co que conhecemos 
nos dias atuais.
12
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
Na Antiguidade, podemos falar da enorme contribuição dos povos gregos e 
romanos para o desenvolvimento do treinamento desportivo. Temos na Grécia 
Antiga o exercício com o objetivo do culto ao corpo. Com os gregos era signifi cativo 
o número de jogos existentes, e podemos, obviamente, relatar o principal evento 
desportivo: os Jogos Olímpicos.
Para Tubino (1985), pode-se dizer que a preparação dos atletas helênicos 
(atletas que participavam de quatro festivais de jogos gregos: os Jogos Olímpicos, 
os Jogos Piticos, os Jogos Nemeus e os Jogos Ístmicos) era muito semelhante 
aos treinos empregados nos dias atuais, com uma preparação bastante eclética 
(corridas, marchas, lutas, saltos etc.). Esses atletas usavam sobrecargas para 
a melhoria do seu rendimento físico e tinham uma preparação psicológica 
apoiada no sofrimento. Eles utilizavam o aquecimento no início e a volta à 
calma acrescida de artifícios importantes, como massagens ao fi nal do treino, 
e já possuíam, a exemplo dos ideais científi cos modernos, os chamados ciclos 
de treino, denominados na época de “tetras”, e ainda eram estabelecidas dietas 
diferenciadas nos períodos de treino e competições.
Por outro lado, os povos romanos, chamados na época de ‘senhores do 
mundo’, atuando principalmente como conquistadores, desviaram totalmente 
os objetivos propostos através do esporte pelos gregos. Aproveitando os 
conhecimentos esportivos dos gregos, passaram a treinar seus soldados, a fi m 
de torná-los “indestrutíveis’ em um combate, e foi ainda sob a égide dos romanos 
que se passou a profi ssionalizar o esporte de forma degradante, assim, o esporte 
deixou de ser de um aspecto competitivo para se tornar um aspecto de força e de 
luta.
A partir do século XV, temos como característica a transição da mentalidade 
medieval para a mentalidade moderna. Isso ocorreu através do movimento 
renascentista, que foi originado na Europa com um amplo alcance intelectual, 
atingindo alguns setores, como o das artes, das ciências e da fi losofi a, trazendo 
como consequência a construção de uma nova sociedade, mais racionalizada e 
baseada no progresso das ciências e na difusão educacional dos conhecimentos 
entre os homens.
Para Cotrim (1987), com o aparecimento do Renascimento, surgiram 
os humanistas, que se encarregaram de transmitir a seus contemporâneos 
a necessidade de desenvolver amplamente a capacidade do homem, como 
também a interpretação da vida de uma maneira mais completa. Nesse contexto, 
os humanistas conseguiram ampliar, a exemplo dos povos antigos da Grécia, 
horizontes verdadeiramente amplos, conduzindo os propósitos dos indivíduos 
como realmente era necessário: com amplitude e profundidade, compreendendo 
de forma bastante criteriosa as mais importantes tendências da personalidade 
13
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
humana em todos os aspectos.
Dessa forma, como ponto de partida, esse período iniciou com os métodos 
arcaicos e antigos de preparação física das antigas civilizações, que não 
passavam de práticas perceptivas de treino, em que a busca de conhecimento 
passou a ser constante, e foi fi nalizado com o surgimento do período renascentista. 
Podemos afi rmarque algumas dessas práticas infl uenciaram também importantes 
modifi cações na educação física e nos desportos.
2.2 O PERÍODO DA SISTEMATIZAÇÃO 
No período da sistematização (século XX), evidencia-se a necessidade de 
um planejamento do controle e da ordem das cargas de trabalho para serem 
passadas durante um treinamento, estabelecendo caminhos e pontos básicos 
para serem seguidos em direção a uma meta estabelecida previamente.
Esse processo teve uma facilidade, uma vez que, apesar das difi culdades 
de comunicação e pouco conhecimento na época no que diz respeito aos treinos, 
o continente europeu adaptou seus métodos e meios de treino de acordo com 
as “inovações” apresentadas pelos americanos, surgindo, nesse período, outras 
tendências de treinamento esportivo.
Hegedus (1969) evidencia em seus estudos que o primeiro país a tomar a 
iniciativa dessa sistematização foi a Finlândia, destacando-se Lauri Tahko Pihkala 
(1888-1981), um treinador que, por volta de 1912, desenvolveu o sistema de 
treinamento fi nlandês. Suas ideias se voltaram para um tipo de treino denominado 
treinamento multilateral, aplicando um conceito do tipo ondulatório, que é o 
aumento da intensidade do trabalho, partindo de um trote lento até a velocidade 
máxima. Seus alunos faziam 4-5 vezes 100 a 200 metros com esforços intensos 
e pausas de 10-20 minutos. Por esse motivo, muitos alegam que foi Pihkala o 
criador do treino intervalado (interval-training) (TUBINO, 2003). O seu método 
apresentava as seguintes características:
• A inclusão do treinamento de velocidade para meio-fundistas e fundistas.
• Alternância de corridas curtas e intensas com intervalos longos para 
recuperação orgânica.
• Incrementar signifi cativamente tanto a quantidade como também a 
qualidade dos treinamentos.
Em 1920, na Alemanha, surgiram os estudos de Krummel, estudioso que 
seguia a tendência norte-americana, ele sistematizou o treinamento e publicou 
em seus trabalhos as seguintes demonstrações:
14
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
• Há diferenças entre resistência e endurance; sendo a resistência a 
capacidade de um músculo ou até um agrupamento muscular de 
manter contrações repetidas sobre uma carga em um período de 
tempo (prolongado). A resistência exigia do sistema cardiovascular 
um fornecimento energético muscular para manter um trabalho físico 
sustentado.
• Existia uma vantagem em utilizar intervalos entre estímulos.
• Era possível adquirir resistência e endurance através da aplicação de 
pequenas distâncias de treinamento (ALMEIDA; ALMEIDA; GOMES, 
2021).
O método fi nlandês constituía-se de várias correntes de trabalho, tendo um 
mesmo denominador comum, que parte do princípio a adaptação aos meios que 
a natureza oferece, a fi m de desenvolver as reservas naturais do homem por meio 
de esforços prolongados.
Com essa intenção, precisamente na cidade sueca de Bosöm, o treinador 
Gösta Holmér (1891-1983) desenvolveu o treinamento “Fartlek”, que consistia 
na superação de percursos com subidas, descidas, planos, trechos com areia, 
entre outros. Nos percursos, os atletas deviam apresentar variações de ritmos 
de trabalho, embora a intensidade da corrida variasse de acordo com as 
distâncias e o tempo dos esforços executados, partindo do princípio de que os 
atletas deveriam evitar, em seus treinamentos, o contato direto com os locais de 
competição, como as pistas, utilizando outros “terrenos”, como bosques, campos 
e áreas parecidas, que seriam os locais mais favoráveis para o desenvolvimento 
das capacidades funcionais, como a velocidade e a resistência (BOMPA, 2000). 
O método constava em sua forma original de:
• Esforços realizados em plena natureza, portanto, longe da pista de 
corridas, com 1 ou 2 horas de duração.
• Existência de uma combinação de todos os tipos de distâncias durante o 
seu transcorrer, com uma variação de 50 até 3.000 metros.
• Intensidade dos esforços de acordo com a distância das corridas.
• A pausa entre os esforços de acordo com as características das corridas, 
realizadas de tal maneira que o intervalo de recuperação fosse realizado 
em forma de marcha ou trote.
Apesar de esse método de treinamento passar por várias modifi cações 
ao longo dos anos, ainda hoje é largamente utilizado em todas as modalidades 
desportivas.
15
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
Ainda em 1930, também na Suécia, na cidade de Valadalen, Gösta Ölander 
(1911-1984) amplia o cenário esportivo da época, criando um método que 
recebeu o nome de Treinamento de Valadalen, que tinha como características de 
treinamento:
• Alternar treinamentos “pesados” e “leves” para obter o efeito restaurador 
no organismo.
• Utilizar terrenos com alto grau de difi culdade (areia da praia e morros).
• Alegria e correção técnica durante a execução dos trabalhos.
Segundo Costa (1972), a escolha do tipo de treino que os atletas deveriam 
executar provocou uma divisão entre esses dois treinadores suecos. Holmér 
optava pelo trabalho relativamente prolongado com variação de esforço, ao que 
Ölander preferia fazer um trabalho mais curto, com algumas sessões com grande 
intensidade, uma vez que ele dava preferência ao princípio da intensidade em 
relação à quantidade.
Mesmo com essa divisão de preferência, o progresso no rendimento dos 
atletas foi muito satisfatório e a contribuição desses treinadores é notada nos 
tempos atuais, cuja tendência se volta para uma mesclagem dos dois tipos de 
treinamento preconizados na Suécia.
Esse período iniciou com a primeira olimpíada da era moderna (1896 – 
Atenas), durando até as XI olimpíadas (1936 – Berlim), quando Adolf Hitler 
promoveu a primeira grande manifestação ideológico-política dos jogos 
olímpicos, construindo toda uma estrutura que permitisse mostrar ao mundo a 
pseudossupremacia dos alemães arianos sobre os outros povos e raças.
2.3 O PERÍODO PRÉ-CIENTÍFICO
O período pré-científi co iniciou-se um pouco antes da Segunda Guerra 
Mundial, durando alguns anos após o fi nal da guerra. O que caracterizou essa 
época foi o aparecimento das primeiras tentativas de experimentos científi cos 
relacionados à preparação física, baseada nas observações experimentais até 
então vigentes no momento (BOMPA, 2000). Esses ensaios foram sensivelmente 
prejudicados pela escassez de recursos fi nanceiros, uma vez que o mundo voltava 
suas atenções para a guerra, o que estabeleceu nesse período uma profunda 
recessão econômica, o que não impediu o surgimento de novas tendências de 
trabalho com relação ao treinamento desportivo. 
No período pré-científi co, constata-se a contribuição do corredor tcheco Emil 
Zatopeck (1922-2000), o qual, por volta de 1945, a partir dos conhecidos trabalhos 
16
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
de Toni Nett, modifi cou gradativamente sua forma de treinar, começando a utilizar 
intervalos de recuperação entre as corridas (TUBINO, 2003). Na sequência, ele 
promoveu algumas mudanças na proposta original predita, até desenvolver seu 
próprio método, que constava de:
• Uma diminuição nas distâncias empregadas anteriormente.
• Uso somente das distâncias: 200 e 400 metros.
• Utilização de até 70 repetições das distâncias.
• Utilização de 60 segundos de intervalo entre as repetições.
Surgia, assim, o treinamento com intervalos, com o qual Zatopeck 
surpreenderia o mundo desportivo da época com resultados considerados 
excepcionais, apesar de hoje tornarem-se arcaicos, a ponto de serem conseguidos 
com facilidade por vários atletas.
No ano de 1948, com a utilização de esforços físicos intervalados fora 
da Alemanha e Tchecoslováquia (agora República Tcheca), pelo médico e 
treinador húngaro Mihály Iglói (1908-1998), que ganhou extrema notoriedade 
por considerar o fato de os atletas possuírem diferentes condições hereditárias 
(Miháloy começou a pensar em genética), os planos de treinamento deveriam ser 
individualizados (DANTAS, 2014).Atualmente, sabe-se ser esta a pedra angular 
sobre a qual deve ser edifi cado todo o processo de treino, porém, pela primeira 
vez, observa-se na história a preocupação com a individualidade biológica. O seu 
método de treinamento se baseava em:
• Uma grande dose de trabalho diário (20 a 40 quilômetros).
• Cargas de treino estritamente individualizadas.
Consideramos que esse período tenha durado das XI Olimpíadas (1936 – 
Berlim) até as XIV Olimpíadas (1948 – Londres).
2.4 O PERÍODO CIENTÍFICO 
Este período, apesar de iniciar-se ainda sobre os resíduos pouco 
fundamentados do período anterior, evoluiu rapidamente, com o mundo desportivo 
sendo estimulado por uma multiplicação impressionante de laboratórios de 
pesquisa do esforço físico, constituindo-se de três grandes tendências esportivas 
(FERNANDES, 1981). 
Na década de 1950, inicia-se uma época inovadora no treinamento 
desportivo, através da proposta de Percy Cerutty (1895-1975) na Austrália. Percy, 
17
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
que em 1952 foi a Helsinque (Finlândia) a fi m de assistir aos Jogos Olímpicos, 
aproveitou a oportunidade para visitar Ölander e aprender o funcionamento do 
sistema de treinamento (ALMEIDA; ALMEIDA; GOMES, 2021). 
De volta à Austrália, Percy procurou adequar a metodologia às possibilidades 
naturais existentes lá. Para isso, escolheu um local específi co na costa oceânica, 
entre Melbourne e Portsea, com uma extensão de 80 a 100 quilômetros, que 
passou a ser o centro de treinamento de corredores australianos e, obviamente, 
de outros países. Cerutty foi adepto de um trabalho muito intenso e até muito 
esgotador. Seus melhores atletas percorriam uma distância de até 150 
quilômetros por semana, no período de preparação geral, e 100 quilômetros no 
período que antecedia às competições. Eles utilizavam terrenos, como dunas de 
areia, buscando o desenvolvimento da resistência muscular localizada, para a 
qual alguns países, como EUA e Alemanha, recorriam ao treinamento de tempo 
(time-training) realizado em pistas de corridas (TUBINO, 2003).
A alegação utilizada por Percy Cerutty era de que, em terrenos como dunas, 
o atleta necessita de um desenvolvimento de maior esforço em uma unidade de 
tempo superior às solicitações de uma competição. O corredor desenvolveria, 
dessa maneira, uma condição física muito especial perante o sofrimento 
provocado por semelhantes esforços.
Com certeza seu método se ajusta perfeitamente a um dos princípios do 
atual treinamento de duração, cujos esforços prolongados são realizados sob um 
ritmo e intensidade especiais.
Percy Cerutty não gostava do treinamento intervalado, ele acreditava ser um 
sistema proveniente de laboratório, porque os resultados nem sempre estavam de 
acordo com o que existia na prática. Ele achava que, para se adquirir a resistência 
geral e específi ca, era necessário executar trabalhos prolongados e extensos e 
nunca esforços rápidos e breves (HEGEDUS, 1969; FERNANDES, 1981).
Arthur Lydiard (1917-2004), na Nova Zelândia, procurou pegar os pontos 
fortes do treinamento intervalado e do treinamento de duração, fazendo uma 
mesclagem dos dois tipos de sistemas. Assim, de acordo com a temporada de 
competições do seu país, dividia o ano em várias etapas de treinamento, nas 
quais se buscava um distinto objetivo (ALMEIDA; ALMEIDA; GOMES, 2021):
Etapa pós-competitiva
No fi nal da temporada das competições, iniciava-se esta etapa do treino. 
Nela, os corredores treinavam 6 vezes por semana, correndo entre estradas 
e bosques, fazendo um trote de 1 hora de duração, gastando uma média de 7 
minutos por milha, durante 2 ou 4 semanas.
18
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
Etapa de competições nacionais de cross-country
Nesta etapa, era pedido ao corredor um trabalho feito nas mais diversas 
condições de terreno (areia, lama, pedras etc.), bem como nas mais diversas 
condições climáticas.
Na primeira metade da semana eram feitos apenas trotes, para, em seguida, 
ser intensifi cado o trabalho, incluindo uma grande variação de esforços, que 
iam desde 50 metros até quilômetros, chegando a quilometragens enormes 
feitas aos domingos. Isso era feito durante 12 semanas, quando começavam as 
competições de cross-country.
Etapa de treinamento de maratona
Quando terminavam as competições de cross-country, iniciava-se o 
treinamento visando às altas quilometragens, atingindo uma média de 100 milhas 
por semana. O ritmo desenvolvido nas corridas era ajustado à capacidade de 
cada um dos corredores e o maior número de quilometragem era percorrido aos 
sábados, num ritmo menor que os dias anteriores, cerca de 7 minutos por milha.
O total em quilômetros a serem percorridos durante a semana era distribuído 
de forma a alternar um dia com carga menor que o outro, cuja intensidade do 
trabalho variava conforme o terreno a ser utilizado para a corrida.
Etapa de treinamento em terrenos variados
6 semanas no total, esta etapa dava continuidade ao período anterior, e o 
local utilizado era um terreno acidentado com longos aclives, intercalando com 
partes planas e descidas, para exigir uma grande variedade de ritmos para a 
corrida. O percurso possuía uma distância de 3.200 metros e o total percorrido 
em cada dia atingia uma média de 20 quilômetros. No fi nal da semana, era feito 
um treinamento de maratona de 2 a 2,5 horas de duração.
Etapa de treinamento em estradas
Nesta etapa, já se iniciava a preparação para as competições na pista. Os 
corredores percorriam 13 quilômetros por dia durante 4 semanas, fazendo uma 
mesclagem de treinamento de duração com corridas de tempo e séries de sprints, 
portanto, um trabalho bastante semelhante ao que conhecemos como fartlek.
19
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
Etapa de treinamento em pista
Após toda a etapa de preparação que antecedia às competições, iniciava-se 
o treinamento de pista, com uma duração de 12 semanas, período em que eram 
realizadas as competições.
Lydiard não utilizava o treinamento intervalado porque considerava as pausas 
muito lentas, o que ele acreditava não levar a resultados esperados. Ele preferia 
uma mescla de velocidade pura, velocidade prolongada e longas distâncias. 
Assim, seus corredores de meio-fundo faziam tanto velocidade prolongada 
quanto devia fazer um meio-fundista e o mesmo número de quilômetros que fazia 
um corredor de fundo (ALMEIDA; ALMEIDA; GOMES, 2021).
2.5 A ERA TECNOLÓGICA 
Após o advento do período científi co, os resultados esportivos, que já tiveram 
um crescimento signifi cativo, foram extremamente acelerados. Isso não se deve 
apenas ao surgimento de uma metodologia de treinamento com embasamento 
científi co, mas também ao constante avanço da tecnologia, como a fabricação 
de aparelhos, a confecção de roupas para atletas de elite, entre outros (TUBINO, 
1985; DANTAS, 1998). 
Novas tendências surgiram com o crescente interesse político pelos grandes 
resultados esportivos. Os países ocidentais aceitaram de bom grado o desafi o, 
razão pela qual atualmente as nações estão investindo orçamentos milionários 
na preparação de seus atletas em defesa de suas ideologias políticas, como pode 
ser visto nas competições internacionais, e com isso podemos destacar a China 
e a Rússia. 
Nesse momento, o uso de tecnologias de informação parece ser um 
elemento fundamental no diagnóstico morfofuncional e psicológico de atletas, no 
planejamento do treinamento esportivo, na prescrição de exercícios em volume 
e intensidade de treinamento, bem como na correção da análise técnica e tática 
das situações competitivas. Esses fatores podem ser vistos como determinantes 
no caso da ciência moderna do fi tness. 
Essa tendência tinha como líder das competições esportivas os Estados 
Unidos, seguido pelo Canadá, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, onde se 
tinha a universidade, que se constituía na principalfonte de pesquisas dentro 
das mais sofi sticadas condições tecnológicas, oferecendo total apoio aos seus 
atletas, que recebiam em troca os estudos na própria universidade, a orientação 
20
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
dos melhores técnicos desportivos do país, bem como utilizavam uma tecnologia 
e material desportivo de alto nível (FERNANDES, 1981; TUBINO, 2003).
Essa tendência foi liderada pela ex-Alemanha Ocidental, que tinha seus 
principais componentes em países europeus não socialistas, tendo o intercâmbio 
técnico-científi co facilitado pela situação geográfi ca dos países europeus, com o 
Brasil se benefi ciando enormemente de estágios realizados em seus principais 
centros de formação científi ca e pesquisa, como Colônia e Mainz e outros 
localizados em outros países integrantes de sua doutrina (FERNANDES, 1981; 
TUBINO, 1985).
Naquela época, havia alguns países que faziam parte dessa escola, 
principalmente Japão, Coreia e China. Nestes países, além de um rigoroso 
planejamento educacional, o esporte já recebia grande ajuda das suas inúmeras 
indústrias, com fábricas formando times esportivos. A característica mais marcante 
dessa tendência é que os aspectos capitalistas já eram evidentes e a cultura era 
usada como meio de motivação (TUBINO, 1985). 
2.6 O PERÍODO DA ERA 
MERCANTILISTA ESPORTIVA 
Sem dúvida, o esporte se tornou um dos produtos mais efi cientes para 
divulgar nome, marca, patrocínio e publicidade, em grande parte porque 
permitiu uma maior aproximação com seus clientes e com o mercado esportivo 
em particular. É importante ressaltar que o esporte mostra ao atleta como ter 
sucesso e isso é inconscientemente atribuído às empresas que o promovem e, 
principalmente, aos seus produtos. 
Dessa forma, o investimento no esporte solidifi cou um excelente negócio, 
com grande retorno publicitário em divulgação, valorização de imagem, ganhos 
fi nanceiros e impostos. Parte dessa era são os países capitalistas (EUA, 
Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Israel e países da Europa Ocidental), 
independentemente de sua localização geopolítica, com clubes e associações 
que quase sempre são subsidiados por empresas de apoio a atletas. 
O que mais chama a atenção nesse período é que as competições de alto 
rendimento tornaram-se verdadeiros espetáculos, independentemente do nível 
profi ssional, em que grandes empresas que desejam divulgar seus produtos 
utilizam estratégias publicitárias para investir milhões de dólares no fi nanciamento 
da formação de atletas ou equipes (são considerados verdadeiros astros), bem 
como a promoção e a gestão de eventos desportivos, sendo a universidade a 
principal fonte de investigação.
21
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
3 ANTROPOMETRIA 
A palavra antropometria, em seu contexto, é formada pela combinação de 
dois termos de origem grega: “anthropos”, que tem o signifi cado de “homem” ou 
“ser humano”, e “metron”, que signifi ca “medir”, e antes de falarmos sobre como 
devemos proceder, precisamos saber o que é antropometria. Antropometria é um 
ramo da antropologia, e é a ciência que estuda principalmente as medidas de 
diferentes áreas e partes do corpo humano (PETROSKI, 2001). 
3.1 O QUE É ANTROPOMETRIA
Segundo Franceschini et al. (2017), a ciência chamada antropometria está 
relacionada aos estudos da antropologia física ou biológica, e esta trata de analisar 
os aspectos genéticos e biológicos do ser humano e fazer uma comparação entre 
eles. A antropometria utiliza várias técnicas para medir cada uma das partes do 
ser humano. Por meio dessa medição fornecerá informações valiosas para atletas 
e pessoas sedentárias sobre aspectos de sua condição física e biológica. 
3.1.1 Finalidades da antropometria
Atualmente, a antropometria é utilizada em diversas áreas da saúde para 
estudar principalmente as doenças e anomalias que afetam as dimensões do 
organismo e da fi siologia humana. A puericultura é um ramo da antropometria 
que acompanha o desenvolvimento do corpo infantil, e este tipo de avaliação está 
sendo inserido no campo da pediatria (FRANCESCHINI et al., 2017).
Nesse contexto, também podemos destacar a antropometria nutricional, que 
pode ser utilizada como uma ferramenta para avaliar o estado nutricional de um 
indivíduo. A antropometria nutricional consiste na avaliação nutricional, verifi cando 
o Índice de Massa Corpórea (IMC), a análise de dobras cutâneas e o índice de 
gordura entre a cintura e o quadril.
A avaliação nutricional é um conglomerado de métodos de avaliação 
utilizados para diagnosticar o estado nutricional de indivíduos e/ou da população. 
Estes métodos incluem anamnese alimentar, exame clínico, dados bioquímicos, 
antropométricos e psicossociais, que permitem identifi car indivíduos em risco 
nutricional, possibilitando intervenções e monitoramento (PETROSKY, 2011).
22
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
O estado nutricional é uma característica individual ou populacional que 
possui um grande dinamismo. Resulta do balanço entre a ingestão e a perda de 
nutrientes, levando em conta sua ingestão, absorção, utilização e excreção. Pode 
manifestar uma nutrição adequada, carência de nutrientes ou algum distúrbio 
nutricional.
A anamnese nutricional é o primeiro passo para se estruturar um plano 
alimentar adequado às necessidades do indivíduo. O questionário aplicado pelo 
nutricionista deve fornecer o maior número de informações possível, dentre 
estas é imprescindível ter os hábitos alimentares e as rotinas de horários, além 
da investigação sobre atividade física e o tipo de atividade, a qualidade do 
sono, os sinais e sintomas clínicos, como fadiga, unhas quebradiças, alopecia, 
adormecimento de membros inferiores, edema, cãibras, perda de memória, 
estufamento e má digestão, distúrbios alimentares, etilismo e tabagismo, além da 
quantidade de álcool e cigarro/dia. 
As medidas antropométricas, como peso, altura e medida de circunferência 
de cintura e de quadril, são utilizadas para o diagnóstico do estado nutricional e 
avaliação dos riscos para algumas doenças e têm sido demonstradas como um 
parâmetro indicado para avaliar o estado nutricional populacional, principalmente 
pela facilidade de obtenção das medidas, que podem ser válidas e confi áveis, 
desde que haja treinamento adequado e as aferições tenham padronização.
3.1.2 Principais medidas 
antropométricas
Segundo Leão e Gomes (2014), podemos avaliar com os seguintes 
parâmetros:
Peso: o peso mostra a dimensão da massa ou volume corporal total, 
constituído por todas as células, tecidos, órgãos e sistemas do organismo. 
Habitualmente chamada de peso, a massa é a soma de todos os componentes 
corporais e refl ete o equilíbrio energético-proteico do indivíduo.
Em adultos, o peso deve ser aferido em balança zerada, colocada em piso 
nivelado, com o avaliado de pé, de costas para a escala da balança, com os 
pés afastados lateralmente, no centro da plataforma, com olhar reto e fi xo para 
o horizonte. Deve estar usando o mínimo de roupa possível ou roupas leves e a 
medida deve ser feita, preferencialmente, no período matutino, em jejum, para 
evitar fl utuações de peso decorrentes de algum tipo de edema. Caso isso não 
23
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), é a medida 
da região do abdômen, no ponto médio entre a borda inferior da 
última costela e a borda superior da crista ilíaca, em que pode se 
concentrar principalmente a gordura visceral, diretamente relacionada 
a diversos riscos de saúde, como a hipertensão, diabetes mellitus e 
dislipidemias (doença que se caracteriza por anomalias nos níveis 
de lipídios no sangue), fatores que elevam o risco de doenças 
cardiovasculares.
FONTE: <https://www.saude.rj.gov.br/obesidade/noticias/2017/11/
muito-alem-do-imc>. Acesso em: 19 jan. 2022.seja possível, fazer o controle sempre na mesma hora do dia.
Estatura: a estatura demonstra a dimensão longitudinal ou linear do corpo 
humano. Ela é a soma dos membros inferiores, a pélvis, a coluna vertebral e 
o crânio. Frequentemente chamada de altura, a estatura é a distância entre o 
ponto mais alto da cabeça (ponto vértex) e a região plantar. É feita utilizando-se 
um equipamento chamado estadiômetro, trena ou antropômetro (LEÃO; GOMES, 
2014). Para essa análise, o indivíduo que será testado deve estar descalço e em 
posição ortostática: de pé, ereto, com os calcanhares unidos, braços estendidos 
ao lado do corpo, com as superfícies posteriores (calcanhar, quadril, costas e 
cabeça) em contato com o instrumento de medida e com a cabeça voltada para 
frente, paralela ao solo.
IMC: defi nido pelo peso em quilogramas dividido pela potência da altura em 
metros (altura)². O Índice de Massa Corporal (IMC) fornece uma boa avaliação da 
gordura corporal para grupos populacionais, porque a maioria das diferenças de 
peso entre adultos ocorre em virtude da gordura corporal. O IMC também pode 
ser um indicador de saúde.
Circunferâncias: Galisa (2018) preconiza que a medida de circunferência 
fornece o perímetro dos diversos segmentos corporais, como braços, pernas, 
cintura, quadril, tórax e pescoço, porém daremos mais ênfase às circunferências 
de abdômen e quadril. A aferição da circunferência de cintura é feita com o 
avaliado em posição ortostática, colocando a fi ta em um plano horizontal, 
passando por cima da cicatriz umbilical. 
24
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
Circunferência de quadril: a pessoa a ser avaliada deve estar em posição 
ortostática, braços levemente afastados e pés juntos, colocando-se a fi ta em um 
plano horizontal no ponto de maior circunferência das nádegas. As medidas são 
feitas lateralmente.
Relação cintura x quadril (RCQ): é o cálculo que se faz a partir das medidas 
da cintura e do quadril, dividindo-se a medida da circunferência da cintura em 
centímetros pela medida da circunferência do quadril em centímetros. O índice de 
corte para risco cardiovascular é igual ou maior que 0,80 cm para mulheres e 0,90 
cm para homens.
Percentual de gordura corporal: é aferido principalmente para a proporção 
de gordura corporal em relação ao peso corporal total (%GC). Esse percentual 
permite, em conjunto com o peso corporal, determinar o peso de gordura total 
de um indivíduo. Ao estabelecer um %GC desejado, conhece-se qual peso o 
indivíduo teria se modifi casse apenas a massa gorda e mantivesse sua massa 
magra intacta (FRANCESCHINI et al., 2017).
Composição corporal: o corpo humano pode ser separado em dois grandes 
grupos: massa gorda (gordura corporal) e massa magra (parte muscular). Caso 
se subtraia a gordura do indivíduo, tudo o que sobra é a massa magra. Essa 
divisão didática é conhecida como modelo bicompartimental e permite simular 
administrações orais e inalatórias. A massa magra, por sua vez, é composta pela 
massa óssea (ossos do esqueleto), massa muscular e massa residual. A divisão 
corporal em quatro compartimentos (massa gorda, muscular, óssea e residual – 
a massa residual é a composição de água, vísceras e outros componentes de 
massa magra) é didaticamente conhecida como modelo tetracompartimental.
Bioimpedância: o principal objetivo da bioimpedância é determinar a 
quantidade de massa magra e massa gorda do corpo. Isso se torna importante 
ao imaginarmos dois indivíduos com o mesmo peso e estatura, porém com 
composições corporais diferentes (LEÃO; GOMES, 2014). A massa magra é 
composta por músculos, ossos e órgãos vitais, sendo o principal responsável pela 
queima de calorias, e a massa gorda é composta de gordura corporal. 
Orientações para a realização da bioimpedância: 2 horas de jejum absoluto, 
inclusive água; evitar exercício físico no dia do exame; evitar estimulantes, 
como cafeína (café, chá mate, chá preto, chocolate e refrigerante tipo cola) ou 
bebidas alcoólicas no dia do exame; e usar roupas leves. Pessoas portadoras de 
marcapasso não podem realizar este exame.
25
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
3.1.3 Componentes da avaliação 
antropométrica
Após a “coleta” ou adquirir as informações necessárias para determinar os 
parâmetros avaliativos, todas as obtenções avaliativas deverão ser comparadas 
e analisadas através de uma tabela de classifi cação. Lembrando que a avaliação 
antropométrica nutricional será o resultado dessas avaliações e, para isso, deve-
se ter certeza de que todos esses dados estão descritos de forma correta.
Por exemplo, o peso deve ser aferido no período matutino, de preferência 
com o avaliado em jejum, com a bexiga vazia e usando roupas confortáveis, 
que não sejam “pesadas”. O peso é a soma de todas as células corpóreas e 
seus componentes (órgãos e tecidos). Essa avaliação deve ser realizada 
preferencialmente em uma balança antropométrica (Figura 1, fotos 1 e 2), que 
esteja perfeitamente calibrada e com o analisado em posição ortostática, podendo 
estar ereto ou deitado. 
FIGURA 1 – BALANÇA ANTROPOMÉTRICA
Foto 1: Balança antropométrica (vista lateral) Foto 2: Balança antropométrica 
FONTE: O autor
Com relação à altura, esta avaliação deve ser realizada com o avaliado em 
pé, totalmente ereto e com os membros superiores ao longo do corpo. Devemos 
nos certifi car de que esteja olhando para o horizonte (ângulo de 90°) em relação 
ao chão e que os membros inferiores possuam um ponto de contato (como 
uma parede, por exemplo) com os pés bem fi xados no chão. Para aferir, basta 
somente a parte móvel da balança antropométrica “encostar” no topo da cabeça 
do paciente (comprimindo o cabelo). 
26
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
O IMC pode ser obtido após serem aferidos o peso e altura do avaliado, 
bastando somente realizar o simples cálculo: IMC = altura (m)² / peso (kg).
Com o resultado dessa conta podemos obter o volume corporal total de 
um indivíduo, porém somente com esse parâmetro não podemos verifi car a 
distribuição de massa corpórea. Isso signifi ca, por exemplo, que um atleta em 
plena forma física poderá ter um IMC de 27, mas isso não signifi ca que ele tenha 
sobrepeso. No entanto, se levarmos em consideração uma pessoa sedentária, se 
ela obtiver esse resultado, com certeza terá um risco alto de doenças coronárias.
Por fi m, as medidas antropométricas mais comumente usadas são a medida 
de circunferência e a medida de dobras (plicas) cutâneas, que é utilizada para 
identifi car em quais partes do corpo existe um acúmulo de gordura. Nesse 
contexto, são realizadas medidas no tórax, cintura, abdômen, quadril, braços, 
antebraços, coxa e panturrilha.
As medidas de dobras cutâneas são realizadas com um aparelho chamado 
adipômetro (Figura 2). Normalmente, este aparelho é encaixado em contato com 
dobras do corpo, como axilas, tríceps, abdômen e coxas.
FIGURA 2 – ADIPÔMETRO
FONTE: O autor
27
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
Essa Nota Técnica do CONFEF, que veremos posteriormente na 
sua integridade, foi fundamentada nas diretrizes do American College 
of Sports Medicine (ACSM), que é a grande referência no mundo 
com relação à prática de atividade física de forma segura e orientada, 
e no livro Recomendações sobre condutas e procedimentos do 
profi ssional de Educação Física na Atenção Básica à Saúde, que 
está disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/
imagem/2363.pdf.
4 MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DO 
TREINAMENTO DESPORTIVO
Para direcionar os treinadores e os profi ssionais de educação física, 
principalmente a fi m de que estes possam oferecer um serviço com segurança e 
qualidade, o CONFEF elaborou a Nota Técnica nº 002/2012, que tem a premissa 
de orientar os profi ssionais a realizarem uma avaliação física detalhada antes da 
elaboração de um programa de exercícios.Óbvio que caso sejam observados 
alguns fatores de risco que possam ser agravados pelo treinamento, o profi ssional 
deverá solicitar uma avaliação médica especializada, buscando identifi car 
restrições e estabelecer linhas de orientação para prescrições de exercícios e 
treinos apropriados.
É importante para o treinador a capacidade de realizar uma avaliação física 
detalhada, utilizando protocolos de estratifi cação de risco, com conhecimento 
adequado dos testes, das indicações e contraindicações, das respostas 
hemodinâmicas e respiratórias ao treinamento, do preparo do benefi ciário, do 
conhecimento dos mecanismos de funcionamento dos equipamentos, bem como 
suas limitações e indicações de interrupção dos testes.
28
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
Falando em profi ssional de educação física, quanto à profi ssão, 
o Conselho Federal de Educação Física estipula em suas diretrizes:
Resolução CONFEF nº 328/2016.
Dispõe sobre Especialidade Profi ssional em Educação Física na 
área de Avaliação Física.
Veja a Resolução na íntegra em: https://www.confef.org.br/
confef/resolucoes/405.
Quanto à Nota Técnica n° 002/2012, temos a seguinte premissa:
NOTA TÉCNICA CONFEF n° 002/2012
Assunto: A avaliação física em programas de exercícios físicos 
e desportivos
1. Apresentação
O Conselho Federal de Educação Física emite esta Nota 
Técnica na perspectiva de informar, orientar e padronizar condutas 
e procedimentos do profi ssional de Educação Física no uso da 
avaliação física como elemento principal para prescrição de 
exercícios físicos e desportivos.
Leia a Nota Técnica na íntegra em: https://www.confef.org.br/
confef/conteudo/837.
A grande pergunta de todo profi ssional que atua com atletas é: quando 
devemos realizar uma avaliação física, principalmente, quando devemos 
reavaliar? É importante realizar as avaliações sempre no início dos treinamentos, 
para determinar o nível de intensidade que será usado com o atleta; no decorrer de 
um período de treinamento, para determinar cargas de treino; e, principalmente, 
pelo sistema de adaptabilidade do indivíduo. Não podemos passar este capítulo 
sem falar desses princípios de treinamento. Começaremos pelo princípio da 
individualidade.
29
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
4.1 AS VARIAÇÕES DOS PRINCÍPIOS 
NAS AVALIAÇÕES DESPORTIVAS 
De acordo com Tubino (1985, p. 100), “chama-se individualidade biológica 
o fenômeno que explica a variabilidade entre elementos da mesma espécie, o 
que faz que com que não existam pessoas iguais entre si”. Cada indivíduo possui 
uma estrutura e formação física e psíquica própria, nesse sentido, o treinamento 
individual tem melhores resultados, pois obedeceria às características e 
necessidades do indivíduo. Grupos homogêneos também facilitam o treinamento 
desportivo. Cabe ao treinador verifi car as potencialidades, as necessidades e 
as fraquezas de seu atleta para o treinamento ter um real desenvolvimento. Há 
vários meios para isso, além da experiência do treinador, que conta muito, os 
testes específi cos são primordiais. 
Uma das capacidades do rendimento esportivo é a capacidade 
biotipológica, que está dividida em capacidade constitucional 
fenótipo e capacidade constitucional genótipo. O genótipo 
é o responsável pelo potencial do atleta. Isso inclui fatores, 
como composição corporal, biótipo, altura máxima esperada, 
força máxima possível, percentual de fi bras musculares dos 
diferentes tipos, entre outros. O fenótipo é responsável pelo 
potencial ou pela evolução das capacidades envolvidas 
no genótipo. Neste se inclui tanto o desenvolvimento da 
capacidade de adaptação ao esforço e das habilidades 
esportivas como também a extensão da capacidade de 
aprendizagem do indivíduo (BENDA; GRECO, 2001, p. 34). 
O indivíduo deverá ser sempre considerado como a junção 
do genótipo e do fenótipo, dando origem ao somatório das 
especifi cidades que o caracterizarão, deve-se entender o 
genótipo como a carga genética transmitida à pessoa e 
que determinará preponderantemente diversos fatores e, 
os potenciais são determinados geneticamente, e que as 
capacidades ou habilidades expressas são decorrentes do 
fenótipo (DANTAS, 1998, p. 39). 
Para Dantas (1998), o campeão seria aquele que nasceu com um ‘dom 
da natureza’ e que, aproveitando totalmente esse dom, o desenvolve através 
de um perfeito treinamento. Nos Jogos Pan-Americanos de 2007, verifi camos 
em entrevistas de atletas brasileiros considerados fenômenos pela mídia, um 
discurso que os bons resultados obtidos não eram frutos somente de um dom, e 
sim de muito esforço, trabalho, treinamento, incentivos fi nanceiros e técnicos. 
Elevando a importância dos fatores ambientais, do fenótipo do atleta, 
consequentemente, elevamos a importância do treinador, do profi ssional de 
30
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
educação física e sua intervenção para o sucesso do atleta, de um campeão. 
Não cabe aqui discutir fatos históricos ligados às tentativas de manipulações 
das características genéticas, do genótipo de atleta, através, principalmente, 
dos ideais da eugenia no decorrer do século XX. Entretanto, sempre caberá em 
qualquer lugar o alerta com relação às tentativas de manipulação e violação do 
corpo, da integridade e dos direitos de todo homem.
Princípio da adaptação
Quando falamos de adaptação temos que pensar em adaptação como um 
princípio da natureza. Se não fosse esse princípio várias espécies não teriam 
sobrevivido ou ao menos conseguido sua sobrevivência a alguns ambientes e 
isso se deve graças à necessidade de adaptação. O próprio homem conseguiu 
“sobreviver” no planeta, como espécie ou ser vivo, devido a essa capacidade de 
adaptação. 
A adaptação é a lei mais universal e importante da vida. Adaptações em nível 
biológico se manifestam como mudanças funcionais e estruturais em quase todos 
os sistemas fi siológicos. Podemos defi nir ‘adaptações biológicas no esporte’ 
como alterações de órgãos e sistemas funcionais que aparecem em decorrência 
das atividades psicofísicas e esportivas (WEINECK, 2003).
 A adaptação ocorre constantemente e está dirigida à melhor realização 
das sobrecargas, representando a condição interna de uma capacidade que 
foi melhorada com o seu funcionamento, e esse processo existe em todos os 
níveis corporais. “O processo de adaptação e a sua capacidade pertencem ao 
processo evolutivo e são uma característica importante na vida. Os processos 
de adaptações são processos reversíveis e precisam constantemente ser 
revalidados” (ISRAEL, 1983, p. 141 apud WEINECK, 1991, p. 22). 
Weineck (2003) promulga em seus estudos que, no esporte, devido a 
múltiplos fatores de infl uência, o genótipo é completamente transformado em 
fenótipo raramente, mesmo se o indivíduo fi zesse um treinamento mais pesado. 
Para o autor, temos as fases sensitivas, que são zonas de limite, e que possuem 
uma maior adaptabilidade, sendo encontradas em diferentes períodos, para 
fatores de desempenho de coordenação e condicionamento. 
Nessa zona limite, é possível uma melhor expressão das características, 
e essa expressão é chamada de ‘período crítico’ (TUBINO, 2003). Quando 
temos a assimilação de estímulos, chamamos de capacidade de adaptação ou 
adaptabilidade, e isso se dá frente à mesma qualidade e quantidade de exercícios 
ou carga de treino. Ela pode ser atribuída à relação organismo e ambiente, sendo 
um ponto de vista da predisposição hereditária e sua expressão gênica (genética). 
31
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
Esse princípio do treinamento esportivo está ligado de uma forma muito 
intensa ao fenômeno do estresse fi siológico. As pesquisas relacionadas ao 
estresse tiveram início em 1920, tendo um grande “boom” no período entre 1950 
e 1970, em que praticamente surgiu uma literatura científi ca básica sobre isso 
(TUBINO,2003). 
Para Tubino (2003), a homeostase se defi ne como o equilíbrio estável do 
organismo humano em relação ao meio ambiente. Em resumo, a homeostase 
representa o equilíbrio do ser humano, que se modifi ca por qualquer alteração 
ambiental, isto é, para cada estímulo há uma resposta. Por estímulos defi nimos 
o calor, os exercícios físicos, as emoções, as infecções, entre outros. Conclui-
se, com base num grande número de experiências e observações de diversos 
autores, que em relação ao organismo humano, temos: 
• estímulos débeis: não acarretam problemas; 
• estímulos médios: apenas excitam; 
• estímulos médios para fortes: provocam adaptações; 
• estímulos muito fortes: causam danos. 
Segundo Dantas (1998, p. 40), a “homeostase é o estado de equilíbrio 
instável mantido entre os sistemas constitutivos do organismo vivo, e o existente 
entre este e o meio ambiente”. Para o autor, a homeostase pode ser “quebrada” 
por fatores internos, geralmente provenientes do córtex cerebral, ou externos,
como calor, frio, situações inusitadas, provocando emoções e variação da 
pressão, esforço físico, traumatismo, entre outros. Sempre que a homeostase 
é perturbada, o organismo apresenta um mecanismo de compensação, que 
procura restabelecer o equilíbrio, portanto, todo estímulo provoca uma reação no 
organismo, acarretando uma resposta adequada sobre isso. 
Nesse sentido, o sistema fi siológico busca o equilíbrio constante, estando 
sempre em um estado constante de equilíbrio. Tubino (2003) relata que, quando o 
organismo é estimulado, imediatamente aparecem mecanismos de compensação 
para responder a um aumento de necessidades fi siológicas. Podemos afi rmar 
que deve existir uma relação entre a adaptação de estímulos de treinamento e 
o estresse, o que é explicado pelo princípio científi co da adaptação. A defi nição 
dada ao estresse por Tubino (2003) é a seguinte: estresse ou Síndrome de 
Adaptação Geral (SAG) é a reação do organismo aos estímulos que provocam 
adaptações ou danos, sendo que esses estímulos são denominados agentes 
estressores ou estressantes. 
32
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
A Síndrome de Adaptação Geral (SAG) costuma ser dividida em três fases, 
até que o agente estressante na sua ação atinja o limite da capacidade fi siológica 
de compensação do organismo: 
1ª fase: reação de alarme. 
2ª fase: fase da resistência (adaptação). 
3ª fase: fase da exaustão. 
A 1° fase, de reação de alarme, preconiza que os mecanismos auxiliares 
são mobilizados para manter a ansiedade, a fi m de que a reação não se difunda. 
É caracterizada pelo desconforto, e está dividida em duas partes: o choque e 
o contrachoque. Podemos defi nir como choque a resposta inicial do organismo 
a estímulos aos quais não está adaptado, provocando a diminuição da pressão 
sanguínea. O contrachoque seria uma inversão de situação, ou seja, quando 
ocorre um aumento da pressão sanguínea. 
A fase da resistência é denominada como fase da adaptação, que é obtida 
pelo desenvolvimento adequado dos canais específi cos de defesa, sendo essa 
etapa caracterizada pela dor e pela ação do organismo resistindo ao agente 
estressor e inicial, sendo a fase que realmente mais interessa ao treinamento 
esportivo. A fase da exaustão é aquela em que as reações se disseminam, em 
consequência da saturação dos canais apropriados de defesa, apresentando 
como característica a presença do colapso, podendo chegar até a morte. 
Tubino (2003, p. 103) ainda menciona que “Eüler observou três tipos de 
estresse, de acordo com a origem dos estímulos estressantes, sendo eles o 
estresse físico, o estresse bioquímico e o estresse mental”. É muito importante 
a utilização correta do princípio de adaptação, tendo cuidado na aplicação das 
cargas de treinamento, agentes estressantes. Não só de modo realista devemos 
enxergar o princípio da adaptação, em termos de treinamento, o critério adaptativo 
pode ser estendido a vários outros fatores além do treinamento fi siológico. 
Princípio da sobrecarga
Depois de aplicada a carga de trabalho, o organismo se recupera 
imediatamente com o objetivo de reconstruir a homeostase. 
[...] Usar o fenômeno de assimilação de compensação ou 
sobrecompensação permite a aplicação gradual do princípio 
de sobrecarga, e também pode ser severamente danifi cado 
pela má alocação do tempo de aplicação de carga. O equilíbrio 
entre a aplicação de carga e o tempo de recuperação garantirá 
que haja sobrecompensação permanente (DANTAS, 1998, p. 
43-44).
33
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
Segundo Tubino (2003), o momento exato de adaptação aos fatores 
estressantes (estímulos) é, sem dúvida, um dos assuntos mais polêmicos no 
treinamento esportivo. Há uma visão de que a adaptação é estabelecida durante 
o intervalo intermediário de treinamento, enquanto outros estudos sustentam o 
argumento de que a adaptação é feita após o último intervalo de treinamento. 
Segundo Hegedus (1969), os diferentes estímulos produzem 
desgastes diversos, que são substituídos quando o trabalho é 
fi nalizado, e nisso podemos reconhecer a primeira reação de 
adaptação, uma vez que o organismo é capaz de restaurar as 
energias perdidas pelos diversos desgastes. Ele se cansa e 
ainda se prepara para uma carga de trabalho mais pesada, que 
chama de fenômeno de assimilação compensatória. Assim, 
sabe-se que não apenas as energias perdidas são devolvidas, 
mas também são criadas maiores reservas de energia de 
trabalho. A primeira fase, que é a que restaura as energias 
perdidas, é chamada de período de restauração, que permite 
a chegada ao mesmo nível de energia anterior ao estímulo. 
A segunda fase é chamada de período de restauração 
prolongada, após o qual o organismo terá uma fonte maior de 
energia para novos estímulos (TUBINO, 1985, p. 105-106).
Para Tubino (1985), estímulos mais fortes devem ser aplicados sempre ao 
fi nal da assimilação compensatória, principalmente no período mais longo da 
fase de recuperação estendida, para que o limite de ajuste do atleta seja elevado. 
Esse é o princípio da sobrecarga, também chamado de princípio da progressão 
gradual, e sempre será fundamental em qualquer processo evolutivo atlético. 
Tubino (2003) dá algumas indicações para a aplicação do princípio da 
sobrecarga, que são referidas nas variáveis volume (quantidade) e intensidade 
(qualidade), em diferentes tipos de treinamentos, tais como contínuo, intervalado, 
circuito, musculação, fl exibilidade, agilidade e técnica. O professor ou técnico deve 
ter bom senso ao defi nir a sobrecarga que ele trabalhará com seu aluno ou atleta, 
observando todos os demais princípios do treinamento esportivo, sempre levando 
em consideração as necessidades e os desejos do atleta e, principalmente, o 
treinamento dentro da ética e dos limites.
Princípio da continuidade
Esse princípio está intimamente relacionado ao da adaptação, uma vez que 
a continuidade no tempo é essencial para que o corpo se adapte gradativamente. 
Uma condição atlética só pode ser alcançada após alguns anos consecutivos de 
treinamento, e os preparativos anteriores têm uma grande infl uência em qualquer 
programa de treinamento contínuo (TUBINO, 1985). Essas duas premissas 
explicam o chamado princípio da continuidade. 
34
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
Pode-se acrescentar que este princípio compreenderá sempre 
no treinamento em curso de uma sistematização de trabalho 
que não permita uma quebra de continuidade, isto é, que 
apresente uma intervenção compacta de todas as variáveis 
interatuantes. Em outras palavras, considerando um tempo 
maior, o princípio da continuidade é aquela diretriz que não 
permite interrupções durante esse período (TUBINO, 1985, p. 
110).
A continuidade do treinamento evita que o técnico subtraia passos 
importantes na formação atlética de um esportista. Em geral, um atleta que 
tem um alto desempenho, certamente teveuma continuidade ao longo de sua 
preparação, treinamento e também do aprendizado do esporte praticado. 
A continuidade também é importante no treinamento amador e recreativo, 
não apenas em termos fi siológicos, mas também, por exemplo, em termos 
psicológicos e em outros aspectos, cujos fatores podem afetar a prática atlética.
Princípio da interdependência volume-intensidade
Esse princípio está intimamente relacionado ao da sobrecarga, pois o 
aumento da carga de trabalho é um dos fatores que melhoram o desempenho. 
Esse aumento será produzido em volume e intensidade. Para Tubino (2003), 
pode-se dizer que os sucessos de atletas de alto rendimento, independentemente 
da especialização esportiva, estão ligados a uma grande quantidade (volume) e 
a uma alta qualifi cação (intensidade) para trabalhar, sendo essas duas variáveis 
(volume e intensidade). As fases de formação devem ser sempre adequadas, 
obedecendo a uma orientação de interdependência entre elas. 
 “Na maioria das vezes, o aumento dos estímulos de uma dessas duas 
variáveis é acompanhado por uma diminuição do foco formativo da outra” 
(TUBINO, 2003, p. 110). As variáveis de volume e intensidade nem sempre são 
claramente explícitas para o treinador para que ele possa defi nir um treino ou 
ação com base na relação entre eles. Portanto, usando o bom senso, na dúvida, 
você nunca deve arriscar ou colocar o atleta ou praticante em risco. Um bom 
treinador pode ver mais claramente a relação interdependente entre o volume e a 
intensidade de uma ação ou atividade de treinamento.
Princípio da especifi cidade
De acordo com Dantas (2014), a partir do conceito de treinamento total, 
quando todo o trabalho de preparação passou a ser feito de forma sistêmica, 
integrada e voltada para objetivos claramente enunciados, a orientação do 
treinamento por meio de métodos de trabalho veio, paulatinamente, perdendo 
35
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
a razão de ser. Atualmente, nos grandes centros desportivos, essa forma de 
orientação do treinamento foi totalmente abandonada em proveito da designação 
da forma de trabalho pela qualidade física que se pretende atingir. 
Associando esse conceito à preocupação em adequar o treinamento do 
segmento corporal ao do sistema energético e ao gesto esportivo, utilizados na 
performance, ter-se-á o surgimento de um sexto princípio esportivo: o princípio 
da especifi cidade, que vem somar aos já existentes. Podemos dizer que esse 
princípio sempre esteve intrínseco em todo o treinamento esportivo, desde o mais 
rústico nas práticas utilitárias, mas tê-lo como princípio norteador e como um dos 
parâmetros que devem ser levados em consideração é essencial ao estudo e 
planejamento crítico e consciente nos treinamentos contemporâneos. 
O princípio da especifi cidade é aquele que impõe, como 
ponto essencial, que o treinamento deve ser montado sobre 
os requisitos específi cos da performance desportiva, em 
termos de qualidade física interveniente, sistema energético 
preponderante, segmento corporal e coordenações 
psicomotoras utilizados. [...] Ao se estudar o princípio da 
especifi cidade, de imediato sobressai um fator determinante, 
que é o princípio da individualidade biológica, estabelecendo 
limites individuais a esta capacidade de transferência. O 
princípio da especifi cidade irá se refl etir em duas amplas 
categorias de fundamentos fi siológicos: os aspectos 
metabólicos e os aspectos neuromusculares (DANTAS, 2014, 
p. 50). 
Isso serve, cada vez mais, para fi rmar na consciência do treinador que o 
treino, principalmente na fase próxima à competição, deve ser estritamente 
específi co e que a realização de atividades diferentes das executadas durante 
a performance com a fi nalidade de preparação física se justifi ca se for feita para 
evitar a inibição reativa (ou saturação de aprendizagem). O segundo componente 
dos aspectos neuromusculares é controlado, principalmente, pelo sistema nervoso 
central ao nível de cérebro, bulbo e medula espinhal e pressupõe que todos os 
gestos esportivos, realizados durante a performance, já estejam perfeitamente 
“aprendidos”, de forma a permitir que, durante a performance, não se tenha que 
criar coordenações neuromusculares novas, mas tão somente “lembrar-se” de um 
movimento já assimilado e executá-lo. 
Princípio da variabilidade
Também denominado de princípio da generalidade, encontra-se 
fundamentado na ideia do treinamento total, ou seja, no desenvolvimento global, 
o mais completo possível, do indivíduo. Para isso, deve-se utilizar das mais 
variadas formas de treinamento (COSTA, 1996). “Quanto maior for a diversifi cação 
desses estímulos – é óbvio que estes devem estar em conformidade com todos 
36
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
os conceitos de segurança e efi ciência que regem a atividade – maiores serão as 
possibilidades de se atingir uma melhor performance” (COSTA, 1996, p. 357). 
A atenção a esse princípio diminui a possibilidade do aparecimento de um 
plateau no treinamento, ou mesmo o aparecimento de fatores desestimulantes, 
agindo de forma contrária, atuando na motivação e, o mais importante, 
possibilitando o surgimento de novas técnicas de treinamento, de estratégia, 
táticas, entre outras, inclusive de novos gestos específi cos, que sob um 
determinado ponto de visão, sob um treinamento não variável, não seria possível 
ser identifi cado ou ter aparecido. Um dos alicerces desse princípio é a criatividade, 
tanto do atleta quanto do treinador. 
Princípio da saúde 
Segundo Costa (1996, p. 358), esse princípio encontra-se diretamente ligado 
ao próprio objetivo maior de uma atividade física utilitária que vise à saúde do 
indivíduo: 
Assim, não só a ginástica localizada em si e suas atividades 
complementares possuem grande importância. Também os 
setores de apoio da academia, como o departamento médico, 
a avaliação funcional e o departamento nutricional assumem 
relevante função no sentido de orientar todo o trabalho, visando 
à aquisição e à manutenção dessa saúde. 
Podemos colocar que esse princípio está fundamentado na 
interdisciplinaridade. No entanto, nem sempre o princípio da saúde tem sido o 
principal norteador, ou mesmo um dos princípios norteadores. 
Em práticas de atividades físicas hodiernas, verifi camos não somente aquelas 
ligadas à aquisição e à manutenção da saúde do praticante, mas também aquelas 
de alta performance, que podem trazer malefícios devido ao compromisso com o 
alto rendimento e resultados, e, ainda, as atividades que não têm compromisso 
algum com o aspecto saúde. Atualmente, pessoas colocam a vida em risco em 
esportes extremamente radicais quando tentam ultrapassar os limites físicos. 
Portanto, cabe perguntar: os treinamentos dessas atividades estariam sob o 
princípio da saúde? De certo modo, com relação ao preparo para a execução da 
atividade, sim, pois é necessário um certo nível de condicionamento e saúde para 
tais práticas, e pelo fato de os praticantes estarem fazendo algo que gostam, que 
é importante para a vida delas e lhes dá prazer. A correlação entre esse princípio e 
outras perspectivas do esporte é um ponto interessante para ampliar os estudos. 
37
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
1 Analise as afi rmações:
I. O processo de treinamento pode ser planejado e programado de 
acordo com certos princípios, chamados princípios do treinamento 
esportivo. Na prática, o técnico deve ser capaz de compreender 
esses princípios antes de traçar programas de longo prazo para a 
preparação de atletas, especialmente para jovens atletas. São: o 
princípio da sobrecarga; o princípio da reversibilidade; o princípio 
da especifi cidade; e o princípio da individualidade biológica. 
II. O princípio da sobrecarga consiste em sobrecarregar o corpo do 
atleta, de forma adequada, variando a frequência, a intensidade, 
o volumee a duração do treinamento. A sobrecarga deve ser 
individualizada e aplicada gradualmente ao longo do processo de 
treinamento. 
III. Quando o tempo dedicado ao período de regeneração é adequado 
às cargas de trabalho, os níveis de atividade enzimática e de 
substratos metabólicos são restaurados acima dos observados 
antes do treinamento, e as fi bras musculares são reduzidas. 
Regenera-se completamente do trauma sofrido.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) As afi rmativas I e III estão corretas.
b) Apenas a afi rmativa I está correta.
c) Apenas a afi rmativa II está correta.
d) Todas as afi rmativas estão corretas.
A inter-relação dos princípios 
De acordo com Costa (1996), faz-se lógico e transparente que essas leis 
não existem apenas por existir. Cada princípio, considerado individualmente, 
possui seu valor e função próprios, entretanto, a integração entre esses princípios 
adquire inestimável importância. Assim, cada princípio assume uma importância 
maior, um papel mais destacado quando associado aos outros princípios. 
Apesar dessa importante correlação, os princípios da adaptação, 
da sobrecarga, da continuidade e da interdependência volume-
intensidade é que vão não só dar corpo como orientar toda a 
aplicação prática do treinamento, ou seja, são os verdadeiros 
38
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
responsáveis pela “arrumação” de todo o processo de 
treinamento, traduzida na forma dos micro, meso e macrociclos 
de trabalho (COSTA, 1996, p. 358). 
Podemos certamente concluir que somente com o conhecimento de todos 
os princípios é possível realizar um treinamento ideal e efi caz. Provavelmente, 
a excelência em treinamento deve estar acompanhada do profundo saber 
de todos os princípios aqui comentados, além de outros tantos tópicos do 
treinamento esportivo. O saber profundo desses princípios e de mais outros 
tantos conhecimentos não é o único fator determinante para a excelência em 
treinamento. A excelência só será atingida se houver a inter-relação perfeita entre 
todos esses saberes e respectivas aplicações, e uma constante reformulação 
dessa inter-relação, pois esse conceito de reformulação está embutido nos 
próprios princípios. 
Componentes das avaliações físicas
Após ver todos os princípios é importante determinar e saber as etapas das 
avaliações para um melhor parâmetro de montagem de uma programação de 
treinamento.
É fundamental seguir alguns parâmetros baseados em antropometria. 
Uma sequência de fácil manuseio baseia-se em: anamnese, avaliação dos 
parâmetros fi siológicos, verifi cação da composição corporal e uma excelente 
avaliação antropométrica. É importante defi nir o local onde serão realizadas 
essas avaliações, levando em consideração que as avaliações deverão seguir 
sempre o mesmo local e horário em que foram realizadas desde a primeira vez. 
Essas podem ser feitas em laboratórios específi cos para avaliação física ou até 
no “campo” de treinamento. Oriente o indivíduo que realizará as análises do 
treinamento para trajar roupas que possibilitem o livre movimento, como shorts/
bermuda, top/camiseta, tênis e meia.
Importante reforçar que o atleta não deve ingerir nenhum tipo de bebida 
que contenha cafeína na sua composição. Nos dias dos testes, não ter praticado 
atividade física intensa e não se deve realizar os testes com o indivíduo em jejum 
prolongado.
Anamnese
Segundo Franceschini et al. (2017), para que ocorra uma excelente 
anamnese, devemos seguir alguns parâmetros importantes, que deverão ser 
arquivados e, posteriormente, comparados para ver o nível de evolução do 
avaliado. É importante conter na fi cha de anamnese alguns parâmetros como: 
39
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVODESPORTIVO
 Capítulo 1 
diagnósticos clínicos (histórico de sintomas e enfermidades), em que serão 
anotadas todas as intercorrências importantes acontecidas durante um período 
de tempo que podem infl uenciar a prescrição de treinamento; exames clínicos 
e físicos realizados anteriormente: caso o avaliado possua algum exame físico 
anterior é importante para vermos como foi realizado e se houve algumas 
mudanças importantes. 
Problemas ortopédicos, uso de medicamentos e alergias são parâmetros 
importantes para defi nir uma meta de treino ou adaptar uma prescrição conforme 
a condição do avaliado. Importante também destacar, para o conhecimento do 
avaliador e treinador, outros hábitos, como tabagismo e etilismo, e profi ssão, caso 
o indivíduo labore em outros locais (LEÃO; GOMES, 2014).
Parâmetros fi siológicos
Segundo Leão e Gomes (2014), essas medidas são importantes para tipos e 
cargas de treino. São utilizados parâmetros como: idade; no caso de o avaliado ser 
do gênero feminino, o ciclo menstrual, para determinação do treinamento de força 
e de cargas para se evitar lesões durante o ciclo hormonal; importante também 
verifi car a frequência cardíaca em repouso e de treino para determinarmos o 
limiar aeróbio, além do IMC e da relação cintura quadril, o que pode nos dar um 
parâmetro importante de doenças cardiovasculares.
Questionário par-q (physical activity readiness questionaire)
O PAR-Q é uma ferramenta simples de autoavaliação, normalmente usado 
por treinadores para determinar a segurança ou os possíveis riscos do exercício 
com base no histórico de saúde, sintomas atuais e fatores de risco do avaliado. 
Também pode ajudar o treinador a criar uma prescrição de exercício ideal para um 
indivíduo. Todas as perguntas foram elaboradas para ajudar a descobrir qualquer 
risco potencial à saúde associado ao exercício. O risco potencial mais sério do 
exercício intenso é o de um problema cardíaco ou outro evento cardíaco súbito 
em alguém que não foi ainda diagnosticado com problemas cardíacos (WHALEY 
et al., 2006).
Embora o PAR-Q não seja um histórico médico completo, as perguntas visam 
revelar problemas cardíacos, circulatórios, de equilíbrio, médicos, emocionais e 
articulares que podem tornar os exercícios difíceis, ou mesmo perigosos, para 
algumas pessoas. Segundo Whaley et al. (2006), o PAR-Q pode e deve ser usado 
por qualquer pessoa que esteja planejando iniciar um programa de exercícios e 
mantê-lo, seja por conta própria ou com a ajuda de um treinador ou instrutor. 
Também é recomendado para quem deseja aumentar a intensidade de sua rotina 
de exercícios atuais. 
40
 OrganiZação e Planejamento do Treinamento Desportivo
Quais são as perguntas do PAR-Q? O PAR-Q contém apenas sete perguntas 
de sim ou não, tornando-o rápido e fácil de responder. Essas questões são: 
1. O seu médico já disse que você tem problema de coração e que só deve 
fazer atividade física recomendada por um médico?
2. Você sente dor no peito quando faz atividade física?
3. No último mês, você sentiu dor no peito quando não estava praticando 
atividade física?
4. Você perde o equilíbrio por causa da tontura ou perde a consciência?
5. Você tem algum problema ósseo ou articular que pode ser agravado por 
uma mudança em sua atividade física?
6. O seu médico está prescrevendo medicamentos (por exemplo, 
comprimidos de água) para sua pressão arterial ou problemas cardíacos?
7. Você conhece algum outro motivo pelo qual não deveria praticar 
atividade física?
Resultados PAR-Q
Segundo Adams (1999), as respostas a essas perguntas podem ajudar a 
determinar a prontidão para iniciar um programa de exercícios ou aumentar a 
intensidade do programa atual.
Se a maioria das respostas foram sim, o próximo passo é fazer o PAR-Q +, 
que é uma série de 10 perguntas de acompanhamento. Essas perguntas mais 
aprofundadas perguntam se o indivíduo tem problemas de saúde específi cos, 
como artrite e câncer. Tendo uma resposta sim a qualquer uma delas é 
recomendado que o indivíduo consulte um médico antes de fazer um teste de 
condicionamento físico ou aumentar substancialmente a atividade física. 
Se a maioria das respostas do PAR-Q foram não, pode estar razoavelmente 
certo de que o indivíduo

Continue navegando