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TÉCNICAS SECRETARIAIS: ARQUIVÍSTICA 1 Sumário Aula 01 - Introdução Arquivologia .......................................................................................... 2 Aula 02 - Gestão de Documentos .......................................................................................... 3 Aula 03- Diagnóstico e Avaliação Documental ..................................................................... 10 Aula 04 - Protocolos ............................................................................................................ 14 Aula 05 - Tipologia Documental ........................................................................................... 22 Aula 06 - Microfilmagem ...................................................................................................... 25 Aula 07 - Automação/GED ................................................................................................... 35 Aula 08 - Preservação, Conservação e Restauração ........................................................... 38 Aula 09 - Legislação Arquivística Comentada ...................................................................... 43 REFERÊNCIA...................................................................................................................... 50 2 Aula 01 - Introdução Arquivologia Arquivologia é a ciência que estuda as funções, os princípios e as técnicas a serem observadas na produção, na organização, na guarda, preservação e utilização de um arquivo. O termo Arquivística diz respeito às técnicas de manuseio dos documentos e procedimentos do arquivo. Dentro do estudo da arquivística encontra- se o conceito de gestão de Documentos. O que significa a palavra arquivo para você? Pense sobre este assunto, analisando estas duas situações. DOUTORA, A SENHORA JÁ USOU OS DOCUMENTOS QUE ME PEDIU? POSSO GUARDÁ-LOS? - PERGUNTOU A SECRETÁRIA. ESSES PROCESSOS EMPILHADOS AQUI À ESQUERDA VOCÊ DEIXA SOBRE MINHA MESA, POIS AINDA VOU CONSULTAR. JÁ ESSAS PASTAS, PODE GUARDÁ-LAS NO ARQUIVO LÁ DA MINHA SALA. MARCOS, PRECISAMOS ANALISAR ALGUNS DOCUMENTOS SOBRE A ESCRAVIDÃO NO BRASIL, PARA TERMINARMOS AQUELE TRABALHO! VAMOS ENTÃO AO ARQUIVO NACIONAL? LÁ, COM CERTEZA, ENCONTRAREMOS MUITO MATERIAL INTERESSANTE! Você percebeu que a palavra arquivo foi empregada nessas situações com dois sentidos diferentes, não é mesmo? Documentos - o conjunto de arquivamento em fase corrente ou intermediária, visando a eliminação ou recolhimento para 3 Na primeira situação, a doutora se referiu a arquivo como um móvel próprio, geralmente de aço ou madeira, usado para guardar documentos. Mas no caso seguinte, Marcos usou a palavra arquivo para citar o Arquivo Nacional, que é um órgão público encarregado de guardar e conservar a documentação produzida ou recebida por instituições governamentais de âmbito federal. E você, se lembrou de outros usos para a palavra arquivo? Veja se algum deles aparece aqui, pois a palavra arquivo é utilizada em nosso dia-a-dia com diferentes sentidos, ainda que bastante relacionados entre si. Com qual desses sentidos vamos trabalhar no manual? Para começar, podemos analisar a origem da palavra, que ainda não está esclarecida. Há estudiosos que defendem a ideia de ela ter se originado do grego arché, que significa palácio dos registrados, tendo evoluído mais tarde para o termo archeion, que é o local de guarda e depósito de documentos. Outros, no entanto, dizem que a palavra é originária do latim archivum que significa, também no conceito antigo, o lugar onde os documentos eram guardados. Atualmente, adotamos outro conceito para arquivo, como este do americano Solon Buck: Podemos, então, a partir desse conceito, tirar algumas conclusões sobre a finalidade e as funções de um arquivo. A primeira finalidade de um arquivo e servir à administração de uma instituição qualquer que seja a sua natureza. Depois que a atividade administrativa acaba, os arquivos começam a funcionar para a história e para a cultura. Temos aí a outra finalidade, que surge em consequência da anterior: servir à história, como fonte de pesquisa. No entanto, qualquer que seja a finalidade de um arquivo, as suas funções básicas são as mesmas: guardar e conservar os documentos, de modo a serem utilizados para atender a interesses pessoais ou oficiais. Aula 02 - Gestão de Documentos 4 Surgiu a partir da necessidade das organizações em gerenciar a informação que se encontrava desestruturada, visando facilitar o acesso ao conhecimento explícito da corporação. Segundo Santos (2002), a gestão de documentos pode ser considerada um conjunto de soluções utilizadas para assegurar a produção, administração, manutenção e destinação dos documentos possibilitando fornecer e recuperar as informações contidas nos documentos de uma maneira conveniente. No Brasil, a gestão documental é regulamentada na Lei nº 8.159/91 que “Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências”. Características físicas dos documentos: Suporte – diz respeito ao material sobre o qual as informações são registradas. é a base física dos documentos. exemplo: fita magnética, filme de nitrato, papel. Espécie – configuração que assume um documento de acordo com a disposição e a natureza das informações nele contidas. exemplo: boletim, certidão, declaração, relatório, ata. Tipo – configuração que assume uma espécie documental de acordo com a atividade que a gerou. exemplo: boletim de ocorrência, boletim de frequência e rendimento escolar, certidão de nascimento, certidão de óbito, relatório de atividades, relatório técnico, etc. Documentos eletrônicos acrescentem-se outros elementos tais como: Identificação de documento arquivístico eletrônico original No ambiente eletrônico, a qualidade de original é dada de acordo com a rota do documentodentrodo sistema eletrônicode gestão arquivística. Quando um documento é transmitido eletronicamente, o original passa a ser aquele que é recebido. Isto porque a transmissão acrescenta metadados que o tornam mais completo e capaz de gerar consequências. Neste caso, o documento armazenado pelo remetente é considerado uma cópia. Para considerar um documento como original, deve-se avaliar o contexto em 5 que é gerado. Se o documento é produzido eletronicamente e a tramitação é feita no papel (assinatura, circulação e arquivamento), o documento em papel é considerado o original. Todavia, se o documento possuir assinatura, fluxo e arquivamento em meio eletrônico, este é que será considerado o original. Neste caso, o documento impresso será considerado uma cópia. (Fonte: CONARQ) Tipologia Documental Classificar é uma das atividades do processo de gestão de documentos arquivísticos, que inclui procedimentos e rotinas específicas, as quais possibilitam maior eficiência e agilidade no gerenciamento e controle das informações. (CONARQ) A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema; agilizar a recuperação, e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso a esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento. Um importante método de classificação de documentos foi desenvolvido por Mevil Dewey (apud, Paes, 2005), o qual é utilizado nas bibliotecas e, em grande parte, também por Instituições públicas e privadas. O método apresenta configuração decimal, sendo: 000 – Obras gerais 100 – Filosofia 200 – religião 300 – Ciências Sociais 400 – linguística 500 – Ciências Puras 600 – Ciências Aplicadas 700 – Artes divertimentos 800 – literatura 900 – História geografia.6 Agora, vamos adaptar esse modelo decimal para a administração pública e teremos a seguinte configuração: O código de classificação de documentos de arquivo para a administração pública, atividades meio, possui duas classes comuns a todos os seus órgãos: a classe 000 que se refere aos assuntos de Administração geral, e a classe 900 que corresponde a Assuntos Diversos. As demais classes (100 a 800) destinam-se aos assuntos relativos às atividades fim do órgão. Estas classes não são comuns, cabendo aos respectivos órgãos sua elaboração, seguindo orientações da instituição arquivística na sua esfera específica de competência. Veja um exemplo aplicado ao setor público com o código 000 – Administração Geral: Classe 000 Administração geral Subclasses 010 Organização e Funcionamento 020 Pessoal 030 Material 040 Patrimônio 050 Orçamento e Finanças 060 Documentação e Informação 070 Comunicações 080 (vaga) 090 Outros assuntos referentes à administração geral Grupo 012 Comunicação Social Subgrupos 012.1 Relações com a Imprensa 012.11 Credenciamento de Jornalistas Veja um exemplo aplicado ao setor público com o código 900 – Assuntos Gerais: Classe 900 Assuntos gerais 7 Subclasses 910 Solenidades, Comemorações, Homenagens 920 Congressos, Conferências, Seminários, Simpósios, Encontros, Convenções, Ciclos de Palestras, Mesas Redondas. 930 Feira, salões, exposições, mostras, concursos, festas 940 Visitas e visitantes 950 a 980 Vagas (para possíveis inclusões) 990 Assuntos transitórios Métodos de Classificação de Documentos O que são documentos correntes? São aqueles que estão em curso, isto é, tramitando ou que foram arquivados, mas que são objetos de consultas frequentes. Pode ser conservado no local onde foi produzido sob a responsabilidade das pessoas ou do órgão que o criou. O que são documentos intermediários? São aqueles que não estão em uso corrente, mas que por razões de interesse administrativo, aguardam sua eliminação ou recolhimento à instituição arquivística. Esses documentos devem ser recolhidos a um arquivo intermediário, sob a responsabilidade conjunta dos funcionários do organismo produtor e da instituição arquivística. O que são documentos permanentes? São aqueles de valor histórico, probatório e informativo que devem ser definitivamente preservados. Eles não são mais necessários ao cumprimento das atividades da administração. Devem ser conservados nas instituições arquivísticas, 8 sob a responsabilidade dos profissionais de arquivo. Pode-se afirmar que a Teoria das Três Idades trouxe - como inovação - a noção do documento intermediário, isto é, a constatação da existência de inúmeros documentos que, mesmo não sendo mais necessários ao cumprimento daquela atividade, precisam ser mantidos, por um determinado período, para fins de prova e informação. É o caso, por exemplo, da documentação referente ao departamento de pessoal, orçamento, material, entre outras. Pela extensão de sua atuação: a) Setoriais - quando existem arquivos espalhados nos mais diversos setores da organização; b) gerais ou centrais - quando todos os documentos gerados estão reunidos em um único arquivo. Pela natureza de seus documentos: Arquivo especial - detém sob sua guarda diferentes tipos de suportes de documentos, resultantes da experiência humana em algum campo específico do conhecimento, tais como fotos, fitas cassete, filmes VHS, discos, CDs, recortes de jornais, disquetes, CD-ROM, entre outros. Por se tratar de documentos na sua grande maioria frágeis, deve-se ter maior cuidado com a conservação e preservação, não somente no aspecto de armazenagem, mas também em seu registro, acondicionamento e controle. Arquivo especializado – detém, sob sua custódia, documentos resultantes da experiência humana num campo específico, independente da forma física que os documentos apresentem. Pelo gênero: a) escritos ou textuais; b) Cartográfico (perfis/mapas); c) Iconográficos (imagem estática/cartazes); 9 d) Filmográficos (filmes); e) Sonoros; (CDs, fita cassete) f) Micrográficos (microfilme); g) Informáticos. Pela Natureza do assunto: a. Ostensivos – documentos cuja divulgação não prejudica a administração. b. Sigilosos – documentos de conhecimento, custódia e divulgação restrita. Podemos classificar os documentos em quatro graus: a) Ultrassecreto – esta classificação é dada aos assuntos que requeiram excepcional grau de segurança e cujo teor ou características só devam ser do conhecimento de pessoas intimamente ligadas ao seu estudo ou manuseio. Os assuntos classificados como ultrassecretos são os referentes à política governamental de alto nível e segredos de Estado, tais como: negociações para alianças políticas e militares, planos de guerra, descobertas e experimentos científicos de valor excepcional, informações sobre política estrangeira de alto nível. São documentos oriundos da Presidência e Ministérios. (Paes, 2005, p.30). b) Secreto – consideram-se secretos os assuntos que requeiram alto grau de segurança e cujo teor ou características podem ser do conhecimento de pessoas que, sem estarem intimamente ligadas ao seu estudo ou manuseio, sejam autorizadas a deles tomar conhecimento, funcionalmente. Os documentos considerados secretos são os referentes a planos, programas e medidas governamentais, os assuntos extraídos de matéria ultra-secreta que, sem comprometer o excepcional grau de sigilo da matéria original, necessitam de maior difusão, tais como: planos ou detalhes de operações militares, planos ou detalhes de operações econômicas ou financeiras, aperfeiçoamento em técnicas ou materiais já existentes, dados de elevado interesse sob aspectos físicos, políticos, econômicos, psicossociais e militares de países estrangeiros e meios de processos pelos quais foram obtidos, materiais criptográficos importantes que não tenham recebido classificação inferior (Paes, 2005, p.30). 10 c) Confidencial – refere-se aos assuntos que, embora não requeiram alto grau de segurança, seu conhecimento por pessoa não autorizada pode ser prejudicial a um indivíduo ou criar embaraços administrativos. São assuntos, em geral, classificados como confidenciais os referentes à pessoal, material, finanças e outros, cujo sigilo deva ser mantido por interesse das partes, como por exemplo: informações sobre a atividade de pessoas e entidades, bem como suas respectivas fontes: radiofrequência de importância especial, ou aquelas que devam ser usualmente trocadas, cartas, fotografias aéreas e negativos que indiquem instalações consideradas importantes para a segurança nacional (Paes, 2005, p. 30). d) reservado – são os assuntos que não devem ser do conhecimento do público em geral. Recebem essa classificação, entre outros, partes de planos, programas e projetos com suas respectivas ordens de execução; cartas, fotografias aéreas, e os negativos que indiquem instalações importantes. (Paes, 2005, p.30). Aula 03- Diagnóstico e Avaliação Documental A avaliação é uma função importantíssima no processo de classificação de documentos. Consiste basicamente na análise e identificação dos valores dos documentos para a definição de seus prazos de guarda e destinação. A análise é feita com base nos usos administrativos, legais, fiscais ou históricos, e na relação orgânica com os demais documentos do fundo a que pertence. A classificação e avaliação representam atividades significativas para o perfeito arquivamento dos documentos. Sem elas é impossível pensar na implantação efetiva de uma gestão documental integrada, com base na teoria das três idades. Outro instrumento de extrema importância na avaliação de documentos, consiste em conhecer e aplicar a Tabela de Temporalidade deDocumentos. (Modelo). 11 Tabela: Temporalidade de Documentos. http://www.arquivonacional.gov.br/ conarq/download/res14/resol14.doc> As atividades de gestão, portanto, não se restringem a evitar a produção de documentos desnecessários, e a estabelecer depósitos intermediários para garantir a organização e a preservação dos documentos. A gestão abrange todas as operações referentes à produção (quais são os suportes com validade em juízo e fora dele, como o documento deve ser estruturado, incluindo código de classificação de assunto), à tramitação (protocolo), ao uso (consulta e empréstimo), à avaliação (aplicação da tabela de temporalidade e destinação) e ao arquivamento (guarda e armazenamento). Métodos de Arquivamento A função primordial dos arquivos é disponibilizar as informações contidas nos documentos para a tomada de decisão e comprovação de direitos e obrigações. Tal http://www.arquivonacional.gov.br/ 12 procedimento só se efetivará se os documentos estiverem – corretamente – classificados e, devidamente, guardados. Tão importante quanto arquivar é achar rapidamente as informações no momento desejado. (PAeS, 2005) Para se alcançar tais objetivos encontram-se descritos, a seguir, os principais métodos de arquivamento: Método Alfabético Método geográfico O método geográfico é o sistema direto. A busca é feita diretamente no documento. Este método é preferido quando o principal elemento a ser considerado em um documento é a procedência do local. (PAES, 2005) As melhores ordenações geográficas são: • Nome do estado, cidade e correspondente • Nome da cidade, estado e correspondente. Nome do estado, cidade e correspondente. Quando se organiza um arquivo por É o mais simples, desde que o elemento principal a ser considerado seja o NOME. É um método direto, porque a pesquisa é feita diretamente, não sendo necessário recorrer a um índice auxiliar para localizar qualquer documento. Nesse método, as fichas ou pastas são dispostas na ordem rigorosamente alfabética, respeitadas as normas gerais para a alfabetação, através de guias divisórias, com as respectivas letras. (PAES, 2005) Desvantagens: os erros de arquivamento tendem a predominar no arquivamento alfabético, quando o volume de documentos é muito grande, devido ao cansaço visual e à variedade de grafia dos nomes. 13 estados, as capitais devem ser alfabetadas em primeiro lugar, por estado, independentemente, da ordem alfabética em relação às demais cidades, que deverão estar dispostas após as capitais. Neste caso, há necessidade de se utilizar guias divisórias com notações indicativas dos nomes dos estados. Exemplo: Método Numérico Simples Constitui-se na atribuição de um número a cada correspondente ou cliente, pessoa física ou jurídica, obedecendo-se à ordem de entrada ou de registro, sem qualquer preocupação com a ordenação alfabética, já que o método exige um índice alfabético remissivo. (PAES, 2005) Além do registro (em livro ou fichas) das pastas ocupadas, a fim de se evitar que sejam abertas duas ou mais pastas com o mesmo número, é indispensável um índice alfabético remissivo, sem o qual fica difícil a localização dos documentos. No método numérico simples, pode-se aproveitar o número de uma pasta que venha a vagar. Por exemplo: em uma organização existe uma pasta de nº X, onde é guardada a correspondência de uma determinada firma. Por algum motivo, a organização rompe relações comerciais com a referida firma. Para que não se conserve uma pasta no arquivo corrente, sem utilidade, faz-se a transferência dos 14 documentos, após análise e seleção, para o arquivo permanente, e aproveita-se o mesmo número com um novo cliente. Quanto à ficha do índice alfabético, referente à primeira firma, permanecerá no fichário acrescida de nova indicação do lugar onde se encontra no arquivo permanente. O novo cliente, que ocupa a pasta de nº X, terá também uma ficha no índice alfabético em seu respectivo lugar. Aula 04 - Protocolos Você já sabe que arquivo corrente é aquele formado por documentos de uso frequente e que funciona na própria empresa ou em locais de fácil acesso, próximos a ela. Mas como encaminhamos documentos para o arquivo corrente? Como analisamos suas atividades? Para analisarmos suas atividades vamos trabalhar com uma situação e mostrar o encaminhamento dado a alguns documentos em uma empresa. FERNANDA É ENCARREGADA DE ANALISAR A DOCUMENTAÇÃO QUE A EMPRESA RECEBE E DAR-LHE O DEVIDO ENCAMINHAMENTO. HOJE CHEGARAM ÀS SUAS MÃOS: UMA CARTA PARA UM EMPREGADO DA DIRETORIA FINANCEIRA, COM A ETIQUETA DE PESSOAL; VÁRIOS EXEMPLARES DE UM JORNAL DO SINDICATO DA CLASSE, PARA OS FUNCIONÁRIOS; DOIS ENVELOPES ENDEREÇADOS À ASSESSORIA JURÍDICA E ENTREGUES POR UM MENSAGEIRO DE OUTRA EMPRESA. Agora pense: que tratamento você acha que Fernanda deve dar a cada um desses documentos? Anote seu pensamento em uma folha de papel e, depois, compare-o com o que apresentamos. Fernanda não vai abrir e nem registrar a carta porque contém a anotação pessoal, indicando tratar-se de uma correspondência particular. A carta será encaminhada diretamente a quem se destina, na Diretoria Financeira. Nesse caso, portanto, não há qualquer preocupação com o seu arquivamento. 15 Quanto aos jornais, Fernanda também não precisa registrá-los, porque não são documentos oficiais. Eles devem ser distribuídos aos funcionários e, após serem lidos, podem ser jogados fora. Já os envelopes entregues pelo mensageiro são correspondências oficiais. Eles precisam ser abertos, os documentos registrados e encaminhados, no caso, à Assessoria jurídica, de acordo com os procedimentos adotados pela administração. Todo o andamento desses documentos dentro da empresa é controlado e, só após cumprirem suas finalidades, é que são arquivados. Muitos deles até podem aguardar decisões e prazos já nos arquivos. E dependendo das normas da empresa e da natureza dos documentos arquivados, eles podem ser emprestados ou consultados no próprio local do arquivo. Desde a chegada dos documentos à empresa já deve haver uma preocupação com o seu possível arquivamento. O técnico de arquivo precisa estar atento a isso e determinar a classificação que cada documento recebe no momento do seu registro, pois ela se repetirá mais tarde, quando for arquivado. Portanto, num sistema de arquivos correntes, os serviços de recebimento, registro, controle de tramitação (distribuição e movimentação) e expedição da correspondência, não podem ser desvinculados dos serviços de arquivamento e empréstimo ou consulta de documentos. As atividades de recebimento de documentos, registro, controle de tramitação e expedição de correspondências constituem os serviços de protocolo. E as atividades de arquivamento e empréstimo de documentos são os serviços de arquivo. Então, não podemos separar os serviços de protocolo dos serviços de arquivo. Daí ser comum, na estrutura organizacional das instituições, a existência de setores, normalmente denominados Arquivo e Protocolo, ou Arquivo e Comunicação ou outro nome parecido, que respondem tanto pelo protocolo como pelo arquivamento. Em relação aos serviços de arquivo e protocolo, é importante destacarmos que as rotinas e procedimentos para sua execução devem ser criados pela própria instituição, obedecendo a um critério adequado às suas características. Não podemos predeterminar e nem impor qualquer rotina ou procedimento a uma empresa, mas apenas sugerir. 16 SERVIÇOS DE PROTOCOLO Observe este ofício: Para: Banco do Estado S.A. Diretoria Financeira Senhor Diretor, Encaminhamos em anexo, para seu conhecimento e análise, cópia do Balanço Patrimonial de nossa empresa... Este ofício, aoser recebido pelo banco, foi registrado de acordo com os procedimentos adotados na empresa. Depois foi distribuído, sendo encaminhado ao Diretor Financeiro. Na diretoria, a secretária recebeu o documento, registrou-o na entrada nos controles específicos do órgão e encaminhou-o ao diretor. Esse, após conhecer o teor do ofício, despachou-o para um dos assessores, solicitando-lhe análise e parecer. Concluída a solicitação, o assessor retornou o documento com o parecer à sua chefia que, após analisar, pediu algumas providências, dentre as quais a expedição de uma resposta à Andes Turismo S.A. Finalmente, ele devolveu a documentação à sua secretária - ofício, despachos, parecer -, solicitando-lhe o arquivamento. A secretária registrou a saída do documento em seus controles e depois encaminhou-o ao Setor de Arquivo da empresa. Veja que o ofício passou por vários setores dentro do Banco do Estado S.A., envolvendo tarefas que constituem o serviço de protocolo de uma empresa: recebimento; registro; distribuição e movimentação; expedição de correspondência. E como esses serviços de protocolo funcionam? Que procedimentos são adotados para que eles cumpram suas finalidades com eficiência? 17 Rotinas de recebimento e classificação Cada instituição precisa criar suas próprias rotinas de trabalho, tendo em vista suas particularidades. Mas, de um modo geral, as rotinas de recebimento e classificação de documentos são: Rotinas de registro e movimentação Esse serviço funciona como um centro de distribuição e redistribuição de documentos. Ali os documentos chegam e são encaminhados aos setores, são devolvidos e reencaminhados aos outros setores ou ao arquivo. Mesmo que algumas de suas rotinas possam variar de uma empresa para outra, de modo geral, elas compreendem: Observe que nos três modelos, há espaço para escrevermos o mesmo código ou número de classificação colocado no documento, quando foi registrado no protocolo. E também há uma parte denominada distribuição, andamento ou carga, onde anotamos cada etapa da tramitação do documento (desde o momento de sua saída do setor de protocolo até o seu arquivamento). Desse modo, quando desejamos saber algo sobre um documento, basta verificarmos seu andamento na ficha de protocolo. Se, por exemplo, a destinação dele estiver para o arquivo, é possível sabermos sob que notação ele está arquivado, que é a mesma atribuída ao documento. Acréscimo da segunda via da ficha de protocolo ao documento já carimbado e encaminhamento ao seu destino. Se existirem antecedentes, eles e suas respectivas fichas, com registro e anotações, devem ser anexados ao documento. Quando o documento chegar ao seu destino, o responsável naquele setor precisa retirar a ficha de protocolo, que só é anexada novamente ao documento quando ele seguir para outro setor. Essa passagem do documento de um setor a outro, a redistribuição, deve ser feita através do setor responsável pelo registro e movimentação. Registro dos dados constantes da ficha de protocolo para as fichas de 18 procedência e de assunto, rearquivando-as em seguida. Essas fichas são preenchidas não só para controlar a documentação que passa pelos serviços de protocolo como também, para facilitar a pesquisa do documento, quando necessário. Eis um exemplo de ficha de procedência Arquivamento das fichas de protocolo obedecendo à ordem dos números de protocolo. Recebimento, dos vários setores da empresa, dos documentos a serem redistribuídos e anotação do novo destino nas respectivas fichas. Encaminhamento dos documentos aos respectivos destinos. Rotinas de expedição Em geral, são adotadas estas rotinas nos serviços de expedição de uma empresa: Recebimento da correspondência a ser expedida: o original, o envelope e as cópias, nas cores e quantidades determinadas pela empresa. Os setores que desejarem manter uma coleção de cópias em suas unidades, para consulta imediata, devem prepará-las em papel de cor diferente. Essas cópias são devolvidas ao setor de origem, após a expedição. Verificação da falta ou não de folhas ou anexos nas correspondências a serem expedidas. Numeração e complementação de data, tanto no original como nas cópias. Separação do original das cópias. Expedição do original com os anexos, se existirem, pelos Correios, malotes ou em mãos. Encaminhamento das cópias ao setor de arquivamento, acompanhadas dos antecedentes que lhes deram origem. 19 Classificação dos arquivos Provavelmente, vários tipos de arquivo já passaram pela sua cabeça até agora, não é? O arquivo da escola onde estudou; aquele organizado pela família de um amigo; o que foi consultado para fazer uma pesquisa; o que havia no setor de pessoal onde você trabalhou por algum tempo; ou, ainda, o arquivo de discos que viu em uma gravadora. E cada um desses arquivos apresentam características bem variadas. Daí serem classificados em quatro grupos, de acordo com: ➢ a natureza da entidade que os criou; ➢ os estágios de sua evolução; ➢ a extensão da sua atenção; ➢ a natureza dos seus documentos. Vamos analisar cada um desses grupos em separado. Considerando a natureza da entidade que criou o arquivo, ele se classifica em: PÚBLICO - arquivo de instituições governamentais de âmbito federal (central ou regional) ou estadual ou municipal. Exemplos: o arquivo de uma secretaria estadual de saúde ou da prefeitura de um município. INSTITUCIONAL - está relacionado, por exemplo, às instituições educacionais, igrejas, corporações não-lucrativas, sociedades e associações. Exemplos: o arquivo de um centro de educação experimental ou de um sindicato. COMERCIAL- arquivo de firmas, corporações e companhias. Exemplos: o arquivo de uma loja, de um escritório de engenharia ou de um banco. FAMILIAR OU PESSOAL- diz respeito ao arquivo organizado por grupos familiares ou por pessoas, individualmente. Exemplo: o arquivo preparado por uma dona de casa, contendo certidões de 20 nascimento e casamento; declarações de imposto de renda; documentos relativos a transações de compra e venda de imóveis; recibos de pagamentos efetuados a terceiros; fotos e cartas. De acordo com o estágio de evolução: Quando levamos em conta o tempo de existência de um arquivo, ele pode pertencer a um destes três estágios: ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE - guarda a documentação mais atual e frequentemente consultada. Pode ser mantido em local de fácil acesso para facilitar a consulta. Somente os funcionários da instituição têm competência sobre o seu trato, classificação e utilização. O arquivo corrente é também conhecido como arquivo de movimento. Exemplo: o arquivo do setor de almoxarifado de uma empresa de exportação, contendo as requisições de material do ano em curso. ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU INTERMEDIÁRIO - inclui documentos que vieram do arquivo corrente, porque deixaram de ser usados com frequência. Mas eles ainda podem ser consultados pelos órgãos que os produziram e os receberam, se surgir uma situação idêntica àquela que os gerou. Não há necessidade de esses documentos serem conservados nas proximidades das repartições ou escritórios, e a sua permanência no arquivo é transitória, uma vez que estão apenas aguardando para serem eliminados ou remetidos ao arquivo permanente. Exemplo: o arquivo dos dez últimos anos da documentação de pessoal de uma empresa. ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE - nele se encontram os documentos que perderam o valor administrativo e cujo uso deixou de ser frequente, é esporádico. Eles são conservados somente por causa de seu valor histórico, informativo para comprovar algo para fins de pesquisa em geral, permitindo que se conheça como os fatos evoluíram. Esse tipo de arquivo é o que denominamos arquivopropriamente dito. Exemplo: o arquivo de uma secretaria de estado com os planos de governo do início do século. 21 De acordo com a extensão da atenção Os arquivos se dividem em: ARQUIVO SETORIAL-estabelecido junto aos órgãos operacionais, cumprindo as funções de um arquivo corrente. Exemplo: o arquivo da contabilidade de uma empresa comercial. ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a receber os documentos correntes provenientes dos diversos órgãos que integram a estrutura de uma instituição. Nesse caso, portanto, as atividades de arquivo corrente são centralizadas. Exemplo: o arquivo único das diversas faculdades de uma universidade. De acordo com a natureza de seus documentos: Dependendo das características dos documentos que compõem o arquivo, ele se classifica em: ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de variadas formas físicas como discos, fitas, disquetes, fotografias, microformas (fichas microfilmadas), slides, filmes, entre outros. Eles merecem tratamento adequado não apenas quanto ao armazenamento das peças, mas também quanto ao registro, acondicionamento, controle e conservação. Exemplo: o arquivo de microfilmes de uma instituição financeira ou os disquetes de uma firma de advocacia. ARQUIVO ESPECIALIZADO - tem sob sua guarda os documentos de um determinado assunto, de um campo específico, como o hospitalar, o da medicina, engenharia, imprensa, entre outros. São chamados, inadequadamente, de arquivos técnicos. Exemplo: o arquivo de peças como ossos, dentes e fetos de uma escola de enfermagem. Você percebeu, pelos exemplos apresentados, que um mesmo arquivo pode pertencer a mais de um grupo? Veja! O arquivo de uma secretaria estadual de saúde foi exemplificado como um arquivo público, de âmbito estadual porque estávamos considerando o tipo de instituição que o criou: um órgão do governo do estado. Mas ele também pode ser classificado como um arquivo de primeira idade ou corrente, caso seus documentos 22 sejam utilizados com frequência pelos funcionários. Pode ser ainda um arquivo central, que serve a todos os setores daquela secretaria. Já falamos bastante sobre os diferentes tipos de arquivos e demos alguns exemplos de documentos que compõem os arquivos. Mas o que caracteriza, exatamente, o documento de um arquivo? Aula 05 - Tipologia Documental Tipologia Documental Tipologia Documental, como o próprio nome indica (tipo), diz respeito à multiplicidade da produção documental. São documentos produzidos por uma atividade que obedece a uma função específica estando regulados por um procedimento ou trâmite e que contenha formatos, conteúdos e suportes semelhantes. De acordo com esta definição, de cada atividade e/ou função se deriva uma série de documentos. Como exemplo, podemos dizer que da função contábil, gera-se documentos como os livros diário, razão, balancete, etc. Da atividade policial, são gerados documentos tais como, exames de corpo de delito, ordens de serviços, peritagens, boletins de ocorrências, etc. Do poder Judiciário, intimações, citações, etc. Portanto, por série documental tipológica entendemos o agrupamento de espécies documentais específicas dentro das respectivas funções geradoras. A tipologia documental é hoje um dos mais instigantes e importantes temas para uma renovação teórica da arquivística. Como indicativo dessa transformação tem-se a própria evolução do conceito de tipo documental, anteriormente encontrado na literatura com inúmeras variações conceituais entre diversos autores. As definições aproximavam-se daquilo que hoje denominamos gênero, espécie, formato etc, ou uma mescla desses conceitos. No entanto, os estudiosos que se preocuparam com esse tema sempre estiveram buscando uma conceituação que definisse o documento em sua essência arquivística, isto é, enquanto parte integrante de um conjunto de outros documentos gerados naturalmente no exercício das mesmas atividades. A particularidade do documento arquivístico, que é ao mesmo tempo único e múltiplo (quando inserido na série documental), representou um desafio a ser superado na 23 tentativa de conceituação do tipo documental. O texto da Profa. Heloísa Bellotto, publicado em 1990, pode ser considerado um marco da literatura arquivística nacional sobre tipologia documental. Os conceitos ali desenvolvidos são a reformulação de um texto seu anterior, de 1982, e acabaram por ser incorporados ao Dicionário de terminologia arquivística. A definição proposta de tipo documental passa a ser, então, a espécie documental somada à função que a produziu, criando séries tipológicas, isto é, cada tipo documental equivale a uma série documental. Essa nova conceituação, apesar de aparentemente modesta, é fundamental para uma renovação dos procedimentos arquivísticos adotados no Brasil e para a solução de muitos problemas, frente aos quais os métodos tradicionais já começavam a apresentar sinais de esgotamento. O avanço dessa problemática - e a importância dos estudos de tipologia documental -, pode ser notado nos arquivos municipais espanhóis que, desde meados da década de 1980, fazem um trabalho conjunto buscando padronizar um arranjo documental tipológico. A proposta de elaborar arranjos tipológicos requer o estabelecimento prévio de tipologias documentais específicas a cada modalidade de acervo, de acordo com sua própria natureza; assim, por exemplo, os partidos e associações políticas deverão ter um instrumento metodológico próprio, que será diferente daqueles destinados, por exemplo, à organização dos acervos das entidades sindicais ou dos arquivos pessoais. A confecção de tal instrumento é complexa. Supõe uma identificação preliminar das funções desempenhadas, principalmente no nível formal/legal, para, a partir daí, identificar nos documentos as espécies presentes em cada função principal, bem como determinar outras funções além do nível formal/legal; com a conjunção desses elementos pode-se elaborar a tipologia documental e, por extensão, séries tipológicas. Os arquivos devem ser reveladores das atividades efetivamente desenvolvidas pelas instituições (ou pessoas) ao longo da sua existência, revalorizando, para isto, os elementos informais, ao lado dos normativos, como único meio de inserir corretamente os documentos no seu contexto de produção. Deste modo a tipologia também destaca o formato como uma solução para explicitar sua diferença em relação às espécies documentais, já que essas 24 características, muitas vezes, tendem a se assemelhar, podendo causar alguma confusão na organização arquivística. Assim, por exemplo, panfleto refere-se a uma espécie e não a um formato. Este último pode variar desde um folheto, um cartaz a, até mesmo, um livro. Tome-se como exemplo um manifesto contra a carestia, assinado por algum comitê municipal de Partido X, que foi amplamente difundido em uma folha de papel ofício mimeografada. Qual a espécie de tal documento? Panfleto?... volante?... folheto?... ou será manifesto? Segundo o Dicionário do livro, folheto é apenas o formato documental ("documento constituído por uma folha simples ou dobrada" ou "publicação impressa, não periódica, (...) constituída por poucas folhas"); volante é tão-somente uma peça do maquinário da gráfica; porém nada impede, ainda de acordo com o Dicionário, que um manifesto ("escrito de natureza expositiva ou doutrinária que pode assumir caráter polêmico" ou "programa político ou religioso") possa ser também um panfleto ("pequeno folheto, normalmente de natureza controversa, política e escrito em tom satírico ou injurioso"). Esse exemplo serve para demonstrar que dado o fato de a tipologia documental para arquivos de organizações político-partidárias ser específica, as espécies documentais (do mesmo modo que as funções) também serão, o que levou a um trabalho de definiçãoterminológica de espécies documentais típicas de tais acervos. No caso específico dos arquivos de partidos e associações políticas optamos por considerar o documento do exemplo citado acima como um folheto (formato) cuja espécie, manifesto ou panfleto, será determinada de acordo com a função documental. Assim poderemos ter, se for o caso, um panfleto de agitação política (tipo documental) cujo conteúdo é um manifesto. A tipologia documental a que chegamos compõe-se de duas partes: um quadro de funções de partidos e associações políticas complexas, hierarquizado por níveis de atuação; e uma relação das funções e espécies documentais encontradas. O quadro de funções é uma mescla das possibilidades arroladas no nível teórico, somadas às verificadas empiricamente durante a coleta, a análise dos dados e o arranjo dos documentos de um acervo documental específico. O resultado mais significativo do estabelecimento do quadro de funções é a possibilidade de visualizar o modo de implantação da tipologia documental nas atividades de arranjo e descrição 25 de um fundo arquivístico. O quadro permite traçar a correspondência entre a entidade e o fundo, entre o nível hierárquico e o grupo, entre o organismo e o subgrupo e, por fim, entre o tipo documental e a série. Exemplos de tipologias documentais Correspondências prestando ou solicitando informações denominadas: Processos administrativos referentes: Registro técnico e político denominado: Correspondências prestando ou solicitando informações denominadas: Processos administrativos referentes: Processos administrativos referentes: Registros técnicos e políticos denominados: Formulários de gestão administrativa interna denominados: Processos administrativos referentes: Processos administrativos referentes: Processos legislativos denominados: Registros técnicos e políticos: Aula 06 - Microfilmagem MICROFILMAGEM Os filmes utilizados no processo podem ser à base de acetato ou poliéster. O suporte do filme de acetato consiste em acetato de celulose, triacetato de celulose, propianato acetato de celulose ou butirato acetato de celulose. O filme de poliéster é excepcionalmente resistente e apresenta excelente estabilidade dimensional (KODAK, s.d.). Microfilme de prata 26 Fonte: Scan system: gerenciamento da informação. Microfilme de diazio Fonte: Diazo film: microfilm supplies e services. O microfilme pode ser produzido por vários tipos de microfilmadoras, de acordo com a necessidade e aplicação do documento. Serão mencionadas três delas, as planetárias, as rotativas e o Computer Output Microfilm (COM). As microfilmadoras planetárias são compostas de uma base com um campo fotográfico pré-determinado, 27 com um sistema de iluminação externo, nela pode-se variar o grau de redução da imagem entre 4x e 36x, podendo ser utilizadas para microfilmar volumes encadernados. Já as microfilmadoras rotativas possuem um sistema de tambor e esteiras, com iluminação interna que é acionado no momento da microfilmagem. Nessas máquinas os documentos e o rolo de filme ficam em constante movimento, sendo assim utilizada para microfilmar documentos em grande quantidade, as rotativas podem microfilmar até 750 documentos por minuto. O Computer Output Microfilm trabalha a partir de impulsos eletromagnéticos convertidos em caracteres, e pode atingir aproximadamente 120.000 caracteres registrados em microfilme por segundo, ou seja, uma velocidade 30x superior à da impressão (RODRIGUES, 1979; PINHO SOBRINHO, 2012; ALVES; BARRETO; FERNANDES, 1980). Microfilmadora planetária Fonte: Alos solution. 28 Microfilmadora eletrônica Fonte: Scan system: gerenciamento da informação. Existem também as máquinas processadoras, onde são feitas as revelações do filme, pelo sistema de tanque com produtos químicos, e as leitoras, que permitem a visualização do documento no fotograma, são os scanners de microfilme (RODRIGUES, 1979). Scanner de microfilme 29 Fonte: Adaptado de Scan system: gerenciamento da informação. Microformas Os suportes de informação decorrentes do processo de microfilmagem são denominados microformas, que podem se apresentar em forma de rolo, cartão-janela, jaquetas, microfichas, micropublicação ou cartuchos, cassetes e magazines (PINHO SOBRINHO, 2012). O rolo foi o primeiro suporte de microfilme produzido, e é ele que dá origem a todos os outros formatos do suporte. O rolo pode ser produzido em 16 mm, com capacidade de armazenar imagens reduzidas de folhas em tamanho A4 e A3, ou rolos de 35 mm que armazenam imagens de documentos originais em formato até A0, ou até 105 mm, a partir do qual se produza microficha (PINHO SOBRINHO, 2012). Esses rolos podem ser produzidos por método simplex, onde uma imagem aparece ao lado da outra, ou método duplex, em que a frente e o verso do documento ficam uma cima do outro. Existe também o método duo, onde há a duplicação do número do fotograma (RODRIGUES, 1979). O cartão-janela, ou tab-jac, é um suporte que permite a inclusão de fotogramas após a produção de microfilmes, sendo indicados para documentos ativos e passíveis de crescimento. Jaquetas são duas folhas transparentes que, juntas, formam pequenos canais nos quais se encaixam os fotogramas, dele podem ser feitas cópias 30 em forma de microficha. Já a microficha é formada por fotogramas quadriculados que respeitam uma sequência lógica e não podem ser alterados posteriormente. Os cartuchos, cassetes e magazines são rolos em embalagens que permitem a inserção automática na máquina. E a micropublicação é o suporte que permite o manuseio e leitura sem máquina de visualização (RODRIGUES, 1979). Tratamento do suporte O microfilme é um suporte sensível que requer cuidados especiais para que seja assegurada sua durabilidade. Questões como ambiente de armazenamento, temperatura, umidade e até mesmo o manuseio são importantes no tratamento do microfilme. Recomendase que recipientes de armazenamento do rolo de filme sejam compostos de papel cartão acid free, de alumínio anodizado, ou plástico inerte. Outra questão importante é que o espaço físico onde são arquivados os microfilmes não sejam localizados próximos a edifícios e vias de trafego intenso. Além disso, é indispensável que o ambiente possua sistemas de filtração de ar e sistema contra incêndio (KODAK, s.d). Mídia de arquivamento/Caixas cartéis Fonte: Scan system: gerenciamento da informação. O armazenamento deve ser feito em ambiente protegido do fogo. Apesar de a combustão do microfilme ser lenta, é importante que eles sejam guardados em caixa- 31 forte, sala de guarda ou sala de registro à prova de fogo. Quantidades menores de registros podem ser guardadas em armários e cofres que resistem ao fogo por, pelo menos, quatro horas. Neles, porém, quando o ambiente fica aquecido, há liberação de umidade no interior da peça, o que pode danificar a imagem. Filmes armazenados em ambiente com umidade relativa de 50% resistem a 121ºC por um período de 24 horas, já em temperaturas acima de 149ºC a danificação ocorre em poucas horas. Em ambiente com umidade superior a 50% o tempo de perda do filme por aquecimento é reduzido. Umidades relativas inferiores a 40% minimizam a possibilidade de desenvolvimento de manchas microscópicas, e superiores a 60% potencializam o desenvolvimento de fungos. Baixas umidades fragilizam os filmes, portanto as mínimas recomendadas são de 15% para filmes de acetato e 30% para filmes de poliéster (KODAK, s.d.). Para proteger o filme de perdas causadas por água, indica-se que os armários estejam a pelo menos 15 cm do piso. Caso algum registro entre em contato com a água deve-se relavar e secar o filme imediatamentepara evitar que as camadas adiram umas sobre as outras. Em locais sem os recursos necessários instrui-se colocar os registros em recipiente com água e enviar a um laboratório para tratamento. Condições de armazenamento de microfilmes Kodak Fonte: Kodak, s.d. 32 INDEXAÇÃO DE MICROFILMES A indexação de microfilmes é uma etapa fundamental do processo, que garante a recuperação da informação no suporte. Pode-se indexar um filme de acordo com o tipo de documento armazenado no suporte utilizando métodos que melhor atendam as demandas de rastreabilidade dos mesmos (RODRIGUES, 1979). Os rolos de filme podem ser indexados das seguintes formas: • Indexação alfabética; • Sistema Flash (lote e flash antecedente); • Sistema Numérico; • Codificação por Odômetro (linhas com escalas numéricas); • Blips; • Codificação binária fotóptica (tipo blip); Em jaquetas e cartões-janela pode-se utilizar: • Título-Índice; Codificação por cor; • Codificação por ranhuras. USABILIDADE E APLICABILIDADE A microfilmagem pode ser aplicada em empresas, bibliotecas, arquivos, etc. Tanto no setor público quanto no privado sua utilização pode ser indispensável. Grandes instituições como a Biblioteca Nacional, a Fundação Casa de Rui Barbosa, e a UFMG, utilizam ou utilizaram em momentos específicos o suporte micrográfico. A Biblioteca Nacional possui a Coordenadoria de Microrreprodução responsável pelo Plano Nacional de Periódicos Brasileiros que tem como objetivo resgatar a produção hemográfica do país (MATOS; MELO, 2012). Em 1977 a Biblioteca Nacional estabelece a Seção de Microfilmagem, que deveria a priori implantar a microfilmagem a títulos editados no século XIX, a coleções muito consultadas, coleções incompletas, coleções deterioradas, e coleções existentes somente em acervos particulares (MATOS; MELO, 2012, p.5). 33 Os periódicos microfilmados pela BN ficam acessíveis aos usuários no microfilme. Posteriormente, para evitar a deterioração do papel, o material é arquivado a vácuo, garantindo a ausência de oxigênio em contato com o mesmo (SPINELLI; PEDERSOLI JUNIOR, 2011). O acervo de periódicos da Biblioteca Nacional compreende aproximadamente 20.000 títulos, incluindo os jornais brasileiros recebidos pelo depósito legal. A importância dos jornais para diferentes estudos, em diferentes áreas, pode ser comprovada pela freqüência de circulação — e exatamente o grande número de consultas é um dos agentes causadores de problemas de conservação e recuperação. A fim de preservar estes jornais — alguns dos quais únicos no Brasil e no mundo — a Direção da BN resolveu acelerar as atividades de microfilmagem, estabelecendo um critério de prioridades que levou em conta vários aspectos, inclusive o bibliométrico, através da freqüência de consultas (BRAGA, 1973, p. 233). A Fundação Casa de Rui Barbosa realizou um trabalho árduo na recuperação de documentos relacionados a colonização brasileira e a corte portuguesa nos arquivos de Portugal a fim de completar coleções de livros trazidos ao Brasil no período colonial e completar as informações histórico-culturais do desenvolvimento do Brasil a partir deste período. Durante o trabalho da Casa Rui Barbosa, Carlos Drummond de Andrade escreveu ao Correio do Povo saudando o Projeto (BERTOLETTI, 1994). A Universidade Federal de Minas Gerais implementou o uso de microfilmagem em um projeto colaborativo entre professores do Departamento de Organização e Tratamento da Informação da Escola de Ciência da Informação e do Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, o Projeto “Criação da Biblioteca Linhares”. Em 1974 a família Linhares doou a primeira coleção recebida pela Biblioteca Universitária, que passou a integrar a Seção de Coleções Especiais da Biblioteca, que recebeu o nome da família passando a se chamar Coleção Linhares. Posteriormente, com a aquisição de outros materiais, o acesso à coleção começou a se tornar inviável. Para solucionar o problema alguns estudiosos da área propuseram o processo híbrido (digitalização e microfilmagem) que possibilitou a recuperação deste acervo (SANTOS et al, 2011). De acordo com Santos et al. 34 O processo de microfilmagem como o mais eficiente para a preservação de documentos em deterioração, tais como os existentes no acervo de Linhares. Assim, ao produzir o microfilme, tínhamos como objetivo atender o aspecto de preservação e, com a digitalização, seria propiciado o acesso (SANTOS et al., 2011, p.740). Empresas privadas como a multinacional Abbott, fabricante de válvula cardíaca implantável, com sede em Belo Horizonte, utiliza a microfilmagem para arquivar seus documentos. O processo é terceirizado e a empresa possui garantia de qualidade documentada, além de realizar inspeção dos filmes produzidos de acordo com um plano de amostragem que assegura uma chance máxima de um erro no processo em uma amostragem de até 10.000 fotogramas com a verificação de 50 imagens. No caso da empresa o processo é o mais viável por assegurar a durabilidade dos documentos referentes ao produto que tange diretamente a vida humana. LEI DA MICROFILMAGEM Mundialmente a microfilmagem é aceita como prova jurídica em um processo. No Brasil existe a Lei da Microfilmagem, que assegura judicialmente a confiabilidade dos documentos microfilmados. A Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968 menciona em seu parágrafo 1º: O decreto de regulamentação determinará, igualmente, quais os cartórios e órgãos públicos capacitados para efetuarem a microfilmagem de documentos particulares, bem como os requisitos que a microfilmagem realizada por aquêles cartórios e órgãos públicos devem preencher para serem autenticados, afim de produzirem efeitos jurídicos, em juízo ou fora dêle, quer os microfilmes, quer os seus traslados e certidões originárias (BRASIL, 1968). O Decreto de Lei nº 447, de 10 de dezembro de 1988, em seu artigo nº 3 afirma que “as cópias obtidas a partir de microcópia autenticada tem força probatória do original” (BRASIL, 1988). O Decreto nº 1.799, de 30 de janeiro de 1996, determina em seu artigo 18 que “Os microfilmes originais e os filmes cópias resultantes de microfilmagem de 35 documentos sujeitos à fiscalização, ou necessários à prestação de contas, deverão ser mantidos pelos prazos de prescrição a que estariam sujeitos os seus respectivos originais” (BRASIL, 1996). A resolução nº 10 do Conselho Nacional de Arquivos, CONARQ, de 6 de dezembro de 1999, dispõe sobre a adoção de sinaléticas com base nas normas ISO (BRASIL, 1999). Aula 07 - Automação/GED O que é automação de escritórios? Segundo Márcio Eustáquio Guimarães (2007, p.73), a automação é uma prática relacionada, diretamente, com o volume de informações escritas de uma determinada empresa. Até alguns anos passados, caracterizava-se pelo processo lento de sua utilização. Isso porque os escritórios brasileiros, de maneira geral, ainda estavam congelados no que diz respeito às técnicas usadas no desenvolvimento de suas funções. Basta lembrar os recursos empregados até hoje pela grande maioria dos nossos escritórios: telefone, copiadoras, armários para arquivos, máquinas de escrever e de calcular, malote, lápis, borracha, etc. Qual o principal objetivo da automação de escritórios? “Sobretudo apoiar o empresa, por meio da agilização do fluxo de informações, tornando disponível ao usuário final (profissionais e gerentes) não apenas a possível, como também as selecionar e analisar esta informação”.( gUIMArÃeS, 2007, p.74). 36 Guimarães apresenta um quadro comparativo entre o processo tradicional e o moderno no processamento da informação. Processamento da informação Processo tradicional Processo automatizado - Produção e preparação de informação escrita- Endereçamento - Datilografia - Processamento de texto - Disseminação - Correio - Malote/boy - Telefone - Telex - Correio Eletrônico - Fax - Teleprocessamento - Manipulação e representação da informação para apoio à decisão. - Sistema para cálculos - Mecanismos para produção gráfica - Consulta à base de dados remota, via telex, telefone, etc. - Microcomputador pessoal - Microcomputador profissional - Teleprocessamento - Arquivamento e recuperação de informações - Arquivos físicos Sistema de gerenciamento de dados multiusuário. Para Márcio eustáquio guimarães (2007, p.77), a oferta de tecnologia para a automação de escritórios na atualidade compreende os seguintes recursos: → Estação de processamento de textos com software poderoso e adequado às peculiaridades do nosso idioma. → Redes locais de processamento distribuído para compartilhamento de recursos, integração da comunicação e aplicações do tipo correio eletrônico. → Integração com redes remotas. → Integração com redes públicas. 37 → Impressoras tipo letter quality com média velocidade. → Computadores pessoais (desktop) com recursos gráficos e de alta flexibilidade, inclusive em termos de aplicativos. → Sistemas de micrografia e reprografia. → Integração com internet/intranet. Na visão do mesmo autor, a médio e longo prazo, outros recursos deverão ser somados aos já existentes, tais como: → Sistemas de gerenciamento de voz e imagem integradas aos processadores de texto e ao correio eletrônico. → Implementação, em nível de integração com servidores, de arquivos (pesquisa por palavra-chave, assuntos, etc.) → Processadores de texto poderosos adequados às peculiaridades do nosso idioma, planilhas eletrônicas e softwares gráficos Quais os efeitos da automação de escritórios com a área secretarial? A área secretarial passou por profundas modificações em detrimento ao novo perfil exigido nos escritórios. Longe de extinção, a profissão secretarial é exigente e requer do profissional um espírito atuante dinâmico e empreendedor. Isto significa dizer que o secretário, hoje, deverá estar em constante busca de aperfeiçoamento e atualização para fazer frente às exigências do mercado. O gerenciamento eletrônico de Documentos - GED Este sistema não só torna os documentos disponíveis extremamente eficientes para o usuário, como permite a recuperação dos documentos através de estruturas eletrônicas, como discos magnéticos e ópticos. (lOPeS, MONTe, 2004) No sistema GED usa-se a tecnologia da informática para captar, armazenar, 38 localizar e gerenciar versões digitais das informações. O GED tem como finalidade converter informações, normalmente encontradas em suportes convencionais (papel, fita), para a forma digital. Os documentos em papel são preparados para serem digitalizados em scanners especiais. Após a digitalização, os documentos passam por uma conferência e depois são gravados em meios magnéticos ou ópticos. O GED tem como objetivo gerenciar o ciclo de vida das informações, desde sua criação até o seu arquivamento. As informações podem, originalmente, estar registradas em mídias analógicas ou digitais, em todas as fases de sua vida. Podem ser criadas, revisadas, processadas e arquivadas em papel. Podem, ainda, ser criadas em mídias eletrônicas, processadas a partir dessas mídias e arquivadas eletronicamente. No enfoque da Arquivística, o GED funciona como um gestor das rotinas, colaborando, de forma rápida, na localização, na classificação e avaliação documental. Aula 08 - Preservação, Conservação e Restauração Dicas de Conservação e Organização de Documentos Classifique e arquive seus documentos ativos por assunto e acondicione-os, de preferência, em pastas suspensas, que facilitam a localização e o acesso ao material. Identifique o assunto principal da pasta de acordo com que está arquivando, e coloque-as em ordem alfabética. Dentro das pastas, separe os documentos por subassunto e período, utilizando divisórias de cartolina. Recomendações para conservação de fotografias e negativos: Não use grampos ou clipes em fotografias ou negativos; Não escreva em fotografias com caneta ou tinta de qualquer espécie. Use somente lápis macio (6B) e, de preferência, anote no verso apenas o número (código) para catalogação; não use fita adesiva, etiqueta autoadesiva ou cola diretamente sobre as fotografias e filmes (frente e verso); 39 não toque diretamente nas fotografias e negativos, utilize luvas. Evite danos ao papel; utilize fixadores de plásticos no arquivamento dos documentos, pois os de metal provocam manchas de ferrugem não removíveis no papel. O controle contra insetos em arquivos deve ser realizado mediante limpezas e desinsetizações periódicas e uso, preferencialmente, de estantes de aço. Para maior durabilidade, as fitas de vídeo, disquetes e outros meios eletrônicos devem ser mantidos longe de campos eletromagnéticos (computadores, aparelhos de som, tevê, etc.) e livres de poeira, umidade e temperaturas altas. Veja como preservar os documentos tomando alguns cuidados básicos durante a consulta: • Sempre manuseie documentos com as mãos limpas, livres de sujeira e gorduras. • Não umedeça o dedo com a saliva para virar as páginas de um documento/livro. Isto afeta a saúde, e pode provocar o desenvolvimento de microorganismos na documentação. • Não dobre o canto da folha para marcar páginas. Esta dobra, no futuro, poderá causar o rompimento do papel. Utilize marcadores de livro em papel livre de acidez. Dicas de Organização da Documentação Controle a temporalidade de guarda dos documentos. Elabore a Tabela de Temporalidade Documental definindo o prazo de guarda dos documentos com base na legislação vigente e nas particularidades da Instituição, possibilitando a adoção de critérios para guarda e descarte dos documentos, maior confiabilidade em ações de 40 expurgo, redução de custos operacionais, racionalização de espaço físico, materiais e recursos humanos. Descarte documentos. Gerencie o descarte dos documentos com a implantação de Termo de Eliminação que é instrumento onde deve constar a relação dos documentos a serem eliminados e a aprovação dos responsáveis. Mantenha os termos no arquivo para possíveis consultas. Defina e implante a metodologia de arquivamento dos documentos da Instituição para: → apresentar no instante em que eles forem solicitados; → conservar junto, em um mesmo lugar, todos os documentos relacionados com um determinado assunto, lugar, indivíduo, firma ou instituição; → proporcionar lugar seguro e permanente para os documentos. Avalie os documentos que deverão ser mantidos no arquivo considerando a exigência legal e a necessidade administrativa da empresa. A redução de custos na manutenção de arquivos provém do não arquivamento de documentos desnecessários e pela eliminação dos que já perderam o valor legal ou administrativo. Utilize pastas internas para dividir os assuntos correlatos dentro das pastas suspensas, assim você localizará as subseções da pasta de forma mais rápida. Para uma gestão eficaz do arquivo, implante um controle de empréstimo de documentos. Este controle poderá ser feito com o uso de divisórias coloridas de papel, registrando-se o nome, ramal e data de retirada. Os documentos retirados deverão ser substituídos, temporariamente, por estas divisórias até sua devolução. Antes de arquivar um documento, leia-o, defina o assunto, e avalie se a guarda deste se faz necessária. Não aumente o volume de seu acervo desnecessariamente. O sistema de arquivamento deve ser escolhido de acordo com o tipo de documento, o volume e a frequência de uso. Os documentos podem ser classificados e organizados por assuntos, nomes de pessoas, instituições, datas,lugares, em ordem numérica ou em uma combinação de todos os itens. 41 Organização de viagens Se o executivo fizer a opção de viajar de carro, deverá ser providenciada toda a manutenção do veículo, checagem da parte mecânica, combustível, óleo e os itens concernentes à documentação do carro. Se o executivo fizer a opção de viajar de avião, procure tratar todos os detalhes com um agente de viagens, pois terá as informações necessárias com mais precisão. Planejamento da viagem Na visão de ALONSO (2002), toda e qualquer viagem a ser realizada envolve muitos compromissos. Assim, é importante fazer um planejamento geral, e discuti-lo com o próprio executivo; pois ele poderá - se quiser - fazer modificações, antes que você comece a agir. Vamos às técnicas para planejamento de viagens: → Planeje o tempo prevendo atrasos de voos, trânsito etc. → Conheça as preferências do executivo com relação a horários, companhias, hotéis, restaurantes, etc. → Faça todos os contatos referentes a entrevistas, visitas, compromissos que ele terá durante a viagem; confirme todos os horários por telefone, fax ou e-mail. → Faças as reservas das passagens. Segundo AlONSO (2002, p.147), o planejamento de que o profissional da área evidentemente que tal planejamento só poderá ser feito em conjunto com o o planejamento traçado por ambos. 42 → Providencie a documentação necessária: → - nacional – carteira de identidade → - exterior – passaporte, visto de saída, atestado de vacinas, conforme as exigências de cada país. → Se necessário, alugue um carro para seu executivo durante a permanência dele no local de negócios. O carro deverá estar disponível no exato momento do desembarque do executivo. → Se no local para onde o executivo se destina houver sucursal da empresa, entre em contato, e solicite um motorista para recepcioná-lo no aeroporto. → Faça as reservas de hotéis, conforme as preferências dele. → Prepare toda a documentação necessária para uma possível apresentação do executivo: slides, relatórios, etc. → Organize uma pasta com todas as atividades que o executivo irá desenvolver durante a viagem. → Organize uma pasta com materiais de escritório: bloco de rascunho, clipes, lápis, caneta, borracha, cartões de visita, agenda, etc. → De acordo com a viagem e a natureza dos assuntos a serem tratados, o executivo poderá precisar de equipamentos especiais, tais como: gravador, projetor de slides, vídeo, laptop, data-show etc. → Elabore um roteiro de viagens detalhado, com todos os horários, endereços, telefones, nomes das pessoas que ele irá contatar. Fique com uma cópia para o seu próprio controle. → Antes da saída do executivo, verifique se ele está levando tudo de que precisará. Para isso, elabore um check list. Isto favorecerá - em muito - a economia de seu tempo, e a dele também. Viagens Internacionais Segundo MEDEIROS & HERNANDES (2006, p.304), as viagens internacionais podem ser programadas diretamente com as empresas aéreas ou com um agente de viagens. Contudo, há necessidade de se tratar da documentação – passaporte, vistos 43 de entrada nos diversos países e outras exigências. Por isso, é melhor valer-se dos serviços dos agentes. Reservas de hotéis, excursões, passeios turísticos, aluguéis de automóveis e outros serviços inerentes ao turismo, também são oferecidos pelos agentes de viagens. Compete ao(à) secretário(a) cuidar também dos cartões de crédito do executivo, verificando a validade e renovando, quando for o caso. As exigências para se tirar o passaporte são: → Duas fotos 5x7 em papel fino e brilhante, coloridas ou preto e branco, podem ser instantâneas; → Comprar guia DARF em papelaria, e pagar a taxa em qualquer banco; → Juntar os seguintes documentos: originais de carteira de identidade (ou certidão de nascimento ou casamento), título de eleitor, carteira de reservista. → Passaporte também pode ser requerido por meio de agência do correio. As agências do correio vendem um kit com envelope plástico, pequeno manual de instruções e formulário da Polícia Federal. Aula 09 - Legislação Arquivística Comentada A legislação brasileira de Arquivologia tem por base a Lei No 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências. O CONARQ O Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ é um órgão colegiado, vinculado ao Arquivo Nacional da Casa Civil da Presidência da República, que tem por finalidade definir a política nacional de arquivos públicos e privados, como órgão central de um Sistema Nacional de Arquivos, bem como exercer orientação normativa visando à gestão documental e à proteção especial aos documentos de arquivo. A Constituição Federal de 1988 e particularmente a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro 44 de 1991, que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados, delegaram ao Poder Público estas responsabilidades, consubstanciadas pelo Decreto nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002, que consolidou os decretos anteriores - nºs 1.173, de 29 de junho de 1994; 1.461, de 25 de abril de 1995, 2.182, de 20 de março de 1997 e 2.942, de 18 de janeiro de 1999. De acordo com estes dispositivos legais, as ações visando à consolidação da política nacional de arquivos deverão ser emanadas do Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ. LEI No 8.159, DE 8 DE JANEIRO DE 1991 Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: CAPÍTULO I Disposições Gerais Art. 1º É dever do Poder Público a gestão documental e a de proteção especial a documentos de arquivos, como instrumento de apoio à administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e como elementos de prova e informação. Art. 2º Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos. Art. 3º Considera-se gestão de documentos o conjunto de procedimentos e operações técnicas à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente. Art. 4º Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral, contidas em documentos de arquivos, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, 45 ressalvadas aquelas cujos sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, bem como à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas. Art. 5º A Administração Pública franqueará a consulta aos documentos públicos na forma desta lei. Art. 6º Fica resguardado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente da violação do sigilo, sem prejuízo das ações penal, civil e administrativa. CAPÍTULO II Dos Arquivos Públicos Art. 7º Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias. § 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entidades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades. § 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação à instituição arquivísticapública ou a sua transferência à instituição sucessora. Art. 8º Os documentos públicos são identificados como correntes, intermediários e permanentes. § 1º Consideram-se documentos correntes aqueles em curso ou que, mesmo sem movimentação, constituam de consultas frequentes. § 2º Consideram-se documentos intermediários aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos produtores, por razões de interesse administrativo, aguardam a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente. § 3º Consideram-se permanentes os conjuntos de documentos de valor histórico, probatório e informativo que devem ser definitivamente preservados. Art. 9º A eliminação de documentos produzidos por instituições públicas e de caráter público será realizada mediante autorização da instituição arquivística pública, na sua específica esfera de competência. 46 Art. 10º Os documentos de valor permanente são inalienáveis e imprescritíveis. CAPÍTULO III Dos Arquivos Privados Art. 11. Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decorrência de suas atividades. Art. 12. Os arquivos privados podem ser identificados pelo Poder Público como de interesse público e social, desde que sejam considerados como conjuntos de fontes relevantes para a história e desenvolvimento científico nacional. Art. 13. Os arquivos privados identificados como de interesse público e social não poderão ser alienados com dispersão ou perda da unidade documental, nem transferidos para o exterior. Parágrafo único. Na alienação desses arquivos o Poder Público exercerá preferência na aquisição. Art. 14. O acesso aos documentos de arquivos privados identificados como de interesse público e social poderá ser franqueado mediante autorização de seu proprietário ou possuidor. Art. 15. Os arquivos privados identificados como de interesse público e social poderão ser depositados a título revogável, ou doados a instituições arquivísticas públicas. Art. 16. Os registros civis de arquivos de entidades religiosas produzidos anteriormente à vigência do Código Civil ficam identificados como de interesse público e social. CAPÍTULO IV Da Organização e Administração de Instituições Arquivísticas Públicas 47 Art. 17. A administração da documentação pública ou de caráter público compete às instituições arquivísticas federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais. § 1º São Arquivos Federais o Arquivo Nacional do Poder Executivo, e os arquivos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário. São considerados, também, do Poder Executivo os arquivos do Ministério da Marinha, do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério do Exército e do Ministério da Aeronáutica. § 2º São Arquivos Estaduais o arquivo do Poder Executivo, o arquivo do Poder Legislativo e o arquivo do Poder Judiciário. § 3º São Arquivos do Distrito Federal o arquivo do Poder Executivo, o Arquivo do Poder Legislativo e o arquivo do Poder Judiciário. § 4º São Arquivos Municipais o arquivo do Poder Executivo e o arquivo do Poder Legislativo. § 5º Os arquivos públicos dos Territórios são organizados de acordo com sua estrutura político-jurídica. Art. 18. Compete ao Arquivo Nacional a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Federal, bem como preservar e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda, e acompanhar e implementar a política nacional de arquivos. Parágrafo único. Para o pleno exercício de suas funções, o Arquivo Nacional poderá criar unidades regionais. Art. 19. Competem aos arquivos do Poder Legislativo Federal a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Legislativo Federal no exercício das suas funções, bem como preservar e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda. Art. 20. Competem aos arquivos do Poder Judiciário Federal a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Judiciário Federal no exercício de suas funções, tramitados em juízo e oriundos de cartórios e secretarias, bem como preservar e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda. Art. 21. Legislação estadual, do Distrito Federal e municipal definirá os critérios de organização e vinculação dos arquivos estaduais e municipais, bem como a gestão 48 e o acesso aos documentos, observado o disposto na Constituição Federal e nesta lei. CAPÍTULO V Do Acesso e do Sigilo dos Documentos Públicos Art. 22. É assegurado o direito de acesso pleno aos documentos públicos. Art. 23. Decreto fixará as categorias de sigilo que deverão ser obedecidas pelos órgãos públicos na classificação dos documentos por eles produzidos. § 1º Os documentos cuja divulgação ponha em risco a segurança da sociedade e do Estado, bem como aqueles necessários ao resguardo da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas são originariamente sigilosos. § 2º O acesso aos documentos sigilosos referentes à segurança da sociedade e do Estado será restrito por um prazo máximo de 30 (trinta) anos, a contar da data de sua produção, podendo esse prazo ser prorrogado, por uma única vez, por igual período. § 3º O acesso aos documentos sigilosos referente à honra e à imagem das pessoas será restrito por um prazo máximo de 100 (cem) anos, a contar da sua data de produção. Art. 24. Poderá o Poder Judiciário, em qualquer instância, determinar a exibição reservada de qualquer documento sigiloso, sempre que indispensável à defesa de direito próprio ou esclarecimento de situação pessoal da parte. Parágrafo único. Nenhuma norma de organização administrativa será interpretada de modo a, por qualquer forma, restringir o disposto neste artigo. Art. 25. Ficará sujeito à responsabilidade penal, civil e administrativa, na forma da legislação em vigor, aquele que desfigurar ou destruir documentos de valor permanente ou considerado como de interesse público e social. Art. 26. Fica criado o Conselho Nacional de Arquivos (Conarq), órgão vinculado ao Arquivo Nacional, que definirá a política nacional de arquivos, como órgão central 49 de um Sistema Nacional de Arquivos (Sinar). § 1º O Conselho Nacional de Arquivos será presidido pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional e integrado por representantes de instituições arquivísticas e acadêmicas, públicas e privadas. § 2º A estrutura e funcionamento do conselho criado neste artigo serão estabelecidos em regulamento. Art. 27. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 28. Revogam-se as disposições em contrário. 50 REFERÊNCIA ALONSO, Maria Ester Cambréa. A arte de assessorar executivos. São Paulo: Pulsar, 2002 CUNHA, Maria Alexandra V.C. da. Administração dos Recursos de Informática Pública– Estudo de Caso do Modelo Paranaense. EACSP FGV, 1994. FRANÇA, Ana Cristina Limonge. Comportamento Organizacional. Conceitos e Práticas. São Paulo: Saraiva, 2006. FREIBERGER, Zélia. 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