Buscar

Resenha -Quem Matou Eloá

Prévia do material em texto

RESENHA “QUEM MATOU ELOÁ?”
“Quem matou Eloá”, de 2015, mostra o célebre caso do sequestro e
assassinato de Eloá Cristina Pimentel. O documentário traz uma opinião
crítica de como a mídia se portou diante ao caso, que durante o sequestro,
fizeram diversas presunções sobre como aquilo iria acabar.
Em 2008 as jovens Eloá de 15 anos e sua amiga Nayara, da mesma
idade, estavam no apartamento quando o ex namorado de Eloá, Lindemberg
Alves de 22 anos, invadiu o apartamento onde elas estavam e as mantiveram
de refém. Por mais de 100 horas, a polícia tentou negociar a soltura da jovem,
mas sem sucesso. A polícia então resolve invadir o apartamento e antes de
ser pego o sequestrado consegue atirar nas duas meninas. Nayara saiu ferida
com um tiro na boca enquanto Eloá, com tiros na virilha e na cabeça, foi
carregada para o hospital mas não resistiu aos ferimentos e logo foi
anunciada sua morte.
A imprensa durante o ocorrido, estava com total atenção
acompanhando as negociações da polícia. Para conseguir registrar o
ocorrido, jornalistas e pessoas que trabalhavam na imprensa passaram dias e
noites em frente ao prédio esperando a possível entrada dos policiais. As
gravações acabavam parando na televisão revelando algumas estratégias de
entrada no cativeiro. Além disso, as emissoras de TV, rádios e jornais também
tentaram contato com Lindeberg, o que atrapalhou muito nas negociações.
O documentário chama a atenção e questiona a responsabilidade da
mídia na hora de transmitir casos como o de Eloá. Critica a forma banal e a
trivialidade que a mídia coloca quando se refere à violência contra a mulher e
especialmente a forma que transmitiram o feminicídio de Eloá onde deram um
tom banal e romântico para o caso dizendo coisas como “é só um jovem com
crise de ciúmes” e “Eu espero que isso termine em pizza, em um casamento
futuro entre ele e a namorada apaixonada dele”. Em muitos instantes os
apresentadores de TV se expressavam de forma a parecer que era natural da
índole masculina em ser violento e possessivo com suas parceiras e que as
mortes ocorrem por ciúmes.
Em 2008, a lei criminaliza o feminicídio e o considera uma circunstância
qualificadora de homicídio ainda não havia sido criada. Mesmo que esse
termo expressão ainda não fosse conhecido pela população, não se pode
dizer que desconhecido o fato de que mulheres mortas por seus
ex-namorados não são vítimas de crimes passionais. Além disso, a Lei Maria
da Penha, que combate esse tipo de violência, já existia há mais de um ano.
Deste modo, a imprensa não tem modos de se justificar por tais atitudes e
comentários.
O caso de Eloá nos mostrou o quanto a televisão pode impactar
homens e mulheres que aprendem e reproduzem visões, crenças e discursos
sobre relacionamentos amorosos. O que o documentário diz sobre o modo
que eles reproduziram o caso como se fosse uma novela faz todo o sentido.
No Brasil, as novelas tem grande audiência e tomam boa parte da grade de
programas televisionados. Por conta dessa grande cultura da novela, pode se
tornar indistinguível para o olhar da realidade e isso faz com que os
espectadores fique tentado com os acontecimentos reais que são
merecedores de roteiro de novela, onde um jovem rapaz comete uma “loucura
de amor”, mesmo que no final o resultado não seja o mesmo.
O filme faz uma grande contribuição para a conscientização e o debate
a respeito dos temas: feminicídio, violência contra a mulher e relacionamentos
abusivos. No final, o título nos faz questionar quem matou Eloá. A imprensa e
a televisão, que atrapalhou as negociações e interferiu no contato com o
sequestrador. A polícia militar paulistana que deixou de agir ao tentar
preservar a vida de um “jovem de 22 anos sem antecedentes criminais”
(palavras da própria polícia). Por último a cultura machista social que foi
historicamente estruturada e que foi sustentada pelo estado e pela mídia
https://sinonimos-online.com/indistinguivel.html

Continue navegando