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elize matsunaga

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Elize Matsunaga: psicopatia ou abuso psicológico?
Resumo: 
Um crime de grande repercussão nacional que chocou o país no ano de 2012, onde uma mulher assassina com um tiro a queima roupa na cabeça, esquarteja o marido e desova seu corpo a beira da estrada. Esse artigo faz uma breve análise de alguns comportamentos dos envolvidos. Aponta características de psicopatia e de abuso psicológico. 
Palavra-chave: 
Eliza Matsunaga, Marcos Matsunaga, Abuso, Psicopatia, Criminologia
Abstract
Introdução: 
Esse artigo tem a finalidade de compreender comportamentos a partir de análises comportamentais expostas pela mídia referente ao caso do casal Matsunaga e dissertar sobre comportamentos abusivos e psicopatas. 
Primeiramente, é importante saber como tudo começou. Em um site de relacionamento, Elize e Marcos se conheceram, em 2004. Ele era casado, mas não o impediu de manter um relacionamento extraconjugal com Elize, que na época atuava como garota de programa com intuito de pagar suas despesas para conseguir se formar na faculdade. Em 2009, Marcos se divorcia e casa-se com Elize. Em 2010, Elize descobre que Marcos está tendo um caso com uma funcionária da empresa Yoki, porém como estava grávida, resolveu da mais uma chance ao marido, sob a promessa que nunca mais isso aconteceria novamente.
Em 17 de março de 2012, Elize viajou para Chopinzinho, sua cidade natal, no interior do Paraná juntamente com a filha de um ano e a babá, para apresentar a filha para sua mãe, deixando contratado em São Paulo, um detetive particular para seguir Marcos. Há muito tempo o casal vinha em uma rotina de brigas, e os motivos sempre eram os mesmos, desconfianças e ciúmes, nos quais eram de conhecimento de pessoas próximas e do reverendo René Henrique Gotz Licht, guia espiritual do casal, tamanha crise. Na mesma noite do dia 17, Elize recebeu informações do detetive que confirmou a traição de que Marcos esteve com uma garota de programa em um luxuoso restaurante no centro de São Paulo, e havia passado a noite no Hotel Mercure, na Vila Olímpia, locais esses, onde segundo Elize, ela e Marcos frequentavam rotineiramente. No dia seguinte,18 de março, Marcos, novamente acompanhado da nova amante, saiu para jantar. 
Abalada com o vídeo que recebera do detetive com imagens onde confirmavam as traições de Marcos, Eliza, retorna dia 19 de março para São Paulo. Um funcionário da YOKI, empresa da família de Marcos, relatou em testemunho que o executivo ao sair da empresa para ir ao aeroporto pegar Elize, comentou “indo pegar a louca”. Nessa mesma noite, Elize dispensa a babá, iniciando a discussão entre o casal, quando ela o confronta com provas concretas sobre a traição. Marcos, segundo Elize, teria ameaçado que caso, ela pedisse divórcio, ele ficaria com a filha, pois nenhum juiz concederia a guarda a uma prostituta e que ele a mandaria de volta “para o lixo de onde ela veio”, referindo-se a vida pregressa de Elize, como garota de programa. 
Conforme comprovam as imagens das câmeras do elevador do prédio onde o casal morava, Marcos desce à portaria para receber uma pizza e essas são as últimas imagens dele com vida as 19:30hrs, então ao entrar no apartamento, segundo a perícia feita pelo legista e perito criminal Jorge Oliveira, Marcos fora atingido com um tiro na cabeça a queima roupa. Em seu depoimento ela diz que foi para outro cômodo da casa e pegou uma arma que o casal deixava guardada, mas se arrependeu. Ela ouviu que Marcos estava vindo em sua direção e ficou assustada.
“— Eu não esperava isso dele, eu fiquei com medo. Eu queria que ele parasse. Ele me viu armada e eu apontei a arma pra ele. Ele estava me xingando, ele não parou, continuou andando. Ficou surpreso [quando me viu com a arma] e começou a rir, falou que eu não tinha coragem de atirar. Falou que eu era uma p***, para eu ir embora com minha família de b**** para o Paraná e deixar minha filha aqui. Quando falou que eu não ia mais mais ver minha filha eu não aguentei. E eu disparei. Na hora eu estava com o coração na garganta.” (sic)
Elize arrasta o corpo do marido para o quarto de hóspedes e limpou o rastro de sangue que havia se formado. No dia seguinte, após a chegada da babá as 06:00 horas da manhã, passado cerca de 12 horas desde o tiro que o matou, ela decide desmembrar o corpo do marido em seis partes, cabeça, braços, pernas e tórax, para facilitar a desova, o corpo foi envolto em sacolas de lixo e acomodados em três malas de viagem. No dia seguinte, as câmeras de segurança mostram Elize as 11:30 da manhã, carregando as malas, que foram abandonadas na beira da estrada em Cotia, local próximo a São Paulo. Em 04 de junho, os peritos identificaram o corpo como sendo de Marcos Matsunaga, e Elize se torna principal suspeita. O caso ganhou grande repercussão da mídia por ser um crime hediondo, chocante, e por Marcos ser uma grande executivo, milionário, de família renomada.
	
Criminologia
Essa é a matéria que estuda as causas de um crime, personalidade de quem o comete, a maneira que o criminoso age, e os meios de ressocializa-lo. 
Criminologia é um nome genérico designado a um grupo de temas estreitamente ligados: o estudo e a explicação da infração legal; os meios formais e informais de que a sociedade se utiliza para lidar com o crime e com atos desviantes; a natureza das posturas com que as vitimas desses crimes serão atendidas pela sociedade; e, por derradeiro, o enfoque sobre o autor desses fatos desviantes. Shecaira (2008, p. 31)
Nesse sentindo, apesar de ser uma ciência autônoma, a criminologia apresenta características de outras áreas, como psicologia, direito, sociologia, entre outras.
Penteado Filho (2012, p.20) opina que: 
[...] o apogeu do valor do estudo do criminoso ocorreu durante o período do positivismo penal, com destaque para a antropologia criminal, a sociologia criminal, a biologia criminal etc. A Escola Positiva entendia que o criminoso era um ser atávico, preso a sua deformação patológica (às vezes nascia criminoso).
Nesse interim, podemos observar que a criminologia não vai interpretar o crime como uma tipificação penal, sendo essa função designada ao Código Penal, que é um conjunto de normas que tem por objetivo determinar e regulamentar os atos considerados infrações penais. 
O Código Penal Brasileiro cita nos artigos 121 a 128, capítulo I, os crimes contra a vida, nesse contexto vamos abordar o homicídio qualificado, art. 121 CP, § 2° Se o homicídio é cometido:
        I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
        II - por motivo futil;
        III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
        IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
        V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
        Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio qualificado é considerado um crime hediondo. Basta uma pesquisa rápida ao dicionário para lermos que o adjetivo hediondo significa: Que contém deformidade; que provoca horror; que causa repulsa; repulsivo ou horrível. Que expressa sordidez; imundo. Crimes hediondos sempre causam grande comoção e são altamente reprováveis pela sociedade, pelos requintes de crueldade. Os crimes hediondos, são determinados na lei 8.072, de 1990 e não são passíveis de graça, indulto, anistia ou fiança.
Por meio das pesquisas realizadas e da literatura existente sobre o tema, a suposição de que crimes violentos apresentam relação com a psicopatia pode ser válida, uma vez que as pessoas que os cometem parecem possuir déficits em seus estados afetivos e respostas emocionais em relação ao outro, o que se apresenta como um importante aspecto dominante e comumente observado no comportamento de criminosos psicopatas, notadamente quando esse comportamento se manifesta em ações explícitas com requintes de sadismo, crueldade e frieza (SERAFIM; SAFFI, 2012).		
A psicopatia é um transtornode personalidade, segue abaixo características listados pelo DSM-IV e pela CID-10 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - uma compilação de todas as doenças e condições médicas conhecidas, elaborada pela Organização Mundial de Saúde (OMS): 
a)Um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos, como indicado por pelo menos três dos seguintes critérios: 
- fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção;
- propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer;
- impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro;
- irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas;
- desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia;
- irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras;
- ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado outra pessoa; 
b) O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade. 
c) Existem evidências de transtorno da conduta com início antes dos 15 anos de idade. 
d) A ocorrência do comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou episódio maníaco.
Geraldo José Ballone, psiquiatra e professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas (SP), diz que o psicopata não apenas transgride as normas, mas as ignora, considera-as obstáculos que devem ser superados na conquista de suas ambições. "A norma não desperta no psicopata a mesma inibição que produz na maioria das pessoas", afirma.
Neste diapasão, Ana Beatriz Barbosa Silva, em seu livro Mentes Perigosas, o psicopata mora ao lado, faz uma importante ressalva: 
Além disso, vivemos numa sociedade com valores distorcidos, competitiva, de poucas referências, que nos leva a querer tirar vantagens aqui e acolá. Essas derrapagens e esses deslizes a que estamos sujeitos em nossa jornada definitivamente não nos tornam psicopatas. Um belo dia, o senso ético nos faz refletir sobre nossas condutas, voltar atrás e rever nossos conceitos do que é certo ou errado. Caso contrário, o remorso nos perseguirá, torturará e, dependendo da extensão, jamais nos deixará em paz. Por isso, é sempre bom o leitor ter em mente que, aqui, eu me refiro às pessoas de má índole, que cometem suas maldades por puro prazer e diversão e sem vestígios de arrependimento. Esta última palavra simplesmente não existe no parco repertório emocional dos psicopatas.
A ausência de remorso pode ser demonstrada pelos psicopatas por meio da indiferença a ter ferido, maltratado ou roubado alguém, levando-os a racionalizarem de modo superficial as situações, assim como a culparem suas vítimas de terem sido tolas, desamparadas ou merecedoras de seu destino, minimizando as consequências danosas de seus atos ou simplesmente demonstrando total indiferença (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
IMPUTABILIDADE 
A imputabilidade é atribuição da autoria de algum fato criminoso à alguém. O Art 26, CP diz que é isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter lícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Todavia, já foi falado que a psicopatia não é uma doença mental e sim um transtorno. O psicopata compreende e conhece as normas que regem a sociedade e suas efeitos penais. Geralmente premedita o crime, e o crime doloso esta descrito no art. 18, CP: 
Art. 18 - Diz-se o crime: Crime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Psicopatas sempre tem um propósito, uma motivação, deixando evidente o dolo.
Conforme mencionado por Nucci (2006, p.45) “a imputabilidade é o conjunto das circunstâncias particulares do indivíduo, abarcando vontade e compreensão, onde fornece o autor ter discernimento do contexto ilícito do ato praticado. Dessa forma, destaca-se que a legislação penal do Brasil mostra serem motivos de inimputabilidade para as pessoas desprovidas de potencial mental a compreender a ilicitude de sua ação, como exposto no Código Penal; argumentando sobre os portadores de doença mental ou desenvolvimento metal incompleto ou retardado (Art. 26), a embriaguês fortuita completa (Art.28) e os menores de 18 anos, nos termos do Art. 27 do Código Penal.
Ainda que os psicopatas não sejam maioria nas cadeias de todo o mundo, vale fichar que são os primeiros colocados como autores de delitos mais cruéis; com maior tendência a práticas criminosas, isso por decorrência da sua alta falta de piedade com outros indivíduos, situação que expressa o dever da disposição de meios legais contra os delituosos psicopatas. (OLIVEIRA, 2011).
Crime Passional 
 Capez (2008, p.40) observa:
O homicídio passional, na sistemática penal vigente, não merece, por si só, qualquer contemplação, mas pode revestir-se das características de crime privilegiado desde que se apresentem concretamente todas as condições dispostas no §1° do art. 121 do CP. Desse modo, se o agente flagra sua esposa com o amante e, dominado por violenta emoção, desfere logo em seguida vários tiros contra eles, poderá responder pelo homicídio privilegiado, desde que presentes condições muito especiais. Finalmente, se a emoção ou a paixão estiverem ligadas a alguma doença ou deficiência mental, poderão excluir a imputabilidade do agente.
O amor segundo o dicionário Priberam é o sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração. Sentimento intenso de atração entre duas pessoas, paixão. Junto com o amor, vem aquele o famigerado ciúme, e quando desmedido, o que era um conto de fadas, se torna um tormento. 
Brito Alves (1984, p.19) com muita propriedade nos lembra ao comentar:
O ciumento não se sente somente incapaz de manter o amor e o domínio sobre a pessoa amada, de vencer ou afastar qualquer possível rival como, sobretudo, sente-se ferido ou humilhado em seu próprio amor. [...] o ciumento considera a pessoa amada mais como “objeto” que verdadeiramente como “pessoa” no exato significado da palavra. Esta interpretação é característica de delinquente por ciúme.
O ciúme é um sentimento de insegurança, o medo de perder, se achar insuficiente, medo de ser facilmente trocado. E muitas pessoas não sabem lidar com esse sentimento, ou por imaturidade ou por dependência emocional.
Émeli Cardoso Santos diz: 
“tudo em excesso faz mal, não se engane, até amar demais pode ser prejudicial”
Alerta a escritora e ativista Michele Pin, numa transmissão ao vivo em um programa chamado “todas elas – relacionamentos abusivos: como quebrar o ciclo da violência.”, transmitido pelo YouTube: 
“o ciúme é muito romantizado pela sociedade, esse sentimento é um grande sinal de violência contra a mulher, os agressores usam dele como desculpa para agredirem física ou verbalmente as suas parceiras.” 
Nesse contexto, compreendemos que a agressão verbal é um passo para a lesão corporal, prevista no art 129, CP: 
Lesão corporal é resultado de atentado bem sucedido à integridade corporal ou a saúde do ser humano, excluído o próprio autor da lesão. O crime pode ser praticado por ação ou omissão.
E um possível caminho para o homicídio, seja ele premeditado ou por um forte impulso numa briga de casal, onde a discussão atinge um nível de estresse elevado. 
Nas Ordenações Filipinas, o título XXXVIII, legitimava o marido à matar sua esposa, se flagradaem adultério, surgindo a tao famigerada “defesa da honra”. Esse argumento foi aceito até recentemente em diversos julgamentos de feminicídio. Entretanto em 06 de janeiro de 2021, a ADPF n° 79, submetida pelo partido PDT, solicitando que fosse declarada impossibilitada juridicamente a invocação da legitima defesa da honra.
“O partido político alegou ainda que a mesma não é compatível com os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade de gênero (artigos 1º, III, 3º, IV, e 5º, LIV, da Constituição Federal).” 
O STF por unanimidade confirmou uma liminar já concedida pelo ministro Dias Toffoli em fevereiro, onde: 
a) a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios constitucionais da dignidade da pessoa, da proteção à vida e da igualdade de gênero;
b) deve ser conferida interpretação conforme à Constituição ao art. 23, II e 25, do Código Penal e ao art. 65 do Código de Processo Penal, de modo a excluir a legítima defesa da honra do âmbito do instituto da legítima defesa;
c) a defesa, a acusação, a autoridade policial e o juízo são proibidos de utilizar, direta ou indiretamente, a tese de legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases pré-processual e processual penais, bem como durante julgamento perante o tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do julgamento;
d) em que pese o art. 483, III, § 2º, do Código de Processo Penal prever a possibilidade de, no Tribunal do Júri, ocorrer a absolvição genérica ou por clemência, o acusado de feminicídio não pode ser absolvido, na forma do referido artigo, com base na tese da “legítima defesa da honra”;
e) em regra, o Ministério Público não pode recorrer de decisão absolutória do tribunal do júri baseada em quesito de absolvição genérico (art. 483, III, c/c § 2º) alegando que a decisão foi manifestamente contrária à prova dos autos (art. 593, III, “d”, CPP), mas, se a defesa lançar mão, direta ou indiretamente, da tese da legítima defesa da honra no plenário do júri e o réu for absolvido, será possível que o Ministério Público interponha apelação, mas não com base no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente contrária à prova dos autos) e sim com fundamento na nulidade do julgamento (art. 593, III, “a”, do CPP).
Para os ministros do Supremo Tribunal Federal, tal tese nos crimes de feminicídio seria um ato inconstitucional, odioso, desumano e cruel, destacando o ministro Dias Toffoli que “A legítima defesa da honra é estratagema cruel, subversivo da dignidade da pessoa humana e dos direitos à igualdade e à vida, e totalmente discriminatória contra a mulher, por contribuir para a naturalização e perpetuação da violência doméstica e do feminicídio no país”.
Não se mata por amor, e sim por injúria, por ser desobedecido(a), contrariado(a),vingança pela conduta de seu parceiro, 
Psicopatia ou Abuso Psicológico?
De acordo com a fábula do escritor grego Esopo (620-560 a.C.): 
“O escorpião aproximou-se do sapo que estava à beira do rio. Como não sabia nadar, pediu uma carona para chegar à outra margem. Desconfiado, o sapo respondeu: "Ora, escorpião, só se eu fosse tolo demais! Você é traiçoeiro, vai me picar, soltar o seu veneno e eu vou morrer." Mesmo assim o escorpião insistiu, com o argumento lógico de que se picasse o sapo ambos morreriam. Com promessas de que poderia ficar tranquilo, o sapo cedeu, acomodou o escorpião em suas costas e começou a nadar. Ao fim da travessia, o escorpião cravou o seu ferrão mortal no sapo e saltou ileso em terra firme. Atingido pelo veneno e já começando a afundar, o sapo desesperado quis saber o porquê de tamanha crueldade. E o escorpião respondeu friamente: - Porque essa é a minha natureza!”
Diz o ditado popular que “cabeça dos outros é terra que ninguém anda”. Não temos como saber o que o outro está pensando de verdade. Como na fábula acima mencionada, é da natureza do ser humano sempre querer se dá bem em qualquer situação. Podemos dizer que o escorpião premeditou assassinar o sapo mesmo depois de ter sido auxiliado por ele? Podemos dizer que foi sem dolo? Podemos dizer que o sapo é suicida, pois sabia da possibilidade e não evitou? Ao ver o escorpião pedindo ajuda o sapo já sabia o que poderia acontecer com ele, inclusive o chamou de traiçoeiro, será que o escorpião se sentiu ofendido e guardou consigo o insulto e apenas revidou quando achou o momento oportuno? Será que o escorpião já vem carregando em si muitos traumas por sempre ser temido, sempre as pessoas se afastarem e temerem sua presença? 
Ao olhar para o escorpião vemos que ele tem um porte físico franzino, mas já sabemos do poder e o quão perigoso e mortal pode ser o seu veneno. Infelizmente com os seres humanos não temos essa “sorte”, ao olhar para uma pessoa não temos conhecimento se ela é ma, periculosa, vil, ou simplesmente confiável, inofensiva.
Rousseau disse que o homem nasce bom, e a sociedade o corrompe, já Thomas Hobbes diz que “o homem é o maior inimigo do próprio homem”, então podemos observar que nessas duas frases, conseguimos identificar um ponto importante, que o homem é capaz de grandes atrocidades e barbaridades contra elementos da sua própria espécie.
“É possível concluir que o Homem tem um grande potencial para o bem, mas também para o mal, especificamente quando procura apenas os seus próprios interesses, não se importando com o seu próximo. Muitas vezes, essa atitude de lobo é revelada através da frase "os fins justificam os meios".1
Ana Beatriz Barbosa Silva, em seu livro Mentes Perigosas, o psicopata mora ao lado, diz que “Para os desavisados, reconhecê-los não é uma tarefa tão fácil quanto se imagina. Os psicopatas enganam e representam muitíssimo bem! Seus talentos teatrais e seu poder de convencimento são tão impressionantes que chegam a usar as pessoas com a única intenção de atingir seus sórdidos objetivos. Tudo isso sem qualquer aviso prévio, em grande estilo, doa a quem doer”
A psicopatia é um transtorno de personalidade bem complexo para identificar e diagnosticar, pois o psicopata é um indivíduo comum, podendo ser charmoso, galante, inteligente e carismático. São manipuladores e excelentes em simulações, então conquistam rapidamente a confiança das pessoas ou da vítima. São comunicativos, cheios de ego, dominador, opinião forte, sendo difícil aceitar uma opinião divergente. São indivíduos que possuem sede por adrenalina, agem desproporcional à insultos, ameaças, mas não guardam rancor, pois não sentem emoções. São impulsivos e não possuem sentimento de culpa, não tem empatia e são bastante preocupados com sua imagem, tanto que psicopatas presos, não sente remorso pelo crime em si, e sim porque foram expostos.
Diante do exposto, segundo informações ditas em juízo Elize Matsunaga, dois dias após matar Marcos, Elize ainda teria ligado para a terapeuta e mentido sobre o paradeiro do marido. Ela contou que Marcos havia viajado para o Paraná e que um detetive havia descoberto a relação dele com uma morena. Para a terapeuta, o comportamento de Elize revela tendências de psicopatia, uma vez que ela mentiu e não demonstrou arrependimento após ter cometido o crime.”
Um crime indiscutivelmente chocante, podemos identificar semelhança com a fábula do sapo e o escorpião? Vimos que Elize estava prestes a perder o status de esposa de um executivo renomado e perder a vida luxuosa que tinha ao lado de Marcos, apesar de em um possível divórcio, Elize ter direito à parte do patrimônio adquirido no matrimonio na divisão de bens, além da pensão alimentícia da filha do casal. Também vimos acima que os psicopatas não toleram ameaças e são desproporcionais em situações de alto estresse. Elize estava na iminência de ser trocada por outra mulher, e isso mexeu muito com o seu ego, além dos corriqueiros insultos e ameaças que sofria de Marcos. Friamente imaginando, será que Elize cria que assassinar e ocultar o corpo, era o meio mais fácil de dar fim a essa situação e ainda assim continuar no seio familiar de Marcos, tendo apoio familiar,e todas as regalias? 
Aos quatorze anos, Elize foi abusada sexualmente pelo padrasto, e quando contou para a mãe, o padrasto prontamente acusou Elize de seduzi-lo, foi nesse momento que Elize decidiu sair de casa onde morava em Chopinzinho, essa informação foi revelada no depoimento da tia de Elize, Roseli de Araújo. 
Num cenário de abuso sexual, o ambiente não foi seguro, protetor, já que permitiu vivências inadequadas da sexualidade. Desse modo, o indivíduo pode ter dificuldades na maturação de seu ego, no desenvolvimento de suas relações objetais, ansiedades psicóticas, perda da espontaneidade, empobrecimento da capacidade simbólica (Oliveira & Sei, 2014). 
Ha vários estudos que relatam as sequelas existentes em quem sofreram abuso sexual, dentre várias é importante citar algumas, tais como desconfiança intensa com tudo e todos a sua volta, crises de pânico, ansiedade, depressão, tentativas de suicídio, comportamento sexual adiantado para idade, masturbação frequente e descontrolada, tiques ou manias e baixo amor-próprio na vida adulta” 
Elize, foi vítima de uma família desestruturada, vítima de estupro. Ao fugir de casa, apos esse ocorrido, começa a se prostituir para sobreviver ainda na pré-adolescência. Vivendo um turbilhão se emoções no auge da formação de sua personalidade. 
No início da adolescência, a autoestima reduz-se um pouco, vindo a aumentar com constância, ao longo dos anos do mesmo período. A questão central nesta idade é a busca de identidade, a qual tem componentes ocupacionais, sexuais e de valores. Erik Erikson descreveu a crise psicossocial da adolescência como o conflito entre identidade e confusão de identidade (ou de papel). A “virtude” que deveria surgir a partir da crise é a fidelidade (PAPALAIA & OLDS, 2006).
Agora vamos fazer uma breve análise, imagine uma criança de família pobre, que vivia em condições de abuso psicológico e sexual por parte do padrasto, mas que ainda assim, segundo a Pedagoga Sandra Bortolon, da Escola Estadual Nova Visão, onde Elize estudou de 1988 até 1997, “Ela era uma menina muito tranquila e bem estudiosa. Era a primeira da sala e sempre com ótimas notas”, a Pedagoga completa que Elize sempre teve um ótimo relacionamento com os colegas e professores. “Ela não era uma menina que arrumasse encrenca. Se é um adolescente que briga, geralmente chama a nossa atenção, mas ela me marcou porque era muito estudiosa”, garante. Um relatório de uma professora diz que Elize, era muito tímida, e nunca conseguiu se entrosar direito com os alunos, porém, nunca teve atritos. 
A timidez e a dificuldade de entrosamento na pré-adolescência podem ser compreendidas com a falta de base e estrutura família vivida por Elize, ainda mais vivenciando dentro de seu lar abusos de cunho psicológicos e sexual. Ao fugir e iniciar a vida na prostituição, Elize passa a viver novas experiencias que foram utilizados na construção de uma personagem adulta forte e segura. Ao conhecer Marcos, podemos até imaginar que Elize viu uma oportunidade der construir com ele, tudo o que não viveu na sua vida inteira, principalmente na infância. Marcos, era atencioso, carinhoso, deu a ela estrutura e conforto para viver uma vida que sempre foi alheia a realidade dela. 
Marcos era de família renomada, milionária, já tinha vivenciado as mais diversas experiencias e Elize, agora iria viver todo esse sonho.
Marcos, tinha um vício oculto à família, ele adorava estar com garotas de programas. Na série: “Elize Matsunaga, era uma vez um crime”, disponível na plataforma de streaming Netflix, contém depoimentos de um amigo íntimo de Marcos, Horácio Gallardo, um espanhol, vestido com trajes sofisticados, luvas de couro preta e boina, comenta algumas peculiaridades que faziam juntos, como por exemplo, avaliar todas as garotas de programas que pagavam para realizarem seus desejos mais íntimos, seus fetiches. Conseguimos observar o machismo em cada fala de Horácio, a forma tão sutil, prova o quão habitual e comum era esse comportamento de tratar as mulheres como objeto de prazer e submissão. 
Marcos tinha um ciúme exagerado e era excêntrico, amava vinhos caros, possuía em sua casa uma adega milionária, com vinhos de R$ 18.000,00 a garrafa, um arsenal de armas com trinta e três armas, avaliada em um milhão de reais, com diversos modelos, inclusive um fuzil de última geração, como uma espingarda Benelli semiautomática. Possuía também uma adega avaliada na época em R$500.000,00 em charutos. O seu esporte favorito era a caça de animais. Chegou a comentar com Elize, que gostaria de ter como animal de estimação, uma cobra. Elize, realiza esse sonho e o presenteia com uma jibóia, nomeada de Gigi, na série mencionada, no terceiro episódio “A infeliz ideia de Elize”, é possível ver um vídeo do casal dando um rato para cobra fazer sua refeição, o casal admira aquela cena. Elize comenta com um sorriso de orgulho, que Marcos o admirava por não se importar com seus gostos exóticos. 
Elize foi se adaptando aos gostos de Marcos, e foi vivendo em plenitude ao lado dele, na busca de faze-lo feliz e por consequência, ela também ser feliz, é o que a psicologia explica como dependência emocional, depositando no outro a expectativa de preencher o vazio, buscando completude, uma das características de dependência emocional que podemos apontar é a insegurança e hábito de ser possessivo e controlador. Eliza não tinha base familiar acolhedora e exemplar, aa únicas pessoas mais próximas eram a tia e a avó. Os traumas vividos formaram em Elize diversas carcaças e habilidades de se refazer e construir algo interno para sobreviver, é como se fosse um camaleão que muda de cor para imitar o ambiente, para fugir de um predador ou se aproximar de uma presa, como um mecanismo de defesa. 
Elize era vítima de abusos psicológicos, violência verbal e emocional, aumentando dentro dela toda a angustia de traumas do que viveu no passado. Elize tinha seus passos controlados diariamente por Marcos. Ela relata na série, que quando o avisava que iria se reunir para fazer trabalhos da faculdade, ele rapidamente o indagava: “vai ter homens?”. O colega que estudou com Elize, diz na série, que Marcos ligava para ela de meia em meia hora, e Elize pedia para todos ficarem calados, pois Marcos não gostava de ouvir ninguém falando ao fundo na ligação, principalmente vozes masculinas. Esse amigo diz que Marcos perguntava com quem ela estava, e quando Elize respondia, ele pedia o telefone de contato da pessoa para ligar confirmando. O ciúme exagerado, desencadeia muitos pontos negativos principalmente para a integridade mental da vítima, nervosismo, medo, crise de ansiedade. "A princípio, o que ocorre é uma reação estressada, ansiosa e de culpa em relação ao agressor. No entanto, com o passar do tempo, a pessoa pode desenvolver ansiedade com outros relacionamentos, retraimento social, baixa-autoestima e, consequentemente, depressão", resume Maycoln Teodoro, professor de psicologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e membro da diretoria da SBP (Sociedade Brasileira de Psicologia). 
Diz Vilma Galvão: “No início tudo são flores, depois na metade elas vão murchando
e no final secam..., mas podemos mudar esse quadro, vamos regar as flores todos os dias, e se elas secarem, plantamos outras...”.
Essa frase tem um caráter bem explicativo para a vida cíclica que Marcos, que deixou a esposa e filha por Elize, e que iria deixar a Elize e a filha por Natália, sua nova amante e também garota de programa. Elize ao descobrir por mais uma vez traição de Marcos e ficar sabendo por ele que dessa vez iria se divorciar dela, não suportou tamanha decepção, depois de todos esses anos ouvindo ameaças e insultos do tipo “vou te devolver por lixo de onde você veio”, “puta”, “louca”, “vou tirar a guarda da nossa filha de você, eu sou rico e renomado, juiz nenhum julgará favorável a você”, aliando a dependência emocional, e a vida luxuosa que ela tinha ao lado dele, dessa vez em um pico alto de estresse em uma discussão fervorosa, Elize atira em Marcos, de forma impulsivae impensada com um tiro na cabeça com uma arma que ele mesmo a presenteou. Após 12 horas, ela esquarteja o corpo do marido, e é esse ato que choca. Que da margem para legitimar os mais diversos sentimentos de falsa efetivação da justiça, por exemplo “merece ser esquartejada viva”, “prisão perpetua”, “pena de morte”, “linchamento” e etc. O fato de Elize esquartejar o corpo do marido, pai da sua filha de pouco mais de um ano de idade, iniciando pelos joelhos e por ultimo decapita-lo, passadas 12 horas do tiro que o matou, no quarto de hospedes, enquanto a sua filha brincava com a babá noutro cômodo, é o único fato chocante nessa história. O esquartejamento é uma cena perturbadora, onde pouquíssimas pessoas têm estomago para presenciar. No caso de Elize, o único meio para livrar-se do corpo, seria esse, pensou ela.
Machismo, mídia e comoção popular e a influência no Judiciário. 
Advogado de Elize, Doutor Luciano de Freitas Santoro, descreve o comportamento de Marcos como superlativo, “percebemos que, quando ele gostava da pessoa, ele gostava muito da pessoa, ele colocava a pessoa num pedestal enorme. Ao mesmo tempo, quando ele já não gostava mais da pessoa... (faz gestos de tanto faz com as mãos e rostos). Mais uma vez irei usar o verso da Vilma Galvão, dessa vez frisarei a parte final, “no início, tudo sao flores, depois na metade elas vão murchando e no final secam..., mas podemos mudar esse quadro, vamos regar as flores todos os dias, e se elas secarem, plantamos outras...”. Note, vão murchando e no final secam, façamos o link com a facilidade de amar e deixar de amar que Marcos tinha com suas esposas, ...”e se elas secarem plantamos outras...” quando o amor, a paixão de Marcos acabava é porque ele já estava plantando outro relacionamento na vida dele. O vício de Marcos por garotas de programas, excluía totalmente de seus atos, lutar e honrar a família e quando Elize, mostrou as provas que o detetive havia conseguido, Marcos se viu desesperado, pois ele nunca havia sido trocado, esse sentimento de abandono, de Elize dizer que queria se separar, com certeza irou e muito marcos, é muito fácil ver imagens de Marcos em vídeos na internet, onde ele entra e chutas as paredes do elevador, mostrando uma ira, um descontentamento. A real conversa entre os dois, nunca saberemos, Elize disse que sabe de muitos segredos e que vão com ela para o túmulo e afirma, que só contaria para a sua filha, caso ela quisesse saber. 
Na série vemos com facilidade o quanto o machismo influenciou, o promotor em uma de suas falas diz: “Marcos era uma boa pessoa, era um exemplo de homem trabalhador, de reto, de pessoa que construiu um império. Ora, se ele gostava de mulher, isso não é crime” (sic), numa tentativa grotesca de minimizar as traições corriqueiras de Marcos. O advogado de acusação Doutor Luciano de Freitas Santoro, faz perguntas à irmã de Marcos, totalmente tendenciosas, tipo “O Marcos é o marido que todas as mulheres gostariam de ter? Ela responde que sim, porque ele é carinhoso, atencioso e cavalheiro. Em contrapartida a advogada de Elize Dra. Juliana Santoro, pergunta que se Marcos era um sonho de marido, se ela gostaria de ter um marido que a traísse, ela responde “não”. 
O jornalista tem suas prerrogativas amparadas pela Constituição Federal e pela lei de imprensa. Com a rapidez das informações em consequência da internet acessível a todos, as informações chegam em tempo real e muitas vezes os jornalistas acabam fazendo um juízo de valor, o que acaba influenciando os receptores da informação, principalmente em casos de crimes dolosos contra a vida e crimes hediondos. Os “juízes da internet” acabam valorando o crime e sentenciando sua pena em trânsito em julgado, sem direito a apelação. A comoção social é tão grande, que se torna delicado e temeroso julgar aquele processo tendo como basilar a lei. A exposição daquele crime já se tornou algo que traz audiência aquele canal, então todos agora clamam por justiça e não importa mais a ampla defesa e o contraditório. Agora a todo custo, parece que a acusação já ganhou e a defesa já está fadada ao fracasso mesmo caso surjam provas que ajudem a inocenta-lo, a imagem do acusado já se encontra em todos os meios de comunicação, como culpado, e agora, mesmo que em divergência da lei, o acusado que prove sua inocência, até lá, ele será culpado. 
Em 2012, no crime de Elize o meio de comunicação de mais força era a televisão, os telejornais não falavam em outra coisa, senão o esquartejamento do empresário, os apresentadores a chamavam de adjetivos pejorativos, com doses exageradas de sensacionalismo, influenciando os telespectadores a ter aquela mesma opinião e sede de justiça frente ao crime de assassinato. 
Considerações Finais:
Vimos que o amor é uma linha tênue com o ódio. O cuidado num estalar de dedos pode virar um ciúme doentio e perturbador tanto para quem sente, quanto para quem o vive. Sentir as dores das consequências e sequelas do que um abusador faz com você diariamente é desastroso. 
Elize sentiu na pele a dor de abusos psicológicos e sexuais desde a sua primeira infância até a vida adulta. Viu seu casamento desabar quando estava na iminência de ser trocada. Além de todas as agressões e humilhações que sofreu de Marcos. 
A criminologia do ato de Elize é bem complexo e merece uma análise detalhada de todos os seus pensamentos, gestos, expressões corporais, falas e ações. 
Como podemos juntamente com a criminologia ressocializar Elize? Ficou claro que ela é psicopata ou uma vítima de abuso psicológico? Se não fosse a brutalidade do esquartejamento, e o machismo enrustido por todo o processo e julgamento de Elize, como a mídia se comportaria diante de um “simples” crime de homicídio. Pergunte-se, caso Elize fosse a vítima e Marcos os criminoso, será que teria o mesmo peso e medidas?
A justiça realmente fez o seu papel ou apenas reagiu a pressão da comoção social?
 
Referencias:
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https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/pericia-e-foto-da-cabeca-de-marcos-matsunaga-marcam-3-dia-de-juri-de-elize.ghtml
https://canaltech.com.br/entretenimento/elize-matsunaga-relembre-crime-188878/
https://www.significados.com.br/o-homem-e-o-lobo-do-homem/ 1
Ana Beatriz Barbosa Silva, em seu livro Mentes Perigosas, o psicopata mora ao lado
http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2012/06/historico-diz-que-elize-matsunaga-tem-30-anos-e-era-boa-aluna.html
https://noticias.r7.com/sao-paulo/elize-chora-e-conta-como-matou-e-esquartejou-o-marido-eu-nao-estava-normal-naquela-hora-04122016
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008
FILHO, Nestor Sampaio Penteado. Manual Esquemático de Criminologia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
https://www.dicio.com.br/hediondo/
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