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DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL A sabedoria é adquirida em estágios. É aprendida quando deixamos o velho e arriscamos uma aventura num território desconhecido. Quando você inicia uma jornada dentro de um novo território, um mapa ou um esboço da estra- da à frente dá-lhe confiança ou, pelo menos, conforto para enfrentar o terreno e os obstáculos que o esperam. Um mapa dá-lhe esperança quando você parece perdido. Ele permite que você se lembre de como ser criativo ou audaz porque há muitas maneiras de alcançar o objeti- vo. Pode preveni-lo sobre becos sem saída e desvios, de tal maneira que seu tempo não é desperdiçado. Você pode, também, registrar sua jornada para ajudar as outras pessoas que viajarão pelo mesmo território. Pode dar-lhe tenacidade e paciência para agir apesar dos obstáculos. Os melhores mapas mostrar-lhe-ão como e quando preparar-se para os diferentes estágios da jornada. Um viajante habitual sabe que cada mapa, não importa quão acurado ou elaborado é, não é idêntico ao território que descreve. As ricas sensa- ções, as dimensões estéticas, pessoais e sociais da experiência, não podem ser abstraídas e simboli- zadas no papel bi ou tridimensional. Ao cami- nhar pelo território, você construirá sua própria visão, vulnerável às sensações e possibilidades. Cada passo do caminho tem uma essência e centro únicos, que dão sabor à sua experiência de tempo e espaço. Nenhum mapa inclui todas as formas de experiências que o transformarão, o irão enriquecer e amadurecer. O mapa é apenas a superfície. Mesmo se o mapa é do território psicológico, emocional ou espiritual, é apenas uma abstração. Ele está do lado de fora da verda- deira experiência. Estudar, destacar, argüir e admirar um belo mapa, não o transformará ou o elevará. Somente a experiência e o desafio de cruzar o território real o leva além da superfície e abre a porta para a transformação e a criatividade. Somente quando você escala altas colinas, avança com dificuldade sobre profundas torrentes e dorme sob a sombra dos bosques, pode aumentar a sua fortaleza, construir sua confiança, transfor- mar sua capacidade para enxergar e solidificar sentimentos de integridade e de auto-valor. Nada disto lhe pode ser dado através de um mapa. Nada disto será igual para diferentes explorado- res do mesmo território registrado em um mapa. Mesmo assim, os mapas são essenciais para abrir a porta do conhecimento mais profundo que vem com a experiência e com a sabedoria. O mais importante mapa para ter e compreender é aquele que codifica o território do Ser e os estágios da auto-mestria. Independente da área de conhecimento e de ação em que você se encontra, o ser é o centro da experiência. Você precisa ter a habilidade de guiar a sua mente através dos estágios de aprendizado e mestria. Precisa conhecer o limite universal que marca o caminho do noviço para o aprendiz, do artesão para o especialista e, finalmente, para o misterio- so reino da Mestria. Este mapa é um guia para seu crescimento em cada área do conhecimento interpessoal, espiritual, mercantil, gerencial, físico ou fisiológico. 162 OS CINCO ESTÁGIOS DA SABEDORIA O mapa dos estágios da sabedoria é, freqüente- mente, o mapa dos mapas. É um meta-mapa de como a mente trabalha em cada situação. A mente sempre usa mapas, consciente ou incons- cientemente, para organizar seu entendimento da realidade. Algumas vezes, são estes mesmos mapas que nos limitam a promoção do cresci- mento e a exploração. Um mapa dos estágios da sabedoria o guia através dos níveis de planeja- mento que a mente usa para cada estágio de aprendizagem. Muitas grandes pessoas tornaram- -se Mestres de uma disciplina ou de seus próprios seres. Através de seus esforços, deixaram para trás registros e, algumas vezes, instruções explícitas sobre a caminhada para a sabedoria e sobre a natureza da mestria. Uma vez que estamos atuando no plano da aqui- sição de habilidades, isto pode ser acumulado em qualquer área de conhecimento. Todos os mapas, de diferentes áreas, culturas e tempo, comparti- lharão uma estrutura comum de estágios ou passos. Mestres da guerra, do esporte, de uma ciência, da música ou do espírito precisam ter a mestria sobre si mesma. O tema de estudo de uma disciplina espiritual é o próprio ser. A mestria neste campo de ação é o mais direto caminho para aprender sobre os caminhos da sabedoria e do ser. No mundo espiritual, aqueles sábios e santos que caminharam com êxito por este caminho, deixa- ram-nos muitos mapas, presentes, sutras, escritu- ras, técnicas e inspiração para ajudar-nos a com- pletar a jornada e evitar os perigos. Um destes mapas é o conhecimento do crescimento espiri- tual e de que todo crescimento interior não ocorre num passo, num lampejo, ou num momento. Não é tudo ou nada, branco ou preto. É um esforço cumulativo. É como a especial magnificência de um amanhecer, onde uma cor vai construindo, imperceptivelmente, uma outra para cobrir o céu, numa visão que comanda a perfeição da natureza. É uma unidade que ocorre em estágios. Quando todos os estágios estão completos, a pura luz branca do Sol dissolve todas as fases do amanhecer dentro da singular realidade da manhã. Quando você atravessa os estágios de Mestria, você não pode saltar nenhum deles, mesmo quando, no final de um, já vê o novo abrangendo a realidade do Ser e da área de conhecimento que você domina. Há cinco estágios que são fases universais de aprendizagem e crescimento na emoção, ação e cognição humana. No mundo espiritual, estes cinco estágios (pad significa estágio ou passo) foram registrados pelos Gurus Sikhs e elaborados por Yogi Bhajan: 1. SARAM PAD 2. KARAM PAD 3. SHAKTI PAD 4. SAHEJ PAD 5. SAT PAD A classificação para a pessoa que se move pelos estágios é: iniciante, aprendiz, perito, especialista e, finalmente, um mestre. A natureza da experiência e os tipos de ensinamentos e desafios úteis para o estudante são diferentes em cada estágio. Uma vez que você compreende os estágios, encontrará exem- plos deles em cada área de sua vida. SARAM PAD O ESTÁGIO DO INICIANTE Nele você é chamado a fazer, aprender ou explo- rar algo. É um tempo onde você está exposto ao assunto ou a tarefa. É a primeira instrução de como dirigir, o estímulo para proceder no primeiro encontro, o tempo para testar sua cami- nhada num novo território. Neste estágio, você não tem ou, pelo menos, tem poucas experiências, não há memória de sucesso ou falhas para guiá-lo. Você pode ter ouvido estórias ou ter lido algo sobre o assunto, mas não terá encontrado esta situação desafiadora antes. Há três tipos de motivações que o levam a saram pad: 1. Necessidade, possibilidade e destino Quando a vida nos traz doenças, problemas, dificuldades e frustrações, procuramos por outro caminho. Se as coisas não vão bem o suficiente, 163 agimos porque é necessário evitar a dor e aceita- mos o risco de explorar algo novo porque preci- samos. Isto pode ser a motivação para tentar uma nova solução matemática para o problema, uma nova maneira de flertar com um amor, ou uma nova forma de reunir dados de uma companhia. A velha maneira parece insuficiente. Está em frente a algo diferente. Então, alguma coisa o introduz no novo método: você lê sobre uma alternativa, ou é orientado por uma súbita visão de um caminho fora do sofrimento. 2. A segunda motivação nasce da possibilidade Você observa um amigo ou colega que gosta de uma experiência ou tarefa. Maravilha-se com a forma de obter este estado de satisfação, recebe amostras de um exercício, comida ou pensamen- to e encontra satisfação nela. Então, você procura aumentar a sua satisfação e para isto, começa a procurar algo similar. Você assume os riscos e as vestes do noviço para encontrar a possibilidade de grande satisfação ou ampliação do prazer que você experimentou. 3. O terceiro tipo de motivação é intuitivo, total e vem do ser criativo da pessoa Ocorre independentemente da dorou do prazer, da fama ou da degradação, da riqueza ou da pobreza, da aceitação ou rejeição. É quando você sente “um chamado”. Não é um simples desejo que vem de uma parte de seu ser, que tem sido negligenciado ou precise expressar-se. Um chamado vem do ser total. Quando você age a partir de um chamado, há um sentimento de destino. Sente que faz uma escolha com a alma livre e verdadeira e que não poderia ter feito outra escolha. Isto é o sentido da manifestação criativa de algo que é identificado com seu ser real ou seu objetivo verdadeiro. É a ação do amor mais que da paixão e do medo. Você se move de forma confortável igualmente ante as coisas diferentes, como também com as familiares e similares de experiências passadas. Você procura, ao invés da expressão única e autêntica, a própria unidade. Independente da motivação que traz alguém para “Saram Pad”, todos começam na mesma situação e com os mesmos desafios. O iniciante não sabe no que estar atento. Quais, entre centenas e milhares de aspectos e sensações, serão priorizados. Lembre-se de quando você iniciou a andar de bicicleta, dirigir um carro ou jogar xadrez; nesta ocasião, algum instrutor cuidadoso ensinou-lhe: segure a barra de direção, mantenha a bicicleta sem cair, pedale constante- mente e permaneça do lado direito da estrada. No caso de um carro: mantenha-se à direita da linha central divisória, aplique os freios devagar, permaneça um pouco afastado do carro da frente e sinalize todos os movimentos claramente. As instruções são baseadas em características fáceis de identificar. As regras para seguir são diretas e absolutas e permitem que você se concentre sem ser esmagado. Uma boa instrução para um noviço não inclui todas as exceções e circunstân- cias especiais que ocorrerão. Idealmente, o noviço dirige em estradas fáceis, sem mau tempo ou tráfego denso. Um noviço dirige uma bicicleta com poucos acessórios e sempre no mesmo caminho. O noviço joga um pouco, usando movimentos simples que enfatizam as diferentes naturezas e valores para cada peça. Boas regras para um noviço são aquelas fáceis de compreender. Você não deve ensinar a um motorista de primeira mão: permaneça a 30 pés do carro da frente se você for mais rápido; depois aumente 20 pés a cada 5mph, a menos que o fluxo do tráfego esteja mais tranqüilo que o usual, ou se estiver garoan- do e a superfície da estrada esteja lisa, a menos que a chuva tenha sido moderada por meia hora, mas seja cuidadoso se a chuva é intensa e aumen- te a distância dos outros carros, quando eles estão lentos porque isto pode indicar álcool, ou outros problemas, etc. Esta lista confundiria o mais sincero noviço. O noviço não precisa ainda aprender todos os fatos. Tentar listar todas as sensações e exceções das experiências da vida real é uma terrível forma de ensinar. Não é desta forma que você apren- deu? As regras para o noviço precisam ser claras e livres do contexto. O trabalho do noviço é com- preender o que lhe cabe fazer. Não tem um senso integrado de todas as tarefas baseado na experi- ência. A única forma de ele poder julgar a quali- 164 dade de sua performance é avaliar como está seguindo as orientações. A qualidade pessoal que ele precisa cultivar é a escuta, e a abertura de coração e da mente para executar. O processo é estabilizar certos hábitos e torná-los automáticos. Desta forma, a atenção pode ser aberta em outras experiências que detalham o próximo nível de aprendizagem. As orientações precisas permitem experiências sem correr grandes riscos. Os estudantes, que podem facilmente observar similaridades e seguir orientações repetindo comportamentos, desta- cam-se neste estágio de aprendizagem. Aqueles entusiastas, que se entrgam ás orienta- ções, buscadores de fórmulas, que se concentram no agora e não perguntam prematuramente por estágios mais avançados, avançam bem nessa etapa. Para um estudante de Kundalini Yoga algumas orientações poderiam ser: fazer respira- ção de fogo somente por três minutos, tomar somente líquidos ou chá iogue nas segundas-fei- ras, fazer cada série exatamente como é dada na seqüência e no tempo, tomar cinco minutos de banho frio a cada manhã, nunca falar uma pala- vra dura ou fazer fofoca. Muitas vezes, condições especiais são criadas para acentuar a experiência do iniciante: fazer uma monodieta por três dias e não falar durante um retiro. Cada uma destas experiências enfatiza certos traços do projeto comportamental e emocional. Num caminho espiritual orientações precisas ajudam a observar e a distinguir entre o ego e o verdadeiro ser. O aspirante espiritual desenvolve costumes que optam pelo Ser. Se você pratica neste estágio, é fácil movimentar-se para o próxi- mo estágio. Em música, aprender a bater em uma nota automaticamente permite-lhe deslocar sua atenção para refinar a execução das notas, melo- dia e harmonia. KARAM PAD O ESTÁGIO DO APRENDIZ O segundo estágio é o de aprendiz. O estudante é chamado “um aprendiz” neste estágio porque é ação o que lhe é pedido: fazer e praticar num vasto raio de ação concreta. A palavra Karam significa fazer ou executar as tarefas e os trabalhos que são feitos pelo estudante dentro de circuns- tâncias variadas. Durante este processo exceções e novos aspectos surgirão, sem que estejam especi- ficados como nas orientações precisas do primei- ro estágio. Desta forma, o aprendiz precisa buscar as experiências de um professor mais avançado ou dos próprios parceiros que estão tendo desafios similares. Os grandes desafios de Karam Pad são enriqueci- mentos sensoriais, acúmulo de experiências em muitos contextos, redefinição da natureza das tarefas e expectativas sobre elas e desenvolvimen- to da concentração em situações complexas. Ao ganhar experiência de que há muitos elementos sensoriais na tarefa, o estudante sente a necessi- dade de redefinir seu conceito de tarefa. A tarefa pode ter sido definida num só sentido para o iniciante. A regra para dirigir um carro era: manter o carro a 40 milhas por hora em segunda marcha. No segundo estágio, o estudante moto- rista agora reconhece o som de “marcha forçada”, é capaz de olhar o terreno íngreme à frente, sentir o aquecimento do motor, o sacudir dos pneus e o cheiro de fumaça do exaustor ou do conversor catalítico. A informação que vem de todas estas fontes permitem a redefinição da tarefa e quais as opções disponíveis para o motorista. Cada carro e cada situação são tão variados que poderia ser inútil a tentativa de elaborar uma lista completa de todas as sensações que estão disponíveis à atenção treinada. O caminho da experiência traz muitas sensações para o estudante. Este enrique- cimento sensorial é uma tarefa para o aprendiz. Ensinar tarefas que realcem a abertura sensorial é um grande catalizador neste estágio. Usualmente o estudante tem preferência por algum sistema sensorial, dependendo do hábito, treinamento e temperamento. Num contexto de negócios, o aprendiz precisa prestar atenção aos gráficos estatísticos da corporação e olhar também para as soluções pessoais. O estudante precisa estender a base de seus dados também para a impressão das pessoas, ouvindo suas declarações, incluindo os tons emocionais em seu relatório. O ritmo e o passo que os 165 responsáveis pelo negócio solicitam e o sentido de ordem e desordem no acontecimento podem também ser significantes. Este tipo de flexibilida- de sensorial é essencial para passar por este estágio de aprendizagem. Uma outra tarefa central para este estágio é a habilidade para concentrar-se à medida que o número de sugestões aumenta, o que é uma função da experiência sobre um grande raio de situações. A habilidade para apresentar similari- dades com exceções é um estilo cognitivo que cria excelência neste estágio. Em cada nova circunstância, a habilidade para apresentar pequenos desvios das regras originais e nova formulação de tarefas, direcionam a concentra-ção para o que precisa ser aprendido. Um apren- diz não encontra uma situação nova sem uma história. Um aprendiz teve suas experiências e, portanto, um passado para comparar com a situação atual. A prática fez com que se tornasse fácil e rápido buscar as similaridades do passado e, desta forma, a atenção se desloca para as diferenças dentro de circunstâncias razoavelmente similares. Subir uma colina, dirigindo um carro, é muito similar se o dia está ensolarado ou nublado, mas a refle- xão da luz e o julgamento visual será diferente. Isto afetará o julgamento do motorista sobre a passagem de um outro carro, por exemplo. Como o estudante acumulou as experiências, a colina é uma similaridade que se torna rodeada e enriquecida por muitas diferenças: o tempo, o número de carros, a hora do dia, a condição do carro, a potência do motor, o número de passa- geiros, a condição dos outros motoristas, a super- fície da estrada, o tipo de arredores, etc. Um bom aprendiz desenvolverá o que Yogi Bhajan chama uma “natureza subconsciente alerta” para as pequenas diferenças de situações passadas que requerem uma atenção extra. Este alerta extra coloca o aprendiz no estado de acelerar o apren- dizado e a concentração. O acúmulo destas expe- riências, muitas vezes, prepara o aprendiz para manejar desafios cada vez mais complexos e variados. Um estudante de yoga destaca-se neste estágio de aprendizagem se faz sua prática regu- larmente. Os exercícios de Yoga, como a sadhana e a medi- tação, precisam ser realizadas dia após dia, de qualquer modo. Isto dá ao aprendiz a habilidade para estabelecer uma perspectiva independente, apesar das condições ao redor da prática e suas mudanças. Desenvolve elasticidade e resistência. Também desenvolve o número de táticas dispo- níveis para o aprendiz. Um grande catalizador deste estágio de aprendi- zagem é ler e estudar a história de bons modelos de tarefas, ouvir a experiência dos parceiros que treinaram em diferentes contextos e ter um mentor que promova oportunidades que desa- fiem e que promovam previamente o aprendiza- do. Para se preparar para o próximo estágio de apren- dizagem ,o contexto que você experimenta como um aprendiz precisa ser o mais variado possível. SHAKTIPAD O ESTÁGIO DO PRATICANTE O terceiro estágio é o mais crucial, transitório e desafiante de todos os estágios. As escolhas feitas neste estágio e a transformação que tem lugar na capacidade dos estudantes determinam se o praticante progredirá em direção à mestria, se permanecerá no nível de aprendiz ou se desistirá totalmente do estudo. É um estágio em que ou uma transformação ou uma descontinuidade ocorrem. Na disciplina espiritual, shaktipad é conhecido como o teste do ego ou o teste do poder. Neste estágio, o estudante já acumulou uma grande quantidade de experiências. Ele testou as regras, acumulou habilidades e hábitos conscien- tes e inconscientes e está ocupado com as possibi- lidades. O que é requerido para alguém nesse estagio é a habilidade de selecionar um objetivo, fixar uma motivação e, conscientemente, com- prometer-se com uma série de valores....precisa, também, desenvolver a habilidade para estabele- cer uma priorização de escolhas... precisa ter uma faculdade para priorizar séries complexas de tarefas e decisões e estabelecer o que é e o que não é significante para o objetivo. Imagine o moto- 166 rista que aprendeu, como um noviço, as tarefas básicas para guiar um carro. Como um aprendiz, aprendeu a arte de dirigir e explorou muitas rotas e tipos de veículos diferen- tes. Agora, como um praticante, um novo nível de tarefas é demandado. Como escolherá dentre as muitas possibilidades que você está, tecnica- mente, habilitado para executar? Como pratican- te, é necessário escolher uma estratégia. É neces- sário assumir a responsabilidade pela escolha de uma entre todas as trilhas que você pode tomar ao longo da viagem. O motorista pode ter cinqüenta caminhos que o levam a Boston. Colocar todas as escolhas na mente, sem um método para restringir e dirigir uma decisão, poderia ser confuso, esmagador e consumir tempo. Nesse estágio, ao contrário, escolhe o caminho para Boston baseado num objetivo ou valor particular para a viagem. Cada rota satisfaz um diferente valor. A rota 1 é mais “rápida” e economiza tempo. A rota 2 é mais “bonita”. A rota 3 é mais “social”, pois passa pela casa de amigos. A rota 4 é “mais histórica”, apresentando muitos monumentos. A rota 5 é “mais desafian- te”, com diversidade de paisagens e condições de estrada. A escolha do valor que determinará a escolha da rota precisa ocorrer antes do início da viagem. Se você decidir pela “beleza”, não poderá mudar ou reclamar à última hora. Como um aprendiz, cada jornada estava especificada pelo mentor. Como um praticante, a escolha agora é sua. Como um aprendiz, você aprendeu que há muitas regras para diferentes situações. Como um praticante, você deve formular quais as séries de regras a aplicar. As regras: beleza, velocidade, desafio e novidade são diferentes. Este estágio é semelhante à adolescência. O noviço é um recém-nascido, o aprendiz é uma criança e o praticante é como o adolescente que está pronto para desafiar as regras, arriscar novas combinações e agir dentro de padrões diferentes dos do passado. É um estágio criativo e perigoso. Da mesma forma que um adolescente quer o poder de escolher sem o perigo da responsabili- dade, o praticante quer tomar uma decisão sem comprometimento. O praticante que aprende a dirigir com responsa- bilidade, a vencer as dúvidas e usar os valores apropriados, conquista este estágio de aprendiza- gem. O motorista adolescente pode decidir que “velocidade” é o valor mais importante. O moto- rista, então, não fica à distância adequada do carro da frente, arrisca curvas em alta velocidade e se arremessa por entre os outros carros no tráfe- go. Se o praticante se apegar àquele valor, estará insensível às situações que não se ajustem a este valor. Ele gastará tempo para tentar conseguir matar-se ou colocar em risco os outros motoris- tas. Se o motorista gosta de velocidade e está disposto a ser um noviço neste valor, deve se inscrever num curso para motoristas de corrida e tornar-se um profissional desta área. Este é o teste de poder de shaktipad. O praticante olha para todas as situações, para o panorama dos fatos e das escolhas. Precisa, então, atuar do todo para uma parte do todo. Esta é uma habilidade crítica. A habilidade cognitiva necessária a este ponto é a capacidade de perceber as implicações de todas as possibilidades de escolha e informação. Agir inconsciente ou incorretamente a partir de uma visão de uma pequena parte do todo é um erro fatal. Um praticante falha se escolhe o valor e o objetivo de que gosta ou no qual encontra muito interesse ou estimulação, em detrimento do valor que serve ao projeto maior, tarefa ou estudo que ele treinou para atingir. A experiência deste tipo de tomada de decisão é frequentemente desagra- dável e completamente assustadora. É cercada pela incerteza e traz dúvidas. Este é um momento perigoso e existencial. É agonizante como a deci- são de Hamlet - uma questão de identidade ou comprometimento. A decisão é tomada pelo esforço deliberado para alcançar a perspectiva correta do todo e para discernir o verdadeiro significado da decisão. O ego ou apego do estu- dante tornam-se os maiores bloqueios deste estágio. Imagine o motorista que gosta tanto de sentir o carro em movimento que recusa-se a estudar os mapas ou fazer planos. A sensação de dirigir está tão internalizada que a habilidade que viria a seguir não pode ser desenvolvida. Isto acontece com os games. Recordo-me certo joga- dor de vídeo game que não conseguia ultrapassar certo número de pontos. Eu lhe disse que sabia 167 como fazer isto, mas ele tinha de deixar o dispa- rador tornar-se automático. Ele disse-me que sabia disto, mas preferiasentir o desafio. O seu apego àquela sensação bloqueou-o para mover-se para um nível melhor de performance. O amor ao desafio era maior que o comprometi- mento com o objetivo do jogo, que era o de conseguir maior número de pontos e, desta forma, a meta não pôde ser atingida. Tampouco conseguiu sentir a mestria de vencer seus próprios apegos para chegar ao objetivo do jogo. Neste ponto, o meu amigo redefiniu o jogo e concluiu que o que havia feito antes estava errado. Isto equivale a negar a ajuda do guia que lhe diz como continuar e não parar, se quiser alcançar o fim. Um praticante que não passa no teste de shakti- pad nega o professor ou o mentor. Ele está cheio de dúvidas sobre os valores do que fez antes e duvida da sabedoria do professor. O teste verda- deiro deste estágio é o teste de superar a dúvida, para criar uma ação onde todas as partes da mente estão atrás do caminho que você escolheu originalmente. Este estágio requer comprometimento. Requer envolvimento no sentido de que você é total- mente responsável por sua escolha. O resultado da escolha, bom ou mau, é sua responsabilidade. O sucesso e o fracasso tornam-se e cheios de pres- ságios e conseqüências. É similar ao adolescente, cuja pequena negação ou aceitação pelos outros é recebida com uma enorme reação de raiva ou êxtase. Cada ação, desde que verdadeiramente sua, é amplificada em seus impactos e efeitos. Esta escolha de valores não pode ser feita de forma impessoal. É sempre uma escolha pessoal que fazemos. Não é possível neste estágio ter uma perspectiva cósmica do desapego. A escolha não pode ser evitada sem deter o aprendizado e o crescimento. Isto acontece porque a escolha é feita primeiro, antes de se seguir adiante. Nas disciplinas espirituais, isto é o salto da fé. É o momento em que você escolhe seguir seus próprios desejos e perspectivas limitadas ou os valores elevados, estabelecidos pelo caminho ou pelos ensinamentos que você começou a estudar. Além deste ponto, o estudante está desapegado da escolha. Como um noviço, você apenas seguia regras. Como um aprendiz, você estava ocupado aprendendo novas percepções. Como um prati- cante, você está competente para fazer muitas tarefas relacionadas às atividades que está apren- dendo. Você precisa escolher onde e para que usar o que está aprendendo. No caminho do Yoga, muitos estudantes saem neste ponto porque sentem que alguma parte deles está sendo ignorada ou rejeitada por seus esforços anteriores. Outros ganham um ego espiritual e fantasiam-se completamente, mesmo com a advertência do professor e dos ensinamen- tos de que não se deve chegar a este ponto. Outros enfraquecem lentamente porque deci- dem que são exceção às regras e que não precisam mais seguir a disciplina original. Aqueles estudantes que podem atuar com fé e totalidade realizam bem este estágio. Os estudan- tes que podem pesquisar diferentes formas para chegar ao objetivo principal e corrigir suas direções, passam através deste estágio muito facilmente. É fácil, neste estágio, tornar-se hipnotizado pela satisfação e poder das habilida- des que você ganhou. Se o indivíduo segue o caminho, emerge com força e poder em direção a seu objetivo. SAHEJ PAD O ESTÁGIO DO ESPECIALISTA O quarto estágio, o do especialista, é uma alegria. É uma completa mudança do perigoso estágio de shaktipad. “Sahejpad” significa o estágio da facilidade e elegância. Neste estágio, o estudante já adquiriu a experiência, está enfocado no obje- tivo e cada novo desafio aumenta suas habilida- des. O que se modifica é a preocupação com seu ser. Neste estágio, o especialista se envolve com uma missão. Ele salta do completo envolvimento com a tarefa e o sujeito e a estimativa do padrão de sua ação. Nunca há uma pergunta sobre o que faz ou porque faz, há apenas a intensa associação de um padrão após o outro. No mundo do xadrez, um estudante no estágio do especialista, memorizará 10.000 a 50.000 168 jogadas. O especialista pode reconhecer cada uma, de um só lance. Imagine que cada jogada é uma personalidade. O especialista olha o tabulei- ro e conhece Susan, Jake ou Gurnam. Imediata- mente sabe sobre cada personalidade e possui maneiras práticas de agir. Uma decisão é tomada imediatamente baseada numa impressão tangível e direta do todo. O todo não é subdividido e analisado componente por componente. O espe- cialista responde de pronto à entidade ou à personalidade. Esta capacidade é chamada intui- ção. Ela pode ser ignorada ou subestimada por psicólogos ou no mundo dos negócios. No entanto, mais recentemente, alguns dos mais respeitados líderes na gerência e consultoria de negócios têm reconhecido a necessidade de unir as decisões tomadas através da intuição com aquelas baseadas na organização lógica da infor- mação. Mintzberg notou que este é um fator que separa um bom homem de negócios de um grande homem de negócios. Esta capacidade é especialmente útil em situações de grande com- plexidade e rápidas mudanças, que requerem decisões rápidas e liderança. O especialista usa a intuição para agir e analisar o impacto da decisão tomada. O atleta, neste estágio, adquire a quali- dade de fluidez em seus movimentos. O vende- dor sentirá um novo mercado para o produto e, então, acrescentará dados ao que já sabe. Um consultor usará todos os sentidos para saber o que uma companhia precisa para crescer. A intui- ção faz com que algum fator que levará à solução, venha rapidamente à consciência. O especialista, então, acompanha esta intuição com os dados obtidos, construindo ligações e outras habilida- des que farão a mudança. O especialista pesquisa diferenças com exceções. Ele olha para os elementos significativos e, então, liga-os a padrões do passado que são similares e que o levarão a uma solução. O especialista não muda o comportamento se todas as coisas vão bem. “Se não está quebrado, não se deve arrumar”, é uma frase familiar. Ao invés disto, vai diretamente ao que precisa de mudança. Onde não há mudança a fazer, é preciso simplesmente transformar em elegância o que você já faz. Em muitas disciplinas, como nas artes, química, matemática, música e educação, leva-se de 7 a 10 anos para construir uma base experimental que permita passar da fase do especialista e ter a chance de tornar-se um Mestre. O estudante precisa de paciência e uma atitude de servir a uma grande causa. Esta atitude de serviço é chamada seva. O estudante neste estágio está frequentemente em um grupo rarefeito. O especialista aprende através de outros especia- listas e outros Mestres da tradição. O especialista também estuda todos os registros e histórias deixadas por Mestres do passado. Aprender neste estágio leva em conta quatro componentes primários: 1. Processamento profundo; 2. Complexidade das referências interiores; 3. Enriquecimento sensorial da intuição e padrão de percepção total; 4. Ensinamento a outras pessoas. Processamento profundo refere-se à forma como o todo é relacionado nas atividades, memória e sentimentos, dando uma identidade. Por exemplo, um motorista pode encontrar um caminho no nível do reconhecimento sensorial. É cinza, tem curvas características e é rodeado por árvores e pelo oceano. O motorista pode processar e reagir à estrada num nível profundo, encontrando similaridades com outros trechos de estradas e observando diferenças nesta mesma estrada em diferentes condições de tempo. O motorista pode processar a experiência da estra- da, no mesmo nível profundo, se recorda senti- mentos, sensações corporais, histórias de viagens e significados que esta estrada evoca. Este é o nível do motorista profissional de competição. Um estudante de yoga pode fazer uma postura, que é uma posição do corpo que tem uma certa forma e sensação peculiar. A posição pode ser executada com consciência de todas as mudanças internas produzidas, comparativamente a outras posições. Como também, pode comparar diferentes formasde realizar a mesma posição. O estudante avançado poderia, ainda, experi- mentar a postura sob o prisma de outros signifi- cados em relação a outras práticas de meditação e serviço. 169 O especialista também usa uma atitude em relação ao corpo, considerando-o um veículo sagrado. A complexidade refere-se ao número de estrutu- ras de referência interna que o estudante tem para observar a tarefa. O motorista pode enxer- gar a viagem como um cidadão seguidor das leis, como um pai, como uma pessoa cortês, como um explorador ou como um esporte. Sob cada ponto de vista a viagem é enfocada e medida de forma diferente. O especialista tem muitos pontos de vista bem estabelecidos. Esta comple- xidade de referências interiores o ajuda a encon- trar oportunidades, estudar conexões não usuais e encontrar recursos na pessoa e na situação. É uma excelente ajuda para resolver problemas. Com relação à personalidade, é uma proteção contra a depressão que vem do fracasso sob qual- quer ponto de vista. Você pode realizar a viagem por esporte, mas pode ser também como um pai ou como uma pessoa cortês. Um estudante de Kundalini Yoga precisa meditar e sentir a medita- ção sob o ponto de vista do estudante, do yogue, de uma pessoa consciente de sua saúde, como um membro de um movimento espiritual, como um cidadão responsável do planeta Terra e como um conselheiro que aplica as técnicas. Este estágio de conhecimento é similar a karam- pad , uma vez que aqui também, você aumenta sua abertura sensorial para os sinais. A diferença é que os sinais abrangem o projeto todo, a pessoa como um todo, o total tabuleiro de xadrez, o kriya inteiro de yoga, o negócio total e a equipe de trabalho. Você aprende a acessar o todo e não uma estatística sobre o negócio ou uma série de medidas, mas com todos os sentidos disponíveis, consciente e inconscientemente. Ao invés de prestar atenção a pequenos detalhes, o estudante aprende a sentir o quadro mais amplo e as diferenças entre os vários quadros da mesma situação, tarefa ou pessoa. Isto abre a intuição. O especialista aprende ensinando. Para ter mestria em algo é preciso ensinar. Este estágio requer que você se comunique e reparta o que tem estudado com os outros. Em negócios, signi- fica treinar uma pessoa mais jovem e com menos experiência. Esta é uma ação poderosa que ajuda o estudante a cultivar o não-apego à tarefa ou ao objetivo. Torna-se algo que você dá sempre, que você implanta nos outros. Isto desperta o pai, a mãe e o professor internos e ajuda o estudante a formular as habilidades e a informação. A qualidade da compaixão está sempre presente no verdadeiro especialista. O especialista sobre- põe-se às perdas e ganhos pessoais. O especialista joga o jogo sempre enfocado no objetivo. Está ausente o sentimento de medo e de estar na defensiva. Isto permite ao especialista estar aberto a todas as emoções e sensações. O especialista está mais para o objetivo e a tarefa do que para si mesmo. SAT PAD A ETAPA DO MESTRE O quinto e último estágio é o do Mestre. É raro e obtido por poucos. Nas disciplinas espirituais é chamado Sat Pad, o estágio da Verdade e Realida- de. A preocupação do Mestre é a realidade atual da tarefa ou situação. Não há distorções pela necessidade do ego do estudante. Não há separa- ção entre o Mestre e a ação que desempenha. O Mestre motorista une-se ao carro, à estrada e à viagem. A consciência não é limitada, está enfo- cada em várias coisas ao mesmo tempo. O Mestre Yogi com seu verdadeiro Eu e encontra-se imanente e presente em todas as partes da jorna- da da vida. O Mestre dos negócios une-se com a natureza única do negócio específico e encontra os princípios universais de organização e prospe- ridade em todas as partes do negócio. O negócio é conduzido como uma bem treinada e afinada orquestra. Tomemos uma simples habilidade como a de uma pessoa cega usando o seu bastão. Quando ela se torna um Mestre da técnica do bastão, ela sente e “vê” através dele. Ela pode adivinhar onde estão todas as coisas. A informa- ção que tem é sobre o ambiente e não sobre o bastão! Um controlador de tráfego aéreo não se perde em complicadas manipulações dos pontos em sua tela de radar, ele imagina os aviões em vôo, inclusive com relação a seu tamanho e tipo. 170 A posição do Mestre é uma posição sempre presente, focalizada no impacto e contexto da habilidade, tarefa ou jogo. Um piloto de avião novato sente que seu vôo é rodeado de complica- ções e perigos. O piloto Mestre sente somente que voa - a sensação que tem é a do vôo. Os problemas de turbulência e outras aeronaves são superados, como uma criança cheia de habilida- de que salta com um só pé sobre poças de água e pedras enquanto canta. O foco é a viagem. Se há um cálculo incorreto ou um incidente imprevisto, que existem mesmo no nível de mestria, o Mestre rapidamente lista todas as alternativas e formas para um novo movimento. Isto é realizado de uma forma instintiva e com fluidez. Há uma qualidade de neutralidade envolvida. O Mestre aprende a usar sua mente neutra. A capacidade intuitiva não é a percepção do todo, mas uma integração à situa- ção, tarefa, objeto ou pessoa. Falta uma palavra para exprimir esta capacidade especial. YogiBha- jan a chama de consciência intuitiva, inteligente, comparativa e compreensiva. Talvez pudéssemos chamá-la apenas o uso da vontade!! “Vontade” tem muitas conotações antigas que precisam ser abandonadas. Vontade, neste contexto, significa a ação intuitiva que emana da pessoa como um todo em resposta a uma situação global. Não é forçada. É espontânea, mas não impulsiva. É criativa, prazerosa e completamente real. Para agir a partir da Vontade é preciso usar a sua essência, a alma e não apenas uma parte da mente ou emoção. Quando você se comunica a partir da Vontade, exterioriza seu ser completo e verdadeiro. O propósito da comunicação é repre- sentar sua totalidade, independente do sujeito. Similarmente, quando você usa a Vontade para melhorar a ação, você está totalmente presente e isto é realizado sem esforço, uma vez que não há resistência interna, nem desvios da atenção. Exemplo disto está na famosa história zen, na qual o mestre explica que quando era um noviço carregava água e cortava lenha. Depois de muitos anos, recebeu a Iluminação. E agora, ele “carrega água” e “corta lenha”. O Yogi que é um Mestre sente sua ação direta- mente comandada pela Vontade de Deus ou do Dharma. Não há separação entre os deveres do Planeta e a decisão de sua própria vontade. Há um sentido de igualdade e transcendência no Infinito do Ser. Isto é expresso desde uma simples ação até através de uma palavra concisa. Uma outra característica do Mestre aprendiz é que o tempo que se toma para a escolha e a ação é muito pequeno. Imagine um jogador de basque- te que pode selecionar e computar uma jogada numa fração de segundos, ou o yogi que conhece o destino e o estado do estudante, num simples olhar, ou o Mestre dos negócios que tem acesso à situação da companhia, com aparentemente pouca informação. Um Mestre coloca pouca atenção à tarefa, mas a atenção que põe é muito concentrada e comple- ta. O resultado é que o piloto pode voar e cantar ao mesmo tempo. Um Mestre do xadrez pode fazer cálculos matemáticos e jogar uma partida de xadrez. Um Mestre yogi pode elevar a kunda- lini e entreter-se socialmente ao mesmo tempo. O noviço tem a impressão de que o Mestre não presta atenção ou está distraído. Na realidade, o noviço precisa colocar todos os recursos da aten- ção sobre a tarefa, enquanto o Mestre focaliza, decide e age, antes mesmo que o noviço tenha formulado o problema! O estilo cognitivo do Mestre é muito interessante. Na área da Mestria, o mestre-aprendiz está confortável com as diferenças e similaridades. Adicionalmente, ele trata com a identidade e a singularidade que vem da tarefa, pessoa ou situação, sem comparação ou especulação. A perspectivade tempo do Mestre é inexistente e ele está sempre no tempo certo. As ações realizadas também estão no tempo certo e são escolhidas sem referências ao passado pesso- al do Mestre. Ele aprovaria a escolha no presente, como também num futuro próximo e sabe, exatamente, o tempo para cada escolha. Não há dualidade ou dúvidas que vem de olhar a ação sob diferentes perspectivas de tempo. Um Mestre poderá ser muito concreto na aplicação de conceitos abstratos. O noviço terá somente ideias abstratas de experiências reais. A transforma- 171 ção do noviço em Mestre é acompanhada da capa- cidade para a metáfora, ao invés do símbolo; ação específica e concreta ao invés da norma abstrata; espontaneidade ao invés de impulsividade e intui- ção ao invés da racionalização. IMPLICAÇÕES DOS CINCO PASSOS DA SABEDORIA Há várias implicações e conseqüências que acom- panham cada um dos cinco estágios de aprendi- zagem. Os estágios são universais e aplicáveis para quase todas as situações de aprendizagem. Se estivermos conscientes dos estágios e como se relacionam uns com os outros, podemos evitar muitos erros quando aprendemos ou ensinamos um assunto. Usando os cinco estágios, podemos otimizar o desenho e a implementação do treina- mento para tarefas em esporte, negócios, yoga, ou em qualquer outra área de atividade. A apren- dizagem é um processo, contínuo, não para. Muitas pessoas enfrentam uma tarefa como se houvesse um só estágio de aprendizagem: o obje- tivo do aprender é memorizar alguns fatos. Isto é possível somente para tarefas muito elementares, onde tudo o que se precisa é que o noviço realize a tarefa. “Versar sobre o interruptor de luz” é fácil e usualmente não nos damos conta sobre a elegância desta exposição. Para tarefas mais complexas, as diferenças entre os estágios de aprendizagem são acentuadas. DIFERENTES PROFESSORES PARA DIFERENTES ESTÁGIOS Há cinco estágios sob a ótica do professor. A tarefa de um professor e o estilo da apresentação que otimiza o aprendizado é diferente para cada estágio. O mentor precisa treiná-lo em todos os estágios, mas as técnicas que ele utiliza podem mudar drasticamente, à medida que avança nos estágios. 1. NOVIÇO SARAM PAD : GUR Instrutor traduz as fórmulas básicas, descritivas, baseada nos sentidos. O instrutor é rígido e incute normas. As instruções são simples e claras e utilizam fatos óbvios e regras absolutas. A ênfase é como concluir o jogo e evitar desas- tres. 2. APRENDIZ KARAM PAD : GURU Instutor que conhece seus sentidos, dá-lhe tarefas e avisos. Muitas tarefas e ambientes e contextos são variados para repetir a tarefa mais vezes. O instrutor ensina com precisão e crité- rio. Ocorre o fortalecimento básico das habili- dades. 3. PRATICANTE SHAKTI PAD : SAT GURU Mestre que confrontará os estudantes e prescre- verá as regras e padrões. Aconselha e avisa. Trei- namento de sistemas conscientes, opções para casos da vida real, o feedback de pessoas em diferentes níveis de experiência é importante, modelos de aprendizagem e modelos táticos de conhecimento. 4. ESPECIALISTA SEHEJ PAD : SIRI GURU Um mentor que ensina através da demonstra- ção. São treinamentos de auto-fortalecimento, solução de problemas situacionais, apresentação de desafios que parecem paradoxais, sem uma hierarquia de valores, conscientização de valo- res, habilidade refinada com os mapas cogniti- vos do eu. 5. MESTRE SAT PAD : WAHE GURU Um modelo que está ocupado com suas tarefas e que usa sua intuição, criatividade e esponta- neidade para responder originalmente a cada estudante. Especialista. Tem o contato social com o modelo. É uma tarefa de grande respon- sabilidade com retroalimentação de grupos de alto nível. Modelos do Eu, mestria e Palavra, compromisso com a Mestria do EU. 172 QUATRO ERROS PRINCIPAIS DE UM ESTUDANTE NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO Muitos erros são cometidos e muitos atrasos são criados por ignorar o modelo de cinco estágios. Estes são os quatro erros mais comuns que um estudante comete quando não entende a nature- za dos cinco estágios: 1. O engano do primeiro nível O estudante age como se houvesse um só nível. Isto pode vir de uma necessidade de uma certeza ou simplesmente por ignorância. Para este estu- dante, o mapa é o território. Não há alternativas. O mundo existe sem graduações. O espectro torna-se uma simples cor. O estudante cessa o esforço de aprender mais e representa pobremen- te a tarefa com grande lacuna de profundidade e detalhe. Lembre-se de que sempre há mais para aprender. Se você encontra-se no alto e sente que não há mais nada a aprender, sacuda-se e acorde! 2. O engano do atalho O estudante acredita que pode saltar para um estágio mais avançado porque pode perceber aquele estágio. É como um adolescente que percebe um adulto à sua frente e se pergunta se pode pular a puberdade. Certas coisas não podem ser apresentadas sem atravessar os desa- fios de cada estágio. Os estudantes que se acomo- dam neste engano, simplesmente imitam o nível real do conhecedor, mas não poderão mantê-lo diante da pressão real da vida. A melhor regra é colocar a atenção no nível em que se está. Deixe que o próximo estágio venha e emerja do centro do que você está fazendo. 3. O engano do campo de ação cruzado Este é o erro mais freqüente. Um estudante ganha experiência e mestria em uma área e acha que esta experiência serve a outras áreas. É importante manter a mente de um principiante aberta e pronta para as instruções em áreas não desenvolvidas. Se você não fizer desta maneira, mantendo as experiências desastradas de um noviço, manter-se-á alijado por um escudo de pretensão e falso orgulho. 4. O engano da perfeição Este erro acontece quando você declara e assume que está completo. Deixe que os outros façam isto. Muitos estudantes decidem que não mais precisam de um professor. Eles são os mestres perfeitos. O ego acredita que você é poderoso e grande. Então, você se bloqueia. A lição dos estágios é cultivar um professor ou mentor em cada um deles. Continuar com um professor para ser desafiado e aprender. FERRAMENTAS DE AUTO-CAPACITAÇÃO O COMPROMISSO DA MESTRIA Ao longo do caminho da mestria você pode se voltar para dentro de algum ponto. Isto não é normal nem plenamente aceito na cultura Ocidental. É uma cultura voltada para o exterior. Voltar ao interior pressupõe medo. Sentimos que não existem referências claras. Somos desajeita- dos e sentimos que pode não valer a pena e simplesmente atuamos como um escape das “ações reais de fora”. Porém, o Ocidente está pouco a pouco se voltando para o interior, assim como o Oriente está se voltando para o exterior. Existem muitos problemas, como o uso de drogas, que nunca encontrarão uma solução externa. É necessária a capacitação do ser interior para reconhecer novos comportamentos. É necessária uma mestria gradual sobre os sinais interiores que nos ajudam a familiarizar com nossos próprios mecanismos de pensamento, motivação e imaginação. As duas grandes escolas de meditação e psicologia cognitiva são conver- gentes. Concordam que o estudo do mecanismo interno é poderoso e prático. Elas também concordam que as práticas de concentração e mentalização são benéficas. Em muitas escolas 173 clássicas de automestria, a meditação é parte desta tecnologia. Muitas companhias têm experimentado a medi- tação para reduzir o stress. É utilizada nos Esta- dos Unidos nos maiores hospitais para este propósito. Mas, o mais importante uso da medi- tação é acelerar a aprendizagem e aumentar a flexibilidade cognitiva e utilização do cérebro. Neste tempo de mudanças caóticas, a meditação é uma técnica antiga para reinvestir em nós mesmos. Ela fortalece todas as principais variá- veis que ajudam a afiar a competitiva aresta da Mestria. Ela poderia ser uma ferramenta prática para este treinamento específico. O treinamento precisa ser uma coleção de técnicas específicas para fortalecer asdiferentes funções de um consulente como havia citado antes. As técnicas de Kundalini Yoga são especialmente bem ajustadas para o meio ambiente de trabalho, uma vez que estas técnicas são usadas por pessoas não religiosas. São meditações para pessoas ativas e desafiadoras no mundo e no local de trabalho. 174