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WBA1043_v1.0 Terapia Cognitivo- Comportamental e os transtornos psiquiátricos II A Terapia Cognitivo- Comportamental e as Disfunções Sexuais Terapia Cognitivo-Comportamental e modelo cognitivo de Aaron Beck Bloco 1 Juliana Zantut Nutti Aaron T. Beck e a Terapia Cognitivo- Comportamental (TCC) Aaron T. Beck desenvolveu, a partir de 1960, uma abordagem psicoterápica para o tratamento da depressão conhecida como terapia cognitiva ou terapia cognitiva de Beck (MORRIS; MAISTO, 2004). Para Beck, a característica básica da depressão seriam as cognições negativas e distorcidas (especialmente, ideias e crenças) dos pacientes. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) de Beck acredita que a mudança de comportamentos se dá por meio da exclusão dos pensamentos disfuncionais e da substituição dos mesmos por pensamentos adequados à realidade e sentimentos associados a esses pensamentos. Aaron T. Beck e a Terapia Cognitivo- Comportamental (TCC) Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/04/Liber_Brunensis_19 42%2C_Aaron_T._Beck.jpg/800px-Liber_Brunensis_1942%2C_Aaron_T._Beck.jpg. Acesso em: 22 jun. 2022. Imagem 1 – Aaron Temkin Beck Modelo cognitivo (BECK, 2007) Modelo cognitivo: as emoções e comportamentos das pessoas são influenciados pela percepção que elas têm dos eventos. Não são as situações que determinam o que as pessoas sentem e fazem. É o modo como as pessoas interpretam as situações, que determina os afetos e comportamentos. Níveis do modelo cognitivo Pensamentos automáticos: ideias errôneas e imediatas que vêm à mente quando nos deparamos com situações novas e aparentemente difíceis. Crenças intermediárias: regras, atitudes, pressupostos, afirmações do tipo se... então. São coerentes entre si e fundamentam as crenças centrais. Crenças centrais ou nucleares: se desenvolvem na infância por meio das interações sociais e da vivência de situações que as fortalecem. (BECK, 2007) Modelo cognitivo das disfunções sexuais Nobre (2003), em um estudo realizado com 49 homens e 47 mulheres, com disfunção sexual, afirma que: • O modelo cognitivo das disfunções sexuais se constrói com aspectos cognitivas e emocionais. • Homens e mulheres com disfunção sexual tendem a perceberem as situações de fracasso como um sinal de incompetência pessoal. • Homens apresentam a crença de que devem estar aptos a desempenharem as funções sexuais. • Mulheres apresentam crenças sexuais conservadoras e mais relacionadas com a imagem corporal e de beleza física no funcionamento sexual. A Terapia Cognitivo- Comportamental e as Disfunções Sexuais Conceito e tipos de disfunções sexuais Bloco 2 Juliana Zantut Nutti Características das disfunções sexuais Disfunção sexual: é a dificuldade apresentada em qualquer fase da atividade sexual; inclui as perturbações do desejo, excitação e orgasmo. Podem se apresentar de forma isolada, mas, em vários casos, aparece mais de uma, de forma concomitante ou sequencial. As disfunções prejudicam a vida sexual de indivíduos e casais, e podem afetar a qualidade de vida, relacionamentos sexuais e a saúde emocional. Prevalência: 40% a 45% em mulheres e de 20% a 30% em homens. (APA, 2022) Características das disfunções sexuais Tendência da incidência das disfunções sexuais aumentar de acordo com a idade. Essa tendência manifesta-se mais entre os homens. As disfunções sexuais podem ser classificadas em quatro grupos, comuns a homens e mulheres. (APA, 2022) Tipos de disfunções sexuais 1. Desejo sexual: se manifesta pela diminuição da libido, redução ou ausência do interesse pelo sexo. 2. Excitação sexual: nas mulheres, se manifesta por meio da incapacidade de ficar excitada no decorrer do ato sexual, e nos homens, se manifesta na disfunção erétil. 3. Perturbações do orgasmo: dificuldade ou ausência de clímax sexual em mulheres e homens. Homens: ejaculação lenta, inibida ou totalmente ausente. 4. Dor: grupo mais heterogêneo. Mulheres: dispareunia e vaginismo. Homens: dispareunia e ejaculação precoce. (APA, 2022) Prevalência das disfunções sexuais (APA, 2022) Prevalência média de 34% de disfunções relacionadas ao desejo e excitação sexual e de 2% nas perturbações relativas ao orgasmo. A dispareunia e o vaginismo apresentaram 16% de prevalência em mulheres. A diminuição do desejo sexual é maior entre os homens com mais de 60 anos de idade. A disfunção erétil apresenta prevalência de 18,5%. A ejaculação precoce é encontrada entre todas as idades, com 19,5% de média geral. A taxa geral de dispareunia entre os homens foi de 16,5%. A Terapia Cognitivo- Comportamental e as Disfunções Sexuais A Terapia Cognitivo-Comportamental para o tratamento de disfunção erétil e disfunções sexuais na menopausa Bloco 3 Juliana Zantut Nutti TCC e tratamento da disfunção erétil A TCC voltada para o tratamento da disfunção erétil: • Visa à redução da ansiedade no paciente. • Utiliza a técnica de psicoeducação: uma das técnicas mais utilizadas na TCC. Orienta o paciente sobre as consequências de um comportamento, a construção de crenças, valores e sentimentos, e como esses influenciam sua vida e a dos outros. • Orienta-se sobre a sexualidade e as expectativas que a pessoa apresenta em relação a si e ao parceiro ou parceira. • Esclarece-se sobre os estímulos sexuais, além da penetração, como o sexo oral e outras práticas. TCC para tratamento da disfunção erétil A TCC para o tratamento da disfunção erétil, tomando como base conceptual e interventiva os trabalhos dos psicólogos Masters e Johnson (1960 – 1970). A abordagem de Masters e Johnson relaciona as disfunções sexuais a problemas psicológicos, que interferem no ciclo sexual adequado: desejo/ excitação/ platô/ orgasmo/ resolução. As técnicas desenvolvidas por Masters e Johnson são as mais utilizadas na prática clínica e as que mais se aproximam de um protocolo de intervenção para a generalidade das disfunções sexuais (ALMEIDA, 2018). TCC para disfunção sexual na menopausa A sexualidade, na idade madura, envolve transformações trazidas pelas alterações hormonais e psicológicas; transtornos de interesse sexual, excitação, orgasmo, a dor e disfunções relacionadas ao uso de substâncias ou medicamentos. Diminui o interesse por sexo; traz dificuldades para a excitação subjetiva e/ou genital; sentimentos de inferioridade, angústia, depressão, insegurança, baixa autoconfiança e crenças disfuncionais sobre a capacidade de provocar desejo no parceiro. A TCC envolve o trabalho com os afetos, pensamentos, comportamentos e informações sobre o corpo. Desenvolvimento da atração, estimulação adequada e função sexual, com compreensão sobre a relação íntima da mulher com seu corpo e parceiro (ALMEIDA et al., 2018). Terapia Cognitivo-Comportamental de casal A TCC de casal: ajuda a resolver as crenças de dominância, intimidade, confiança e as questões relativas à perda da atração sexual entre os parceiros. Muitos problemas no casamento estão relacionados às cognições disfuncionais de ambos os parceiros: papel negativo dos pensamentos, crenças, expectativas, atribuições, entre outros, na qualidade dos relacionamentos maritais. Leitura mental: distorção de pensamento em que uma pessoa acredita ser capaz de ler os pensamentos da outra. Frequente no caso de casais com conflitos conjugais (DATTILIO, 2011). Teoria em Prática Bloco 4 Juliana Zantut Nutti Reflita sobre a seguinte situação Imagine que você é um(a) terapeuta cognitivo- comportamental e que é procurado(a) por um casal que apresenta problemas de relacionamento conjugal, devido ao fato do parceiro apresentar disfunção erétil. Explique as técnicas mais utilizadas para o tratamento da disfunção erétil na abordagem cognitivo-comportamental de casais. Norte para a resolução • A TCC de casal para o tratamento de disfunções sexuais apresentaa seguinte estrutura: • Priorizar a avaliação e a terapia como casal. • Apresentar o modelo cognitivo e as relações com as disfunções sexuais. • Ressignificar a crença de que o problema é exclusivo do parceiro que possui a disfunção (no caso, o parceiro do sexo masculino). • As técnicas mais usadas são a Psicoeducação e o esclarecimento sobre como a leitura mental ocorre entre o casal. Dicas do(a) Professor(a) Bloco 5 Juliana Zantut Nutti Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Leitura Fundamental Indicação de leitura 1 A obra apresenta os princípios da Terapia Cognitivo-Comportamental aplicada a casais. O capítulo 4 destina-se às discussões sobre a sexualidade e o tratamento de disfunções sexuais masculinas e femininas. Referência: SILVA, C. M. A. Terapia Cognitivo-Comportamental para casais. Curitiba: Contentus, 2000. Indicação de leitura 2 A obra apresenta uma descrição das principais técnicas utilizadas na Terapia Cognitivo- Comportamental, a discussão sobre o modelo cognitivo-comportamental e a estruturação das sessões em TCC. Referência: SILVA, M. L. C. Técnicas da terapia cognitivo-comportamental. Curitiba: Contentus, 2000. Dica do(a) Professor(a) Assista ao vídeo, no canal Doutor Ajuda, intitulado Quais são os sintomas e principais tipos de problemas sexuais? Nesse vídeo, a psiquiatra Karina Calderoni fala sobre a ejaculação precoce ou tardia, a disfunção erétil, a baixa libido, a dor na relação sexual e o vaginismo. ALMEIDA, M. J. S. A. et al. Terapia cognitivo-comportamental em grupo para a disfunção sexual na pós-menopausa. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 68(4): 231-8, 2018. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais –DSM-IV-TR). Porto Alegre: Artmed; 2022. BECK, J. S. Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2007. BECK, J. S. Terapia Cognitivo-comportamental. Porto Alegre: Artmed, 2013 . DATTILIO, F. M. Manual de terapia cognitivo-comportamental para casais e famílias. Porto Alegre: Artmed, 2011. NOBRE. P. J. S. C. Disfunções sexuais: contributos para a construção de um modelo comprensivo baseado na teoria cognitiva. Tese de doutoramento em Psicologia. Portugal: Universidade de Coimbra, 2003. Referências OLIVEIRA, M. C. Percepções dos/as psicoterapeutas sobre a influência dos estereótipos de gênero e das relações íntimas, heterossexuais e não- heterossexuais, nas vivências da Disfunção Erétil. Tese de Doutorado.. Portugal: Universidade do Minho, 2012. RANGÉ, B. P. Psicoterapias Cognitivo-comportamentais: um diálogo com a Psiquiatria. Porto Alegre: Artes Médicas, 2011. SCRIBEL, M. C. Terapia Cognitivo-comportamental com casais: Integrando Abordagens. In: CARDOSO, B. L. A.; PAIM, K. Terapias Cognitivo-comportamentais para casais e famílias: bases teóricas, pesquisas e intervenções. Curitiba: Sinopsys, 2020. SILVA, C. M. A. Terapia Cognitivo-Comportamental para casais. Curitiba: Contentus, 2000. SILVA, M. L. C. Técnicas da terapia cognitivo-comportamental. Curitiba: Contentus, 2000. Referências ZUGMAN, S. Disfunção sexual: o que é, classificação e quem atinge. 2022. Disponível em https://iptc.net.br/disfuncao- sexual/#:~:text=%C3%89%20chamado%20de%20disfun%C3%A7%C3%A3o% 20sexual,do%20desejo%2C%20excita%C3%A7%C3%A3o%20e%20orgasmo. Acesso em: 22 jun. 2022. Referências Bons estudos!
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