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O Papel dos Psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental nas Disfunções Sexuais

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O Papel do/a Psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental nas Disfunções 
Sexuais 
Dayane de Jesus Oliveira 
Carlos André Nogueira Oliveira 
Faculdade São Francisco de Barreiras 
 
Ao longo dos tempos, a sexualidade humana tem constatado sua influência 
como parte integrante da identidade do indivíduo, em seus aspectos físicos e 
psicológicos, seja através da repressão e negação ou da exposição e exploração. 
Assim, o desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo aflora os aspectos da sua 
sexualidade, pois, ela é uma parte integrante da vida (Bonzon, 2004). 
A sexualidade é singular a cada pessoa, pois seus aspectos são individuais, 
psíquicos, sociais e culturais. Estes aspectos trazem consigo uma historicidade, 
práticas, simbolizações e atitudes. Esta área compreende que se há uma 
dificuldade sexual ela pode interferir diretamente no bem-estar biopsicossocial do 
indivíduo, fazendo muitas vezes necessária a procura da psicoterapia para lidar 
com tais incômodos (Moizés & Bueno, 2010). 
Atualmente, entende-se por disfunções sexuais um grupo heterogêneo de 
transtornos que, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais - DSM-V, caracterizam-se por uma ou mais perturbações que interferem 
diretamente na capacidade do indivíduo de experimentar e/ou responder 
sexualmente a estímulos de prazer sexual (American Psychiatric Association 
[APA], 2014). 
É por meio deste diagnóstico que o/a psicoterapeuta Cognitivo-
Comportamental norteia-se para traçar o plano de tratamento da Terapia Cognitivo-
Comportamental (TCC) diante das disfunções sexuais. A TCC é uma psicoterapia 
breve, estruturada e orientada para resolver problemas atuais com estratégias 
2 
 
cognitivas e comportamentais através do empirismo colaborativo. Este por sua vez, 
é o processo que paciente e terapeuta compartilham de seus conhecimentos, para 
que as tomadas de decisões sejam de acordo entre eles/as, na finalidade de 
resolverem juntos/as os problemas e atingirem as metas traçadas (Beck, 2013). 
 O presente artigo tem como objetivo, investigar qual a importância da práxis 
em psicoterapia Cognitivo-Comportamental e de seus recursos teóricos e práticos 
para o tratamento das disfunções sexuais. Neste sentido, Carey (2011) ressalta 
que tal investigação se faz necessária para conhecer e respaldar-se da 
prevalência, etiologia, desencadeamento e manutenção das dificuldades sexuais, 
com a finalidade de promover uma avaliação diagnóstica e tratamento mais 
fidedigno por meio dos fatores psicossociais ou do estilo de vida do/a 
paciente/casal. 
No que diz respeito à estrutura deste artigo, inicialmente será realizada uma 
breve construção sobre a sexualidade e os padrões de comportamentos sexuais 
humanos sob uma perspectiva biopsicossocial, descreve sobre as dificuldades 
sexuais, relata as classificações das disfunções sexuais e explana a teoria da 
psicoterapia. Logo após, serão elaborados os métodos de avaliação e tratamento 
diante das dificuldades sexuais, discutindo-se sobre a integração entre a 
psicoterapia sexual e a psicofarmacologia, e por fim, as considerações finais. 
 
Metodologia 
 
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, visando a apresentação de material 
teórico no intuito de descrever e explicar, baseado na cientificidade e fidedignidade 
dos dados coletados, reunindo e sistematizando o conhecimento já existente. 
3 
 
Este tipo de pesquisa concentra-se no universo de significados ao invés da 
representatividade numérica, neste sentido, busca-se explicar o porquê das coisas 
através de dados não métricos que são suscitados e de interação do campo a ser 
estudado (Silveira & Córdova, 2009). Contudo, o objetivo será exploratório e o 
procedimento de coleta escolhido foi o bibliográfico, ou seja, foram pesquisados 
materiais que já contém informações elaboradas e publicadas. 
Neste sentido, para esse empreendimento investigativo, foram empregados 
como fonte de pesquisa livros, periódicos e artigos científicos sobre tal assunto, do 
qual foram utilizados os bancos de dados eletrônicos dos sites Scientific Electronic 
Library Online (Scielo), Periódicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic), Lilacs, 
Biblioteca Virtual em Saúde Psicologia-Brasil (BVS-PSI), Google Livros e Manuais 
de Tratamento em TCC. 
Este artigo, terá como protótipo o raciocínio dedutivo, que segundo Gerhardt 
e Souza (2009), tem como critério retirar conclusões das proposições já publicadas 
sobre a psicoterapia cognitivo-comportamental no âmbito das dificuldades sexuais, 
sendo que seus princípios são de caráter cientifico. Torna-se assim, o resultado 
final deste trabalho, um extrato puramente formal em virtude de sua lógica. 
 
A Construção da Sexualidade e dos Padrões de Comportamentos Sexuais 
Humanos sob uma Perspectiva Biopsicossocial 
 
A palavra sexualidade surge no âmbito técnico da medicina e da biologia por 
volta de 1800. Contudo, o seu conceito popularizou apenas no século XIX, quando 
passou a ser compreendida não apenas ao ato sexual e seus impulsos, mas 
4 
 
também se fundamenta nos aspectos biopsicossociais, tais como a emoção, 
afetividade, comunicação, fantasias e estímulos sensoriais (Foucault, 2006). 
A sexualidade humana é composta por particularidades, a qual para analisá-
lo necessita compreendê-lo como um todo, pois é intercomunicante do indivíduo 
consigo mesmo e com as demais pessoas. Embora não seja única, a sexualidade 
é um instrumento relacional, pois é através do papel sexual que cada um/a 
desenvolve e estabelece formas peculiares para vivenciar relações pessoais e 
interpessoais (Gherpelli, 1996). 
Tozo (2011, p. 2), aponta que a sexualidade é: 
 
A manifestação de um estado interior que impulsiona o indivíduo para a vida. É a 
forma de sentir o corpo, de comunicar-se, de manifestar afeto e expressar 
sentimentos, desejos e prazeres corporais e emocionais. É a energia que motiva o 
indivíduo a buscar o contato, a intimidade, a ternura, o amor, evidenciando-se nos 
movimentos das pessoas, ou seja, como elas tocam e são tocadas. É uma 
qualidade individual e também relacional. Está no toque, no olhar, no aroma, no 
timbre da voz, no abraço, no beijo, em qualquer carícia, como também nas relações 
sexuais, tais como o coito em suas centenas de posições, autoerotização, fantasias 
sexuais. 
 
A sexualidade é composta por três elementos fundamentais: potencial 
biológico, o processo de socialização e capacidade psicoemocional. O processo 
dinâmico que envolve tais pilares é compreendido como um conflito entre eles. 
Assim, de um lado está a necessidade básica sexual, da qual as estruturas 
fisiológicas de resolução nem sempre coincidem com os padrões culturais. E por 
outro lado, o processo de adequação das regras sociais de convivência (Gherpelli, 
1996). 
Caballo (2003) ressalta que a habilidade de comportamentos do indivíduo é 
relacionada de acordo com a sua interação interpessoal no contexto social. Assim, 
pode-se observar que existem normas sociais que geram expectativas de 
5 
 
comportamentos sociais em determinadas situações, e no que se refere ao 
comportamento sexual a questões de gênero são as mais influentes. 
De acordo com o sexo do indivíduo espera-se comportamentos normativos 
e taxados pela sociedade, assim como para subculturas distintas. Caballo (2003), 
acrescenta que as mulheres tendem a sofrer pressões do tipo que: o casamento é 
sinônimo de felicidade, caso a mulher seja solteira há uma lacuna em sua vida, 
além de que, espera-se que estas sejam mais passivas quanto a expor 
manifestações de interesse por sexo. 
Enquanto homens, tendem a ter a representação social de que ser solteiro 
é ser feliz e realizado sexualmente. Além do mais, é incutido ao homem a 
necessidade de tomar iniciativa e de que a sua masculinidade é posta em causa 
considerando o tamanho, grossura e dureza do seu pénis, assim como o seu 
funcionamento constante (Caballo, 2003).Nesta perspectiva, a capacidade adaptativa e o funcionamento intelectual 
do indivíduo têm a função de estabilizar tal conflito (dos três elementos 
fundamentais da sexualidade), no intuito de adaptá-lo ao comportamento 
socialmente aceitável e aos valores embutidos neles. Por muitas vezes essa busca 
pelos ideais sociais de relação sexual perfeita levam as pessoas a se sentirem 
insatisfeitas na prática real (Gherpelli, 1996; Caballo, 2003). 
Por se tratar de um processo dinâmico, as atitudes e os comportamentos 
pertinentes à sexualidade humana estão em constante alteração. Portanto, para 
avaliar a “normalidade” de padrões comportamentais sexuais é fundamental levar 
em consideração a moral, os costumes e principalmente o contexto em que o 
indivíduo está inserido. Assim, constata-se que, quando se trata de sexualidade 
6 
 
torna-se mais difícil e delicado caracterizar comportamentos que representam 
transtornos psicológicos (Whitbourne & Halgin, 2015). 
A terapia sexual é recente, sua fundamentação teórica se espelha no modelo 
de comportamento sexual formulado no final dos anos de 1940 por Kinsey e 
colaboradores. Em 1966, Masters e Johnson também contribuíram 
significativamente com seus estudos sobre resposta sexual humana de um ponto 
de vista fisiológico, e só em 1979, Kaplan introduziu a esta teoria, componentes 
afetivos e cognitivos (Tess & Savoia, 2007). 
Kinsey e seus colaboradores iniciaram estudos revolucionários, que 
resultaram na publicação dos livros: Comportamento Sexual do homem (1948) e 
Comportamento Sexual da Mulher (1953), estes por sua vez descreviam o 
repertório de comportamentos sexuais de americanos/as no pós-guerra. Embora o 
trabalho de Kinsey tenha sido importante, sua metodologia foi muito questionada, 
e não alcançava os aspectos de resposta fisiológica e biológica, deixando assim 
tais questões em aberto (Sena, 2010a; Sena, 2010b). 
Masters e Johnson na década de 60 contribuíram com estudos sobre 
resposta sexual humana através de um método observacional, focando-se em um 
ponto de vista fisiológico. Deste modo, o casal colheu os dados a partir de 
interrogatórios que levantavam dados médicos, sociais e psicossociais, 
observações diretas com uso de filmagens em cores, recursos como vagina 
artificial e pênis de plástico transparente, dispositivo fotográfico miniaturizado, 
estudos laboratoriais dos aspectos físicos e fisiológicos sobre as relações sexuais 
(Sena, 2010a; Sena, 2010b). 
Segundo Carey (2011), a descoberta mais significativa de Masters e 
Johnson, foi a caracterização da resposta sexual masculina e feminina, ele foi 
7 
 
subdivido em um ciclo com quatro etapas sucessivas: Fase de excitação; Fase 
platô; Fase do orgasmo; e Fase final ou de resolução. Desta forma, a resposta 
sexual humana ocorre de maneira satisfatória quando ocorrências hormonais e 
fisiológicas vulneráveis às implicações de excitações emotivas sejam elas crônicas 
ou intensas, sobrevenham de maneira suficientes. 
Neste seguimento, o ciclo de resposta sexual masculino e feminino de 
Masters e Johnson (1970), descreve cada uma dessas fases: 1. Excitação: esta 
fase consiste na estimulação psicológica e/ou fisiológica acerca do desejo e da 
atividade sexual e tem a duração de minutos ou horas, caracteriza-se nos homens 
principalmente pela ereção peniana e nas mulheres pela lubrificação vaginal 
(Marques, Chedid & Eizerik, 2008). 
2. Platô: consiste em uma excitação contínua, com alterações fisiologias 
concomitantes, nos homens ocorre a tumescência da ereção peniana, enquanto 
nas mulheres além da vasocongestão pélvica, acontece a lubrificação e expansão 
da genitália. Pode levar de 30 segundos a vários minutos. 3. Orgasmo: é 
caracterizada pela fase onde o clímax do prazer sexual nas mulheres ocorrem 
contrações da parede vaginal, e nos homens é representada pela ejaculação 
peniana, sendo que em ambos os sexos o esfíncter anal ritmicamente se contrai. 
A sensação para ambos os sexos é de prazer intenso. 4. Resolução: consiste em 
um estado de bem-estar subjetivo onde predomina o relaxamento muscular, os 
homens fisiologicamente são refratários à outra ereção por um tempo variável, já 
as mulheres podem continuar sendo estimuladas imediatamente (Marques, Chedid 
& Eizerik, 2008). 
Tess e Savoia (2007) referem que outra fase foi adicionada por Kaplan 
(1974), a do desejo. Esta corresponde à vontade de instituir uma relação sexual 
8 
 
desencadeada por estímulos sensoriais (audição, visão, olfato etc.), pela memória, 
por experiências eróticas, ou de fantasias do indivíduo. Isto é, está ligada aos 
aspectos afetivos e cognitivos que impulsionam à atividade sexual. Deste modo, “o 
novo esquema considerava o ciclo de resposta sexual, então, composto pelas 
fases de desejo, excitação, orgasmo e resolução” (Marques, Chedid & Eizerik, 
2008, p. 177). 
A partir de então, este modelo é usado para descrever os padrões sexuais 
humanos sob uma perspectiva biopsicossocial que impulsiona os indivíduos a 
engajar-se em uma atividade sexual. Inclusive, a classificação das disfunções 
sexuais, segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) ou DSM-V, 
são categorizadas de acordo com esse ciclo de resposta comportamental sexual 
(Tess & Savoia, 2007). 
 
Classificações das Disfunções Sexuais 
 
Dificuldades e Disfunções Sexuais 
 
A sexualidade humana envolve diversos aspectos, como: a experiência 
pessoal, fatores sócio-históricos, culturais, religiosos, legais, econômicos e éticos. 
Tais fatores, são potenciais para gerar o bem-estar, crescimento e auto realização, 
ao mesmo tempo em que podem gerar conflitos e sofrimentos (Oliveira, 2013). 
Algumas pessoas podem apresentar alterações ou perturbações no seu 
ciclo de resposta sexual, surgindo às dificuldades sexuais. No entanto, se essas 
dificuldades persistem e se mantêm durante um tempo, isso pode gerar um nível 
9 
 
de ansiedade e frustação, que afeta o indivíduo levando-o a uma vida sexual 
insatisfatória (Oliveira, 2013). 
As queixas relatadas por pacientes, como por exemplo, ausência de carinho 
depois da relação, medo de intimidade, incapacidade de relaxar, dificuldade de 
comunicação entre parceiros/as e poucos preâmbulos, contribuem para um grupo 
heterogêneo de dificuldades sexuais. Isto é, “as dificuldades sexuais são fatores 
que não implicam necessariamente falha de desempenho, mas refletem uma 
insatisfação sexual e podem eventualmente levar a algum tipo de disfunção” (Tess 
& Savoia, 2007, p. 340). 
O termo dificuldades sexuais, engloba muito além de uma disfunção sexual, 
pois um mesmo indivíduo pode ter várias disfunções sexuais ao mesmo tempo, 
limitando assim, sua capacidade de prazer sexual e/ou responder a estímulos 
sexuais, de forma que impeça a experiência de excitação e/ou orgasmo (APA, 
2014). 
O conceito de disfunção sexual é apontado por Wincze, Bach e Barlow 
(1999), como uma perturbação nas fases do desejo, excitação, orgasmo e/ou 
resolução, ou quando apresenta dores durante a relação sexual. Em complemento 
a APA (2014), entende por disfunção sexual o julgamento clínico de respostas 
comportamentais sexuais resultadas de estimulações sexuais inadequadas. 
Contudo, as disfunções sexuais são comportamentos, pensamentos e 
sentimentos desadaptativos que podem estar associados a fatores fisiológicos e 
psicossociais, de modo que resultam em perturbações em qualquer uma das quatro 
etapas do ciclo de resposta sexual (Marques, Chedid & Eizerik, 2008). 
Becker e Stinson (2012) apontam que as disfunções sexuais são 
classificadas por subtipos, sendo eles: Ao longo da vida (presente desde o início 
10 
 
do funcionamento sexual do indivíduo); Adquiridas (surgem em um período após 
uma fase de funcionamento sexual sem queixas); Generalizadas (apresentadas em 
todas as atividades sexuais, independentemente da estimulação, situações ou de 
parceiros); Situacionais (ocorremapenas em certas circunstâncias situacionais). É 
através dos subtipos que é possível identificar o início de uma disfunção sexual, 
assim como sua etiopatogenia e manutenção. 
As disfunções sexuais incluem ejaculação retardada, transtorno erétil, 
transtorno do orgasmo feminino, transtorno do interesse/excitação sexual feminino, 
transtorno da dor gênito-pélvica/penetração, transtorno do desejo sexual masculino 
hipoativo, ejaculação prematura (precoce), disfunção sexual induzida por 
substância/medicamento, outras disfunções sexuais especificadas e não 
especificadas (APA, 2014). 
O diagnóstico das disfunções sexuais é realizado segundo os critérios do 
DSM-V (critérios de diagnóstico das disfunções sexuais em Anexo A; Anexo B; 
Anexo C; Anexo D; Anexo E; Anexo F; Anexo G; e Anexo H.), juntamente com a 
história médica e sexual do/a paciente ou casal (exames físicos, laboratoriais, 
reações adversas de medicamentos), investigação da história de vida (a fim de 
avaliar se há uma disfunção sexual ou apenas estímulos insuficientes ou 
inadequados), devendo levar em consideração os fatores sociais, biológicos e 
psicológicos (APA, 2014). 
Neste sentido, é preciso que haja uma persistência dos sinais e sintomas 
(apresentados há pelo menos seis meses), e que estes causem problemas e 
aflições significativas para o indivíduo ou o casal. Cabe ressaltar que, conceitos 
como os de adequação e inadequação sexual sejam considerados, visto que, 
adequado é aquele indivíduo ou casal que funcional ou disfuncional atingem uma 
11 
 
satisfação em sua relação sexual, enquanto inadequado é aquele que está 
insatisfeito com sua interação na relação sexual (Marques, Chedid & Eizerik, 2008). 
 
Epidemiologia 
 
Existem poucos dados epidemiológicos quanto às disfunções sexuais, isso 
porque é difícil definir a prevalência exata devido às limitações metodológicas, tais 
como, diagnóstico errôneo, amostra inadequada e problemas de mensuração 
(Tess & Savoia, 2007). 
 Contudo, Marques, Chedid e Eizerik (2008) apontam que as dificuldades 
sexuais têm alta prevalência, uma vez que afetam 43% das mulheres e 31% dos 
homens. Fatores demográficos como gênero e idade são preditivos. Enquanto, em 
homens mais velhos é mais comum a redução do desejo sexual e dificuldades de 
ter/manter ereções (Tess & Savoia, 2007). 
Quanto aos fatores que impulsionam as disfunções sexuais, as mudanças 
fisiológicas e os fatores físicos relacionados ao envelhecimento, justificam com 
maior frequência as dificuldades sexuais em homens. Enquanto nas mulheres são 
os fatores emocionais que predominam incidência, já para os fatores psicossociais 
não há uma discrepância entre ambos os sexos, pois as características de uma 
melhor qualidade de vida diminuem as chances de queixas nas repostas sexuais 
(Tess & Savoia, 2007). 
 
Etiopatogenia 
 
12 
 
A etiopatogenia das disfunções sexuais é multifatorial. Isto é, o estudo das 
causas e/ou dos mecanismos patogênicos que desenvolvem as disfunções sexuais 
está ligado diretamente às perspectivas biológicas, psicológicas e sociais. 
Classificados como vulnerabilidade individual, relacionamento, parceiro/a, doença, 
cultura e religião (Marques, Chedid & Eizerik, 2008). 
Já a patogenia das disfunções sexuais, por sua vez refere-se aos 
acontecimentos que se desencadeiam a partir dos fatores etiológicos, estão 
direcionados aos fatores de riscos psicossociais. Dentre eles: os transtornos 
psicológicos, pensamentos disfuncionais, sentimento de culpa e/ou ansiedade, 
fatores culturais, déficit na educação sexual, déficit nas habilidades sociais, 
ausência de atração física e repertorio sexual restrito (Marques, Chedid & Eizerik, 
2008). 
Carey (2011) aponta que embora as pesquisas sobre a etiopatogenia das 
dificuldades sexuais ainda precisam de maiores investigações, suas influências e 
contribuições são indispensáveis para a formulação teórica/prática das disfunções 
sexuais. Assim, ao se tratar de dificuldades sexuais é imprescindível compreender 
o papel da fisiologia humana, do enfoque biopsicossocial e dos fatores de risco, 
pois interferem diretamente na predisposição, no desencadeamento e manutenção 
das disfunções sexuais. 
Embora seja vivenciada em uma conjuntura entre intrapessoal, interpessoal 
e cultural, a resposta sexual humana tem como primórdio a base biológica, por isso 
identificar seus fatores se faz bastante relevante (APA, 2014). É importante 
ressaltar que a orientação sexual não é um fator determinante para as dificuldades 
sexuais, ou seja, tanto indivíduos heterossexuais, homossexuais e bissexuais 
13 
 
podem apresentar uma dificuldade ou disfunção sexual em qualquer período da 
vida (Becker & Stinson, 2012). 
Quando identificada uma disfunção sexual, deve-se caracterizar o tipo da 
etiopatogenia, ou seja, ela pode ser relacionada apenas a fatores psicológicos ou 
relacionada a fatores psicológicos e a outros fatores combinados, de modo que, as 
causas podem ser orgânicas, psicológicas ou até mesmo mistas. Dinis e Luz (2007) 
acrescentam que as disfunções sexuais podem ser desencadeadas pelas causas 
orgânicas e agravadas por fatores emocionais, como por exemplo, casos que 
envolvem fatores econômicos, profissionais, traumas sexuais, falta de 
conhecimento do corpo e falta de experiência sexual. 
 
Psicoterapia 
 
Terapia comportamental 
 
A Terapia Comportamental é designada para orientar teoricamente um 
grupo de abordagens que visam modificar o comportamento. Ela tornou-se um 
movimento visível no início dos anos 60 devido ao contributo dos trabalhos de: 
Pavlov sobre o condicionamento clássico, Watson sobre o comportamentalismo, 
Thorndike sobre a aprendizagem e Skinner sobre o condicionamento operante 
(Tavares, 2005). 
Sua fundamentação se dá através da aprendizagem dos comportamentos, 
assim, se um comportamento disfuncional foi aprendido, pode ser desencadeado 
por meio de sinais externos e internos associados a ele. Deste modo, a Terapia 
Comportamental vai justamente ajudar o indivíduo a alterar os comportamentos 
14 
 
que estão lhe prejudicando no cotidiano por comportamentos mais satisfatórios, 
isto é feito através de técnicas comportamentais específicas para cada caso clínico 
(Tavares, 2005). 
Uma forma sucinta de explanar como a terapia comportamental se postula 
é pautada em: 
 
1) Uma ênfase nos determinantes atuais do comportamento, em vez de nos 
determinantes históricos; 2) Uma ênfase na mudança do comportamento manifesto 
como o principal critério pelo qual se avalia o tratamento; 3) Especificação do 
tratamento em termos objetivos, de modo que seja possível a réplica do mesmo; 
4) Confiança na investigação básica em Psicologia, com o objetivo de gerar 
hipóteses gerais sobre o tratamento e as técnicas terapêuticas específicas; 5) 
Especificidade nas definições e explicações no tratamento e na medição (Tavares, 
2005, pp. 7-8). 
 
Desta maneira, pode se dizer que, a Terapia Comportamental dá relevante 
importância ao “estimulo e resposta” (E-R), uma vez que emprega métodos 
multidimensionais sobre procedimentos verbais e de ação, empregando tanto a 
importância do/a terapeuta quanto do/a paciente. Foca no tratamento da disfunção 
clínica e no comportamento desadaptativo, baseando-se no presente, porém não 
descarta os determinantes históricos. Aplica-se a todas as classes de transtornos 
e pacientes, além de ser válida, confiável e mesclar-se entre avaliação e 
intervenção (Tavares, 2005). 
 
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) 
 
Entende-se por psicoterapia Cognitivo-Comportamental a prática de ajuda 
psicológica, da qual se baseia na ciência e filosofia do comportamento que tem 
concepções naturalista e determinista do comportamento humano, adjunto a um 
15 
 
empirismo, metodologia experimental e atitude pragmática frente aos problemas 
psicológicos (Rangé, 2001). 
A TCC surgiu após um marco da TerapiaComportamental em 1960, iniciada 
com Aaron Beck como seu fundador, além dos principais percussores George 
Kelly, Albert Ellis, Cautela, Mahoney e Meichenbaum (Tavares, 2005; Knapp, 
2007). Beck (2013) aponta que o termo “Terapia Cognitiva” foi originalmente 
empregado por Aaron Beck, mas atualmente a expressão “Terapia Cognitivo-
Comportamental” é utilizada como sinônimo após a junção da Terapia Cognitiva 
com a Terapia Comportamental. 
A Terapia Cognitiva é uma metodologia de psicoterapia, que por sua vez tem 
demostrado um significativo sucesso no tratamento de diversos transtornos e 
patologias clínicas. 
A cognição “se refere ao conteúdo dos pensamentos e aos processos 
envolvidos no ato de pensar” (Tavares, 2005, p. 8); e a Terapia Cognitiva pressupõe 
que o indivíduo se comporta de acordo com o modo que ele estrutura o mundo, isto 
é, a visão que a pessoa constrói através de processos cognitivos vai influenciar na 
maneira que ela pensa, sente e age. Assim, esta abordagem foca-se em identificar 
os pensamentos, sejam eles conscientes ou não (Knapp, 2007). 
A TCC é uma área de conhecimento da Psicologia que foca no estudo das 
interações humanas em relação à capacidade de aprender, lembrar, perceber e 
pensar em situações cotidianas. Spinillo e Roazzi (1989) apontam que a TCC: 
 
Considera o modelo linear ER limitante, insuficiente e consequentemente 
inadequado para explicar o comportamento humano, procurando substituí-lo por 
um esquema mais complexo e elaborado que considera de forma circular esta 
relação didática entre organismo e estímulos. O organismo tem papel relevante e 
ativo, um sistema capaz de elaborações complexas, tais como: efetuar escolhas 
dentre os elementos relevantes de uma dada situação, utilizar estratégias 
16 
 
alternativas, armazenar seletivamente informações, operar transformações sobre 
os elementos de forma a elaborá-los apropriadamente, operando os resultados 
dessas elaborações e não apenas operações ligadas e determinadas, 
aprioristicamente, pelos estímulos de entrada (Spinillo & Roazzi,1989, p21). 
 
Devido a isto, Beck formulou a terapia cognitiva, e priorizou como diretrizes 
de seu novo sistema: construir uma teoria que abrangesse a psicopatologia e se 
entrosasse de maneira satisfatória com a abordagem psicoterápica; pesquisar de 
forma empírica para favorecer a teoria; e testar a eficácia da terapia (Spinillo & 
Roazzi,1989). Seu intuito era tornar a psicoterapia mais estruturada e com um 
resultado mais objetivo e eficaz. 
Esta, por sua vez, resultou em um modelo de psicoterapia teórico-prático, 
que propõe aos/as seus/suas pacientes uma forma de como lidar com problemas 
cotidianos através da tríade cognitiva, isto é, a partir do princípio sobre o que o 
indivíduo pensa de si mesmo, do mundo e do futuro, assim como, na identificação 
dos pensamentos distorcidos, na mensuração de sua realidade e da correção dos 
mesmos (Beck, 2013). 
A TCC interpreta que, a maneira como o indivíduo pensa, influência 
diretamente nos seus sentimentos e tem como resposta, os seus comportamentos. 
Esses comportamentos podem trazer algum mal-estar ao/à paciente de maneira 
que interfira em seu padrão cotidiano, ou seja, traz um incomodo em sua relação 
com ele/a próprio/a, com o mundo (e os outros) ou para com o futuro (Sudack, 
2008). 
Essa concepção da valorização do pensamento e do significado atribuído a 
ele se dá pelas crenças que o/a paciente adquire ao longo da vida. Beck (2013) 
aponta que as crenças começam a ser construídas na infância, quando as crianças 
desenvolvem suas percepções acerca do mundo, de si própria e do futuro. Assim, 
17 
 
essas crenças são ideias que os indivíduos têm como verdades e caracterizando-
se habitualmente como globais, rígidas e supergeneralizadas. 
Com isso, a TCC visa o sucesso através de sessões estruturadas que por 
meio de um sistema de empirismo colaborativo auxilia a identificar a origem, os 
precipitantes e os mecanismos de manutenção dessas dificuldades (Tess & 
Savoia, 2007). Deste modo, fica claro que esta teoria vai justamente trabalhar a 
partir do viés de um empirismo colaborativo no qual, paciente e terapeuta vão 
juntos/as traçarem os objetivos da terapia e suas finalidades. Para isso, são 
utilizadas técnicas cognitivas e comportamentais que se adequam para cada caso 
no intuito de que o/a paciente sinta-se à vontade e capaz de realizar tais atividades 
para o progresso de sua evolução terapêutica (Beck, 2013). 
O processo terapêutico da TCC, objetiva averiguar os pensamentos 
desadaptativos de seus/suas pacientes, descobrir através de recursos maneiras 
mais realistas e assertivas de como esse/a paciente deve pensar, e assim, 
conseguir o controle de seus sentimentos desagradáveis que interferem em seu 
bem-estar biopsicossocial. Por fim, busca-se empoderar o indivíduo para que tudo 
que foi elaborado e trabalhado durante esse processo, venha a sanar seus 
problemas atuais, mas também gerando um aprendizado que se propague e seja 
passível de aplicação em situações futuras, tornando o paciente no seu próprio 
terapeuta (Beck, 2013). 
 
Terapia sexual segundo uma abordagem Cognitivo-Comportamental 
 
Segundo Tess e Savoia (2007), a história da terapia sexual é recente. Seu 
objetivo é promover a satisfação sexual, assim à relevância da psicoterapia no 
18 
 
domínio das dificuldades sexuais se faz significante através de estudos 
epidemiológicos que indicam o alto índice de casos na população. 
A compreensão da terapia sexual na abordagem Cognitivo-Comportamental 
vem desenvolvendo-se a partir do percursor Albert Ellis, com seus trabalhos 
pioneiros sobre sexologia e a formulação da Terapia Racional Emotiva 
Comportamental (TREC), que foi uma percussora desta abordagem. A TCC diante 
das disfunções sexuais empenha se em ajudar o/a paciente ou o casal a ter uma 
vida sexual mais assertiva dentro de suas possibilidades, isto é, alcançar um nível 
satisfatório de bem-estar sexual (Tess & Savoia, 2007). 
Isso se faz possível através de uma avaliação cuidadosa de caráter 
biopsicossocial, que pode (e em alguns casos deve) contar com o suporte de uma 
equipe multidisciplinar. A TCC é um tipo de psicoterapia que se aplica tanto a 
homens como a mulheres, individual ou em casais hétero e homoafetivos. Outra 
consideração preliminar é que, se o/a paciente mantém uma relação íntima, é 
preferível que se trabalhe com o casal, ao invés de apenas uma das partes, pois o 
progresso será mais efetivo e duradouro (Carey, 2011). 
A terapia sexual Cognitivo-Comportamental deve ter como procedimentos 
primordiais a psicoeducação do/a paciente ou casal, no intuito de instruir e ampliar 
o conhecimento sobre o problema. É igualmente importante, uma reestruturação 
cognitiva que propõe objetivos e metas realistas para a terapia, para que se 
trabalhe a diminuição de crenças mal adaptativas (Carey, 2011). 
Posteriormente, busca-se fazer o treinamento de habilidades 
comportamentais que visem melhorar o repertório sexual e a superação de 
experiências desadaptativas, e logo em seguida, uma focalização sensorial para a 
diminuição da ansiedade ante a atuação, o treino das habilidades de comunicação 
19 
 
dos problemas e situações identificados, a idealização do roteiro sexual 
(reconhecer e negociar as preferências sexuais), e por fim, trabalhar a prevenção 
de recaídas (Tess & Savoia, 2007). 
Nota-se que, a aplicabilidade da TCC tem sido uma forma eficaz de ajudar 
o indivíduo, ou até mesmo o casal com dificuldades e disfunções sexuais. Isso deve 
à sua metodologia estruturada, que por sua vez, orienta que o/a terapeuta deve 
investigar a origem e mecanismos de manutenção do problema, os medos e 
ansiedades; psicoeducar a respeito do problema e incluir a sugestão de exercícios 
e técnicas com a finalidade de viabilizar cognições e comportamentos mais 
assertivos em relação à resposta sexual (Tess & Savoia,2007). 
Contudo, é fundamental que o/a paciente sinta-se disposto e confortável em 
todo o processo terapêutico, assim como, compreendido e acolhido pelo/a 
terapeuta, resultando no empirismo colaborativo (Carey, 2011). 
 
Avaliação 
 
Avalição Psicológica 
 
A avaliação psicológica é um processo de coleta de dados, através de 
diversas fontes e métodos científicos, tais como entrevistas, análises de 
documentos, observações, técnicas e instrumentos psicológicos. É por meio desta 
avaliação que se torna possível investigar características psicossociais do/a 
paciente ou casal, como: personalidade, cognição, afeto, emoção, motivação, 
inteligência, percepção, memória, atenção, dentre outros (Anache & Reppold, 
2010). 
20 
 
O/a psicoterapeuta deve ser rigoroso no emprego das técnicas, pois o êxito 
da avalição deve-se à observância do processo avaliativo e da escolha dos 
procedimentos específicos para cada caso (Anache & Reppold, 2010). Neste 
sentindo, o/a psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental tem como objetivo na 
avaliação psicológica a formulação do caso, o diagnóstico e o planejamento da 
intervenção (Carey, 2011). 
Para chegar ao diagnóstico, é imprescindível que se investigue a natureza 
do problema em questão, a história, os antecedentes, a frequência, os fatores 
etiológicos, predisposições biológicas e psicológicas, consequências, mecanismos 
de manutenção dos problemas e precipitantes. Assim que definida uma disfunção 
sexual e seus aspectos, é determinado o contexto do tratamento (Walen & Wolfe, 
2003). 
 
Setting 
 
O setting é o espaço/tempo onde ocorre o processo psicoterapêutico. É 
formado pelo conjunto de características que constituem o enquadramento de cada 
proposta de intervenção, sendo um elemento dinâmico e constante entre terapeuta-
cliente (Ribeiro, 2010). 
Tais características englobam a estrutura física do consultório, o/a terapeuta 
deve manter uma postura ética e profissional, as vestimentas adequadas, uma 
apresentação cordial, assegurar a privacidade e o sigilo (assim como, explicar 
quando podem ser quebrados), a linguagem corporal adequada, o senso de humor 
e interesse nos assuntos abordados. É fundamental psicoeducar sobre como será 
21 
 
o tratamento e quaisquer outros aspetos relevantes da terapia (Barros, 2004; 
Ribeiro, 2010). 
Neste sentido, o setting é um fator importante para o sucesso da 
psicoterapia, pois interfere diretamente na relação da aliança e vínculo terapêutico. 
Esse cuidado deve-se redobrar, principalmente quando as queixas são 
relacionadas às dificuldades sexuais, isso porque é bem característico de pacientes 
que buscam atendimento nesta área, sentirem-se apreensivos e desconfortáveis, 
uma vez que é algo íntimo e pessoal, podendo ser até um tabu para o indivíduo 
(Barros, 2004). 
Wincze, Bach e Barlow (1999) apontam que nas últimas décadas a mídia 
promoveu a representação social dos problemas sexuais no intuito de que as 
pessoas busquem ajuda. De modo geral, os indivíduos com queixas sexuais 
procuram, à priori, o atendimento médico de atenção primária (clínicos gerais), 
depois urologistas, ginecologistas, e por fim, os/as psicoterapeutas. O trabalho 
conjunto desses/as profissionais é efetivo e indispensável em alguns casos, pois 
visa uma avaliação e tratamento multidisciplinar. 
 
Frequência das sessões e duração da terapia 
 
O primeiro modelo de terapia sexual formulado Masters e Johnson serviu de 
padrão por duas décadas, a terapia era diária durante o período de duas a três 
semanas. Logo após, Heiman e LoPiccolo (1983), testaram um novo método do 
qual faziam 15 sessões durante 15 semanas. Em um comparativo, ambos os 
modelos foram eficazes e demostraram poucas diferenças nos resultados, embora 
o fato do segundo método ter uma sessão por semana dá a vantagem ao/à paciente 
22 
 
ou casal de mais tempo para praticar os exercícios e técnicas empregadas durante 
o tratamento (Wincze, Bach & Barlow, 1999). 
Carey (2011) ressalta que quanto à frequência, a TCC visa inicialmente 
atender uma vez por semana, a menos que se tenha necessidade de reduzir ou 
aumentar esta assiduidade conforme as avaliações progressivas de cada caso. 
Quanto à duração do tratamento é instável, pois varia consoante a especificidade 
de cada caso. Pacientes que necessitam apenas de uma psicoeducação chegam 
ao término do tratamento com três a quatro sessões. 
Comumente, os/as pacientes levam de 8 a 16 sessões para obter o sucesso 
e fim da psicoterapia, dentro deste parâmetro é eficaz que ao alcançar esta 
quantidade de sessões, o/a paciente ou casal juntamente com o/a terapeuta, façam 
uma reavaliação das metas e da necessidade de continuar o tratamento. O objetivo 
deste feedback é que, os/as pacientes ou casal que ainda não estão preparados 
para a alta, não se sintam desestimulados, mas visualizem seus progressos 
(Carey, 2011). 
 
Trabalhando individualmente ou com casais 
 
As vantagens e desvantagens de trabalhar individualmente ou com o casal 
na TCC focada nas disfunções sexuais é fundamentada em bases empíricas. 
Assim, constata-se que, 84% dos/as pacientes que realizaram o tratamento em 
casal não desistem da terapia e obtêm sucesso (Wincze, Bach & Barlow, 1999). 
Embora não seja uma regra, é preferível que ao fazer o tratamento caso haja 
um/a parceiro/a, a avaliação e tratamento seja com o casal. Isso se justifica pelo 
fato de que, com o casal a investigação das dificuldades sexuais e dos fatores 
23 
 
psicossociais podem ser investigadas com mais clareza, de modo que oportuniza 
a avaliação da interação do casal, propicia o processo colaborativo de ambas as 
partes durante a psicoterapia, e por fim, ressalta que a dificuldade é um problema 
do casal e não de que uma das partes deve ser “consertado” (Walen & Wolfe, 
2003). 
Em pacientes que não tem um/a parceiro/a, o tratamento não deixa de ser 
efetivo. Nestes casos, a TCC foca-se principalmente em realizar uma 
psicoeducação sobre as dificuldades apresentadas por estes/as pacientes, além 
de focar-se em questionar os pensamentos desadaptativos e irrealistas ao 
funcionamento sexual, no intuito de trabalhar o processo terapêutico através de 
exercícios comportamentais e cognitivos que possam ser realizados de forma 
individual (Wincze, Bach & Barlow, 1999). 
Assim, a psicoterapia individual tende a ter uma periodicidade mais curta, 
pois alguns exercícios e questionamentos só podem ser realizados com o auxílio 
de um/a parceiro/a, mas tenta-se tratar ao máximo as dificuldades e disfunções 
sexuais por meio de um plano que vise resolver problemas e preocupações atuais, 
assim como de questões futuras, dando a opção de que quando estes/as tiverem 
em um relacionamento, possam retomar ao tratamento caso sintam necessidade 
(Whitbourne & Halgin, 2015). 
Outra forma de psicoterapia utilizada para as disfunções sexuais pode ser a 
inclusão recorrente do/a parceiro/a, isto é, em algumas sessões quando 
necessário, convidar esse/a como um recurso do processo terapêutico. Esse tipo 
de tratamento é proposto tanto para pacientes que tem um relacionamento estável 
ou casual, assim cabe a ele, por meio de um método colaborativo com o 
psicoterapeuta, decidir se esta forma de psicoterapia vai compreender melhor a 
24 
 
necessidade da avaliação e do tratamento. Tal possibilidade beneficia o/a paciente 
em compartilhar algumas informações e aspectos de sua intimidade sexual, mas 
garante-se sempre o sigilo e privacidade do indivíduo abordando-se apenas os 
assuntos que ele permite (Whitbourne & Halgin, 2015). 
 
Variáveis do/a paciente 
 
São diversas as variáveis que influenciam os/as pacientes durante a 
avaliação e processo de tratamento. Neste sentido o/a terapeuta deve se atentar a 
conhecer as singularidades relevantes de cada caso, assim como estar preparado 
para buscar informações assessorias necessárias (Wincze, Bach & Barlow, 1999). 
Estudoscomprovam que, as principais variáveis apresentadas para o 
sucesso da psicoterapia sexual são norteadas pela motivação do/da paciente 
durante as sessões e do cumprimento das tarefas de casa, além da qualidade 
sexual e geral da relação do casal, como por exemplo, a qualidade da comunicação 
pré-tratamento, o ajuste sexual, o envolvimento precoce e a situação 
socioeconômica. Outro dado constatado e bastante significativo é que, quando 
realizados exercícios de foco sensorial na última semana de tratamento, o 
prognóstico do/a paciente ou casal era mais efetivo, ou seja, as chances retornar 
as queixas diminuíam (Hawton & Catalan, 1986; Hawton, Catalan & Fagg, 1992; 
Sarwer & Durlak, 1997; citado por Wincze, Bach & Barlow, 1999). 
Carey (2011) aponta que as variáveis que se designam das questões 
religiosas, étnicas e culturais em alguns casos têm um papel fundamental, pois tais 
fatores influenciam direta e indiretamente nos valores e crenças dos/as pacientes 
em relação aos comportamentos sexuais. Cabe ressaltar que o psicoterapeuta 
25 
 
deve respeitar essa subcultura, porém quando ocorre uma oposição cultural ou 
religiosa durante a avaliação ou tratamento é necessário psicoeducar sobre a 
importância desse desafio no processo terapêutico, a exemplo: 
 
Alguns pacientes acreditam que a masturbação é suja ou pecaminosa, ou que não 
é algo que uma pessoa casada devesse fazer. Uma forma de ajudar os pacientes 
a se sentir cômodos com a ideia de exercícios masturbatórios é explicar que eles 
cumprem um papel. O terapeuta deve explicar que a masturbação não é uma 
atividade que o indivíduo deva adotar de forma permanente, e sim uma técnica que 
pode ser usada no curto prazo para ajudar o paciente a atingir seus objetivos no 
tratamento (Wincz, Bach& Barlow, 1999. p.638). 
 
Outro desafio para a TCC surge quando pacientes apostam em uma melhora 
através de medicamentos, desacreditando assim na eficácia da terapia. Nesta 
perspectiva, cabe ao/à psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental salientar sobre 
os tipos de tratamento (incluindo medicação e a terapia sexual), da importância do 
empirismo colaborativo, e de todas as vantagens e desvantagens. O/a paciente ou 
casal deve avaliar os custos e benefícios e optar pelo que mais lhes favorecem 
(Carey, 2011). 
 
Variáveis do/a terapeuta 
 
São escassos os dados relacionados às variáveis do/a terapeuta nas 
bibliografias. O que pode constatar é que embora o gênero do/a terapeuta não 
influencie no resultado da terapia, nota-se que os/as pacientes ou casal têm uma 
preferência quanto ao terapeuta ser do sexo masculino ou feminino, nestes casos 
eles/as tendem a procurar um/a profissional que esteja dentro do seu favoritismo 
para que sintam-se confortáveis e colaborativos/as (Wincze, Bach & Barlow, 1999). 
26 
 
O psicoterapeuta deve se atentar ao não cumprimento das tarefas de casa, 
pois, muitos exercícios da terapia sexual, não podem ser realizados durante a 
sessão (foco sensorial, por exemplo), atrasando assim o progresso do tratamento 
se os/as pacientes não as realizarem. As variáveis que implicam neste quesito 
estão relacionadas ao/à paciente ou casal, isto é possível ter medo ou evitar uma 
tarefa especifica, por não ser compatível com a rotina do casal ou por causar 
desconforto ou constrangimento. Assim, é obrigação do/a terapeuta preocupar-se 
em propor tarefas que visem o bem estar do/a paciente de modo que este se sinta 
seguro e confortável para realizá-la, negociando todos os desacordos e 
esclarecendo todas as dúvidas (Parisotto, 2008). 
Em suma, é eficaz um/a terapeuta com uma postura apoiadora e diretiva, 
que ao mesmo tempo seja sensível, sem preconceitos e julgamentos aos 
problemas relatados (Parisotto, 2008). 
 
Tratamento 
 
Objetivos do tratamento Cognitivo-Comportamental das dificuldades 
sexuais 
 
O objetivo primordial do tratamento Cognitivo-Comportamental das 
disfunções sexuais é propiciar a satisfação sexual, ao/à paciente ou casal, 
englobando uma visão multidimensional que abrange tanto o relacionamento 
quanto a relação sexual, levando assim a uma vida sexual mais satisfatória (Walen 
& Wolfe, 2003). 
27 
 
Neste sentido, a TCC visa por meio de sessões estruturadas possibilitar 
gradativamente que o/a paciente ou casal a terem uma comunicação verbal mais 
assertiva, sentirem-se mais confiantes e seguros de suas opções, aprenderem a 
otimizar o contato físico, melhorar e/ou aumentar o repertório sexual (ou seja, os 
comportamentos que o indivíduo têm antes, durante e após o engajamento de uma 
atividade sexual, eles são estabelecidos através da influência de fatores 
ambientais, genéticos e práticas culturais), conhecerem-se a si mesmos e ao outro 
sem medo da intimidade e assumirem responsabilidade pelo próprio prazer (Tess 
& Savoia, 2007). 
Além disso, psicoeducar sobre a terapia e o transtorno, de modo que 
estes/as venham identificar os fatores que causam e mantêm o problema, no intuito 
de propor técnicas adaptativas a realidade do indivíduo para que este sinta-se à 
vontade e seguro para realizá-las (Tess & Savoia, 2007). 
A fim de alcançar o sucesso da terapia, o psicoterapeuta deve juntamente 
com o/a paciente ou casal revisar os objetivos traçados periodicamente durante o 
tratamento, isso se faz fundamental, uma vez que permite avaliar os avanços dos 
objetivos, modificá-los caso haja necessidade e averiguar novas metas que 
possam ter surgido. Deste modo, psicoterapeuta e paciente estarão trabalhando 
colaborativamente com o mesmo foco, evitando assim, a frustação com a terapia e 
com o/a profissional Cognitivo-Comportamental (Sudak, 2008). 
 
Formulação cognitiva 
 
A formulação cognitiva é um recurso da TCC que objetiva ter uma visão 
detalhada do/da paciente e de seu problema. Com isso, tem-se uma compreensão 
28 
 
do que está sendo apresentado, tornando mais fácil o planejamento da terapia a 
fim de atingir os objetivos. O processo da formulação inicia-se na coleta de dados 
da anamnese no primeiro contato com o/a paciente e encerra depois da alta (Araújo 
& Shinohara, 2002). 
A anamnese consiste em uma entrevista realizada por diversos profissionais 
de saúde no processo de exame clínico, inclusive pelo psicoterapeuta. O objetivo 
desta entrevista é garimpar as informações necessárias para o tratamento, e assim, 
permitir o desenvolvimento de um banco de dados do caso para a elaboração da 
formulação cognitiva (Barros, 2004; Araújo & Shinohara, 2002). 
É preciso considerar que, geralmente este é o primeiro contato com o/a 
paciente, e para o sucesso da aliança da relação terapêutica deve-se adaptar a 
entrevista de acordo com o perfil sociocultural do/a entrevistado/a, considerar que 
todo/a paciente aumenta o nível de estresse (ansiedade) ao ser consultado/a, ter 
paciência diante de respostas pouco claras e instigá-las sem intimidar (Barros, 
2004). 
Tess e Savoia (2007) descrevem um modelo de questionamentos básicos e 
essenciais a serem investigados na anamnese sexual, tais como: a queixa sexual, 
que busca a natureza e o desenvolvimento do problema sexual. Do mesmo modo 
que, o desenvolvimento sexual incluem pontos como a educação sexual do 
indivíduo, as influências culturais e religiosas, em que momento houve o início de 
ereções e ejaculação para os homens, início da menarca para mulheres, investigar 
sobre as crenças, práticas e frequência da masturbação, como é o ambiente 
familiar, quais as atitudes dos pais em relação ao sexo, se houve algum 
antecedente sexual traumático, investigar as relações amorosas (namoros) e as 
experiências sexuais. 
29 
 
No intuito de compreender a dinâmica de relacionamento ao longo da vida 
do/a paciente, é necessário preocupar-se com a averiguação de seus 
relacionamentos sexuais, isto é, de como constituiu a primeira relação sexual e 
como foi com outros/as parceiros/as sexuais. Quanto ao relacionamento atual é útil 
serinvestigada a qualidade da comunicação entre o casal, das práticas e 
preferências sexuais, de suas crenças e expectativas sexuais, dos espaços do 
casal e atividades de lazer, da frequência da atividade sexual (real/ideal), de suas 
fantasias e erotismos, do método contraceptivo e dos eventos estressores (Tess & 
Savoia, 2007). 
Outras informações também devem ser reunidas como parte da entrevista 
inicial, como a coleta de dados sobre os antecedentes clínicos e psiquiátricos (uso 
de medicamentos), bem como se necessário for, recorrer às informações de 
exames laboratoriais, exame físico geral e genital, além do uso/abuso de álcool e 
drogas (Tess & Savoia, 2007). Quanto ao uso/abuso de álcool e drogas, quando 
constatado um problema relacionado a esses fatores que afete as respostas 
sexuais, deve-se primeiro tratá-los, para só depois trabalhar as dificuldades 
sexuais, pois raramente é eficaz a maneira inversa de tratamento (Carey, 2011). 
É a partir do acesso a estes dados que o/a psicoterapeuta buscará identificar 
as crenças intermediárias e centrais que norteiam as intepretações e 
comportamentos apresentados pelo/a paciente ou casal. O processo da formulação 
cognitiva do caso é bem mais que o diagnóstico, é um mapeamento do indivíduo 
no momento atual, ao longo de sua vida, do desenvolvimento de suas habilidades 
e forma como se relaciona com os outros. Tornando-se assim, essencial para o 
tratamento Cognitivo-Comportamental e o sucesso deste (Araújo & Shinohara, 
2002). 
30 
 
Na terapia sexual, é comum perceber como origem das dificuldades sexuais 
os fatores predisponentes, uma educação rígida, informações sexuais errôneas, 
conflitos na relação familiar e nas experiências traumáticas. Quanto aos 
precipitantes observa-se, a idade, problemas conjugais, partos, falhas ocasionais, 
infidelidade, experiência sexual traumática, disfunção sexual do/a parceiro/a, 
reações a fatores orgânicos, depressão e ansiedade (Tess & Savoia, 2007). 
Os mecanismos de manutenção dos problemas sexuais mais apresentados 
são as crenças irracionais, os sentimentos de culpa, medo de intimidade, 
antecipação do fracasso, comunicação deficiente entre os/as parceiros/as, falta de 
preâmbulos sexuais, problemas conjugais, autoimagem distorcida, perda de 
atração sexual entre os/as parceiros/as e distúrbios psiquiátricos (Tess & Savoia, 
2007). 
 
Técnicas cognitivas e comportamentais 
 
Segundo os/as autores/as explorados/as, pode-se constatar que vários 
procedimentos cognitivos e comportamentais da TCC têm sido úteis para auxiliar 
no tratamento das dificuldades sexuais. As técnicas, sejam elas cognitivas ou 
comportamentais, podem ser utilizadas para um ou mais de um transtorno, cabe 
ao/à psicoterapeuta decidir qual ou quais delas, mais se adaptam a disfunção em 
questão (Carey, 2011). 
Uma das técnicas que mais se adequa a diversos tratamentos é a 
psicoeducação, ela consiste em diminuir a ignorância e melhora o conhecimento 
do/a paciente ou casal a respeito de suas queixas, assim como, da fisiologia e 
anatomia sexual. Aconselha-se que o/a terapeuta busque fontes científicas, como 
31 
 
livros e artigos, para indicar ao/a paciente. É importante que as indicações dessas 
leituras sejam realizadas como tarefas de casa e discutidas na sessão seguinte. 
Assim, o/a terapeuta também deve estar inteirado do conteúdo para desmistificar 
as dúvidas (Carey, 2011). 
A reestruturação cognitiva é uma técnica fundamental, pois visa dois 
momentos relevantes: salientar os objetivos mais realistas para a terapia e 
trabalhar a diminuição das crenças desadaptativas. O primeiro momento foca-se 
em orientar o/a paciente ou casal a respeito de suas metas, pois é comum que 
estes/as cheguem à terapia com fantasias a respeito do resultado (Carey, 2011). 
Trabalhar este quesito se faz fundamental para não gerar ou aumentar o 
nível de ansiedade de atuação. Uma vez que, a ansiedade relacionada ao sexo é 
um fator que provoca impedimento psicofisiológico no desempenho da atividade 
sexual. LucenaI e AbdoII (2013, p. 96) apontam que “do ponto de vista cognitivo, a 
ansiedade elevada interfere negativamente no funcionamento sexual porque o 
indivíduo está “enviezado” para perceber uma situação como ameaçadora. Assim, 
ele se “distrai” de estímulos sexualmente excitantes e assume interpretações sobre 
esses estímulos.” 
Outra perspectiva da ansiedade relacionada ao sexo é que o sistema 
nervoso simpático adiciona-se ao sistema nervoso parassimpático. Em resposta, 
ocorre a vasoconstrição sanguínea que diminui a irrigação dos órgãos genitais, 
interferindo consideravelmente na atividade sexual. Portanto, as mudanças 
psicofisiológicas necessárias para um bom desempenho no ciclo de respostas 
sexuais não conseguem ser acompanhadas pelo corpo, de modo que, caracteriza 
a dificuldade ou disfunção sexual (LucenaI & AbdoII, 2013). 
32 
 
Assim, o/a psicoterapeuta tem a difícil tarefa de instruir a reformulação do 
que se almeja, além de que “o casal deve ser estimulado a reconhecer as 
variabilidades inerentes às experiências sexuais e compreender que esta 
variabilidade não é normalmente um sinal de fracasso ou de incompatibilidade.” 
(Carey, 2011, p. 280). 
Tess e Savoia (2007) afirmam que, a segunda etapa da restruturação 
cognitiva deve ser realizada antes das intervenções comportamentais, ao mesmo 
tempo em que, deve ser um processo contínuo ao longo do tratamento, pois em 
todas as sessões é possível identificar e corrigir cognições distorcidas. É comum 
que a disfunção sexual esteja ligada a pensamentos e emoções negativas em 
relação ao sexo (de modo geral), a si mesmo ou ao casal, ou até mesmo mitos e 
tabus impostos pela sociedade. “A preocupação leva a cognições de 
automenosprezo e desvia a atenção das cognições agradáveis e excitantes, 
criando um círculo vicioso de disfunção, como: preocupação, pensamentos de 
menosprezo para consigo, aumento da disfunção, etc.” (Carey, 2011, p. 287). 
Neste sentido, Masters e Johnson desenvolveram a técnica da focalização 
sensorial com a finalidade de promover mais percepção e menos ansiedade ao 
indivíduo ou casal com dificuldades sexuais. A técnica consiste em um conjunto de 
práticas elaboradas de forma gradual para estimular a focalização da percepção 
das sensações ao invés de fazê-lo sobre a atuação. 
As técnicas comportamentais têm uma aplicabilidade bastante efetiva em 
diversos tratamentos, incluindo o das dificuldades sexuais. Diante disso, o 
treinamento de habilidades comportamentais é a técnica que mais propicia ao 
sucesso terapêutico, pois ela é facilmente associada a técnicas cognitivas, fazendo 
com que aumente as chances de progresso clínico, de modo que primeiro 
33 
 
investigue as crenças negativas e logo após propõe a intervenção comportamental 
(Carey, 2011). 
O objetivo deste método é fomentar o aumento do repertório sexual do/a 
paciente ou casal e superar as experiências negativas que foram vivenciadas. 
Desta maneira, buscar materiais audiovisuais eróticos podem contribuir com 
pacientes que tiveram experiências de modelos sexuais limitados; propor o treino 
da masturbação, estimulação clitoriana e técnica de stop-start (consiste em 
exercícios para exercitar o autocontrole ejaculatório, na maioria das vezes surte 
resultados favoráveis no tratamento da ejaculação precoce através do auto 
aprendizado), tais recursos beneficiam no aumento do desejo, autoconfiança e 
experiências positivas (Bressan & Lorrenzzetti, 2009; Carey, 2011). 
Carey (2011), aponta que quanto à superação de experiências mal 
adaptativas, é comum que os/as pacientes relatem sobre experiências negativas, 
e assim ao se trabalhar as cognições a respeito destas situações dá se abertura 
para propor técnicas como dilatação progressiva (principalmente para casos de 
transtorno da dor gênito-pélvica/penetração), pompoarismo, compressão para a 
ejaculação precoce, dentreoutras. 
A técnica da dilatação progressiva consiste em dessensibilizar 
gradativamente a penetração vaginal, assim é realizada uma psicoeducação 
acerca da anatomia vaginal (pode orientar a paciente a olhar o próprio órgão com 
um espelho). Com o desenvolvimento da técnica, a paciente vai se sentindo à 
vontade para estar estimulando e introduzindo gradativamente cones até alcançar 
a etapa em que se sinta confortável para a penetração do pênis de seu parceiro 
sexual (Bressan & Lorrenzzetti, 2009). 
34 
 
O treinamento da comunicação é essencial, principalmente na terapia para 
casais. A finalidade dessa técnica é estimular de forma assertiva a expressão dos 
pensamentos e emoções contribuindo para que o comportamento de falar e ouvir 
efetivamente, se torne algo recíproco. A/O psicoterapeuta deve criar estratégias 
para que ambas as partes trabalhem os pontos falhos da comunicação, assim 
como: estimular pontos fortes como falar/ouvir atentamente, não interromper o 
outro, aceitar o silêncio, refletir sobre o que fala/ouve e saber esclarecer o que 
ouviu através de questionamentos significativos (Dattilio, 2011). 
Técnicas como registro de pensamentos automáticos, seta descendente, 
tomada de decisão, cartão de enfrentamento, técnicas de relaxamento, treino da 
assertividade e solução de problemas, podem e devem auxiliar as intervenções 
cognitivas e comportamentais diante das dificuldades sexuais. Além de que, 
complementam que é importante trabalhar o treino das habilidades sociais, 
questões relativas à autoimagem, tomar a decisão para escolher os prazeres 
sexuais que lhe agradam (reconhecer e negociar preferencias sexuais), buscar 
como recurso parceiros/as mais carinhosos/as e compreensivos/as (Oliveira, 2013; 
Carey, 2011). 
Por fim, a parte fundamental da TCC, a prevenção de recaídas. Nesta etapa 
do tratamento, paciente e terapeuta revisam tudo que já foi trabalhado no intuito de 
que estes/as sintam-se seguros para a alta, assim como, para utilizar tudo que foi 
construído ao longo do tratamento para prevenir recaídas e saber como lidar com 
situações futuras que possam vir a acontecer (Oliveira, 2013). 
Para tanto, combinar sessões de follow-up após o término do tratamento é 
indispensável, isto é, o follow-up é um conceito utilizado em TCC que se direciona 
a uma sessão de terapia um mês ou mais após a alta do tratamento. O intuito é 
35 
 
avaliar os resultados alcançados e reforçar os comportamentos positivos. Ademais, 
estimular que os casais tenham um momento dedicado a eles/as e indicar 
exercícios de focalização sensorial pelo menos uma vez ao mês, ajuda ao casal ou 
indivíduo a desenvolver um estilo sexual mais satisfatório e resistente no futuro, 
tornando-se seu próprio terapeuta (Sudak, 2008; Carey, 2011). 
 
Integração entre a Psicoterapia e a Psicofarmacologia nos Transtornos 
Sexuais 
 
Integrar a TCC nas disfunções sexuais ao tratamento psicofarmacológico 
não é obrigatório, mas em alguns casos esta associação se torna uma ferramenta 
coadjuvante ao tratamento, assim deve ser algo a considerar. Os conhecimentos 
da psiquiatria, farmacologia e medicina a favor do tratamento das disfunções 
sexuais têm se mostrado bastante efetivos, principalmente em diagnósticos de 
ejaculação precoce e disfunção erétil (Parisotto, 2008). 
No que diz respeito às vantagens dessa conjuntura, pode-se constatar que 
auxilia nos desfechos e reduz bloqueios no tratamento. Já em relação às 
desvantagens, alguns fármacos podem desempenhar alguma reação adversa, e 
assim, incomodar a satisfação sexual. Outro ponto, a ser pontuado é o uso de 
medicamentos sem a indicação médica, de modo que, o efeito farmacológico do 
remédio pode ser alcançado, mas ele não atinge os parâmetros da satisfação 
sexual, fazendo assim necessária a psicoterapia, como por exemplo, no uso de 
Viagra, Levitra, Cialis, dentre outros (Marangell, Silver, Martinez & Yudoksky, 2008; 
Sugur & Gündüz, 2015). 
36 
 
Basso (2004) afirma que, embora não existam estudos científicos que 
comprovem os reais poderes da medicina natural e alimentos afrodisíacos, eles 
são considerados estimulantes psicofisiológicos. Entretanto, deve-se apontar que 
algumas dessas substâncias podem causar euforia e inibir a performance sexual e 
depender do organismo de cada sujeito. 
De modo geral, sexólogos/as afirmam que o efeito dos afrodisíacos e 
fitoterápicos está ligado diretamente ao pensamento, isto é, a substância 
afrodisíaca em si pode não causar efeitos sexuais e sim alterar o humor, a partir 
disso o indivíduo se sente melhor em relação ao desejo e disposição sexual. Assim, 
as expectativas a respeito do poder da substância assumem o controle das 
fantasias, e ao pensar no que pode acontecer, o indivíduo gera o desejo e os 
resultados tem maior probabilidade de ocorrer (Basso, 2004). 
 
Considerações Finais 
 
O presente artigo teve como objetivo investigar a práxis do/a psicoterapeuta 
Cognitivo-Comportamental diante das disfunções sexuais de seus/suas pacientes. 
Pôde-se verificar que, a sexualidade e os padrões de comportamentos sexuais tem 
um viés biopsicossocial, e a TCC trabalha com tais enfoques de modo que, no 
aspecto biológico aplica técnicas de controle da ansiedade, psicoeducando os/as 
pacientes sobre os seus corpos e as reações destes; no aspeto psicológico por 
meio, principalmente, de uma boa reestruturação cognitiva; e no social, levando-os 
a compreender que a sexualidade está muitas vezes relacionada ao contato com o 
outro, e com os padrões sociais, trabalhando assim, melhoras nas competências 
37 
 
de habilidades sociais dos/as pacientes como, por exemplo, a assertividade 
(Gherpelli, 1996; Beck, 2013; Carey, 2011). 
Partindo deste pressuposto, observou-se que o/a psicoterapeuta Cognitivo-
Comportamental analisa as disfunções sexuais a partir de sua etiopatogenia, 
epidemiologia, fatores de risco, fatores psicológicos, fatores biológicos, diagnóstico 
e formulação cognitiva. Todos estes fatores permitem assim adquirir, 
conhecimentos para saber elaborar um plano de tratamento com base empírica, 
mas com especificidades para cada paciente de acordo com as características 
individuais do/a mesmo/a (Carey, 2011; Wincze, Bach & Barlow, 1999; Tess & 
Savoia, 2007; Araújo & Shinohara, 2002). 
Cabe ressaltar, que a atuação da psicologia no campo das disfunções 
sexuais é regida pela esfera das variáveis de natureza comportamental, emocional 
e/ou cognitiva, que determinam o funcionamento sexual. Sendo que, cada 
abordagem desta, vai trabalhar de acordo com suas convicções. Assim, em alguns 
casos, é necessário contar com um trabalho multidisciplinar, principalmente quando 
integra a psicofarmacologia clínica, visando sempre o melhor desfecho para o/a 
paciente/casal e psicoterapeuta (Sugur & Gündüz, 2015). 
Como tal, pressupõe-se que a psicoterapia Cognitivo-Comportamental 
voltada para as disfunções sexuais promove mudanças cognitivas e 
comportamentais, dentre elas: trabalhar a assertividade e estimular a comunicação 
ao falar sobre sexualidade, superar bloqueios emocionais e cognições distorcidas 
(como por exemplo: raiva, culpa, autodesvalorização e ansiedade); promover o 
autoconhecimento da anatomia e fisiologia do corpo humano e sentir-se mais 
confortável com ele; psicoeducar e questionar sobre mitos e papeis de gêneros 
errôneos que interferem na afirmação da sexualidade; estimular a ampliação do 
38 
 
repertório sexual e sensações prazerosas; reforçar comportamentos positivos; e 
formular estratégias para potencializar o que foi trabalhado na terapia e que pode 
ser útil após o término do tratamento para evitar recaídas (Walen & Wolfe, 2003). 
Denota-se que ainda há dificuldades em coletar os conteúdos produzidos 
sobre a temática. Carey (2011) aponta que a psicoterapia cognitivo-
comportamental tem muitas áreas para pesquisar e verificar sua aplicabilidade, 
mas ressalta que oconsiderável progresso em termos de tratamento das 
dificuldades e disfunções sexuais é notório, fazendo-se possível através dos 
recursos teórico-prático desta abordagem. Estudos consideram que a TCC têm 
sido uma abordagem bastante eficaz no tratamento deste âmbito por se basear na 
aquisição de conhecimentos e habilidades, além de focar nos problemas. 
Ademais, algumas questões são relativamente importantes para a pesquisa 
e prática do tratamento das dificuldades e disfunções sexuais, carecendo assim, 
de mais estudos. Especialmente, a etiopatogenia e epidemiologia, uma vez que 
são esses dados que colaboram para os critérios de diagnóstico, avaliação do 
impacto global de uma condição clínica em uma localidade específica, taxas de 
prevalência, duração, gravidade etc. De modo que, seus resultados interferem 
diretamente no saber/fazer da prática clínica, médica e farmacológica, além do 
planejamento das políticas públicas direcionadas as questões sexuais (Sugur & 
Gündüz, 2015). 
Uma vez que, a Organização Mundial de Saúde afirma que ter uma vida 
sexual satisfatória é um dos principais indicadores de saúde, pois traz benefícios 
biopsicossocial como melhorar a autoestima, fortalece a musculatura pélvica, 
melhora no sono, estimula a imunidade, queima calorias, alivia o estresse, reduz o 
risco de câncer de próstata, melhora a intimidade entre o casal, melhora a saúde 
39 
 
cardíaca, além de prevenir e/ou ajudar no tratamento de doenças como a 
depressão, diabetes e hipertensão (Bressan & Lorrenzzetti, 2009). 
Por fim, este artigo visa contribuir para o reconhecimento da importância das 
intervenções cognitivas e comportamentais nas práxis do papel do/a profissional 
psicólogo/a Cognitivo-Comportamental, enquanto terapeuta diante das dificuldades 
sexuais de seus/as pacientes seja esta terapia individual ou de casais. 
 
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43 
 
Anexos 
 
 
Anexo A - Ejaculação retardada. 
Critérios de diagnóstico 302.74 [F52.32] 
A. Qualquer um dos seguintes sintomas deve ser vivenciado em quase todas ou 
em todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100%) da atividade sexual com 
parceira (em contextos situacionais identificados ou, se generalizada, em 
todos os contextos), sem que o indivíduo deseje o retardo: 
1. Retardo acentuado na ejaculação. 
2. Baixa frequência marcante ou ausência de ejaculação. 
B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de 
aproximadamente seis meses. 
C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo ao 
indivíduo. 
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não 
sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento 
ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de alguma 
substância/medicamento ou a outra condição médica. 
 
 
Anexo B – Transtorno erétil. 
Critérios de diagnóstico 302.72 [F52.21] 
A. Pelo menos um dos três sintomas a seguir deve ser vivenciado em quase 
todas ou em todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100%) de atividade 
sexual (em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos 
os contextos): 
1. Dificuldade acentuada em obter ereção durante a atividade sexual. 
2. Dificuldade acentuada em manter uma ereção até o fim da atividade sexual. 
3. Diminuição acentuada na rigidez erétil. 
B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de 
aproximadamente seis meses. 
C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo. 
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não 
sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento 
ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de alguma 
substância/medicamento ou a outra condição médica. 
 
 
Anexo C – Transtorno do orgasmo feminino. 
Critérios de diagnóstico 302.73 [F52.31] 
44 
 
A. Presença de qualquer um dos sintomas a seguir, vivenciado em quase todas 
ou em todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100%) de atividade sexual 
(em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos os 
contextos): 
1. Retardo acentuado, infrequência acentuada ou ausência de orgasmo. 
2. Intensidade muito reduzida de sensações orgásmicas. 
B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de 
aproximadamente seis meses. 
C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo no 
indivíduo. 
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não 
sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento 
(p. ex., violência do parceiro) ou de outros estressores importantes e não é 
atribuível aos efeitos de alguma substância/medicamento ou a outra condição 
médica. 
 
 
Anexo D – Transtorno do interesse/excitação sexual feminino. 
Critérios de diagnóstico 302.72 [F52.22] 
A. Ausência ou redução significativa do interesse ou da excitação sexual, 
manifestada por pelo menos três dos seguintes: 
1. Ausência ou redução do interesse pela atividade sexual. 
2. Ausência ou redução dos pensamentos ou fantasias sexuais/eróticas. 
3. Nenhuma iniciativa ou iniciativa reduzida de atividade sexual e, geralmente, 
ausência de receptividade às tentativas de iniciativa feitas pelo parceiro. 
4. Ausência ou redução na excitação/prazer sexual durante a atividade sexual 
em quase todos ou em todos (aproximadamente 75 a 100%) os encontros 
sexuais (em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos 
os contextos). 
5. Ausência ou redução do interesse/excitação sexual em resposta a 
quaisquer indicações sexuais ou eróticas, internas ou externas (p. ex., 
escritas, verbais, visuais). 
6. Ausência ou redução de sensações genitais ou não genitais durante a 
atividade sexual em quase todos ou em todos (aproximadamente 75 a 100%) 
os encontros sexuais (em contextos situacionais identificados ou, se 
generalizado, em todos os contextos). 
B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de 
aproximadamente seis meses. 
C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo para a 
mulher. 
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não 
sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento 
(p. ex., violência do parceiro) ou de outros estressores importantes e não é 
atribuível aos efeitos de alguma substância/medicamento ou a outra condição 
médica. 
45 
 
 
 
Anexo E – Transtorno da dor gênito-pélvica/penetração. 
Critérios de diagnóstico 302.76 [F52.6] 
A. Dificuldades persistentes ou recorrentes com um (ou mais) dos seguintes: 
1. Penetração vaginal durante a relação sexual. 
2. Dor vulvovaginal ou pélvica intensa durante a relação sexual vaginal ou 
nas tentativas de penetração. 
3. Medo ou ansiedade intensa de dor vulvovaginal ou pélvica em antecipação 
a, durante ou como resultado de penetração vaginal. 
4. Tensão ou contração acentuada dos músculos do assoalho pélvico durante 
tentativas de penetração vaginal. 
B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de 
aproximadamente seis meses. 
C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo para a 
mulher. 
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não 
sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento 
(p. ex., violência do parceiro) ou de outros estressores importantes e não é 
atribuível aos efeitos de alguma substância ou medicamento ou a outra 
condição médica. 
 
 
Anexo F – Transtorno do desejo sexual masculino hipoativo. 
Critérios de diagnóstico 302.71 [F52.0] 
A. Pensamentos ou fantasias sexuais/eróticas e desejo para atividade sexual 
deficientes (ou ausentes) de forma persistente ou recorrente. O julgamento da 
deficiência é feito pelo clínico, levando em conta fatores que afetam o 
funcionamento sexual, tais como idade e contextos gerais e socioculturais da 
vida do indivíduo. 
B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de 
aproximadamente seis meses. 
C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo para o 
indivíduo. 
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não 
sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento 
ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de alguma 
substância ou medicamento ou a outra condição médica. 
 
 
 
Anexo G – Ejaculação prematura (precoce). 
46 
 
Critérios de diagnóstico 302.72 [F52.4] 
A. Padrão persistente ou recorrente de ejaculação que ocorre durante a atividade 
sexual com parceira dentro de aproximadamente um minuto após a 
penetração vaginal e antes do momento desejado pelo indivíduo. 
Nota: Embora o diagnóstico de ejaculação prematura (precoce) também possa 
ser aplicado a indivíduos envolvidos em atividades sexuais não vaginais, não 
foram estabelecidos critérios específicos para o tempo de duração dessas 
atividades. 
B. Os sintomas do Critério A devem estar presentes por pelo menos seis meses 
e devem ser experimentados em quase todas ou todas as ocasiões 
(aproximadamente 75 a 100%) de atividade sexual (em contextos situacionais 
identificados

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