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DISFUNÇÕES-SEXUAIS

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2 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 DISFUNÇÕES SEXUAIS ............................................................................ 5 
2.1 Epidemiologia ....................................................................................... 8 
2.2 Etiopatogenia ....................................................................................... 9 
2.3 Fatores de risco .................................................................................. 10 
3 DISFUNÇÕES SEXUAIS MASCULINAS .................................................. 11 
3.1 Fisiologia da ejaculação ..................................................................... 13 
3.2 Tipos de disfunção ejaculatória .......................................................... 14 
4 ANATOMIA DO PÊNIS ............................................................................. 18 
4.1 Ereção peniana .................................................................................. 18 
4.2 Inervação do pênis ............................................................................. 20 
5 DEFINIÇÃO DA DISFUNÇÃO ERÉTIL (DE) ............................................. 22 
5.1 Etiologia da DE ................................................................................... 22 
5.2 Disfunção erétil psicológica ................................................................ 25 
5.3 Desejo sexual hipoativo masculino 302.71 (F52.0) ............................ 26 
5.4 Transtorno de aversão ao sexo .......................................................... 29 
5.5 Transtorno orgásmico masculino ....................................................... 29 
6 DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA ....................................................... 30 
6.1 Classificação ...................................................................................... 38 
6.2 Subclassificações ............................................................................... 39 
6.3 Fatores de risco .................................................................................. 40 
6.4 Fatores biológicos .............................................................................. 40 
6.5 Fatores psicológicos ........................................................................... 41 
6.6 Fatores socioculturais......................................................................... 42 
 
 
3 
 
 
6.7 Quadro clínico .................................................................................... 43 
6.8 Distúrbio orgásmico ............................................................................ 44 
6.9 Transtorno do interesse/excitação sexual .......................................... 45 
6.10 Dispareunia ..................................................................................... 46 
6.11 Diagnóstico ..................................................................................... 47 
6.12 Tratamento ...................................................................................... 51 
6.13 Dispositivos mecânicos ................................................................... 52 
6.14 Tratamento medicamentoso ............................................................ 52 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 54 
8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 56 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
2 DISFUNÇÕES SEXUAIS 
 
Fonte: paih.com.br 
As disfunções sexuais incluem ejaculação retardada, transtorno erétil, 
transtorno do orgasmo feminino, transtorno do interesse/excitação sexual feminino, 
transtorno da dor gênito-pélvica/penetração, transtorno do desejo sexual masculino 
hipoativo, ejaculação prematura (precoce), disfunção sexual induzida por 
substância/medicamento, outra disfunção sexual especificada e disfunção sexual não 
especificada. 
As disfunções sexuais formam um grupo heterogêneo de transtornos que, em 
geral, se caracterizam por uma perturbação clinicamente significativa na capacidade 
de uma pessoa responder sexualmente ou de experimentar prazer sexual. Um mesmo 
indivíduo poderá ter várias disfunções sexuais ao mesmo tempo. Nesses casos, todas 
as disfunções deverão ser diagnosticadas. 
O julgamento clínico deve ser utilizado para determinar se as dificuldades 
sexuais são resultado de estimulação sexual inadequada; mesmo nessas situações 
ainda pode haver necessidade de tratamento, embora o diagnóstico de disfunção 
sexual não seja aplicável. Esses casos incluem, mas não se limitam a, condições nas 
quais a falta de conhecimento sobre estimulação eficaz impede a experiência de 
excitação ou de orgasmo. 
 
 
6 
 
 
Os subtipos são usados para designar o início da dificuldade. Em muitos 
indivíduos com disfunções sexuais, o momento de início do quadro poderá indicar 
etiologias e intervenções diferentes. Ao longo da vida refere-se a um problema sexual 
que está presente desde as primeiras experiências sexuais, e adquirido aplica-se aos 
transtornos sexuais que se desenvolvem após um período de função sexual 
relativamente normal. Generalizado refere-se a dificuldades sexuais que não se 
limitam a certos tipos de estimulação, situações ou parceiros, e situacional aplica-se 
a dificuldades sexuais que ocorrem somente com determinados tipos de estimulação, 
situações ou parceiros. 
Além dos subtipos ao longo da vida/adquirido e generalizado/situacional, 
inúmeros fatores devem ser considerados durante a avaliação de uma disfunção 
sexual, tendo em vista que poderão ser relevantes para a etiologia e/ou 
tratamento e contribuir, em maior ou menor grau, para a disfunção nos 
indivíduos: 
 Fatores relacionados ao parceiro (p. ex., problemas sexuais; estado de 
saúde); 
 Fatores associados ao relacionamento (p. ex., falta de comunicação; 
discrepâncias no desejo para atividade sexual); 
 Fatores relacionados a vulnerabilidade individual (p. ex., má imagem 
corporal; história de abuso sexual ou emocional), comorbidade 
psiquiátrica (p. ex., depressão, ansiedade) ou estressores (p. ex., perda 
de emprego, luto); 
 Fatores culturais ou religiosos (inibições relacionadas a proibições de 
atividade sexual ou prazer; atitudes em relação à sexualidade); e 
 Fatores médicos relevantes para prognóstico, curso ou tratamento. 
O julgamento clínico sobre o diagnóstico de disfunção sexual deve levar em 
consideração fatores culturais que possam influenciar expectativas ou criar proibições 
sobre a experiência do prazer sexual. O envelhecimento pode estar associado a 
redução na resposta sexual normal para o período. 
 
 
 
 
7 
 
 
A resposta sexual tem uma base biológica essencial, embora, em geral, seja 
vivenciada em um contexto intrapessoal,interpessoal e cultural. Portanto, a função 
sexual envolve uma interação complexa entre fatores biológicos, socioculturais e 
psicológicos. 
 Em muitos contextos clínicos, não se conhece com exatidão a etiologia de um 
determinado problema sexual. Não obstante, o diagnóstico de uma disfunção sexual 
requer a exclusão de problemas que são mais bem explicados por algum transtorno 
mental não sexual, pelos efeitos de uma substância (p.ex., droga ou medicamento), 
por uma condição médica (p.ex., devido a alguma lesão no nervo pélvico) ou por 
perturbação grave no relacionamento, violência do parceiro ou outros estressores. 
Nos casos em que a essência da disfunção sexual for explicável por outro 
transtorno mental não sexual (p. ex., transtorno depressivo ou transtorno bipolar, 
transtorno de ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno psicótico), 
deve-se, então, diagnosticar apenas o outro transtorno mental. 
Problemas que forem mais bem explicados pelo uso, abuso ou descontinuação 
de um medicamento ou substância devem ser diagnosticados como disfunção sexual 
induzida por substância/ medicamento. Nos casos em que a disfunção for atribuível a 
outra condição médica (p. ex., neuropatia periférica), o indivíduo não deve receber um 
diagnóstico psiquiátrico. 
A sexualidade é, a manifestação de um estado interior que impulsiona o 
indivíduo para a vida. É a forma de sentir o corpo, de comunicar-se, de 
manifestar afeto e expressar sentimentos, desejos e prazeres corporais e 
emocionais. É a energia que motiva o indivíduo a buscar o contato, a 
intimidade, a ternura, o amor, evidenciando-se nos movimentos das pessoas, 
ou seja, como elas tocam e são tocadas. É uma qualidade individual e 
também relacional. Está no toque, no olhar, no aroma, no timbre da voz, no 
abraço, no beijo, em qualquer carícia, como também nas relações sexuais, 
tais como o coito em suas centenas de posições, auto erotização, fantasias 
sexuais (Tozo 2011, p. 2 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). 
O termo dificuldades sexuais, engloba muito além de uma disfunção sexual, 
pois um mesmo indivíduo pode ter várias disfunções sexuais ao mesmo tempo, 
limitando assim, sua capacidade de prazer sexual e/ou responder a estímulos sexuais, 
de forma que impeça a experiência de excitação e/ou orgasmo (APA, 2014 apud 
Oliveira D; Oliveira C; 2015). 
 
 
8 
 
 
O conceito de disfunção sexual é apontado por Wincze, Bach e Barlow (1999 
apud Oliveira D; Oliveira C; 2015), como uma perturbação nas fases do desejo, 
excitação, orgasmo e/ou resolução, ou quando apresenta dores durante a relação 
sexual. Em complemento a APA (2014 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015), entende por 
disfunção sexual o julgamento clínico de respostas comportamentais sexuais 
resultadas de estimulações sexuais inadequadas. 
Contudo, as disfunções sexuais são comportamentos, pensamentos e 
sentimentos desadaptativos que podem estar associados a fatores fisiológicos e 
psicossociais, de modo que resultam em perturbações em qualquer uma das quatro 
etapas do ciclo de resposta sexual (Marques, Chedid & Eizerik, 2008 apud Oliveira D; 
Oliveira C; 2015). 
Neste sentido, é preciso que haja uma persistência dos sinais e sintomas 
(apresentados há pelo menos seis meses), e que estes causem problemas e aflições 
significativas para o indivíduo ou o casal. Cabe ressaltar que, conceitos como os de 
adequação e inadequação sexual sejam considerados, visto que, adequado é aquele 
indivíduo ou casal que funcional ou disfuncional atingem uma satisfação em sua 
relação sexual, enquanto inadequado é aquele que está insatisfeito com sua interação 
na relação sexual (Marques, Chedid & Eizerik, 2008 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). 
2.1 Epidemiologia 
Existem poucos dados epidemiológicos quanto às disfunções sexuais, isso 
porque é difícil definir a prevalência exata devido às limitações metodológicas, tais 
como, diagnóstico errôneo, amostra inadequada e problemas de mensuração (Tess & 
Savoia, 2007 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). 
Contudo, Marques, Chedid e Eizerik (2008 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015) 
apontam que as dificuldades sexuais têm alta prevalência, uma vez que afetam 43% 
das mulheres e 31% dos homens. Fatores demográficos como gênero e idade são 
preditivos. Enquanto, em homens mais velhos é mais comum a redução do desejo 
sexual e dificuldades de ter/manter ereções (Tess & Savoia, 2007 apud Oliveira D; 
Oliveira C; 2015). 
 
 
9 
 
 
Quanto aos fatores que impulsionam as disfunções sexuais, as mudanças 
fisiológicas e os fatores físicos relacionados ao envelhecimento, justificam com maior 
frequência as dificuldades sexuais em homens. 
 Enquanto nas mulheres são os fatores emocionais que predominam 
incidência, já para os fatores psicossociais não há uma discrepância entre ambos os 
sexos, pois as características de uma melhor qualidade de vida diminuem as chances 
de queixas nas repostas sexuais (Tess & Savoia, 2007 apud Oliveira D; Oliveira C; 
2015). 
2.2 Etiopatogenia 
A etiopatogenia das disfunções sexuais é multifatorial. Isto é, o estudo das 
causas e/ou dos mecanismos patogênicos que desenvolvem as disfunções sexuais 
está ligado diretamente às perspectivas biológicas, psicológicas e sociais. 
Classificados como vulnerabilidade individual, relacionamento, parceiro/a, doença, 
cultura e religião (Marques, Chedid & Eizerik, 2008 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). 
Já a patogenia das disfunções sexuais, por sua vez refere-se aos 
acontecimentos que se desencadeiam a partir dos fatores etiológicos, estão 
direcionados aos fatores de riscos psicossociais. 
Dentre eles: os transtornos psicológicos, pensamentos disfuncionais, 
sentimento de culpa e/ou ansiedade, fatores culturais, déficit na educação sexual, 
déficit nas habilidades sociais, ausência de atração física e repertorio sexual restrito 
(Marques, Chedid & Eizerik, 2008 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). 
Carey (2011 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015) aponta que embora as 
pesquisas sobre a etiopatogenia das dificuldades sexuais ainda precisam de maiores 
investigações, suas influências e contribuições são indispensáveis para a formulação 
teórica/prática das disfunções sexuais. 
Assim, ao se tratar de dificuldades sexuais é imprescindível compreender o 
papel da fisiologia humana, do enfoque biopsicossocial e dos fatores de risco, pois 
interferem diretamente na predisposição, no desencadeamento e manutenção das 
disfunções sexuais. 
 
 
10 
 
 
Embora seja vivenciada em uma conjuntura entre intrapessoal, interpessoal e 
cultural, a resposta sexual humana tem como primórdio a base biológica, por isso 
identificar seus fatores se faz bastante relevante (APA, 2014 apud Oliveira D; Oliveira 
C; 2015). É importante ressaltar que a orientação sexual não é um fator determinante 
para as dificuldades sexuais, ou seja, tanto indivíduos heterossexuais, homossexuais 
e bissexuais podem apresentar uma dificuldade ou disfunção sexual em qualquer 
período da vida (Becker & Stinson, 2012 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). 
Quando identificada uma disfunção sexual, deve-se caracterizar o tipo da 
etiopatogenia, ou seja, ela pode ser relacionada apenas a fatores psicológicos ou 
relacionada a fatores psicológicos e a outros fatores combinados, de modo que, as 
causas podem ser orgânicas, psicológicas ou até mesmo mistas. 
Dinis e Luz (2007 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015) acrescentam que as 
disfunções sexuais podem ser desencadeadas pelas causas orgânicas e agravadas 
por fatores emocionais, como por exemplo, casos que envolvem fatores econômicos, 
profissionais, traumas sexuais, falta de conhecimento do corpo e falta de experiência 
sexual. 
2.3 Fatores de risco 
Os fatores de riscos identificados na literatura por Lewis et al. (2010 apud 
Oliveira P; 2018) para todas as disfunções sexuais, independentemente do gênero, 
são as condições sócio demográficas desfavoráveis, a presençade transtornos 
psiquiátricos ou psicológicos ou ainda, seu estado geral de saúde, principalmente a 
incidência de doenças como: diabetes mellitus, problemas cardiovasculares, doenças 
no aparelho geniturinário ou outras condições crônicas. 
 
 
Althof e Needle (2013 apud Oliveira P; 2018) categorizam os fatores de 
risco para as disfunções sexuais em 5 elementos predisponentes: 
 Constitucionais: desregulação hormonal, temperamento (timidez ou 
impulsividade), deformidades anatômicas, etc.; 
 
 
11 
 
 
 Do desenvolvimento: intervenções cirúrgicas, abuso sexual, exposição 
a violência física, religião (constrangimentos, expectativas), entre outros; 
 Disparadores: mudanças importantes (divórcio, luto, menopausa), 
infertilidade, puerpério, depressão, ansiedade, abuso de substâncias, 
etc.; 
 Mantenedores: doenças crônicas ou agudas, uso contínuo de 
medicamentos, perda da autoconfiança, estresse emocional, 
ocupacional, entre outros; 
 Contingencial: desemprego, cuidado especial de pais, filhos ou parceiro, 
falta de privacidade, turno de trabalho diferente do parceiro, entre outros. 
O desempenho sexual é um dos aspectos com importante contribuição para 
o bem-estar psicológico do ser humano. Isto é, a questão de como o ser 
humano mantém relações sexuais faz com que a sexualidade seja um 
importante pólo estruturante da identidade e da personalidade. Ao final da 
década de 90, o surgimento de fármacos como o Viagra (citrato de sildenafil) 
promoveu uma importante mudança nas formas culturais de se conceber a 
sexualidade masculina (Paranhos, 2007 apud Britto R; Benetti 2010). 
3 DISFUNÇÕES SEXUAIS MASCULINAS 
 
Fonte: empoderadxs.com.br 
As Disfunções Sexuais Masculinas podem afetar o desejo sexual e/ou alterar 
as respostas psicológicas e fisiológicas do corpo frente aos estímulos sexuais, 
causando sofrimento e insatisfação não só para pessoa, como também para o seu 
par, impedindo o homem de ter uma vida sexual saudável e prazerosa. A disfunção 
 
 
12 
 
 
sexual pode atingir qualquer homem em qualquer idade, sendo mais comum do que 
se imagina. Cerca de 30 milhões de homens brasileiros possuem algum tipo de 
problema sexual. 
A ejaculação precoce ou prematura, é um dos assuntos relativos à esfera 
sexual que mais preocupa os homens. No interior da volumosa literatura sobre sexo 
e sexualidade há muito pouco sobre a ejaculação precoce e uma enorme carência de 
métodos e profissionais voltadas para o esclarecimento deste assunto. 
Conceitua-se essa disfunção por ejaculação precoce porque ocorre a 
incapacidade de reter voluntariamente a ejaculação. Somente indica –se o tratamento 
para esse diagnóstico quando se comprova junto à parceira que o tempo de reter a 
ejaculação é realmente muito curto, ou quando nem ainda sequer ocorra a 
penetração. 
Masters e Johnson (1970 apud Silva A, Maia A; 2004), demonstraram que um 
forte componente ligado à ejaculação precoce e que os homens se condicionariam a 
uma fácil e rápida ejaculação, estabelecendo esse padrão de comportamento sexual 
por toda a vida. A ansiedade também é apontada como uma grande causadora da 
ejaculação precoce, portanto o condicionamento não pode ser a única hipótese para 
a queixa. A ejaculação precoce refere-se à ejaculação com uma estimulação mínima, 
antes, no momento ou pouco tempo depois da penetração e “ antes do que a pessoa 
desejaria”. 
 Este último ponto pode ser difícil de diagnosticar porque não está claro o que 
deveria ser considerado como uma duração “normal” do contato sexual antes do 
orgasmo. É possível que alguns homens e mulheres tenham expectativas pouco 
realistas com respeito ao tempo que teve de transcorrer antes do orgasmo, e os 
clínicos podem não estar de acordo sobre a definição precisa de “precoce”. 
 
 
Entretanto, os casos mais claros incluem habitualmente ejaculação antes da 
introdução (quando se deseja o coito) ou imediatamente depois da penetração. Outros 
autores adotam, em prática clínica, o conceito de ejaculação precoce como sendo a 
incapacidade de reter voluntariamente a ejaculação (Bestane, 2003 apud Silva A, 
Maia A; 2004). 
 
 
13 
 
 
Sendo assim, todo aquele que ejacula antes do desejo, por não inibir 
voluntariamente a ejaculação, padeceria de ejaculação precoce. Esse conceito de 
ejaculação precoce deve ser apropriado com reservas, tendo em vista que o homem 
de hoje se encontra pressionado cada vez mais por um desempenho maior em 
detrimento de seu prazer. 
Algumas variações devem ser consideradas como critério válido para o 
ejaculador precoce; como exemplo a variação de permanência dentro de vagina, isto 
é, a quantidade de impulso que pode tolerar antes do orgasmo. Há casos que a 
ejaculação acontece a poucos minutos de carícia antes do ato sexual, ou mesmo só 
vendo a parceria de despindo. 
Segundo Kaplan (2001 apud Silva A, Maia A; 2004) muitos ejaculadores 
prematuros ejacularão justamente antes ou imediatamente depois que introduzem na 
vagina, mas outros são capazes de alguns impulsos antes de atingir o orgasmo; pode-
se dizer que existe prematuridade quando o orgasmo ocorre um reflexo, isto é, quando 
está fora do controle voluntário do homem, uma vez atingido um nível intenso de 
excitação sexual. 
Inversamente, pode-se dizer que o controle ejaculatório está estabelecido 
quando o homem pode tolerar os elevados níveis de excitação que caracterizam o 
estágio do platô do ciclo da resposta sem ejacular como um reflexo. 
3.1 Fisiologia da ejaculação 
Tal como a primeira menstruação marca o início da puberdade feminina, pode 
considerar-se que a primeira ejaculação marca o início da puberdade masculina. 
Surge entre os 12-14 anos de idade, geralmente sob a forma de uma emissão noturna. 
É o resultado da crescente e fortíssima ativação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, 
com aumento da produção de FSH e LH e a ativação da produção dos androgênios 
sexuais. São estes que induzem o desenvolvimento não só os caracteres sexuais 
secundários como o aparecimento da espermatogênese testicular. As secreções das 
vesículas seminais e da próstata são também andrógeneo-dependentes. 
 
 
14 
 
 
3.2 Tipos de disfunção ejaculatória 
Anejaculação- (Incapacidade de ejacular) 
A anejaculação é a ausência completa de ejaculado, estando conservada a 
sensação orgástica (a situação em que não há ejaculação nem orgasmo denomina-
se preferencialmente anorgasmia). A anejaculação deve-se à inexistência de fase de 
emissão, havendo fase de expulsão. A maioria dos casos de orgasmo sem ejaculação 
deve-se a causas psicológicas, nas quais releva o receio de provocar uma gravidez. 
Nesses casos, existem ejaculações fora do coito, geralmente sob a forma de poluções 
noturnas, ao acordar ou no decorrer de masturbações. Algumas situações 
neurológicas, como a esclerose múltipla, a mielite transversa, as lesões vértebro-
medulares e a iatrogenia cirúrgica e medicamentoso podem também ser causa de 
anejaculação. 
Ejaculação retrógrada - (Ejaculação para dentro da bexiga) 
A ejaculação retrógrada caracteriza-se pela ausência total ou parcial de 
emissão do ejaculado, devido ao insuficiente encerramento do esfíncter uretral 
interno. Devido a essa incompetência esfincteriana o esperma passa da uretra 
posterior para o interior da bexiga. Permanece a sensação de orgasmo. A etiologia é 
frequentemente de origem psicológica, neurológica ou devido à ação medicamentosa. 
Muitas vezes, o diagnóstico diferencial com a anejaculação só pode ser afirmado 
perante a evidência da presença de espermatozoides, de frutose ou de citrato na urina 
pós-orgasmo. 
Ejaculação dolorosa 
A ejaculação que é acompanhada de dor deve-se geralmente a processos 
infecciosos ou inflamatórios do aparelho genital. Estas podem ser uretrites, 
verumontanites, prostatites e vesiculites, agudas ou crônicas. Em termos gerais, a dor 
pré-ejaculatória deve-se a um espasmo da próstata e a dor pré- ejaculatóriaa 
processos infecciosos agudos. 
Quando a causa da dor é psicológica ou psíquica, costuma apresentar-se após 
a ejaculação e com uma duração que pode durar alguns minutos a vários dias. 
Ejaculação reflexa 
 
 
15 
 
 
Nos doentes paraplégicos ou com paraparesias, em que a lesão ocorre acima 
de L1, os centros mecânicos medulares ficam desconectados do seu controlo 
cerebral. A ejaculação fica apenas pode acontecer por mecanismos reflexos. 
 Muitas vezes o homem só tem consciência de uma sensação de contratura 
dos músculos abdominais, sente náuseas e cefaleias. Com o tempo pode vir a sentir 
uma sensação agradável. 
Ejaculação asténica 
A ejaculação asténica, também chamada incompetência parcial ejaculatória 
(Kaplan, 1988 apud Pereira N; Gomes M; 2017), caracteriza-se pela diminuição ou 
ausência de contrações musculares que projetem o esperma. Assim, a ejaculação faz-
se sem força. A causa deve-se à inibição seletiva da fase de expulsão, sendo normal 
a fase de emissão. 
Ocorre habitualmente nos homens com lesões medulares abaixo de L1, como 
por exemplo os paraplégicos ou paraparésicos, em que só permanece ativo o centro 
secretor medular. Nas hipertrofias benignas da próstata, nas estenoses uretrais e nas 
hipotonias do esfíncter externo podem também ser responsáveis por uma ejaculação 
asténica, mas a causa é simplesmente obstrutiva. Alguns autores chamam-lhe 
pseudo-ejaculação asténica. 
Ejaculação retardada 
A ejaculação retardada, também denominada incompetência ejaculatória 
(Masters e Jonhson, 1970 apud Pereira N; Gomes M; 2017) deve-se ao atraso ou à 
inibição específica dos mecanismos da ejaculação. 
 É, involuntariamente, uma ejaculação muito tardia. Muitas vezes só se verifica 
durante as relações coitais, não acontecendo com a masturbação, onde os 
mecanismos são essencialmente reflexos. É relativamente pouco frequente, não 
ultrapassando cerca de 5% de prevalência. 
 
 
 
A etiologia é frequentemente de origem medicamentosa, embora também 
possa dever-se a perturbações psicológicas e a doenças neurológicas. Dentre os 
fármacos capazes de provocar um retardamento ejaculatório salientam-se, pela sua 
 
 
16 
 
 
frequência, os ISRS (fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina e sertralina), os 
antidepressivos tricíclicos (clomipramina, imipramina, amitriptilina, doxepina), os 
IMAOS (nialamida, iproniazida, fenelzina), os anti-hipertensivos (bloqueadores α-
adrenérgicos, metildopa, reserpina, tiazidas) e as benzodiazepinas. 
Ejaculação prematura 
A ejaculação prematura é a mais frequente das disfunções sexuais masculinas, 
com uma prevalência que atinge, nos países europeus e norte-americanos, cerca de 
30-35% dos homens, independentemente da idade. 
Ejaculação prematura é a situação recorrente em que a ejaculação se produz 
antes de desejada pelo homem. Esta é uma definição simples e que, quanto a nós, 
caracteriza bem o problema, introduzindo o conceito de controlo ejaculatório. Mas não 
é possível estabelecer uma definição absoluta da ejaculação prematura, já que esta 
precisa de ser qualificada através da idade do indivíduo, das circunstâncias, da 
frequência das relações sexuais, das expectativas de cada parceiro. 
A avaliação subjetiva do casal, baseada em critérios de prazer e satisfação, 
mais do que critérios de tempo, de desempenho ou de performance, é essencial para 
a caracterização clínica da ejaculação prematura. 
A utilização do termo “ejaculação prematura” é preferível a “ejaculação 
precoce” ou “ejaculação muito rápida”, devido a ser melhor descritiva e ter menor 
representação negativa para o homem e para o casal. Deve-se à ausência ou à 
diminuição do controlo cerebral dos mecanismos medulares da ejaculação. 
 A principal e mais frequente etiologia é psicogênica. A etiologia orgânica é 
relativamente rara, quase sempre devido a processos inflamatórios e/ou infecciosos 
da próstata e vesícula seminal. 
Pode dever-se à ação de certas drogas ou medicamentos, como anfetaminas, 
cocaína, nicotina e alguns alucinógeneos. Também pode dever-se a uma glande 
hipersensível ou a um freio curto. A espinha bífida, a esclerose múltipla e outras 
doenças medulares podem ainda ser causa de ejaculação prematura. 
Existem dois tipos de ejaculação prematura: primária, quando surge no início 
da atividade sexual, e secundária, quando se instala num momento tardio da vida 
sexual. A ejaculação prematura primária é quase sempre devida a um erro na 
aprendizagem das primeiras experiências sexuais. 
 
 
17 
 
 
A aprendizagem é o principal mecanismo que vai permitir a retroalimentação 
sensorial pela qual o reflexo da ejaculação se converte num ato voluntário (Fabian e 
Pomerol, 1999 apud Pereira N; Gomes M; 2017). 
Todas as circunstancias que interfiram negativamente nesta aprendizagem, 
podem gerar um reflexo condicionado que desencadeie a ejaculação prematura. 
Neste mecanismo cria-se um círculo vicioso: o indivíduo reage mais rápido, aumenta 
a ansiedade, favorece a ejaculação prematura e bloqueia o potencial que permite o 
prazer sexual. 
Os fatores desencadeadores da ejaculação prematura secundária estão 
relacionados com tudo o que é inerente à terminologia de stress, característica da 
sociedade atual, em que o prazer erótico se encontra ligado ao sucesso e ao poder. 
Ou ainda ao tipo de vida consumista, com os seus hábitos tóxicos (álcool, drogas, 
estimulantes, tabaco, etc.), poucas horas de descanso ou falta de exercício físico. O 
elevado grau de ansiedade desencadeia uma grande frustração, que faz aumentar a 
ansiedade antecipatória a próximos fracassos. 
Ejaculação precoce (Antes ou um pouco depois de penetrar a vagina) 
A ejaculação precoce (EP) é uma das disfunções sexuais masculinas mais 
frequentes, principalmente entre os homens mais jovens (5%-40% dos homens 
sexualmente ativos). 
A ejaculação precoce (EP) é a dificuldade em perceber as sensações que 
antecedem o orgasmo e ocorre antes ou dentro de um minuto após a penetração. 
Essa incapacidade de retardar ejaculação traz consequências negativas tais como 
angústia, incômodo e frustração (RIERA, 2012 apud Nascimento N; 2014). Pode ser 
definida como uma condição persistente e repetitiva na qual o homem é incapaz de 
controlar a resposta sexual e atinge o orgasmo com poucos estímulos sexuais (ROS 
et al., 2001 apud Nascimento N; 2014). As disfunções sexuais são ainda divididas em 
subtipos: quanto à natureza, contexto e fatores etiológicos. 
 Quanto à natureza do início da disfunção, pode ser ao longo da vida, com início 
a partir das primeiras relações sexuais, ou adquirida durante um período específico. 
Em relação ao contexto na qual ocorre, pode ser do tipo generalizado ou situacional 
(limitada a certos estímulos). 
 
 
18 
 
 
Quanto aos fatores etiológicos, podem ser de ordem psicológica ou de uma 
combinação de fatores (fatores psicológicos, medicamentosos, além de certas 
condições médicas). 
4 ANATOMIA DO PÊNIS 
O pênis é composto por três estruturas cilíndricas sendo duas delas os corpos 
cavernosos e um corpo esponjoso, este último envolve a uretra e forma a glande 
peniana na porção distal. 
A parte proximal do pênis encontra-se ancorada no osso pélvico, sendo esta 
região denominada crura dos corpos cavernosos, enquanto a parte proximal do corpo 
esponjoso forma o bulbo peniano. Tanto a crura quanto o bulbo estão conectados aos 
músculos estriados. O bulbo peniano está circundado pelo músculo bulbo cavernoso 
(ou bulbo esponjoso), ao passo que a crura peniana está circundada pelo músculo 
isquiocavernoso. A glande peniana apresenta uma aparência de esponja devido a um 
vasto plexo venoso com um grande número de anastomoses (SATTAR; WESPES; 
SCHULMAN, 1994 apud Carboni C; 2014). 
Os corpos cavernosos estão circundados por um tecido fibroso e compacto, a 
túnica albugínea, constituída por fibras de colágeno e elastina, que confere grande 
rigidez, flexibilidade e resistênciaao tecido do pênis, sendo divididos por um septo 
perfurado, incompleto no humano, que os permite funcionar como uma unidade 
(AWAD et al., 2011; SATTAR; WESPES; SCHULMAN, 1994 apud Carboni C; 2014) 
O tecido erétil dos corpos cavernosos é composto de múltiplos espaços 
lacunares interconectados, revestidos por células endoteliais, além das trabéculas, 
que formam as paredes dos espaços sinusoidais, e consistem em bandas espessas 
de músculo liso e de uma estrutura fibroelástica formada por fibroblastos, colágeno e 
elastina (GOLDSTEIN et al., 1982 apud Carboni C; 2014). 
4.1 Ereção peniana 
A ereção é um evento neurovascular reflexo, sujeito a modificações pelo 
sistema nervoso central e fatores endócrinos. A experiência sexual satisfatória é 
 
 
19 
 
 
percebida pela mente, sendo subjetiva e modificada através de processos conscientes 
e inconscientes. As percepções do homem e de suas necessidades e expectativas 
também têm influência. 
O pênis tem em sua estrutura, os corpos cavernosos e o corpo esponjoso, 
envolvidos pela fáscia de Buck, cobertos com pele, que se estende acima da 
glande, formando o prepúcio. Os corpos cavernosos juntam-se acima dos 
púbis, formando a porção maior do corpo do pênis, e são envolvidos pela 
túnica albugínea fibrosa espessa, formado ao redor dos sinusóides 
cavernosos, e divididos por um septo incompleto. Já o corpo esponjoso, se 
posiciona ventralmente, com sua porção distal até formar a glande peniana. 
A uretra anterior, começa na membrana perineal e está envolvida pelo corpo 
esponjoso, atravessando a glande peniana e se abre com o meato uretral 
externo. A ereção peniana depende em grande parte do suprimento 
sanguíneo do pênis, que é feito, em grande parte, pela artéria pudenda 
interna, um ramo da artéria ilíaca interna. Já a drenagem venosa, que 
também é de real importância para a manutenção da ereção, acontece pela 
veia dorsal superficial, indo até a veia safena, através das veias crurais para 
veias ilíacas internas. Os linfáticos da glande peniana, o corpo esponjoso e o 
corpo cavernoso distal, drenam o sangue para os linfonodos inguinais 
superficiais e profundos, e posteriormente para os linfonodos ilíacos externos. 
Existem aqui ainda, os nervos dorsais, que propiciam sensação de excitação 
ao pênis, seguem o trajeto das artérias dorsais até suprir a glande. Sob o 
olhar da embriologia, vale destacar que as genitálias se encontram 
indiferenciadas até cerca de 10 semanas de desenvolvimento, ocasião em 
que a genitália externa de um menino se masculiniza, sob a influência de 5-
DHT (Segundo Barros et al 2005 apud apud Michiles h; 2010). 
Assim, a ereção é essencialmente um reflexo espinhal que pode ser iniciado 
por recrutamento de impulsos aferentes do pênis, mas também por estímulos visuais, 
olfativos e imaginários como resultado final de uma integração complexa de sinais 
(CIRINO et al., 2006 apud Carboni C; 2014). 
O pênis no estado flácido está sob contração moderada, sofrendo retração em 
temperaturas mais frias. A estimulação sexual causa a liberação de 
neurotransmissores dos terminais de nervos cavernosos, o que resulta no 
relaxamento do músculo liso com dilatação das arteríolas, causando assim o aumento 
do fluxo sanguíneo. 
Ocorre então o aprisionamento do sangue recebido através da expansão dos 
sinusóides e compressão dos plexos venulares subtunicais entre a túnica albugínea e 
os sinusóides, reduzindo o fluxo venoso. 
 A túnica albugínea se alonga, aumentando a compressão, levando à oclusão 
das veias emissárias entre a camada circular interna e a longitudinal, o que reduz o 
retorno venoso a um mínimo. 
 
 
20 
 
 
Acontece um aumento da PO2 (até cerca de 90 mmHg) e da pressão 
intracavernosa (cerca de 100 mmHg), que eleva o pênis para o estado ereto (fase de 
ereção total). Além disso, há um acréscimo dessa pressão ocasionado pela contração 
dos músculos isquiocavernosos (fase da ereção rígida) (DEAN; LUE, 2005 apud 
Carboni C; 2014). 
4.2 Inervação do pênis 
 
Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br 
A inervação do pênis é autonômica (simpática, responsável pela ejaculação e 
detumescência, e parassimpática, responsável pela ereção) e somática (sensorial e 
motora). 
A partir de neurônios da medula espinhal e dos gânglios periféricos, as 
inervações simpáticas e parassimpáticas se fundem para formar o nervo cavernoso, 
o qual penetra nos corpos cavernosos e esponjosos para promover os eventos 
 
 
21 
 
 
neurovasculares durante a ereção e detumescência. Os nervos somáticos são 
primariamente responsáveis pelas sensações e pela contração dos músculos bulbo 
cavernoso e isquiocavernoso (DEAN; LUE, 2005 apud Carboni C; 2014). 
A via simpática origina-se a partir do 11º segmento torácico e do 2º lombar, 
passando através do ramo ventral do nervo espinhal (ramo branco) para a cadeia 
ganglionar simpática. Algumas fibras trafegam através dos nervos esplênicos para os 
plexos hipogástrico superior e mesentérico inferior, através do nervo hipogástrico, em 
direção ao plexo pélvico. 
 Em humanos os segmentos de T10 ao T12 frequentemente dão origem às 
fibras simpáticas e a cadeia de células ganglionares que se projetam para o pênis 
estão localizadas nos gânglios sacral e caudal (DEAN; LUE, 2005; FRANÇOIS; 
OLIVIER, 2004 apud Carboni C; 2014). 
A via parassimpática origina-se de neurônios da coluna de células 
intermediolateral do 2º, 3º e 4º segmentos sacrais. As fibras pré-ganglionares passam 
pelo plexo hipogástrico superior para o plexo pélvico. Os nervos cavernosos são 
ramificações do plexo pélvico em direção ao pênis. Outras ramificações do plexo 
pélvico inervam o reto, a bexiga, a próstata e esfíncteres. Os nervos cavernosos são 
facilmente danificados durante a excisão desses locais. A estimulação do plexo 
pélvico e do nervo cavernoso induz ereção, enquanto que a estimulação do tronco 
simpático causa detumescência (DEAN; LUE, 2005 apud Carboni C; 2014). 
A via somatossensorial origina-se de receptores sensoriais localizados na pele 
do pênis, glande, uretra e no interior do corpo cavernoso. Na glande do pênis humano 
há inúmeras terminações aferentes (terminações nervosas livres e receptores 
corpusculares numa relação de 10:1) (HALATA; MUNGER, 1986 apud Carboni C; 
2014). 
 As fibras nervosas que partem dos receptores convergem para o nervo dorsal 
do pênis que se unem a outros nervos formando o nervo pudendo (DEAN; LUE, 2005 
apud Carboni C; 2014). 
A ativação destes nervos sensoriais envia mensagens de dor, temperatura e 
toque pelas vias espinotalâmicas e espinoreticular para o tálamo e córtex sensorial 
desencadeando a percepção sensorial. O núcleo de Onuf, no 2º ao 4º segmento 
sacral, é o centro da inervação somatomotora do pênis. Estes nervos seguem através 
 
 
22 
 
 
dos nervos sacrais para o nervo pudendo para inervar os músculos ísquio e bulbo 
cavernosos. 
A contração do músculo isquiocavernoso causa a fase rígida da ereção. 
Contrações rítmicas do músculo bulbocavernoso são necessárias para a ejaculação. 
Dependendo da intensidade e da natureza da estimulação genital, vários reflexos 
espinhais podem ser causados pela estimulação dos órgãos genitais (DEAN; LUE, 
2005 apud Carboni C; 2014). 
A ereção peniana é um processo neurovascular complexo que envolve três 
fenômenos: relaxamento do músculo liso do corpo cavernoso, aumento do 
fluxo arterial peniano e restrição do fluxo venoso de saída (GARAFFA et al, 
2010; LUE, 2012; VIARO et al, 2000). O corpo do pênis é envolvido, 
basicamente, por uma camada superficial de fáscia – a túnica dartos – e uma 
profunda – a fáscia de Buck. (GARAFFA et al, 2010; LUE, 2012 apud ). 
5 DEFINIÇÃO DA DISFUNÇÃO ERÉTIL (DE) 
O termo disfunção erétil (DE) foi sugerido a partir de 1992 – quando foi realizada 
uma reunião do Grupo de Consenso em Impotência coordenado pelo Instituto 
Nacional de Saúde Norte-Americano (NIH, 1993 apud Reis M; 2008) –, para substituir 
o termo “impotência”,tendo em vista o seu sentido pejorativo e impreciso para ser 
aplicado ao homem cujo pênis não responde adequadamente. A DE refere-se à 
incapacidade persistente ou recorrente de obter e/ou manter ereção suficiente para 
uma função sexual satisfatória (NIH, 1993 apud Reis M; 2008). 
5.1 Etiologia da DE 
A etiologia da DE é multifatorial, incluindo a combinação dos aspectos 
psicossociais, culturais e orgânicos. 
Os fatores de risco mais frequentemente associados à DE são: diabetes 
mellitus, hipogonadismo, hipertensão arterial sistêmica, doença vascular periférica, 
dislipidemia, baixos níveis de lipoproteína de alta densidade, doenças neurológicas, 
doença de Peyronie, tabagismo, priapismo, insuficiência renal, infarto do miocárdio, 
neoplasias, uso de drogas e medicamentos, obesidade, depressão, desconhecimento 
da sexualidade e idade (Feldman et al., 1994; Jonler et al., 1995; Melman, 1995; 
 
 
23 
 
 
Feldman et al., 1998; Helgason et al., 1997; Johannes et al., 2000; Moreira Junior et 
al., 2001; Morillo et al., 2002 apud Reis M; 2008). 
Estudos epidemiológicos evidenciaram uma elevada prevalência de DE em 
todo mundo. A metodologia usada para questionar a presença de DE variou 
muito entre estas pesquisas. A maioria usou a questão única derivada da 
definição estabelecida pelo NIH, outros utilizaram questionários validados 
internacionalmente e ainda houve estudos que usaram definições próprias e 
não validadas culturalmente. Esta multiplicidade de diferentes metodologias 
muitas vezes impossibilita uma real comparação de resultados (MARTINS; 
ANKIER; GLINA, 2014 apud Teixeira T; 2015). 
Dentre as causas orgânicas da DE, a de origem vascular é considerada uma 
das principais (Michal, 1982; Virag et al., 1985; Shabsigh et al., 1991; Carson et al., 
1999 apud Reis M; 2008). 
A presença da DE arteriogênica em homens com mais de 50 anos tem sido 
considerada como um sinal preditivo de doença aterosclerótica em outros órgãos, 
sugerindo assim uma investigação cuidadosa de sintomas relacionados à doença 
cardíaca e vascular periférica (Izukawa, 1977; Rehman, Melman, 2002 apud Reis M; 
2008). A DE é considerada uma das sentinelas da síndrome metabólica (Cunha, 
2005; Arcila, 2006 apud Reis M; 2008). Em síntese, a síndrome metabólica é 
caracterizada por obesidade, dislipidemia, resistência à insulina, hipertensão arterial 
e alteração endotelial. 
 A alteração endotelial é caracterizada como sendo um processo inflamatório 
lento e progressivo, que por consequência dessa inflamação altera a produção de 
óxido nítrico que é um mediador de todos os processos vasodilatadores que ocorrem 
no organismo, e, portanto, modifica o estado de vasoconstrição e vasodilatação da 
rede vascular. Isso terá manifestação clínica em vários territórios vasculares, sendo 
que um deles é o território vascular peniano, que tem como consequência a presença 
da DE. 
A maioria das disfunções sexuais masculinas divide-se em três áreas: 
diminuição da libido, transtornos do orgasmo e distúrbios ejaculatórios e DE. 
Baixa libido ou desejo sexual reduzido tem muitos determinantes prováveis. A 
testosterona e a prolactina séricas devem ser dosadas em homens que sofrem de 
baixa libido, para ver se o hipogonadismo está presente. Outras possíveis causas de 
 
 
24 
 
 
libido baixa incluem depressão e problemas de relacionamento. Em alguns casos, a 
libido baixa se desenvolve como consequência da DE. 
 O homem perde, eventualmente, o interesse na atividade sexual por causa de 
repetidos fracassos. A libido baixa é também frequentemente associada com doença 
crônica e com o uso de alguns medicamentos como antiandrogênicos e depressores 
do sistema nervoso central. Se possível, o tratamento para libido baixa deve ser 
dirigido à causa subjacente. 
A ejaculação precoce é uma forma mais comum de disfunção sexual masculina, 
afetando aproximadamente 30% dos homens com uma prevalência similar entre os 
grupos etários. Em alguns casos, a ejaculação precoce se desenvolve como uma 
resposta à DE. Nestes casos, a DE deve ser tratada em primeiro lugar. Quando a 
ejaculação precoce existe por si só, o tratamento pode ser farmacológico ou 
comportamental. 
O tratamento comportamental tradicional para esse distúrbio de 
comportamento pode ser feito como foi sugerido por Masters e Johnson. O tratamento 
farmacológico para essa desordem se tornou possível quando foi observado que o 
tratamento medicamentoso para a depressão em homens, por vezes, resultou em 
ejaculação retardada ou incapacidade de alcançar o orgasmo. O uso diário de alguns 
medicamentos antidepressivos em baixas doses ou sob demanda, demonstrou ser 
eficaz no tratamento da ejaculação precoce. O uso tópico de cremes ou pomadas 
anestésicas também foi sugerida como tratamento para esta desordem. 
A DE pode ser primária, quando existente desde a primeira experiência sexual, 
ou secundária (adquirida). Em termos de etiologia, a DE tradicionalmente tem sido 
classificada como sendo psicogênica, orgânica ou mista (orgânica e psicogênica). 
Já se acreditou no passado que quase todos os casos de DE eram causados 
por fatores psicológicos. Atualmente se reconhece que mais de 80% dos casos de DE 
estão significativamente associados com uma ou mais desordens orgânicas. 
Em quase todos os casos de DE "orgânica", também há fatores psicológicos 
associados havendo, portanto, mais casos de DE de etiologia mista orgânica e 
psicogênica. 
A DE, como um resultado de fatores psicogênicos só pode ocorrer em homens 
de outra forma saudáveis. Isto é particularmente verdadeiro em homens mais jovens. 
 
 
25 
 
 
O uso do citrato de sildenafila é eficiente em DE de diversas etiologias, incluindo 
psicogênica e diferentes categorias de DE orgânica. Assim, já não é tão importante 
para o tratamento a classificação da DE em categorias psicogênica, orgânica e mista, 
como já foi outrora. 
 Para quase todos os homens com DE, o tratamento inicial será com um agente 
oral sistêmico. Já que o MCP em muitos casos irá prescrever este agente, é 
conveniente explanar o que o MCP deve fazer para avaliar o homem com disfunção 
erétil e como agentes orais devem ser prescritos. 
5.2 Disfunção erétil psicológica 
Numa altura ou outra da vida, a maioria dos homens têm disfunção erétil, mas 
quando o problema se torna persistente e ocorre em quase 50% das vezes, ou quando 
se transforma em uma grande preocupação para o homem ou para a (o) sua (seu) 
parceira (o), deve-se procurar ajuda médica e tratamento adequado. 
Muitas vezes trata-se de uma disfunção erétil psicológica e requer um 
tratamento diferente da disfunção erétil física. 
As razões psicológicas são responsáveis por cerca de 10 a 20% dos casos de 
disfunção erétil. Na maioria das vezes é uma reação secundária a um fator psicológico 
principal. 
Os principais fatores psicológicos relacionados à disfunção erétil são: 
Stress: 
 Stress relacionado ao trabalho, stress por motivos econômicos, ou até 
devido a discussões e problemas conjugais. 
Ansiedade: 
 Desde o momento em que a disfunção erétil acontece pela primeira vez, 
o homem passa a ficar muito preocupado com a possibilidade de isto 
acontecer novamente. Esse pensamento dá origem à “ansiedade de 
desempenho”, tal como o medo de não satisfazer a (o) parceira (o), o 
que causa disfunção erétil. 
Sentimento de culpa: 
 
 
26 
 
 
 O homem pode sentir-se culpado por não satisfazer a (o) sua (seu) 
parceira (o). 
Depressão: 
 A causa mais comum da disfunção erétil é a depressão que afeta o 
homem tanto a nível físico como a nível psicológico. A depressão pode 
ser a causa da disfunção erétil mesmo quando o sujeito se sente 
confortável em situações sexuais. A medicação e os fármacos 
associados ao tratamento da depressão também podem causar a 
impotência sexual masculina. 
Baixa autoestima: 
 A baixa autoestima pode ou não ser devido a um episódio anterior de 
impotênciasexual que faz o homem sentir-se inadequado ou devido a 
outro trauma não sexual. 
Indiferença: 
 A indiferença pode ser resultado da redução dos níveis de testosterona que 
acontece com o avanço da idade, de uma diminuição do interesse sexual, de 
problemas conjugais entre o casal e de diversos medicamentos. 
Muitos homens que sofrem de disfunção erétil ou impotência sexual 
apresentam o problema há vários anos, o qual pode agravar-se ao longo do tempo, já 
que os fatores psicológicos podem começar a surgir ou a acentuar-se. Nestes casos 
há uma forte tendência do sujeito a evitar o contato sexual e a alimentar sentimentos 
de raiva, impotência ou desilusão com relação à (ao) companheira (o) que não o 
consegue estimular. 
Quando se chega à conclusão de que o sujeito sofre de disfunção erétil 
psicológica, é recomendada uma consulta com um sexólogo, a qual deve ser feita o 
mais rápido possível para que o tratamento possa iniciar-se. 
5.3 Desejo sexual hipoativo masculino 302.71 (F52.0) 
O desejo sexual hipoativo masculino (DSHM) é a disfunção sexual 
caracterizada pela ausência ou deficiência, de forma persistente ou recorrente, do 
sentimento de desejo para atividade sexual, bem como de pensamentos ou fantasias 
 
 
27 
 
 
sexuais/eróticas (HATZIMOURATIDIS; HATZICHRISTOU, 2007 apud Teixeira T; 
2015). Segundo o DSM-5, estes sintomas devem persistir ou recorrer por um período 
mínimo de 6 meses e devem causar sofrimento clinicamente significativo para o 
indivíduo (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014 apud Teixeira T; 2015). 
O DSHM é frequentemente abordado na literatura científica quando relacionado 
a quadros de hipogonadismo masculino e em um número bem menor de publicações 
quando comparado ao desejo sexual hipoativo feminino. A prevalência da DSHM varia 
de acordo com a idade, localização geográfica e com o método de avaliação da 
pesquisa, com taxas em torno de 1 a 20% (BROTTO, 2010 apud Teixeira T; 2015). 
Alguns fatores aparecem em destaque na literatura quando relacionados à 
DSHM, destacando-se a correlação positiva entre esta disfunção e a idade, bem como 
com quadros de depressão e fatores hormonais. 
 Ressalta-se ainda que estados psicológicos, como a depressão, são mais 
preditivos para o baixo desejo sexual que marcadores hormonais e/ou físicos 
(BROTTO, 2010 apud Teixeira T; 2015). 
Critérios Diagnósticos 
A. Pensamentos ou fantasias sexuais/eróticas e desejo para atividade sexual 
deficientes (ou ausentes) de forma persistente ou recorrente. O julgamento 
da deficiência é feito pelo clínico, levando em conta fatores que afetam o 
funcionamento sexual, tais como idade e contextos gerais e socioculturais 
da vida do indivíduo. 
B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de 
aproximadamente seis meses. 
C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo para 
o indivíduo. 
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não 
sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento 
ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de 
alguma substância ou medicamento ou a outra condição médica. 
Determinar o subtipo: 
Ao longo da vida: A perturbação esteve presente desde que o indivíduo se 
tornou sexualmente ativo. 
 
 
28 
 
 
Adquirido: A perturbação iniciou depois de um período de função sexual 
relativamente normal. 
Determinar o subtipo: 
Generalizado: Não se limita a determinados tipos de estimulação, situações 
ou parceiros. 
Situacional: Ocorre somente com determinados tipos de estimulação, 
situações ou parceiros. 
Especificar a gravidade atual: 
Leve: Evidência de sofrimento leve em relação aos sintomas do Critério A. 
Moderada: Evidência de sofrimento moderado em relação aos sintomas do 
Critério A. 
Grave: Evidência de sofrimento grave ou extremo em relação aos sintomas do 
Critério A. 
Características Diagnósticas 
A avaliação do transtorno do desejo sexual masculino hipoativo deve levar em 
consideração o contexto interpessoal. Uma “discrepância do desejo”, na qual o desejo 
de atividade sexual de um homem é mais baixo do que o de sua parceira, não é 
suficiente para diagnosticar o transtorno. Tanto o desejo baixo/ falta de desejo para o 
sexo como a deficiência/ausência de pensamentos ou fantasias sexuais são 
imprescindíveis para o diagnóstico. A forma de expressão do desejo sexual pode 
variar entre os homens. 
A falta de desejo para o sexo e a deficiência/ausência de pensamentos ou de 
fantasias eróticas devem ser persistentes ou recorrentes e ter duração mínima de 
aproximadamente seis meses. 
A inclusão desse critério de duração é uma salvaguarda contra o 
estabelecimento do diagnóstico em casos nos quais o desejo sexual de um homem 
pode representar uma resposta adaptativa a condições adversas da vida (p. ex., 
preocupação em engravidar a parceira em situações em que ele está considerando a 
hipótese de terminar o relacionamento). 
A introdução do termo “aproximadamente” no Critério B permite julgamento 
clínico nos casos em que a duração dos sintomas não atende o limite indicado de seis 
meses. 
 
 
29 
 
 
5.4 Transtorno de aversão ao sexo 
Pode ser compreendido como uma forma extremada de baixo desejo sexual, 
sendo que os indivíduos que sofrem desse transtorno temem e evitam todo – ou quase 
todo – contato sexual. O transtorno é caracterizado por rejeição extrema e persiste a 
todo tipo de contato genital com outra pessoa. A mera idade de um ato sexual gera 
asco, repulsa e ansiedade na pessoa. Ela se sente ameaçada e passa a sentir medo 
muito intenso, por isso faz o possível para evitar todo tipo de contato. 
As causas são: 
 Lubrificação insuficiente que pode ocorrer na ausência de preliminares 
e também é causada por outros fatores, tais como níveis reduzidos de 
estrogênio após a menopausa, o parto ou a amamentação. 
 Ingestão de vários medicamentos, como antidepressivos, medicamentos 
para pressão arterial elevada, pílulas anticoncepcionais. 
 Dor durante o sexo após uma cirurgia pélvica, acidente, episiotomia, etc. 
 Infecções vaginais tais como eczema, infecção do trato urinário, 
candidíase, clamídia trhychomonas, endometriose. 
 Ansiedade, stress, depressão. 
 Problemas de relacionamento não resolvidos. 
 História de abuso sexual ou físico no passado levando a memórias 
negativas sobre as relações sexuais. 
 A ingestão de álcool ou cigarro, dentre outros. 
5.5 Transtorno orgásmico masculino 
Diz respeito à demora – persistente ou periódica – ou à ausência de orgasmo 
durante a estimulação sexual, considerada adequada quanto ao objetivo, intensidade 
e duração. Este transtorno é observado raramente na prática clínica, sendo o 
transtorno sexual masculino menos frequente, ocorrendo entre 4 e 10% dos homens 
que vão em busca de atendimento especializado (Spector e Carey, 1990 apud Carey, 
2005 apud Lidório A; Tataren J; 2006). 
 
 
30 
 
 
Cabe ressaltar, que estas estimativas podem ser exageradas, na medida em 
que a “demora” do orgasmo ou o tempo considerado normal antes que haja a 
ejaculação ainda não estão bem definidos. 
6 DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA 
 
Fonte: apsiquiatra.com 
De acordo com Abdo e Fleury (2006 apud MILENA S; 2009), a partir dos 
estudos populacionais de Kinsey foi reconhecida a multiplicidade das manifestações 
sexuais, o que proporcionou a definição de critérios que diferenciavam o que seria ou 
não patológico. A partir dessas diferenciações e da associação entre os modelos de 
ciclo de resposta sexual de Masters e Johnson (1979; apud MILENA S; 2009) e de 
Kaplan (1977; apud MILENA S; 2009) estabeleceram- se os critérios diagnósticos para 
os transtornos da sexualidade. 
O modelo do ciclo de resposta sexual desenvolvido por Masters e Johnson 
(1979; apud MILENA S; 2009) é composto por quatro fases: excitação, platô, orgasmo 
e resolução. Este ciclo é comum aos dois gêneros.Posteriormente, a Associação 
Psiquiátrica Americana (APA), acrescenta a fase de desejo ao modelo proposto por 
Masters e Johnson, definindo o ciclo de resposta sexual em cinco etapas: desejo, 
excitação, platô, orgasmo e resolução. 
 
 
31 
 
 
Segundo Basson (2004; apud MILENA S; 2009) a expressão da sexualidade 
feminina se caracteriza pela sedução e entrega, e o desejo sexual é o ponto principal 
da resposta sexual. 
Baseados nesses pressupostos, a autora e seus colaboradores propuseram 
um novo modelo de resposta sexual feminina, que diz que a mulher inicia a relação 
com ou sem desejo, em resposta a um estímulo erótico que desencadeia uma 
excitação subjetiva com resposta física, ou decorrência de uma excitação subjetiva 
que desencadeia a consciência do desejo. 
A mulher pode se sentir satisfeita física e emocionalmente mesmo não 
atingindo o orgasmo, a satisfação a torna receptiva às próximas relações sexuais. 
Abdo e Fleury (2006; apud MILENA S; 2009) salientam que “a disfunção sexual implica 
alguma alteração, em uma ou mais das fases do ciclo de resposta sexual, ou dor 
associada ao ato, o que se manifesta de forma persistente ou recorrente”. 
Segundo Conceição (2007; apud MILENA S; 2009) o aspecto físico da resposta 
sexual humana depende da integridade dos órgãos sexuais, da vascularização desses 
órgãos e das conexões dos sistemas nervoso central e periférico, mas as condições 
emocionais e culturais do indivíduo têm estreita ligação com a resposta física. 
 
As causas das alterações no desempenho da resposta sexual não são 
determinadas somente pelos órgãos genitais, pela vascularização e pelas conexões 
nervosas. As causas podem estar nos problemas emocionais ou nas questões 
socioculturais. 
Quanto mais precocemente incidir o comprometimento do ciclo de resposta 
sexual, mais prejuízos sofrerá a resposta sexual, o que pode tornar o quadro clínico, 
o prognóstico e o tratamento mais complexos. 
Segundo Lopes et al (2003; apud MILENA S; 2009) do ponto de vista 
cronológico as disfunções sexuais podem ser primárias (quando ocorrem desde o 
início da vida sexual) e secundárias (quando o comprometimento ocorre após um 
período de vida sexual satisfatória). As disfunções sexuais podem ser globais (quando 
ocorrem em todas as situações/estímulos sexuais) e situacionais (quando a 
perturbação acontece apenas em determinada situação). 
 
 
32 
 
 
Toda disfunção sexual deve ser considerada mista – causas orgânicas e 
causas psicogênicas – com predominância de algum desses fatores. Frequentemente 
as disfunções são comórbidas, como por exemplo, as de desejo e de excitação. 
Para Aliaga, Ahumada e Villagrán, Ahumada e Villagrán (2000; apud MILENA 
S; 2009), os fatores psicológicos, orgânicos e culturais estão em permanente 
interação, todo problema a nível orgânico tem um sentido a nível psicológico e todo 
conflito a nível psicológico pode se expressar a nível somático, sendo a cultura o fator 
determinante do que é saudável/prejudicial e do que é permitido/proibido. 
Para Conceição (2007; apud MILENA S; 2009) o exercício da sexualidade é o 
resultado da interação dos aspectos físicos, emocionais e culturais. A falha na 
funcionalidade da resposta sexual humana pode ter sua origem no orgânico, 
psicológico ou sociocultural. As causas orgânicas têm ação direta ou indireta sobre a 
resposta sexual, determinando assim a disfunção. 
 Dentre as causas que agem diretamente sobre a resposta sexual estão as 
anomalias genéticas ou congênitas, doenças crônicas, endócrinas ou agudas, as 
doenças do sistema nervoso central e alguns medicamentos. 
 
 
 Em relação às causas emocionais das disfunções sexuais a autora 
ressalta que: 
A sexualidade desenvolve-se desde o nascimento, ocorrendo por fases que 
acompanham o desenvolvimento emocional global. O desenvolvimento da 
estrutura emocional faz-se sob a influência das relações afetivas da criança 
com os pais, irmãos e adultos significativos da sua vida. A vivência das fases 
do desenvolvimento da sexualidade determina as características do 
comportamento sexual do futuro adulto. O comportamento de valorização, 
indiferença, ansiedade, alegria ou desagrado dos pais, diante das 
necessidades da criança, determina a base da formação para o exercício da 
sexualidade (CONCEIÇÃO, 2007, p.135; apud MILENA S; 2009). 
Como causas emocionais das disfunções sexuais, segundo Conceição (2007; 
apud MILENA S; 2009) estão a violência sexual, o incesto, traição do parceiro, 
abandono, agressão física ou moral, ressaltando que os mecanismos psicológicos 
para o estabelecimento da disfunção são específicos para cada mulher, um 
acontecimento pode provocar em algumas mulheres danos profundos e definitivos, 
enquanto que em outras mulheres pode provocar apenas uma interferência na 
 
 
33 
 
 
atividade sexual, isso porque as repercussões dos acontecimentos sobre a 
sexualidade vão depender muito mais do perfil emocional de cada mulher do que da 
situação em si. 
Segundo Aliaga, Ahumada e Villagrán (2000; apud MILENA S; 2009) algumas 
situações traumáticas associadas aos órgãos genitais durante a infância podem 
ocasionar disfunções sexuais, pois as mulheres que vivenciam esse tipo de situação 
associam suas sensações genitais à dor. 
Para Fleury (2006; apud MILENA S; 2009), quando o comprometimento ocorre 
em umas das etapas do desenvolvimento emocional, a vivência posterior da 
sexualidade pode sofrer consequências. 
O comprometimento no desenvolvimento psicossexual da mulher caracteriza-
se pela dificuldade em vivenciar a intimidade, não só com o parceiro, mas consigo 
mesma, o que impede a experiência de uma entrega confortável. 
Anastasiadis et al (2002; apud MILENA S; 2009) acreditam que a falta de 
conhecimento sobre a própria sexualidade, desinformação sobre a fisiologia da 
resposta sexual, lutas pelo poder e, acima de tudo, os conflitos conjugais podem 
desencadear sérios problemas emocionais nas mulheres, alterando sua resposta 
sexual. 
A vigência de mitos e tabus em relação à sexualidade e algumas crenças 
religiosas que punem irracionalmente a mulher também podem afetar de maneira 
significativa a sua sexualidade. 
Os autores salientam, ainda, que as causas socioculturais que interferem no 
desenvolvimento da sexualidade são marcadas pela influência da família, da 
sociedade e da cultura, pois esses elementos são responsáveis pela transmissão das 
regras para o convívio em grupo. Algumas situações estabelecem profundas marcas 
de repressão no exercício da sexualidade, enquanto outras, possivelmente mais 
dramáticas, não deixam nenhum registro no indivíduo. 
Quando a criança ou o adolescente percebem que decepcionaram o adulto com 
algum comportamento ligado à sexualidade, podem vir a desenvolver sentimento de 
culpa e medo de serem rejeitados. 
Segundo Aliaga, Ahumada e Villagrán (2000; apud MILENA S; 2009) à 
complexidade do diagnóstico individual deve-se acrescentar a complexidade do 
 
 
34 
 
 
relacionamento do casal, pois a sexualidade é um fenômeno que se desenvolve e 
acontece entre duas pessoas, o que faz necessário prestar sempre atenção a cada 
uma das partes dessa relação e ao tipo de dinâmica que eles estabelecem. 
De acordo com Bastos (2003; apud MILENA S; 2009) a disfunção sexual torna 
o vínculo conjugal fragilizado. O vaginismo, em particular, afeta a mulher em diversos 
segmentos da vida, como nas suas relações interpessoais, sua autoestima, 
autoimagem e principalmente no relacionamento com seu parceiro. 
O marido se sente rejeitado, mas pode se adaptar e ambos podem chegar ao 
orgasmo sem penetração. O homem pode vir a desenvolver um quadro de disfunção 
sexual, como disfunção erétil ou ejaculação precoce. 
Abdo (2004; apud MILENA S; 2009), em estudo sobre a vida sexual do 
brasileiro, com amostra de mais de 7000 pessoas, levantou dados que afirmam que 
50,9% das mulheres têm alguma dificuldade sexual. 
SegundoAbdo e Oliveira Junior (2002; apud MILENA S; 2009) apesar das 
disfunções sexuais serem comuns em mulheres ao longo da vida, há uma deficiência 
na detecção dessas disfunções, um dos motivos pode ser o fato de que tanto o médico 
quanto a paciente desconhecem, na maioria das vezes, a natureza dessas disfunções 
ou não se sentem à vontade para abordar esse assunto. 
O interesse das mulheres em sua qualidade de vida sexual vem crescendo a 
cada dia, assim como a disponibilidade de novos recursos terapêuticos efetivos, 
confortáveis e de baixo risco para o tratamento das disfunções sexuais. 
De acordo com Abdo (2004; apud MILENA S; 2009) 32,4% das mulheres não 
levam suas queixas sexuais ao médico. Para Scanavino (2006; apud MILENA S; 
2009), uma parcela muito significativa de casos de disfunções sexuais femininas deixa 
de ser diagnosticada, ocorrendo um comprometimento da satisfação afetivo-sexual 
dessas mulheres. 
 Segundo Junqueira et al (2005; apud MILENA S; 2009), geralmente as 
mulheres procuram o ginecologista para sanar dúvidas em relação à sexualidade. 
Aliaga, Ahumada e Villagrán (2000) acrescentam que o ginecologista e/ou obstetra é 
visto pelas pacientes como o profissional mais apropriado para discutir assuntos 
ligados à sexualidade. 
 
 
35 
 
 
De acordo com Aliaga, Ahumada e Villagrán (2000; apud MILENA S; 2009), 
embora haja consenso nas especialidades médicas que a história sexual é parte 
integrante de uma completa avaliação médica, muitos profissionais preferem pular 
perguntas sobre esta área, o que dificulta a investigação de problemas sexuais. 
Dada a multicausalidade das disfunções sexuais, é necessário um trabalho em 
equipe interdisciplinar, onde haja um permanente contato e intercambio entre os 
profissionais. 
Segundo Fleury (2006; apud MILENA S; 2009) os profissionais da área de 
saúde que não têm o hábito de lidar com a sexualidade dificultam a abordagem desse 
aspecto da vida de suas pacientes. Os profissionais menos experientes referem 
ansiedade em relação ao modo de ouvir e lidar com o que as pacientes dizem. 
Relatam, também, um desconforto em trocar ideias com os colegas sobre os desafios 
próprios dessa área. 
Abdo e Oliveira Junior (2002; apud MILENA S; 2009), em estudo recente 
realizado com 4.753 ginecologistas de todo o Brasil, verificaram que 44,4% dos 
ginecologistas entrevistados sempre investigam a saúde sexual de suas pacientes e 
49% não se sentem seguros para abordar questões relacionadas à sexualidade; 
83,7% desses médicos acreditam que as dificuldades sexuais de suas pacientes 
aparecem encobertas por queixas relacionadas a outras doenças, o que sugere que 
há um número significativo de disfunções sexuais não diagnosticadas e 
consequentemente não tratadas. 
Os resultados da pesquisa evidenciam que quanto mais inseguro está o médico 
para abordar questões relativas à sexualidade e as disfunções sexuais menor é a 
possibilidade de ele investigar esses aspectos. 
Os ginecologistas deparam-se e tratam as disfunções sexuais femininas em 
consultório, independente de se sentirem seguros ou não, no entanto, aqueles que se 
sentem “seguros” investigam espontaneamente, duas vezes mais que os “não 
seguros”. Os autores discutem que esse dado aponta para a necessidade de maior 
esclarecimento médico e das pacientes sobre as disfunções sexuais. 
Para Junqueira et al (2005; apud MILENA S; 2009), as dificuldades dos 
médicos no manejo da sexualidade demonstram a deficiência das escolas médicas. 
Gonçalves (2006; apud MILENA S; 2009) pontua que a graduação na escola de 
 
 
36 
 
 
medicina em pleno terceiro milênio não inclui um estudo mais amplo da sexualidade, 
tendo esta despertado o interesse da área médica há pouco tempo. As mudanças 
sociais e as influências culturais impuseram essa questão central da vida humana, 
portanto, é preciso conhecer e atender à demanda. 
De acordo com Ferreira e Souza (2007; apud MILENA S; 2009) vários fatores 
colaboram para a relevância dos transtornos da sexualidade feminina: as mudanças 
nas expectativas sexuais das mulheres, maior liberação sexual feminina atestada nos 
dias atuais e informações constantemente veiculadas pela mídia sobre o tema. 
Os avanços progressivos da indústria farmacêutica, a crescente sensibilidade 
de alguns profissionais de saúde quanto à sexualidade feminina e, acima de tudo, a 
alta prevalência das disfunções sexuais femininas (ABDO, 2004; apud MILENA S; 
2009) são importantes fatores que indicam a importância do tema. 
Um aspecto que chama atenção, a partir da literatura consultada, é o crescente 
interesse das diversas áreas pela sexualidade e os problemas ligados a ela. Cada vez 
mais, a especialidades se unem com o intuito de contribuir para o tratamento das 
disfunções sexuais. 
 
 
 A interdisciplinaridade pressupõe que os profissionais tenham suficiente 
conhecimento das especialidades afins e que possam exercer uma interação. 
Significa uma interface entre diversas disciplinas, que se comunicam e se articulam. 
A terapia conduzida por uma equipe que interage e se comunica produz maior adesão 
da paciente ao tratamento, além de aumentar as possibilidades de o resultado final 
ser satisfatório. 
Segundo Fleury (2006; apud MILENA S; 2009) no atendimento da mulher com 
disfunção sexual a avaliação psicológica deve abranger um referencial ampliado, que 
inclui aspectos orgânicos, psicológicos, sociais, culturais e relacionais para que seja 
possível contextualizar a experiência sexual e os possíveis fatores envolvidos na 
disfunção. 
Ao utilizar tal modelo ampliado de saúde sexual, a Psicologia traz subsídios 
para o atendimento interdisciplinar, sendo capaz de identificar fatores importantes que 
 
 
37 
 
 
podem ser abordados na avaliação da mulher com disfunção. Esses fatores podem 
ser divididos em dimensões psicológicas, psicossocial, sociocultural e relacional. 
Sobre a atuação do fisioterapeuta no tratamento das disfunções sexuais, 
Etienne e Waitman (2006; apud MILENA S; 2009) salientam que, embora recente, a 
atuação da fisioterapia na área da ginecologia vem promovendo benefícios à saúde 
da mulher com queixas sexuais. O fisioterapeuta deve analisar e avaliar o conjunto do 
organismo do paciente, levando em consideração toda a biomecânica e hábitos do 
cotidiano, além de aspectos psíquicos e emocionais de cada paciente. 
 A fisioterapia pode possibilitar à paciente reconhecer as sensações de seu 
corpo, fazendo-a perceber a diferença entre desejo miccional e desejo sexual, o que 
pode promover, em alguns casos, o aumento da libido. 
As autoras ressaltam ainda que o fisioterapeuta deve estar atento e informado 
para poder esclarecer questões relativas à sexualidade e encaminhar para consultas 
médicas e acompanhamento psicoterápico sempre que necessário. Ele pode também 
exercer o papel de “controlador”, no bom sentido, verificando quando preciso, se a 
paciente está seguindo as orientações médicas. 
O ginecologista também possui um papel central no tratamento das disfunções 
sexuais, segundo Gonçalves (2006; apud MILENA S; 2009) as queixas sexuais no 
consultório médico são incontáveis, muitas vezes elas podem ser ocultas, mas 
dependendo do manejo do ginecologista elas podem tornar-se evidentes. A 
abordagem da sexualidade feminina pelo ginecologista ainda é pobre, difícil e 
praticamente “impraticável”. 
O ginecologista, na prática clínica, não pode deixar de abordar questões 
frequentes relacionadas às dificuldades sexuais, como: desinformações e 
preocupações sexuais; falsas concepções sobre a sexualidade; ansiedade; perda ou 
diminuição da autoestima; deterioração do relacionamento do casal e inadequações 
sexuais. O ginecologista deve abster-se de analisar e tratar, pelo fato de não estar 
preparado ou habilitado para conduzir, casos de desvios sexuais, aversão sexual, 
disfunções sexuais de longa duração ou com causa psicogênica. 
Segundo Auge(2006; apud MILENA S; 2009) cabe ao ginecologista avaliar 
fisicamente a paciente, a integridade do ambiente hormonal e sua repercussão sobre 
o organismo, a fim de possibilitar o restabelecimento funcional. A história médica, 
 
 
38 
 
 
sexual e psicológica deve ser feita detalhadamente, além de exames físicos, 
laboratoriais específicos para uma completa avaliação da disfunção sexual. 
Para Gonçalves (2006; apud MILENA S; 2009) a sexualidade deve constituir 
uma parte rotineira da consulta ginecológica. O ginecologista deve diagnosticar e 
tratar as causas orgânicas e dar um suporte terapêutico breve, não esquecendo que 
a queixa deve ser entendida a partir do contexto existencial de cada paciente, pois 
para compreender o indivíduo é preciso observá-lo na dinâmica de sua época, sua 
cultura e seu círculo familiar e social. 
Sobre a clínica urológica, Oliveira (2006; apud MILENA S; 2009) salienta que o 
urologista está habituado a tratar disfunções sexuais masculinas, mas é fundamental 
que ele conheça os fatores causadores das disfunções sexuais femininas, já que 
muitas vezes ele se depara com um paciente com disfunção erétil ou ejaculação 
precoce, cuja causa principal seja uma disfunção sexual de sua parceira, já que são 
frequentes problemas sexuais comuns ao casal. 
Há uma alta incidência de disfunções nos parceiros de mulheres disfuncionais, 
o que aponta para a necessidade da avaliação do casal, sempre que se pretende 
tratar uma disfunção sexual. 
As Disfunções Sexuais Femininas (DSFs) podem ser sintomáticas de 
problemas biológicos, intrapsíquicos, ou conflitos interpessoais, também 
podendo se tratar de uma combinação dos três fatores. O funcionamento 
sexual feminino pode ser prejudicado por dificuldades emocionais, estresse 
e pela falta de conhecimento do funcionamento e fisiologia sexual (KAPLAN; 
SADOCK, 2007; apud CURTI P; 2010). 
 
6.1 Classificação 
Mais recentemente foi publicado o DSM V, que alterou a classificação das 
Disfunções Sexuais em: 
 Interesse sexual feminino; 
 Desejo sexual hipoativo e Transtorno de excitação sexual feminina; 
 Distúrbio orgásmico feminino; 
 Distúrbio genito-pélvico de dor; 
 Dispareunia e Vaginismo; 
 Disfunção sexual induzida por medicação; 
 
 
39 
 
 
 Outras disfunções sexuais não especificadas. 
(American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental 
disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013 – 
Manual diagnóstico e estatístico de distúrbios – DSM-5.) 
Fonte: vix.com 
6.2 Subclassificações 
Os subtipos são usados para designar o início da dificuldade. Em muitos 
indivíduos com disfunções sexuais, o momento de início do quadro poderá indicar 
etiologias e intervenções diferentes. 
Ao longo da vida: refere-se a um problema sexual que está presente desde 
as primeiras experiências sexuais; 
Adquirido: Aplica-se aos transtornos sexuais que se desenvolvem após um 
período de função sexual relativamente normal. 
Generalizado: Refere-se a dificuldades sexuais que não se limitam a certos 
tipos de estimulação, situações ou parceiros. 
Situacional: Aplica-se a dificuldades sexuais que ocorrem somente com 
determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros. 
Quanto à gravidade atual, podem ser subclassificadas em: 
 
 
40 
 
 
 Leve: Evidência de sofrimento leve em relação aos sintomas; 
 Moderada: Evidência de sofrimento moderado em relação aos 
sintomas; 
 Grave: Evidência de sofrimento grave ou extremo em relação aos 
sintomas. 
(American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental 
disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013 – 
Manual diagnóstico e estatístico de distúrbios – DSM-5.) 
6.3 Fatores de risco 
Os fatores de risco mais conhecidos para disfunção sexual feminina apontados 
em estudos anteriores são: idade avançada, menopausa, depressão, drogas 
antipsicóticas, níveis educacionais mais baixos e baixa frequência mensal de relações 
sexuais. A disfunção sexual feminina é influenciada por fatores biológicos, 
psicológicos e socioculturais. 
 
Assim, é necessário investigar as disfunções sexuais femininas em diferentes 
populações e analisar continuamente a evolução do padrão de prevalência de FSD e 
os fatores de risco associados a esses distúrbios ao longo do tempo (SHIN et al., 
2016; apud ARAÚJO C; 2018). 
A sexualidade é um elemento com potencial de influenciar a saúde física e 
mental do ser humano, podendo ser ela então impactada por aspectos 
orgânicos, emocionais e sociais. A questão da sexualidade, em oposto ao 
conceito formado pelo senso comum, possui seu fator fisiológico ao conceito 
formado pelo senso comum, possui seu fator fisiológico ou na genitália 
propriamente dita, apenas em um dos seus diversos estímulos. (VITIELLO E 
CONCEIÇÃO, 1993, p.48 apud SILVA A; 2015). 
6.4 Fatores biológicos 
Mulheres com a saúde geral excelente são mais propensas a não apresentar 
disfunção sexual. Já aquelas que afirmam ter uma saúde comprometida são as que 
mais apresentam redução do desejo sexual e dispareunia. 
 
 
41 
 
 
A auto-relato de saúde e os níveis de atividade física mostraram-se correlatos 
importante da função sexual, pois mais problemas do orgasmo foram encontrados em 
mulheres sedentárias e níveis mais altos de desejo sexual foram encontrados para 
aqueles que relataram maior autopercepção de boa saúde e maiores taxas de 
exercício físico. A percepção de má saúde também foi um preditor para a falta de 
desejo sexual das mulheres, assim como de excitação, orgasmo e dispareunia (MC 
CABE et al., 2016; apud ARAÚJO C; 2018). 
Drogas também têm demonstrado ter um impacto negativo na função 
orgásmica e no interesse sexual. Várias doenças crônicas, síndrome metabólica e 
obesidade também podem estar associadas à disfunção sexual. 
Além disso, a incontinência urinária de esforço e sintomas do trato urinário têm 
influência negativa no interesse sexual das mulheres, desejo, excitação, lubrificação, 
orgasmo, dispareunia e vaginismo (MC CABE et al., 2016; apud ARAÚJO C; 2018). 
A histerectomia também afeta a sexualidade das mulheres, com redução do 
desejo sexual, excitação e orgasmo. Estudos apontam que cerca de 16% das 
mulheres com menopausa induzida apresentam baixo desejo sexual em comparação 
com 7% de mulheres que ainda menstruam. 
A terapia de reposição hormonal pode melhorar o desejo, mas não altera a 
angústia (MC CABE et al.., 2016; apud ARAÚJO C; 2018). 
A sexualidade de uma pessoa está estreitamente ligada a outros fatores da 
personalidade, à conformação biológica e ao senso geral do self. Inclui a 
percepção de ser homem ou mulher, e reflete experiências evolutivas com o 
sexo ao longo de todo o ciclo vital. (KAPLAN, 2003, p. 616 apud SILVA A; 
2015). 
6.5 Fatores psicológicos 
Problemas emocionais, estresse, depressão e ansiedade comprometem 
diretamente a função sexual. 
Além disso, algumas doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia também 
foram descritas por estarem associadas à disfunção sexual (MC CABE et al.., 2016; 
apud ARAÚJO C; 2018). 
 
 
42 
 
 
6.6 Fatores socioculturais 
Estudos mostram que mulheres vítimas de violência sexual apresentam maior 
chance de desenvolver algum tipo de disfunção sexual comparadas às mulheres sem 
história de abuso sexual. 
Dispareunia, baixos níveis de interesse sexual, excitação, orgasmo são 
significativamente mais comuns em mulheres solteiras e em mulheres com 
dificuldades conjugais. Existe uma estreita relação entre a manifestação de disfunções 
sexuais femininas e as disfunções sexuais apresentadas pelo seu parceiro (MC CABE 
et al.., 2016; apud ARAÚJO C; 2018). 
Além dos fatores avaliados, mulheres mais velhas na idade da primeira relação 
sexual, com número elevado de parceiros sexuais ou em uso de contraceptivos orais 
apresentam menor risco para disfunção sexual ao contrário daqueles que praticam

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