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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2 DISFUNÇÕES SEXUAIS ............................................................................ 5 2.1 Epidemiologia ....................................................................................... 8 2.2 Etiopatogenia ....................................................................................... 9 2.3 Fatores de risco .................................................................................. 10 3 DISFUNÇÕES SEXUAIS MASCULINAS .................................................. 11 3.1 Fisiologia da ejaculação ..................................................................... 13 3.2 Tipos de disfunção ejaculatória .......................................................... 14 4 ANATOMIA DO PÊNIS ............................................................................. 18 4.1 Ereção peniana .................................................................................. 18 4.2 Inervação do pênis ............................................................................. 20 5 DEFINIÇÃO DA DISFUNÇÃO ERÉTIL (DE) ............................................. 22 5.1 Etiologia da DE ................................................................................... 22 5.2 Disfunção erétil psicológica ................................................................ 25 5.3 Desejo sexual hipoativo masculino 302.71 (F52.0) ............................ 26 5.4 Transtorno de aversão ao sexo .......................................................... 29 5.5 Transtorno orgásmico masculino ....................................................... 29 6 DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA ....................................................... 30 6.1 Classificação ...................................................................................... 38 6.2 Subclassificações ............................................................................... 39 6.3 Fatores de risco .................................................................................. 40 6.4 Fatores biológicos .............................................................................. 40 6.5 Fatores psicológicos ........................................................................... 41 6.6 Fatores socioculturais......................................................................... 42 3 6.7 Quadro clínico .................................................................................... 43 6.8 Distúrbio orgásmico ............................................................................ 44 6.9 Transtorno do interesse/excitação sexual .......................................... 45 6.10 Dispareunia ..................................................................................... 46 6.11 Diagnóstico ..................................................................................... 47 6.12 Tratamento ...................................................................................... 51 6.13 Dispositivos mecânicos ................................................................... 52 6.14 Tratamento medicamentoso ............................................................ 52 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 54 8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 56 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 DISFUNÇÕES SEXUAIS Fonte: paih.com.br As disfunções sexuais incluem ejaculação retardada, transtorno erétil, transtorno do orgasmo feminino, transtorno do interesse/excitação sexual feminino, transtorno da dor gênito-pélvica/penetração, transtorno do desejo sexual masculino hipoativo, ejaculação prematura (precoce), disfunção sexual induzida por substância/medicamento, outra disfunção sexual especificada e disfunção sexual não especificada. As disfunções sexuais formam um grupo heterogêneo de transtornos que, em geral, se caracterizam por uma perturbação clinicamente significativa na capacidade de uma pessoa responder sexualmente ou de experimentar prazer sexual. Um mesmo indivíduo poderá ter várias disfunções sexuais ao mesmo tempo. Nesses casos, todas as disfunções deverão ser diagnosticadas. O julgamento clínico deve ser utilizado para determinar se as dificuldades sexuais são resultado de estimulação sexual inadequada; mesmo nessas situações ainda pode haver necessidade de tratamento, embora o diagnóstico de disfunção sexual não seja aplicável. Esses casos incluem, mas não se limitam a, condições nas quais a falta de conhecimento sobre estimulação eficaz impede a experiência de excitação ou de orgasmo. 6 Os subtipos são usados para designar o início da dificuldade. Em muitos indivíduos com disfunções sexuais, o momento de início do quadro poderá indicar etiologias e intervenções diferentes. Ao longo da vida refere-se a um problema sexual que está presente desde as primeiras experiências sexuais, e adquirido aplica-se aos transtornos sexuais que se desenvolvem após um período de função sexual relativamente normal. Generalizado refere-se a dificuldades sexuais que não se limitam a certos tipos de estimulação, situações ou parceiros, e situacional aplica-se a dificuldades sexuais que ocorrem somente com determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros. Além dos subtipos ao longo da vida/adquirido e generalizado/situacional, inúmeros fatores devem ser considerados durante a avaliação de uma disfunção sexual, tendo em vista que poderão ser relevantes para a etiologia e/ou tratamento e contribuir, em maior ou menor grau, para a disfunção nos indivíduos: Fatores relacionados ao parceiro (p. ex., problemas sexuais; estado de saúde); Fatores associados ao relacionamento (p. ex., falta de comunicação; discrepâncias no desejo para atividade sexual); Fatores relacionados a vulnerabilidade individual (p. ex., má imagem corporal; história de abuso sexual ou emocional), comorbidade psiquiátrica (p. ex., depressão, ansiedade) ou estressores (p. ex., perda de emprego, luto); Fatores culturais ou religiosos (inibições relacionadas a proibições de atividade sexual ou prazer; atitudes em relação à sexualidade); e Fatores médicos relevantes para prognóstico, curso ou tratamento. O julgamento clínico sobre o diagnóstico de disfunção sexual deve levar em consideração fatores culturais que possam influenciar expectativas ou criar proibições sobre a experiência do prazer sexual. O envelhecimento pode estar associado a redução na resposta sexual normal para o período. 7 A resposta sexual tem uma base biológica essencial, embora, em geral, seja vivenciada em um contexto intrapessoal,interpessoal e cultural. Portanto, a função sexual envolve uma interação complexa entre fatores biológicos, socioculturais e psicológicos. Em muitos contextos clínicos, não se conhece com exatidão a etiologia de um determinado problema sexual. Não obstante, o diagnóstico de uma disfunção sexual requer a exclusão de problemas que são mais bem explicados por algum transtorno mental não sexual, pelos efeitos de uma substância (p.ex., droga ou medicamento), por uma condição médica (p.ex., devido a alguma lesão no nervo pélvico) ou por perturbação grave no relacionamento, violência do parceiro ou outros estressores. Nos casos em que a essência da disfunção sexual for explicável por outro transtorno mental não sexual (p. ex., transtorno depressivo ou transtorno bipolar, transtorno de ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno psicótico), deve-se, então, diagnosticar apenas o outro transtorno mental. Problemas que forem mais bem explicados pelo uso, abuso ou descontinuação de um medicamento ou substância devem ser diagnosticados como disfunção sexual induzida por substância/ medicamento. Nos casos em que a disfunção for atribuível a outra condição médica (p. ex., neuropatia periférica), o indivíduo não deve receber um diagnóstico psiquiátrico. A sexualidade é, a manifestação de um estado interior que impulsiona o indivíduo para a vida. É a forma de sentir o corpo, de comunicar-se, de manifestar afeto e expressar sentimentos, desejos e prazeres corporais e emocionais. É a energia que motiva o indivíduo a buscar o contato, a intimidade, a ternura, o amor, evidenciando-se nos movimentos das pessoas, ou seja, como elas tocam e são tocadas. É uma qualidade individual e também relacional. Está no toque, no olhar, no aroma, no timbre da voz, no abraço, no beijo, em qualquer carícia, como também nas relações sexuais, tais como o coito em suas centenas de posições, auto erotização, fantasias sexuais (Tozo 2011, p. 2 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). O termo dificuldades sexuais, engloba muito além de uma disfunção sexual, pois um mesmo indivíduo pode ter várias disfunções sexuais ao mesmo tempo, limitando assim, sua capacidade de prazer sexual e/ou responder a estímulos sexuais, de forma que impeça a experiência de excitação e/ou orgasmo (APA, 2014 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). 8 O conceito de disfunção sexual é apontado por Wincze, Bach e Barlow (1999 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015), como uma perturbação nas fases do desejo, excitação, orgasmo e/ou resolução, ou quando apresenta dores durante a relação sexual. Em complemento a APA (2014 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015), entende por disfunção sexual o julgamento clínico de respostas comportamentais sexuais resultadas de estimulações sexuais inadequadas. Contudo, as disfunções sexuais são comportamentos, pensamentos e sentimentos desadaptativos que podem estar associados a fatores fisiológicos e psicossociais, de modo que resultam em perturbações em qualquer uma das quatro etapas do ciclo de resposta sexual (Marques, Chedid & Eizerik, 2008 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). Neste sentido, é preciso que haja uma persistência dos sinais e sintomas (apresentados há pelo menos seis meses), e que estes causem problemas e aflições significativas para o indivíduo ou o casal. Cabe ressaltar que, conceitos como os de adequação e inadequação sexual sejam considerados, visto que, adequado é aquele indivíduo ou casal que funcional ou disfuncional atingem uma satisfação em sua relação sexual, enquanto inadequado é aquele que está insatisfeito com sua interação na relação sexual (Marques, Chedid & Eizerik, 2008 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). 2.1 Epidemiologia Existem poucos dados epidemiológicos quanto às disfunções sexuais, isso porque é difícil definir a prevalência exata devido às limitações metodológicas, tais como, diagnóstico errôneo, amostra inadequada e problemas de mensuração (Tess & Savoia, 2007 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). Contudo, Marques, Chedid e Eizerik (2008 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015) apontam que as dificuldades sexuais têm alta prevalência, uma vez que afetam 43% das mulheres e 31% dos homens. Fatores demográficos como gênero e idade são preditivos. Enquanto, em homens mais velhos é mais comum a redução do desejo sexual e dificuldades de ter/manter ereções (Tess & Savoia, 2007 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). 9 Quanto aos fatores que impulsionam as disfunções sexuais, as mudanças fisiológicas e os fatores físicos relacionados ao envelhecimento, justificam com maior frequência as dificuldades sexuais em homens. Enquanto nas mulheres são os fatores emocionais que predominam incidência, já para os fatores psicossociais não há uma discrepância entre ambos os sexos, pois as características de uma melhor qualidade de vida diminuem as chances de queixas nas repostas sexuais (Tess & Savoia, 2007 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). 2.2 Etiopatogenia A etiopatogenia das disfunções sexuais é multifatorial. Isto é, o estudo das causas e/ou dos mecanismos patogênicos que desenvolvem as disfunções sexuais está ligado diretamente às perspectivas biológicas, psicológicas e sociais. Classificados como vulnerabilidade individual, relacionamento, parceiro/a, doença, cultura e religião (Marques, Chedid & Eizerik, 2008 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). Já a patogenia das disfunções sexuais, por sua vez refere-se aos acontecimentos que se desencadeiam a partir dos fatores etiológicos, estão direcionados aos fatores de riscos psicossociais. Dentre eles: os transtornos psicológicos, pensamentos disfuncionais, sentimento de culpa e/ou ansiedade, fatores culturais, déficit na educação sexual, déficit nas habilidades sociais, ausência de atração física e repertorio sexual restrito (Marques, Chedid & Eizerik, 2008 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). Carey (2011 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015) aponta que embora as pesquisas sobre a etiopatogenia das dificuldades sexuais ainda precisam de maiores investigações, suas influências e contribuições são indispensáveis para a formulação teórica/prática das disfunções sexuais. Assim, ao se tratar de dificuldades sexuais é imprescindível compreender o papel da fisiologia humana, do enfoque biopsicossocial e dos fatores de risco, pois interferem diretamente na predisposição, no desencadeamento e manutenção das disfunções sexuais. 10 Embora seja vivenciada em uma conjuntura entre intrapessoal, interpessoal e cultural, a resposta sexual humana tem como primórdio a base biológica, por isso identificar seus fatores se faz bastante relevante (APA, 2014 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). É importante ressaltar que a orientação sexual não é um fator determinante para as dificuldades sexuais, ou seja, tanto indivíduos heterossexuais, homossexuais e bissexuais podem apresentar uma dificuldade ou disfunção sexual em qualquer período da vida (Becker & Stinson, 2012 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015). Quando identificada uma disfunção sexual, deve-se caracterizar o tipo da etiopatogenia, ou seja, ela pode ser relacionada apenas a fatores psicológicos ou relacionada a fatores psicológicos e a outros fatores combinados, de modo que, as causas podem ser orgânicas, psicológicas ou até mesmo mistas. Dinis e Luz (2007 apud Oliveira D; Oliveira C; 2015) acrescentam que as disfunções sexuais podem ser desencadeadas pelas causas orgânicas e agravadas por fatores emocionais, como por exemplo, casos que envolvem fatores econômicos, profissionais, traumas sexuais, falta de conhecimento do corpo e falta de experiência sexual. 2.3 Fatores de risco Os fatores de riscos identificados na literatura por Lewis et al. (2010 apud Oliveira P; 2018) para todas as disfunções sexuais, independentemente do gênero, são as condições sócio demográficas desfavoráveis, a presençade transtornos psiquiátricos ou psicológicos ou ainda, seu estado geral de saúde, principalmente a incidência de doenças como: diabetes mellitus, problemas cardiovasculares, doenças no aparelho geniturinário ou outras condições crônicas. Althof e Needle (2013 apud Oliveira P; 2018) categorizam os fatores de risco para as disfunções sexuais em 5 elementos predisponentes: Constitucionais: desregulação hormonal, temperamento (timidez ou impulsividade), deformidades anatômicas, etc.; 11 Do desenvolvimento: intervenções cirúrgicas, abuso sexual, exposição a violência física, religião (constrangimentos, expectativas), entre outros; Disparadores: mudanças importantes (divórcio, luto, menopausa), infertilidade, puerpério, depressão, ansiedade, abuso de substâncias, etc.; Mantenedores: doenças crônicas ou agudas, uso contínuo de medicamentos, perda da autoconfiança, estresse emocional, ocupacional, entre outros; Contingencial: desemprego, cuidado especial de pais, filhos ou parceiro, falta de privacidade, turno de trabalho diferente do parceiro, entre outros. O desempenho sexual é um dos aspectos com importante contribuição para o bem-estar psicológico do ser humano. Isto é, a questão de como o ser humano mantém relações sexuais faz com que a sexualidade seja um importante pólo estruturante da identidade e da personalidade. Ao final da década de 90, o surgimento de fármacos como o Viagra (citrato de sildenafil) promoveu uma importante mudança nas formas culturais de se conceber a sexualidade masculina (Paranhos, 2007 apud Britto R; Benetti 2010). 3 DISFUNÇÕES SEXUAIS MASCULINAS Fonte: empoderadxs.com.br As Disfunções Sexuais Masculinas podem afetar o desejo sexual e/ou alterar as respostas psicológicas e fisiológicas do corpo frente aos estímulos sexuais, causando sofrimento e insatisfação não só para pessoa, como também para o seu par, impedindo o homem de ter uma vida sexual saudável e prazerosa. A disfunção 12 sexual pode atingir qualquer homem em qualquer idade, sendo mais comum do que se imagina. Cerca de 30 milhões de homens brasileiros possuem algum tipo de problema sexual. A ejaculação precoce ou prematura, é um dos assuntos relativos à esfera sexual que mais preocupa os homens. No interior da volumosa literatura sobre sexo e sexualidade há muito pouco sobre a ejaculação precoce e uma enorme carência de métodos e profissionais voltadas para o esclarecimento deste assunto. Conceitua-se essa disfunção por ejaculação precoce porque ocorre a incapacidade de reter voluntariamente a ejaculação. Somente indica –se o tratamento para esse diagnóstico quando se comprova junto à parceira que o tempo de reter a ejaculação é realmente muito curto, ou quando nem ainda sequer ocorra a penetração. Masters e Johnson (1970 apud Silva A, Maia A; 2004), demonstraram que um forte componente ligado à ejaculação precoce e que os homens se condicionariam a uma fácil e rápida ejaculação, estabelecendo esse padrão de comportamento sexual por toda a vida. A ansiedade também é apontada como uma grande causadora da ejaculação precoce, portanto o condicionamento não pode ser a única hipótese para a queixa. A ejaculação precoce refere-se à ejaculação com uma estimulação mínima, antes, no momento ou pouco tempo depois da penetração e “ antes do que a pessoa desejaria”. Este último ponto pode ser difícil de diagnosticar porque não está claro o que deveria ser considerado como uma duração “normal” do contato sexual antes do orgasmo. É possível que alguns homens e mulheres tenham expectativas pouco realistas com respeito ao tempo que teve de transcorrer antes do orgasmo, e os clínicos podem não estar de acordo sobre a definição precisa de “precoce”. Entretanto, os casos mais claros incluem habitualmente ejaculação antes da introdução (quando se deseja o coito) ou imediatamente depois da penetração. Outros autores adotam, em prática clínica, o conceito de ejaculação precoce como sendo a incapacidade de reter voluntariamente a ejaculação (Bestane, 2003 apud Silva A, Maia A; 2004). 13 Sendo assim, todo aquele que ejacula antes do desejo, por não inibir voluntariamente a ejaculação, padeceria de ejaculação precoce. Esse conceito de ejaculação precoce deve ser apropriado com reservas, tendo em vista que o homem de hoje se encontra pressionado cada vez mais por um desempenho maior em detrimento de seu prazer. Algumas variações devem ser consideradas como critério válido para o ejaculador precoce; como exemplo a variação de permanência dentro de vagina, isto é, a quantidade de impulso que pode tolerar antes do orgasmo. Há casos que a ejaculação acontece a poucos minutos de carícia antes do ato sexual, ou mesmo só vendo a parceria de despindo. Segundo Kaplan (2001 apud Silva A, Maia A; 2004) muitos ejaculadores prematuros ejacularão justamente antes ou imediatamente depois que introduzem na vagina, mas outros são capazes de alguns impulsos antes de atingir o orgasmo; pode- se dizer que existe prematuridade quando o orgasmo ocorre um reflexo, isto é, quando está fora do controle voluntário do homem, uma vez atingido um nível intenso de excitação sexual. Inversamente, pode-se dizer que o controle ejaculatório está estabelecido quando o homem pode tolerar os elevados níveis de excitação que caracterizam o estágio do platô do ciclo da resposta sem ejacular como um reflexo. 3.1 Fisiologia da ejaculação Tal como a primeira menstruação marca o início da puberdade feminina, pode considerar-se que a primeira ejaculação marca o início da puberdade masculina. Surge entre os 12-14 anos de idade, geralmente sob a forma de uma emissão noturna. É o resultado da crescente e fortíssima ativação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, com aumento da produção de FSH e LH e a ativação da produção dos androgênios sexuais. São estes que induzem o desenvolvimento não só os caracteres sexuais secundários como o aparecimento da espermatogênese testicular. As secreções das vesículas seminais e da próstata são também andrógeneo-dependentes. 14 3.2 Tipos de disfunção ejaculatória Anejaculação- (Incapacidade de ejacular) A anejaculação é a ausência completa de ejaculado, estando conservada a sensação orgástica (a situação em que não há ejaculação nem orgasmo denomina- se preferencialmente anorgasmia). A anejaculação deve-se à inexistência de fase de emissão, havendo fase de expulsão. A maioria dos casos de orgasmo sem ejaculação deve-se a causas psicológicas, nas quais releva o receio de provocar uma gravidez. Nesses casos, existem ejaculações fora do coito, geralmente sob a forma de poluções noturnas, ao acordar ou no decorrer de masturbações. Algumas situações neurológicas, como a esclerose múltipla, a mielite transversa, as lesões vértebro- medulares e a iatrogenia cirúrgica e medicamentoso podem também ser causa de anejaculação. Ejaculação retrógrada - (Ejaculação para dentro da bexiga) A ejaculação retrógrada caracteriza-se pela ausência total ou parcial de emissão do ejaculado, devido ao insuficiente encerramento do esfíncter uretral interno. Devido a essa incompetência esfincteriana o esperma passa da uretra posterior para o interior da bexiga. Permanece a sensação de orgasmo. A etiologia é frequentemente de origem psicológica, neurológica ou devido à ação medicamentosa. Muitas vezes, o diagnóstico diferencial com a anejaculação só pode ser afirmado perante a evidência da presença de espermatozoides, de frutose ou de citrato na urina pós-orgasmo. Ejaculação dolorosa A ejaculação que é acompanhada de dor deve-se geralmente a processos infecciosos ou inflamatórios do aparelho genital. Estas podem ser uretrites, verumontanites, prostatites e vesiculites, agudas ou crônicas. Em termos gerais, a dor pré-ejaculatória deve-se a um espasmo da próstata e a dor pré- ejaculatóriaa processos infecciosos agudos. Quando a causa da dor é psicológica ou psíquica, costuma apresentar-se após a ejaculação e com uma duração que pode durar alguns minutos a vários dias. Ejaculação reflexa 15 Nos doentes paraplégicos ou com paraparesias, em que a lesão ocorre acima de L1, os centros mecânicos medulares ficam desconectados do seu controlo cerebral. A ejaculação fica apenas pode acontecer por mecanismos reflexos. Muitas vezes o homem só tem consciência de uma sensação de contratura dos músculos abdominais, sente náuseas e cefaleias. Com o tempo pode vir a sentir uma sensação agradável. Ejaculação asténica A ejaculação asténica, também chamada incompetência parcial ejaculatória (Kaplan, 1988 apud Pereira N; Gomes M; 2017), caracteriza-se pela diminuição ou ausência de contrações musculares que projetem o esperma. Assim, a ejaculação faz- se sem força. A causa deve-se à inibição seletiva da fase de expulsão, sendo normal a fase de emissão. Ocorre habitualmente nos homens com lesões medulares abaixo de L1, como por exemplo os paraplégicos ou paraparésicos, em que só permanece ativo o centro secretor medular. Nas hipertrofias benignas da próstata, nas estenoses uretrais e nas hipotonias do esfíncter externo podem também ser responsáveis por uma ejaculação asténica, mas a causa é simplesmente obstrutiva. Alguns autores chamam-lhe pseudo-ejaculação asténica. Ejaculação retardada A ejaculação retardada, também denominada incompetência ejaculatória (Masters e Jonhson, 1970 apud Pereira N; Gomes M; 2017) deve-se ao atraso ou à inibição específica dos mecanismos da ejaculação. É, involuntariamente, uma ejaculação muito tardia. Muitas vezes só se verifica durante as relações coitais, não acontecendo com a masturbação, onde os mecanismos são essencialmente reflexos. É relativamente pouco frequente, não ultrapassando cerca de 5% de prevalência. A etiologia é frequentemente de origem medicamentosa, embora também possa dever-se a perturbações psicológicas e a doenças neurológicas. Dentre os fármacos capazes de provocar um retardamento ejaculatório salientam-se, pela sua 16 frequência, os ISRS (fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina e sertralina), os antidepressivos tricíclicos (clomipramina, imipramina, amitriptilina, doxepina), os IMAOS (nialamida, iproniazida, fenelzina), os anti-hipertensivos (bloqueadores α- adrenérgicos, metildopa, reserpina, tiazidas) e as benzodiazepinas. Ejaculação prematura A ejaculação prematura é a mais frequente das disfunções sexuais masculinas, com uma prevalência que atinge, nos países europeus e norte-americanos, cerca de 30-35% dos homens, independentemente da idade. Ejaculação prematura é a situação recorrente em que a ejaculação se produz antes de desejada pelo homem. Esta é uma definição simples e que, quanto a nós, caracteriza bem o problema, introduzindo o conceito de controlo ejaculatório. Mas não é possível estabelecer uma definição absoluta da ejaculação prematura, já que esta precisa de ser qualificada através da idade do indivíduo, das circunstâncias, da frequência das relações sexuais, das expectativas de cada parceiro. A avaliação subjetiva do casal, baseada em critérios de prazer e satisfação, mais do que critérios de tempo, de desempenho ou de performance, é essencial para a caracterização clínica da ejaculação prematura. A utilização do termo “ejaculação prematura” é preferível a “ejaculação precoce” ou “ejaculação muito rápida”, devido a ser melhor descritiva e ter menor representação negativa para o homem e para o casal. Deve-se à ausência ou à diminuição do controlo cerebral dos mecanismos medulares da ejaculação. A principal e mais frequente etiologia é psicogênica. A etiologia orgânica é relativamente rara, quase sempre devido a processos inflamatórios e/ou infecciosos da próstata e vesícula seminal. Pode dever-se à ação de certas drogas ou medicamentos, como anfetaminas, cocaína, nicotina e alguns alucinógeneos. Também pode dever-se a uma glande hipersensível ou a um freio curto. A espinha bífida, a esclerose múltipla e outras doenças medulares podem ainda ser causa de ejaculação prematura. Existem dois tipos de ejaculação prematura: primária, quando surge no início da atividade sexual, e secundária, quando se instala num momento tardio da vida sexual. A ejaculação prematura primária é quase sempre devida a um erro na aprendizagem das primeiras experiências sexuais. 17 A aprendizagem é o principal mecanismo que vai permitir a retroalimentação sensorial pela qual o reflexo da ejaculação se converte num ato voluntário (Fabian e Pomerol, 1999 apud Pereira N; Gomes M; 2017). Todas as circunstancias que interfiram negativamente nesta aprendizagem, podem gerar um reflexo condicionado que desencadeie a ejaculação prematura. Neste mecanismo cria-se um círculo vicioso: o indivíduo reage mais rápido, aumenta a ansiedade, favorece a ejaculação prematura e bloqueia o potencial que permite o prazer sexual. Os fatores desencadeadores da ejaculação prematura secundária estão relacionados com tudo o que é inerente à terminologia de stress, característica da sociedade atual, em que o prazer erótico se encontra ligado ao sucesso e ao poder. Ou ainda ao tipo de vida consumista, com os seus hábitos tóxicos (álcool, drogas, estimulantes, tabaco, etc.), poucas horas de descanso ou falta de exercício físico. O elevado grau de ansiedade desencadeia uma grande frustração, que faz aumentar a ansiedade antecipatória a próximos fracassos. Ejaculação precoce (Antes ou um pouco depois de penetrar a vagina) A ejaculação precoce (EP) é uma das disfunções sexuais masculinas mais frequentes, principalmente entre os homens mais jovens (5%-40% dos homens sexualmente ativos). A ejaculação precoce (EP) é a dificuldade em perceber as sensações que antecedem o orgasmo e ocorre antes ou dentro de um minuto após a penetração. Essa incapacidade de retardar ejaculação traz consequências negativas tais como angústia, incômodo e frustração (RIERA, 2012 apud Nascimento N; 2014). Pode ser definida como uma condição persistente e repetitiva na qual o homem é incapaz de controlar a resposta sexual e atinge o orgasmo com poucos estímulos sexuais (ROS et al., 2001 apud Nascimento N; 2014). As disfunções sexuais são ainda divididas em subtipos: quanto à natureza, contexto e fatores etiológicos. Quanto à natureza do início da disfunção, pode ser ao longo da vida, com início a partir das primeiras relações sexuais, ou adquirida durante um período específico. Em relação ao contexto na qual ocorre, pode ser do tipo generalizado ou situacional (limitada a certos estímulos). 18 Quanto aos fatores etiológicos, podem ser de ordem psicológica ou de uma combinação de fatores (fatores psicológicos, medicamentosos, além de certas condições médicas). 4 ANATOMIA DO PÊNIS O pênis é composto por três estruturas cilíndricas sendo duas delas os corpos cavernosos e um corpo esponjoso, este último envolve a uretra e forma a glande peniana na porção distal. A parte proximal do pênis encontra-se ancorada no osso pélvico, sendo esta região denominada crura dos corpos cavernosos, enquanto a parte proximal do corpo esponjoso forma o bulbo peniano. Tanto a crura quanto o bulbo estão conectados aos músculos estriados. O bulbo peniano está circundado pelo músculo bulbo cavernoso (ou bulbo esponjoso), ao passo que a crura peniana está circundada pelo músculo isquiocavernoso. A glande peniana apresenta uma aparência de esponja devido a um vasto plexo venoso com um grande número de anastomoses (SATTAR; WESPES; SCHULMAN, 1994 apud Carboni C; 2014). Os corpos cavernosos estão circundados por um tecido fibroso e compacto, a túnica albugínea, constituída por fibras de colágeno e elastina, que confere grande rigidez, flexibilidade e resistênciaao tecido do pênis, sendo divididos por um septo perfurado, incompleto no humano, que os permite funcionar como uma unidade (AWAD et al., 2011; SATTAR; WESPES; SCHULMAN, 1994 apud Carboni C; 2014) O tecido erétil dos corpos cavernosos é composto de múltiplos espaços lacunares interconectados, revestidos por células endoteliais, além das trabéculas, que formam as paredes dos espaços sinusoidais, e consistem em bandas espessas de músculo liso e de uma estrutura fibroelástica formada por fibroblastos, colágeno e elastina (GOLDSTEIN et al., 1982 apud Carboni C; 2014). 4.1 Ereção peniana A ereção é um evento neurovascular reflexo, sujeito a modificações pelo sistema nervoso central e fatores endócrinos. A experiência sexual satisfatória é 19 percebida pela mente, sendo subjetiva e modificada através de processos conscientes e inconscientes. As percepções do homem e de suas necessidades e expectativas também têm influência. O pênis tem em sua estrutura, os corpos cavernosos e o corpo esponjoso, envolvidos pela fáscia de Buck, cobertos com pele, que se estende acima da glande, formando o prepúcio. Os corpos cavernosos juntam-se acima dos púbis, formando a porção maior do corpo do pênis, e são envolvidos pela túnica albugínea fibrosa espessa, formado ao redor dos sinusóides cavernosos, e divididos por um septo incompleto. Já o corpo esponjoso, se posiciona ventralmente, com sua porção distal até formar a glande peniana. A uretra anterior, começa na membrana perineal e está envolvida pelo corpo esponjoso, atravessando a glande peniana e se abre com o meato uretral externo. A ereção peniana depende em grande parte do suprimento sanguíneo do pênis, que é feito, em grande parte, pela artéria pudenda interna, um ramo da artéria ilíaca interna. Já a drenagem venosa, que também é de real importância para a manutenção da ereção, acontece pela veia dorsal superficial, indo até a veia safena, através das veias crurais para veias ilíacas internas. Os linfáticos da glande peniana, o corpo esponjoso e o corpo cavernoso distal, drenam o sangue para os linfonodos inguinais superficiais e profundos, e posteriormente para os linfonodos ilíacos externos. Existem aqui ainda, os nervos dorsais, que propiciam sensação de excitação ao pênis, seguem o trajeto das artérias dorsais até suprir a glande. Sob o olhar da embriologia, vale destacar que as genitálias se encontram indiferenciadas até cerca de 10 semanas de desenvolvimento, ocasião em que a genitália externa de um menino se masculiniza, sob a influência de 5- DHT (Segundo Barros et al 2005 apud apud Michiles h; 2010). Assim, a ereção é essencialmente um reflexo espinhal que pode ser iniciado por recrutamento de impulsos aferentes do pênis, mas também por estímulos visuais, olfativos e imaginários como resultado final de uma integração complexa de sinais (CIRINO et al., 2006 apud Carboni C; 2014). O pênis no estado flácido está sob contração moderada, sofrendo retração em temperaturas mais frias. A estimulação sexual causa a liberação de neurotransmissores dos terminais de nervos cavernosos, o que resulta no relaxamento do músculo liso com dilatação das arteríolas, causando assim o aumento do fluxo sanguíneo. Ocorre então o aprisionamento do sangue recebido através da expansão dos sinusóides e compressão dos plexos venulares subtunicais entre a túnica albugínea e os sinusóides, reduzindo o fluxo venoso. A túnica albugínea se alonga, aumentando a compressão, levando à oclusão das veias emissárias entre a camada circular interna e a longitudinal, o que reduz o retorno venoso a um mínimo. 20 Acontece um aumento da PO2 (até cerca de 90 mmHg) e da pressão intracavernosa (cerca de 100 mmHg), que eleva o pênis para o estado ereto (fase de ereção total). Além disso, há um acréscimo dessa pressão ocasionado pela contração dos músculos isquiocavernosos (fase da ereção rígida) (DEAN; LUE, 2005 apud Carboni C; 2014). 4.2 Inervação do pênis Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br A inervação do pênis é autonômica (simpática, responsável pela ejaculação e detumescência, e parassimpática, responsável pela ereção) e somática (sensorial e motora). A partir de neurônios da medula espinhal e dos gânglios periféricos, as inervações simpáticas e parassimpáticas se fundem para formar o nervo cavernoso, o qual penetra nos corpos cavernosos e esponjosos para promover os eventos 21 neurovasculares durante a ereção e detumescência. Os nervos somáticos são primariamente responsáveis pelas sensações e pela contração dos músculos bulbo cavernoso e isquiocavernoso (DEAN; LUE, 2005 apud Carboni C; 2014). A via simpática origina-se a partir do 11º segmento torácico e do 2º lombar, passando através do ramo ventral do nervo espinhal (ramo branco) para a cadeia ganglionar simpática. Algumas fibras trafegam através dos nervos esplênicos para os plexos hipogástrico superior e mesentérico inferior, através do nervo hipogástrico, em direção ao plexo pélvico. Em humanos os segmentos de T10 ao T12 frequentemente dão origem às fibras simpáticas e a cadeia de células ganglionares que se projetam para o pênis estão localizadas nos gânglios sacral e caudal (DEAN; LUE, 2005; FRANÇOIS; OLIVIER, 2004 apud Carboni C; 2014). A via parassimpática origina-se de neurônios da coluna de células intermediolateral do 2º, 3º e 4º segmentos sacrais. As fibras pré-ganglionares passam pelo plexo hipogástrico superior para o plexo pélvico. Os nervos cavernosos são ramificações do plexo pélvico em direção ao pênis. Outras ramificações do plexo pélvico inervam o reto, a bexiga, a próstata e esfíncteres. Os nervos cavernosos são facilmente danificados durante a excisão desses locais. A estimulação do plexo pélvico e do nervo cavernoso induz ereção, enquanto que a estimulação do tronco simpático causa detumescência (DEAN; LUE, 2005 apud Carboni C; 2014). A via somatossensorial origina-se de receptores sensoriais localizados na pele do pênis, glande, uretra e no interior do corpo cavernoso. Na glande do pênis humano há inúmeras terminações aferentes (terminações nervosas livres e receptores corpusculares numa relação de 10:1) (HALATA; MUNGER, 1986 apud Carboni C; 2014). As fibras nervosas que partem dos receptores convergem para o nervo dorsal do pênis que se unem a outros nervos formando o nervo pudendo (DEAN; LUE, 2005 apud Carboni C; 2014). A ativação destes nervos sensoriais envia mensagens de dor, temperatura e toque pelas vias espinotalâmicas e espinoreticular para o tálamo e córtex sensorial desencadeando a percepção sensorial. O núcleo de Onuf, no 2º ao 4º segmento sacral, é o centro da inervação somatomotora do pênis. Estes nervos seguem através 22 dos nervos sacrais para o nervo pudendo para inervar os músculos ísquio e bulbo cavernosos. A contração do músculo isquiocavernoso causa a fase rígida da ereção. Contrações rítmicas do músculo bulbocavernoso são necessárias para a ejaculação. Dependendo da intensidade e da natureza da estimulação genital, vários reflexos espinhais podem ser causados pela estimulação dos órgãos genitais (DEAN; LUE, 2005 apud Carboni C; 2014). A ereção peniana é um processo neurovascular complexo que envolve três fenômenos: relaxamento do músculo liso do corpo cavernoso, aumento do fluxo arterial peniano e restrição do fluxo venoso de saída (GARAFFA et al, 2010; LUE, 2012; VIARO et al, 2000). O corpo do pênis é envolvido, basicamente, por uma camada superficial de fáscia – a túnica dartos – e uma profunda – a fáscia de Buck. (GARAFFA et al, 2010; LUE, 2012 apud ). 5 DEFINIÇÃO DA DISFUNÇÃO ERÉTIL (DE) O termo disfunção erétil (DE) foi sugerido a partir de 1992 – quando foi realizada uma reunião do Grupo de Consenso em Impotência coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Norte-Americano (NIH, 1993 apud Reis M; 2008) –, para substituir o termo “impotência”,tendo em vista o seu sentido pejorativo e impreciso para ser aplicado ao homem cujo pênis não responde adequadamente. A DE refere-se à incapacidade persistente ou recorrente de obter e/ou manter ereção suficiente para uma função sexual satisfatória (NIH, 1993 apud Reis M; 2008). 5.1 Etiologia da DE A etiologia da DE é multifatorial, incluindo a combinação dos aspectos psicossociais, culturais e orgânicos. Os fatores de risco mais frequentemente associados à DE são: diabetes mellitus, hipogonadismo, hipertensão arterial sistêmica, doença vascular periférica, dislipidemia, baixos níveis de lipoproteína de alta densidade, doenças neurológicas, doença de Peyronie, tabagismo, priapismo, insuficiência renal, infarto do miocárdio, neoplasias, uso de drogas e medicamentos, obesidade, depressão, desconhecimento da sexualidade e idade (Feldman et al., 1994; Jonler et al., 1995; Melman, 1995; 23 Feldman et al., 1998; Helgason et al., 1997; Johannes et al., 2000; Moreira Junior et al., 2001; Morillo et al., 2002 apud Reis M; 2008). Estudos epidemiológicos evidenciaram uma elevada prevalência de DE em todo mundo. A metodologia usada para questionar a presença de DE variou muito entre estas pesquisas. A maioria usou a questão única derivada da definição estabelecida pelo NIH, outros utilizaram questionários validados internacionalmente e ainda houve estudos que usaram definições próprias e não validadas culturalmente. Esta multiplicidade de diferentes metodologias muitas vezes impossibilita uma real comparação de resultados (MARTINS; ANKIER; GLINA, 2014 apud Teixeira T; 2015). Dentre as causas orgânicas da DE, a de origem vascular é considerada uma das principais (Michal, 1982; Virag et al., 1985; Shabsigh et al., 1991; Carson et al., 1999 apud Reis M; 2008). A presença da DE arteriogênica em homens com mais de 50 anos tem sido considerada como um sinal preditivo de doença aterosclerótica em outros órgãos, sugerindo assim uma investigação cuidadosa de sintomas relacionados à doença cardíaca e vascular periférica (Izukawa, 1977; Rehman, Melman, 2002 apud Reis M; 2008). A DE é considerada uma das sentinelas da síndrome metabólica (Cunha, 2005; Arcila, 2006 apud Reis M; 2008). Em síntese, a síndrome metabólica é caracterizada por obesidade, dislipidemia, resistência à insulina, hipertensão arterial e alteração endotelial. A alteração endotelial é caracterizada como sendo um processo inflamatório lento e progressivo, que por consequência dessa inflamação altera a produção de óxido nítrico que é um mediador de todos os processos vasodilatadores que ocorrem no organismo, e, portanto, modifica o estado de vasoconstrição e vasodilatação da rede vascular. Isso terá manifestação clínica em vários territórios vasculares, sendo que um deles é o território vascular peniano, que tem como consequência a presença da DE. A maioria das disfunções sexuais masculinas divide-se em três áreas: diminuição da libido, transtornos do orgasmo e distúrbios ejaculatórios e DE. Baixa libido ou desejo sexual reduzido tem muitos determinantes prováveis. A testosterona e a prolactina séricas devem ser dosadas em homens que sofrem de baixa libido, para ver se o hipogonadismo está presente. Outras possíveis causas de 24 libido baixa incluem depressão e problemas de relacionamento. Em alguns casos, a libido baixa se desenvolve como consequência da DE. O homem perde, eventualmente, o interesse na atividade sexual por causa de repetidos fracassos. A libido baixa é também frequentemente associada com doença crônica e com o uso de alguns medicamentos como antiandrogênicos e depressores do sistema nervoso central. Se possível, o tratamento para libido baixa deve ser dirigido à causa subjacente. A ejaculação precoce é uma forma mais comum de disfunção sexual masculina, afetando aproximadamente 30% dos homens com uma prevalência similar entre os grupos etários. Em alguns casos, a ejaculação precoce se desenvolve como uma resposta à DE. Nestes casos, a DE deve ser tratada em primeiro lugar. Quando a ejaculação precoce existe por si só, o tratamento pode ser farmacológico ou comportamental. O tratamento comportamental tradicional para esse distúrbio de comportamento pode ser feito como foi sugerido por Masters e Johnson. O tratamento farmacológico para essa desordem se tornou possível quando foi observado que o tratamento medicamentoso para a depressão em homens, por vezes, resultou em ejaculação retardada ou incapacidade de alcançar o orgasmo. O uso diário de alguns medicamentos antidepressivos em baixas doses ou sob demanda, demonstrou ser eficaz no tratamento da ejaculação precoce. O uso tópico de cremes ou pomadas anestésicas também foi sugerida como tratamento para esta desordem. A DE pode ser primária, quando existente desde a primeira experiência sexual, ou secundária (adquirida). Em termos de etiologia, a DE tradicionalmente tem sido classificada como sendo psicogênica, orgânica ou mista (orgânica e psicogênica). Já se acreditou no passado que quase todos os casos de DE eram causados por fatores psicológicos. Atualmente se reconhece que mais de 80% dos casos de DE estão significativamente associados com uma ou mais desordens orgânicas. Em quase todos os casos de DE "orgânica", também há fatores psicológicos associados havendo, portanto, mais casos de DE de etiologia mista orgânica e psicogênica. A DE, como um resultado de fatores psicogênicos só pode ocorrer em homens de outra forma saudáveis. Isto é particularmente verdadeiro em homens mais jovens. 25 O uso do citrato de sildenafila é eficiente em DE de diversas etiologias, incluindo psicogênica e diferentes categorias de DE orgânica. Assim, já não é tão importante para o tratamento a classificação da DE em categorias psicogênica, orgânica e mista, como já foi outrora. Para quase todos os homens com DE, o tratamento inicial será com um agente oral sistêmico. Já que o MCP em muitos casos irá prescrever este agente, é conveniente explanar o que o MCP deve fazer para avaliar o homem com disfunção erétil e como agentes orais devem ser prescritos. 5.2 Disfunção erétil psicológica Numa altura ou outra da vida, a maioria dos homens têm disfunção erétil, mas quando o problema se torna persistente e ocorre em quase 50% das vezes, ou quando se transforma em uma grande preocupação para o homem ou para a (o) sua (seu) parceira (o), deve-se procurar ajuda médica e tratamento adequado. Muitas vezes trata-se de uma disfunção erétil psicológica e requer um tratamento diferente da disfunção erétil física. As razões psicológicas são responsáveis por cerca de 10 a 20% dos casos de disfunção erétil. Na maioria das vezes é uma reação secundária a um fator psicológico principal. Os principais fatores psicológicos relacionados à disfunção erétil são: Stress: Stress relacionado ao trabalho, stress por motivos econômicos, ou até devido a discussões e problemas conjugais. Ansiedade: Desde o momento em que a disfunção erétil acontece pela primeira vez, o homem passa a ficar muito preocupado com a possibilidade de isto acontecer novamente. Esse pensamento dá origem à “ansiedade de desempenho”, tal como o medo de não satisfazer a (o) parceira (o), o que causa disfunção erétil. Sentimento de culpa: 26 O homem pode sentir-se culpado por não satisfazer a (o) sua (seu) parceira (o). Depressão: A causa mais comum da disfunção erétil é a depressão que afeta o homem tanto a nível físico como a nível psicológico. A depressão pode ser a causa da disfunção erétil mesmo quando o sujeito se sente confortável em situações sexuais. A medicação e os fármacos associados ao tratamento da depressão também podem causar a impotência sexual masculina. Baixa autoestima: A baixa autoestima pode ou não ser devido a um episódio anterior de impotênciasexual que faz o homem sentir-se inadequado ou devido a outro trauma não sexual. Indiferença: A indiferença pode ser resultado da redução dos níveis de testosterona que acontece com o avanço da idade, de uma diminuição do interesse sexual, de problemas conjugais entre o casal e de diversos medicamentos. Muitos homens que sofrem de disfunção erétil ou impotência sexual apresentam o problema há vários anos, o qual pode agravar-se ao longo do tempo, já que os fatores psicológicos podem começar a surgir ou a acentuar-se. Nestes casos há uma forte tendência do sujeito a evitar o contato sexual e a alimentar sentimentos de raiva, impotência ou desilusão com relação à (ao) companheira (o) que não o consegue estimular. Quando se chega à conclusão de que o sujeito sofre de disfunção erétil psicológica, é recomendada uma consulta com um sexólogo, a qual deve ser feita o mais rápido possível para que o tratamento possa iniciar-se. 5.3 Desejo sexual hipoativo masculino 302.71 (F52.0) O desejo sexual hipoativo masculino (DSHM) é a disfunção sexual caracterizada pela ausência ou deficiência, de forma persistente ou recorrente, do sentimento de desejo para atividade sexual, bem como de pensamentos ou fantasias 27 sexuais/eróticas (HATZIMOURATIDIS; HATZICHRISTOU, 2007 apud Teixeira T; 2015). Segundo o DSM-5, estes sintomas devem persistir ou recorrer por um período mínimo de 6 meses e devem causar sofrimento clinicamente significativo para o indivíduo (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014 apud Teixeira T; 2015). O DSHM é frequentemente abordado na literatura científica quando relacionado a quadros de hipogonadismo masculino e em um número bem menor de publicações quando comparado ao desejo sexual hipoativo feminino. A prevalência da DSHM varia de acordo com a idade, localização geográfica e com o método de avaliação da pesquisa, com taxas em torno de 1 a 20% (BROTTO, 2010 apud Teixeira T; 2015). Alguns fatores aparecem em destaque na literatura quando relacionados à DSHM, destacando-se a correlação positiva entre esta disfunção e a idade, bem como com quadros de depressão e fatores hormonais. Ressalta-se ainda que estados psicológicos, como a depressão, são mais preditivos para o baixo desejo sexual que marcadores hormonais e/ou físicos (BROTTO, 2010 apud Teixeira T; 2015). Critérios Diagnósticos A. Pensamentos ou fantasias sexuais/eróticas e desejo para atividade sexual deficientes (ou ausentes) de forma persistente ou recorrente. O julgamento da deficiência é feito pelo clínico, levando em conta fatores que afetam o funcionamento sexual, tais como idade e contextos gerais e socioculturais da vida do indivíduo. B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de aproximadamente seis meses. C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo para o indivíduo. D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de alguma substância ou medicamento ou a outra condição médica. Determinar o subtipo: Ao longo da vida: A perturbação esteve presente desde que o indivíduo se tornou sexualmente ativo. 28 Adquirido: A perturbação iniciou depois de um período de função sexual relativamente normal. Determinar o subtipo: Generalizado: Não se limita a determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros. Situacional: Ocorre somente com determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros. Especificar a gravidade atual: Leve: Evidência de sofrimento leve em relação aos sintomas do Critério A. Moderada: Evidência de sofrimento moderado em relação aos sintomas do Critério A. Grave: Evidência de sofrimento grave ou extremo em relação aos sintomas do Critério A. Características Diagnósticas A avaliação do transtorno do desejo sexual masculino hipoativo deve levar em consideração o contexto interpessoal. Uma “discrepância do desejo”, na qual o desejo de atividade sexual de um homem é mais baixo do que o de sua parceira, não é suficiente para diagnosticar o transtorno. Tanto o desejo baixo/ falta de desejo para o sexo como a deficiência/ausência de pensamentos ou fantasias sexuais são imprescindíveis para o diagnóstico. A forma de expressão do desejo sexual pode variar entre os homens. A falta de desejo para o sexo e a deficiência/ausência de pensamentos ou de fantasias eróticas devem ser persistentes ou recorrentes e ter duração mínima de aproximadamente seis meses. A inclusão desse critério de duração é uma salvaguarda contra o estabelecimento do diagnóstico em casos nos quais o desejo sexual de um homem pode representar uma resposta adaptativa a condições adversas da vida (p. ex., preocupação em engravidar a parceira em situações em que ele está considerando a hipótese de terminar o relacionamento). A introdução do termo “aproximadamente” no Critério B permite julgamento clínico nos casos em que a duração dos sintomas não atende o limite indicado de seis meses. 29 5.4 Transtorno de aversão ao sexo Pode ser compreendido como uma forma extremada de baixo desejo sexual, sendo que os indivíduos que sofrem desse transtorno temem e evitam todo – ou quase todo – contato sexual. O transtorno é caracterizado por rejeição extrema e persiste a todo tipo de contato genital com outra pessoa. A mera idade de um ato sexual gera asco, repulsa e ansiedade na pessoa. Ela se sente ameaçada e passa a sentir medo muito intenso, por isso faz o possível para evitar todo tipo de contato. As causas são: Lubrificação insuficiente que pode ocorrer na ausência de preliminares e também é causada por outros fatores, tais como níveis reduzidos de estrogênio após a menopausa, o parto ou a amamentação. Ingestão de vários medicamentos, como antidepressivos, medicamentos para pressão arterial elevada, pílulas anticoncepcionais. Dor durante o sexo após uma cirurgia pélvica, acidente, episiotomia, etc. Infecções vaginais tais como eczema, infecção do trato urinário, candidíase, clamídia trhychomonas, endometriose. Ansiedade, stress, depressão. Problemas de relacionamento não resolvidos. História de abuso sexual ou físico no passado levando a memórias negativas sobre as relações sexuais. A ingestão de álcool ou cigarro, dentre outros. 5.5 Transtorno orgásmico masculino Diz respeito à demora – persistente ou periódica – ou à ausência de orgasmo durante a estimulação sexual, considerada adequada quanto ao objetivo, intensidade e duração. Este transtorno é observado raramente na prática clínica, sendo o transtorno sexual masculino menos frequente, ocorrendo entre 4 e 10% dos homens que vão em busca de atendimento especializado (Spector e Carey, 1990 apud Carey, 2005 apud Lidório A; Tataren J; 2006). 30 Cabe ressaltar, que estas estimativas podem ser exageradas, na medida em que a “demora” do orgasmo ou o tempo considerado normal antes que haja a ejaculação ainda não estão bem definidos. 6 DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA Fonte: apsiquiatra.com De acordo com Abdo e Fleury (2006 apud MILENA S; 2009), a partir dos estudos populacionais de Kinsey foi reconhecida a multiplicidade das manifestações sexuais, o que proporcionou a definição de critérios que diferenciavam o que seria ou não patológico. A partir dessas diferenciações e da associação entre os modelos de ciclo de resposta sexual de Masters e Johnson (1979; apud MILENA S; 2009) e de Kaplan (1977; apud MILENA S; 2009) estabeleceram- se os critérios diagnósticos para os transtornos da sexualidade. O modelo do ciclo de resposta sexual desenvolvido por Masters e Johnson (1979; apud MILENA S; 2009) é composto por quatro fases: excitação, platô, orgasmo e resolução. Este ciclo é comum aos dois gêneros.Posteriormente, a Associação Psiquiátrica Americana (APA), acrescenta a fase de desejo ao modelo proposto por Masters e Johnson, definindo o ciclo de resposta sexual em cinco etapas: desejo, excitação, platô, orgasmo e resolução. 31 Segundo Basson (2004; apud MILENA S; 2009) a expressão da sexualidade feminina se caracteriza pela sedução e entrega, e o desejo sexual é o ponto principal da resposta sexual. Baseados nesses pressupostos, a autora e seus colaboradores propuseram um novo modelo de resposta sexual feminina, que diz que a mulher inicia a relação com ou sem desejo, em resposta a um estímulo erótico que desencadeia uma excitação subjetiva com resposta física, ou decorrência de uma excitação subjetiva que desencadeia a consciência do desejo. A mulher pode se sentir satisfeita física e emocionalmente mesmo não atingindo o orgasmo, a satisfação a torna receptiva às próximas relações sexuais. Abdo e Fleury (2006; apud MILENA S; 2009) salientam que “a disfunção sexual implica alguma alteração, em uma ou mais das fases do ciclo de resposta sexual, ou dor associada ao ato, o que se manifesta de forma persistente ou recorrente”. Segundo Conceição (2007; apud MILENA S; 2009) o aspecto físico da resposta sexual humana depende da integridade dos órgãos sexuais, da vascularização desses órgãos e das conexões dos sistemas nervoso central e periférico, mas as condições emocionais e culturais do indivíduo têm estreita ligação com a resposta física. As causas das alterações no desempenho da resposta sexual não são determinadas somente pelos órgãos genitais, pela vascularização e pelas conexões nervosas. As causas podem estar nos problemas emocionais ou nas questões socioculturais. Quanto mais precocemente incidir o comprometimento do ciclo de resposta sexual, mais prejuízos sofrerá a resposta sexual, o que pode tornar o quadro clínico, o prognóstico e o tratamento mais complexos. Segundo Lopes et al (2003; apud MILENA S; 2009) do ponto de vista cronológico as disfunções sexuais podem ser primárias (quando ocorrem desde o início da vida sexual) e secundárias (quando o comprometimento ocorre após um período de vida sexual satisfatória). As disfunções sexuais podem ser globais (quando ocorrem em todas as situações/estímulos sexuais) e situacionais (quando a perturbação acontece apenas em determinada situação). 32 Toda disfunção sexual deve ser considerada mista – causas orgânicas e causas psicogênicas – com predominância de algum desses fatores. Frequentemente as disfunções são comórbidas, como por exemplo, as de desejo e de excitação. Para Aliaga, Ahumada e Villagrán, Ahumada e Villagrán (2000; apud MILENA S; 2009), os fatores psicológicos, orgânicos e culturais estão em permanente interação, todo problema a nível orgânico tem um sentido a nível psicológico e todo conflito a nível psicológico pode se expressar a nível somático, sendo a cultura o fator determinante do que é saudável/prejudicial e do que é permitido/proibido. Para Conceição (2007; apud MILENA S; 2009) o exercício da sexualidade é o resultado da interação dos aspectos físicos, emocionais e culturais. A falha na funcionalidade da resposta sexual humana pode ter sua origem no orgânico, psicológico ou sociocultural. As causas orgânicas têm ação direta ou indireta sobre a resposta sexual, determinando assim a disfunção. Dentre as causas que agem diretamente sobre a resposta sexual estão as anomalias genéticas ou congênitas, doenças crônicas, endócrinas ou agudas, as doenças do sistema nervoso central e alguns medicamentos. Em relação às causas emocionais das disfunções sexuais a autora ressalta que: A sexualidade desenvolve-se desde o nascimento, ocorrendo por fases que acompanham o desenvolvimento emocional global. O desenvolvimento da estrutura emocional faz-se sob a influência das relações afetivas da criança com os pais, irmãos e adultos significativos da sua vida. A vivência das fases do desenvolvimento da sexualidade determina as características do comportamento sexual do futuro adulto. O comportamento de valorização, indiferença, ansiedade, alegria ou desagrado dos pais, diante das necessidades da criança, determina a base da formação para o exercício da sexualidade (CONCEIÇÃO, 2007, p.135; apud MILENA S; 2009). Como causas emocionais das disfunções sexuais, segundo Conceição (2007; apud MILENA S; 2009) estão a violência sexual, o incesto, traição do parceiro, abandono, agressão física ou moral, ressaltando que os mecanismos psicológicos para o estabelecimento da disfunção são específicos para cada mulher, um acontecimento pode provocar em algumas mulheres danos profundos e definitivos, enquanto que em outras mulheres pode provocar apenas uma interferência na 33 atividade sexual, isso porque as repercussões dos acontecimentos sobre a sexualidade vão depender muito mais do perfil emocional de cada mulher do que da situação em si. Segundo Aliaga, Ahumada e Villagrán (2000; apud MILENA S; 2009) algumas situações traumáticas associadas aos órgãos genitais durante a infância podem ocasionar disfunções sexuais, pois as mulheres que vivenciam esse tipo de situação associam suas sensações genitais à dor. Para Fleury (2006; apud MILENA S; 2009), quando o comprometimento ocorre em umas das etapas do desenvolvimento emocional, a vivência posterior da sexualidade pode sofrer consequências. O comprometimento no desenvolvimento psicossexual da mulher caracteriza- se pela dificuldade em vivenciar a intimidade, não só com o parceiro, mas consigo mesma, o que impede a experiência de uma entrega confortável. Anastasiadis et al (2002; apud MILENA S; 2009) acreditam que a falta de conhecimento sobre a própria sexualidade, desinformação sobre a fisiologia da resposta sexual, lutas pelo poder e, acima de tudo, os conflitos conjugais podem desencadear sérios problemas emocionais nas mulheres, alterando sua resposta sexual. A vigência de mitos e tabus em relação à sexualidade e algumas crenças religiosas que punem irracionalmente a mulher também podem afetar de maneira significativa a sua sexualidade. Os autores salientam, ainda, que as causas socioculturais que interferem no desenvolvimento da sexualidade são marcadas pela influência da família, da sociedade e da cultura, pois esses elementos são responsáveis pela transmissão das regras para o convívio em grupo. Algumas situações estabelecem profundas marcas de repressão no exercício da sexualidade, enquanto outras, possivelmente mais dramáticas, não deixam nenhum registro no indivíduo. Quando a criança ou o adolescente percebem que decepcionaram o adulto com algum comportamento ligado à sexualidade, podem vir a desenvolver sentimento de culpa e medo de serem rejeitados. Segundo Aliaga, Ahumada e Villagrán (2000; apud MILENA S; 2009) à complexidade do diagnóstico individual deve-se acrescentar a complexidade do 34 relacionamento do casal, pois a sexualidade é um fenômeno que se desenvolve e acontece entre duas pessoas, o que faz necessário prestar sempre atenção a cada uma das partes dessa relação e ao tipo de dinâmica que eles estabelecem. De acordo com Bastos (2003; apud MILENA S; 2009) a disfunção sexual torna o vínculo conjugal fragilizado. O vaginismo, em particular, afeta a mulher em diversos segmentos da vida, como nas suas relações interpessoais, sua autoestima, autoimagem e principalmente no relacionamento com seu parceiro. O marido se sente rejeitado, mas pode se adaptar e ambos podem chegar ao orgasmo sem penetração. O homem pode vir a desenvolver um quadro de disfunção sexual, como disfunção erétil ou ejaculação precoce. Abdo (2004; apud MILENA S; 2009), em estudo sobre a vida sexual do brasileiro, com amostra de mais de 7000 pessoas, levantou dados que afirmam que 50,9% das mulheres têm alguma dificuldade sexual. SegundoAbdo e Oliveira Junior (2002; apud MILENA S; 2009) apesar das disfunções sexuais serem comuns em mulheres ao longo da vida, há uma deficiência na detecção dessas disfunções, um dos motivos pode ser o fato de que tanto o médico quanto a paciente desconhecem, na maioria das vezes, a natureza dessas disfunções ou não se sentem à vontade para abordar esse assunto. O interesse das mulheres em sua qualidade de vida sexual vem crescendo a cada dia, assim como a disponibilidade de novos recursos terapêuticos efetivos, confortáveis e de baixo risco para o tratamento das disfunções sexuais. De acordo com Abdo (2004; apud MILENA S; 2009) 32,4% das mulheres não levam suas queixas sexuais ao médico. Para Scanavino (2006; apud MILENA S; 2009), uma parcela muito significativa de casos de disfunções sexuais femininas deixa de ser diagnosticada, ocorrendo um comprometimento da satisfação afetivo-sexual dessas mulheres. Segundo Junqueira et al (2005; apud MILENA S; 2009), geralmente as mulheres procuram o ginecologista para sanar dúvidas em relação à sexualidade. Aliaga, Ahumada e Villagrán (2000) acrescentam que o ginecologista e/ou obstetra é visto pelas pacientes como o profissional mais apropriado para discutir assuntos ligados à sexualidade. 35 De acordo com Aliaga, Ahumada e Villagrán (2000; apud MILENA S; 2009), embora haja consenso nas especialidades médicas que a história sexual é parte integrante de uma completa avaliação médica, muitos profissionais preferem pular perguntas sobre esta área, o que dificulta a investigação de problemas sexuais. Dada a multicausalidade das disfunções sexuais, é necessário um trabalho em equipe interdisciplinar, onde haja um permanente contato e intercambio entre os profissionais. Segundo Fleury (2006; apud MILENA S; 2009) os profissionais da área de saúde que não têm o hábito de lidar com a sexualidade dificultam a abordagem desse aspecto da vida de suas pacientes. Os profissionais menos experientes referem ansiedade em relação ao modo de ouvir e lidar com o que as pacientes dizem. Relatam, também, um desconforto em trocar ideias com os colegas sobre os desafios próprios dessa área. Abdo e Oliveira Junior (2002; apud MILENA S; 2009), em estudo recente realizado com 4.753 ginecologistas de todo o Brasil, verificaram que 44,4% dos ginecologistas entrevistados sempre investigam a saúde sexual de suas pacientes e 49% não se sentem seguros para abordar questões relacionadas à sexualidade; 83,7% desses médicos acreditam que as dificuldades sexuais de suas pacientes aparecem encobertas por queixas relacionadas a outras doenças, o que sugere que há um número significativo de disfunções sexuais não diagnosticadas e consequentemente não tratadas. Os resultados da pesquisa evidenciam que quanto mais inseguro está o médico para abordar questões relativas à sexualidade e as disfunções sexuais menor é a possibilidade de ele investigar esses aspectos. Os ginecologistas deparam-se e tratam as disfunções sexuais femininas em consultório, independente de se sentirem seguros ou não, no entanto, aqueles que se sentem “seguros” investigam espontaneamente, duas vezes mais que os “não seguros”. Os autores discutem que esse dado aponta para a necessidade de maior esclarecimento médico e das pacientes sobre as disfunções sexuais. Para Junqueira et al (2005; apud MILENA S; 2009), as dificuldades dos médicos no manejo da sexualidade demonstram a deficiência das escolas médicas. Gonçalves (2006; apud MILENA S; 2009) pontua que a graduação na escola de 36 medicina em pleno terceiro milênio não inclui um estudo mais amplo da sexualidade, tendo esta despertado o interesse da área médica há pouco tempo. As mudanças sociais e as influências culturais impuseram essa questão central da vida humana, portanto, é preciso conhecer e atender à demanda. De acordo com Ferreira e Souza (2007; apud MILENA S; 2009) vários fatores colaboram para a relevância dos transtornos da sexualidade feminina: as mudanças nas expectativas sexuais das mulheres, maior liberação sexual feminina atestada nos dias atuais e informações constantemente veiculadas pela mídia sobre o tema. Os avanços progressivos da indústria farmacêutica, a crescente sensibilidade de alguns profissionais de saúde quanto à sexualidade feminina e, acima de tudo, a alta prevalência das disfunções sexuais femininas (ABDO, 2004; apud MILENA S; 2009) são importantes fatores que indicam a importância do tema. Um aspecto que chama atenção, a partir da literatura consultada, é o crescente interesse das diversas áreas pela sexualidade e os problemas ligados a ela. Cada vez mais, a especialidades se unem com o intuito de contribuir para o tratamento das disfunções sexuais. A interdisciplinaridade pressupõe que os profissionais tenham suficiente conhecimento das especialidades afins e que possam exercer uma interação. Significa uma interface entre diversas disciplinas, que se comunicam e se articulam. A terapia conduzida por uma equipe que interage e se comunica produz maior adesão da paciente ao tratamento, além de aumentar as possibilidades de o resultado final ser satisfatório. Segundo Fleury (2006; apud MILENA S; 2009) no atendimento da mulher com disfunção sexual a avaliação psicológica deve abranger um referencial ampliado, que inclui aspectos orgânicos, psicológicos, sociais, culturais e relacionais para que seja possível contextualizar a experiência sexual e os possíveis fatores envolvidos na disfunção. Ao utilizar tal modelo ampliado de saúde sexual, a Psicologia traz subsídios para o atendimento interdisciplinar, sendo capaz de identificar fatores importantes que 37 podem ser abordados na avaliação da mulher com disfunção. Esses fatores podem ser divididos em dimensões psicológicas, psicossocial, sociocultural e relacional. Sobre a atuação do fisioterapeuta no tratamento das disfunções sexuais, Etienne e Waitman (2006; apud MILENA S; 2009) salientam que, embora recente, a atuação da fisioterapia na área da ginecologia vem promovendo benefícios à saúde da mulher com queixas sexuais. O fisioterapeuta deve analisar e avaliar o conjunto do organismo do paciente, levando em consideração toda a biomecânica e hábitos do cotidiano, além de aspectos psíquicos e emocionais de cada paciente. A fisioterapia pode possibilitar à paciente reconhecer as sensações de seu corpo, fazendo-a perceber a diferença entre desejo miccional e desejo sexual, o que pode promover, em alguns casos, o aumento da libido. As autoras ressaltam ainda que o fisioterapeuta deve estar atento e informado para poder esclarecer questões relativas à sexualidade e encaminhar para consultas médicas e acompanhamento psicoterápico sempre que necessário. Ele pode também exercer o papel de “controlador”, no bom sentido, verificando quando preciso, se a paciente está seguindo as orientações médicas. O ginecologista também possui um papel central no tratamento das disfunções sexuais, segundo Gonçalves (2006; apud MILENA S; 2009) as queixas sexuais no consultório médico são incontáveis, muitas vezes elas podem ser ocultas, mas dependendo do manejo do ginecologista elas podem tornar-se evidentes. A abordagem da sexualidade feminina pelo ginecologista ainda é pobre, difícil e praticamente “impraticável”. O ginecologista, na prática clínica, não pode deixar de abordar questões frequentes relacionadas às dificuldades sexuais, como: desinformações e preocupações sexuais; falsas concepções sobre a sexualidade; ansiedade; perda ou diminuição da autoestima; deterioração do relacionamento do casal e inadequações sexuais. O ginecologista deve abster-se de analisar e tratar, pelo fato de não estar preparado ou habilitado para conduzir, casos de desvios sexuais, aversão sexual, disfunções sexuais de longa duração ou com causa psicogênica. Segundo Auge(2006; apud MILENA S; 2009) cabe ao ginecologista avaliar fisicamente a paciente, a integridade do ambiente hormonal e sua repercussão sobre o organismo, a fim de possibilitar o restabelecimento funcional. A história médica, 38 sexual e psicológica deve ser feita detalhadamente, além de exames físicos, laboratoriais específicos para uma completa avaliação da disfunção sexual. Para Gonçalves (2006; apud MILENA S; 2009) a sexualidade deve constituir uma parte rotineira da consulta ginecológica. O ginecologista deve diagnosticar e tratar as causas orgânicas e dar um suporte terapêutico breve, não esquecendo que a queixa deve ser entendida a partir do contexto existencial de cada paciente, pois para compreender o indivíduo é preciso observá-lo na dinâmica de sua época, sua cultura e seu círculo familiar e social. Sobre a clínica urológica, Oliveira (2006; apud MILENA S; 2009) salienta que o urologista está habituado a tratar disfunções sexuais masculinas, mas é fundamental que ele conheça os fatores causadores das disfunções sexuais femininas, já que muitas vezes ele se depara com um paciente com disfunção erétil ou ejaculação precoce, cuja causa principal seja uma disfunção sexual de sua parceira, já que são frequentes problemas sexuais comuns ao casal. Há uma alta incidência de disfunções nos parceiros de mulheres disfuncionais, o que aponta para a necessidade da avaliação do casal, sempre que se pretende tratar uma disfunção sexual. As Disfunções Sexuais Femininas (DSFs) podem ser sintomáticas de problemas biológicos, intrapsíquicos, ou conflitos interpessoais, também podendo se tratar de uma combinação dos três fatores. O funcionamento sexual feminino pode ser prejudicado por dificuldades emocionais, estresse e pela falta de conhecimento do funcionamento e fisiologia sexual (KAPLAN; SADOCK, 2007; apud CURTI P; 2010). 6.1 Classificação Mais recentemente foi publicado o DSM V, que alterou a classificação das Disfunções Sexuais em: Interesse sexual feminino; Desejo sexual hipoativo e Transtorno de excitação sexual feminina; Distúrbio orgásmico feminino; Distúrbio genito-pélvico de dor; Dispareunia e Vaginismo; Disfunção sexual induzida por medicação; 39 Outras disfunções sexuais não especificadas. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013 – Manual diagnóstico e estatístico de distúrbios – DSM-5.) Fonte: vix.com 6.2 Subclassificações Os subtipos são usados para designar o início da dificuldade. Em muitos indivíduos com disfunções sexuais, o momento de início do quadro poderá indicar etiologias e intervenções diferentes. Ao longo da vida: refere-se a um problema sexual que está presente desde as primeiras experiências sexuais; Adquirido: Aplica-se aos transtornos sexuais que se desenvolvem após um período de função sexual relativamente normal. Generalizado: Refere-se a dificuldades sexuais que não se limitam a certos tipos de estimulação, situações ou parceiros. Situacional: Aplica-se a dificuldades sexuais que ocorrem somente com determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros. Quanto à gravidade atual, podem ser subclassificadas em: 40 Leve: Evidência de sofrimento leve em relação aos sintomas; Moderada: Evidência de sofrimento moderado em relação aos sintomas; Grave: Evidência de sofrimento grave ou extremo em relação aos sintomas. (American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013 – Manual diagnóstico e estatístico de distúrbios – DSM-5.) 6.3 Fatores de risco Os fatores de risco mais conhecidos para disfunção sexual feminina apontados em estudos anteriores são: idade avançada, menopausa, depressão, drogas antipsicóticas, níveis educacionais mais baixos e baixa frequência mensal de relações sexuais. A disfunção sexual feminina é influenciada por fatores biológicos, psicológicos e socioculturais. Assim, é necessário investigar as disfunções sexuais femininas em diferentes populações e analisar continuamente a evolução do padrão de prevalência de FSD e os fatores de risco associados a esses distúrbios ao longo do tempo (SHIN et al., 2016; apud ARAÚJO C; 2018). A sexualidade é um elemento com potencial de influenciar a saúde física e mental do ser humano, podendo ser ela então impactada por aspectos orgânicos, emocionais e sociais. A questão da sexualidade, em oposto ao conceito formado pelo senso comum, possui seu fator fisiológico ao conceito formado pelo senso comum, possui seu fator fisiológico ou na genitália propriamente dita, apenas em um dos seus diversos estímulos. (VITIELLO E CONCEIÇÃO, 1993, p.48 apud SILVA A; 2015). 6.4 Fatores biológicos Mulheres com a saúde geral excelente são mais propensas a não apresentar disfunção sexual. Já aquelas que afirmam ter uma saúde comprometida são as que mais apresentam redução do desejo sexual e dispareunia. 41 A auto-relato de saúde e os níveis de atividade física mostraram-se correlatos importante da função sexual, pois mais problemas do orgasmo foram encontrados em mulheres sedentárias e níveis mais altos de desejo sexual foram encontrados para aqueles que relataram maior autopercepção de boa saúde e maiores taxas de exercício físico. A percepção de má saúde também foi um preditor para a falta de desejo sexual das mulheres, assim como de excitação, orgasmo e dispareunia (MC CABE et al., 2016; apud ARAÚJO C; 2018). Drogas também têm demonstrado ter um impacto negativo na função orgásmica e no interesse sexual. Várias doenças crônicas, síndrome metabólica e obesidade também podem estar associadas à disfunção sexual. Além disso, a incontinência urinária de esforço e sintomas do trato urinário têm influência negativa no interesse sexual das mulheres, desejo, excitação, lubrificação, orgasmo, dispareunia e vaginismo (MC CABE et al., 2016; apud ARAÚJO C; 2018). A histerectomia também afeta a sexualidade das mulheres, com redução do desejo sexual, excitação e orgasmo. Estudos apontam que cerca de 16% das mulheres com menopausa induzida apresentam baixo desejo sexual em comparação com 7% de mulheres que ainda menstruam. A terapia de reposição hormonal pode melhorar o desejo, mas não altera a angústia (MC CABE et al.., 2016; apud ARAÚJO C; 2018). A sexualidade de uma pessoa está estreitamente ligada a outros fatores da personalidade, à conformação biológica e ao senso geral do self. Inclui a percepção de ser homem ou mulher, e reflete experiências evolutivas com o sexo ao longo de todo o ciclo vital. (KAPLAN, 2003, p. 616 apud SILVA A; 2015). 6.5 Fatores psicológicos Problemas emocionais, estresse, depressão e ansiedade comprometem diretamente a função sexual. Além disso, algumas doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia também foram descritas por estarem associadas à disfunção sexual (MC CABE et al.., 2016; apud ARAÚJO C; 2018). 42 6.6 Fatores socioculturais Estudos mostram que mulheres vítimas de violência sexual apresentam maior chance de desenvolver algum tipo de disfunção sexual comparadas às mulheres sem história de abuso sexual. Dispareunia, baixos níveis de interesse sexual, excitação, orgasmo são significativamente mais comuns em mulheres solteiras e em mulheres com dificuldades conjugais. Existe uma estreita relação entre a manifestação de disfunções sexuais femininas e as disfunções sexuais apresentadas pelo seu parceiro (MC CABE et al.., 2016; apud ARAÚJO C; 2018). Além dos fatores avaliados, mulheres mais velhas na idade da primeira relação sexual, com número elevado de parceiros sexuais ou em uso de contraceptivos orais apresentam menor risco para disfunção sexual ao contrário daqueles que praticam
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