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Resenha Malthus x Condorcet

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Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO
Acadêmico: Jéfferson
Disciplina: Geografia da População e Dinâmicas Migratórias
Resenha Crítica
ALVES, J. E. D. A polêmica Malthus versus Condorcet reavaliada à luz da transição demográfica, Texto para discussão. ENCE: Rio de Janeiro, 2002, v. 4, p.1-56.
O artigo, do Professor Dr. José Eustáquio Diniz Alves, revisita as teorias antagônicas do Marquês de Condorcet e de Thomas Robert Malthus que, no final do século XVII, deram destaque ao debate sobre a relação entre população e desenvolvimento econômico, e tem o intuito de reavaliar este debate à luz do fenômeno da transição demográfica.
Condorcet viveu em uma época em que as mortes assolavam a população e a reprodução era desenfreada, sua teoria apresentava uma visão otimista em relação ao desenvolvimento econômico, considerava o homem como “indefinidamente perfectível” anteviu a redução da mortalidade, o aumento da expectativa de vida e queda da fecundidade antecipando, desta forma, o fenômeno da transição demográfica.
É apresentado, também, o modelo malthusiano que é antagônico ao de Condorcet e prega que a população cresce de forma geométrica enquanto os meios de sua subsistência crescem numa progressão aritmética.
Malthus desenvolveu a teoria do salário de subsistência como forma de conter o crescimento populacional, pois, segundo ele, existiria uma relação positiva entre renda e fecundidade. Ao contrário de Condorcet, Malthus acreditava que os progressos da razão humana não são capazes de eliminar a pobreza.
No artigo é apresentado o conceito de desenvolvimento econômico e mostra que ele é marcado pela passagem de uma sociedade agrária-rural para uma sociedade urbano-industrial além de trazer consigo a melhora dos indicadores sociais. Como mostrado no trecho abaixo:
Na medida em que essa transição é feita elevando-se a renda per capita, ela é acompanhada por uma melhora das condições sociais da população. Assim, o desenvolvimento envolve dois tipos de fenômenos: 1) mudanças estruturais na alocação de mão-de-obra e capital entre os três setores da economia; 2) melhoria nos indicadores sociais, tais como: queda da mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida, avanços dos níveis educacionais, redução do analfabetismo, diversificação e ampliação dos bens de consumo, elevação do consumo diário de calorias e proteína animal, maior grau de urbanização, mais disponibilidade de serviços de saúde, melhores condições do domicílio, maior acesso ao saneamento básico, etc. (ALVES, 2002, p. 26)
Em relação à transição demográfica (redução da mortalidade e da fecundidade) afirma que ela só ocorre uma vez na história de qualquer país e que seria algo inatingível segundo o modelo malthusiano, apesar de ter sido antecipada por Condorcet. A queda acentuada da mortalidade ocorre devido à contribuição do desenvolvimento econômico e melhoria de vida da população além dos avanços médicos e do saneamento básico.
Em contrapartida, a forte redução da fecundidade, que ocorre determinado período de tempo após a transição da mortalidade, é ocasionada pela mudança de comportamento e atitude da sociedade e alguns autores acreditavam que um limiar de desenvolvimento econômico seria necessário para iniciar a transição de fecundidade, o que acabou gerando o chamado neomalthusianismo.
Contudo, este pensamento foi alterado e o desenvolvimento econômico passa a ser considerado uma condição suficiente, mas não necessária para a transição da fecundidade, que seria influenciada tanto por determinantes culturais quanto pelo desenvolvimento econômico.
O autor mostra que no Brasil, assim como na grande maioria dos países em desenvolvimento, o declínio da fecundidade foi ocasionado por avanços em saúde pública e de saneamento básico, podemos destacar como exemplos o tratamento de água e esgoto, que vem sendo oferecido a um maior número de pessoas em nosso país, e devido ao fato de algumas doenças poderem ser evitadas com medidas preventivas de baixo custo.
Já em relação à redução da fecundidade nacional afirma que ela foi favorecida pelas mudanças estruturais e institucionais que se aprofundaram a partir de 1964 e afetaram as relações entre as gerações e entre os gêneros.
Em relação às implicações da transição demográfica é mostrado que ela tem os efeitos positivos de reduzir a mortalidade, aumentar a expectativa de vida além de gerar o chamado “bônus demográfico” que, se bem aproveitado, contribui com o desenvolvimento econômico, e amplia a base tributária sobre a qual o governo pode retirar fundos para expansão da infraestrutura social. Assim nas palavras do professor Alves.
A maior presença de uma população em idade de trabalhar representa um bônus demográfico, pois, na medida em que essas pessoas entram no processo produtivo, eleva-se a capacidade de poupança/investimento da sociedade e amplia-se a base tributária sobre a qual o governo pode extrair fundos para a expansão da infraestrutura social. Há, então, uma contribuição positiva e inequívoca da população para o desenvolvimento econômico. (ALVES, 2002, p. 45)
Esse bônus só deixará de apresentar efeitos quando a permanente redução da fecundidade provocar, longo prazo, o aumento da proporção de pessoas idosas, consequentemente o aumento da dependência dessas pessoas em relação ao estado, como é o caso das pensões da previdência social. Nas considerações do professor Alves.
As desvantagens econômicas decorreriam da menor contribuição dos idosos no processo produtivo e da sua dependência da parcela economicamente ativa. Assim sendo, haveria um impacto negativo sobre a previdência social, devido à redução do número de contribuintes e à elevação do número de assegurados. Porém a crise previdenciária seria grave no caso de um “regime de repartição simples”, em que são as contribuições dos ativos que financiam os inativos. (ALVES, 2002, p. 45)
Outras implicações da transição demográfica que a mudança na estrutura etária com o consequente envelhecimento da população traz, é o menor crescimento populacional que irá aliviar a demanda sobre a natureza.
O autor finaliza afirmando que a transição demográfica e o crescimento populacional não é um obstáculo, um empecilho, ou seja, não traz implicações negativas ao desenvolvimento econômico, à erradicação da fome, da pobreza e da miséria, como afirma o malthusianismo e o neomalthusianismo, pelo contrário, revelou que a racionalidade humana está acima das forças sobrenaturais, crendices religiosas e armadilhas da natureza. Como se referiu Alves.
A vitória que possibilitou o controle da mortalidade e a autolimitação da fecundidade é a mais pura expressão do avanço da ciência e do autoconhecimento do Espírito, instrumentos de emancipação da espécie humana. (ALVES, 2002, p. 49)
Assim podemos chegar à conclusão que, a evolução histórica vem transcorrendo de uma maneira tal como demonstra a teoria de Condorcet, e sobressaindo-se a teoria defendida por Malthus.
Minhas considerações: Encontrei uma certa facilidade em compreender as ideias do autor, linguagem de fácil entendimento, obra com uma importância elevada para conhecermos os pontos de vista desses dois autores.