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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 3º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL /RJ PROCESSO Nº 0029983-12.2018.8.19.0001 GERPRO: 170169200 LIGHT - SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S/A, empresa concessionária de serviço público de energia elétrica, inscrita no CNPJ/MF sob o n º 60.444.437/0001-46, com sede na Avenida Marechal Floriano nº 168, Centro, Rio de Janeiro, vem, por seus advogados in fine assinados (atos constitutivos, procuração e substabelecimentos anexos), com escritório profissional situado na Rua do Mercado, nº 11, 19º andar, Centro, Rio de Janeiro/RJ, nos autos do processo em epígrafe, proposto por RAYANÊ ADEODATO BULCÃO, vem, respeitosamente, apresentar sua. CONTESTAÇÃO Consubstanciados nos fatos e fundamentos a seguir expostos: DAS FUTURAS PUBLICAÇÕES – DA PREVISÃO DO ART. 39, I, DO CPC Primeiramente, requer todas as publicações sejam realizadas, sob pena de NULIDADE, em nome da LIGHT – SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S/A e do seu Patrono, Dr. DÉCIO FREIRE, inscrito na OAB-RJ sob o n.º 2.255-A, com escritório localizado na Rua do Mercado, nº 90, 17º andar, Centro, Cep: 20.010-901, Rio de Janeiro – RJ, endereço eletrônico: lightjec@deciofreire.com.br, de modo a evitar nulidades processuais na forma do art. 272, §1º, §2o e §5º, todos do NCPC. mailto:lightjec@deciofreire.com.br BREVE SINTESE DA DEMANDA Em apertada síntese, a parte autora alega que deixou um imóvel em Abril/2016 com as contas pagas, mas após se mudar recebeu uma SMS as ré, informando o débito de uma fatura n valor de R$ 150,23 e teve seu nome negativado em razão de uma cobrança indevida. Indignada a parte autora propõe a presente ação a fim de requerer indenização a títulos de danos morais, que a alega ter sofrido. Por fim, restará demonstrado que os frágeis argumentos trazidos pela parte autora, bem como a ausência de prova inequívoca dos danos legados não ensejarão qualquer condenação contra a parte Ré. DA REALIDADE DOS FATOS Inicialmente, cumpre esclarecer algumas discrepâncias nos fatos alegados pela parte Autora, desta maneira para melhor entendimento de V. Exa., cabe destacar ponto a ponto, a fim de não restar dúvidas da licitude da atitude da Empresa Ré, senão vejamos. Neste passo, não há que se falar em dano moral a ser indenizada a parte autora, tendo em vista que a parte Ré, jamais agiu de forma ilícita ou mesmo a contrariar o próprio Código de Defesa do Consumidor. PRELIMINARMENTE DA NECESSIDADE DE PROVA PERICIAL – DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO RATIONE MATERIAE – DA IMPOSITIVA EXTINÇÃO DO FEITO SEM EXAME DO MÉRITO COM ESTEIO NO ART. 51, II, DA LEI Nº 9.099/95 Inicialmente, como relatado a Autora suscita suposta falha no fornecimento de energia elétrica que dera causa na interrupção na prestação do serviço por parte desta Concessionária, ora contestante, contudo, concessa venia, a efetiva comprovação dos defeitos aventados pela autora exige a realização de prova técnico-pericial, que demonstre sejam reais ou não os vícios atribuídos à Empresa Ré, facultando às partes a formulação de quesitos, a indicação de assistentes técnicos e, enfim, o exercício do contraditório e da ampla defesa. Nesse sentido, mister salientar que faz-se de suma importância para o deslinde da causa a realização de perícia técnica, uma vez que, a interrupção nos serviços de energia elétrica pode ser causado por diversos motivos, dentre eles, problemas internos na residência do autor, consumo excessivo e não adequação da carga ao local, dentre outros. Consoante o disposto no art. 3º, caput, da Lei nº 9.099/95, “o Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade”. Todavia, a perícia que o caso vertente exige para a solução do litígio não coaduna com o rito que dita a marcha das demandas perante este juízo, ex vi o Verbete 9.3 da Consolidação dos Enunciados Jurídicos Cíveis dos Juizados Especiais Cíveis e Turmas Recursais do Estado do Rio de Janeiro: “não é cabível perícia judicial tradicional em sede de Juizado Especial”. Com efeito, toda e qualquer ilação extraída da referida prova documental que, per si, atinja a conclusão da ocorrência dos fatos alegados pela autora dar-se-á mediante abominável presunção, ao arrepio das garantias constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. Nesse sentido, a fim de corroborar a tese ora suscitada, cumpre trazer à colação deste MM. Juízo decisão proferida nos autos do processo nº 03/004605-2, do XV Juizado Especial Cível, de 16/02/04, senão vejamos: “... Compulsando os autos, verifico a necessidade de realização de perícia técnica nos aparelhos danificados do autor, a fim de que se possa constatar se os danos foram efetivamente causados em razão da oscilação na corrente elétrica em razão dos reparos que estavam sendo feitos próximos à residência do autor. Isto posto, JULGO EXTINTO O FEITO SEM ANÁLISE DO MÉRITO com base no art.51, II c/c 3º da Lei 9.099/95.” (Processo: 03/004605-2, do XV Juizado Especial Cível, de 16/02/04) Destarte, impõe-se a extinção do presente feito, sem exame do mérito, com fulcro no art. 51, inciso II, da Lei nº 9.099/95, em salvaguarda à norma inscrita no art. 5º, LIV et LV, da Carta Magna. Entretanto, caso não seja este o entendimento de V.Exa. o que nos custa a crer, adentra-se no mérito propriamente dito. DA INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS Ressalte-se que no caso em tela, restou comprovado a total ausência de responsabilidade da empresa ré, pelo ocorrido, não fazendo jus o autor a qualquer verba indenizatória, quiçá por danos morais, vez que, os autos encontram jejunos de prova acerca de eventual prejuízo acarretado a parte autora, bem como, que eventualmente qualquer dano tenha sido gerado pela Empresa ré. Os juristas pátrios vêm insurgindo-se contra a banalização do instituto do dano moral, combatendo a indústria do dano moral, que somente abarrota o judiciário de casos banais, que não passam de pequenos transtornos comuns em toda sociedade. A quantidade de relações existentes na vida moderna dá ensejo a aborrecimentos, sem, contudo obrigar a reparações vultosas Conforme já sobejamente salientado, a parte autora não conseguiu demonstrar a existência de nexo causal e por via de consequência, de seu “suposto” dano moral. Verifica-se no caso em apreço a inexistência da ocorrência de qualquer fato ilícito ou desabonador por parte da Empresa Ré, que justifique a reprimenda jurisdicional da condenação ao pagamento de indenização a título de danos morais, os quais jamais existiram. Neste sentido, deve-se o aplicador do direito embasar-se em elementos que formem sua convicção, e que por isso possa representar uma indenização condizente com os prejuízos. Deve representar a indenização o que há de mais justo, evitando-se, com isso, que o instituto seja transformado em fonte de enriquecimento sem causa. Em que pese qualquer suposto incômodo pelo qual possa ter passado a parte autora, o que muito embora não tenha sido comprovado, não foi praticado pela parte Ré qualquer ato ilícito contra o direito daqueles, restando ausente, desta forma, um dos requisitos básicos para o advento do dever de indenizar. Estão no art. 186 do Código Civil as condições necessárias para a configuração da obrigatoriedade de reparar um dano qualquer. São eles ação ou omissão, culposa ou dolosa; violação de direito de outrem ou a causa de prejuízo; e um viés lógico que ligue, numa relação de causa e efeito, os dois primeiros. In casu, NÃO existe sequer o direito violado ou eventual prejuízo. Anote-se, a este respeito, a severa advertência do Ilustre Prof. SÉRGIO CAVALIERI FILHO: “Mero dissabor, aborrecimento, mágoa,irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade de nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre amigos e até mesmo no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos.”1 1 Progra ma de Responsabi l idade Civ il - Ed. Malheiros - 3 a Edição - p.89) Carece a pretensão da parte autora de um dos requisitos para a condenação em reparação de danos, qual seja, a existência do dano em si, porquanto nenhum dos bens tutelados pela reparação de natureza moral (honra, dignidade etc.) foram atingidos. Como se observa, não será qualquer aborrecimento suportado pelo sujeito de direito que será merecedor de reparação de danos extrapatrimoniais, havendo a necessidade de que seja aferida, em cada hipótese surgida no mundo dos fatos, a presença dos pressupostos ensejadores da reparação civil, dentre eles, a violação a direito da personalidade, pois não é qualquer incômodo, dissabor ou chateação que gerará ofensa extra patrimonial ressarcível. A vida moderna traz consigo aborrecimentos normais, próprios da existência em coletividade, e estes se não são indiferentes ao plano jurídico, ao menos são por ele reconhecidos e aceitos como situações dignas de sanção positiva. Ressalte-se ainda, a inteligência do Art. 944 e seu parágrafo único do Código Civil, o qual transcrevemos in verbis: “ . A indenização mede-se pela extensão do dano. Art. 944 . Se houver excessiva desproporção entre a Parágrafo único gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz, reduzir, eqüitativamente, a indenização”. Sendo assim, não restam dúvidas no sentido de que a fixação do quantum indenizatório, deve ser feita à luz das peculiaridades do caso concreto e dos já mencionados Princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade. DA IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA O caso em tela faz surgir, sem sombra de dúvidas, a norma insculpido no art. 333, I do CPC, onde expressamente dispõe que cabe ao autor o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito. Não bastasse a clara disposição do art. 333, I do CPC, a doutrina é uníssona em interpretar literalmente tal artigo, conforme se depreende das lições de Moacyr Amaral Santos em seu Livro “Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, Vol. II, Ed. Saraiva, página 348: “Quem opõe uma pretensão em juízo deve provar os fatos que a sustentam, e quem opõe uma exceção deve, por seu lado, provar os fatos dos quais resulta; em outros termos – quem aciona, deve provar o fato ou os fatos constitutivos; e quem executa, os fatos extintivos, ou a condição impeditiva ou modificativa”. De igual maneira sustenta Caio Mário da Silva Pereira em “Instituições de Direito Civil, Vol. I, Ed. Forense, 2004, página 591. Confira-se: “A pessoa que sustenta a existência da relação jurídica, ou que pretende tenha havido um dado negócio jurídico, ou simplesmente a ocorrência de certo fato, tem o encargo de dar a sua prova.” Por outro lado, ainda que possível o exame sob o âmbito do CDC, o que se admite apenas para argumentar, consigne-se que o art. 6º, VIII do CDC não revogou o dispositivo do CPC acima suscitado, sendo aquele uma exceção, e que deverá ser analisada conforme o caso, como o próprio dispositivo reza e que se torna inaplicável ao caso em concreto. Dessa forma, verifica-se que ao contrário de algumas alegações, a inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII do CDC, não é obrigatória, sendo facultado ao Magistrado sua concessão ou não, tendo em vista as peculiaridades do caso concreto, as quais não encontram-se presentes nesta demanda. Sendo assim, tendo em vista que não houve inversão do ônus da prova pelo D. Juízo até o presente momento, não há que se falar na imposição de tal instituto, caso contrário haveria afronta ao Princípio Constitucional do Contraditório.e da Ampla Defesa. DA POSSIBILIDADE DE NEGATIVAÇÃO Ressalte-se que a Ré, somente inclui o nome dos consumidores nos cadastros restritivos de crédito, se houverem débitos de consumo e assim AGE AMPARADA PELO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, BEM COMO EM EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. É público e notório que a inadimplência do consumidor, acarreta a negativação de seu nome e que tal procedimento configura exercício regular de direito e não arbitrariedade, conforme súmula 90, in verbis: “A inscrição de consumidor inadimplente em cadastro restritivo de crédito configura exercício regular de direito.” Havendo a inadimplência do consumidor, a Empresa Ré pode efetuar a inclusão do nome nos cadastros restritivos de crédito. EMINENTE MAGISTRADO Face todo o exposto, vem requerer a V.Exa., o acolhimento da preliminar suscitada, julgando-se o processo extinto sem julgamento do mérito. E na hipótese, que se considera remota, de assim não entender V. Exa., requer, no mérito, a improcedência, in totum, dos pedidos deduzidos pela parte autora. Neste seguimento, caso seja arbitrada indenização por danos morais, pelo princípio da eventualidade, seja em valor razoável de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo Tribunal de Justiça Estadual e pelo Superior Tribunal de Justiça, a fim de que não se configure como meio de enriquecimento indevido. Enfim, protesta-se por todos os meios de provas em direito admitidos, mormente pelo depoimento pessoal da autora, prova documental, prova testemunhal e demais meios de prova que eventualmente se façam necessários. Nestes termos, Pede-se deferimento. Rio de Janeiro, 19 de Março de 2018. Décio Freire Gabriela Braunstein OAB/RJ 2.255-A OAB/RJ 144.044 Rodrigo Freire Luciana Viana OAB/MG 129.725 OAB/RJ 152.437 Juliana Costa Bruna W Carvalho OAB/RJ 196.135 OAB/RJ 199.089 Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário Tribunal de Justiça Comarca da Capital Cartório do 3º Juizado Especial Cível Erasmo Braga, 115 1º AND LAM I S/L 112CEP: 20020-903 - Castelo - Rio de Janeiro - RJ e-mail: cap03jeciv@tjrj.jus.br Processo : 0029983-12.2018.8.19.0001 Distribuído em: 08/02/2018 Classe/Assunto: Procedimento do Juizado Especial Cível/Fazendário - Declaração de Inexistência de Débito e / Ou da Relação Jurídica Autor: RAYANÊ ADEODATO BULCÃO Advogado: ALAN GUSTAVO FREIRE ANTUNES (RJ189267) Advogado: LUIZ EDUARDO CUCCI GAYOSO FERNANDES (RJ189818) Réu: LIGHT SERVICOS DE ELETRICIDADE S A Advogado: BRUNA WENCESLAU CARVALHO (RJ199089) Advogado: DECIO FLAVIO GONCALVES TORRES FREIRE (RJ002255A) Audiência : Conciliação, Instrução e Julgamento Data da Audiência : 20/03/2018 ASSENTADA Processo n° 0029983-12.2018.8.19.0001 Autor: Rayanê Adeodato Bulcão Réu: Light Servicos de Eletricidade S a AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÂO E INSTRUÇÃO E JULGAMENTO Em 20 de março de 2018, às 14:40 horas, na sala de audiências deste Juízo, foi aberta a audiência designada nos autos. Ao pregão, presente a parte autora, bem como a parte ré. A conciliação, tentada, não foi possível. A parte ré apresentou contestação escrita. Pela parte autora foi dito que se reporta à inicial. Pela parte ré foi dito que se reporta à contestação. Publicações da parte ré na forma da defesa. Sem mais provas a produzir, pelo Dr. Juiz Leigo foi determinado viessem os autos conclusos, e proferido o seguinte despacho: ¿Designo o dia 09 de abril de 2018 para leitura de sentença, em cartório, a partir das 17:00 horas¿. Intimados os presentes. Nada mais havendo, encerrou-se a presente às 15:18 horas.Luís Henrique Couto Barbosa Juiz Leigo Luis Henrique Couto Barbosa Juiz Leigo Código de Autenticação: <2018010090|1254|1> Este código pode ser verificado em: www.tjrj.jus.br – Serviços – Validação de documentos 1214 Data: 20/03/2018 15:21:17 Local TJ-RJ Motivo: Assinado por Luis Henrique Couto Barbosa Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário Tribunal de Justiça Comarca da Capital Cartório do 3º Juizado Especial Cível Erasmo Braga, 115 1º AND LAM I S/L 112CEP: 20020-903 - Castelo - Rio de Janeiro - RJ e-mail: cap03jeciv@tjrj.jus.br 1278 LUISHCOUTO Processo Eletrônico Processo:0029983-12.2018.8.19.0001 Classe/Assunto: Procedimento do Juizado Especial Cível/Fazendário - Declaração de Inexistência de Débito e / Ou da Relação Jurídica Autor: RAYANÊ ADEODATO BULCÃO Réu: LIGHT SERVICOS DE ELETRICIDADE S A PROJETO DE SENTENÇA Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei 9.099/95. Trata-se de ação de conhecimento, pelo rito sumaríssimo da Lei n° 9.099/95, alegando a parte autora, em síntese, que após distrato em contrato de locação, quitou em 16/05/16 todos os débitos pendentes junto à parte ré, mas após 03/10/17 passou a receber cobrança com ameaça de negativação, por 2ª ligação inexistente. Informa que embora reiteradamente contatada a ré, sofre reiteradas cobranças, seguidas de negativação, por débitos que não reconhece, posto que vencidos em 13/05/16, após o encerramento da prestação de serviço, havido em 11/05/16. Requer tutela antecipada de baixa de negativação, declaração de inexistência de débito referente ao código de cliente 20948071, e indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00. A parte ré apresentou contestação na forma dos autos, em que se limita no mérito a combater de forma genérica a inversão do ônus da prova e existência de dano moral. Junta telas a fl. 35/37. Rejeito a preliminar de incompetência do Juízo, ante a ausência de necessidade de perícia técnica. Trata-se de tema consumerista, sendo matéria de ordem pública e interesse social, cogente, e, portanto, a análise do mérito de tal ação é legal e passível de enfrentamento. O rito de conhecimento da Lei nº 9.099/95 é adequado para o caso, não ocorrendo impropriedade processual. Estão presentes as condições da ação, sendo o pleito juridicamente possível - não há incerteza quanto ao que se requer - pedido certo e determinável. Não havendo mais questões prévias a serem analisadas, passo à resolução do mérito. Trata-se de relação de consumo, uma vez que as partes autora e ré se enquadram, respectivamente, nos conceitos de consumidor e fornecedor, trazidos pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) em seus arts. 2º e 3º. Presente, outrossim, o requisito objetivo para a configuração da relação de consumo, qual seja, o fornecimento de produtos por parte do réu, mediante pagamento, conforme o art. 3º, §2º, também do CDC. Tendo em vista a verossimilhança de grande parte das alegações da parte autora, defiro a inversão do ônus da prova a seu favor. A parte autora não informa protocolo nos autos, mas junta a fls. 15/21 prova da existência de cobrança e negativação objetos desta lide, posteriores ao distrato da locação do imóvel referente, bem como da emissão e quitação de conta final vinculada a este. A parte ré, no entanto, não trouxe aos autos qualquer elemento capaz de demonstrar a licitude da Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário Tribunal de Justiça Comarca da Capital Cartório do 3º Juizado Especial Cível Erasmo Braga, 115 1º AND LAM I S/L 112CEP: 20020-903 - Castelo - Rio de Janeiro - RJ e-mail: cap03jeciv@tjrj.jus.br 1278 LUISHCOUTO negativação em análise. Com isso, não se verifica origem lícita da cobrança impugnada, capaz de obstar a tese autoral. Ademais, o fornecedor só afasta a sua responsabilidade se provar a ocorrência de uma das causas que excluem o próprio nexo causal, enunciadas no parágrafo 3.º, do art. 14 do CDC: inexistência do defeito e culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, o que no caso dos autos não ocorreu. Restou, portanto, caracterizada a falha na prestação do serviço, a qual deve ser absorvida pela ré a título de risco do empreendimento, pois não fez prova de excludentes (art. 14 § 3º do CDC). Com isso, merece acolhida o pleito obrigacional, para se determinar a baixa do apontamento em análise, bem como declarar a inexistência de débito referente ao código de cliente 20948071, posto que não há contrapartida pela ré que justificasse a conduta guerreada. É cediço que a negativação indevida, gera aflição e desgaste emocional ao consumidor. Evidenciado o dano moral, cumpre fixar o quantum debeatur da indenização correspondente, com base em critérios de razoabilidade e proporcionalidade, tendo em vista que o dano não pode ser fonte de lucro. Assim, fixo em R$ 8.000,00 a verba indenizatória, que entendo bastante para a compensação do prejuízo moral sofrido. Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, na forma do art. 487, I, do CPC, para CONDENAR a parte ré ao pagamento, por danos morais, da quantia de R$ 8.000,00, corrigida monetariamente desde a presente, e com juros de mora de 1% a/m (um por cento ao mês) desde a citação e DECLARAR a inexistência de débito referente ao código de cliente 20948071. Sem ônus sucumbenciais, na forma do art. 55 da Lei 9.099/95. OFICIE-SE ao SPC/Serasa para promover a exclusão da negativação do nome da parte autora, conforme fls. 17, cuja cópia deverá instruir o ofício. Caso o devedor não pague a quantia certa a que foi condenado em 15 (quinze) dias contados do trânsito em julgado da sentença ou do acórdão, será aplicada a multa de 10% prevista no artigo 523, §1º do Código de Processo Civil de 2015, independente de nova intimação, ainda que o valor acrescido, somado ao da execução, ultrapasse o limite de alçada, conforme Enunciado Jurídico n° 13.9.1 oriundo do Encontro de Juizados Especiais Cíveis e Turmas Recursais, publicado através do Aviso nº 23/2008 com a redação alterada pelo Aviso Conjunto TJ/COJES nº 15/2016. Cientes as partes de que os prazos processuais em sede de Juizados Especiais Cíveis continuarão a ser contados em dias corridos, inaplicável o art. 219 do CPC/15, nos termos do Enunciado n. 12.2016 oriundo do Aviso Conjunto TJ/COJES nº 15/2016 publicado em 06/06/2016. Projeto de sentença sujeito à homologação pela MM. Juíza de Direito, com base no art. 40 da Lei 9.099/95. Rio de Janeiro, 09 de abril de 2018. Luis Henrique Couto Barbosa Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário Tribunal de Justiça Comarca da Capital Cartório do 3º Juizado Especial Cível Erasmo Braga, 115 1º AND LAM I S/L 112CEP: 20020-903 - Castelo - Rio de Janeiro - RJ e-mail: cap03jeciv@tjrj.jus.br 1278 LUISHCOUTO Código de Autenticação: <2018013107|1254|1> Este código pode ser verificado em: (www.tjrj.jus.br – Serviços – Validação de documentos) Øþ Data: 09/04/2018 14:40:09 Local TJ-RJ Motivo: Assinado por Luis Henrique Couto Barbosa Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário Tribunal de Justiça Processo: 0029983-12.2018.8.19.0001 Fase: Trânsito em Julgado Data da alteração do andamento 27/04/2018 Data do trânsito em julgado 27/04/2018 Texto: Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário Tribunal de Justiça Processo: 0029983-12.2018.8.19.0001 Fase: Arquivamento Data do Arquivamento 06/06/2018 Tipo de Arquivamento Definitivo Apenso(s) 0 Local de Arquivamento Cartório do 3º Juizado Especial Cível