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. PRÁTICAS COMERCIAIS E SUA RESPONSABILI- DADE CONTRATUAL SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 3 PRÁTICAS COMERCIAIS ....................................................................................................... 4 PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS .................................................................................. 5 Venda Casada ......................................................................................................................... 6 Recusa de atendimento à demanda ......................................................................................... 6 Fornecimento não solicitado ................................................................................................... 6 Vulnerabilidade do consumidor ............................................................................................. 6 Vantagem excessiva ............................................................................................................... 7 Repasse de informações depreciativas sobre o consumidor ................................................... 8 Atenção às normas técnicas .................................................................................................... 9 Recusa de venda de produtos ou da prestação de serviços ..................................................... 9 Alteração de fórmula ou reajuste .......................................................................................... 10 Falta de prazo para cumprimento de obrigações .................................................................. 10 Tabelamento de Preços ............................................................................................................. 11 Cobranças de Dívidas ............................................................................................................... 12 Bancos de dados e cadastro de consumidores .......................................................................... 15 DA RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC ........................................................................ 18 RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DOS FORNECEDORES DE PRODUTOS E PRESTADORES DE SERVIÇOS ........................................................................................... 20 AS QUATRO HIPÓTESES DE RESPONSABILIDADE TRATADAS PELO CDC ............ 22 Responsabilidade pelo vício do produto ............................................................................... 22 Responsabilidade pelo fato (defeito) do produto .................................................................. 24 Responsabilidade pelo vício do serviço................................................................................ 25 Responsabilidade pelo fato (defeito) do serviço................................................................... 26 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 31 Referências ............................................................................................................................... 32 INTRODUÇÃO O Código de Defesa do Consumidor é um microssistema multidisciplinar, tam- bém é uma lei principiológica, norma de ordem pública e de interesse social que visa equilibrar as relações de consumo e tutelar a parte vulnerável. Não há dúvidas de que as práticas comerciais são de vital importância para as relações de consumo. Contudo, quando essas práticas ferem os princípios basilares que permeiam as relações entre o consumidor e o fornecedor, se configuram como práticas comerciais abusivas que devem ser repudiadas e afastadas do mercado de consumo. Dessa forma, o intuito da presente disciplina é analisar essas práticas mos- trando como essas questões são tratadas no Código Consumerista. PRÁTICAS COMERCIAIS Nas palavras do ministro Antonio Herman de V. Benjamin (2004, p. 183-184), práticas comerciais “são os procedimentos, mecanismos, métodos e técnicas utiliza- dos pelos fornecedores para, mesmo indiretamente, fomentar, manter, desenvolver e garantir a circulação de produtos e serviços até o destinatário final”. São as práticas comerciais que servem e sustentam a sociedade de consumo, de modo a aproximar os consumidores dos bens e serviços que estão a sua disposi- ção no mercado de consumo. O Capítulo V, do Código do Consumidor, se inicia com o artigo 291 que esta- belece quem são os destinatários das normas ali consignadas e amplia a sua incidên- cia para além das pessoas determináveis, de modo a resguardar o interesse de qual- quer pessoa que esteja exposta às práticas comerciais. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem utilizando o art. 29 como fundamento para o que chama de “critério finalista mitigado”, o qual caminha para a corrente ma- ximalista de definição de consumidor, para aceitar a figura do consumidor-empresário, sujeito também colocado em situação de vulnerabilidade diante das práticas comerci- ais abusivas. Para cada tipo de prática comercial há descrição da moldura dentro da qual o fornecedor deve se enquadrar, caso não o faça se sujeitará às sanções civis, admi- nistrativas e penais. 1 Art. 29, CDC: Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. Além da oferta e da publicidade, que não serão analisados neste artigo, o Có- digo de Defesa do Consumidor elenca uma série de práticas comerciais consideradas abusivas nos artigos 39, 40, 41, 42 e 43. PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Faz parte da principiologia de todo o direito do consumidor a proteção genérica contra todas as formas de práticas comerciais abusivas, o que é destacado como di- reito “básico” do consumidor no art. 6º, IV, do CDC, in verbis: “IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerci- ais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;” São práticas comerciais abusivas todas as condutas tendentes a ampliar a vul- nerabilidade do consumidor. Como leciona Antônio Carlos Efing (2004, p. 258) são “comportamentos, tanto na esfera contratual quanto à margem dela, que abusam da boa-fé ou situação de inferioridade econômica ou técnica do consumidor. ‘É a descon- formidade com os padrões mercadológicos de boa conduta em relação ao consumi- dor’, conforme o apontamento de Antônio Herman V. e Benjamin (2004, p. 218-219)”, e mais adiante, “Assim, as práticas abusivas representam antes de mais nada a ten- tativa do fornecedor agravar o desequilíbrio (i.e., vulnerabilidade) da relação jurídica com o consumidor, impondo sua superioridade e vontade, sendo que na maior parte das vezes isto se traduz na supressão (ou redução) do direito de livre escolha do consumidor” (EFING, 2004, p. 258). Ainda que determinado consumidor não tenha sido lesado, o simples fato de o excesso refletir em violação de norma de ordem pública, como as normas do CDC, tem-se que a prática é considerada abusiva. O legislador não poderia listar a exaustão as práticas abusivas, haja vista que o mercado de consumo é de extrema velocidade e as mutações ocorrem da noite para o dia. Por esta razão é que buscou deixar bem claro que a lista do art. 39 é meramente exemplificativa. A seguir, passaremos a uma análise das hipóteses previstas neste artigo. Venda Casada “I – condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;” É a proibição da conhecida “vendacasada”. O consumidor deve ter ampla li- berdade de escolha quanto ao que deseja consumir, razão pela qual não pode o for- necedor impor ao consumidor a aquisição de produtos ou serviços, nem mesmo quando este esteja a adquirir outros produtos ou serviços do mesmo fornecedor. Recusa de atendimento à demanda “II – recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;” O fornecedor não pode recusar atendimento ao consumidor, desde que tenha disponibilidade de estoque. Fornecimento não solicitado “III – enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer pro- duto, ou fornecer qualquer serviço;” O fornecimento não solicitado é uma prática corriqueira e abusiva do mercado e que, muitas vezes, pode levar o consumidor a sentir-se no dever de pagar pelo produto que chegou às suas mãos, mesmo sem ter solicitado. Para coibir esta prática, o CDC estabelece no parágrafo único, do artigo 39, a título de sanção, que o produto ou serviço oferecido seja considerado como gratuito (amostra grátis), não cabendo qualquer pagamento ou ressarcimento ao fornecedor. Vulnerabilidade do consumidor “IV – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;” O consumidor é, reconhecidamente, um ser vulnerável no mercado de con- sumo (art. 4º. I, do CDC). A vulnerabilidade é um traço universal de todos os consu- midores, ricos ou pobres, educados ou ignorantes, crédulos ou não. Já a hipossufici- ência (indica uma vulnerabilidade superior à média) é marca pessoal, limitada a alguns consumidores, são os consumidores ignorantes e de pouco conhecimento, de idade pequena ou avançada, de saúde frágil, bem como aqueles que não têm condições de avaliar adequadamente o produto ou serviço que estão adquirindo. Assim, a utilização, pelo fornecedor, de técnicas mercadológicas que se apro- veitem da hipossuficiência do consumidor se caracteriza como prática abusiva. Vantagem excessiva “V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;” Um dos objetivos da disciplina das relações de consumo é a preservação do equilíbrio entre consumidores e fornecedores. Quando o contrato se constrói com a imposição de vantagem excessiva para o fornecedor, se tem comprometido este equi- líbrio e a cláusula é considerada nula. É o caso, por exemplo, de plano de saúde que possui cláusula contratual que fixa prazo para internação de paciente, referida cláusula é considerada abusiva2. A vantagem excessiva é sinônima da vantagem exagerada prevista no art.51, § 1º, do CDC. Obrigatoriedade do orçamento “VI – executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;” A transparência nas relações de consumo é um dos princípios insculpidos no CDC e, diante deste principio, é vedada a execução de orçamento sem prévia e ex- pressa autorização do consumidor, salvo quando em contratações anteriores com aquele prestador de serviços, o consumidor não exigiu o orçamento. O artigo 40 do CDC se coaduna a este inciso e impõe dois requisitos: apresen- tação do orçamento prévio e autorização do consumidor. 2 Súmula 302 do STJ – É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a inter- nação hospitalar do segurado (DJU 22.11.2004). O orçamento prévio deverá conter o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços. Verifica-se que o legislador objetivou fortalecer o direito do consumidor à completa informação sobre a prestação de um serviço. Observa-se também que o orçamento tem prazo determinado de validade, para evitar prejuízo posterior para quem executará o serviço. Assim, conforme dispõe o art.40, §1º do CDC, salvo estipulação em contrário, o orçamento terá validade pelo prazo de dez dias a contar de seu recebimento pelo consumidor. Cumpre ressaltar que após a aprovação pelo consumidor o orçamento ganha força de contrato nos termos do §2º, do art.40. Por outro lado, é importante esclarecer que a ausência de orçamento não ne- cessariamente desobriga o consumidor de pagar pela prestação do serviço realizado, quando o consumidor, mesmo sem orçamento, acompanha a execução do serviço e pratica atos que importaram na aceitação do procedimento e das despesas do forne- cedor. Nessa hipótese, há concordância tácita por parte do consumidor. Admitir a in- cidência do artigo 40 neste caso seria concordar com o enriquecimento ilícito, o que é vedado pela lei. Repasse de informações depreciativas sobre o consumidor “VII – repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo con- sumidor no exercício de seus direitos;” Este inciso se refere às chamadas “listas negras” que não dizem respeito às informações sobre os consumidores (banco de dados e cadastros de consumidores constantes no artigo 43 e ss do CDC), mas, sim as informações dos consumidores que reclamam e exigem seus direitos ou que estão envolvidos em associações de proteção de consumidores. Pretende impedir que o consumidor atento aos seus direitos se torne objeto de comentários lesivos por parte do fornecedor, especialmente no que se refere às infor- mações disponibilizadas em cadastros de consumidores. Assim, nenhum fornecedor pode divulgar informação depreciativa sobre o consumidor quando tal se referir ao exercício de seu direito. Atenção às normas técnicas “VIII – colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em de- sacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes, ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Téc- nicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO;” As normas técnicas são estipuladas visando garantir padrões de qualidade e segurança, contudo, somente possuem caráter vinculante as normas provenientes da Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Con- selho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO). Cabe ao fornecedor respeitar essas normas. Recusa de venda de produtos ou da prestação de serviços “IX – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais;” (Inciso acrescentado conforme determinado na Lei nº 8.884, de 11.6.1994, DOU 13.6.1994). O fornecedor não pode se negar a vender produto ou prestar serviços a quem está disposto a adquiri-los mediante pronto pagamento, especialmente, quando o pa- gamento é feito em dinheiro. Embora o CDC não mencione o modo de pagamento, entende-se que o forne- cedor não poderá se negar a receber o pagamento em dinheiro, moeda corrente. Se o seu estabelecimento admite outras formas de pagamento, por cheque ou cartão de crédito, não poderá oferecer tratamento diferenciado para os clientes. É evidente que está autorizado a se negar a receber o cheque do consumidor que tenha restrição bancária, bem como não será obrigado a receber cartão se não for um dos estabele- cimentos credenciados. Elevação de preços “X – elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.” (Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994). Como no Brasil vigora, em geral, o sistema de liberdade de preços, o inciso em referência se aplica ao período pós-contratual ou aqueles produtos sujeitos a controle de preço ou ao tabelamento. Alteração de fórmula ou reajuste “XI – Aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido”. (Dispositivo incorporadopela Medida Provisória nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso XIII quando da conversão da Lei 9.870/99). O teor do dispositivo acima preza pela transparência das relações contratuais e pretende evitar a quebra do acordo contratual, ainda que no tocante à fórmula ou reajuste. O presente inciso corrobora com o teor do artigo 52 que estabelece o dever de informação do fornecedor nas hipóteses de fornecimento de produtos e serviços que envolvam a outorga de créditos ou concessão de financiamento. O consumidor, no momento do contrato, tem o direito de tomar ciência da for- mula, do índice de reajuste, dentre outros, que serão aplicados no próprio contrato, de modo a vincular o fornecedor. Falta de prazo para cumprimento de obrigações “XII – deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou dei- xar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.” (Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995). O fornecedor tem o dever de informar ao consumidor o prazo em que cumprirá a obrigação ou mesmo fixar o início do seu cumprimento, evitando, deste modo, que a adimplência do contrato fique a mercê de sua vontade, o que se mostraria incompa- tível com o equilíbrio contratual. O estabelecimento dos prazos também é fundamental para delimitar o momento em que ocorre a inadimplência, permitindo ao consumidor que tome as medidas cabíveis para a defesa de seus interesses. TABELAMENTO DE PREÇOS Estabelece o art. 41, do CDC: “No fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de, não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras san- ções cabíveis”. O tabelamento de preços, até pouco tempo, era visto principalmente pelo prisma administrativo e penal (Lei de Economia Popular). O CDC alterou o tratamento da matéria, introduzindo o mecanismo da reparação civil, de modo que o consumidor passou a ter duas opções: a restituição da quantia paga em excesso ou o desfazi- mento do negócio. Importante ressaltar que, caso o consumidor opte pelo desfazimento do con- trato, cabe restituição da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de sanções de outra natureza, sejam administrativas, sejam criminais, incluindo-se multa. COBRANÇAS DE DÍVIDAS A cobrança de uma dívida é uma atividade corriqueira e legítima e se constitui um exercício regular do direito do fornecedor. Contudo, o fornecedor deve utilizar de cuidado e zelo na cobrança, de modo a evitar que o consumidor inadimplente seja submetido a constrangimento, situações vexatórias ou a qualquer tipo de ameaça. O fornecedor, ao efetuar a cobrança de uma dívida, deverá observar o art. 42, bem como o art. 71, ambos do CDC, que deverão ser analisados em conjunto. A norma consumerista não impede a cobrança de dívidas, mas apenas limita certas prá- ticas abusivas cujo fundamento se sustenta na vulnerabilidade do consumidor (art.4º, inciso I, CDC), na preservação de sua dignidade (art.1º, inciso III, Constituição Fede- ral; e art. 4º, caput, CDC), na sua privacidade (art. 5º, inciso X, CF) e na manutenção da harmonia entre o consumidor e o fornecedor nas relações de consumo (art. 4º, caput e inciso III, CDC). O art. 42, caput, do CDC3, buscou abranger o conjunto de situações que, pos- sivelmente, possam atentar contra a dignidade do consumidor. Parte-se do princípio de que o consumidor inadimplente não é diminuído em sua dignidade por estar ina- dimplente e, portanto, não pode ter sua honra ou integridade moral, física ou patrimo- nial ofendidos. A preocupação do ordenamento com essa questão foi tão grande que o legis- lador utilizou o Direito Penal, para criminalizar as condutas que são consideradas mais graves na cobrança de dívidas, na forma do art. 71 do CDC4. 3 Art. 42, CDC: Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. 4 Art. 71, CDC: Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consu- midor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer: Pena – Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa. O parágrafo único do art. 42 dispõe que o consumidor tem direito à repetição do indébito quando for cobrado em quantia indevida, exceto nas hipóteses de engano justificável. A grande discussão reside na interpretação do alcance da expressão “engano justificável”. Para a maior parte da doutrina, engano justificável seria aquele que não decorre nem de dolo nem de culpa do fornecedor. Acrescenta Antônio Herman V. Benjamin (1998, s.p.) que engano justificável “É aquele que, não obstante todas as cautelas razoáveis exercidas pelo fornecedor-credor, manifesta-se”. Assim, o engano só é considerado justificável quando não decorrer de dolo ou culpa do fornecedor do serviço. Para Cláudia Lima Marques (2010, p. 805), a norma do parágrafo único do art. 42 tem alcançado relativa ou pouca efetividade. A jurisprudência ainda resiste a uma condenação em dobro do cobrado indevidamente, pois passou a ver esta condenação como uma fonte de enriquecimento “sem causa” e não como uma punição razoável ao fornecedor negligente que abusou de seu “poder” na cobrança. Quase que so- mente em caso de má-fé subjetiva do fornecedor, há devolução em dobro, quando o CDC, ao contrário, menciona a expressão “engano justificável” como única exceção. Mister rever esta posição jurisprudencial. A devolução simples do cobrado indevidamente é para casos de erros escusá- veis dos contratos entre iguais, dois civis ou dois empresários, e está prevista no CC/2002. No sistema do CDC, todo o engano na cobrança de consumo é, em princí- pio, injustificável. Cabe ao fornecedor provar que seu engano na cobrança, no caso concreto, foi justificado. A cláusula de restituição em dobro tem caráter pedagógico e preventivo, para evitar que o fornecedor se descuide e cobre a mais dos consumidores por engano, havendo uma presunção relativa de que o engano é injustificável, apenas podendo ser afastada se cabalmente comprovado pelo fornecedor que o erro foi escusável. Dispõe o art. 42-A, do CDC: “Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao consu- midor, deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no Ca- dastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurí- dica – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente.” (Artigo acrescentado conforme determinado na Lei nº 12.039/2009). A utilidade deste artigo se justifica em razão da preocupação com a proteção ao consumidor no tocante a localização do fornecedor, o que é muito relevante, pois uma grande dificuldade prática para exercício das pretensões pelo consumidor de- corre, muitas vezes, da ausência de localização precisa, como por exemplo no caso do comércio eletrônico (direito à informação clara e precisa. Princípio da transparência e da boa-fé). Para Ezequiel Morais (2010, s.p.), em sua obra Código de Defesa do Consu- midor Comentado, a norma contida no artigo 42-A poderia ser revestida de mais efe- tividade e força de penalidade específica inserida no próprio texto do artigo, como isso não foi feito, a norma não se apresenta inócua, vez que o fornecedor que descumpri- la poderá ser punidopor meio de sanções dispostas em outros dispositivos genéricos do CDC que serão adaptados ao caso. Segundo alguns setores da doutrina, essa norma não tem autonomia, pois não prescreve sanção, mas esta ligada intrinsica- mente a outros dispositivos de natureza sancionadora (art. 22, parágrafo único do CDC). Já no entendimento de Claudia Lima Marques, Antonio Herman e Bruno Mira- gem, em Comentários ao Código de Defesa do Consumidor (2010, s.p.), o descum- primento da regra contida neste artigo impõe a possibilidade de sanção pela violação do dever do informar e se submete a multa prevista no art. 56, I, CDC, sendo possível o cumprimento forçado do dever, com fundamento no art.84 (tutela especifica da obri- gação de fazer). BANCOS DE DADOS E CADASTRO DE CONSUMIDORES Com o crescimento e desenvolvimento do comércio, especialmente após a Se- gunda Guerra Mundial, despontaram os bancos de dados e cadastros de consumido- res que, inicialmente, eram bem restritos, mas com o surgimento e aperfeiçoamento de novas tecnologias, foram se expandindo e se modernizando diante da necessidade de uma proteção maior ao crédito. Os bancos de dados e cadastro de consumidores desempenham um impor- tante papel nas relações comerciais, pois possibilitam ao fornecedor conhecer e obter informações do consumidor, proporcionando maior agilidade e segurança na conces- são do crédito. Diante da necessidade de proteção ao crédito, no Brasil surgiram algumas en- tidades destinadas à coleta e manutenção de arquivos pessoais, merecendo destaque o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), a SERASA (Centralização de Serviços de Bancos S/A) e o Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), de respon- sabilidade do Banco Central. O artigo 43, do CDC trata do tema: “Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. §1º. Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, ver- dadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informa- ções negativas referentes a período superior a cinco anos. §2º. A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. §3º. O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e ca- dastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas. §4º. Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público. §5º. Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao cré- dito junto aos fornecedores.” O parágrafo 2º, do artigo 43, não estabelece uma forma específica para a rea- lização da notificação, nem exige a comprovação do recebimento do aviso prévio pelo devedor (não há necessidade que seja feita por “AR”5), dispõe apenas que a comuni- cação seja feita por escrito. Cabe ao órgão responsável provar o envio da correspon- dência que dá ciência do registro no cadastro de proteção ao crédito6. A norma consumerista permite ao consumidor o acesso aos seus dados e o direito de exigir a correção de eventuais inexatidões ou incorreções neles contidas, teor do art.43, § 3º do CDC. Conforme disposto no § 4º, do art. 43 do CDC, os bancos de dados e cadastros de consumidores são considerados de caráter público. Assim, qualquer arquivo rela- cionado às relações de consumo mesmo que restrito ao estabelecimento do fornece- dor deve ser revelado ao consumidor. Nos termos do §5º, do art. 43, uma vez consumada a prescrição referente à cobrança de débitos, não será fornecida, pelos sistemas de proteção ao crédito, infor- mação que possa dificultar acesso do consumidor ao crédito. O nome do devedor somente poderá ser mantido nos serviços de proteção ao crédito pelo prazo máximo de cinco anos7. O artigo 44 do CDC8 trata dos arquivos de consumo e dispõe que todos os órgãos públicos de defesa do consumidor (Procons municipais e estaduais, Departa- mento Nacional de Defesa do Consumidor – do Ministério da Justiça, por exemplo) 5 Súmula 404 do STJ- É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consu- midor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros. 6 Súmula 359 do STJ – Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição. 7 Súmula 323 do STJ – A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução. 8 Art. 44, CDC: Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados de recla- mações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo pública e anu- almente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor. §1º. É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por qualquer inte- ressado. §2º. Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas no artigo anterior e as do parágrafo único do art. 22 deste Código. tem o dever de criar, organizar e divulgar relação de fornecedores[17] que atuam em descompasso com as regras e princípios do CDC. Os seus parágrafos exigem o cum- primento dos mesmos deveres de boa-fé impostos aos cadastros de consumidores (art.43) e aos serviços públicos (arts. 3º. e 22). O cadastro de fornecedores equipara-se ao dos consumidores no SERASA ou SPC – Serviço de Proteção ao Crédito e permite que o consumidor tenha informação exata sobre a situação do fornecedor e de suas práticas nas relações de consumo, de modo a preservar a igualdade de tratamento. Para Rizzato Nunes (2012, s.p.) “o con- teúdo do caput do art. 44 é o troco da lei aos serviços de proteção ao crédito.” É considerado arquivo público e por esta razão deve ter publicidade e deve ser atualizado, confiável e continuo. Com a criação do SINDEC – Sistema Nacional de informações de Defesa de Consumidor, o acesso de qualquer interessado aos cadastros de reclamações funda- mentadas passou a ser facilitado, posto que integrou em rede as informações sobre os processos administrativos com o intuito de destinar maior publicidade, informar e criar mais um fator de proteção dos consumidores. Entende-se por reclamação fundamentada aquela notícia de lesão ou ameaça a direito que já foi analisada pelo órgão público de defesa do consumidor (a requeri- mento ou de oficio) e foi julgada procedente por decisão administrativa definitiva. É importante frisar que cumpre ao órgão público de defesa do consumidor ob- servar o contraditório e a ampla defesa. Por esta razão as reclamações devem ser fundamentadas, baseadas em fatos verídicos. Somente desta forma podem ser regis- tradas pelos órgãos de defesa do consumidor, com o intuito de se evitar abusos e danos ao nome do fornecedor. DA RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC Para Fábio Ulhoa Coelho (2012, p. 350), responsabilidade civil é a obrigação em que o sujeito ativo pode exigir o pagamento de indenização do passivo por ter sofrido prejuízo imputado a este último. A responsabilidade civil pode ser subjetiva ou objetiva. No primeiro caso, o de- vedor responde por ato ilícito (constitui-se a obrigação em razão de sua culpa pelo evento danoso); no segundo, por ato lícito (a responsabilidade é constituída a despeito da culpa do devedor) (ULHOA, 2012, p. 351-352). O termo responsabilidade é utilizadoem qualquer situação na qual alguma pes- soa, natural ou jurídica, deva arcar com as consequências de um ato, fato, ou negócio danoso (VENOSA, 2012, p.1). O Código Civil, nos seus arts. 186 e 187 estabelece o que é ato ilícito, e no art. 927 também do referido diploma, determina a obrigação de reparar o dano causado a outrem. No direito civil, para que seja aplicada essa responsabilidade se faz necessário o exame da culpa, responsabilidade subjetiva, ou seja, aquele que desejar ter um dano reparado deve provar que quem o causou o fez mediante culpa ou dolo. O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor superou a aplicação da respon- sabilidade subjetiva, pouco importando se o dano causado decorre de culpa ou dolo, devendo o fornecedor ser responsabilizado pelo serviço prestado ou pelo produto pro- duzido com vício ou defeito. Nesse interim, o CDC tem como regra a responsabilidade objetiva e solidária dos fornecedores de produtos e prestadores de serviços, frente aos consumidores. Tal dispositivo veio para adequar as relações consumeristas, uma vez que era quase impossível demonstrar a culpa do fornecedor. Desse modo, “não tem o consumidor o ônus de comprovar a culpa dos réus nas hipóteses de vícios ou defeitos dos produtos e serviços. Trata-se de responsabi- lidade independente de culpa, prevista expressamente em lei” (TARTUCE, 2012, p.117). Foi adotado pelo CDC a teoria do risco-proveito, aquele que gera a responsa- bilidade sem culpa justamente por trazer benefícios ou vantagens. Quer dizer que, aquele que expõe aos riscos outra pessoa para obter lucro deve arcar com os danos causados por esta atividade (TARTUCE, 2012, p. 218). A regra da responsabilidade objetiva é quebrada no código de defesa do con- sumidor em relação a prestação de serviço dos profissionais liberais, porém, será apresentada em tópico separado mais adiante. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DOS FORNECEDORES DE PRO- DUTOS E PRESTADORES DE SERVIÇOS Como já foi dito anteriormente o código consumerista brasileiro adotou como regra a responsabilidade objetiva dos fornecedores de produtos e prestadores de ser- viços, que independe de culpa ou dolo, essa responsabilidade objetiva surgiu diante da necessidade de proteger a parte mais fraca da relação de consumo. Segundo Filomeno (p. 192-193 apud ALMEIDA, 2013, p. 424) a eleição da res- ponsabilidade objetiva como a regra no Código de Defesa do Consumidor deveu-se, em suma, aos seguintes fatores: ■ a produção em massa; ■ a vulnerabilidade do consumidor; ■ a insuficiência da responsabilidade subjetiva; ■ o fornecedor há de responder pelos riscos que seus produtos acarretam; ■ em decorrência de antecedentes legislativos. Portanto, em havendo fins lucrativos o fornecedor deve arcar com os riscos advindos da atividade exercida, as previsões legais estão dispostas nos artigos 12, 14, 18, 19 e 20 a saber: Art. 12 - O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela re- paração dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresen- tação ou acondicionamento de seus produtos, bem como informações insufi- cientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. [...] Art. 14. O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. [...] Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensa- gem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, po- dendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quanti- dade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes da sua natureza, seu conteúdo liquido for inferior às indicações constantes do recipi- ente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I- O abatimento proporcional do preço; II- Complementação do peso ou medida; III- A substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou mo- delo, sem os aludidos vícios; IV- A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I- A reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II- A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III- O abatimento proporcional do preço. AS QUATRO HIPÓTESES DE RESPONSABILIDADE TRATADAS PELO CDC A abordagem do Código de Defesa do Consumidor em relação a responsabili- dade civil é feita em cima do produto ou serviço, surgindo a responsabilidade pelo vício ou fato (defeito) do produto ou serviço. Desse modo, quatro são as situações básicas de responsabilidade civil tratadas pelo Código de Defesa do Consumidor: a) responsabilidade pelo vício do produto; b) responsabilidade pelo fato do produto; c) responsabilidade pelo vício do serviço; d) responsabilidade pelo fato do serviço (TAR- TUCE, 2012, p. 124). Destarte, pode-se observar que a responsabilidade é objetiva e que decorrem da teoria do risco, ou seja, onde há ganho, há despesa. Então, conclui- se que inde- pendente da culpa do fornecedor, este deverá ser responsabilizado pelo serviço pres- tado ou pelo produto produzido com defeito (SIMÃO, 2009, p. 118). Importante destacar a diferença entre vício e fato (defeito), pois há distinção significativa entre os dois. Segundo Flávio Tartuce (2012, p. 125), no vício (seja no produto ou do serviço), o problema fica adstrito aos limites do bem de consumo, sem outras repercussões. Por outra via, no fato ou defeito (seja no produto ou do serviço), há outras decorrên- cias, como é o caso de outros danos materiais, de danos morais e dos danos estéti- cos. Pode se dizer que, quando o dano permanece nos limites do produto ou serviço, está presente o vício. Se o problema extrapola os seus limites, há fato ou defeito, presente, no último caso, o acidente de consumo propriamente dito. Responsabilidade pelo vício do produto Os conceitos tratados acima mostram que a responsabilidade pelo vício do pro- duto está ligada diretamente a inadequação do produto. Para Flávio Tartuce (2012, p.131), há responsabilidade por vício do produto, presente quando existe um problema oculto ou aparente no bem de consumo, que o torna impróprio para uso ou diminui o seu valor, tido como um vício por inadequação. Então, o vício do produto é aquele em que o defeito fica adstrito ao produto não atingindo a integridade física do consumidor. João Batista de Almeida (2003, p. 68) conceitua a responsabilidade por vício do produto e do serviço como aquela atribuída ao fornecedor por anormalidades que, sem causarem riscos à saúde, à segurança do consumidor, afetam a funcionalidade do produto ou do serviço nos aspectos qualidade e quantidade, tomando-os impró- prios ou inadequados ao consumo ou lhes diminuindo o valor, bem como aquelas decorrentesda divergência do conteúdo com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária. Fundamentando os dizeres de ALMEIDA (2003), o art. 18 do CDC traz: Art. 18 - Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou men- sagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. Neste sentido, observamos que os vícios possuem caráter abrangente, em que, não somente quanto a qualidade ou quantidade como também relativo aos aspectos legais em que por ventura possam vir a infligir. Importante salientar que no vício do produto, há solidariedade entre todos os envolvidos com o fornecimento, caso do fabricante, do produtor e do comerciante, ressaltadas as duas exceções estabelecidas pela lei (TARTUCE, 2012, p. 132). A primeira exceção de responsabilização direta e imediata do fornecedor pe- rante ao consumidor é no caso de fornecimento de produtos in natura conforme diz o art. 18, §5º, do CDC “[...] no caso de fornecimento de produtos in natura, será respon- sável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado clara- mente seu produtor”. Flávio Tartuce (2012, p. 132) exemplifica tal situação assim: Se alguém adquire uma maçã estragada em uma feira livre, a responsabilidade em regra será do feirante. Porém se a maça constar o selo do produtor, o que é bem comum, o último responderá pelo vício. A segunda exceção está disposta no art. 19, § 2º da lei consumerista “ [...] § 2° “O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais”. No vício relacionado ao art. 19, § 2º, a falta da boa-fé objetiva gera a respon- sabilidade pessoal, afastando o dever de reparar o fabricante. Assim exemplifica TAR- TUCE (2012, p. 132), se há um problema na balança do mercado, que está adulte- rada, a responsabilidade será do comerciante e não do produtor ou fabricante. Responsabilidade pelo fato (defeito) do produto Quanto ao fato do produto, está previsto no art. 12 do CDC, no qual trata da responsabilidade do fornecedor do produto referente aos danos externos que por ele poder ser causados, segue: Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela re- paração dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresen- tação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. O § 1º do referido artigo define o que é produto defeituoso, in verbis: § 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legiti- mamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevan- tes, entre as quais: I - sua apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi colocado em circulação. III - a época em que foi colocado em circulação. João Batista de Almeida (2003, p. 66) traz a definição de defeito como sendo, toda anomalia que, comprometendo a segurança que legitimamente se espera da frui- ção dos produtos e serviços, termina por causar danos físicos ou patrimoniais aos consumidores. A caracterização da responsabilidade pelo fato do produto ocorre quando há uma exteriorização do defeito não se limitando somente ao produto, ocasionando le- são à saúde, à segurança e ao patrimônio dos consumidores e usuários. Segundo Flávio Tartuce (2012, p. 146), no fato do produto ou defeito estão presentes outras consequências além do próprio produto, outros danos suportados pelo consumidor, a gerar a responsabilidade objetiva direta e imediata do fabricante. A lei 8.078/90 deixou clara a responsabilidade subsidiaria ou mediata do co- merciante ou de quem o substitua disposto no art. 13 da lei consumerista que segue: Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo ante- rior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. Os acidentes de consumo supõem, como um prius, a manifestação de um de- feito do produto ou serviço, e como um posterius, um evento danoso. O defeito do produto ou serviço é um dos pressupostos da responsabilidade por danos nas rela- ções de consumo. Se o produto não ostentar vício de qualidade, ocorrerá ruptura da relação causai que determina o dano, ficando afastada a responsabilidade do forne- cedor. (DENARI, 2007, p. 197) Responsabilidade pelo vício do serviço Assim como o produto, o serviço é um elemento inserido no mercado de con- sumo para a satisfação das necessidades dos consumidores conforme sua finalidade, para tanto sua definição é trazida no § 2º do art. 3º da lei consumerista a seguir: “§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunera- ção, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. O caput do art. 20 trata da responsabilidade pelo vício do serviço: Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária. Já no § 2º do artigo mencionado traz a definição do que é serviço impróprio “são impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavel- mente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamen- tares de prestabilidade”. Para Fabrício Bolzan (2013, p. 477) o vício do serviço se caracteriza quando um problema no serviço prestado o torna impróprio aos fins que se destina, restrito ao bem de consumo, causando frustração no resultado esperado pelo serviço, gerando um prejuízo de ordem econômica ao consumidor. Nos casos em que o a prestação de serviço infringir os preceitos legais o con- sumidor poderá a sua escolha nos termos do art. 20 optar por uma das opções pre- vistas. Art. 20 [...] I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível. II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. III - o abatimento proporcional do preço. Esta implicitamente determinado que para a realização dos serviços para repa- ração de qualquer produto o uso de componentes de reposição originais adequados e novos, ou quem mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quando a estes últimos, autorização em contrário do consumidor (art. 21 do CDC). Os prazos para reclamação dos vícios do serviço são aqueles decadenciais tratados pelo art. 26 do CDC. Desse modo, os prazos serão de trinta dias para os serviços não duráveis, e de noventa dias para os serviços duráveis. Tais prazos serão contados da execução do serviço (vicio aparente) ou do seu conhecimento (vício oculto) (TARTUCE, 2012, P. 151). Responsabilidade pelo fato (defeito) do serviço A responsabilidade pelo fato do serviço está prevista no art. 14 do CDC nos seguintes termos: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existên- cia de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por de- feitos relativos à prestação dos serviços, bem comopor informações insufici- entes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Para Fabrício Bolzan (2013, p. 461) em razão de um serviço defeituoso ocorre um acidente de consumo e o consequente dever de reparar os danos independente- mente da comprovação de dolo ou de culpa. Trata-se mais uma vez de responsabili- dade objetiva. O Código de Defesa do Consumidor (art. 14 § 1º da lei 8.078/1990), definiu serviço defeituoso como aquele que não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi fornecido. Para Flávio Tartuce (2012, p. 153) no fato do serviço ou defeito, a evidente solidariedade entre todos os envolvidos na prestação, não havendo a mesma diferen- ciação prevista paro o fato do produto, na esteira do que consta dos arts. 12 e 13 do CDC. Isso porque é difícil diferenciar quem é o prestador direto e o indireto na cadeia de prestação, dificuldade que não existe no fato do produto, em que a figura do fabri- cante é bem clara. O Diploma Consumerista prevê em seu art. 14, § 3º, quais são as causas ex- cludentes de responsabilidade do fornecedor pelo fato do serviço, ou seja, em decor- rência de um acidente de consumo fruto da prestação de um serviço, in verbis: Art. 14 [...] § 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I — que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II — a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. O Código Civil preconiza no seu art. 734, que o transportador de passageiros responderá por qualquer dano causado às pessoas transportadas, portanto ineficaz qualquer cláusula excludente de responsabilidade, sendo que sua responsabilidade contratual não é excluída por culpa de terceiros (art. 735 CC). Podemos citar o exem- plo do avião da GOL que foi atingido em pleno voo por outro avião e que acabou caindo, a responsabilidade da empresa elidida mesmo sendo o acidente provocado por culpa de terceiro. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE NO CDC O código de Defesa do Consumidor regulamenta as possibilidades do fornece- dor eximir sua responsabilidade, para afastar o dever de indenizar, dever ser provadas pelos fornecedores e prestadores, ônus que sempre lhes cabe (TARTUCE, 2012, p. 167). As excludentes de responsabilidade pelo produto estão dispostas no art. 12, § 3º da lei consumerista, in verbis: Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela re- paração dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresen- tação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. [...] § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será respon- sabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Como primeira excludente (§ 3º, I) pode-se citar quando o produto for introdu- zido no mercado de consumo viciado ou defeituoso, decorrentes de roubo ou furto, usurpação de nome, produtos adulterados. Para elucidar tal situação citaremos o exemplo dado por Fabrício Bolzan (2013, p.454), um lote de medicamentos em que foi constatado o defeito e, por essa razão, acabou sendo alocado para determinado galpão isolado até a realização da respectiva incineração. Neste meio tempo, en- quanto se aguardava o momento de sua destruição, o lote foi furtado e vendido no “mercado paralelo” ou dentro de transportes coletivos, situação corriqueira no dia a dia dos grandes centros urbanos. O mesmo raciocínio valerá em caso de produtos falsificados. Na segunda causa de excludente de responsabilidade (§ 3º, II) o fornecedor colocou o produto no mercado, e o consumidor alega dano causado por um defeito que não existe, porém, em demonstrando que não há um nexo de causalidade o for- necedor isenta-se da responsabilidade. E na terceira e última excludente de responsabilidade pelo fato do produto, o fornecedor só estará isento da responsabilidade se a culpa for exclusiva do consumi- dor ou de terceiro. Mais uma vez colocaremos o exemplo de Fabrício Bolzan (2013, p.455-456), um produto como o veneno para matar insetos cuja periculosidade é nor- mal e previsível, com todas as informações sobre os riscos expressas de maneira ostensiva e adequada, mas, mesmo assim, o consumidor faz mau uso e acaba so- frendo danos por culpa exclusiva sua. Tratando-se de culpa concorrente do consumidor não há falar em causa exclu- dente de responsabilidade, mas em atenuante desta Fabrício Bolzan (2013, p.456). Esse também é o entendimento consolidado no STJ: A circunstância de o paciente ter consumido o produto sem prescrição médica não retira do fornecedor a obrigação de indenizar. Pelo sistema do CDC, o fornecedor somente se desobriga nas hipóteses de culpa exclusiva do con- sumidor (art. 12, § 3º, do CDC), o que não ocorre na hipótese, já que a própria bula do medicamento não indicava os riscos associados à sua administração, caracterizando culpa concorrente do laboratório (REsp 971.845/DF, Rel. Mi- nistro Humberto Gomes de Barros, 3ª T., DJe 1º-12- 2008). O Diploma Consumerista prevê em seu art. 14, § 3º, quais são as causas ex- cludentes de responsabilidade do fornecedor pelo fato do serviço, ou seja, em decor- rência de um acidente de consumo fruto da prestação de um serviço, in verbis: Art. 14 [...] § 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Comparando com as causas excludentes de responsabilidade do fornecedor de produtos, a única diferença é que o fornecedor de serviço não pode, por questões óbvias, alegar que não colocou o serviço no mercado de consumo, isto é, que não foi por ele prestado. Impossível aqui argumentar, por exemplo, pelo furto de serviço, como é comum no caso de um produto, logo se trata de hipótese inviável ao prestador de serviço. Mais uma vez vale ressaltar que a culpa concorrente atenua a responsabilidade do fornecedor, mas não a exclui. O Superior Tribunal de Justiça posicionou-se assim quando, por exemplo, pedestre é atropelado em via férrea ao tentar atravessá-la. É civilmente responsável, por culpa concorrente, a concessionária do trans- porte ferroviário pelo falecimento de pedestre vítima de atropelamento por trem em via férrea, porquanto incumbe à empresa que explora essa atividade cercar e fiscalizar, devidamente, a linha, de modo a impedir sua invasão por terceiros, notadamente em locais urbanos e populosos (AgRg no AREsp 34.287/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, 3ª T., DJe 14-12-2011). Neste caso, concorrem com culpa a concessionária do serviço de transporte coletivo que não impede a travessia e o consumidor que sabia — ou deveria saber — dos riscos de sua conduta. A responsabilidade do fornecedor em regra é objetiva, tendo que reparar os danos/prejuízos causados aos consumidores independentemente da comprovação do dolo ou da culpa. (ALMEIDA, 2013, p. 469). Há uma exceção à regra da responsabilidade objetiva do CDC, qual seja a res- ponsabilidade pessoal do profissional liberal. Para corroborar Flávio Tartuce (2012, p.153) leciona: “no fato do serviço, a res- ponsabilidade civil dos profissionais liberais somente existe se houver culpa de sua parte, conforme preconiza o art. 14, § 4º, da lei 8.078/1990”, que assim prevê: “A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verifica- ção de culpa”. Trata-seda responsabilidade pessoal do profissional liberal que deverá ser configurada mediante a comprovação de dolo ou de culpa (responsabilidade sub- jetiva). CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, é possível concluir que as normas dispostas no Código de Defesa do Consumidor desempenham um importante papel na sociedade de con- sumo, protegendo o consumidor quando as práticas comerciais ultrapassam os limites e se tornam abusivas, através aplicação imediata da lei consumerista, visando manter o equilíbrio e a equidade nas relações de consumo. A abordagem do Código de Defesa do Consumidor em relação a responsabili- dade civil é feita em cima do produto ou serviço, surgindo a responsabilidade pelo vício ou fato (defeito) do produto ou serviço. Desse modo, quatro são as situações básicas de responsabilidade civil tratadas pelo Código de Defesa do Consumidor: res- ponsabilidade pelo vício e fato do produto; e a responsabilidade pelo vício e fato do serviço. Além disso, o fornecedor também é amparado com preceitos legais trazidos pelo CDC, através de excludentes que indicam os casos necessários para eximir a culpa do fornecedor, tais como, quando não coloca o produto no mercado, o defeito inexiste, a culpa é exclusiva do consumidor ou de terceiros, como ainda, a jurispru- dências está admitindo em algumas situações, através da análise do caso concreto, o caso fortuito ou força maior. Por fim, como debatido ao longo do curso, conclui-se que a legislação busca de forma eficaz proteger os direitos dos consumidores com um código preciso e obje- tivo, demostrando que deve haver confiança e justiça no âmbito do direito, promo- vendo a harmonia social com aplicabilidade da eficácia do CDC. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Fabrício Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabrício Bolzan de Almeida. – São Paulo: Saraiva, 2013. ALMEIDA, João Batista de. Manual de direito do consumidor / João Batista de Al- meida. – São Paulo: Saraiva, 2003. 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