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Pensamento Político Pensamento Político e As Instituições Políticas na Idade Média Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Fábio Mariano da Silva Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites 5 • Introdução • Por que Idade Média? • Pensadores da Idade Média Ouvimos muitas discussões sobre Estado laico. Imagine você que nossa atual Constituição Federal dá a todos os cidadãos brasileiros a oportunidade de exercerem livremente suas crenças religiosas. Você pensa que foi sempre assim? A resposta é não. Durante séculos os homens eram obrigados a professar uma única fé. Aqueles que contestavam a Igreja Católica, grande detentora do poder político e espiritual, eram perseguidos e até queimados, considerados inimigos de Deus. Mais tarde, ao final da Idade Média surgiram os calvinistas e luteranos, a quem chamamos de protestantes. Durante a leitura você poderá elaborar e aplicar questões relacionadas à política atual e de que forma essas influenciam a elaboração de políticas e normas jurídicas para todos os cidadãos do País. · Nesta unidade estudaremos a constituição do pensamento político na Idade Média. Veremos de que forma se constituiu a relação entre a política e o Estado, assim como entre a política e a religião. · Fique atento e observe como os autores tratavam dos temas políticos nessa época. Isso o ajudará a entender melhor esse período da história. Pensamento Político e As Instituições Políticas na Idade Média 6 Unidade: Pensamento Político e As Instituições Políticas na Idade Média Contextualização Atualmente nos deparamos com uma série de questões em todos os campos da vida, seja pessoal ou profissional, que nos fazem refletir a respeito do papel do Estado. É por isso que devemos pensar sobre a importância de separar aspectos políticos de religiosos, respeitando o cidadão na sua totalidade, sobretudo na sua individualidade. Afinal, ao aprender sobre política, precisamos ter em mente que essa não deve se impor pelo arbítrio, mas sim pela finalidade de promover o bem comum. Quer saber sobre guerras religiosas que ocorreram? Assista ao filme Margot, cujo link da versão disponível no Youtube segue abaixo para que você tenha uma ideia, por exemplo, do que ocorreu na famosa Noite de São Bartolomeu. • http://www.youtube.com/watch?v=kByqO2nkIUE http://www.youtube.com/watch?v=kByqO2nkIUE 7 Introdução Antes de iniciarmos este tópico vale, resumidamente, mencionar o momento político vivido ao final da Idade Antiga, em especial naquilo que diz respeito a Roma. Como vimos, Roma passou por inúmeros regimes políticos, sendo que após a República adotou o regime de Império. Para os romanos isso era sinal de que Roma vivia seu auge, sua Era de glórias. Como foi dito, a política implica no entendimento sobre como o “Poder” está organizado e distribuído em determinada sociedade. Assim, por estar no auge, o Império Romano passou a ser alvo de disputas internas, em especial por seus imperadores. Afinal, como vimos no tópico passado com Max Weber, atingir o poder é sempre o interesse daqueles que estão participando da vida política da sociedade em que participam. Uma vez que se desvirtua o sentido próprio da política para a realização do “bem comum” e as disputas tomam lugar naquilo que consideramos suas formas puras, o Império Romano passou para sua pior fase, entrando no mais profundo declínio. Dentre os fatores que influenciaram sua decadência, atribui-se a presença da Igreja, que foi subvertendo a ordem política se sobrepondo ao Estado ao afirmar representar a vontade divina. Exposta esta breve consideração, passaremos a discorrer a respeito desse importante período da história. Por que Idade Média? O famoso jurista brasileiro Miguel Reale dizia que nesse período da Idade Média brotaram diversas formas de organização política, por isso deveria ser chamada de Idade Inicial. Alguns teóricos da Ciência Política costumam designar esse período como Intervalo, por considerá-lo menos relevante que os demais, tanto que alguns denominam com o termo Média, pela conotação pejorativa, menos ou medianamente importante. Outros termos também são utilizados, a saber: Idade das Trevas, Obscurantismo ou Menoridade. Veremos mais adiante que esse período foi rico e importante para a constituição da história dos Estados europeus. Teocentrismo Esta foi uma das principais características do período medieval. Ao inverter a ordem, o plano espiritual passou a exercer sobremaneira influência sobre o plano material ou terreno, de modo que o homem não era mais o centro do pensamento, sendo tal lugar ocupado pela figura de Deus. 8 Unidade: Pensamento Político e As Instituições Políticas na Idade Média Esse protagonismo não foi gratuitamente ocupado por Deus, já que as sociedades políticas estavam sob forte influência da Igreja Romana, em especial. Vale destacar que na Idade Antiga os homens eram policêntricos, ou seja, cultuavam inúmeros deuses. Cada uma dessas divindades possuía funções específicas, relacionadas a comunicação, ao amor, a saúde e tantas outras áreas presentes na vida humana. Nesse sentido, a Idade Média nos faz entender como se constituiu a correlação de fatos que ajudam a entender o elo existente entre política e Estado, assim como entre Estado e religião. Isso porque com a destruição de Roma pelas tribos bárbaras, durante todo esse período a única instituição que se manteve ilesa foi a Igreja Católica. A Idade Média Explore Indicação de filmes: O nome da Rosa e O Código Da Vinci Equipe de produção inserir elemento visual Explore. Passamos a contar a Idade Média com o início da queda do Império Romano do Ocidente, ocasionada pela invasão bárbara. Por sua vez, o término do período medieval com a transição para a Idade Moderna é pautado com a tomada de Constantinopla pelos turcos. Assim, contabilizamos esse período entre os séculos V e XV, havendo divergências em relação ao ano exato de sua transição para a Era Moderna, onde alguns apontam 1.453, enquanto outros 1.492. Perceba se tratar de um longo período, com quase mil anos, marcado por grandes e importantes transformações para a humanidade. Data sua extensão de tempo, do ponto de vista histórico se divide entre Baixa e Alta Idade Média. Pela leitura que faremos podemos ressaltar que o Medievo tem por característas os seguintes fatos: • A supremacia de um direito natural, ou seja, aquele oriundo da natureza e que por si só poderia ser considerado imutável. Ressalta-se assim o teocentrismo; • A forma monárquica de governo, o que se configura em reis e rainhas na Europa; • A confusão entre direito público e direito privado; • A submissão em que o Estado se encontrava frente ao poder espiritual, já que a Igreja Romana era grande detentora de poderes. Ao analisarmos esses aspectos podemos perceber que muito do desenvolvimento de um pensamento político propriamente dito foi barrado pela Igreja, naquele momento detentora de grande parte do poder. Isto por que? A Igreja como instituição que pregava a supremacia de uma vontade suprema oriunda de Deus, não concebia que as transformações do Estado pudessem ocorrer por meio do povo, mas somente pela vontade divina. 9 Na obra intitulada A teoria das formas de governo, o italiano Norberto Bobbio ensina que a Idade Média foi um período onde a servidão do homem se deu por imposição em consequência do pecado da desobediência de Adão e Eva. Assim, resta-lhe a escravidão e submissão, já que a liberdade deixava de convir aos homens. E por que então existiam senhores e escravos ou servos? Dada a misericórdia de Deus às criaturas que foram feitas a sua imagem e semelhança, estaria determinado que alguns seriam senhores, enquanto outros estariam fadados ao papel de servos. Nessa estrutura quem seria responsável por conter o mal? Os reis e príncipes teriam o papel de limitar o arbítrio de seus súditos, utilizando do terror e da Lei para que esses vivessem com retidão (SEVILHA apud BOBBIO;MATTEUCI; PASQUINO, 2008, p. 78). Depreendemos então que a estrutura da sociedade medieval era claramente destacada entre senhores e servos, personagens sociais que exerciam seus papéis por razão e imposição divina que, se contestada, atingiria diretamente a Deus, o que denotaria ato de rebeldia e que deveria ser severamente punida pela força da espada. Figura 1: Gebroeders van Limburg - camponeses trabalhando num feudo, 1408 A formação do Estado se dá propriamente na Idade Moderna, mas se aqui falássemos da existência de um Estado, diríamos que havia mais de um, já que reis dividiam poderes com a Igreja. De qualquer forma, em razão da predominância da religião presente no pensamento medieval, poderíamos refletir e nos perguntar: De onde surge o Estado? Ora, por estas poucas linhas poderíamos dizer que o Estado surgiu da vontade suprema, oriunda de Deus. Nesse Estado cada um dos homens tinha papéis definidos – senhor ou servo – por determinação divina, onde a preocupação deveria ser com a salvação de sua alma. 10 Unidade: Pensamento Político e As Instituições Políticas na Idade Média E qual é o papel de reis e príncipes? Reis e príncipes tinham sempre posição privilegiada, já que agiam em nome de Deus. A história da Idade Média nos faz confundir política e religião. O Papa Gelásio I instituiu a sua teoria de separação entre o poder espiritual, aquele vindo de Deus e o poder humano, que estava no plano terreno, deixando assim que esse adotasse qualquer forma religiosa, tornando- se um Estado laico. No entanto, havia a justificativa de que com essa separação, o rei cuidaria dos homens e a Igreja da fé. Mas é justamente aí que se encontra a contradição, na medida em que todos os assuntos ligados à fé estavam relacionados à salvação da alma e essa, como defendiam os teólogos da Igreja, estava acima do corpo. Desse modo, a Igreja acabou por assumir seu poder sobre os homens, ficando ao seu cargo a própria nomeação real. Nesse contexto era comum que qualquer decisão que viesse a ser tomada pela coroa tivesse que ser submetida ao Papa para que esse efetivamente a instituísse ou não, o que gerava grandes conflitos entre esses dois poderes. Igreja - Papa Monarca Nobres Cavaleiros Vassalos Mercadores Fazendeiros Artesãos Camponeses Servos Por ser marca forte da Idade Média, a descentralização feudal fez com que alguns autores chegassem a afirmar que os Estados quase desapareceram, pois a partir de então houve uma longa decadência da organização política nessa época. Os feudos se constituíam da posse vitalícia das terras, sendo todos os seus habitantes vassalos. No caso de morte de seu proprietário, a transmissão se dava automaticamente ao filho mais velho. Faziam parte também do sistema feudal o clero que, através deus altos dignitários, adquiriam vastos latifúndios. A multiplicação de feudos, a reação das populações escravizadas, o desenvolvimento da indústria e do comércio, mais a pregação de novas ideias racionalistas foram minando os alicerces da ordem feudal e constituíram brecha para a restauração do Estado sobre a base do direito público. Embora conturbado, não podemos esquecer que com o desaparecimento do Império Romano Ocidental, foi na Idade Média que vimos nascer a Europa e desde logo o surgimento de uma nova cultura que se alastrou pelo mundo inteiro e cuja inspiração cristã se deu através de ocidentais tanto romanos, quanto bárbaros. Fora isso, devemos lembrar também que nossa atual cultura ocidental é influenciada pelas criações daquele período. O ápice da Idade Média se deu com a atuação do Papa Inocêncio III, que era chamado de “o Embaixador do Rei dos Reis”, isso no século XIII. Foi por gerência desse papa que a fé cristã foi conduzida à época, além das inúmeras ordens religiosas construídas, como as de São Francisco de Assis e São Domingos de Gusmão. Foi também nesse século que houve o desenvolvimento 11 de inúmeras universidades, existentes até hoje e que gozam de prestígio e tradição, como a de Bolonha, de Paris e de Oxford. No entanto, precisamos lembrar que o declínio dessa Era teve início no século XIV, quando despontou o absolutismo monárquico, representado na figura de Filipe IV, o Belo. Havia ali um ideal de unidade – Estado e Igreja – que foi desmoronando pela falta de colaboração entre ambos e o surgimento de uma desordem política da qual o papa Bonifácio VII não conseguiu conter em razão dos obstáculos criados por parte dos reis francos. Em suma, a Idade Média caracterizou-se: • Pela tendência em construir a “Cidade de Deus”, como bem salientou Santo Agostinho, pensador do final da Idade Antiga e que teve grande influência na Era Medieval; • Pelo crescimento demográfico da Europa, em especial a aprtir do ano 1000 – Baixa Idade Média; • Pelo renascimento do comércio, cujas primeiras invenções tecnológicas permitiram o desenvolvimento em conjunto com novas técnicas agrícolas; • Pelo início e consolidação de duas estruturas sociais: o senhoralismo, que diz respeito a organização dos camponeses em aldeias; e o feudalismo, uma estrutura política onde nobres, caveleiros e outros prestam serviços a seus senhores, recebendo uma compensação em forma de propriedade senhorial; • Pelas Cruzadas, que tinham por intento recuperar a Terra Santa, tomada pelos muçulmanos; • Pela vida cultural e artística, nesse período marcada pelas obras de São Tomás de Aquino, as pinturas de Giotto, as poesias de Dante Alighieri, as viagens de Marco Polo e as catedrais góticas. Com todas as tranformações que ocorreram, a conhecida Comuna-Estado, que era notadamente de caráter religioso, foi ao poucos dando lugar aquilo que passamos a nomear como Estado-Cidade. Isso fez com que a burguesia pudesse ascender socialmente, constituindo uma nova camada social. De certa forma, o poder religioso foi substituído pelo poder econômico, já que houve aceleração comercial e tecnológica, como citado anteriormente. O Renascimento O Renascimento foi determinado pelo colapso da época medieval. Foi também responsável pelo surgimento do padrão italiano de Cidade-Estado. O Renascimento, período compreendido entre o começo do século XIV até o final do século XVI, caracterizou-se pela expressão cultural de um complexo processo histórico, isto porque com o declinio desse período o homem retomava seu lugar na esfera do pensamento e assim surgiam novas formas de se interpretar a realidade. Tratava-se de uma nova ordem do pensamento sob vários aspectos: social, religioso, intelectual e outros, dando poder de questionamento aos homens desse período. Especificamente no início do século XIV, o rei com seu poder passou a se impor, revertendo a ordem medieval e prevalecendo politicamente sobre a nobreza, os parlamentos e a Igreja. Essa mudança foi decisiva para as tranformações que ocorreram até o final da Idade Média e começo da Era Moderna. 12 Unidade: Pensamento Político e As Instituições Políticas na Idade Média Os pensadoresPensadores da Idade Média Quais foram os pensadores de maior destaque durante esse período da história? Entre tantos personagens que poderiam ser destacados, não se pode deixar de destacar três ilustres nomes, corresponsáveis pela instituição de um pensamento político. São eles: São Tomás de Aquino, Dante Alighieri e Marsílio de Pádua, que passaremos a tratar a partir de agora. São Tomás de Aquino São Tomás de Aquino foi um dos maiores expoentes do pensamento na Idade Média, isso não só do ponto de vista teológico, mas também político. Significa dizer que dadas as características desse período, todo seu pensamento acerca do Estado é influenciado diretamente por sua ligação com a Igreja Católica. Nascido em Roccasecca na Itália no ano de 1224, viveu até 1274. Foi filósofo, teólogo, doutor da igreja. Seguidor da teoria Aristotélica, foi expoente da escolástica. Todo seu pensamento foi direcionado a questões latentes como a alma, o ser, a verdade, Deus e tantos outros. Autor de diversas obras,como a Suma teológica, interessa- nos tratar de uma específica, acerca do pensamento político e cujo o título é Do governo dos príncipes. É nessa obra que indica a monarquia como a melhor forma de governo. Cabe destacar que, diferentemente de uma monarquia existente na Roma Antiga, onde os monarcas eram os césares e esses tinham poderes ilimitados, São Tomás propunha que o poder de um monarca fosse restringido pelo poder da Igreja. Isso fez com que chegasse a aceitar que os súditos pudessem se rebelar contra seus regentes, caso esses fossem ou demonstrassem comportamentos anticatólicos. Além disso expõe que a limitação se estende ao poder legislativo do Estado, na medida que propõe uma hierarquização em relação as Leis, definindo-a da seguinte forma: Tipo de Leis Definição Eterna É uma Lei imutável. Deus é a razão primeira e, portanto, aquele que define a primeira Lei de relação com o homem. Natural É um tipo de Lei que se autodefine, por ser oriunda e própria da natureza e, desta forma, inerente ao homem. Das gentes Derivada de leis racionais, nas quais somente os homens lhe tinham direito. Humana Trata da Lei em que se origina da convenção humana, que tem por objetivo propor uma justiça que use do bem comum para proteger o bem particular. Assim, se aplicada pode recorrer à coerção. Figura 2: Fra Bartolommeo (1472 - 1517) 13 Como propunha uma escala hierarquizada entre os tipos de lei existentes dentro do Estado, de forma alguma qualquer lei que fosse criada pelos homens poderiam atentar contra uma Lei eterna, por ser àquela criada por Deus. Qualquer lei originada pelo criador, segundo a concepção de São Tomás, representa a própria extensão da expressão da sabedoria e vontade divina. No mesmo caminho também seria inválida qualquer determinação que fosse contra uma Lei natural ou contra os Dez Mandamentos. Dante Alighieri Este autor figura entre os grandes nomes da política, da poesia e da literatura. Italiano, nascido em Florença em 1 de junho de 1265, viveu por 56 anos, vindo a falecer na data de 14 de setembro de 1321. Entre suas obras está a Divina comédia, considerada uma leitura de linguagem universal. Teve ativa participação na vida militar, lutando ao lado de cavaleiros florentinos. Como integrante das Corporações de Artes e Ofícios, teve formação em Medicina e Farmácia, embora não tenha exercido tais funções. Equipe de produção inserir elemento visual: Glossário / Verbete com o seguinte conteúdo – Corporações de Artes e Ofícios eram também conhecidas por Guildas, tendo Dante Alighieri participado da Guilda dos Boticários. Foi autor da obra De monarchia, escrita em latim entre os anos 1310 e 1314, onde o interesse era tratar e defender o fim das guerras feudais e nacionais, em função do reconhecimento de um imperador que comandasse toda a Europa e que tivesse por intento unir todos os povos. Convém destacar que em razão das disputas que ocorriam entre Estado e Igreja, inicialmente o livro foi proibido, por isso talvez até os dias atuais tenha pouca repercurssão. Segundo o florentino, uma sociedade ideal era aquela comandada apenas por um monarca. Destaca-se que a ideia original já vinha dos gregos, entre os quais Platão. Isso fez com que a teoria de Dante Alighieri entrasse em choque com o poder papal na medida em que, ao discorrer sobre o poder, abordava tal tema da seguinte uma forma: haveria um Sol, responsável pela iluminação da alma e que, portanto, estaria objetivado a cuidar da vida espiritual, concomitante a existência de outro Sol, que seria o responsável pelos cuidados com a vida material ou temporal, como dizam, sendo desse a responsabilidade sobre o Estado. Étiane Gilson ensina que para Dante existiam três ordens, as quais: • Ordem filosófica: onde há o predomínio do raciocínio com base na experiência. Daí segue-se à Filosofia de Aristóteles e de São Tomás de Aquino; • Ordem política: que diz respeito às relações de governo, às características de governabilidade e legitimidade. O grande representante dessa ordem seria o imperador; Andrea del Castagno,1450 14 Unidade: Pensamento Político e As Instituições Políticas na Idade Média • Ordem religiosa: essa ordem é oriunda das revelações registradas na Bíblia Sagrada, narrando o predomínio de uma autoridade divina. Neste caso essa autoridade divida era representada pelo papa. Ainda que façam parte de um poder temporal, em qualquer uma dessas ordens todos estão ligados diretamente a Deus, independente do papel que se exerça, toda autoridade tem fundamento em uma origem divina. Marsílio de Pádua Nascido em Pádua no ano de 1275, veio a falecer em 1342, na Alemanha, especificamente em Munique. O pai, grande intelectual, exerceu a função de juiz e também acadêmico na Universidade de Pádua. Marsílio foi médico, teólogo e filósofo de grande importância, autor de obras com grande alcance, tendo completado seus estudos na Faculdade de Artes da Universidade de Paris, onde em 1313 alçou ao cargo de reitor. Era conhecido como um dos precursores da chamada Reforma, sendo citado diversas vezes por outros reformadores, como Lutero, Calvino e outras referências da democracia moderna. Discursava a restauração do absolutismo pregado pelos césares, onde era negado qualquer poder que não fosse o estatal. Influenciado pelos partidos gibelinos, atuou combatendo o poder temporal dos papas. Através da sua obra apresentava como ordenamento ideal para o Estado o monismo, ou seja, a inexistência de qualquer outra ordem jurídica constituída para além da estatal. Para este pensador o Estado era a única realidade que se apresentava como adequada, de modo que entre esse e os indivíduos não deveria haver qualquer tipo de intermediação. Pela contribuição que deu à teoria política foi reconhecido como um dos pensadores que mais contribuiram com o advento da Idade Moderna, como veremos na próxima Unidade. Como pudemos perceber, a Idade Média foi um período de grandes transformações. Desta forma, cabe-nos melhor compreender esse período, principalmente suas contribuições e pensadores dessa época. 15 Material Complementar Que tal ampliar seu domínio sobre este assunto? Sobre a riqueza de detalhes e profusão de conhecimento na Idade Média, saiba mais acessando: • http://www.redalyc.org/pdf/1346/134621281002.pdf. Aqui você terá um panorama da cultura e literatura ibérica na Idade Média. • http://poesiasdaidademedia.blogspot.com.br. Poesias medievais podem ser encontradas no seguinte blog: http://www.redalyc.org/pdf/1346/134621281002.pdf http://poesiasdaidademedia.blogspot.com.br 16 Unidade: Pensamento Político e As Instituições Políticas na Idade Média Referências BOBBIO, N.; MATTEUCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de política. 2 v. 13. ed. Trad. Carmen Varriale; João Ferreira; Luiz Guerreiro Pinto Cascais. Brasília, DF: UnB, 2008. DE CICCO, C.; GONZAGA, Á. de A. Teoria geral do Estado e Ciência Política. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. DIAS, R. Ciência política. São Paulo: Atlas, 2008. JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. 17 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br