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AULA 5

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REDES I – REDES DE 
COMUNICAÇÃO E NORMAS 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Luis José Rohling 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O surgimento da internet levou ao desenvolvimento de uma grande gama 
de novos serviços e também possibilitou o acesso a uma base de informações 
com proporções antes inimagináveis. E o acesso a esses serviços e 
informações, inicialmente, era possível apenas com a utilização de um 
computador de uma linha telefônica. Assim, como as redes telefônicas já 
estavam sendo implementadas há muitas décadas, praticamente todos tinham 
acesso à internet, bastando a aquisição de um computador. 
Com essa facilidade de acesso, a expansão da internet foi algo natural, 
aumentando a demanda por novas conexões continuamente. E além do 
aumento do número de usuários, tivemos também o aumento da base de 
informações contidas na rede, em um processo de crescimento exponencial. No 
entanto, esta tecnologia, que era conhecida como acesso de linha discada, 
apesar de tornar o acesso à internet disponível praticamente a todas as pessoas, 
apresentava uma série de limitações, tanto tecnológicas quanto em relação aos 
custos envolvidos. 
Além da aquisição do computador e da linha telefônica, o que no Brasil já 
representava um custo significativo na época do surgimento da internet, que 
ocorreu em meados da década de 1990, tínhamos também o custo mensal desse 
serviço, comercializado pelos chamados Provedores de Acesso, e também o 
custo da linha telefônica, utilizada para estabelecer a conexão com o provedor. 
Assim, tínhamos um custo mensal do serviço, pago ao provedor, e um custo da 
linha telefônica, pago à Operadora de Telecomunicações, que fornecia o serviço 
de telefonia. Como esses custos eram proporcionais ao tempo de utilização do 
serviço, este era outro fator limitante do uso da internet, pois uma utilização 
excessiva poderia levar a um custo proibitivo dos serviços de telefonia e de 
acesso à internet. E ainda em relação ao investimento inicial, era necessário 
também a aquisição de um hardware adicional, que era o Modem, que realizava 
a modulação dos dados digitais, gerados pelo computador, para que pudessem 
ser transmitidos através das linhas telefônicas, até os equipamentos instalados 
no Provedor. 
Nesta época, para contornar o custo elevado do serviço de telefonia, era 
muito comum realizar o acesso à internet apenas nos horários em que a tarifação 
do serviço era reduzida, o que ocorria no período entre as 24h e as 6h, e também 
 
 
3 
nos finais de semana. E uma evolução do modelo de tarifação dos Provedores 
foi a cobrança de uma assinatura mensal, sem limitação de tempo de utilização, 
pois incialmente também era aplicada a tarifação em função do tempo de 
utilização. Porém, por parte das operadoras de Telecomunicações não houve 
essa flexibilização, o que tornava o custo do acesso à internet no horário 
comercial muito elevado, sendo viável apenas para as empresas que já utilizam 
a internet como plataforma de comunicação corporativa, principalmente com a 
utilização do serviço de e-mail. 
A outra limitação do acesso à internet foi a tecnologia empregada para o 
processo de modulação, que estava limitada em uma largura de banda de 
56kbps. Porém, mesmo que fosse utilizado um modem que possibilitasse uma 
taxa maior de dados, não seria possível obter uma taxa maior de tráfego no 
processo de comunicação com o Provedor. Essa limitação estava associada ao 
fato de que a rede de telefonia já utilizava o processo de digitalização da voz, 
para tráfego entre as centrais telefônicas, através de canais de 64 kbps. Assim, 
mesmo que os dados digitais fossem codificados em uma taxa maior do que 
65kbps, não seria possível trafegar esses sinais através da rede telefônica. 
Uma solução inicial para permitir maiores larguras de banda foi a 
utilização da rede telefônica para a implementação de linhas dedicadas de 
comunicação com os provedores de serviço de acesso à internet, com os 
padrões designados com T1, nos Estados Unidos, e E1, na Europa, sendo que 
no Brasil foram sempre adotados os padrões europeus para a área de 
Telecomunicações. Porém, essas tecnologias exigiam a instalação de 
equipamentos que apresentam um custo muito elevado, além de não permitir o 
compartilhamento com outros serviços, levando a um custo elevado para esse 
tipo de conexão. 
A evolução dessas tecnologias dedicadas foram as tecnologias 
designadas como serviços digitais na linha do assinante, que em inglês são 
identificados pela sigla DSL (Digital Subscriber Line). Elas permitiram aumentar 
a largura de banda do tráfego de dados sobre as linhas telefônicas, utilizando a 
infraestrutura já existente, e compartilhando o acesso com o serviço de telefonia. 
Essa infraestrutura de rede que já existia era designada com a sigla POTS (Plain 
Old Telephone Service), fazendo referência à rede telefônica tradicional. 
Assim, conforme mostrado na figura abaixo, a rede que já havia sido 
implementada para os sistemas de telefonia, que era a rede de acesso, já estava 
 
 
4 
construída com os cabos telefônicos e amplamente disseminada em todas as 
cidades. Além disso, também os espaços para a alocação de novos 
equipamentos deveriam ser pensados considerando-se as centrais já existentes, 
pois também já havia sido feito um grande investimento na construção das 
edificações que abrigavam as grandes centrais telefônicas. 
Figura 1 – As redes POTS 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
Além disso, as tecnologias DSL sofreram uma evolução com o passar do 
tempo, pois apesar de representar uma grande evolução em relação à tecnologia 
de acesso de Linha Discada, a demanda por largura de banda continuou a 
crescer. Inclusive, com o aumento da largura de banda na tecnologia de acesso, 
tivemos um aumento do número de usuários, em função da melhoria da 
qualidade de acesso, com o desenvolvimento de novas aplicações e serviços na 
internet. E esses novos serviços levaram a um aumento da largura de banda 
necessária para o acesso, aumentando a demanda por largura de banda, 
levando à evolução das tecnologias DSL. 
 
Redes de Acesso 
Backbone 
CENTRAL 1 
CENTRAL 2 
CENTRAL 3 
 
 
5 
TEMA 1 – A TECNOLOGIA DSL 
Temos diversas tecnologias de redes digitais, sendo utilizado o termo 
xDSL para designar essas tecnologias de maneira genérica. Assim, temos 
diversas tecnologias de linhas digitais, que visam atender às diferentes 
necessidades dos assinantes, mas sempre visando à utilização das redes de 
acesso já existentes, otimizando o investimento já realizado pelas operadoras de 
telecomunicações ao longo de muitas décadas, no mundo todo. 
Esta evolução tecnológica também é chamada de tecnologia de banda 
larga, para diferenciar da tecnologia anterior, que possuía uma largura de banda 
bastante limitada, pois representou um aumento de uma largura de banda de 
56kbps para a ordem de megabits por segundo, ou seja, de mais de vinte vezes 
a largura de banda da tecnologia de acesso discado, utilizada anteriormente. 
Portanto, temos tecnologias DSL para atender à demanda dos padrões de linhas 
dedicadas, tais como os padrões T1 e E1, e também para o assinante 
residencial, que irá utilizar a linha digital basicamente para o serviço de acesso 
à internet. 
Para atender às diferentes necessidades dos assinantes, que podem ser 
do tipo residencial ou corporativo, temos dois tipos de tecnologias DSL em 
relação à largura de banda entre o assinante e a central, que são as tecnologias 
do tipo simétrica ou assimétrica. Nas tecnologias simétricas, teremos a mesma 
largura de banda para o tráfego enviado da central para o assinante, que é 
chamado de Download, e para o tráfego enviado do assinante para a central, 
que é chamado de Upload, ou seja, o Download e o Upload são realizados na 
mesma velocidade. Nas tecnologias assimétricas, as taxas de Download e de 
Upload são diferentes, sendo que a taxa de Downloadpode variar de 8Mbps até 
34 Mbps, e a taxa de Upload pode variar de 500kbps até 1Mbps, de acordo com 
a tecnologia utilizada. 
A utilização de uma rede de acesso com características assimétricas se 
justifica pelo fato de que o processo de transferência de dados na internet tem 
esse perfil. Assim, ao acessarmos um site na internet, utilizando o protocolo 
HTTP (Hypertext Transfer Protocol), o software de navegação, que é chamado 
de Browser, irá enviar uma requisição HTTP para o servidor WEB e receberá 
como resposta o conteúdo da página solicitada, o que representa um volume de 
dados muito maior. Desta forma, a navegação na internet possui uma 
 
 
6 
característica de tráfego assimétrica, necessitando de muito mais largura de 
banda de Download do que de Upload. 
Outra evolução das tecnologias DSL em relação ao acesso discado foi a 
possibilidade da utilização do serviço de telefonia mesmo quando está sendo 
realizado o acesso à internet, o que não era possível na tecnologia anterior. 
Ademais, essa evolução tecnológica também causou um impacto significativo 
em relação ao custo do acesso à internet, pois não havia mais a cobrança pelo 
uso da linha telefônica durante o tempo em que era feito o aceso à internet. 
Em relação ao aumento de largura de banda, temos também uma 
evolução em relação às tecnologias que foram desenvolvidas, permitindo o 
acesso com taxas de até 50 Mbps. E para a obtenção de maiores taxas, foram 
desenvolvidas diversas tecnologias de modulação do sinal, possibilitando uma 
maior velocidade de transmissão de dados digitais, utilizando a mesma largura 
de banda analógica nas linhas telefônicas. No entanto, essas tecnologias de 
modulação do DSL apresentam uma relação inversa entre a largura de banda e 
a distância entre a central e o assinante. Assim, para obter taxas mais elevadas, 
é necessário que o assinante esteja em uma distância de aproximadamente 2 
quilômetros da central onde está instalado o concentrador DSL. Para distâncias 
maiores, teremos uma perda significativa da capacidade de transmissão dos 
sinais, levando a uma diminuição da capacidade de transmissão de banda digital. 
Desta forma, para redes telefônicas mais antigas, era necessária a verificação 
da capacidade da linha do assinante para então ser definida qual seria a largura 
de banda do serviço de acesso à internet disponibilizado pela operadora de 
Telecomunicações para cada um dos assinantes. 
1.1 A conexão da rede DSL 
A principal vantagem das tecnologias DSL, conforme vimos 
anteriormente, é que, para a conexão entre o assinante e a central da operadora 
de Telecomunicações, são utilizados os cabos já instalados que compõem a rede 
telefônica do serviço de voz. 
Porém, como a linha telefônica é um meio compartilhado para os serviços 
de voz e de dados, é necessária a separação dos sinais nas instalações do 
assinante, permitindo a conexão do computador e do telefone simultaneamente. 
Assim, nas tecnologias mais atuais, temos a instalação de um filtro entre o 
aparelho telefônico e a linha telefônica, que irá permitir apenas a passagem do 
 
 
7 
sinal de voz, e o Modem, que fará a adequação dos sinais digitais para serem 
transmitidos pela linha telefônica, instalado entre o computador e a linha 
telefônica. Na tecnologia anterior, de linha discada, também tínhamos a 
instalação do Modem, porém, quando utilizada a linha para a transmissão de 
dados, não era possível a utilização do serviço de telefonia. Inclusive, caso fosse 
utilizado o aparelho telefônico enquanto estava sendo feita a navegação na 
internet, era possível “ouvir” os dados, ou seja, se ouvia um ruído de alta 
frequência, pois os dados eram transmitidos através de um sinal na ordem de 
centenas de quilohertz, com uma parcela do sinal ficando dentro do espectro de 
frequências que podem ser percebidas pelo ouvido humano. 
Na central da operadora de Telecomunicações, teremos a conexão da 
linha do assinante ao concentrador das conexões DSL, que é chamado de 
DSLAM. Assim, é necessário que a linha do assinante seja conectada nesse 
equipamento, e não mais à central telefônica, como ocorria quando o serviço era 
apenas o de telefonia. Na figura a seguir, temos ilustradas essas conexões. 
Figura 2 – A conexão DSL entre o usuário e a central 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
Outra limitação da rede telefônica em relação à transmissão de dados em 
maiores frequências é o efeito chamado de crosstalk, que consiste na 
interferência gerada entre os pares metálicos, que estão instalados dentro de um 
mesmo cabo telefônico, quando percorridos por sinais elétricos. Nas 
comunicações de voz, esse efeito já era percebido quando estávamos em uma 
chamada telefônica e se ouvia o som de outra conversa telefônica, também 
chamado de linha cruzada. Isso ocorre porque o sinal elétrico, que está se 
DSLAM 
Linha telefônica 
Filtro 
Modem 
Voz Dados Voz 
 
 
8 
propagando através de um par de fios, irá induz um sinal nos pares próximos. E 
como esse feito aumenta com o aumento da frequência do sinal, esse ruído 
gerado pela transmissão de um sinal de dados irá interferir na transmissão de 
dados nos pares adjacentes, afetando o desempenho do sistema de 
transmissão. 
Além disso, temos dois tipos de interferência gerados em função do 
crosstalk: o NEXT (near-end-crosstalk) e o FEXT (far-end-crosstalk). O NEXT é 
a medição do nível de ruído que uma transmissão causa nos pares adjacentes, 
sendo medido na extremidade onde o sinal está sendo transmitido, ou seja, o 
ruído próximo (near). E o FEXT é medido na extremidade oposta de onde o sinal 
está sendo transmitido, ou seja, no ponto distante (far). Assim, o NEXT 
representa um nível maior de interferência, pois é gerado pelo sinal que está 
sendo transmitido próximo à origem, ou seja, com um nível de potência muito 
maior. Já na outra extremidade do cabo, o sinal sofrerá a atenuação de todo o 
caminho da linha telefônico, sendo, portanto, muito menor. 
1.2 Os equipamentos DSL 
Conforme vimos anteriormente, para utilização das linhas telefônicas para 
a transmissão de dados e de voz entre o assinante e a central da Operadora de 
Telecomunicações, é necessária a utilização dos equipamentos específicos, de 
acordo com cada tecnologia DSL. Assim, na extremidade da linha telefônica nas 
instalações do assinante é necessária a instalação de um equipamento que fará 
a modulação e demodulação dos sinais digitais para serem transmitidos através 
da linha analógica, que é o MODEM (MOduador/DEModulador). E para permitir 
a conexão do computador, o MODEM DSL deverá ter uma interface de rede, 
tipicamente no padrão Ethernet. Na outra extremidade da linha, é instalado o 
equipamento Multiplexador, que fará, além da modulação e demodulação dos 
sinais digitais, a separação dos sinais de voz e de dados, e que é chamado de 
DSLAM (Digital Subscriber Line Access Multiplexer). 
Nas tecnologias iniciais, também era instalado um divisor (splitter) no 
assinante, que realizava a divisão do sinal de dados e de voz, possuindo as duas 
saídas distintas, para a conexão do aparelho telefônico e do MODEM. 
Posteriormente, nas tecnologias mais atuais, temos a instalação apenas de um 
filtro para a conexão do aparelho telefônico, com um custo muito menor do que 
os divisores utilizados inicialmente. 
 
 
9 
Figura 3 – O splitter DSL 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
Atualmente os modens DSL, principalmente os residenciais do tipo ADSL, 
já incluem outras funcionalidades, integrando um switch a portas ethernet para 
conexão de diversos equipamentos via cabo de rede e também um roteador 
WiFi, permitindo a conexão dos dispositivos sem fio, conforme mostrado na 
figura a seguir. 
Figura 4 – O modem ADSL com WiFi 
 
Créditos: Albert Pego/Shutterstock. 
Linha telefônica 
Modem 
Voz Dados 
Voz 
Splitter Dados 
Telefone 
 
 
10 
Todas as linhas telefônicas que atendem ao serviço de DSL deverão 
então ser conectadasao concentrador das conexões dos assinantes, que é o 
DSLAM, que se conectará então às redes de dados e de voz. Para a conexão 
com a rede de voz, normalmente o DSLAM já fará a digitalização desses sinais, 
se conectando à rede de voz já com os padrões digitais baseados na modulação 
PCM. Desta forma, um DSLAM que concentra a conexão de 300 assinantes 
necessitaria de 10 interfaces do tipo E1, com 30 canais de voz cada. Porém, 
para viabilizar a conexão dessa grande quantidade de canais de voz, o mais 
eficiente é a conexão já no padrão SDH, que em sua primeira hierarquia, que é 
o STM-1, pode conter até 63 canais E1, conforme vimos anteriormente. E para 
a conexão de dados do DSLAM, podemos ter as interfaces padrão Ethernet, tal 
como uma interface gigabit Ethernet. No entanto, essa conexão poderá 
representar um gargalo no tráfego de dados, caso tenhamos a utilização da rede 
de dados por todos os assinantes, simultaneamente. 
Como a conexão DSL também irá conectar os equipamentos de dados 
dos assinantes, na central o DSLAM também será conectado ao provedor de 
acesso à internet, identificado como ISP (Internet Service Provider), ou aos 
switches ou outros equipamentos de rede da operadora de telecomunicações, 
que permitam a conexão com o serviço de dados contratado pelo assinante. 
Figura 5 – O DSLAM 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
Além do acesso à internet, que é o principal uso do DSL, principalmente 
do ADSL, a tecnologia de acesso via DSL pode ser utilizada para implementar a 
rede de acesso do assinante a outros serviços de rede, tal como a 
Linhas telefônicas 
Voz Rede POTS 
Rede de Dados Dados 
DSLAM 
 
 
11 
implementação de redes privadas de comunicação, utilizadas pelas empresas 
para a conexão entre a matriz da empresa e suas filiais. Assim, nesse tipo de 
serviço, o tráfego do usuário, ao chegar no DSLAM, será encaminhado para uma 
porta, física ou virtual, da rede exclusiva do cliente, e não será roteado para a 
internet. 
TEMA 2 – OS PADRÕES DSL 
A tecnologia desenvolvida para as linhas digitais de assinantes DSL 
possui diversas variações para atender aos usuários de acordo com as 
diferentes necessidades. Um usuário residencial não necessita de velocidades 
muito altas, e, em geral, necessita de maior largura de banda para download do 
que para upload, já que a principal utilização do acesso à rede de dados é a 
navegação na internet. No entanto, um escritório de uma empresa necessitará 
de velocidades mais altas e pode requerer uma grande largura de banda de 
download e de upload, pois utilizará essa conexão também para o envio de 
dados. Desta forma, foram desenvolvidas diversas tecnologias de rede digital 
para os assinantes, que possuem características distintas em relação à largura 
de bandas, disponibilidade do serviço e também quanto ao custo. E entre as 
diversas tecnologias, temos as tecnologias de banda simétrica, tal como o HDSL, 
e as tecnologias de bandas assimétricas, tais como o ADSL, o ADSL Lite, 
chamado de G.Lite, o RADSL e o VDSL, sendo que as principais características 
dessas tecnologias serão vistas adiante. 
2.1 A tecnologia HDSL 
A tecnologia HDSL foi uma das primeiras tecnologias desenvolvidas para 
a transmissão de dados digitais através das linhas telefônicas já existentes, 
permitindo o tráfego de dados baseado nos padrões de multiplexação de voz já 
existentes, que eram o padrão T1, utilizado nos Estados Unidos, e o padrão 
Europeu, também adotado no Brasil, que era o padrão chamado de E1. Esses 
padrões tinham uma taxa de transmissão de 1,55Mbps para o T1 e de 2Mbps 
para o padrão E1, que eram muito superiores em largura de banda em relação 
ao padrão de linha discada, que era de apenas 56kbps. 
Como os padrões de digitalização de voz já eram utilizados para a 
conexão das centrais telefônicas privadas, que são chamados de PABX, com as 
 
 
12 
centrais telefônicas das operadoras, já existiam as tecnologias de transmissão 
para esses padrões, tal como o T1. Mas essas conexões eram do tipo dedicada 
e exigiam uma infraestrutura de rede com dois pares, sendo um para a 
transmissão e outro para a recepção dos sinais digitais. Assim, uma das 
mudanças implementadas pela tecnologia HDSL foi a possibilidade de realizar a 
transmissão e a recepção utilizando apenas uma linha telefônica. E caso 
existissem duas linhas disponíveis, ou seja, a mesma infraestrutura da conexão 
dedicada do padrão T1, poderíamos ter a transmissão bidirecional nas duas 
linhas, dobrando a largura de banda, conforme mostrado na figura abaixo. 
Figura 5 – Comparação entre T1 e HDSL 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
A transmissão bidirecional, chamada de full-duplex, foi possível com a 
implementação da tecnologia de cancelamento de eco, além de utilizar uma 
largura de banda que demanda uma baixa frequência do sinal analógico, 
possibilitando a transmissão dos sinais através de rede telefônica existente. Por 
outro lado, para utilizar frequências menores de transmissão, o padrão HDSL 
não permite o compartilhamento da linha telefônica com o serviço de voz, 
exigindo um par metálico dedicado para a conexão dos equipamentos de 
transmissão digital. Ou seja, o HDSL permitiu compartilhar a infraestrutura da 
rede de telefonia, mas não permite o compartilhamento de uso simultâneo com 
o serviço de voz. 
T1 
Linhas dedicadas 
T1 
1,544 Mbps 
1,544 Mbps 
HDSL 
Par trançado 
HDSL 
784 kbps 
784 kbps 
 
 
13 
Entretanto, como as operadoras de telecomunicações instalaram milhares 
de quilômetros de cabos de cobre nas cidades, a tecnologia HDSL está acessível 
praticamente para todos os assinantes, bastando fazer a conexão de duas linhas 
da rede de acesso até a instalação do assinante. 
Para fazer a transmissão de dados digitais em uma linha analógica, é 
necessária a adequação dos sinais, sendo que para isso a tecnologia HDSL 
utiliza a codificação de linha chamada de 2B1Q, onde temos quatro níveis de 
tensão distintos, que são utilizados para representar quatro combinações 
binárias, de dois bits cada, conforme mostrado na figura abaixo. Assim, para 
cada valor distinto do sinal analógico transmitido, temos o transporte de uma 
informação digital de dois bits. Com essa técnica, é possível transmitir o dobro 
da informação digital sobre um sinal analógico. Desta forma, como as redes 
telefônicas suportavam uma largura de banda analógica de até 1 MHz, era 
possível transmitir uma taxa de dados de 2 Mbps com a codificação 2B1Q. 
Figura 6 – Codificação de linha 2B1Q 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
Uma das limitações de todas as tecnologias de transmissão é o alcance 
do sinal, determinando a distância máxima entre o assinante e a central da 
Operadora de Telecomunicações. E para a tecnologia HDSL, essa distância está 
na ordem de 3,5 km, para garantir a transmissão dos 2 Mbps. No padrão atual 
da tecnologia HDSL, para a transmissão do padrão E1 de 2 Mbps utilizado no 
Brasil, caso a distância do assinante seja maior, é possível a utilização da 
+2,5V 
-2,5V 
+0,833V 
-0,833V 
0 1 
0 0 
1 0 
1 1 
 
 
14 
transmissão no modo chamado de quatro fios, onde são utilizadas duas linhas 
telefônicas e assim a taxa de transmissão em cada linha é reduzida pela metade, 
demandando uma largura de banda de 500kHz em cada par, permitindo a 
transmissão em distâncias maiores. 
2.2 A tecnologia VDSL 
Uma das tecnologias desenvolvidas para permitir o acesso à internet para 
os assinantes com altas velocidades foi o VDSL (Very high bit-rate Digital 
Subscriber Line), que atingia uma largura de banda de até 52Mbps de download 
e de até 16 Mbps de Upload. Entretanto, para atingir essas velocidades, a 
tecnologia VDSL está baseada na utilização de uma rede hibrida, que utiliza dois 
tipos de meio físico, que são a fibra óptica e o par metálico. Desta forma, como 
a limitação da largura de banda nas linhas telefônicas está baseada na distância 
entre o assinante e a central da Operadorade Telecomunicações, essa distância 
é reduzida, pois é instalado um equipamento óptico próximo ao assinante, que é 
chamado de ONU (Optical Network Unit). 
Na tecnologia VDSL, os assinantes que estejam próximos à Central da 
Operadora podem ser atendidos diretamente, utilizando-se apenas a 
infraestrutura de par metálico da rede telefônica. E para os assinantes mais 
distantes, teremos a utilização da infraestrutura da rede óptica entre a Central e 
a ONU, e a utilização da infraestrutura da rede telefônica entre a ONU e o 
assinante. Além da ONU, também é necessária a instalação do equipamento 
que fará a adequação do sinal digital para ser transmitido através das linhas 
telefônicas, que são chamados de VTU (VDSL Transmission Unit). 
A atualização do padrão VDSL é o VDSL2, publicado pelo ITU-T, na série 
G, na recomendação G.993.2 de fevereiro de 2006, com diversas versões da 
norma publicadas posteriormente, sendo que a versão mais recente foi publicada 
em fevereiro de 2019. 
No entanto, com a disseminação e evolução das tecnologias ADSL, a 
tecnologia VDSL ficou restrita aos serviços de assinantes que realmente 
necessitavam de maiores larguras de banda e, principalmente, que se 
dispunham a arcar com um custo maior do serviço. 
 
 
 
 
15 
2.3 A tecnologia RADSL 
Outra tecnologia de acesso que utiliza o processo assimétrico de largura 
de banda é o RADSL (Rate Adaptative Digital Subscriber Line), semelhante ao 
padrão ADSL, que será visto em detalhes mais adiante. No entanto, a diferença 
está no fato de que o RADSL permite a adequação da velocidade de transmissão 
de acordo com o desempenho do meio de transmissão, ou seja, de acordo com 
a qualidade da linha e da distância entre o assinante e a central. 
Para a adequação dos dados digitais, para a sua transmissão através da 
linha telefônica analógica, é utilizada a modulação CAP (Carrierless Amplitude 
and Phase), que divide o espectro de frequência utilizado para a transmissão 
dos dados sobre a linha em duas partes, que são o espectro de frequências para 
o tráfego de Upstream e para o tráfego de Dowstream. E para a tecnologia 
RDSL, assim como para o ADSL, essa divisão é feita de maneira assimétrica, 
conforme mostrado na figura abaixo, tendo-se um espectro de frequência maior 
para o tráfego de Downstream do que para o tráfego de Upsetream, permitindo 
uma maior largura de banda digital para o tráfego de Downstream. 
Figura 7 – Separação de bandas no RADSL 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
Para o compartilhamento da utilização da linha telefônica para a 
transmissão de voz e de dados, na modulação CAP temos três intervalos de 
frequência distintos, sendo que a voz irá ocupar uma largura de banda de 4kHz, 
ocupando o início da banda. Depois, temos a banda reservada para a 
transmissão de dados de Upload e então a banda reservada para a transmissão 
de dados de Download. Na tecnologia ADSL, essas duas bandas têm um valor 
fixo, e na tecnologia RADSL, pela sua característica adaptativa, essas bandas 
poderão variar, de acordo com a qualidade e distância da linha, apresentando 
Voz Upload Download 
Ajustável Ajustável 
 
 
16 
valores de 640 kbps até 2,2 Mbps para a transmissão de dados de Download e 
de 272 kbps até 1,1 Mbps a transmissão de dados de Upload. 
TEMA 3 – O PADRÃO ADSL 
A tecnologia ADSL, por sua característica assimétrica, se adequa ao 
serviço de acesso à internet, principalmente para os assinantes residenciais, 
pois o usuário, ao se se conectar à internet, em geral receberá uma quantidade 
de dados muito maior de dados do que a quantidade de dados enviados, ou seja, 
demanda uma largura de banda de download muito maior do que a largura de 
banda de upload. Essa característica está associada ao mecanismo do protocolo 
HTTP, que é utilizado para a navegação WEB, em que o cliente envia uma 
requisição, que é constituída de uma mensagem curta, e recebe uma grande 
quantidade de dados do servidor WEB, que irá formar a página WEB no terminal 
do usuário. De acordo com isso, foi desenvolvido um tipo de acesso DSL que é 
baseado na transferência assimétrica, ou seja, as taxas de transferência para 
download e upload são diferentes, pois é utilizada uma banda muito maior para 
download. Assim, quando o usuário envia dados, ele terá uma velocidade menor, 
mas ainda assim na ordem de dez vezes maior do que era possível com uma 
conexão discada. No entanto, ao receber os dados, a velocidade é 
aproximadamente dez vezes maior do que a largura de banda de upload, 
conforme mostrado na figura a seguir. 
Figura 8 – A largura de banda no ADSL 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
DSLAM 
Filtro 
Modem 
Upload 
Download 
 
 
17 
Assim como no RADSL visto anteriormente, a o acesso à internet pode 
ser realizado em conjunto com a utilização do serviço de voz, podendo ser 
realizada uma chamada telefônica mesmo quando se está navegando na 
internet. Isso é possível porque a voz irá trafegar em uma faixa de frequência de 
até 4 kHz, ficando o restante da banda para o tráfego de dados, que está na 
ordem de 1 MHz a 2 MHz, de acordo com a qualidade da rede telefônica e da 
distância. Inclusive, a distância entre o DSLAM e o assinante é um dos principais 
fatores que irão limitar a largura de banda que poderá ser disponibilizado para 
cada assinante. Desta forma, no início da implementação dos serviços de ADSL, 
as operadoras de telecomunicações realizavam um teste de qualificação da linha 
do assinante que desejava contratar o serviço, definindo qual seria o nível de 
serviço que poderia ser contratado. E a taxa de transmissão de cada uma das 
tecnologias ADSL, que evoluíram para os padrões ADSL2 e ADSL2+, apresenta 
uma curva conforme mostrado na figura a seguir, em que a taxa nominal de cada 
tecnologia tem um alcance em trono de 1,5 km do DSLAM, com uma queda 
significativa a partir dessa distância. 
Figura 9 – Largura de banda versus distância no ADSL 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
Como a tecnologia ADSL foi desenvolvida para a otimização da rede 
telefônica já construída, e a rede telefônica atendia os assinantes com distâncias 
de até 5 km, a tecnologia ADSL não poderia atender todos os assinantes, em 
Largura de Banda 
Distância do DSLAM 
km 1,5 2,5 
 
 
18 
função da limitação da ordem de 1,5 km, podendo chegar a até 2 km, mas ainda 
assim muito menor do que a distância de muitos assinantes até a central da 
operadora. A solução para o atendimento desses assinantes foi a instalação de 
armários externos, instalados fora da central das operadoras, contendo o 
DSLAM. 
3.1 A modulação G.Lite 
Para a transmissão simultânea do canal de voz, dos dados de Upstream 
e dos dados de Downstream, temos as diversas técnicas de modulação, que 
definem como os sinais serão gerados para transportar os dados e a voz. Assim, 
temos basicamente dois tipos de modulação distintos, que são o CAP, visto 
anteriormente, e o DMT (Discrete Multitone). 
A modulação empregada nas primeiras tecnologias ADSL foi a modulação 
CAP, com a utilização de três faixas distintas. Entretanto, de maneira diferente 
do RADSL, no ADSL as faixas reservadas para os dados eram fixas, sendo que 
para o tráfego de Upstream tínhamos a faixa de 25 kHz a 160 kHz e para o 
tráfego de Downstream a faixa de 240 kHz a 1,5 MHz, conforme mostrado na 
figura a seguir. Podemos notar também que existe uma boa separação entre os 
canais, evitando a interferência entre eles. 
Figura 10 – Separação dos canais CAP 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
Outro tipo de modulação empregado nas tecnologias ADSL é a DMT, que 
também está baseada na divisão do espectro de frequência das linhas 
telefônicas, de até 1,5 MHz. Mas, de maneira diferente da modulação CAP, em 
vez de apenas três canais, a modulação DMT divide a banda em 247 canais de 
4 kHz cada um, conforme mostrado na figura a seguir. E a utilização desses 
Voz 
Upstream Downstream 
0 a 
4kHz 
25 a 
160kHz 
240kHz a 1,5MHz19 
canais é feita de maneira dinâmica, sendo monitorada a qualidade de 
transmissão de cada canal e sendo utilizados apenas os canais que apresentam 
a qualidade necessária para a transmissão dos dados. Esse processo 
representa uma complexidade maior na operação da tecnologia de transmissão, 
porém, apresenta um melhor desempenho do que a modulação CAP, sendo o 
tipo de modulação utilizado nas tecnologias ADSL mais atuais. 
Figura 11 – Separação dos canais DMT 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
Nas tecnologias ADSL iniciais, era necessária a instalação de um 
dispositivo adicional, que era chamado de splitter, que realizava a separação dos 
sinais, tendo uma conexão para o aparelho telefônico e outra para o MODEM 
ADSL. E esse dispositivo encarecia a instalação do serviço de ADSL. Nas 
tecnologias ADSL mais atuais, continua sendo necessária a instalação do filtro 
entre a linha e o aparelho telefônico, porém esse dispositivo apresenta hoje um 
custo muito baixo. Inclusive, no modelo inicial de comercialização do serviço 
ADSL, era necessário que o assinante fizesse também a aquisição do modem, 
porém esse custo também foi reduzido significativamente e as próprias 
operadoras fornecem este equipamento, sem custo adicional para o assinante. 
Além disso, a taxa de transmissão para as primeiras tecnologias ADSL 
eram de até 8 Mbps para o Download e de até 80 kkbps de Upload, porém, em 
distâncias na ordem de 2,5km. Para distâncias maiores, a atenuação da linha 
telefônica e o nível de ruído lavavam a uma diminuição nestas taxas. 
Na prática, como as redes telefônicas já possuíam um longo tempo de 
uso, a degradação do meio físico, causada pelo envelhecimento dos cabos de 
cobre, levava a uma diminuição significativa desse alcance da rede, na ordem 
de 1.500 m para uma velocidade de download de 8 Mbps, e com velocidade de 
menos de 512kbps para distâncias de 5.000 m da central, que era o limite do 
alcance da tecnologia de transmissão de voz em redes telefônicas. 
240 canais de 4kHz 
 
 
20 
3.2 A tecnologia G.Lite 
Para eliminar a necessidade da instalação do splitter na terminação da 
linha telefônica no assinante, foi desenvolvida a tecnologia chamada de G.Lite 
(Splitterless Digital Subscriber Line), que também utilizava a linha telefônica para 
o tráfego de voz e de dados simultaneamente, através da infraestrutura de rede 
telefônica existente. O padrão G.Lite foi definido na recomendação G.992.2 de 
julho de 1999, definindo a operação da transmissão dos sinais de voz e dados 
em linhas telefônicas, semelhante ao ADSL, definido pela recomendação 
G.992.1 do ITU-T, que estabelece a operação do ADSL com a modulação DMT. 
Assim, a transmissão continua sendo assimétrica, com uma largura de 
banda de Download maior do que a largura de banda de Upload. Mas, para a 
tecnologia G.Lite, as velocidades são menores do que as velocidades do padrão 
ADSL que utilizava o splitter, sendo reduzida para uma taxa de 1,5Mbps para o 
tráfego de Downstream e para uma taxa de 512kbps para o Upstream. Além da 
eliminação do splitter, o que reduzia o custo de instalação, a tecnologia G.Lite 
também possuía um alcance maior do que a tecnologia ADSL, podendo chegar 
em até 7 km de distância entre o assinante e a Central da Operadora de 
Telecomunicações, dependendo da qualidade da infraestrutura de rede 
telefônica instalada. 
Desta forma, a tecnologia G.Lite representava uma alternativa para a rede 
de acesso dos assinantes, permitindo um alcance maior da rede, com um custo 
menor de instalação, apesar de ter uma diminuição das taxas de transmissão. 
TEMA 4 – O ADSL2 E DSL2+ 
A evolução da tecnologia ADSL inicial, que foi a tecnologia G.Lite, tinha 
como desvantagem a necessidade de redução da largura de banda. Assim, 
mesmo com a diminuição do custo de instalação com a eliminação do splitter e 
o aumento do alcance da rede, era necessário aumentar a largura de banda, em 
função do aumento de demanda dos assinantes. Assim, foram desenvolvidas as 
tecnologias ADSL2 e ADSL2+, normatizadas pelo ITU-T nos padrões G.992.3 e 
G.992.4. Desta forma, com o padrão ADSL2, foi eliminada a utilização do splitter, 
sendo necessária apenas a instalação de um filtro passivo, de baixo custo, para 
a conexão do telefone com a linha. E foi obtido um aumento significativo nas 
 
 
21 
taxas de transmissão, obtendo-se taxas de transmissão de até 12Mbps para o 
Downstream e de até 1Mbps para o Upstream. 
Logo após o desenvolvimento da tecnologia ADSL2, já tivemos sua 
evolução, que foi a tecnologia ADSL2+. Assim, esse padrão expande a 
capacidade do ADSL básico, onde a transferência de dados pode chegar a 24 
Mbps de Downstream e de 1 Mbps de Upstream. 
Para obter essas taxas maiores, a tecnologia ADSL2+ opera com uma 
largura de banda analógica de 2 MHz em linhas telefônicas, diferente dos 1MHz 
utilizados pelo ADSL original. 
No entanto, para atingir as velocidades previstas, será exigido maior 
desempenho da rede telefônica, dependendo então de diversos fatores, como: 
• Distância entre o DSLAM e o ponto de acesso do cliente; 
• Características e qualidade dos equipamentos; 
• Qualidade das instalações e das fiações da linha telefônica. 
Portanto, para a utilização da tecnologia ADSL2+, é necessária uma 
evolução da infraestrutura da rede, porque o ADSL original foi desenvolvido e 
instalado com as fiações de cobre antigas, algumas até centenárias, que estão 
nos subterrâneos ou postes das cidades. Desta forma, a simples troca dos 
equipamentos anteriores da tecnologia ADSL para os equipamentos ADSL2+ 
não garantem o funcionamento do acesso, pois é necessário que a rede permita 
o tráfego dos 2 MHz do sinal. 
4.1 Ativação do serviço ADSL 
Para a ativação dos serviços da rede ADSL, alguns parâmetros são 
avaliados pela equipe técnica para garantir a correta operação do processo de 
transmissão de dados, entre eles teremos a atenuação. No entanto, cada 
operadora tem uma medida de atenuação aceitável para o funcionamento do 
serviço ADSL, em função da rede e dos equipamentos utilizados. Como 
exemplo, temos os seguintes valores adotados pelas operadoras: 
• GVT – Atenuação < 17 dB; 
• BrT – Atenuação < 55 dB; 
• BrT – Atenuação < 60 dB (cabo XDSL). 
 
 
22 
Outro parâmetro também utilizado por algumas operadoras é a 
Resistência de Loop, que no caso da BrT deve ser de no mínimo 950 ohms. 
Outro parâmetro crítico a ser avaliado em relação à linha telefônica onde 
será ativado o serviço de ADSL é a relação Sinal/Ruído, que está associada à 
diafonia. 
Assim, teremos como fonte de geração de ruído os sinais que estão sendo 
transmitidos nos demais pares metálicos, que fazem parte dos mesmos cabos 
telefônicos, nas redes externas, bem como outras fontes de sinais externos aos 
cabos telefônicos. Assim, todas essas fontes de sinais eletromagnéticos irão 
gerar um nível de ruído que irá afetar o processo de transmissão dos cabos 
telefônicos. Para garantir o funcionamento da tecnologia ADSL nas redes já 
instaladas, é necessária a verificação do nível de ruído, que é comparado com o 
nível do sinal a ser transmitido, sendo definido então o parâmetro de teste 
realizado nas linhas telefônicas, que é chamado de relação sinal/ruído. 
Os valores da Relação Sinal/Ruído aceitáveis dependem do modem 
utilizado, da distância e da velocidade, sendo que alguns valores utilizados pelas 
operadoras são: 
• GVT: SNR > 22 dB; 
• GVT: SNR > 6 dB (Para 10 Mbps); 
• BrT: SNR > 12 dB (ADSL); 
• BrT: SNR > 7 dB (ADSL2+). 
4.2 Os padrões ITU-T 
Conforme vimos anteriormente, as tecnologias DSL são padronizadas 
pelo ITU-T por meio das publicações do grupo G, que tratam dos sistemas e 
meios de transmissão para as redes digitais, incluindo os padrões G.991 a 
G.999, em que temos as seguintes publicações: 
• G.991.1: define o padrão da tecnologia SHDSL (Single-pair high-speed 
digital subscriber line); 
• G.992.1: define o padrão da tecnologiaADSL (Asymmetric digital 
subscriber line); 
• G.992.2: define o padrão da tecnologia ADSL (Asymmetric digital 
subscriber line) sem a utilização de splitters; 
 
 
23 
• G.992.3: define o padrão da tecnologia ADSL2 (Asymmetric digital 
subscriber line 2); 
• G.992.4: define o padrão da tecnologia ADSL2 (Asymmetric digital 
subscriber line 2) sem a utilização de splitters; 
• G.992.5: define o padrão da tecnologia ADSL2+ (Asymmetric digital 
subscriber line 2 plus); 
• G.993.1: define o padrão da tecnologia VDSL (Very high speed digital 
subscriber line transceivers); 
• G.993.2: define o padrão da tecnologia VDSL2 (Very high speed digital 
subscriber line transceivers 2); 
• G.994.1: define a troca de mensagens de inicialização para os padrões 
DSL; 
• G.995.1: visão geral das recomendações para as tecnologias DSL, porém, 
este documento foi definido como obsoleto em 2011; 
• G.995.2: define os limites e os métodos de medição dos parâmetros 
relativos os pares de cobre, para garantir o funcionamento dos 
equipamentos nas instalações do cliente; 
• G.996.1: define os procedimentos de teste das linhas DSL; 
• G.996.2: define os procedimentos de teste de terminação de linha 
simples; 
• G.997.1: gerenciamento da camada física das linhas DSL; 
• G.997.2: gerenciamento de camada física dos transceptores do padrão G 
de alta velocidade; 
• G.998.1: transmissão do padrão ATM com múltiplos pares; 
• G.998.2: transmissão do padrão Ethernet com múltiplos pares; 
• G.998.4: proteção de ruído de impulso para linhas DSL; 
• G.999.1: Interface entre a camada de link e a camada física para os 
transceptores de linha DSL. 
TEMA 5 – OS PROTOCOLOS PPP 
As diversas tecnologias ADSL definem os padrões de comunicação no 
meio físico, definindo como os dados digitais são modulados para a transmissão 
através das linhas telefônicas. Mas é necessário fazer também o 
encapsulamento dos dados para serem transmitidos entre o computador do 
 
 
24 
assinante e os equipamentos de rede da Operadora de Telecomunicações, 
sendo necessária a utilização de um protocolo para este encapsulamento dos 
dados, para então serem transmitidos através da rede telefônica. 
E as duas opções de protocolos para esse encapsulamento são o PPoA 
e o PPoE, que serão escolhidos de acordo com a tecnologia empregada pelas 
operadoras nas redes de conexão dos DSLAMs. 
Inicialmente, o protocolo mais utilizado foi o PPPoA (Point-to-Point over 
AAL5 ou over ATM RFC), pois as operadoras de telecomunicações já estavam 
utilizando essa tecnologia para os serviços de redes fornecidos aos usuários ou 
até mesmo para a implementação de seu backbone. 
Atualmente, o protocolo mais utilizado para essa finalidade é o PPPoE 
(Point-to-Point over Ethernet RFC 2516), pois as redes metropolitanas das 
operadoras normalmente são implementadas com a tecnologia MetroEthernet. 
Outro protocolo envolvido na comunicação da rede ADSL é o PPP (point-
to-point protocol), que é um protocolo desenvolvido para permitir acesso 
autenticado e transmissão de pacotes de diversos protocolos, originalmente em 
conexões de ponto a ponto, sendo inicialmente utilizado nas conexões discadas 
à internet, onde o PPP encapsula o protocolo TCP/IP. Assim, o PPPoA é uma 
adaptação do protocolo PPP para operar sobre uma rede ATM, que transportava 
os dados das redes ADSL. 
Figura 13 – O PPoA na rede ADSL 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
DSLAM 
Rede ATM 
Internet 
 
 
25 
5.1 A tecnologia ATM 
A tecnologia ATM (Asynchronous Transfer Mode – Modo de Transferência 
Assíncrono) surgiu nos anos de 1990 e foi desenvolvido como um protocolo de 
comunicação de alta velocidade, que não dependia de nenhuma topologia de 
rede específica. Utilizava uma tecnologia de comutação de células de alta 
velocidade e que poderia transportar dados, vídeo e áudio, em tempo real. 
O ATM é uma tecnologia que permite a transmissão dos dados de forma 
assíncrona até seu destino, sendo que o acesso assíncrono significa que o 
tráfego de entrada na rede pode acontecer de modo aleatório, pois o nó de 
entrada armazena os dados em um buffer, e assim pode ser utilizado para 
transportar praticamente qualquer outro tipo de sistema de comunicação. 
O ATM emprega a multiplexação estatística, onde os intervalos de tempo 
de transmissão não são fixos e o tamanho desses intervalos de tempo podem 
variar de acordo com a demanda, pois o objetivo do ATM é ser capaz de suportar 
todo tipo e serviço, seja de voz, de dados, de vídeo e outros. Assim, o ATM 
poderia ser aplicado tanto nas redes LAN quanto nas redes WAN. 
Figura 14 – O ATM 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
5.2 O protocolo PPPoE 
O protocolo PPPoE é uma adaptação do PPP para funcionar em redes 
Ethernet. Pelo fato da rede Ethernet não ser ponto a ponto, o cabeçalho PPPoE 
inclui informações sobre o remetente e destinatário e por esse motivo acaba 
utilizando mais banda, na ordem de 2% a mais do que o PPPoA. A diferença 
principal está no fato do PPPoA só poder ser terminado num dispositivo de rede 
Células 
ATM 
Voz 
Dados 
Vídeo 
 
 
26 
ATM e o PPPoE poderá ser terminado em um switch Ethernet, que é uma 
tecnologia amplamente utilizada nas redes de dados. 
Além disso, como as placas de rede dos computadores são padrão 
Ethernet, sendo que as placas ATM eram caras e pouco utilizadas, a maioria dos 
modems no lado do usuário só suportavam o protocolo Ethernet. Assim, não 
havia como terminar a conexão PPPoA no micro, sendo necessário que a 
conexão fosse terminada no modem. Desta forma, o endereço IP necessitava 
ficar alocado no modem, e este deveria operar no modo roteador. 
5.3 Os identificadores no ADSL 
Para a identificação do tráfego nas redes ADSL, são utilizados o VPI e o 
VCI. O VPI (Virtual Path Identifier) é um identificador de 8 bits, utilizado para 
identificação dos pacotes do usuário na rede, ou de 12 bits, utilizado para os 
pacotes rede-rede, que são inseridos no cabeçalho dos pacotes ATM. O VPI, em 
conjunto com o VCI (Virtual Channel Identifier), é usado para identificar o próximo 
destino da célula em um switch ATM. 
Figura 15 – O VPI e o VCI na rede ATM 
 
Fonte: Rohling, 2021. 
Estes números são um tipo de código que muda de acordo com a 
operadora usada, sendo que os valores VPI/VCI usados no Brasil, por exemplo, 
foram: 
• Telefonica (Speedy): VCI 35, VPI 8; 
• Telemar (Velox): VPI 0, VCI 33; 
• Brasil Telecom: VPI 0, VCI 35; 
• GVT: VPI 0, VCI 35; 
VPI 1 
VPI 2 
VPI 3 
VPI 4 
VCI 10 
VCI 20 
VCI 30 
VCI 40 
VCI 20 
VCI 40 
VCI 10 
VCI 20 
 
 
27 
• Brasil Telecom (no RS): VPI 1, VCI 32. 
FINALIZANDO 
Apesar da tecnologia ADSL estar sendo gradativamente substituída 
pelas tecnologias de acesso que utilizam as redes de fibra óptica, que veremos 
em detalhe em nossas próximas aulas, elas ainda são amplamente utilizadas, 
pois as redes telefônicas possuem uma cobertura muito maior. 
No processo de implantação da tecnologia ADLS no Brasil, tivemos 
também uma ampliação em relação aos provedores de serviços de 
telecomunicações, tendo acontecido logo após a privatização do segmento de 
telecomunicações, e com a entrada de novas operadoras no mercado. 
Assim, como as novas operadoras necessitavam construir uma rede de 
acesso, e a demanda de serviços de telecomunicações do mercado estava 
direcionada para os serviços de redes de dados, principalmente para a 
navegação da internet, a tecnologia ADSL deveria ser contemplada na estratégia 
de construção das novas redes. E como o principal limitador da tecnologia ADSL 
era a distância entre os assinantes e as centrais das operadoras, a estratégia 
adotada foi a utilização dos armários de rua, contendo os DSLAM, de maneira 
que a distância até os assinantes ficasse dentro do limite que garantiria a máxima 
velocidade possível no acesso. 
Por esse emotivo, atualmente temos uma grande diferença de 
desempenho entre os serviços de ADSL fornecidos pelas operadorasde 
telecomunicações. As operadoras que entraram no mercado construindo novas 
redes, que além da descentralização promovida pelos armários de rua também 
contavam com uma rede de cabos telefônicos novos, apresentam um 
desempenho muito superior do que as operadoras que instalaram a tecnologia 
ADSL na rede que já estava instalada há muitos anos, chegando a algumas 
décadas de uso e consequentemente de degradação das características 
elétricas dos cabos. 
Para reverter esse cenário, algumas das operadoras que já operavam 
no mercado com a rede legada passaram também a instalar os armários, com 
os DSLAM descentralizando a rede e diminuindo a distância até os assinantes. 
Com isso, puderam oferecer maiores velocidades de conexão, tornando-se 
tecnicamente competitivas novamente. 
 
 
28 
Em relação à aplicação da tecnologia HDSL, ela também foi muito 
difundida para o atendimento aos assinantes de telefonia no sistema digital, 
sendo utilizada para o transporte das conexões do tipo E1, de 2Mbps, que 
interconectavam a central telefônica do cliente, que é o PABX, com a central da 
operadora. E essa conexão era feita com a utilização de dois ou quatro fios, de 
acordo com a distância do assinante. Desta forma, a linha telefônica que era 
utilizada para a telefonia analógica, desde o início das redes, pode ser utilizada 
para os sistemas de telefonia digital, com a utilização da tecnologia HDSL na 
rede de acesso. 
Com a evolução das tecnologias em fibra óptica, as tecnologias 
baseadas nas redes de cobre, como os diversos padrões DSL, vão sendo 
gradativamente substituídas pelas novas tecnologias, principalmente a 
tecnologia GPON, que reduziu drasticamente o custo das redes ópticas, com a 
otimização do transmissor óptico no lado da central da operadora. Mas essa 
migração ainda demandará um longo tempo para a substituição total da rede 
metálica pela rede óptica, de modo que ainda teremos a tecnologia ADSL sendo 
utilizada para o acesso dos assinantes por um longo tempo. 
 
 
 
29 
REFERÊNCIAS 
RIBEIRO, M. P. Redes de Telecomunicações e Teleinformática – Um 
exercício conceitual com ênfase em modelagem. Rio de Janeiro: Interciência, 
2012. 
SOARES NETO, V. Sistemas de Comunicação: Serviços, modulação e meios 
de transmissão. 1. ed. São Paulo: Érica, 2015. 
TANNENBAUM, A. S. Redes de Computadores. 10. ed. Rio de Janeiro, 2003. 
 
 
	Conversa inicial
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS

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