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ESTRUTURA ORGANIZACIONAL, AVALIAÇÃO, CONTROLE E REGULAÇÃO DO SUS UNIASSELVI-PÓS Autoria: Milena da Silva Santos Indaial - 2020 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jairo Martins Jóice Gadotti Consatti Marcio Kisner Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2020 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: S237e Santos, Milena da Silva Estrutura organizacional, avaliação, controle e regulação do SUS. / Milena da Silva Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 115 p.; il. ISBN 978-65-5646-237-0 ISBN Digital 978-65-5646-238-7 1. Sistema único de saúde. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 610 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Conceitos do Sus .............................................................................7 CAPÍTULO 2 Articulação e Integração no Sus.....................................................45 CAPÍTULO 3 Desafios do Sus .............................................................................81 APRESENTAÇÃO Neste livro, você entenderá como funcionam os mecanismos de deliberação e de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), baseados na participação na valorização dos mecanismos de controle social, e como eles auxiliam na construção das Políticas Estaduais e Municipais de Saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde com qualidade de vida, visando à prevenção e à promoção da saúde (BRASIL, 2006). No decorrer dos estudos, veremos que a gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados e os Municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tanto as ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, média e serviços de alta complexidade, os serviços de urgência e emergência, a atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e a assistência farmacêutica. Antes de iniciarmos o primeiro capítulo, vejamos, de acordo com (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020), as responsabilidades dos entes que compõem o SUS. A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede pública de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de todos os recursos gastos no Brasil em saúde pública em todo o país, os estados e municípios, em geral, contribuem com a outra metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações, empresas etc.). Também tem a função de planejar, elaborar normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS. Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os gestores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento à saúde em seu território. O gestor municipal deve aplicar recursos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município formula suas próprias políticas de saúde e é um dos parceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros municípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que pode oferecer. CAPÍTULO 1 CONCEITOS DO SUS A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • Conceituar processos de atenção e regulação, na diretriz do SUS, visando o controle social, análise e gestão. • Entender as decisões da regulação, fazendo um diagnóstico desde a criança até o idoso. • Aprender como se dá a regulação, através dos acessos dos serviços de saúde. 8 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS 9 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Prezado acadêmico, neste capítulo, você dominará os conceitos e diretrizes do SUS, bem como a política nacional de regulação e os acessos dos serviços de saúde, desde a infância até a geriatria. Entendemos que o SUS corresponde a um conceito de saúde que implica na complexidade, na diversidade e na amplitude da produção da vida humana. Entre os novos caminhos para a saúde que o SUS pode nos trazer, está a possibilidade de inovação ao campo conceitual da atenção à saúde, principalmente no que diz respeito à confi guração de redes regionalizadas e hierarquizadas para a atenção. Vejamos que, essas redes precisam, por princípios éticos e legais, considerar como suas diretrizes, o atendimento integral, a descentralização da gestão e a participação social. Quando falamos em SUS, implicamo-nos necessariamente com os caminhos da descentralização da gestão setorial, da integralidade da atenção à saúde e da participação popular com poder deliberativo. São essas as direções de processos de trabalho na gestão e a organização do trabalho e das práticas cotidianas. A cada diretriz correspondem possibilidades distintas, mas sempre entrecruzadas, estabelecendo rotações de eixo e produção de sentidos. Você estudará o que está defi nido na lei, a produção efetiva de movimentos sociais, como demanda e necessidade de pessoas, e que o SUS deve buscar dar conta de pensar e organizar um sistema de saúde que corresponda ao conceito abrangente de saúde como expressões da vida, conforme nos indicam a Constituição Federal (1988) e a Lei Orgânica da Saúde (1990). 2 CONCEITOS E DIRETRIZES DA REGULAÇÃO EM SAÚDE A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua a saúde como o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças. Em seu sentido mais abrangente, a saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra e acesso a serviços de saúde. Equilíbrio dinâmico, harmonia, integração corpo e mente espiritualidade. À medida que os anos passam, o autocuidado deve aumentar (BRASIL, 2006). Antes de tudo, vejamos a população brasileira em números, de acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), somos 10 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS 190.732.694 milhões de brasileiros, 84% vivem em áreas urbanas e para cada 100 mulhereshá 95,9 homens, ou seja, existem mais de 3,9 milhões de mulheres a mais que homens. Ainda, no crescimento das regiões brasileiras entre os censos de 2000- 2010, levantou-se que: a Região Sudeste, com 80.353.724 pessoas, de 42,8% para 42,1% cresceu 10,97%; a Região Nordeste, com 53.078.137, de 28,2% para 27,8%, cresceu 11,18%; a Região Sul, com 27.384.815, de 14,8% para 14,4%, cresceu 9,07%; a Região Norte, com 15.865.678, aumentou de 7,6% para 8,3%, cresceu 22,98%; e a Região Centro-Oeste, com 14.050.340, de 6,9% para 7,4%, cresceu 20,94%) (IBGE, 2010). O censo ainda nos traz que São Paulo lidera com 41.252.160 pessoas, seguido de Rio de Janeiro com 6.323.037, Salvador com 2.676.606, Brasília logo atrás com 2.562.963, Fortaleza com 2.447.409, em sexto lugar, Belo Horizonte com 2.375.444 e, em décimo lugar, no país, está Porto Alegre com 1.409.939 pessoas. De acordo com Veras (2009), o crescimento da população idosa é um fenômeno mundial e, no Brasil, as modifi cações ocorrem de forma radical e bastante acelerada. A cada ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira, a maior parte com doenças crônicas e alguns com limitações funcionais. A seguir, uma fi gura revelando que, em 2025, teremos, nesta população, mais idosos do que jovens. Trazemos aqui uma indagação, se estamos preparados para o envelhecimento do país, se temos diretrizes nesta faixa etária? 11 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 Pós-graduando, vale a leitura de artigos sugeridos e a discussão grupal, a critério, no ambiente onde você está inserido. Um dos artigos sugeridos é Desigualdade social e saúde entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de Maria Fernanda Lima-Costa e colaboradores, disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csp/ v19n3/15878.pdf. Sugerimos também a leitura do artigo intitulado Condições de saúde, capacidade funcional, uso de serviços de saúde e gastos com medicamentos da população idosa brasileira: um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, acessando o link https://www.scielo.br/pdf/csp/v19n3/15877.pdf, bem como do artigo Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: repercussões do modelo de atenção à saúde sobre a seguridade social, disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csc/v9n4/a02v9n4.pdf, ambos escritos por Aloyzio Achutti e Maria Ines Reinert Azambuja. FIGURA 1 – ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA, POR SEXO, NOS ANOS 2000, 2025 E 2050 FONTE: IBGE (2010, s.p.) 12 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS Vistos esses artigos, damo-nos conta de que a saúde brasileira carece de assistência, principalmente na população idosa por ser a mais fragilizada e necessitada. Com base nos textos, qual sua opinião frente aos artigos lidos? R.: Continuando em nossa linha de pensamento, vimos que os idosos são a maioria no país, vejamos como se deu o índice de envelhecimento nas regiões e onde precisamos ampliar e regular os serviços para acesso em sua totalidade nas faixas etárias. TABELA 1 – ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO POR ANO, SEGUNDO REGIÕES BRASIL Índice de envelhecimento, por ano, segundo regiões Brasil, 1991, 1996, 2000 e 2005 Região 1991 1996 2000 2005 Brasil 21,0 25,0 28,9 33,9 Norte 10,9 12,9 14,7 16,6 Nordeste 18,4 22,0 25,5 30,3 Sudeste 25,4 30,3 34,8 40,8 Sul 24,1 28,6 33,4 39,3 Centro-Oeste 14,7 18,3 22,1 26,4 FONTE: IBGE (2010, s.p.) O índice de envelhecimento mostra a participação crescente de idosos em relação aos jovens na população, evidenciando a redução do índice de natalidade e o aumento da esperança de vida ao nascer, conforme a tabela a seguir. TABELA 2 – TAXA BRUTA E TAXA PADRONIZADA DE NATALIDADE, POR ANO, SEGUNDO REGIÕES BRASIL Taxa bruta e taxa padronizada de natalidade, por ano, segundo regiões Brasil, 1991, 1995, 2000 e 2004 Região 1991 1995 2000 2004 Bruta Bruta Bruta Padronizada Bruta Padronizada Brasil 23,39 21,97 21,06 20,94 18,17 18,11 Norte 31,93 30,14 28,63 28,15 23,62 22,75 Nordeste 26,81 25,13 24,29 24,23 21,66 21,26 13 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 Sudeste 20,23 19,20 18,71 18,52 15,87 15,84 Sul 21,49 19,77 17,96 18,41 14,83 15,61 Centro-Oes- te 24,38 22,34 20,70 19,22 19,16 17,95 FONTE: IBGE (2010, s.p.) No período, observam-se valores decrescentes para todas as regiões brasileiras. Os dados padronizados evidenciam as diferenças regionais, sendo que as regiões Norte e Nordeste apresentam os mais elevados níveis de natalidade e as regiões Sul e Sudeste os mais reduzidos. GRÁFICO 1 – ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER REGIÕES BRASILEIRAS FONTE: IBGE (2010, s.p) Concluímos com essas ilustrações que nasce menos brasileiros do que morrem, tornando, assim, nosso país um país de “cabelos brancos”. Verifi ca-se que existe uma tendência ao aumento na estimativa de vida ao nascer, em anos de vida, fechando com dados populacionais, que evidenciam um aumento no número de idosos. Justifi ca-se, então, ações de saúde pontuais para essa população. TABELA 3 – ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER: INDICADOR DA REGIÃO SUL FONTE: IBGE (2010, s.p.) 14 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS Cabe lembrarmos que os princípios do SUS conceituados a seguir, são de acordo com a Constituição Federal (1988), disponível no site do Ministério da Saúde. • Universalização: a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado assegurar este direito, sendo que o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. • Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir desigualdades. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Em outras palavras, equidade signifi ca tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. • Integralidade: este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. FONTE: <http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/3295- lei-n-8080-30-anos-de-criacao-do-sistema-unico-de- saude-sus#:~:text=Princ%C3%ADpios%20do%20 SUS%3A,outras%20caracter%C3%ADsticas%20sociais%20 ou%20pessoais.>. Acesso em: 11 nov. 2020. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. O princípio de integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos. Ainda, sobre os princípios organizativos, o Ministério da Saúde (2020) traz, regionalização e hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfi ca, planejados a partir de critérios epidemiológicos e com defi nição e conhecimento da população a ser atendida. A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já existem, visando seu comando unifi cado. Já a hierarquização deve proceder à divisão de níveis de atenção e garantir formas de acesso a serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis em uma dada região. 15 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 O texto anterior nos dá uma ideia de como o SUS foi construído. Será que temos clareza de nossos direitos e deveres? Com base nesta indagação, solicitamos que você registre sua resposta no espaço a seguir. Estes registros poderão questionar certezas ou elucidar dúvidas que possuímos em relação às nossas ações e atitudes. R.: Descentralização e comando único: descentralizar é redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de governo. Com relação à saúde, descentralização objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o controlee a fi scalização por parte dos cidadãos. No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o município, ou seja, devem ser fornecidas ao município condições gerenciais, técnicas, administrativas e fi nanceiras para exercer esta função. Para que valha o princípio da descentralização, existe a concepção constitucional do mando único, em que cada esfera de governo é autônoma e soberana nas suas decisões e atividades, respeitando os princípios gerais e a participação da sociedade. Participação popular: a sociedade deve participar no dia a dia do sistema. Para isso, devem ser criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que visam formular estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde. Para falarmos nos conceitos e diretrizes da regulação na saúde pública, precisamos lembrar um pouco da história. O INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social –, fazia um repasse fi nanceiro segundo média histórica com teto físico e fi nanceiro e não levava em conta a demanda e não atendia à necessidade da população. Em, 1988, cria-se a Constituição do SUS, grande marco na saúde pública até os dias atuais, logo após, em 1990, com a Lei nº 8.080, regulamentou-se o SUS 16 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS (com o artigo 16 da Constituição) e a Lei nº 8.142, que regulamenta o repasse de recursos e cria os Conselhos Municipais de Saúde, grande marco na história, podendo contar com esse importante instrumento até hoje. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é também chamada de “Constituição Cidadã”. Ela é considerada um marco fundamental na redefi nição das prioridades da política do Estado na área da saúde coletiva. É ela que marca a criação do Sistema Único de Saúde como um sistema de direito universal, descentralizado e participativo. Em 1993, com a Lei nº 8.689, extingue-se o INAMPS, cria-se o INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social – e se permite a transferência de recursos humanos do estado e da União para o município. Através da Norma Operacional Básica (NOB), em 1996, dá-se início ao processo de municipalização com níveis de gestão incipiente, parcial e semiplena, defi nindo as competências do Município, Estado e União. Em suma, na regulação, o município é responsável pela gestão da atenção básica e o estado e a união pela gestão da alta complexidade, sendo assim, os responsáveis deverão organizar e executar, incluir a proposta, inserir a estratégia, organizar o fl uxo de usuários, garantir a infraestrutura, selecionar, contratar e remunerar as equipes, programar as ações, alimentar as bases, realizar o monitoramento, qualifi car os recursos, fi rmar, monitorar e avaliar os indicadores, consolidar, acompanhar e avaliar o trabalho, estimular e viabilizar a capacitação, buscando parcerias com organizações governamentais. Seguindo a história na saúde pública, cria-se a NOB 98, de 1998, que traz a Gestão Plena do Sistema e a Plena de Atenção Básica (PAB), com pactuação de indicadores para avaliação e acompanhamento das ações do município. Aqui, o repasse de recursos se dá com valor fi xo per capita e mais valor específi co de acordo com a adesão dos municípios a projetos e programas do Ministério da Saúde (2020). Em 1999, a Portaria nº 1.399 do MS regulamenta a NOB SUS 01/1996, dispondo sobre a transferência de recursos fundo a fundo. De acordo com Ministério da Saúde, acesso em 2020, desde 2001, a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS) estabelece um conjunto de estratégias com defi nições de responsabilidades assumidas em conjunto pela União, estados e municípios: organização de sistemas funcionais de assistência à saúde e ações de atenção básica que devem ser desenvolvidas por todos os municípios de acordo com o perfi l epidemiológico. Aqui, a transferência de recursos se dava através do Piso de Atenção Básica Ampliada (PABA) com 17 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 Em 2006, cria-se o Pacto pela Saúde, através da Portaria GM nº 399, de 22 de fevereiro. O pacto se divide em Pacto pela Vida, Pacto de Gestão do SUS e Pacto em Defesa do SUS. • O Pacto pela Vida traz as questões de saúde do idoso, câncer de colo uterino e de mama, mortalidade infantil e materna, doenças emergentes e endêmicas com ênfase na tuberculose, hanseníase, dengue, malária e infl uenza, promoção da saúde e fortalecimento da atenção básica. • O Pacto pela Defesa do SUS busca implementar um projeto permanente de mobilização social, elaborar e divulgar a carta dos direitos dos usuários do SUS. • O Pacto de Gestão visa defi nir, de forma inequívoca, a responsabilidade de cada instância gestora do SUS, estabelecer as diretrizes para gestão do SUS, bem como os desafi os atuais para atenção básica: a gestão e planejamento, o fi nanciamento, os recursos humanos, a organização do trabalho, a estrutura física e equipamentos, os sistemas de informação, a assistência algumas ações de média complexidade à Atenção Básica, repassava uma parcela fi xa de R$ 12,00/habitante/ano e uma parcela variável com a adesão do município a programas e projetos do MS, como Programa Saúde da Família (PSF), Assistência Farmacêutica Básica e Qualifi cação do SUS (QUALISUS) etc. FIGURA 2 – FINANCIAMENTOS DA SAÚDE FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.) 18 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS farmacêutica, o conselho gestor e controle social, a integração das ações de vigilância em saúde e a integração entre Atenção Básica (AB) e serviços especializados. FIGURA 3 – FIGURA ILUSTRATIVA SOBRE AS DIMENSÕES DO PACTO FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.) A Portaria nº 1.996/2007 defi ne a política de Educação Permanente em Saúde, reafi rma seus princípios como norteadores para a construção de tal política e das ações educativas na saúde, recolocando a questão de que as demandas para a formação e desenvolvimento dos trabalhadores no SUS sejam defi nidas a partir da identifi cação dos problemas cotidianos referentes à atenção, à saúde e à organização do trabalho. Além disso, reafi rma a compreensão e tratamento da gestão da educação na saúde (formação e desenvolvimento) como uma questão de natureza tecnopolítica, uma vez que envolve mudanças nas relações, nos processos, nos atos de saúde, nas organizações e nas pessoas. Reafi rma, também, a necessidade de articulação intra e interinstitucional que cria compromissos entre as diferentes redes de gestão, de serviços de saúde e educação e do controle social, possibilitando o enfrentamento criativo dos problemas e uma maior efetividade das ações de saúde e educação. As ações de Educação na Saúde passam a compor o Pacto de Gestão, do Pacto pela Saúde. A responsabilidade pelas ações de educação na saúde está incluída na agenda da gestão do SUS, como atividade que pode e deve contribuir para o seu desenvolvimento, consolidando mudanças nas práticas de saúde em 19 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 A educação permanente de saúde faz parte da saúde e da regulação, pois sem a uniformidade das informações não se faz política de saúde efi caz. Para pensar, anotar e despertar interesses, existe uma Política de Educação Permanente em Saúde no âmbito municipal? Que estrutura organizacional é responsável pela condução dessa política no âmbito municipal? Qual a dotação orçamentária destinada à Política Municipal de Educação Permanente em Saúde? Qual a participação das instâncias de controle social na formulação e implementação dessa política? O Plano Municipal de Saúde contempla as questões da formação e desenvolvimento dos trabalhadores para o SUS? Que linhas de ação estão contempladas na Política Municipal de Educação Permanente em Saúde? O que foi realizado nos últimos dois anos nessa área? R.: direção ao atendimento dos princípios fundamentais do SUS. Os gestores passam a contar com o fi nanciamento federalregular e automático para a Educação na Saúde, por meio do Bloco de Financiamento da Gestão com repasse Fundo a Fundo. Assim, terão condições de planejar regionalmente no curto, médio e longo prazo ações educativas de formação e desenvolvimento que respondam às necessidades do sistema e estejam de acordo com a realidade local. A Educação Permanente em Saúde (EPS) tem o objetivo de constituir uma rede de ensino-aprendizagem no exercício de trabalho no SUS, com a sua recomposição na direção das necessidades da população/usuários como cidadãos de direitos. Afi nal, no setor da saúde ocorre uma concentração do saber em áreas técnicas de profi ssionais específi cos, que anulam as realidades locais em prol do conhecimento técnico que impõe uma linha de prescrições ao trabalho. Portanto, faz-se necessário ampliar as possibilidades de respostas para além do normatizado, por meio da interação intersubjetiva, em direção às necessidades de saúde dos usuários/população (CECCIM, 2005). 20 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS Atualmente, o SUS vem passando por intensivos movimentos que visam sua qualifi cação e efetivação enquanto política de saúde no Brasil. Esses movimentos incluem: • A Portaria nº 4.279/2010 que estabelece as diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). • O Decreto nº 7.508/2011 que regulamenta a Lei nº 8.080 e dispõe sobre a organização do Sistema Único de Saúde (SUS), o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa. • A Portaria nº 1.459/2011 que institui a Rede Cegonha. • A Portaria nº 1.654/2011 instituindo o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) e o Incentivo Financeiro do PMAQ-AB. • A Portaria nº 2.979/2011, dispondo sobre a transferência de recursos aos Estados e Distrito Federal para qualifi cação de gestão no SUS. • A Rede de Atenção Integral em Saúde Mental e o processo de implantação das Linhas de Cuidado em Saúde Mental, Álcool e outras Drogas. Cada um destes documentos, portarias, decretos, pactuações trazem implicações para os arranjos da gestão, da atenção, do controle social e da formação, impactando diretamente nos modos de organizar o processo de trabalho em saúde. Novos coletivos, comissões, grupos condutores de caráter multiprofi ssional e intersetorial, apoio institucional, matriciamento se expandem da atenção para a gestão. Os indicadores podem ser sociais, econômico-fi nanceiros e de saúde, dentre outros. Dentre os indicadores de saúde, destacamos os indicadores de morbidade (doença), de mortalidade e de cobertura assistencial. Para se organizar todo este fl uxo, os municípios constroem o Plano de Saúde, que é um documento de intenção política, de diagnóstico, de estratégias, de prioridades e de metas vistos sob uma ótica analítica. Trata-se de um instrumento referencial básico que refl ete as diferentes realidades de saúde de uma população para propor estratégias de enfrentamento dos problemas evidenciados. 21 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 No âmbito do Sistema de Planejamento do SUS, defi ne-se como Plano de Saúde o instrumento que, a partir de uma análise situacional, apresenta as intenções e os resultados a serem buscados no período de quatro anos, expressos em objetivos, diretrizes e metas. O Plano deve ser construído com base nos níveis de atenção e diagnóstico de cada município. Um planejamento bem feito, dar-se-á uma regulação de qualidade. FIGURA 4 – ILUSTRATIVA SOBRE O SISTEMA DE SAÚDE FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.) O processo de formulação do Plano de Saúde, além de requisito legal, é um dos mecanismos relevantes para se assegurar o princípio de unicidade do SUS e a participação social. Ele deve ser submetido na íntegra ao Conselho de Saúde correspondente, para apreciação e modifi cações que julgarem necessárias. As ações, os recursos fi nanceiros e outros elementos que dão sequência prática ao Plano não são objeto de explicitação no instrumento Plano de Saúde. A Programação Anual em Saúde é uma etapa posterior, que será contemplada após a conclusão do Plano Municipal de Saúde. Em síntese, o Plano de Saúde deve ser a expressão das políticas e dos compromissos de saúde numa determinada esfera de gestão. É a base para a execução, o monitoramento, a avaliação e a gestão do sistema de saúde. 22 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS Vale a pena assistirmos ao fi lme Os Intocáveis, link do trailer no https://www.youtube.com/watch?v=u3AUxnzuNKs, ele conta a história de um milionário tetraplégico que contrata um homem da periferia para ser o seu acompanhante, apesar de sua aparente falta de preparo. No entanto, a relação que antes era profi ssional cresce e vira uma amizade que mudará a vida dos dois. O que queremos despertar em você, acadêmico, é que devemos a todo instante nos colocar no lugar do outro. Somos trabalhadores do SUS ou da saúde privada, trabalhamos com doenças na maioria das vezes impossíveis de serem esperadas. E, ao mesmo tempo, temos uma burocracia a seguir. Fazer planejamento, faz-se necessário de acordo com a legislação e padronização, mas também, atingir os anseios do usuário. Compete ao SUS, o cuidado com seus trabalhadores, para além do ordenamento de recursos humanos e a formação em todos os sentidos possíveis. Emerge a necessidade de formular novos desenhos formativos compatíveis com os movimentos desencadeados pelo próprio SUS, pois a qualidade de vida é um conceito multidimensional que abrange aspectos físicos, sociais e emocionais. O acolhimento faz parte de uma das diretrizes de maior relevância ética/ estética/política da Política Nacional de Humanização do SUS, sendo aplicado não somente ao usuário, mas a todos os envolvidos nos processos. Como diretriz, podemos inscrever o acolhimento como uma tecnologia do encontro, um regime de afabilidade construído a cada encontro e, através destes, a construção de uma rede de conversações afi rmadoras de relações de potência nos processos de produção de saúde (FRANCO, 1999). O acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma postura ética, não pressupõe hora ou profi ssional específi co para fazê-lo e implica em compartilhamento de saberes, angústias e invenções tomando para si a responsabilidade de “abrigar e agasalhar”, sempre respeitando as suas demandas, com responsabilidade e resolutividade sinalizada pelo caso em questão (TEIXEIRA, 2003). Por não se tratar de formulações baseadas unicamente em repasses sistemáticos e maciços de informações, mas da educação viva em ato, acompanhando o trabalho vivo em ato da saúde, é que surge a proposta de composição de caminhos, percursos e itinerários formativos. Não se faz regulação sem união e sem seguir leis, isto é uma diretriz. 23 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 Com base no modelo teórico, você consegue vincular algo de sua experiência a este fi lme. Alguma vez se deu conta que seria direito do usuário, mas a legislação assim não permitia, descreva no espaço que segue. A regulação está próxima do planejamento na sua opinião? R.: 3 POLÍTICA NACIONAL DE REGULAÇÃO A Política Nacional de Regulação, instituída pela Portaria GM/MS nº 1.559/2008, está organizada em três dimensões integradas entre si: Regulação de Sistemas de Saúde, Regulação da Atenção à Saúde e Regulação do Acesso à Assistência, que devem ser desenvolvidas de forma dinâmica e integrada, com o objetivo de apoiar a organização do sistema de saúde brasileiro, otimizar os recursos disponíveis, qualifi car a atenção e o acesso da população às ações e aos serviços de saúde (BRASIL, 2017). Com o objetivo de implementar a operacionalização da Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC), foi editada a Portaria SAS nº 688, de 6 de abril de 2017, que reformula Regulamento Técnico da CNRAC e dasCERAC – Centrais Estaduais de Regulação de Alta Complexidade (BRASIL, 2017). Constatada a necessidade de complementação da rede de saúde, deverá ser observada a preferência que as entidades privadas, sem fi ns lucrativos, têm em participar do sistema de saúde (Lei nº 8.080/1990, art. 24 e 25) (BRASIL, 2017). Conforme previsto na Portaria nº 2.567/2016, com estas entidades deverá ser celebrado o instrumento de contrato quando houver a prestação de serviços de saúde. A Regulação do Acesso à Assistência, em especial, consiste na ordenação e qualifi cação dos fl uxos de acesso às ações e serviços de saúde, de modo a otimizar a utilização dos recursos assistenciais disponíveis e promover a 24 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS transparência, a integralidade e a equidade no acesso às ações e aos serviços, em tempo oportuno, dispondo, para tal, entre outros instrumentos, de diretrizes operacionais e protocolos de regulação (BRASIL, 2017). Como estratégia da Regulação do Acesso à Assistência, foi instituída, no âmbito do SUS, a Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade, por meio da Portaria GM/MS nº 2.309/2001, com a fi nalidade de organizar a referência interestadual de pacientes que necessitam de assistência em alta complexidade nas especialidades de cardiologia, neurologia, oncologia, traumatologia e ortopedia e procedimentos cirúrgicos relativos à cirurgia bariátrica (BRASIL, 2017). Quanto ao sistema de informação disponibilizado pelo Ministério da Saúde (2020), o Sistema de Regulação (SISREG) é um sistema web, criado para o gerenciamento de todo complexo regulador, por meio de módulos que permitem a regulação do acesso de consultas, exames, procedimentos de média e alta complexidade, bem como a regulação das internações de urgência e cirurgias eletivas (BRASIL, 2017). Com o intuito de estabelecer prazo para que Estados, Distrito Federal e Municípios comprovem ao Ministério da Saúde a execução dos recursos fi nanceiros transferidos para a implantação e/ou implementação de Complexos Reguladores e informatização das Unidades de Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), nos termos do disposto no art. 14, da Portaria GM/MS nº 2.923/2013, o Ministério da Saúde editou a Portaria GM/MS nº 2.615, de 22 de agosto de 2018, prevendo a data de 31/12/2018 como limite máximo para a comprovação da execução dos recursos (BRASIL, 2017). A fi m de estabelecer incentivo fi nanceiro de investimento e custeio para fomento das ações de regulação, no âmbito do SUS, o Ministério da Saúde editou as seguintes portarias: Portaria GM/MS nº 2.923/2013, Portaria GM/MS nº 1.792/2012 e Portaria GM/MS nº 2.655/2012. Faça uma pausa aqui. Pense na sua realidade como profi ssional ou cidadão. Em seu município, como são as demandas na saúde pública. São seguidos critérios de acordo com a política nacional? R.: 25 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 Vamos falar um pouquinho em protocolos: sem eles não há regulação, os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) são documentos que estabelecem critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verifi cação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS (BRASIL, 2006). Devem ser baseados em evidência científi ca e considerar critérios de efi cácia, segurança, efetividade e custo-efetividade das tecnologias recomendadas (BRASIL, 2006). As Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) em oncologia são documentos baseados em evidência científi ca que visam nortear as melhores condutas na área da Oncologia (BRASIL, 2006). A principal diferença em relação aos PCDT é que, por conta do sistema diferenciado de fi nanciamento dos procedimentos e tratamentos em oncologia, este documento não se restringe às tecnologias incorporadas no SUS, mas ao que pode ser oferecido a este paciente, considerando que o fi nanciamento é repassado como procedimento para o atendimento aos centros de atenção e a autonomia desses na escolha da melhor opção para cada situação clínica (BRASIL, 2006). Os Protocolos de Uso são documentos normativos de escopo mais estrito, que estabelecem critérios, parâmetros e padrões para a utilização de uma tecnologia específi ca em determinada doença ou condição (BRASIL, 2006). As Diretrizes Nacionais Brasileiras são documentos norteadores das melhores práticas a serem seguidas por profi ssionais de saúde e gestores, sejam eles do setor público ou privado da saúde (BRASIL, 2006). As Diretrizes Nacionais Brasileiras são documentos norteadores das melhores práticas a serem seguidas por profi ssionais de saúde e gestores, sejam eles do setor público ou privado da saúde (BRASIL, 2006). 26 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS As Linhas de Cuidados apresentam a organização do sistema de saúde para garantir um cuidado integrado e continuado, com o objetivo de atender às necessidades de saúde do usuário do SUS em sua integralidade (BRASIL, 2006). As diretrizes para a organização de Redes de Atenção à Saúde (RAS), no âmbito do SUS, propostas pelo Ministério da Saúde, evidenciam a Atenção Básica como centro de comunicação da RAS, assumindo um papel-chave na sua estruturação como ordenadora da Rede e coordenadora do cuidado (BRASIL, 2006). Para tanto, a Atenção Básica, a partir das Unidades Básicas de Saúde (UBS), deve ser o nível fundamental de um sistema de atenção à saúde, pois constitui a porta de entrada preferencial, ou seja, o primeiro contato dos usuários com o sistema, sendo o primeiro elemento de um processo contínuo e integral de atenção (BRASIL, 2006). A regulação assistencial ou regulação do acesso, entendida como a “disponibilização da alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão, de forma equânime, ordenada, oportuna e qualificada”, é um poderoso mecanismo de organização e gestão da rede de atenção à saúde no âmbito municipal, trazendo benefícios para a população usuária dos serviços (BRASIL, 2006). Na gestão, o processo regulatório favorece a resolução dos casos que exigem a ação coordenada de vários pontos da rede de atenção, além de permitir o conhecimento mais aprofundado e dinâmico da rede assistencial (BRASIL, 2006). Também favorece a identificação das áreas críticas e das necessidades de saúde de maneira ampliada, orientando para o melhor controle dos gastos, melhor utilização dos recursos e qualidade na prestação de serviços. Esses processos devem ocorrer nos seus vários locos de produção do cuidado, sejam eles realizados em uma UBS – a partir da microrregulação qualificada in loco ou nas Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), Complexos Reguladores Municipal, Estadual e Nacional. Alguns instrumentos são muito importantes nesse processo, entre eles os Protocolos de Regulação do Acesso, que compreendem diretrizes para a solicitação e uso adequado e racional das tecnologias de apoio diagnóstico e terapias especializadas (BRASIL, 2006). Estes documentos estabelecem critérios qualificados de avaliação de risco, identificando as prioridades e garantindo a agilidade no acesso para aqueles pacientes que mais necessitam. A estes se somam outros instrumentos como 27 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 A população brasileira está cada vez mais velha, seguindo uma tendência que se observa desde 1992. Pessoas com 60 anos ou mais, que eram 7,9% da população brasileira em 1992, passaram a ser 11,1% no ano de 2008. Já são quase 21 milhões de pessoas com mais de 60 anos. A proporção de brasileiros idosos aumentou 5,7% em 2008 em relação a 2007. O Estado do Rio de Janeiro tem a maior proporção de pessoas com mais de 60 anos e concentra quase 15,0% dos brasileiros nessa faixa etária.No Rio Grande do Sul e em São Paulo, eles representam 13,5% e 11,9% respectivamente, do total de residentes (IBGE, 2010). os Sistemas de Informação em Saúde da Regulação, que tem como objetivo principal sistematizar e gerenciar as rotinas desde o Complexos Reguladores até a microrregulação que ocorre nas UBS (BRASIL, 2006). Faça a leitura de pelo menos um protocolo da regulação de serviços de saúde, você encontrará em: www.saude.gov.br_ regulaçao. Você conseguiu vislumbrar novos horizontes em termos de modelos de organização da regulação? A partir destes enfoques, para melhor sistematização de suas ideias, sugerimos que elabore um texto, uma síntese. R.: 28 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS Vamos aprofundar os estudos na saúde frágil do idoso, para entendermos a importância da regulação dos serviços de atendimento a esta faixa etária. De acordo com Oliveira, Wender e Marinheiro (2010), a fratura de fêmur está entre as lesões traumáticas mais comuns na população idosa, podendo ocorrer na região proximal, distal ou ainda na diáfi se femoral. Causada geralmente por traumas pequenos e não intencionais, como as quedas da própria altura, que ocorrem em função da senescência ou de fatores extrínsecos, representa importante causa de mortalidade e de incapacidade na população de 60 anos ou mais. No Brasil, existe atualmente em torno de 20 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, representando aproximadamente 10,0% da população brasileira. Em 2025, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos, com estimativa de 32 milhões de idosos (BRASIL, 2010). O Brasil hoje é um “jovem país de cabelos brancos” (Jornal ZH). Reportagem do Jornal Zero Hora (ZH), esta mesma frase em uma de suas matérias. A população brasileira envelheceu rapidamente nos últimos anos, uma população mais suscetível às doenças. Como você vê as políticas públicas, neste sentido, dentro da regulação, você entende que os idosos são prioritários? R.: 29 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 Na Argentina, estudo realizado em 26 centros médicos de agosto de 2001 a julho de 2002, a fi m de determinar a incidência de fratura de quadril na cidade de Rosário, concluiu que, na população de 65 anos ou mais, a incidência foi 646 por 100.000 (847 para mulheres, 343 para homens); o sexo feminino sofreu 2,5 vezes mais quedas que o sexo masculino. O risco para indivíduos com idade inferior a 69 anos de idade foi o mesmo para ambos os sexos, porém a partir dos 70 anos aumenta exponencialmente para o sexo feminino. A fratura do colo femural do idoso tem como opções de tratamento a osteossíntese e as artroplastias parcial e total do quadril (OLIVEIRA; WENDER; MARINHEIRO, 2010). Siqueira et al. (2007) afi rmam que as quedas de idosos são atualmente uma das maiores preocupações, pela frequência e pelas consequências em relação à qualidade de vida, já que, segundo Gama e Gómez-Conesa (2008), as quedas seguem representando uma destacada causa de perda funcional, ingresso precoce em instituições e aumento de morbidade e mortalidade dos idosos. A osteoporose é uma doença osteometabólica caracterizada pela diminuição da densidade mineral óssea, com alterações na sua microestrutura que conduzem a um aumento da fragilidade óssea e uma tendência a fraturas por traumatismos pouco intensos. Estas constituem o verdadeiro problema de saúde pública devido a sua alta taxa de morbimortalidade e altos custos. Estima-se que 70,0% das fraturas de quadril esperadas para 2050 ocorrerão na Ásia, América Latina e África. No Brasil, dados epidemiológicos sobre a incidência ou prevalência de fraturas são escassos (OLIVEIRA; WENDER; MARINHEIRO, 2010). As mulheres idosas com fratura de fêmur proximal têm 1,5 vezes mais chance de morrer que uma sem fratura no período de dois anos. Diversos estudos relatam que pacientes idosos com fratura do fêmur proximal após quatro meses de recuperação tem 43,0% da sua capacidade comprometida (OLIVEIRA; WENDER; MARINHEIRO, 2010). As cirurgias de revisão são mais frequentes nos casos tratados com fi xação, porém a taxa de mortalidade tardia (13 anos) é a mesma para todos esses tratamentos. O tratamento da fratura tem por fi nalidade restaurar a anatomia óssea, a função do membro e reabilitar o paciente efetivamente, devolvendo sua funcionalidade para executar as atividades que realizava antes do evento (OLIVEIRA; WENDER; MARINHEIRO, 2010). Alguns estudos vêm demonstrando o impacto fi nanceiro dos recursos médico-hospitalares utilizados no tratamento da fratura de fêmur para o sistema de saúde e para a sociedade. 30 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS O custo indireto do comprometimento músculo esquelético excede os custos diretos (80% versus 20%). O custo social e econômico da fratura de fêmur se eleva ainda mais pelo fato de que, após um período variável de internação, as taxas de mortalidade permanecem altas, os cuidados médicos permanecem intensivos e programas de reabilitação por longos períodos se tornam necessários (OLIVEIRA; WENDER; MARINHEIRO, 2010). Constatou-se que a fratura de quadril é um grave problema para a gestão fi nanceira do setor de saúde e representa uma iniciativa que visa a conscientizar os vários atores do sistema para a importância do custo na tomada de decisão. A pessoa idosa merece destaque neste cenário por ser o principal ator da tríade: sistema (forma de remuneração dos serviços de saúde), assistência (tecnologia em crescente infl ação) e resultado (custo-benefício) do tratamento (OLIVEIRA; WENDER; MARINHEIRO, 2010). Com a educação dos diagnosticados com osteoporose, é possível conseguir reduções importantes dos dados de fraturas e consequente melhoria da qualidade de vida, porque se entende que a educação para a saúde, feita por grupos especializados, poderá ajudar os profi ssionais de saúde, pessoas e famílias a atingirem a qualidade de vida (BRASIL, 2006). Visto que o custo na saúde pública é imenso, quanto mais se investe, mais se tem crise, das internações realizadas, o custo médio com Autorização Internação Hospitalar (AIH) foi de R$ 972,00 para cada paciente, destas, dados apontam que metade vai para Unidade Terapia Intensiva (UTI), com um custo adicional de R$ 478,00. O envelhecimento é um direito personalíssimo e, sua proteção, um direito social. É obrigação do Estado garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade (art. 8º e 9º do Estatuto do Idoso). A política do idoso está dentro da regulação de uma forma muito leviana, pois o que se cobra não há possibilidade na prática (CECCIM, 2005). 31 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 Para se ter uma regulação efetiva, os recursos humanos devem ser capacitados para tal, então, foi a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) quem difundiu, na década de 1980, a ideia de que para alcançar o desenvolvimento dos sistemas de saúde da região era preciso elaborar uma estratégia capaz de promover a adesão dos trabalhadores aos processos de mudança no cotidiano e seus processos de trabalho. Isso porque era necessário propor uma alternativa capaz de responder ao esgotamento do modelo de educação continuada, caracterizado pela atualização de conhecimentos específi cos por meio de capacitações pontuais para determinadas categorias profi ssionais. Embora a EPS possa abranger diversas ações de capacitação, elas serão necessariamente parte de uma estratégia maior, tendo como horizonte a mudança institucional. Diante do exposto, frente ao Estatuto do Idoso, 2017, como você vê a política nacional de regulação, estão ambos inseridos um no outro. As ações de capacitação e formação são as consideradas competências do SUS, tanto na Constituição Federal, quanto na Lei Orgânica da Saúde. Compete ao SUS, conforme assumea Constituição Federal (1988), no artigo 200, ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde e incrementar o desenvolvimento científi co e tecnológico. Todo município deve formular e promover a gestão da educação permanente em saúde e processos relativos a ela, orientados pela integralidade da atenção à saúde, criando, quando for o caso, estruturas de coordenação e de execução da política de formação e desenvolvimento, participando do seu fi nanciamento. 32 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS FIGURA 4 – ASSISTÊNCIA EM SAÚDE NO SUS FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.) A Lei Orgânica da Saúde (1990), nos Art. 12 e 13, indica a criação de comissões intersetoriais com a fi nalidade de articular programas e políticas de interesse para a saúde, entre elas os recursos humanos e a ciência e tecnologia. O Art. 14 afi rma que deverão ser criadas Comissões Permanentes de integração entre serviços de saúde e instituições de ensino profi ssional e superior, com a fi nalidade de propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e educação de trabalhadores do Sistema único de Saúde. A efetiva consolidação do SUS exige (por imposição ética) novas estéticas à formação. Nesse caso, não se está falando de uma política educativa informativa e corretiva cujo SUS se coloca como um lugar para o exercício prático e o acúmulo de experiência, mas como experimentação de um processo vivo em ato. Avanço: conforme a Constituição Federal de 1988, a “Saúde é direito de todos e dever do Estado” (BRASIL, 1988, s.p.). No período anterior à CF/1988, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente 30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, cabendo o atendimento aos demais cidadãos às entidades fi lantrópicas. 33 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 Converse com seus pais, avós e/ou pessoas mais velhas que você e pergunte como era ir ao serviço público de saúde antes de 1990. R.: Também quando há novos integrantes no quadro de recursos humanos, conforme Araújo et al. (2006), sugere que o acolhimento seja feito aos poucos para que tanto alunos como servidores sintam-se parte integrante da equipe e sugere quatro principais objetivos: 1. diminuir a inquietação dos recém-chegados; 2. diminuir o turnover (rotatividade); 3. otimizar o tempo; 4. desenvolver expectativas realísticas, no sentido de não permitir devaneios por parte do recém-chegado e despropósitos por parte da empresa. Em princípio, o treinamento se concentrava apenas no desenvolvimento de habilidades técnicas, mas com as atuais exigências do mercado, é preciso ir além, investir em educação complementar, treinamento em formação de equipe, tomada de decisões e capacidade de comunicação, como, também, instrução nas áreas de informática e tecnologia. Os principais objetivos de um acolhimento são (UFRN, 2004): contribuir para fortalecer o desempenho profi ssional dos novos colaboradores, promover o acolhimento e integração dos novos servidores à instituição e as suas atividades específi cas, criar canais igualitários de acesso à informação para todos os novos colaboradores, construir um banco de dados que ofereça subsídios para estudos futuros sobre a variação do desempenho entre alunos, estagiários, servidores, cumprir com à legislação sobre estágio probatório do servidor público. 34 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS 4 REGULAÇÃO DO ACESSO À SERVIÇOS DE SAÚDE Para termos saúde integral, como lemos anteriormente, há a necessidade de acesso aos serviços de saúde. Para entendermos como o acesso aos serviços é base importante para nossa saúde, como sugestão, assista ao fi lme Sicko: SOS saúde, que dá uma ideia de como esta questão é abordada. No contexto em que está inserido, você percebe de que forma são estes acessos aos serviços de saúde? Apresente sua opinião referente aos acessos de saúde que têm em sua região. Quais são os pontos positivos e pontos negativos nestes acessos de saúde. R.: Vamos seguindo nossos estudos, considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, em seu Art. 2º § 1º que é: Dever do Estado de garantir a saúde na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1990). Na mesma lei, é defi nida Vigilância Epidemiológica, em seu Art. 6º § 2º: Entende-se por um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a fi nalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos (BRASIL, 1990). Considerando ainda, na mesma Lei, em seu Art. 7º, diz que: As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de 35 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 A professora titular Deisy Ventura, coordenadora do doutorado em Saúde Global e sustentabilidade da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI), escreve uma matéria intitulada Coronavírus: não existe segurança sem acesso universal à saúde, que é o verdadeiro retrato da regulação do acesso à saúde. Assim, dizemos que não existe segurança sem acesso universal, afi nal, o nosso SUS preconiza tal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou ontem, 30 de janeiro, que o coronavírus é uma emergência internacional de saúde pública, com base no Regulamento Sanitário Internacional vigente em 196 países desde 2007. A declaração produz efeitos positivos, como o de chamar a atenção dos governos para um tema de saúde, incentivar o compartilhamento de informações, inclusive científi cas e encorajar investimentos em pesquisa. Também pode produzir efeitos negativos como o pânico, a inversão de prioridades em saúde pública e a profusão de notícias falsas. Pode, sobretudo, criar a equivocada impressão de que o coronavírus é atualmente a maior ameaça à saúde pública mundial, quando ele é não mais do que a ponta de um Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII - participação da comunidade; IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde. 36 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS descomunal iceberg. O coronavírus é a sexta emergência internacional declarada pela OMS. A primeira foi a gripe A (H1N1), entre 2009 e 2010, propagada a partir do México. A segunda foi a expansão do poliovírus, sobretudo em regiões de confl itos armados, declarada em 2014 e ainda em vigor. Aterceira e a quinta referem-se ao vírus ebola, sendo declaradas, respectivamente, entre 2014 e 2015 na África Ocidental; e em 2019 na República Democrática do Congo. A quarta emergência teve como epicentro o Brasil: foi a síndrome congênita do vírus Zika, em 2016. É difícil comparar tais emergências porque suas causas e características são múltiplas e complexas. O traço comum entre elas é justamente o conceito de emergência de saúde pública de importância internacional (sigla em inglês: PHEIC). Segundo o Regulamento Sanitário Internacional, a declaração de emergência não se deve ao número de casos, à letalidade de uma doença ou mesmo ao desempenho dos países que são seu epicentro. O que motiva tal declaração é o risco de propagação internacional da ameaça, além da necessidade de coordenação intergovernamental da resposta. Em outras palavras, se cada Estado adotar medidas por conta própria, em uma escala que pode ir da negligência ao exagero, sem levar em conta informações e recursos compartilhados por centros de pesquisa, agências internacionais e outros Estados, as possibilidades de controle da doença serão radicalmente diminuídas, enquanto as de causar danos desnecessários serão muito aumentadas. No plano das relações internacionais, há um elemento decisivo na nova emergência: o de ter a China como epicentro. O surto de Síndrome Respiratória Aguda Grave (sigla em inglês: SARS), ocorrido em 2003, também na China, teve crucial importância na história da saúde global. A tomada de consciência sobre o impacto do vertiginoso aumento do tráfego internacional de pessoas sobre a propagação internacional das doenças contribuiu para desbloquear as negociações do Regulamento Sanitário Internacional, que se arrastavam há anos. A relevância econômica e o regime político da China são complicadores que a OMS deverá gerir com máxima cautela durante esta emergência. Devem ser igualmente objeto de cautela as liberdades fundamentais e a dignidade das pessoas. Segundo a Organização Mundial do Turismo, um bilhão e meio de viagens internacionais ocorreram em 2019 para fi ns de turismo e negócios. Comparado a este dado, o número de migrantes internacionais é muito inferior, sendo estimado em cerca de 300 milhões. Mesmo o número de 37 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 pessoas refugiadas não supera estimativas de cerca de 40 milhões. No entanto, em geral são migrantes e refugiados, e não turistas ou executivos, os alvos de represálias indevidas durante emergências sanitárias. Com razão, a OMS destaca em suas recomendações a importância de evitar a discriminação e o estigma por conta da origem, pois o que garante a segurança de todos é que as pessoas, em qualquer caso, sejam alvo de cuidado e respeito. Por fi m, cabe abordar a possibilidade de chegada do coronavírus ao Brasil, lembrando que só existe segurança sanitária verdadeira em sistemas capazes de cobrir a totalidade do território com acesso universal à saúde. A detecção de uma doença não pode depender de recursos fi nanceiros para pagar um atendimento, e ainda menos a sua prevenção e o seu tratamento. Este sistema já existe no Brasil: é o Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de seu subfi nanciamento crônico e incontáveis mazelas, o SUS revelou para o mundo a Síndrome Congênita do Vírus Zika, graças aos notáveis profi ssionais de saúde que atuam no sertão nordestino e aos centros de pesquisa que resistem aos ataques brutais à ciência brasileira recentemente intensifi cados. FONTE: Adaptado de <jornal.usp.br/?p=298903>. Acesso em: 10 nov. 2020. Quais são as políticas públicas/ações de acesso existentes no seu município para a qualifi cação da saúde pública? De que forma o profi ssional/serviços de saúde que está na ponta da rede pode atuar para ajudar pessoas dependentes aos acessos dos serviços de saúde? R.: 38 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS Acadêmico, uma refl exão sobre a intoxicação e a cervejaria, de Antonio Dercy Silveira Filho. Parabéns aos servidores da saúde pública de Belo Horizonte e Minas Gerais que conseguiram estabelecer o nexo causal entre a “misteriosa doença” que atingiu inicialmente um bairro de classe média alta de BH e a contaminação de um lote da cerveja Belorizontina. A mais vendida do selo que a produz. O SUS é uma das maiores conquistas da sociedade brasileira. No Brasil, em decorrência do envelhecimento da população, o gasto com saúde deverá crescer como proporção do PIB e deverá acarretar, em 2050, um gasto total em saúde de 10,3% do PIB.21. FIGURA 5 – ENVELHECIMENTO HUMANO FONTE: <https://joysoria.fi les.wordpress.com/2010/08/2uykoqs. jpg>. Acesso em: 10 nov. 2020. A saúde pública merece o melhor, todos acabam utilizando a saúde pública de alguma forma. Cabe a todos construir um futuro melhor e isto é tarefa diária e contínua. Para que isso seja possível e não passe apenas de belas palavras, cada um deve cumprir o seu papel de forma adequada, com engajamento, dedicação, satisfação, ética, conhecimento, formação e honestidade. 39 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 Vamos pensar nos acessos aos serviços de saúde. Você que defende o fi m do SUS ou o fi m da estabilidade do servidor, ou pior, a substituição de toda mão de obra laboral pública estatal pela privada, pense e responda para si mesmo: você mora num bairro classe média alta? Acha que não usa o SUS pois ele é só para os pobres? Toma cerveja? Então poderia ser você um dos contaminados que fi caram doentes, certo? Sem o SUS, a iniciativa privada iria fazer uma investigação dessas? Onde está o interesse econômico? Nas pessoas saudáveis ou doentes chegando aos hospitais e consultórios? Supondo que uma equipe de trabalhadores da iniciativa privada, não estáveis, pagos para fazerem a Vigilância Epidemiológica e Sanitária o fi zessem e descobrissem que a cerveja mais vendida é a culpada da nova doença. Diante dos interesses econômicos e políticos que estruturam nossa sociedade, o que aconteceria com a investigação? O que aconteceria com esses trabalhadores sem estabilidade? A população toda precisa do SUS, considerado o maior plano nacional, pois precisamos do SUS para qualquer intervenção, mesmo tendo outros planos de saúde, o SUS ainda sai na frente, quem faz as vacinas? Quem investiga AIDS? Quem faz a Vigilância Epidemiológica? Quem faz os curativos? Quem faz a vigilância sanitária? A melhoria das condições de saúde da população só pode advir de uma política econômica socialmente justa que permita condições de vida mais adequadas à maioria da população. 5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Ao fi nalizarmos este capítulo, é importante reforçar que devemos fortalecer e expandir as ações do SUS e o acesso aos serviços, com mobilização comunitária, avaliação contínua e melhoria da gestão das políticas de saúde e acesso aos serviços. Para isso, profi ssionais da equipe multiprofi ssional da saúde deverão sempre ser capacitados para atender, visando garantir a melhoria da qualidade de vida dos munícipes, promovendo os direitos dos pacientes, conforme preconiza o SUS, que é prevenir, vigiar, promover e recuperar a saúde. Oferecendo suporte aos profi ssionais de saúde futuros para melhor compreenderem a complexidade do sistema e, assim, prestarem atendimento mais qualifi cado. De um lado, a tarefa da formação e desenvolvimento de pessoal e da produção de conhecimento, de outro, a tarefa da implementação de uma rede de atendimento e cuidados relativos à saúde das populações, imprimindo uma dimensão coletiva à saúde e pedindo a formulação de novas disposições para a educação em saúde. A gestão do setor da saúde tem aí um novo signifi cado relevante: a estruturação de si mesma de maneira descentralizada, capaz de 40 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS estimular gestões descentralizadas e regionalizadas em diferentes esferas de Governo, constituindo-se como desafio do desenho da rede do SUS. O capítulo teve a intenção de provar que sem articulação não se faz uma rede estruturada, como profi ssionais ou futuros profi ssionais de saúde ou até mesmo apaixonados pela saúde pública que, quando se trata de sistema único de saúde, todo investimento é pouco, pois o tratamento pode se tornar mais caro e mais agressivo do que a prevenção e a promoção da qualidade de vida. A regulação se deu a partir dos conceitos dos processos de atenção e regulação, na diretriz do SUS, visando o controle social, análise e gestão, bem como entendemos as decisões da regulação, fazendo um diagnóstico desde a criança até o idoso, encerrando os estudos de acessos dos serviços de saúde. REFERÊNCIAS ARAUJO, L. C. G. de. Gestão de Pessoas: estratégias e integração organizacional. São Paulo: Atlas, 2006. BRASIL. Portaria nº 2.615, de 22 de agosto de 2018. Estabelece prazo para que Estados, Distrito Federal e Municípios comprovem, ao Ministério da Saúde, a execução dos recursos fi nanceiros transferidos para a implantação e/ ou implementação de Complexos Reguladores e informatização das Unidades de Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, nos termos do disposto no art. 14, da Portaria nº 2.923/GM/MS, de 28 de novembro de 2013. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/ content/id/37976056/do1-2018-08-23-portaria-n-2-615-de-22-de-agosto- de-2018-37975861. Acesso em: 11 nov. 2020. BRASIL. Portaria nº 688, de 6 de abril de 2017. Reformula o Regulamento Técnico da Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC) e das Centrais Estaduais de Regulação de Alta Complexidade (CERAC). Disponível em: http://cnrac.datasus.gov.br/cnrac/pdf/PORTARIA-SAS-N-688-06-05-2017.pdf. Acesso em: 11 nov. 2020. BRASIL. Portaria nº 2.923, de 28 de novembro de 2013. Institui incentivo fi nanceiro de investimento para a aquisição de equipamentos e materiais permanentes e de custeio para re-forma, destinados à implantação e/ou implementação de Centrais de Regulação de Consultas e Exames e Centrais de Regulação de Internações Hospitalares de que trata a Portaria nº 1.559/GM/MS, de 1º de agosto de 2008, e implementação de Unidade Solicitante no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ 41 CONCEITOS DO SUS Capítulo 1 saudelegis/gm/2013/prt2923_28_11_2013.html. Acesso em: 11 nov. 2020. BRASIL. Portaria nº 1.792, de 22 de agosto de 2012. Institui incentivo fi nanceiro de custeio destinado às Centrais de Regulação organizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ bvs/saudelegis/gm/2012/prt1792_22_08_2012.html. Acesso em: 11 nov. 2020. BRASIL. Portaria nº 2.655, de 21 de novembro de 2012. Altera a Portaria nº 1.792/GM/MS, de 22 de agosto de 2012. 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A epidemiologia das fraturas por fragilidade óssea em uma população de mulheres brasileiras na pós-menopausa residentes na cidade de Chapecó/SC. Rev. bras. ginecol. obstet., Rio de Janeiro, v. 32, n. 7, p. 360, 2010. CAPÍTULO 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • Integrar com diferentes políticas de pesquisa no campo de gestão das redes de atenção em saúde. • Entender a articulação e a integração do SUS, necessariamente com os caminhos da regulação, avaliação, auditoria, bem como saúde suplementar. • Articular com as esferas do SUS, para que a integração seja realizada de forma total. 46 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS 47 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste capítulo, o especializando entenderá o papel do gestor público e privado e de suas equipes e dos programas e ações. Quanto mais alta na hierarquia a função gestora exercida, maior o poder político que o profi ssional pode exercer em relação a outros profi ssionais, incluindo os cogestores. Eles devem seguir legislação específi ca, sendo amparados pela Lei nº 8.080, que, em seu art. 198, traz a seguinte colocação: As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, organizada de acordo com as diretrizes: I- descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II- atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III- participação da comunidade (BRASIL, 1990). Em síntese, concluiremos que o exercício do poder em saúde se caracteriza em três grandes grupos: o administrativo, o técnico e o político. 2 REGULAÇÃO, CONTROLE, AVALIAÇÃO E AUDITORIA Iniciaremos o capítulo falando do papel dos Gestores Estaduais e Municipais da Saúde, de acordo com Ministério da Saúde (2020) e sobre a importância de cada gestor na regulação, controle, avaliação e auditoria, que é: • Elaborar normas técnicas referentes à atenção à saúde da pessoa idosa no SUS. • Defi nir recursos orçamentários e fi nanceiros para a implementação da política, programas, ações e serviços, considerando a composição tripartite. • Promover a articulação intra e intersetorial para a efetivação da Política, programas, ações e serviços à população local e regional. • Implementar as diretrizes de educação permanente, estabelecendo mecanismos para qualifi cação dos profi ssionais do Sistema Estadual e Local de Saúde do SUS e Complementar. • Estabelecer instrumentos e indicadores de gestão para o acompanhamento e avaliação do impacto das ações e serviços. • Manter a articulação com municípios para apoio à implementação 48 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS e supervisão das ações. • Exercer a vigilância sanitária no tocante à saúde da pessoa idosa e ações decorrentes no seu âmbito. • Apresentar e aprovar a proposta de inclusão da política de saúde da pessoa idosa nos conselhos de saúde. • Executar as deliberações das Conferências do Idoso. • Promover a continuidade de serviços sociais e de saúde, acessíveis, de baixo e médio custo, de alta qualidade e adequados para a terceira idade (necessidade direitos). • Oferecer treinamento e educação para cuidadores formais e informais e aos próprios idosos. • Propiciar educação permanente aos profi ssionais. • Reconhecer e permitir a participação ativa dos idosos nas atividades de geração de renda e redução da pobreza. • Proporcionar oportunidades de trabalho formal, informal e voluntário aos idosos para aumentar a renda mensal. • Incentivar a participação integral dos idosos na vida familiar e comunitária. • Assegurar proteção, segurança, autonomia e dignidade. • Reduzir as iniquidades nos direitos sociais e humanos das mulheres mais velhas. Pesquisando no dicionário Signifi cados (2020, s.p.), a palavra auditoria tem seguinte defi nição: “Auditoria é um exame sistemático das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou setor, que tem o objetivo de averiguar se elas estão de acordo com as disposições planejadas e/ou estabelecidas previamente, se foram implementadas com efi cácia e se estão adequadas”. As fi guras a seguir são imagens da logomarca do Sistema Único de Saúde e da Agência Nacional de Saúde, fi scalizadora do sistema privado. 49 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS Capítulo 2 Sabemos que não há diferença de auditoria pública ou privada, quando um serviço está bem organizado. Então, mãos à obra. Vamos falar da auditoria, o Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), departamento vinculado à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP), é a unidade do Ministério da Saúde competente para realizar atividade de auditoria para verifi car a adequação das ações e serviços públicos de saúde e a sua regularidade quanto aos aspectos técnico-científi cos, contábeis, fi nanceiros e patrimoniais da aplicação dos recursos do SUS. FIGURA 1 – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE FONTE: <https://bit.ly/32NZ88P>; <https://bit.ly/38PybWb>. Acesso em: 15 nov. 2020. A atividade de controle exercida pelo Denasus, a Auditoria, somada às atividades de supervisão e de monitoramento próprias da gestão, representam o controle interno do SUS. Além disso, nos termos do Decreto nº 1.651/1995, que regulamenta o Sistema Nacional de Auditoria (SNA), o Denasus é o órgão de atuação federal do Sistema e, de acordo com a Lei nº 8.689/1993, o órgão central do SNA. A missão do Denasus, de acordo com o site do Ministério da Saúde (2020, s.p.), é: Realizar auditoria no SUS, contribuindo para qualifi cação da gestão, visando melhoria da atenção e do acesso às ações e aos serviços de Saúde" e a visão é "ser referência em auditoria, reconhecido pela construção do SNA e sua contribuição para a universalização do acesso e qualidade da atenção à saúde do SUS. 50 ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS O Denasus tem suas competências elencadas no Art. 40 do Anexo I - Estrutura Regimental do Ministério da Saúde, acesso ao site em 2020, o Decreto nº 8.901/2016, que representam três macroatividades desenvolvidas com vistas a atingir a sua consecução,
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