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COMPETÊNCIA

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JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
COMPETÊNCIA
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Olá!
Nesta aula, abordaremos os seguintes tópicos: a competência funcional e o conflito de competência do Juizado
Especial Cível; a competência objetiva do Juizado Especial; a competência territorial do Juizado Especial Cível; 
partes do processo; alegações de impedimento e suspeição no Juizado Especial Cível; advogado e preposto;
litisconsórcio. Bons estudos!
1 A competência funcional e o conflito de competência do 
Juizado Especial Cível
Olá, está disposto para iniciar a segunda parte dos ensinamentos dos Juizados Especiais? Se não tiver
concentrado ainda, coloque uma música de meditação ou uma música clássica para relaxar e manter o foco, pois
você vai aprender muita coisa, hein! Vamos lá.
1.1 A competência funcional do Juizado Especial Cível
A competência funcional é aquela em que determina a competência para exercer funções sobre o mesmo
processo em “instâncias” diferentes e quais as funções que devem ser exercidas.
Os Juizados Especiais possuem duas disposições que demonstram a competência funcional, são eles: (I) a
competência dos Juizados para executarem seus próprios julgados (artigo 3º, § 1º, I e artigo 52) e (II) a
competência dos Juizados para julgarem o recurso interposto contra a sentença, o “recurso inominado”, que é
julgado pela Turma Recursal (artigo 41).
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1.2 Conflito de competência no Juizado Especial Cível
Em regra, e como já foi dito várias vezes a você, a aplicação do CPC/15 é subsidiária à Lei 9.099/95 também no
que tange à competência e seus conflitos. No entanto, existem algumas questões sobre esse tema que são
discutidas demasiadamente entre doutrinadores, juristas e juízes, motivo pelo qual foi necessária sumular a
questão e a elaboração de enunciados sobre o tema.
A primeira questão polêmica é sobre o conflito de competência entre uma vara do Juizado Especial Cível e uma
vara da Justiça Comum, ambas do mesmo Tribunal. Alguns dizem que esse conflito deve ser resolvido pelo
 Superior Tribunal de Justiça e outros dizem que deve ser resolvido pelo Tribunal responsável, já que os
Juizados fazem parte do mesmo Tribunal que a Justiça Comum.
E é esse último entendimento que prevalece, até que foi sumulado pelo STJ: Súmula 428 “Compete ao
Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da
mesma seção judiciária”. Claro que o STJ será competente para analisar os casos de conflito se estiverem
 conforme artigo 105, I, daenvolvidos Juizados Especiais Cíveis e Justiça Comum de Estados diferentes, d 
Constituição Federal. Por exemplo: conflito de competência entre Juizado Especial Cível da Bahia com a Justiça
Comum de São Paulo.
A segunda questão polêmica é a de quem resolve o conflito de competência entre Juizados Especiais do mesmo
Tribunal? Alguns entendem que seria competente o Tribunal responsável por esses órgãos e outros, que é o que
 prevalece, entende que é competente a Turma Recursal para realizar tal análise do conflito, o que foi
 determinado pelo Enunciado 91 do Fórum Nacional dos Juízes Estaduais.
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E a terceira questão polêmica é a que envolve o julgamento de mandado de segurança contra ato do Juizado
Especial, se será pelo Tribunal de Justiça do Estado ou se será pela Turma Recursal do Juizado. E aí, o que você
acha? Se você pensou que é competente para tanto a Turma Recursal, você acertou! É exatamente o que
dispõe a Súmula 376 do Superior Tribunal de Justiça.
Para finalizar a questão da competência, é importante você saber que o ajuizamento de ações que preenchem a
competência para atuação dos Juizados Especiais não é obrigatório, isto é, as partes possuem a faculdade de
optarem pelos Juizados Especiais ou pela Justiça Comum, conforme é mencionado, também, no Enunciado nº01
do Fórum Nacional de Juízes Estaduais (FONAJE). Com isso terminamos a explicação sobre competência nos
Juizados Especiais.
O que esses doutrinadores acreditam é que uma ação deve ser suspensa para que a outra possa continuar ou
extinta. E você, qual a sua opinião? O que acha que deveria ser realmente aplicado? Pense um pouco e reflita, faz
parte dos estudos, hein!
2 A competência objetiva do Juizado Especial
Os Juizados Especiais Cíveis possuem a competência sobre a matéria da causa, por exemplo, se a causa é de
despejo para uso próprio, pode ser ajuizada e julgada nos Juizados Especiais, independentemente do valor
econômico.
Valor econômico entende-se por: podem ser ajuizadas causas de até vinte salários-mínimos sem o
 patrocínio de advogado e/ou podem ser ajuizadas causas de até quarenta salários-mínimos com o
patrocínio de advogado.
Isto é, o teto para ajuizamento de causas nos Juizados é de quarenta salários-mínimos. A Lei 9.099/1995, em
relação ao valor da causa, assim determina:
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E, entende por “matéria da causa” passível de ajuizamento nos Juizados Especiais as seguintes causas: (I) ação de
despejo para uso próprio, conforme artigo 3º, III da Lei 9.099/1995, (II) o acordo extrajudicial de qualquer
natureza e valor poderá ser homologado nos Juizados Especiais, conforme artigo 57 da Lei 9.099/1995 e (III)
pelo artigo 3º, II da Lei 9.099/1995, as causas enumeradas no artigo 275, inciso II, do Código de Processo Civil de
1973, que ainda continuam prevalecendo no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis, conforme determina o artigo
1.063 do CPC/2015. Para ficar mais fácil para você entender, observe a planilha abaixo que dispõe quais as
causas dispostas no antigo CPC.
a) Arrendamento rural e de parceria agrícola
b) Cobrança de condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio
c) Ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico
d) Ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre
e) Cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de
processo de execução
f) Cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em
legislação especial
g) Revogação da doação
h) Demais casos previstos em lei
Em relação à competência objetiva acima descrita, existem duas teorias que discutem essa questão da
competência das ações nos Juizados: A teoria unitária acredita que apesar da Lei 9.099/1995 ter juntado as
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competências acima descritas, as pessoas somente podem ajuizar ações nos Juizados Especiais se não atingirem
o valor econômico previsto na lei, que é de vinte salários-mínimos, sem patrocínio de advogado e quarenta
salários-mínimos, com o patrocínio de advogado.
Já a teoria dualista acredita que a Lei 9.099/1995 determinou a junção dessas duas competências, não existindo
mais o chamado “Juizados de Pequenas Causas”, mas somente os Juizados Especiais Cíveis, os quais englobam
tanto a competência de valor econômico da causa, quanto a competência sobre a matéria da causa. É a teoria
 dualista que prevalece. Anote isso direitinho no seu caderno.
E mesmo que você tenha uma causa, que não seja de competência sobre a matéria, que supere o valor de
quarenta salários-mínimos com patrocínio de advogado ou o de vinte salários-mínimos sem o patrocínio de
advogado, poderá optar por ajuizar essa ação no Juizado Especial, desde que renuncie ao valor excedente,
conforme determina o artigo 3º, § 3º da Lei 9.099/1995.
Explicamos melhor com alguns exemplos. O primeiro exemplo é: Imagine que você tenha uma ação, que não se
encaixa em “matéria da causa” que independe do valor, mas sim em competência por “valor econômico”, ou seja,
deve obedecer ao teto de quarenta salários-mínimos.
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No entanto, a sua causa possui o valor de 50 salários-mínimos, mas você conhece os trâmites dos Juizados
Especiais, sabe que são mais rápidos que os da Justiça Comum e quer resolver logo o seu problema. Assim,
resolve ajuizar ação nos Juizados Especiais, renunciando os 10 salários-mínimos excedentes para que atinja o
teto de competência dos Juizados.
Existem duas alternativas: se você consegue realizar um acordocom a parte contrária, esse acordo pode
ser com base nos cinquenta salários-mínimos, sem nenhum problema. Agora, se não é realizado nenhum
acordo entre as partes, o juiz irá julgar até o valor de quarenta salários-mínimos, já que se trata de causa
de competência por valor econômico, isso quer dizer que se não fosse o valor econômico da causa, ela
não poderia ser ajuizado nos Juizados.
O segundo exemplo é: Imagine que você tenha uma causa de competência sobre o valor econômico e que essa
causa gira em torno do valor de 30 salários-mínimos. No entanto, você não quer constituir advogado para ajuizar
a ação por você e decide ajuizá-la sozinho. Para isso, você deve renunciar o direito dos 10 salários-mínimos
excedentes, já que o valor da causa, sem advogado, atinge o teto de 20 salários-mínimos. Então, se não for
celebrado acordo entre as partes, o qual pode ocorrer sobre os 30 salários-mínimos, o juiz decidirá a causa sobre
o valor de 20 salários-mínimos.
Ainda, a renúncia pode ser tácita, caracterizada pela prática dos atos da parte em renunciar o valor excedente ou
expressa, caracterizada por estar expressamente presente na petição inicial, na fala da parte, entre outras
maneiras. E não poderá versar sobre bem indivisível, que se for o caso, a ação deverá ser extinta e ajuizada na
Justiça Comum.
E, por fim, não podem ser ajuizadas nos Juizados Especiais Cíveis as causas de natureza alimentar,
falimentar, fiscal, de interesse da Fazenda Pública, as que envolvem acidente de trabalho, a resíduos e ao
estado e capacidade das pessoas, mesmo que preenchidos os requisitos acima. É o que está disposto no
artigo 3º, § 2º da Lei 9.099/95, dê uma lida nele para complementar seu estudo.
Muito legal essa parte da aula, não é? Vamos continuar os estudos sobre a competência dos Juizados Especiais
Cíveis.
3 A competência territorial do Juizado Especial Cível
Agora vamos começar os estudos sobre a competência territorial. O artigo 4º da Lei 9.099/1995 prevê o
território em que as ações podem ser ajuizadas nos Juizados Especiais Cíveis:
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas
ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório (artigo 4º, I da Lei 9.099/1995).
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II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita (artigo 4º, II, da Lei 9.099/1995).
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano de qualquer natureza
(artigo 4º, III, da Lei 9.099/1995).
Vamos analisar um por um para você entender.
3.1 Foro do domicílio do réu
Diferentemente do CPC/15, que o domicílio do réu somente poderá ser o escolhido para ajuizamento de
ação quando se tratar de ações pessoais ou reais sobre bens móveis (artigo 46), a Lei 9.099/1995
permite o ajuizamento de ações no domicílio do réu como regra geral em todas as causas, conforme o
parágrafo único do artigo 4º.
O Juizado Especial Cível também permite o ajuizamento de ação onde o réu exerça atividades profissionais ou
econômicas, se pessoa física ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório, se pessoa
jurídica. É uma grande novidade!!
Aí você pergunta: mas e nos casos de ação de despejo e ação possessória, como fica a competência se o réu
estiver domiciliado em lugar diferente do local do imóvel que será discutido em ação?
É uma boa pergunta! Isso porque o artigo 47 do CPC/15 determina que nessas ações, o foro competente é o do
lugar onde o imóvel se situa. No entanto, a maioria dos doutrinadores e da jurisprudência entende que, nos
Juizados Especiais, a regra geral que prevalece é aquela disposta no parágrafo único do artigo 4º da Lei 9.099
/1995.
Mas é claro que, conforme já falamos aqui para você, o CPC/15 é aplicável subsidiariamente à Lei dos Juizados,
ainda mais quando se tratar de réu com dois domicílios, domicílio desconhecido, incerto, no exterior ou na
existência de mais de um réu.
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3.2 Foro do local onde a obrigação deve ser satisfeita
O inciso II do artigo 4º prevê que será competente o foro do local onde a obrigação deve ser satisfeita,
isto é, deve ser cumprida. Tal norma é exatamente o que está previsto no artigo 53, III, d do CPC/15. É
basicamente isso que você tem que aprender nessa parte. 
Se as partes quiserem convencionar o foro, isto é, escolherem qual o foro será competente para dirimir
quaisquer dúvidas sobre um eventual conflito, elas podem realizar o “foro de eleição”, com base no artigo 62 do
CPC/15. Mas é importante você saber que a maioria da jurisprudência acredita que não é possível o foro de
eleição para Juizado, uma vez que a incompetência territorial dele é absoluta e não relativa, gerando a extinção
da ação sem resolução de mérito (artigo 51, III, Lei 9.099/1995).
Isso quer dizer que não basta as partes escolherem o foro dos Juizados Especiais para resolver uma causa, pois
esta deverá preencher os requisitos para que os Juizados sejam competentes para processá-la e julgá-la.
Conseguiu entender melhor?
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3.3 Foro do domicílio do autor ou do local do fato, ato, nas ações para 
reparação de dano de qualquer natureza
Por último, temos a competência territorial pelo foro do domicílio do autor ou do local do fato, ato, nas
ações para reparação de dano de qualquer natureza, conforme previsto no artigo 4º, III da Lei 9.099
/1995, o qual abrangeu e juntou o que determina o artigo 53, IV e V do CPC/15.
Assim, fica claro que TODAS as ações indenizatórias podem ser propostas no domicílio do autor, o que também
corrobora com o Código de Defesa do Consumidor no artigo 101, I.
4 Partes do processo
Vamos seguir em frente com mais uma aula de Juizado Especial Cível. Nessa parte da aula você vai aprender
sobre quem pode ser parte e que não pode ser parte de um processo. Animado? Vamos lá!
Para você entender, a parte do processo é aquela que ou irá ajuizar ação no Juizado Especial Cível, sendo autora,
ou será a parte demandada, isto é, a parte que está sendo processada, chamada de ré. Você acha que qualquer
pessoa pode ser parte de um processo, seja como autor ou como réu? A resposta é !! Vamos olhar a tabelaNÃO
abaixo para que você possa identificar quem pode ser parte ou não de um processo do Juizado Especial Cível.
Com tabela fica mais fácil para visualizar e anotar no caderno, não acha?
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4.1 Incapaz
Todas as hipóteses para caracterizar um incapaz estão previstas nos artigos 3º ao 5º do Código Civil, os
incapazes absolutos e os incapazes relativos. Leia esses artigos e anote as hipóteses em seu caderno. Importante
você saber também que a pessoa que foi emancipada poderá ser parte no processo, pois possui capacidade civil
plena.
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4.2 Preso
A Lei 9.099/1995 não determina se o preso deve ser preso da área penal, administrativa e/ou civil, somente diz
“preso”. Dessa forma, entende-se que pode ser qualquer pessoa que tenha a sua locomoção limitada de qualquer
natureza jurídica. Ainda, se a pessoa foi presa e não é mais, não há óbice para não ser parte no processo. Se a
pessoa, também, está cumprindo pena, por exemplo, em regime aberto ou beneficiária do sursis ou livramento
condicional poderá ser parte no processo do Juizado Especial.
4.3 Pessoa jurídica de direito público
As pessoas jurídicas de direito público englobam tanto as externas do país quanto as internas, da administração
direta ou indireta. Isto é, nenhuma pessoa jurídica de direito público poderá ser parte no processo do Juizado
Especial Cível.
4.4 Empresa pública da união
A empresa pública da União é pessoa jurídica de direito privado, ou seja, em regra poderia ser parte de
processos no Juizado Especial Cível. No entanto, ela não pode se parte, pois a Constituição Federal determina que
é competente para julgar as causas em que a empresa pública da União e parte, somente a Justiça Federal,
conforme artigo 109, I do maior manto jurídico do Brasil.
4.5 Massa falida
Para você entender, a massa falida é o conjunto de bens arrecadadosde uma empresa em que foi decretada a
falência, ou seja, empresa falida, ordenada pela Lei 11.101/2005. A massa falida é comandada pelo
administrador judicial designado pelo juiz falimentar. Assim, tanto a empresa falida quanto à massa falida não
podem ser parte em processos do Juizado Especial Cível, pois são incapazes.
No entanto, tal regra não se aplica às empresas que estão em recuperação judicial ou extrajudicial, isto é,
empresas que estão tentando se recuperar para conseguirem continuar na atividade empresarial. Assim, os
processos contra elas ou ajuizados por essas empresas poderão seguir adiante até a execução, momento em que
esta deverá ser realizada no juiz responsável pela recuperação da empresa.
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4.6 Insolvente civil
Você precisa saber que o insolvente civil não é mais utilizado pelo Código de Processo Civil/2015, sendo que
somente o CPC/1973 é que previa, por exemplo, a execução por quantia certa contra devedor insolvente. Assim,
se aparecer essa figura, é porque foi designada pelo antigo código e, logo, não poderá ser parte no processo do
Juizado Especial.
Aí você nos pergunta: e se o processo estiver em andamento e as partes ou uma das partes se tornar incapaz, for
presa, ou ocorrer qualquer outra previsão determinada no caput do artigo 8º da Lei mais conhecida por nós, a
Lei 9.099/1995? A resposta é fácil! Se isso acontecer, o processo será extinto sem julgamento do mérito,
conforme manda o artigo 51, IV da mesma Lei.
Tem uma coisa interessante que você vai ler na Lei 9.099/1995 e não vai entender ou vai achar estranho. Sabe o
que é? É o que está previsto no § 2º do artigo 8º da lei mencionada. Ele diz que “o maior de dezoito anos poderá
ser autor, independentemente de assistência, inclusive para fins de conciliação”. Você deve achar estranho
porque, nos dias de hoje, é óbvio que o maior de 18 anos pode ser parte, a capacidade civil fica plena a partir dos
18 anos, quando a pessoa atinge a maioridade civil.
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No entanto, lembre-se que a Lei 9.099 foi criada em 1995, na época em que era vigente o Código Civil de 1916,
cuja maioridade civil se iniciava a partir dos 21 anos. Somente com o Código Civil de 2002 é que a maioridade
civil foi para 18 anos. Então, por isso foi criada essa previsão legal, que permanece atualmente como algo
redundante. Conseguiu entender? Imagina a confusão que esse parágrafo deu naquela época, hein?
Agora vamos analisar uma por uma as pessoas que pode ser parte autora no processo dos Juizados Especiais
Cíveis. Elas possuem LEGITIMIDADE PROCESSUAL ATIVA, isto é, aqueles que podem ser réus ou autores, e estão
previstas no § 1º do artigo 8º da Lei 9.099/1995, conforme acima falamos. Lembra da tabelinha?
4.7 Pessoas físicas, exceto cessionárias de direito de pessoa jurídica
Possuem legitimidade processual ativa as pessoas físicas livres e capazes, que não sejam cessionárias de direito
de pessoas jurídicas. Você deve estar se perguntando o porquê dessa vedação. Ora, se a lei permitisse que as
pessoas físicas cessionárias de direito de pessoas jurídicas pudessem ser parte em processo no Juizado Especial,
seria muito fácil as pessoas jurídicas que não podem ser parte, burlarem a Lei.
4.8 Pessoas jurídicas (artigo 8º, § 1º da Lei 9.099/1995)
Na origem da Lei 9.099/1995, somente possuíam legitimidade processual ativa as pessoas físicas. De 1999 para
cá, as pessoas jurídicas ganharam espaço e, hoje, algumas detêm a referida legitimidade: são aquelas dispostas
na nossa famosa tabelinha que você anotou bonitinha e colorida em seu caderno, não é mesmo?
Saiba que no momento que a pessoa jurídica for demandar contra alguém deverá juntar no processo os seus atos
constitutivos para comprovar que possui mesmo legitimidade para ser autora em processos do Juizado. Ah, mas
o dono da empresa que deverá comparecer em audiências, por exemplo?
Não necessariamente. A empresa pode ser representada por prepostos que irão representar os seus diretores,
isto é, pessoas que podem representar a empresa, por exemplo, um empregado.
Saiba que as pessoas jurídicas de responsabilidade limitada, sociedade anônima, entre outras empresas grandes,
por exemplo, podem ser PARTE RÉ nas ações ajuizadas pelas pessoas que detém legitimidade ativa (você já sabe
quem são). O que elas não podem é ajuizar uma ação nos Juizados Especiais.
5 Alegações de impedimento e suspeição no Juizado 
Especial Cível
Olá! Você deve estar se perguntando qual seria a diferença de impedimento e suspeição, certo? Ou até revirando
os olhos por novamente estarmos abordando este tema? Eu sei, parece um tema complexo, mas é um tema muito
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utilizado todos os dias, e para sua vida prática terá muita utilidade esta matéria. Bom, você já sabe que a
contestação deve ter toda a matéria de defesa do réu, já que é a peça processual utilizada para que o réu possa se
defender. No entanto, existem duas matérias que não podem ser mencionadas na contestação, que são a alegação
de impedimento e a alegação de suspeição, ambas focadas na figura do juiz.
Essas matérias dizem respeito ao juiz, pois elas focam no impedimento ou na suspeição dele de julgar
determinado processo. É claro que essas duas matérias não podem ser somente suscitadas pelo réu, mas o autor
também é totalmente legítimo para fazer tais alegações, desde que feitas em petição separada, conforme já
falamos acima. Anote isso no seu caderno para ficar bem evidente e você não esquecer, tá?
Mas por que tem que ser em petição específica e separada? Porque essa petição, apesar de ser dirigida para o
próprio juiz do processo, ela poderá ser enviada para o Tribunal, caso o juiz não aceita tais alegações.
Entendeu? Aí imagina, o réu faz a contestação e junto dela faz um capítulo sobre a suspeição do juiz. Se o juiz não 
aceitar esse pedido de suspeição, a contestação inteira terá que ser enviada para o Tribunal? Não faz sentido 
algum, não é mesmo?
Agora você deve estar se perguntando que raio de suspeição e impedimento são esses, não é mesmo? Deve estar
se perguntando quando que vamos explicar sobre cada um, né? Mas calma, controle essa sua ansiedade, pois
você vai conhecer logo abaixo sobre esses temas.
O impedimento e a suspeição estão previstos no CPC/15, e como você já está cansado de saber, o CPC/15 é
aplicado subsidiariamente...onde?? Isso mesmo, no Juizado Especial. Vamos conhecê-los!
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É importante você saber algumas considerações específicas sobre cada alegação. Por exemplo, no impedimento, 
 não há a possibilidade criação de fato posterior ao processo somente para caracterizar impedimento do
 juiz. Isso quer dizer que o impedimento não pode ser criado.
Na suspeição, por exemplo, o juiz poderá ele mesmo se declarar suspeito por motivo de foro íntimo, sem a
necessidade de se justificar. Agora, a suspeição será ilegítima quando (I) houver sido provocada por quem a
alega e (II) a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido. E será que há
prazo para alegar o impedimento e suspeição? Sim, o prazo para a parte alegar as duas é de quinzepelo CPC/15, 
dias a contar do conhecimento do fato.
Além disso, a petição específica será dirigida para o próprio juiz do processo, indicando se é causa de suspeição
ou impedimento, juntando provas que achar necessárias, além do rol de testemunhas.
Se ele reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, determinará que os autos sejam remetidos
imediatamente ao seu substituto legal. Agora, se o juiz não reconhecer o impedimento ou a suspeição, deverá
 no prazo de quinze dias, determinar a atuação da petição específica em apartado, apresentando as suas
 razões, juntando provas e testemunhas se achar assim necessário, para enviar tudo ao Tribunal de
Observe-se que a Turma Recursal ou Colégio Recursal não possui competência para tanto.Justiça. 
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No momento em que o relator do Tribunal de Justiça receber o incidente, ele deverá aplicar efeito suspensivo ou
não. Se aplicar,o processo principal ficará suspenso até julgamento final do incidente. Se não aplicar, o processo
principal terá seu andamento normalmente.
Por fim, se o Tribunal acolher o impedimento ou suspeição, o juiz será condenado no pagamento de custas e
poderá recorrer da decisão, além de que o Tribunal também decretará a nulidade dos atos do juiz já praticados
no processo principal.
Óbvio que você não precisa decorar o que é cada um que tá ali na tabela, basta você entender, pois se precisar
utilizar uma das duas alegações ou as duas na sua vida prática, poderá consultar tranquilamente no CPC/15.
6 Advogado e preposto
Preparado para aprender sobre algumas figuras importantes? Agora você vai
aprender sobre o advogado e o preposto nos Juizados Especiais.
6.1 O advogado no Juizado Especial Cível
Como você já está avançado nos estudos do Juizado Especial Cível, deve se lembrar que podem ser ajuizadas no
Juizado as ações de até vinte salários-mínimos, sem o patrocínio de advogado e as maiores que 20 salários-
mínimos até 40 salários-mínimos, com o patrocínio de advogado, conforme artigo 9º da Lei 9.099/95.
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Isso quer dizer que se a ação for de até 20 salários-mínimos, a pessoa pode optar em contratar advogado ou não,
trata-se somente de mais uma facilidade para atingir perfeitamente o acesso à justiça dos mais necessitados, por
exemplo. Se optar pela contratação de advogado, quando esta for facultativa, poderá outorgar os poderes gerais
para ele de forma verbal, salvo os poderes especiais, é o que determina o § 3º do artigo 9º da Lei 9.099/1995, em
atendimento aos princípios da oralidade e da informalidade.
O que acontece normalmente e o advogado juntar a procuração, exatamente o que faria no Juízo Comum, ainda
mais que com os processos eletrônicos, tal trâmite fica bem mais simples, basta protocolar a procuração para
configurar a representação da parte por advogado, inclusive por poderes especiais. Ou seja, apesar da
possibilidade do mandato verbal, é melhor e mais seguro tanto para a parte quanto para o advogado ter a
procuração por escrito, inclusive um contrato de prestação de serviços.
No entanto, não significa que a pessoa que decidir entrar com ação sem advogado no Juizado Especial possui
capacidade postulatória. Ela somente possui uma capacidade processual conferida pela Lei 9.099/1995. Lembre-
se sempre que somente o advogado possui capacidade postulatória.
Alguns doutrinadores possuem um entendimento minoritário de que o artigo 9º acima exposto é
inconstitucional, pois a Constituição Federal garante que o advogado é indispensável na administração da
justiça, logo, ele não deveria ser facultativo, mas sim obrigatório em sede de Juizados Especiais. Mas é um
entendimento minoritário que você só precisa saber que existe e pensar a respeito.
Além disso, o advogado continua sendo tão importante que o próprio juiz ao perceber a fragilidade da parte que
está sem advogado, seja pela “complexidade” da causa para a pessoa entender sozinha, seja por estar em litígio
com uma pessoa jurídica, aconselhará a parte que a melhor coisa é ter o patrocínio de um advogado para ele
ajudar mesmo. E, pode até chamar um advogado dativo para auxiliar a parte com dificuldades em audiência, por
exemplo.
6.2 O preposto no Juizado Especial Cível
Você já ouviu falar do “preposto”? Ele nada mais é que um representante da parte que for pessoa jurídica. Assim,
o representante da pessoa jurídica deve assinar uma carta de preposição para dar poderes à pessoa escolhida
para representá-la e poder realizar acordos, entendeu? É o que está disposto no § 4º do artigo 9º da Lei 9.099
/1995.
Essa pessoa escolhida tem que ter vínculo empregatício com a empresa? Até 2009, sim. No entanto, após a Lei
12.137/2009, que alterou o § 4º do artigo 9º da Lei 9.099/1995, não há necessidade do preposto ter vínculo
empregatício com a pessoa jurídica. Anote isso que é muito importante saber, hein.
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Assim, devem ser juntadas no processo: documentos societários da pessoa jurídica ou firma individual,
procuração, se tiver advogado, carta de preposição, se for o preposto para as audiências.
Ah, mas o preposto foi para a audiência sem a carta de preposição devidamente assinada pelo representante da
pessoa jurídica. E agora? É agora que o juiz pode dar um prazo para ele juntar esse documento, sob pena de ser
reconhecida a revelia (se for parte do polo passivo) ou extinção do processo sem julgamento do mérito (se for
parte do polo ativo) ou pode não conceder prazo é já determinar a revelia ou extinção do feito.
Outra curiosidade que você deve saber é a de que não pode haver cumulação de funções entre advogado e
preposto pela mesma pessoa, devendo ou o advogado ser somente preposto, o que é possível nas causas de até
vinte salários-mínimos, ou ter o advogado é o preposto nas causas superiores a vinte salários-mínimos,
conforme disposto no Novo Código de Ética da OAB (artigo 25).
Observe, também, que somente a pessoa jurídica pode ser representada, em audiências, pelo preposto. Ou seja, a
 com ou sem o advogado, dependendo da causa, não havendopessoa física deve comparecer pessoalmente
possibilidade de ser representada por preposto.
7 Litisconsórcio
Você, com certeza, já ouviu falar em litisconsórcio e pode ter se perguntando: o que é isso? Agora vamos falar um
pouco dele. O artigo 10 determina que não cabe, nos Juizados Especiais, qualquer forma de intervenção de
 terceiro, nem de assistência. Mas faz a ressalva de que cabe o litisconsórcio.
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Antes de falarmos sobre o litisconsórcio, você deve anotar direitinho em seu caderno que não cabe intervenção
de terceiro nem de assistência. As modalidades típicas destes são: assistência (artigos 119 a 124 do CPC/15);
recurso de terceiro (artigo 996 CPC/15); chamamento ao processo (artigos 130 a 132 do CPC/15); denunciação
da lide (artigo 125 a 129 do CPC/15) e desconsideração da personalidade jurídica (artigos 133 a 137 CPC/15).
Leia esses artigos para você conhecer exatamente o que são essas modalidades, ok? Já deu uma lida?
Agora sim, vamos analisar o litisconsórcio. Você já sabe o que é? Bom, primeiro você deve saber que ele é
permitido nos Juizados Especiais, hein. Anote isso no seu caderno.
Em segundo lugar, você deve saber que o litisconsórcio significa a pluralidade de partes, seja no polo
passivo, seja no polo ativo. Ou seja, mais de uma pessoa em um dos polos ou nos dois polos. Leia o artigo
133 e seguintes do CPC/15, é ele quem trata direitinho do litisconsórcio. Como você deve ter visto, o artigo
133 traz três possibilidades para considerar o litisconsórcio:
(I) entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
(II) entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; e
(III) ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
No entanto, muitos defendem que, nos Juizados Especiais, o litisconsórcio somente pode ocorrer quando houver
a possibilidade item , isto é, quando as pretensões das partes forem conexas.(II)
Falamos aqui das intervenções de terceiro anteriormente, pois elas acarretam no litisconsórcio, pois mais uma
pessoa vem fazer parte do processo. E como os juizados especiais prezam por um procedimento mais célere é
proibido a intervenção.
Mas preste atenção aqui, houve uma inovação com o Código de Processo Civil de 2015, que em seu artigo 1.062
diz: “O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao processo de competência dos
juizados especiais.” Como passou a ser uma intervenção de terceiros, a desconsideração, pode-se dizer que agora
no juizado especial cível temos uma nova exceção.
Muito simples, né? É isso que você precisa saber sobre o litisconsórcio no Juizado Especial Cível. Temos certeza
que você vai dar um show explicando para sua família sobre isso e eles ficarão bem orgulhos de você. Que tal
tentar? Boa sorte e bons estudos.
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	Olá!
	1 A competência funcional e o conflito de competênciado Juizado Especial Cível
	1.1 A competência funcional do Juizado Especial Cível
	1.2 Conflito de competência no Juizado Especial Cível
	2 A competência objetiva do Juizado Especial
	3 A competência territorial do Juizado Especial Cível
	3.1 Foro do domicílio do réu
	3.2 Foro do local onde a obrigação deve ser satisfeita
	3.3 Foro do domicílio do autor ou do local do fato, ato, nas ações para reparação de dano de qualquer natureza
	4 Partes do processo
	4.1 Incapaz
	4.2 Preso
	4.3 Pessoa jurídica de direito público
	4.4 Empresa pública da união
	4.5 Massa falida
	4.6 Insolvente civil
	4.7 Pessoas físicas, exceto cessionárias de direito de pessoa jurídica
	4.8 Pessoas jurídicas (artigo 8º, § 1º da Lei 9.099/1995)
	5 Alegações de impedimento e suspeição no Juizado Especial Cível
	6 Advogado e preposto
	6.1 O advogado no Juizado Especial Cível
	6.2 O preposto no Juizado Especial Cível
	7 Litisconsórcio

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