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APOSTILA D PROC PENAL 1

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PROCESSO PENAL
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PROCESSO PENAL
INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL PENAL
LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO
Para se compreender o que vêm a ser os efeitos da lei processual penal no tempo, é preciso 
compreender a evolução dos sistemas de incidência da Novatio Legis processual. A doutrina capi-
taneada por Renato Brasileiro aponta a existência de, pelo menos, três sistemas de aplicação da 
lei processual penal, a saber:
ͫ	 Sistema	da	Unidade	Processual: segundo esse sistema, o processo é uno e indivisível, 
vale dizer, a lei em vigor no início do processo deverá regê-lo, ainda que sobrevenha nova 
lei processual;
ͫ	 Sistema	das	Fases	Processuais: como se deduz, esse sistema leva em conta um processo 
fragmentado em fases, como é o caso da fase preliminar, fase de instrução e fase de 
julgamento. Neste caso, havendo nova lei processual penal, ela será aplicada a partir na 
nova fase, devendo ser aplicada a norma anterior quando do andamento do processo;
ͫ	 Sistema	do	Isolamento	dos	Atos	Processuais: neste sistema, adota-se um caráter incisivo 
da nova lei processual, devendo ela ser aplicada desde logo, de maneira peremptória, 
ainda que haja andamento de uma das fases do processo. Também chamado de imedi-
atidade de lei processual penal, ESSE É O SISTEMA ADOTADO PELO BRASIL.
O art. 2º do Código de Processo Penal adotou o princípio da imediata aplicação da lei proces-
sual penal ou PRINCÍPIO	DA	IMEDIATIDADE:
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo, da validade dos atos 
realizados sob a vigência da lei anterior.
De acordo com esse princípio, os novos dispositivos processuais incidem imediatamente no 
processo. O que se leva em conta, portanto, é a data da realização do ato processual (Tempus Regit 
Actum) e não a da infração penal. É o caso do ocorrido na Lei nº 11.689/2008, a qual revogou o 
recurso do “Protesto por novo Juri” em relação às pessoas condenadas a 20 anos ou mais em crimes 
dolosos contra a vida, não permitindo o requerimento de novo julgamento da pessoa condenada.
Na aplicação do princípio da imediatidade, não importa se a nova lei é favorável ou prejudicial 
ao acusado. Com efeito, o art. 5º, XL, da Constituição Federal estabelece exclusivamente que a lei 
penal não retroagirá, salvo para beneficiar o acusado, dispositivo que NÃO se estende às normas 
processuais penais.
Já a lei processual leva em consideração a data da realização do novo ato e não a do fato 
delituoso. Por isso, se uma nova lei passa a prever que o prazo para recorrer de certa decisão é 
de 10 dias, quando antes era de 20, o primeiro será o prazo que ambas as partes terão para a sua 
interposição (caso a decisão judicial seja realizada já na vigência do novo dispositivo). No entanto, 
é instintivo que, se a lei entra em vigor quando o prazo para o recurso já havia se iniciado, deverá 
ser admitido o maior deles. É o que prediz o Art. 3º da Lei de Introdução ao CPP:
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Art. 3º. O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, será 
regulado pela lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do que o fixado no Código 
de Processo Penal.
Outro dispositivo previsto na Lei de Introdução ao CPP é a aplicabilidade de norma mais 
benéfica sempre que forem envolvidos prisão preventiva e fiança. Por expressa previsão legal, a 
observação desse instituto é obrigatória, tratando-se de outra exceção relacionada à aplicabilidade 
imediata da norma processual penal.
Art. 2º. À prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que forem mais favoráveis.
NORMAS HÍBRIDAS OU MISTAS
Normas híbridas ou mistas são normas que apresentam conteúdo concomitantemente penal 
(aquela que cria, extingue, aumenta ou reduz a pretensão punitiva do estado) e processual (aquela 
que gera efeitos no andamento do processo sem alterar a pretensão punitiva), gerando, assim, 
consequências em ambos os ramos do Direito. Nesses casos, em atenção à regra do art. 5º, XL, da 
Constituição Federal, a lei nova deve retroagir sempre que for benéfica ao acusado, não podendo 
ser aplicada, ao reverso, quando puder prejudicar o autor do delito cometido antes de sua entrada 
em vigor.
Os institutos da decadência (perda do direito de ação pelo decurso do tempo em que ele 
devia ser exercido) e da perempção (relaxamento do querelante – art. 60 CPP), por exemplo, são 
regulamentados no Código de Processo e no Código Penal. Eles têm natureza processual, porque 
impedem a propositura ou o prosseguimento da ação e, ao mesmo tempo, penal, porque geram 
a extinção da punibilidade. Por isso, se uma nova lei AUMENTAR o prazo decadencial, não poderá 
ser aplicada a fatos praticados antes de sua entrada em vigor.
O instituto da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/1995), igualmente, 
tem natureza híbrida. Sua natureza processual é evidenciada porque gera a suspensão da ação em 
andamento, enquanto a consequência penal é a extinção da punibilidade, decorrente do cumpri-
mento de todas as condições durante o período de prova. Desse modo, se a nova lei tornar maiores 
os requisitos para a obtenção do benefício, não poderá ser aplicada de imediato àqueles que tenham 
cometido o delito antes de sua entrada em vigor.
IMUNIDADE DIPLOMÁTICA
A Imunidade diplomática nasce com o Congresso de Viena em 1961. Ela confere aos chefes de 
Estado, diplomatas e membros das Forças Armadas essa imunidade de caráter absoluta. A imunidade 
diplomática se estende tanto aos atos oficiais, quando aos atos informais no agente no Estado estran-
geiro, sendo conferida a mesma prerrogativa aos membros da missão e aos familiares do agente.
ATENÇÃO! A embaixada estrangeira no Brasil NÃO é considerada território estrangeiro! Assim, se ocorrer 
um homicídio dentro dessa repartição, quem investigará ou julgará o caso será o Brasil, salvo em se 
tratando de autoridade com imunidade!

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