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Direito Penal _ RT 40 Exame da OAB

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Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem 
 Direito Penal 
1 
 
 
 
 Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem 
 Direito Penal 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem 
 Direito Penal 
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Direito Penal 
Revisão Turbo | 40° Exame da OAB 
 
 
Sumário 
 
Aula 11/03/2024 – part. 01 ........................................................................................................... 4 
Aula 12/03/2024 – part. 02 ......................................................................................................... 30 
Aula 17/03/2024 – part. 03 ......................................................................................................... 43 
 
 
 Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem 
 Direito Penal 
4 
 
Aula 11/03/2024 – part. 01 
 
1. Abolitio criminis (art. 2º do CP) 
Ocorre a chamada abolitio criminis quando a lei nova deixa de considerar crime fato que 
anteriormente era considerado ilícito penal. A nova lei, demonstrando não haver mais, por parte 
do Estado, interesse na punição do autor de determinado fato, retroage para alcançá-lo. 
A abolitio criminis, além de conduzir à extinção da punibilidade, apaga todos os efeitos 
penais da sentença condenatória, permanecendo, no entanto, íntegros seus efeitos na esfera 
extrapenal. 
Assim, o agente condenado definitivamente em 2004 pelo crime de sedução (art. 217 do 
CP abolido pela Lei nº 11.106/2005) não será considerado reincidente, se praticar novo crime. A 
vítima, todavia, poderá exigir indenização na esfera cível. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
1) FGV – 2018 – OAB – 26º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
Jorge foi condenado, definitivamente, pela prática de determinado crime, e se encontrava em 
cumprimento dessa pena. Ao mesmo tempo, João respondia a uma ação penal pela prática de crime 
idêntico ao cometido por Jorge. Durante o cumprimento da pena por Jorge e da submissão ao processo 
por João, foi publicada e entrou em vigência uma lei que deixou de considerar as condutas dos dois como 
criminosas. Ao tomarem conhecimento da vigência da lei nova, João e Jorge o procuram, como advogado, 
para a adoção das medidas cabíveis. Com base nas informações narradas, como advogado de João e 
de Jorge, você deverá esclarecer que 
 
A) Não poderá buscar a extinção da punibilidade de Jorge em razão de a sentença condenatória já ter 
transitado em julgado, mas poderá buscar a de João, que continuará sendo considerado primário e de 
bons antecedentes. 
B) Poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos civis e penais da 
condenação de Jorge, inclusive não podendo ser considerada para fins de reincidência ou maus 
antecedentes. 
C) Poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos penais da 
condenação de Jorge, mas não os extrapenais. 
 Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem 
 Direito Penal 
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D) não poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, tendo em vista que os fatos foram praticados 
anteriormente à edição da lei. 
 
2. Crime permanente, crime continuado e aplicação da lei penal (Súmula 
711 STF) 
Aplica-se a lei nova durante a atividade executória do crime permanente, ainda que seja 
prejudicial ao réu, já que a cada momento da atividade criminosa está presente a vontade do 
agente. 
Da mesma forma, sendo o crime continuado uma ficção, considerando que uma série 
de crimes constitui um único delito para a finalidade de aplicação da pena, o agente responde 
pelo que praticou em qualquer fase da execução do crime continuado. Portanto, se uma lei penal 
nova tiver vigência durante a continuidade delitiva, deverá ser aplicada ao caso, prejudicando ou 
beneficiando. 
 
Súm. 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
2) FGV – 2017 – OAB – 24º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
Bárbara, nascida em 23 de janeiro de 1999, no dia 15 de janeiro de 2017, decide sequestrar Felipe, por 
dez dias, para puni-lo pelo fim do relacionamento amoroso. No dia 16 de janeiro de 2017, efetivamente 
restringe a liberdade do ex-namorado, trancando-o em uma casa e mantendo consigo a única chave do 
imóvel. Nove dias após a restrição da liberdade, a polícia toma conhecimento dos fatos e consegue libertar 
Felipe, não tendo, assim, se realizado, em razão de circunstâncias alheias, a restrição da liberdade por 
dez dias pretendida por Bárbara. Considerando que, no dia 23 de janeiro de 2017, entrou em vigor nova 
lei, mais gravosa, alterando a sanção penal prevista para o delito de sequestro simples, passando a pena 
a ser de 01 a 05 anos de reclusão e não mais de 01 a 03 anos, o Ministério Público ofereceu denúncia 
em face de Bárbara, imputando-lhe a prática do crime do Art. 148 do Código Penal (Sequestro e Cárcere 
Privado), na forma da legislação mais recente, ou seja, aplicando-se, em caso de condenação, pena de 
01 a 05 anos de reclusão. Diante da situação hipotética narrada, é correto afirmar que o advogado de 
Bárbara, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, deverá pleitear 
 
A) A aplicação do instituto da suspensão condicional do processo. 
B) A aplicação da lei anterior mais benéfica, ou seja, a aplicação da pena entre o patamar de 01 a 03 
anos de reclusão. 
C) O reconhecimento da inimputabilidade da acusada, em razão da idade. 
D) O reconhecimento do crime em sua modalidade tentada. 
 
3. Lei temporária e lei excepcional (art. 3º do CP) 
Leis excepcionais: são feitas para durar enquanto um estado anormal ocorrer. Cessa a 
sua vigência ao mesmo tempo que a situação excepcional também terminar. Portanto, são 
 Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem 
 Direito Penal 
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aquelas promulgadas em caso de calamidade pública, guerras, revoluções, cataclismos, 
epidemias etc. 
Leis temporárias: são as editadas com período determinado de duração, portanto, 
dotadas de autorrevogação. É feita para vigorar em um período de tempo previamente fixado 
pelo legislador. Traz em seu bojo a data do início e da cessação de sua vigência. É uma lei que, 
desde a sua entrada em vigor, está marcada para morrer. 
Reúnem duas características: 
1) Autorrevogabilidade: em regra, uma lei somente pode ser revogada por outra lei, 
posterior, que a revogue expressamente, que seja com ela incompatível ou que 
regule integralmente a matéria nela tratada. As leis de vigência temporária e 
excepcional constituem exceção a esse princípio, visto que perdem sua vigência 
automaticamente, sem que outra lei as revogue. 
2) Ultratividade: significa que uma lei revogada continua gerando efeitos. É o caso 
da lei temporária e da lei excepcional, que continuarão gerando efeitos em relação 
aos fatos praticados durante sua vigência, mesmo após revogadas. 
 
4. Tempo do crime (art. 4º do CP) 
Em relação ao tempo do crime, o Código Penal adotou a teoria da atividade, segundo a 
qual se reputa praticado o delito no momento da conduta, não importando o instante do resultado. 
Assim, se um adolescente com 17 anos, 11 meses e 29 dias efetuar disparo de arma de fogo 
contra a vítima, que vem a falecer cinco dias depois (quando já terá adquirido a maioridade), 
responderá conforme as normas do ECA, diante da teoria da atividade que rege o tempo do 
crime. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
3) FGV – 2018 – OAB – 27º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
No dia 05/03/2015, Vinícius, 71 anos, insatisfeito e com ciúmes em relação à forma de dançar de sua 
esposa, Clara, 30 anos mais nova, efetua disparos de arma de fogo contra ela, com a intenção de matar. 
Arrependido, apósacertar dois disparos no peito da esposa, Vinícius a leva para o hospital, onde ela ficou 
em coma por uma semana. No dia 12/03/2015, porém, Clara veio a falecer, em razão das lesões causadas 
pelos disparos da arma de fogo. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia 
em face de Vinícius, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 121, § 2º, inciso VI, do Código 
Penal, uma vez que, em 09/03/2015, foi publicada a Lei nº 13.104, que previu a qualificadora antes 
mencionada, pelo fato de o crime ter sido praticado contra a mulher por razão de ser ela do gênero 
feminino. Durante a instrução da 1ª fase do procedimento do Tribunal do Júri, antes da pronúncia, todos 
os fatos são confirmados, pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia. Em 
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seguida, os autos são encaminhados ao(a) advogado(a) de Vinícius para manifestação. Considerando 
apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Vinicius poderá, no momento da manifestação 
para a qual foi intimado, pugnar pelo imediato 
 
A) Reconhecimento do arrependimento eficaz. 
B) Afastamento da qualificadora do homicídio. 
C) Reconhecimento da desistência voluntária. 
D) Reconhecimento da causa de diminuição de pena da tentativa. 
 
5. Territorialidade 
Pelo princípio da territorialidade, aplicam-se as leis brasileiras aos delitos cometidos 
dentro do território nacional. Esta é uma regra geral, que advém do conceito de soberania, ou 
seja, a cada Estado cabe decidir e aplicar as leis pertinentes aos acontecimentos dentro do seu 
território. 
Nos termos do art. 5º, § 1º, do CP, há duas situações de território brasileiro por 
equiparação: 
a) embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro onde estiverem; 
b) embarcações e aeronaves brasileiras, de propriedade privada, que estiverem 
navegando em alto-mar ou sobrevoando águas internacionais. 
 
Os navios estrangeiros em águas territoriais brasileiras, desde que públicos, não são 
considerados parte do nosso território. Em face disso, os crimes neles cometidos devem ser 
julgados de acordo com a lei da bandeira que ostentam. Se, entretanto, são de natureza privada, 
aplica-se a lei brasileira (art. 5º, § 2º, do CP). 
 
6. Lugar do crime (art. 6º do CP) 
O Código Penal adotou a teoria da ubiquidade ou mista, segundo a qual é lugar do 
crime tanto onde houve a conduta quanto o local onde se deu o resultado. 
Assim, na hipótese de o agente, que se encontra na cidade brasileira de Santana do 
Livramento-RS, efetuar disparos contra a vítima que se encontra na cidade de Rivera, em solo 
uruguaio, separada por uma rua do Município brasileiro, vindo este a falecer, aplica-se a lei penal 
brasileira, já que os atos executórios do crime foram praticados em território brasileiro, embora o 
resultado tenha sido produzido em país estrangeiro. 
 
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7. Relevância da omissão: crimes omissivos (art. 13, § 2º, do CP) 
O crime omissivo configura-se quando o agente deixa de fazer aquilo que poderia e 
deveria fazer, que estaria obrigado em virtude de lei. 
Os crimes omissivos podem ser próprios ou impróprios (ou comissivos por omissão). 
 
7.1. Crimes omissivos próprios 
São aqueles em que há um tipo penal específico descrevendo a conduta omissiva. O 
verbo nuclear do tipo descreve uma conduta omissiva. Nesse caso, o crime consiste em o sujeito 
amoldar a sua conduta ao tipo legal que descreve uma conduta omissiva. Em síntese, o agente 
será responsabilizado por não cumprir o dever de agir contido implicitamente na norma 
incriminadora. 
Exemplo: crime de omissão de socorro: 
 
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à 
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em 
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de 
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
7.2. Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão (art. 13, 
§ 2º, do CP) 
Têm a finalidade de impedir a ocorrência de determinado evento, desde que, 
evidentemente, seja possível agir. 
Para que alguém responda por crime comissivo por omissão é preciso que tenha o dever 
jurídico de impedir o resultado, previsto no art. 13, § 2º, do CP: 
a) Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: nesse caso, por expressa 
imposição da lei, o agente estará obrigado a agir para evitar o resultado. Assim, se o agente se 
omitir, ou seja, deixar de agir, quando lhe era possível, responderá pelo resultado gerado. Ex.: 
mãe que deixa de alimentar o filho, que, por conta da sua negligência, acaba morrendo por 
inanição. Essa mãe deverá responder pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, 
de outro lado, a mãe desejou a morte do filho ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por 
homicídio doloso. 
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b) De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado: aqui a 
obrigação de agir para evitar o resultado não decorre de lei, mas do fato de o agente ter assumido 
a responsabilidade de impedi-lo. Ex.: babá que, por negligência, deixa de cumprir corretamente 
sua obrigação de cuidar da criança, que acaba caindo na piscina e, por isso, morre afogada. 
Nesse caso, responderá pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, de outro lado, 
desejou a morte da criança ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por homicídio doloso. 
c) Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado: nesta 
hipótese, o sujeito, com o comportamento anterior, cria situação de perigo para bens jurídicos 
alheios penalmente tutelados, de sorte que, tendo criado o risco, fica obrigado a evitar que ele 
se degenere ou desenvolva para o dano ou lesão. Ex.: aluno veterano, por ocasião de um trote 
acadêmico, sabendo que a vítima não sabe nadar, joga o incauto calouro na piscina. Nesse caso, 
contrai o dever jurídico de agir para evitar o resultado, sob pena de responder por homicídio. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
4) FGV – 2019 – OAB – 28º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
David, em dia de sol, levou sua filha, Vivi, de 03 anos, para a piscina do clube. Enquanto a filha brincava 
na piscina infantil, David precisou ir ao banheiro, solicitando, então, que sua amiga Carla, que estava no 
local, ficasse atenta para que nada de mal ocorresse com Vivi. Carla se comprometeu a cuidar da filha 
de David. Naquele momento, Vitor assumiu o posto de salva-vidas da piscina. Carla, que sempre fora 
apaixonada por Vitor, começou a conversar com ele e ambos ficam de costas para a piscina, não 
atentando para as crianças que lá estavam. Vivi começa a brincar com o filtro da piscina e acaba sofrendo 
uma sucção que a deixa embaixo da água por tempo suficiente para causar seu afogamento. David vê 
quando o ato acontece através de pequena janela no banheiro do local, mas o fecho da porta fica 
emperrado e ele não consegue sair. Vitor e Carla não veem o ato de afogamento da criança porque 
estavam de costas para a piscina conversando. Diante do resultado morte, David, Carla e Vitor ficam 
preocupados com sua responsabilização penal e procuram um advogado, esclarecendo que nenhum 
deles adotou comportamento positivo para gerar o resultado. 
Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que: 
 
A) Carla e Vitor, apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e possuíam 
obrigação de agir na situação. 
B) David, apenas, poderá responder por homicídio culposo, já que era o único com dever legal de agir 
por ser paida criança. 
C) David, Carla, Vitor poderão responder por homicídio culposo, já que os três tinham o dever de agir. 
D) Vitor, apenas, poderá responder pelo crime de omissão de socorro. 
 
8. Tentativa (art. 14 do CP) 
Nos termos do art. 14, II, do CP, para caracterizar ao menos crime tentado, deve o agente 
passar pelos atos preparatórios e dar início à execução do delito, que, por razões alheias à 
sua vontade, não alcance a consumação. 
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Se o crime for tentado, a pena do crime na modalidade consumada será reduzida de 1/3 
a 2/3, nos termos do artigo 14, parágrafo único, do CP, mediante o seguinte critério: Quanto mais 
próximo da consumação, menor será a redução (1/3); quanto mais distante da consumação, 
maior será a redução (2/3). 
 
9. Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
 
Art. 15, do Código Penal 
O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o 
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
 
 
9.1. Desistência voluntária 
• O sujeito inicia a execução do delito, mas interrompe os atos executórios; 
• Não esgota a sua potencialidade lesiva; 
• Tomemos como exemplo a conduta do agente que, com a intenção homicida, 
desfere um disparo de arma de fogo contra a vítima, acertando-a em região não 
letal. Podendo prosseguir, já que tinha mais cinco balas no revólver, o agente 
resolve, por vontade própria, não efetuar mais disparos, deixando a vítima 
sobreviver. 
 
9.2. Arrependimento eficaz 
• Antes da consumação possui uma postura ativa para impedir o resultado; 
• Esgota a sua potencialidade lesiva; 
Início da execução do delito
Não consumação por 
circunstâncias alheias à vontade 
Início da execução do delito
Não consumação por vontade 
própria
Highlight
 Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem 
 Direito Penal 
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• Exemplo: agente que, com a intenção homicida, após efetuar disparos de arma de 
fogo contra a vítima, utilizando todas as balas do revólver, arrepende-se e, 
adotando postura ativa, leva a vítima até o hospital, que, submetida a intervenção 
cirúrgica exitosa, acaba sobrevivendo. 
 
9.3. Efeitos 
• Nos exemplos acima, o agente responderá pelo crime de lesão corporal (leve, 
grave ou gravíssima, conforme o caso). 
• Jamais o sujeito responderá por tentativa; 
• Responde pelos atos até então praticados; 
• Se não for eficaz o arrependimento, ou seja, se o resultado se produzir, o sujeito 
responderá pelo delito na modalidade consumada. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
5) FGV – 2023 – OAB – 39º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
Paulo estava desempregado, precisando de dinheiro, quando, dentro do metrô, avistou uma mulher com 
a bolsa entreaberta e a carteira à mostra. Paulo decidiu pegar a carteira, sem que ninguém visse. Durante 
a empreitada criminosa, Paulo inseriu a mão na bolsa da mulher e segurou a carteira. Porém, com crise 
de consciência, Paulo decidiu por livre e espontânea vontade não prosseguir na empreitada criminosa. 
Diante dos fatos narrados, é correto afirmar que Paulo deve ser beneficiado pelo instituto do(a): 
 
A) Arrependimento posterior. 
B) Desistência voluntária. 
C) Tentativa. 
D) Arrependimento eficaz. 
 
10. Arrependimento posterior 
 
Art. 16, do Código Penal 
Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou 
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do 
agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
 
• Incide depois da consumação do delito; 
• É causa de diminuição da pena de 1/3 a 2/3. 
 
10.1. Requisitos 
 
 Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem 
 Direito Penal 
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Assim, se o agente subtraiu uma TV do seu local de trabalho e, ao chegar em casa com 
a coisa subtraída, é convencido pela esposa a devolvê-la, o que efetivamente vem a fazer no dia 
seguinte, mesmo quando o fato já havia sido registrado na delegacia, haverá arrependimento 
posterior, com reflexo na dosimetria da pena. 
Se o crime for praticado com violência ou grave ameaça, ou, se praticado sem violência 
ou grave ameaça, mas a reparação do dano ou restituição da coisa aconteceu depois do 
recebimento da denúncia, incidirá a atenuante do artigo 65, III, “b”, do CP. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
6) FGV – 2019 – OAB – 29º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
Durante a madrugada, Lucas ingressou em uma residência e subtraiu um computador. Quando se 
preparava para sair da residência, ainda dentro da casa, foi surpreendido pela chegada do proprietário. 
Assustado, ele o empurrou e conseguiu fugir com a coisa subtraída. Na manhã seguinte, arrependeu-se 
e resolveu devolver a coisa subtraída ao legítimo dono, o que efetivamente veio a ocorrer. O proprietário, 
revoltado com a conduta anterior de Lucas, compareceu em sede policial e narrou o ocorrido. Intimado 
pelo Delegado para comparecer em sede policial, Lucas, preocupado com uma possível 
responsabilização penal, procura o advogado da família e solicita esclarecimentos sobre a sua situação 
jurídica, reiterando que já no dia seguinte devolvera o bem subtraído. Na ocasião da assistência jurídica, 
o(a) advogado(a) deverá informar a Lucas que poderá ser reconhecido(a) 
 
A) A desistência voluntária, havendo exclusão da tipicidade de sua conduta. 
B) O arrependimento eficaz, respondendo o agente apenas pelos atos até então praticados. 
C) O arrependimento posterior, não sendo afastada a tipicidade da conduta, mas gerando aplicação de 
causa de diminuição de pena. 
D) A atenuante da reparação do dano, apenas, não sendo, porém, afastada a tipicidade da conduta. 
 
11. Crime impossível 
 
Art. 17, do Código Penal. 
Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta 
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
 
Highlight
Highlight
Highlight
Highlight
Highlight
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 Direito Penal 
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O crime impossível por ineficácia absoluta do meio guarda relação com o meio de 
execução ou instrumento utilizado pelo agente, que, por sua natureza, será incapaz de produzir 
qualquer resultado, ou seja, jamais alcançará a consumação do delito. É o caso do agente que, 
pretendendo matar a vítima, usa como meio executório arma completamente defeituosa, que 
jamais efetuaria qualquer disparo. 
O crime impossível pela impropriedade absoluta do objeto guarda relação com o 
objeto material, compreendendo a pessoa ou coisa sobre o qual recai a conduta do agente. 
Tomemos como exemplo a conduta do agente que, pretendendo matar a vítima, desfere vários 
disparos de arma de fogo contra o seu corpo, verificando-se, após, que, ao receber os disparos, 
já se encontrava morta, em decorrência de ter sofrido, momentos antes, fulminante ataque 
cardíaco. Evidente, neste caso, a impropriedade absoluta do objeto, diante da impossibilidade 
de ceifar a vida de pessoa que já estava morta. 
Neste caso, o fato é atípico. 
Se a ineficácia ou impropriedade for relativa, o sujeito vai responder pela tentativa. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
 
7) FGV - 2019 - OAB – 30° Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Mário trabalhava como jardineiro na casa de uma família rica, sendo tratado por todos como um 
funcionário exemplar, com livre acesso a toda a residência, em razão da confiança estabelecida. Certo 
dia, enfrentando dificuldades financeiras, Mário resolveu utilizar o cartão bancário de seu patrão, Joaquim, 
e, tendo conhecimento da respectiva senha, promoveu o saque da quantia de R$ 1.000,00 (mil reais). 
Joaquim, ao ser comunicado pelo sistema eletrônico do banco sobre o saque feito em sua conta, efetuou 
o bloqueio do cartão e encerrou sua conta. Sem saber que o cartão se encontrava bloqueado e a conta 
encerrada, Mário tentou novo saque no diaseguinte, não obtendo êxito. De posse das filmagens das 
câmeras de segurança do banco, Mário foi identificado como o autor dos fatos, tendo admitido a prática 
delitiva. Preocupado com as consequências jurídicas de seus atos, Mário procurou você, como 
Highlight
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Highlight
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advogado(a), para esclarecimentos em relação à tipificação de sua conduta. Considerando as 
informações expostas, sob o ponto de vista técnico, você, como advogado(a) de Mário, deverá esclarecer 
que sua conduta configura 
 
A) Os crimes de furto simples consumado e de furto simples tentado, na forma continuada. 
B) Os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso 
de confiança tentado, na forma continuada. 
C) Um crime de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado, apenas. 
D) Os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso 
de confiança tentado, em concurso material. 
 
12. Erro de tipo essencial x erro de proibição 
12.1. Erro de tipo essencial – art. 20, “caput”, do CP 
 
Art. 20, do Código Penal 
O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a 
punição por crime culposo, se previsto em lei. 
 
O erro de tipo essencial é aquele que repercute na própria tipificação da conduta do 
agente, pois, se não tivesse a falsa percepção da realidade, o agente não teria praticado o fato 
típico, ou, pelo menos, não nas circunstâncias que envolveram o contexto fático. 
O erro de tipo essencial pode ser: 
a) Invencível, inevitável, escusável: é aquele erro em que qualquer pessoa, nas 
mesmas circunstâncias, incorreria. É o erro inevitável, desculpável ou escusável, que não 
poderia ser evitado, mesmo por uma pessoa cautelosa e prudente. 
Tomemos como exemplo a conduta de uma estudante que deixa seu celular carregando 
na tomada da sala de aula e sai para comprar café na cantina do local. Quando retorna, retira 
um celular da tomada que, na verdade, não era o seu aparelho, mas de sua colega, que havia 
colocado um celular idêntico para carregar em substituição ao da estudante. Nesse caso, há 
evidente erro de tipo, pois a estudante, por conta da falsa percepção da realidade (supôs ser seu 
o celular, já que idêntico), errou em relação ao elemento “alheio” do tipo que define o crime de 
furto. E, trata-se de erro de tipo invencível, porque qualquer pessoa, nas circunstâncias, 
consideraria que era o seu telefone celular que estava carregando na tomada em que havia 
deixado. 
O erro de tipo invencível, inevitável ou escusável exclui o dolo e a culpa. Sendo a conduta 
elemento do fato típico, a ausência de dolo ou culpa leva à atipicidade da conduta. 
b) Vencível, evitável ou inescusável: é aquele erro em que uma pessoa mais cautelosa 
e prudente, nas mesmas circunstâncias, não incorreria. É o erro evitável, indesculpável ou 
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 Direito Penal 
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inescusável, que uma pessoa cautelosa e prudente teria evitado. Assim, se o fato for punido sob 
a forma culposa, o agente responderá por crime culposo. Quando o tipo, entretanto, não admitir 
essa modalidade, a consequência será inexoravelmente a exclusão do crime, já que configurará 
fato atípico. 
No exemplo do caçador que praticava a caça em mata próxima à zona urbana, onde havia 
circulação de pessoas, o agente responderá pelo crime de homicídio culposo, já que se trata de 
erro de tipo vencível. 
 
12.2. Erro de proibição 
 
Art. 21, do Código Penal 
O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, 
isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a 
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir 
essa consciência. 
 
Nesse caso, o erro recai sobre a ilicitude do fato. 
O sujeito sabe o que está fazendo, mas falta potencial consciência de que a conduta é 
ilícita. 
O erro de proibição escusável, inevitável ou invencível ocorre quando o erro sobre a 
ilicitude do fato é impossível de ser evitado, valendo-se o ser humano da sua diligência ordinária. 
Ex.: um telejornal de alcance nacional informa, de forma equivocada, a aprovação da lei que 
autoriza a eutanásia de doentes em estágio terminal. Não havendo nenhuma razão para duvidar 
da veracidade da notícia, o agente dirige-se até o hospital e desliga os aparelhos que mantinham 
vivo um ente querido, que se encontrava sofrendo com a doença que o acometia e em estágio 
terminal, causando-lhe a morte. Praticou fato típico e ilícito, mas lhe faltou potencial consciência 
da ilicitude, incidindo o erro de proibição inevitável, cuja consequência será a exclusão da 
culpabilidade. 
O erro de proibição inescusável ou evitável ocorre quando o erro sobre a ilicitude do 
fato que não se justifica, pois, se tivesse havido um mínimo de empenho em se informar, o agente 
poderia ter tido conhecimento da realidade. O critério de aferição do erro de proibição 
inescusável, vencível ou evitável encontra-se no parágrafo único do art. 21 do CP, segundo o 
qual “considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do 
fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência”. Tratando-se 
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de erro de proibição evitável, permanece hígida a culpabilidade do agente, sendo, no entanto, 
causa de diminuição da pena de um sexto a um terço. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
8) FGV - 2017 - OAB – 22º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Tony, a pedido de um colega, está transportando uma caixa com cápsulas que acredita ser de remédios, 
sem ter conhecimento que estas, na verdade, continham Cloridrato de Cocaína em seu interior. Por outro 
lado, José transporta em seu veículo 50g de Cannabis Sativa L. (maconha), pois acreditava que poderia 
ter pequena quantidade do material em sua posse para fins medicinais. Ambos foram abordados por 
policiais e, diante da apreensão das drogas, denunciados pela prática do crime de tráfico de 
entorpecentes. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tony e José deverá alegar 
em favor dos clientes, respectivamente, a ocorrência de 
 
A) Erro de tipo, nos dois casos. 
B) Erro de proibição, nos dois casos. 
C) Erro de tipo e erro de proibição. 
D) Erro de proibição e erro de tipo. 
 
 
13. Erro sobre a pessoa (art. 20, §3º, do CP) 
 
Art. 20, § 3º, do Código Penal 
O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se 
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra 
quem o agente queria praticar o crime. 
 
 
• Consideram-se as condições ou qualidades da vítima pretendida. Ignora-se as 
condições da vítima efetivamente atingida; 
• Consideremos, por exemplo, a hipótese do filho desalmado que, pretendendo matar 
seu pai, realiza disparos de arma de fogo contra o homem que estava na varanda 
da residência do genitor, causando a morte deste. O filho, então, deixa o local 
satisfeito, por acreditar ter concluído seu intento delitivo, mas vem a descobrir que 
matara um amigo de seu pai, que contava com 65 anos de idade, que, de costas, 
era com ele parecido; 
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• Nesse caso, nos termos do art. 20, § 3º, do CP, consideram-se as condições e 
qualidades da vítima pretendida. Logo, o filho desalmado responderá pelo crime de 
homicídio, com a incidência da agravante de ter praticado crime contra ascendente, 
prevista no art. 61, II, e, 1ª parte, do CP. 
 
 
14. Erro na execução 
 
Art. 73, do Código Penal 
Quando, por acidenteou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir 
a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse 
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. 
No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a 
regra do art. 70 deste Código. 
 
 
 
A aberratio ictus pode ocorrer quando, por acidente, o agente, em vez de atingir a pessoa 
pretendida, atinge pessoa diversa. Suponhamos, nesse caso, que o agente pretende matar 
Wilson, deixando na sua mesa de trabalho uma xícara de café contendo veneno. Todavia, quem 
toma o café é Pedro, que acaba falecendo. 
Pode ocorrer também quando, por erro nos meios de execução, o agente, em vez de 
atingir a pessoa pretendida, atinge pessoa diversa. Ex.: agente pretendendo matar Wilson, 
visualiza a vítima, tendo-a como certa, faz a mira e efetua o disparo, mas, no entanto, erra o alvo 
pretendido, atingindo pessoa diversa, que se encontrava próxima ao local. 
A consequência jurídica da conduta do agente encontra-se retratada no art. 73, 1ª parte, 
do CP, que faz expressa remissão ao art. 20, § 3º, do CP. Ou seja, na hipótese de erro na 
execução, deve-se observar o disposto no art. 20, § 3º, segundo o qual, embora tenha atingido 
pessoa diversa, o agente deve receber tratamento penal considerando-se as condições ou 
qualidades da pessoa pretendida (vítima virtual), desprezando-se as condições pessoais da 
vítima efetivamente atingida. 
Na aberratio ictus com resultado duplo, o agente, além de atingir a vítima pretendida, 
atinge também pessoa diversa. Nesse caso, com uma única ação, o agente produz mais de um 
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resultado: atinge a pessoa pretendida e também pessoa diversa. Por essa razão, o art. 73, 2ª 
parte, do CP faz expressa remissão ao art. 70 do CP, devendo ser aplicada a regra do concurso 
formal de crimes. 
 
15. Resultado diverso do pretendido (art. 74 do CP) 
 
Art. 74, do Código Penal 
Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, 
sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é 
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra 
do art. 70 deste Código. 
 
 
 
Aberratio criminis, o agente pretende ofender determinado bem jurídico, mas, por acidente 
ou erro na execução, acaba produzindo resultado diverso do pretendido. Na verdade, o agente 
pretendia praticar um crime, mas acaba praticando crime diverso do pretendido. 
Na aberratio criminis com unidade simples, o agente somente atinge o bem jurídico diverso 
do pretendido. Ou seja, o agente quer atingir uma coisa e atinge uma pessoa. 
Nesse caso, o agente responde pelo resultado produzido a título de culpa, se o fato é 
previsto como crime culposo. 
Assim, se o agente, pretendendo atingir o veículo do desafeto, com o intuito de praticar o 
crime dano, por erro na execução, não atingir o objeto, mas somente uma pessoa que se 
encontrava próxima ao local, responderá por lesão corporal culposa (art. 129, § 6º, do CP), se 
resultar lesão corporal; ou por homicídio culposo (art. 121, § 3º, do CP), se resultar morte. 
Na aberratio criminis com resultado duplo, o agente, além de praticar o crime pretendido, 
também acaba produzindo um resultado diverso do pretendido. Ou seja, com uma ação ou 
omissão, acaba provocando dois resultados. Nesse caso, como expressamente prevê a parte 
final do art. 74 do CP, aplica-se a regra do concurso formal de crimes (art. 70 do CP), 
considerando-se a pena do crime mais grave aumentada de um sexto até metade, de acordo 
com o número de resultados diversos produzidos. 
 
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 Resolva a questão a seguir: 
9) FGV - 2019 - OAB – 30º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Regina dá à luz seu primeiro filho, Davi. Logo após realizado o parto, ela, sob influência do estado 
puerperal, comparece ao berçário da maternidade, no intuito de matar Davi. No entanto, pensando tratar-
se de seu filho, ela, com uma corda, asfixia Bruno, filho recém-nascido do casal Marta e Rogério, 
causando-lhe a morte. Descobertos os fatos, Regina é denunciada pelo crime de homicídio qualificado 
pela asfixia com causa de aumento de pena pela idade da vítima. 
Diante dos fatos acima narrados, o(a) advogado(a) de Regina, em alegações finais da primeira fase do 
procedimento do Tribunal do Júri, deverá requerer 
 
A) O afastamento da qualificadora, devendo Regina responder pelo crime de homicídio simples com 
causa de aumento, diante do erro de tipo. 
B) A desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, não podendo ser 
reconhecida a agravante pelo fato de quem se pretendia atingir ser descendente da agente. 
C) A desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro na execução (aberratio ictus), podendo 
ser reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as 
características de quem se pretendia atingir. 
D) A desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, podendo ser 
reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características 
de quem se pretendia atingir. 
 
16. Coação moral irresistível e obediência hierárquica 
 
Art. 22, do Código Penal 
Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não 
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da 
ordem. 
 
16.1. Coação moral irresistível 
Na coação moral, o agente coator, para alcançar o resultado desejado, emprega grave 
ameaça contra o coagido, que, por medo de suportar um mal grave contra si ou contra outrem, 
acaba realizando a conduta criminosa exigida. A coação empregada pelo agente vicia a vontade 
do coagido, retirando-lhe a exigência de se comportar de modo diferente. Nesse caso, em 
relação ao coagido, incide a causa de exclusão da culpabilidade decorrente da inexigibilidade de 
conduta diversa. 
Ex.: se o sujeito é coagido a assinar um documento falso, responde pelo crime de falsidade 
o autor da coação. O coato não responde pelo crime, uma vez que sobre o fato incide a causa 
de exclusão da culpabilidade. Assim, quando o sujeito comete o fato típico e antijurídico sob 
coação moral irresistível, não há culpabilidade em face da inexigibilidade de outra conduta (não 
é reprovável o comportamento). A culpabilidade desloca-se da figura do coato para a do coator. 
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Convém sinalar que, se o sujeito pratica o fato sob coação física irresistível, não praticará 
crime por ausência de conduta. Trata-se de causa excludente da tipicidade. 
 
16.2. Obediência hierárquica 
Obediência hierárquica decorre da conduta do subordinado que, por força de ordem não 
manifestamente ilegal emanada por superior hierárquico, pratica fato típico e ilícito. 
A ordem não manifestamente ilegal é aquela que revela aparente legalidade, mas que, na 
realidade, é contrária ao direito. O subordinado, por força da ordem emanada do superior 
hierárquico, realiza a conduta que lhe foi ordenada, considerando-a lícita, quando, na realidade, 
constitui fato típico e ilícito. 
Tomemos como exemplo a hipótese de um Delegado de Polícia que determina a um 
inspetor de polícia recém-empossado na instituição que conduza um desafeto até a Delegacia, 
sem nenhuma razão plausível para isso. Desconhecendo os motivos do superior hierárquico, o 
subordinado cumpre estritamente a ordem. Nesse caso, o subordinado não será 
responsabilizado criminalmente, já que incide em seu favor a causa excludente de culpabilidade. 
O crime de abuso de autoridade deve ser atribuído exclusivamente ao autor da ordem.17. Excludentes de ilicitude 
 
Art. 23, do Código Penal 
Não há crime quando o agente pratica o fato 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito 
Excesso punível 
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo 
excesso doloso ou culposo 
 
Veja o esquema na página a seguir... 
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18. Estado de necessidade (art. 24, do CP) 
 
Art. 24 do Código Penal 
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, 
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou 
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o 
perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser 
reduzida de um a dois terços. 
 
 
 
• Comportamento animal: é considerado estado de necessidade quando o animal 
ataca por instinto. Quando o animal for instigado por alguém para atacar, será 
considerada legítima defesa. 
• Quem, por sua vontade, provocou a situação de perigo, não poderá alegar estado 
de necessidade. 
• A conduta tem que ser inevitável para cessar o perigo. Se existir outro modo 
menos lesivo de evitar o perigo, não poderá alegar estado de necessidade. 
• Critério de proporcionalidade: o bem protegido deve ser de igual ou maior valor 
que o bem sacrificado. 
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• Aquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo, não poderá alegar estado de 
necessidade. 
 
19. Legítima defesa (art. 25, do CP) 
 
Art. 25, do Código Penal 
Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, 
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
Parágrafo único - Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se 
também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco 
de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 
 
 
 
Critério de proporcionalidade: 
• Meio necessário e suficiente para fazer cessar a agressão; 
• Uso moderado desse meio. 
 
Novidade do Pacote Anticrime: legítima defesa do Agente de Segurança Pública. 
• Observados os requisitos do caput; 
• Crime com vítima refém. 
 
20. Estrito cumprimento do dever legal x exercício regular do direito 
 
 
 
 
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 Resolva a questão a seguir: 
10) FGV – 2023 – OAB – 39º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
Caio, lutador de MMA, estava na praia quando viu uma senhora ser agredida por um terceiro. Caio foi em 
direção ao agressor e tentou persuadi-lo a parar com as agressões, mas o agressor não deu ouvidos e 
continuou a agredir a senhora. Dessa forma, Caio não viu outra alternativa a não ser desferir um soco no 
agressor para afastá-lo da senhora e imobilizá-lo em seguida, até a chegada da polícia. Diante do exposto, 
a conduta de Caio pode ser beneficiada pela exclusão da: 
 
A) Tipicidade em razão da coação física irresistível. 
B) Culpabilidade em razão da coação moral irresistível. 
C) Ilicitude em razão do exercício regular de um direito. 
D) Ilicitude por legítima defesa. 
 
/ 
 Resolva a questão a seguir: 
 
11) FGV – 2022 – OAB – 36º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
Tainá, legalmente autorizada a pilotar barcos, foi realizar um passeio de veleiro com sua amiga Raquel. 
Devido a uma mudança climática repentina, o veleiro virou e começou a afundar. Tainá e Raquel nadaram, 
desesperadamente, em direção a um tronco de árvore que flutuava no mar. 
Apesar de grande, o tronco não era grande o suficiente para suportar as duas amigas ao mesmo tempo. 
Percebendo isso, Raquel subiu no tronco e deixou Tainá afundar, como único meio de salvar a própria 
vida. A perícia concluiu que a morte de Tainá se deu por afogamento. 
A partir do caso relatado, assinale a opção que indica a natureza da conduta praticada por Raquel. 
 
A) Raquel deverá responder pelo crime de omissão de socorro. 
B) Raquel agiu em legítima defesa, causa excludente de ilicitude. 
C) Raquel deverá responder pelo crime de homicídio consumado. 
D) Raquel agiu em estado de necessidade, causa excludente de ilicitude. 
 
21. Inimputabilidade pela doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado 
 
Art. 26, do Código Penal 
É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto 
ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
21.1. Critério biopsicológico 
• Desenvolvimento mental incompleto ou retardado; 
• Inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da sua conduta. 
 
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21.2. Natureza jurídica da sentença 
Sentença absolutória imprópria, com imposição de medida de segurança. 
 
 
Art. 97, do Código Penal 
Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato 
previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento 
ambulatorial. 
 
O tempo de duração da medida de segurança será a pena máxima cominada ao delito, 
segundo se extrai da Súmula 527 do STJ. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
12) FGV – 2019 – OAB – 30º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
Durante ação penal em que Guilherme figura como denunciado pela prática do crime de abandono de 
incapaz (Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos), foi instaurado incidente de insanidade mental do 
acusado, constatando o laudo que Guilherme era, na data dos fatos (e permanecia até aquele momento), 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, em razão de doença mental. Não foi indicado, 
porém, qual seria o tratamento adequado para Guilherme. Durante a instrução, os fatos imputados na 
denúncia são confirmados, assim como a autoria e a materialidade delitiva. Considerando apenas as 
informações expostas, com base nas previsões do Código Penal, no momento das alegações finais, a 
defesa técnica de Guilherme, sob o ponto de vista técnico, deverá requerer 
 
A) A absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de tratamento ambulatorial, podendo 
a sentença ser considerada para fins de reincidência no futuro. 
B) A absolvição própria, sem aplicação de qualquer sanção, considerando a ausência de culpabilidade. 
C) A absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de tratamento ambulatorial, não sendo 
a sentença considerada posteriormente para fins de reincidência. 
D) A absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de internação pelo prazo máximo de 
02 anos, não sendo a sentença considerada posteriormente para fins de reincidência. 
 
22. Embriaguez completa e acidental 
 
Art. 28, § 1º, do Código Penal 
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É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou 
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
• Completa: em decorrência da embriaguez, o sujeito será inteiramente incapaz de 
compreender o caráter ilícito da conduta; 
• Acidental: caso fortuito ou força maior. 
 
No caso fortuito, o sujeito desconhece o efeito inebriante da substância que ingere, ou 
quando, desconhecendo uma particular condição fisiológica, ingere substância que possui álcool 
(ou substância análoga), ficando embriagado. É o caso do agente que está tomandodeterminado 
medicamento e ingere bebida alcóolica. A conjugação do medicamento e da bebida alcoólica 
potencializa o metabolismo do agente, a ponto de deixá-lo embriagado. É também o caso do 
agente que ingere determinada bebida sem saber que nela foi colocada uma substância capaz 
de lhe retirar os sentidos, deixando-o embriagado, como, por exemplo, o chamado “boa noite 
cinderela”. 
É o caso, ainda, do agente que ingeriu, sem saber, bebida alcoólica, pensando tratar-se 
de medicamento que costumava guardar em uma garrafa, e perdeu totalmente sua capacidade 
de entendimento e de autodeterminação. Em seguida, entrou em uma farmácia e praticou um 
furto. Nesse caso, será isento de pena, por estar configurada a sua inimputabilidade. 
Na força maior, o agente é obrigado a ingerir bebida alcoólica. Não desejando se 
embriagar nem de se exceder culposamente, o agente é forçado a ingerir bebida alcoólica. É o 
caso, por exemplo, do trote acadêmico de péssimo gosto em que os veteranos obrigam, forçam 
os calouros a ingerirem bebida alcoólica. 
Natureza jurídica da sentença: sentença absolutória imprópria. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
13) FGV – 2021 – OAB – 33º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
Após o expediente, Márcio saiu com seus colegas de trabalho para comemorar o sucesso das vendas 
naquele mês e sua escolha como melhor funcionário do período. Ao chegarem ao bar, Márcio entregou 
a chave de seu carro aos colegas, alertando-os que iria beber até se embriagar e cair. Após cumprir a 
promessa feita aos colegas, Márcio, completamente alterado, se dirigiu até o caixa do bar para pagar sua 
conta. Devido a divergências quanto à quantidade de bebida consumida, Márcio iniciou uma forte 
discussão com o atendente do estabelecimento e arremessou a garrafa de cerveja que segurava em sua 
direção, acertando a cabeça do funcionário e causando-lhe ferimentos de natureza grave. Preocupado 
com as consequências jurídicas de seu ato, Márcio o(a) procura, na condição de advogado(a), para 
assistência técnica. 
PRÓPRIA
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Considerando apenas as informações expostas, sob o ponto de vista técnico, você, como advogado(a), 
deverá esclarecer que a conduta praticada por Márcio configura 
 
A) Crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez culposa, podendo ser reconhecida causa de 
diminuição de pena, já que a embriaguez era completa. 
B) Conduta típica e ilícita, mas não culpável, diante da embriaguez culposa, afastando a culpabilidade do 
agente. 
C) Crime de lesão corporal grave, com reconhecimento de agravante, diante da embriaguez preordenada. 
D) Crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez voluntária. 
 
23. Concurso de pessoas 
 
Art. 29 do Código Penal 
Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade. 
(...) 
 
23.1. Conceito 
Duas ou mais pessoas contribuem para a prática de um crime. 
 
 
 
Art. 31 do Código Penal 
O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, 
não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
 
23.2. Requisitos do concurso de pessoas 
a) Pluralidade de condutas: trata-se de requisito elementar do concurso de pessoas: a 
concorrência de mais de uma pessoa na execução de uma infração penal. 
Assim, para que haja concurso de pessoas, exige-se que cada um dos agentes tenha 
realizado ao menos uma conduta relevante. Pode ser em coautoria, em que há duas condutas 
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 Direito Penal 
27 
 
principais; ou autoria e participação, em que há uma conduta principal e outra acessória, 
praticadas, respectivamente, por autor e partícipe. 
b) Relevância causal das condutas: para justificar a punição de duas ou mais pessoas 
em concurso, afigura-se necessário que a conduta do agente tenha efetivamente contribuído, 
ainda que minimamente, para a produção do resultado. 
Em outras palavras, se a conduta não tem relevância causal, isto é, se não contribuiu em 
nada para a produção do resultado, não pode ser considerada integrante do concurso de 
pessoas. 
Imaginemos que a empregada doméstica de uma residência, profundamente irritada por 
ter sido ofendida pela patroa, observa que há uma movimentação suspeita no lado externo da 
casa, concluindo que era alguém observando o local para praticar o delito de furto. Para facilitar 
o sucesso da subtração, a empregada deixa aberta a porta da frente da residência. Durante a 
empreitada criminosa, sem saber que a porta da frente se encontrava destrancada, o agente de 
atitude suspeita arrombou a porta dos fundos, ingressou na residência, e subtraiu diversos 
objetos. Diante desse quadro fático, a empregada doméstica não deverá responder por qualquer 
infração penal, uma vez que a sua contribuição foi absolutamente irrelevante para o sucesso da 
subtração. 
c) Do liame subjetivo e normativo (vínculo subjetivo e normativo entre os 
participantes): exige-se homogeneidade de elemento subjetivo-normativo. Significa que autor e 
partícipe devem agir com o mesmo elemento subjetivo (dolo + dolo) ou normativo (culpa + culpa). 
Os agentes devem atuar conscientes de que participam de crime comum, ainda que não 
tenha havido acordo prévio de vontades. A ausência desse elemento psicológico inviabiliza o 
concurso de pessoas, ensejando condutas isoladas e autônomas. 
Ex.: uma empregada doméstica, percebendo a presença de um ladrão, para vingar-se do 
patrão, deliberadamente deixa a porta aberta, facilitando a prática do furto. Há participação, e, 
não obstante, o ladrão desconhecia a colaboração da empregada. Por consequência, a 
empregada também responderá pelo crime de furto. 
d) Identidade de infração para todos os participantes: nos termos do art. 29 do CP, 
todos que concorrem para o crime respondem pelo mesmo delito. 
Ex.: alguém planeja a realização da conduta típica, ao executá-la, enquanto um desvia a 
atenção da vítima, outro lhe subtrai os pertences e ainda um terceiro encarrega-se de evadir-se 
do local com o produto do furto. É uma exemplar divisão de trabalho constituída de várias 
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atividades, convergentes, contudo, a um mesmo objetivo típico: subtração de coisa alheia móvel. 
Respondem todos por um único tipo penal, qual seja, furto. 
 
23.3. Participação de menor importância 
 
Art. 29 do Código Penal 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto 
a um terço. 
 
A participação de menor importância caracteriza-se, pois, pela mínima contribuição para 
a produção do resultado. A conduta do agente efetivamente influencia na causa do resultado, 
mas com reduzida relevância. 
 
23.4. Cooperação dolosamente distinta 
 
Art. 29 do Código Penal 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada 
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o 
resultado mais grave. 
 
O agente que desejava praticar um delito, sem a condição de prever a concretização de 
crime mais grave, deve responder pelo que pretendeu fazer, não se podendo a ele imputar outra 
conduta indesejada, sob pena de se estar tratando de responsabilidade objetiva. 
Ex.: “A” determina a “B” que espanque “C”. “B” mata “C”. Segundo o art. 29, § 2º, “A” 
responde por crime de lesão corporal, cuja pena deve ser aumentada até metade se a morte da 
vítima lhe era previsível. 
 
23.5. Circunstâncias incomunicáveis 
 
Art. 30 do Código Penal 
Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando 
elementares do crime. 
 
O art. 30 do CP determina que as circunstâncias e as condições de caráter pessoal não 
se comunicam, salvo quando elementares do crime. 
Via de regra, as circunstâncias e condiçõespessoais relacionadas a um dos agentes não 
se comunica aos outros que contribuíram para a prática delituosa. 
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Todavia, há determinadas circunstâncias ou condições pessoais que compõem, integram 
o tipo penal, figurando, no caso, como verdadeiro elementar no tipo penal. Nesse caso, quando 
também constituem o tipo penal, ou seja, figuram como elementares do tipo penal, as 
circunstâncias ou condições pessoais relacionadas a um dos sujeitos se comunicam aos demais 
coautores ou partícipes. 
Ex.: “A”, funcionário público, comete um crime de peculato (art. 312), com a participação 
de “B”, não funcionário público. A condição pessoal (funcionário público) é elementar do crime 
de peculato, comunicando-se, portanto, ao agente que não é funcionário público. Logo, os dois 
respondem por crime de peculato. 
De outro lado, as circunstâncias objetivas alcançam o partícipe ou coautor se, sem haver 
praticado o fato que as constitui, integraram o dolo ou culpa. 
Ex.: “A” instiga “B” a praticar homicídio contra “C”. “B”, para a execução do crime, emprega 
asfixia. O partícipe não responde por homicídio qualificado (art. 121, § 2º, III, 4ª figura), a não ser 
que o meio de execução empregado pelo autor principal tenha ingressado na esfera de seu 
conhecimento. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
14) FGV – 2022 – OAB – 36º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
Túlio e Alfredo combinaram de praticar um roubo contra uma joalheria. Os dois ingressam na loja, e 
Alfredo, com o emprego de arma de fogo, exige que Fernanda, a vendedora, abra a vitrine e entregue os 
objetos expostos. 
Enquanto Alfredo vasculha as gavetas da frente da loja, Túlio ingressa nos fundos do estabelecimento 
com Fernanda, em busca de joias mais valiosas, momento em que decide levá-la ao banheiro e, então, 
mantém com Fernanda conjunção carnal. Após, Túlio e Alfredo fogem com as mercadorias. 
Em relação às condutas praticadas por Túlio e Alfredo, assinale a afirmativa correta 
 
A) Túlio e Alfredo responderão por roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e 
emprego de arma de fogo, e pelo delito de estupro, em concurso material. 
B) Túlio responderá por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e estupro; Alfredo responderá 
por roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo. 
C) Alfredo e Túlio responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma 
de fogo; Túlio também responderá por estupro, em concurso material. 
D) Túlio e Alfredo responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma 
de fogo; Túlio responderá por estupro, ao passo que Alfredo responderá por participação de menor 
importância no delito de estupro. 
 
 
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Aula 12/03/2024 – part. 02 
 
 
 
 
 
1. Regime inicial de cumprimento de pena 
O regime penitenciário é o meio pelo qual é executado ou efetivado o cumprimento da 
pena privativa de liberdade. 
O art. 33, § 1º, do CP prevê três regimes: 
1) Fechado: a pena privativa de liberdade é executada em estabelecimento de 
segurança máxima ou média; 
2) Semiaberto: a pena privativa de liberdade é executada em colônia agrícola, 
industrial ou estabelecimento similar; 
3) Aberto: a pena privativa de liberdade é executada em casa de albergado ou em 
estabelecimento adequado. 
 
Após estabelecer a quantidade da pena imposta da sentença, cumpre ao juiz fixar o 
regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade, levando em conta: a) a quantidade 
da pena imposta; b) a reincidência; c) as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP. 
Nos termos do art. 33, caput, do CP, nos crimes apenados com reclusão, o juiz poderá 
fixar o regime inicial fechado, semiaberto ou aberto. Aos crimes apenados com detenção, não é 
possível ao juiz fixar o regime inicial fechado, podendo, no entanto, haver regressão para o 
regime fechado, no caso, por exemplo, de falta grave. 
Súm. nº 269 do STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos 
reincidentes condenados à pena igual ou inferior a 4 anos se favoráveis as circunstâncias 
judiciais”. 
Além disso, a imposição de regime inicial fechado depende de fundamentação adequada, 
não se revestindo a gravidade em abstrato do delito motivação idônea para a fixação do regime 
REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA:
Detenção: semiaberto ou aberto
Reclusão: fechado, semiaberto ou aberto
Se a pena aplicada for superior a 8 anos e/ou reincidente: regime fechado
De 4 a 8 anos e não reincidente: semi aberto
Até 4 anos e não reincidente: aberto
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de cumprimento de pena mais severo do que a pena aplicada exigir. É o que se extrai das Súm. 
nº 718 e 719 do STF, e Súm. nº 440 do STJ. 
 
2. Penas restritivas de direito 
2.1. Conceito 
São penas alternativas às privativas de liberdade, expressamente previstas em lei, com a 
finalidade de evitar o encarceramento de determinados criminosos, autores de infrações penais 
consideradas mais leves, provocando-lhes a recuperação por meio de restrições a certos 
direitos. 
Nos termos do art. 43 do CP, as penas restritivas de direitos são: 
 
 
 
As penas restritivas de direitos são substitutivas, uma vez que o juiz, depois de fixar a 
pena privativa de liberdade, verificando a presença dos requisitos, efetua a substituição por uma 
ou mais penas restritivas de direitos, conforme o caso. Isso porque não há, no preceito 
secundário dos tipos penais incriminadores, previsão direta de pena restritiva de direitos, mas 
tão somente pena privativa de liberdade. 
 
2.2. Requisitos objetivos 
a) Quantidade da pena aplicada: o legislador estabeleceu como parâmetro para a 
concessão da pena restritiva de direitos a pena aplicada na sentença, 
independentemente da pena abstratamente cominada no preceito secundário do 
tipo penal. 
b) Natureza do crime cometido: em relação aos crimes dolosos, as penas restritivas 
de direitos são aplicáveis aos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à 
pessoa. 
 
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2.3. Requisitos subjetivos 
Os requisitos subjetivos levam em conta as características pessoais do sentenciado. 
a) Réu não reincidente em crime doloso: nos termos do art. 44, II, do CP, para 
concessão do benefício, é necessário que o sujeito não seja reincidente em crime doloso. O texto 
não trata de qualquer reincidente. Refere-se ao não reincidente em crime “doloso”, de modo que 
não há impedimento à aplicação da pena alternativa quando: a) os dois delitos são culposos; b) 
o anterior é culposo e o posterior é doloso; c) o anterior é doloso e o posterior culposo. Exceção: 
art. 44, § 3º, do CP. 
b) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta ou a personalidade ou ainda os 
motivos e circunstâncias recomendarem a substituição: conforme o art. 44, III, do CP, “a 
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os 
motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente”. 
 
2.4. Penas restritivas de direitos e violência doméstica ou familiar contra 
a mulher 
Nos termos do art. 17 da Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, “é 
vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de 
cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique 
o pagamento isolado de multa”. 
Conforme a Súm. nº 588 do STJ, a prática de crime ou contravenção penal contra a mulher 
com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição de pena 
privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
 
3. Da reincidência (art. 63 do CP) 
 
Art. 63. Verifica-se a reincidênciaquando o agente comete novo crime, depois de transitar 
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime 
anterior. 
Art. 64. Para efeito de reincidência: 
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da 
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, 
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer 
revogação; 
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. 
 
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3.1. Conceito 
A reincidência pressupõe uma sentença condenatória transitada em julgado por prática de 
crime. Há reincidência somente quando o novo crime for cometido após a sentença condenatória 
de que não cabe mais recurso. É o que se extrai do art. 63 do CP. 
Exemplo: o agente pratica um crime, sendo processado e condenado. Não recorre, vindo 
a sentença transitar em julgado. Meses depois, vem a praticar novo crime. É considerado 
reincidente, uma vez que cometeu novo delito após o trânsito em julgado de sentença que o 
condenou por prática de crime. 
Se o agente praticar o novo crime exatamente no dia em que transitar em julgado a 
sentença penal condenatória pelo crime anterior, não incide a agravante da reincidência, pois a 
lei é expressa ao mencionar que o novo crime deve ser praticado “depois” do trânsito em julgado. 
No dia do trânsito, portanto, não se encaixa na hipótese legal. 
Além disso, complementando os pressupostos da reincidência, o art. 7º da Lei de 
Contravenções Penais (Decreto-lei n° 3.688/1941) dispõe que: “verifica-se a reincidência quando 
o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha 
condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de 
contravenção”. 
Assim, podem ocorrer várias hipóteses: 
a) O agente, condenado irrecorrivelmente pela prática de um crime, vem a cometer 
outro delito: é reincidente (art. 63 do CP); 
b) O agente pratica um crime; condenado irrecorrivelmente, vem a cometer uma 
contravenção: é reincidente (art. 7º da LCP); 
c) O sujeito pratica uma contravenção, vindo a ser condenado por sentença transitada 
em julgado; comete outra contravenção: é considerado reincidente (art. 7º da LCP); 
d) O sujeito comete uma contravenção; é condenado por sentença irrecorrível; pratica 
um crime: não é reincidente (art. 63 do CP). 
 
Informativo 636 do STF: condenações anteriores pelo delito do art. 28 da Lei nº 
11.343/2006 não são aptas a gerar reincidência. 
 
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3.2. Eficácia temporal da condenação anterior para efeito da 
reincidência 
Nos termos do art. 64, I, do CP, não prevalece a condenação anterior se entre a data do 
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior 
a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se 
não ocorrer revogação. 
Logo, o prazo de 5 (cinco) anos começa a correr a partir do cumprimento da pena ou a 
sua extinção por outro modo, por exemplo, incidência de uma causa extintiva da punibilidade, 
como a prescrição da pretensão executória, graça ou indulto. 
O período de prova do livramento condicional e da suspensão condicional da pena será 
computado para fins de cessar os efeitos da reincidência. 
Assim, em tese, ao agente condenado a 6 (seis) anos de reclusão, cumprindo 1/3 (ou seja, 
2 anos), será concedido o livramento condicional (art. 83, I, do CP), restando outros 4 (quatro) 
anos para o término da pena, que será o período de prova. 
Consideremos a hipótese de o agente ter iniciado o cumprimento da pena no dia 10-8-
2010. Após cumprir 1/3 da pena, dois anos, portanto, obteve o livramento condicional em 10-8-
2012, cumprindo integralmente a pena no dia 10-8-2016. 
Em 10-9-2017, o agente pratica novo crime. Nesse caso, não será considerado 
reincidente, pois passaram-se mais de 5 (cinco) anos entre a data do cumprimento da pena e a 
prática do novo crime, computando-se o período de prova do livramento condicional. 
 
3.3. Crimes que não induzem reincidência 
O art. 64, II, do CP dispõe que, para efeito de reincidência, não se consideram os crimes 
militares próprios ou políticos. 
Convém ressaltar que, conquanto não gere reincidência, o trânsito em julgado de uma 
sentença penal condenatória por crime militar próprio ou crime político gera maus antecedentes, 
já que o art. 64, II, do CP limita-se a afastar a reincidência, nada dispondo sobre maus 
antecedentes. 
 
 
 
 
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 Resolva a questão a seguir: 
15) FGV – 2023 – OAB – 39º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
João completou 20 anos e foi colocado em liberdade, após cumprir 3 anos de internação por medida 
socioeducativa em razão da prática de atos infracionais análogos a estupro e furto, conforme sentença 
proferida pelo Juizado da Infância e da Juventude de sua Comarca. Ao ser solto da unidade de internação, 
foi preso em flagrante pela prática do crime de roubo, sendo que João nunca respondeu por outros crimes. 
Para os fins deste novo processo, assinale a afirmativa correta. 
 
A) João é primário e com bons antecedentes, ante a inaptidão de atos infracionais serem utilizados como 
circunstâncias judiciais ou induzir reincidência. 
B) João é reincidente e com maus antecedentes, ante a pluralidade de infrações pretéritas, anteriores aos 
delitos de roubo. 
C) João é tecnicamente primário, porém, com maus antecedentes, sendo este único efeito possível 
gerado pela aplicação de medidas socioeducativas. 
D) João é reincidente ou com maus antecedentes, pois não é possível que a reincidência seja também 
considerada circunstância judicial, ainda que se tratem de condenações distintas. 
 
4. Concurso de crimes 
 
Para maus tratos também precisa de sentença condenatória transitada em julgado
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4.1. Concurso material de crimes 
 
Art. 69 do Código Penal 
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, 
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que 
haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, 
executa-se primeiro aquela. 
 
Ocorre o concurso material, também chamado de real, quando o agente, mediante mais 
de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (art. 69, caput, do CP). 
Há, pois, pluralidade de condutas e pluralidade de resultados. 
Na hipótese de crimes conexos apurados na mesma ação penal, a soma das penas, pelo 
concurso material, será realizada na própria sentença, após a adoção do critério trifásico para 
cada um dos delitos. Ex.: o agente pratica o crime de estupro (art. 213 do CP) e, para assegurar 
a sua impunidade, mata, na sequência, a vítima (art. 121, § 2º, V, do CP). Imaginemos que o juiz 
fixe, em relação ao delito de estupro, a pena de 8 (oito) anos; e em relação ao crime de homicídio 
qualificado, a pena de 20 (vinte) anos. Ao final, verificando-se tratar de concurso material de 
crimes, o Magistrado aplicará o sistema do cúmulo material, somando as penas, alcançando a 
pena definitiva de 28 anos. 
 
4.2. Concurso formal de crimes 
 
Art. 70 do Código Penal 
Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, 
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente 
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas 
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes 
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
Parágrafo único - Não poderá a penaexceder a que seria cabível pela regra do art. 69 
deste Código. 
 
4.2.1. Conceito 
Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes (art. 70, caput, do CP). Há unidade de conduta e pluralidade de 
crimes. 
A unidade de conduta concretiza-se quando os atos são realizados no mesmo contexto 
espacial e temporal, não exigindo, necessariamente, ato único. De fato, pode haver unidade de 
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conduta mesmo quando fracionada em vários atos, por exemplo, agente que subtrai objetos 
pertencentes a pessoas distintas, no mesmo contexto fático. 
O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que, praticado o crime de roubo em um 
mesmo contexto fático, mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, tem-se configurado o 
concurso formal de crimes. 
 
4.2.2. Concurso formal perfeito e concurso formal imperfeito 
O concurso formal perfeito, ou próprio, está previsto na primeira parte do art. 70 do 
CP. Ocorre quando o agente pratica duas ou mais infrações penais por meio de uma única 
conduta. Resulta de um único desígnio. O agente, de um só impulso volitivo, dá causa a dois ou 
mais resultados, sem desígnios autônomos em relação a cada um dos resultados. 
Desígnio autônomo caracteriza-se pelo fato de o agente pretender, mediante uma única 
conduta, atingir dois ou mais resultados. Ou seja, o agente, mediante uma ação ou omissão, age 
com consciência e vontade em relação a cada um deles, considerados isoladamente. 
Assim, se, por exemplo, o agente, na condução de veículo automotor, atropela e causa a 
morte de uma pessoa e lesão corporal em outra, pratica crime de homicídio culposo na condução 
de veículo automotor (art. 302 do CTB), em concurso formal perfeito, já que não tinha desígnios 
autônomos em relação a cada um dos resultados. 
No concurso formal imperfeito, ou impróprio, o agente, mediante uma ação ou omissão, 
pretende, de forma consciente e voluntária, o resultado em relação a cada um dos crimes. 
Ex.: o agente provoca fogo em uma residência com a intenção de matar todos os 
moradores. O agente tem desígnios autônomos (intenção de matar) em relação a cada um dos 
moradores da residência. 
A expressão “desígnios autônomos” abrange tanto o dolo direto quanto o dolo eventual. 
Assim, haverá concurso formal imperfeito, por exemplo, entre o delito de homicídio doloso com 
dolo direto e outro com dolo eventual. 
 
4.2.3. Aplicação da pena no concurso formal 
Em relação ao concurso formal perfeito, ou próprio, o Código Penal adotou o sistema 
de exasperação da pena. Aplica-se a pena do crime mais grave ou, se iguais, somente uma 
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. 
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No concurso formal imperfeito, ou impróprio, por conta do maior grau de reprovabilidade 
da conduta do agente, visando a não beneficiar agente que agiu com desígnios autônomos em 
relação a cada resultado, as penas devem ser somadas, adotando-se o critério do cúmulo 
material, nos termos do art. 70, caput, 2ª parte, do CP. 
 
 
 
5. Crime continuado 
 
Art. 71 do Código Penal 
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes 
da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras 
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, 
aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
 
5.1. Conceito 
Ocorre o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, devendo os subsequentes, pelas condições de 
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, ser havidos como continuação do 
primeiro. 
 
5.2. Requisitos 
Para a incidência das regras do crime continuado é preciso verificar a presença de 
requisitos dispostos no art. 71 do CP, consistentes: a) na pluralidade de condutas; b) na 
pluralidade de crimes da mesma espécie; c) nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira 
de execução e outras semelhantes. 
 
 
 
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5.3. Crime continuado específico 
 
Art. 71 do Código Penal 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência 
ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, 
a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, 
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o 
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. 
 
6. Concurso material benéfico 
 
Art. 70 do Código Penal 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 
deste Código. 
 
Se da aplicação da regra da exasperação da pena, no concurso formal, a pena tornar-se 
superior à que resultaria se somadas, deve-se adotar o critério do cúmulo material, porque, nesse 
caso, será mais benéfico (art. 70, par. ún., do CP). 
Ex.: suponha-se que o agente tenha praticado um homicídio simples (art. 121 do CP – 
pena de 6 a 20 anos) e uma lesão corporal leve (art. 129, caput, do CP – pena de 3 meses a 1 
ano), em concurso formal. Aplicado o critério da exasperação da pena, considerando-se a pena 
do crime mais agrave, acrescido de 1/6, resultaria na pena de 7 (sete) anos. 
Se aplicada a pena considerando-se o critério do cúmulo material, considerando-se a pena 
aplicada para crime de homicídio simples (6 anos) e lesão corporal leve (3 meses), a pena 
definitiva ficaria em 6 (seis) anos e 3 (três) meses. Essa seria a pena a ser aplicada, já que a 
aplicação do critério do concurso material é mais benéfico. 
Em face disso, a pena a ser aplicada não pode ser superior à que seria cominada se fosse 
caso de concurso material, aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 70, par. ún., do CP. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
16) FGV – 2021 – OAB – 33º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase 
Félix, com dolo de matar seus vizinhos Lucas e Mário, detona uma granada na varanda da casa desses, 
que ali conversavam tranquilamente, obtendo o resultado desejado. Os fatos são descobertos pelo 
Ministério Público, que denuncia Félix por dois crimes autônomos de homicídio, em concurso material. 
Após regular procedimento, o Tribunal do Júri condenou o réu pelos dois crimes imputados e o 
magistrado, ao aplicar a pena, reconheceu o concurso material. Diante da sentença publicada, Félix 
indaga, reservadamente, se sua conduta efetivamente configuraria concurso material de dois crimes de 
homicídio dolosos. 
Na ocasião, o(a) advogado(a) do réu, sob o ponto de vista técnico, deverá esclarecer ao seu cliente que 
sua conduta configura dois crimes autônomos de homicídio, 
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A) Em concurso material, sendo necessária a soma das penas aplicadas para cada um dos delitos. 
B) Devendo ser reconhecida a forma continuada e, consequentemente, aplicada a regra da exasperação 
de uma das penas e não do cúmulo material. 
C) Devendo ser reconhecido o concurso formal próprio e, consequentemente, aplicada a regra da 
exasperação de uma das penas e não do cúmulo material. 
D) Devendo ser reconhecido o concurso formal impróprio, o que também imporia a regra da soma das 
penas aplicadas. 
 
7. Da suspensão condicional da execução da pena (sursis) 
7.1. Conceito 
Trata-se de um instituto de política criminal, tendo por fim a suspensão da execução da 
pena privativa de liberdade, evitando o recolhimento ao cárcere do condenado não reincidente 
condenado à pena não superior a 2

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