Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 1 Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 2 Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 3 Direito Penal Revisão Turbo | 40° Exame da OAB Sumário Aula 11/03/2024 – part. 01 ........................................................................................................... 4 Aula 12/03/2024 – part. 02 ......................................................................................................... 30 Aula 17/03/2024 – part. 03 ......................................................................................................... 43 Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 4 Aula 11/03/2024 – part. 01 1. Abolitio criminis (art. 2º do CP) Ocorre a chamada abolitio criminis quando a lei nova deixa de considerar crime fato que anteriormente era considerado ilícito penal. A nova lei, demonstrando não haver mais, por parte do Estado, interesse na punição do autor de determinado fato, retroage para alcançá-lo. A abolitio criminis, além de conduzir à extinção da punibilidade, apaga todos os efeitos penais da sentença condenatória, permanecendo, no entanto, íntegros seus efeitos na esfera extrapenal. Assim, o agente condenado definitivamente em 2004 pelo crime de sedução (art. 217 do CP abolido pela Lei nº 11.106/2005) não será considerado reincidente, se praticar novo crime. A vítima, todavia, poderá exigir indenização na esfera cível. Resolva a questão a seguir: 1) FGV – 2018 – OAB – 26º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase Jorge foi condenado, definitivamente, pela prática de determinado crime, e se encontrava em cumprimento dessa pena. Ao mesmo tempo, João respondia a uma ação penal pela prática de crime idêntico ao cometido por Jorge. Durante o cumprimento da pena por Jorge e da submissão ao processo por João, foi publicada e entrou em vigência uma lei que deixou de considerar as condutas dos dois como criminosas. Ao tomarem conhecimento da vigência da lei nova, João e Jorge o procuram, como advogado, para a adoção das medidas cabíveis. Com base nas informações narradas, como advogado de João e de Jorge, você deverá esclarecer que A) Não poderá buscar a extinção da punibilidade de Jorge em razão de a sentença condenatória já ter transitado em julgado, mas poderá buscar a de João, que continuará sendo considerado primário e de bons antecedentes. B) Poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos civis e penais da condenação de Jorge, inclusive não podendo ser considerada para fins de reincidência ou maus antecedentes. C) Poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos penais da condenação de Jorge, mas não os extrapenais. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 5 D) não poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, tendo em vista que os fatos foram praticados anteriormente à edição da lei. 2. Crime permanente, crime continuado e aplicação da lei penal (Súmula 711 STF) Aplica-se a lei nova durante a atividade executória do crime permanente, ainda que seja prejudicial ao réu, já que a cada momento da atividade criminosa está presente a vontade do agente. Da mesma forma, sendo o crime continuado uma ficção, considerando que uma série de crimes constitui um único delito para a finalidade de aplicação da pena, o agente responde pelo que praticou em qualquer fase da execução do crime continuado. Portanto, se uma lei penal nova tiver vigência durante a continuidade delitiva, deverá ser aplicada ao caso, prejudicando ou beneficiando. Súm. 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Resolva a questão a seguir: 2) FGV – 2017 – OAB – 24º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase Bárbara, nascida em 23 de janeiro de 1999, no dia 15 de janeiro de 2017, decide sequestrar Felipe, por dez dias, para puni-lo pelo fim do relacionamento amoroso. No dia 16 de janeiro de 2017, efetivamente restringe a liberdade do ex-namorado, trancando-o em uma casa e mantendo consigo a única chave do imóvel. Nove dias após a restrição da liberdade, a polícia toma conhecimento dos fatos e consegue libertar Felipe, não tendo, assim, se realizado, em razão de circunstâncias alheias, a restrição da liberdade por dez dias pretendida por Bárbara. Considerando que, no dia 23 de janeiro de 2017, entrou em vigor nova lei, mais gravosa, alterando a sanção penal prevista para o delito de sequestro simples, passando a pena a ser de 01 a 05 anos de reclusão e não mais de 01 a 03 anos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Bárbara, imputando-lhe a prática do crime do Art. 148 do Código Penal (Sequestro e Cárcere Privado), na forma da legislação mais recente, ou seja, aplicando-se, em caso de condenação, pena de 01 a 05 anos de reclusão. Diante da situação hipotética narrada, é correto afirmar que o advogado de Bárbara, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, deverá pleitear A) A aplicação do instituto da suspensão condicional do processo. B) A aplicação da lei anterior mais benéfica, ou seja, a aplicação da pena entre o patamar de 01 a 03 anos de reclusão. C) O reconhecimento da inimputabilidade da acusada, em razão da idade. D) O reconhecimento do crime em sua modalidade tentada. 3. Lei temporária e lei excepcional (art. 3º do CP) Leis excepcionais: são feitas para durar enquanto um estado anormal ocorrer. Cessa a sua vigência ao mesmo tempo que a situação excepcional também terminar. Portanto, são Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 6 aquelas promulgadas em caso de calamidade pública, guerras, revoluções, cataclismos, epidemias etc. Leis temporárias: são as editadas com período determinado de duração, portanto, dotadas de autorrevogação. É feita para vigorar em um período de tempo previamente fixado pelo legislador. Traz em seu bojo a data do início e da cessação de sua vigência. É uma lei que, desde a sua entrada em vigor, está marcada para morrer. Reúnem duas características: 1) Autorrevogabilidade: em regra, uma lei somente pode ser revogada por outra lei, posterior, que a revogue expressamente, que seja com ela incompatível ou que regule integralmente a matéria nela tratada. As leis de vigência temporária e excepcional constituem exceção a esse princípio, visto que perdem sua vigência automaticamente, sem que outra lei as revogue. 2) Ultratividade: significa que uma lei revogada continua gerando efeitos. É o caso da lei temporária e da lei excepcional, que continuarão gerando efeitos em relação aos fatos praticados durante sua vigência, mesmo após revogadas. 4. Tempo do crime (art. 4º do CP) Em relação ao tempo do crime, o Código Penal adotou a teoria da atividade, segundo a qual se reputa praticado o delito no momento da conduta, não importando o instante do resultado. Assim, se um adolescente com 17 anos, 11 meses e 29 dias efetuar disparo de arma de fogo contra a vítima, que vem a falecer cinco dias depois (quando já terá adquirido a maioridade), responderá conforme as normas do ECA, diante da teoria da atividade que rege o tempo do crime. Resolva a questão a seguir: 3) FGV – 2018 – OAB – 27º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase No dia 05/03/2015, Vinícius, 71 anos, insatisfeito e com ciúmes em relação à forma de dançar de sua esposa, Clara, 30 anos mais nova, efetua disparos de arma de fogo contra ela, com a intenção de matar. Arrependido, apósacertar dois disparos no peito da esposa, Vinícius a leva para o hospital, onde ela ficou em coma por uma semana. No dia 12/03/2015, porém, Clara veio a falecer, em razão das lesões causadas pelos disparos da arma de fogo. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Vinícius, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 121, § 2º, inciso VI, do Código Penal, uma vez que, em 09/03/2015, foi publicada a Lei nº 13.104, que previu a qualificadora antes mencionada, pelo fato de o crime ter sido praticado contra a mulher por razão de ser ela do gênero feminino. Durante a instrução da 1ª fase do procedimento do Tribunal do Júri, antes da pronúncia, todos os fatos são confirmados, pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia. Em Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 7 seguida, os autos são encaminhados ao(a) advogado(a) de Vinícius para manifestação. Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Vinicius poderá, no momento da manifestação para a qual foi intimado, pugnar pelo imediato A) Reconhecimento do arrependimento eficaz. B) Afastamento da qualificadora do homicídio. C) Reconhecimento da desistência voluntária. D) Reconhecimento da causa de diminuição de pena da tentativa. 5. Territorialidade Pelo princípio da territorialidade, aplicam-se as leis brasileiras aos delitos cometidos dentro do território nacional. Esta é uma regra geral, que advém do conceito de soberania, ou seja, a cada Estado cabe decidir e aplicar as leis pertinentes aos acontecimentos dentro do seu território. Nos termos do art. 5º, § 1º, do CP, há duas situações de território brasileiro por equiparação: a) embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde estiverem; b) embarcações e aeronaves brasileiras, de propriedade privada, que estiverem navegando em alto-mar ou sobrevoando águas internacionais. Os navios estrangeiros em águas territoriais brasileiras, desde que públicos, não são considerados parte do nosso território. Em face disso, os crimes neles cometidos devem ser julgados de acordo com a lei da bandeira que ostentam. Se, entretanto, são de natureza privada, aplica-se a lei brasileira (art. 5º, § 2º, do CP). 6. Lugar do crime (art. 6º do CP) O Código Penal adotou a teoria da ubiquidade ou mista, segundo a qual é lugar do crime tanto onde houve a conduta quanto o local onde se deu o resultado. Assim, na hipótese de o agente, que se encontra na cidade brasileira de Santana do Livramento-RS, efetuar disparos contra a vítima que se encontra na cidade de Rivera, em solo uruguaio, separada por uma rua do Município brasileiro, vindo este a falecer, aplica-se a lei penal brasileira, já que os atos executórios do crime foram praticados em território brasileiro, embora o resultado tenha sido produzido em país estrangeiro. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 8 7. Relevância da omissão: crimes omissivos (art. 13, § 2º, do CP) O crime omissivo configura-se quando o agente deixa de fazer aquilo que poderia e deveria fazer, que estaria obrigado em virtude de lei. Os crimes omissivos podem ser próprios ou impróprios (ou comissivos por omissão). 7.1. Crimes omissivos próprios São aqueles em que há um tipo penal específico descrevendo a conduta omissiva. O verbo nuclear do tipo descreve uma conduta omissiva. Nesse caso, o crime consiste em o sujeito amoldar a sua conduta ao tipo legal que descreve uma conduta omissiva. Em síntese, o agente será responsabilizado por não cumprir o dever de agir contido implicitamente na norma incriminadora. Exemplo: crime de omissão de socorro: Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 7.2. Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão (art. 13, § 2º, do CP) Têm a finalidade de impedir a ocorrência de determinado evento, desde que, evidentemente, seja possível agir. Para que alguém responda por crime comissivo por omissão é preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado, previsto no art. 13, § 2º, do CP: a) Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: nesse caso, por expressa imposição da lei, o agente estará obrigado a agir para evitar o resultado. Assim, se o agente se omitir, ou seja, deixar de agir, quando lhe era possível, responderá pelo resultado gerado. Ex.: mãe que deixa de alimentar o filho, que, por conta da sua negligência, acaba morrendo por inanição. Essa mãe deverá responder pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, de outro lado, a mãe desejou a morte do filho ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por homicídio doloso. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 9 b) De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado: aqui a obrigação de agir para evitar o resultado não decorre de lei, mas do fato de o agente ter assumido a responsabilidade de impedi-lo. Ex.: babá que, por negligência, deixa de cumprir corretamente sua obrigação de cuidar da criança, que acaba caindo na piscina e, por isso, morre afogada. Nesse caso, responderá pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, de outro lado, desejou a morte da criança ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por homicídio doloso. c) Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado: nesta hipótese, o sujeito, com o comportamento anterior, cria situação de perigo para bens jurídicos alheios penalmente tutelados, de sorte que, tendo criado o risco, fica obrigado a evitar que ele se degenere ou desenvolva para o dano ou lesão. Ex.: aluno veterano, por ocasião de um trote acadêmico, sabendo que a vítima não sabe nadar, joga o incauto calouro na piscina. Nesse caso, contrai o dever jurídico de agir para evitar o resultado, sob pena de responder por homicídio. Resolva a questão a seguir: 4) FGV – 2019 – OAB – 28º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase David, em dia de sol, levou sua filha, Vivi, de 03 anos, para a piscina do clube. Enquanto a filha brincava na piscina infantil, David precisou ir ao banheiro, solicitando, então, que sua amiga Carla, que estava no local, ficasse atenta para que nada de mal ocorresse com Vivi. Carla se comprometeu a cuidar da filha de David. Naquele momento, Vitor assumiu o posto de salva-vidas da piscina. Carla, que sempre fora apaixonada por Vitor, começou a conversar com ele e ambos ficam de costas para a piscina, não atentando para as crianças que lá estavam. Vivi começa a brincar com o filtro da piscina e acaba sofrendo uma sucção que a deixa embaixo da água por tempo suficiente para causar seu afogamento. David vê quando o ato acontece através de pequena janela no banheiro do local, mas o fecho da porta fica emperrado e ele não consegue sair. Vitor e Carla não veem o ato de afogamento da criança porque estavam de costas para a piscina conversando. Diante do resultado morte, David, Carla e Vitor ficam preocupados com sua responsabilização penal e procuram um advogado, esclarecendo que nenhum deles adotou comportamento positivo para gerar o resultado. Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que: A) Carla e Vitor, apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e possuíam obrigação de agir na situação. B) David, apenas, poderá responder por homicídio culposo, já que era o único com dever legal de agir por ser paida criança. C) David, Carla, Vitor poderão responder por homicídio culposo, já que os três tinham o dever de agir. D) Vitor, apenas, poderá responder pelo crime de omissão de socorro. 8. Tentativa (art. 14 do CP) Nos termos do art. 14, II, do CP, para caracterizar ao menos crime tentado, deve o agente passar pelos atos preparatórios e dar início à execução do delito, que, por razões alheias à sua vontade, não alcance a consumação. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 10 Se o crime for tentado, a pena do crime na modalidade consumada será reduzida de 1/3 a 2/3, nos termos do artigo 14, parágrafo único, do CP, mediante o seguinte critério: Quanto mais próximo da consumação, menor será a redução (1/3); quanto mais distante da consumação, maior será a redução (2/3). 9. Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 15, do Código Penal O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 9.1. Desistência voluntária • O sujeito inicia a execução do delito, mas interrompe os atos executórios; • Não esgota a sua potencialidade lesiva; • Tomemos como exemplo a conduta do agente que, com a intenção homicida, desfere um disparo de arma de fogo contra a vítima, acertando-a em região não letal. Podendo prosseguir, já que tinha mais cinco balas no revólver, o agente resolve, por vontade própria, não efetuar mais disparos, deixando a vítima sobreviver. 9.2. Arrependimento eficaz • Antes da consumação possui uma postura ativa para impedir o resultado; • Esgota a sua potencialidade lesiva; Início da execução do delito Não consumação por circunstâncias alheias à vontade Início da execução do delito Não consumação por vontade própria Highlight Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 11 • Exemplo: agente que, com a intenção homicida, após efetuar disparos de arma de fogo contra a vítima, utilizando todas as balas do revólver, arrepende-se e, adotando postura ativa, leva a vítima até o hospital, que, submetida a intervenção cirúrgica exitosa, acaba sobrevivendo. 9.3. Efeitos • Nos exemplos acima, o agente responderá pelo crime de lesão corporal (leve, grave ou gravíssima, conforme o caso). • Jamais o sujeito responderá por tentativa; • Responde pelos atos até então praticados; • Se não for eficaz o arrependimento, ou seja, se o resultado se produzir, o sujeito responderá pelo delito na modalidade consumada. Resolva a questão a seguir: 5) FGV – 2023 – OAB – 39º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase Paulo estava desempregado, precisando de dinheiro, quando, dentro do metrô, avistou uma mulher com a bolsa entreaberta e a carteira à mostra. Paulo decidiu pegar a carteira, sem que ninguém visse. Durante a empreitada criminosa, Paulo inseriu a mão na bolsa da mulher e segurou a carteira. Porém, com crise de consciência, Paulo decidiu por livre e espontânea vontade não prosseguir na empreitada criminosa. Diante dos fatos narrados, é correto afirmar que Paulo deve ser beneficiado pelo instituto do(a): A) Arrependimento posterior. B) Desistência voluntária. C) Tentativa. D) Arrependimento eficaz. 10. Arrependimento posterior Art. 16, do Código Penal Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. • Incide depois da consumação do delito; • É causa de diminuição da pena de 1/3 a 2/3. 10.1. Requisitos Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 12 Assim, se o agente subtraiu uma TV do seu local de trabalho e, ao chegar em casa com a coisa subtraída, é convencido pela esposa a devolvê-la, o que efetivamente vem a fazer no dia seguinte, mesmo quando o fato já havia sido registrado na delegacia, haverá arrependimento posterior, com reflexo na dosimetria da pena. Se o crime for praticado com violência ou grave ameaça, ou, se praticado sem violência ou grave ameaça, mas a reparação do dano ou restituição da coisa aconteceu depois do recebimento da denúncia, incidirá a atenuante do artigo 65, III, “b”, do CP. Resolva a questão a seguir: 6) FGV – 2019 – OAB – 29º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase Durante a madrugada, Lucas ingressou em uma residência e subtraiu um computador. Quando se preparava para sair da residência, ainda dentro da casa, foi surpreendido pela chegada do proprietário. Assustado, ele o empurrou e conseguiu fugir com a coisa subtraída. Na manhã seguinte, arrependeu-se e resolveu devolver a coisa subtraída ao legítimo dono, o que efetivamente veio a ocorrer. O proprietário, revoltado com a conduta anterior de Lucas, compareceu em sede policial e narrou o ocorrido. Intimado pelo Delegado para comparecer em sede policial, Lucas, preocupado com uma possível responsabilização penal, procura o advogado da família e solicita esclarecimentos sobre a sua situação jurídica, reiterando que já no dia seguinte devolvera o bem subtraído. Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) deverá informar a Lucas que poderá ser reconhecido(a) A) A desistência voluntária, havendo exclusão da tipicidade de sua conduta. B) O arrependimento eficaz, respondendo o agente apenas pelos atos até então praticados. C) O arrependimento posterior, não sendo afastada a tipicidade da conduta, mas gerando aplicação de causa de diminuição de pena. D) A atenuante da reparação do dano, apenas, não sendo, porém, afastada a tipicidade da conduta. 11. Crime impossível Art. 17, do Código Penal. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 13 O crime impossível por ineficácia absoluta do meio guarda relação com o meio de execução ou instrumento utilizado pelo agente, que, por sua natureza, será incapaz de produzir qualquer resultado, ou seja, jamais alcançará a consumação do delito. É o caso do agente que, pretendendo matar a vítima, usa como meio executório arma completamente defeituosa, que jamais efetuaria qualquer disparo. O crime impossível pela impropriedade absoluta do objeto guarda relação com o objeto material, compreendendo a pessoa ou coisa sobre o qual recai a conduta do agente. Tomemos como exemplo a conduta do agente que, pretendendo matar a vítima, desfere vários disparos de arma de fogo contra o seu corpo, verificando-se, após, que, ao receber os disparos, já se encontrava morta, em decorrência de ter sofrido, momentos antes, fulminante ataque cardíaco. Evidente, neste caso, a impropriedade absoluta do objeto, diante da impossibilidade de ceifar a vida de pessoa que já estava morta. Neste caso, o fato é atípico. Se a ineficácia ou impropriedade for relativa, o sujeito vai responder pela tentativa. Resolva a questão a seguir: 7) FGV - 2019 - OAB – 30° Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Mário trabalhava como jardineiro na casa de uma família rica, sendo tratado por todos como um funcionário exemplar, com livre acesso a toda a residência, em razão da confiança estabelecida. Certo dia, enfrentando dificuldades financeiras, Mário resolveu utilizar o cartão bancário de seu patrão, Joaquim, e, tendo conhecimento da respectiva senha, promoveu o saque da quantia de R$ 1.000,00 (mil reais). Joaquim, ao ser comunicado pelo sistema eletrônico do banco sobre o saque feito em sua conta, efetuou o bloqueio do cartão e encerrou sua conta. Sem saber que o cartão se encontrava bloqueado e a conta encerrada, Mário tentou novo saque no diaseguinte, não obtendo êxito. De posse das filmagens das câmeras de segurança do banco, Mário foi identificado como o autor dos fatos, tendo admitido a prática delitiva. Preocupado com as consequências jurídicas de seus atos, Mário procurou você, como Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 14 advogado(a), para esclarecimentos em relação à tipificação de sua conduta. Considerando as informações expostas, sob o ponto de vista técnico, você, como advogado(a) de Mário, deverá esclarecer que sua conduta configura A) Os crimes de furto simples consumado e de furto simples tentado, na forma continuada. B) Os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso de confiança tentado, na forma continuada. C) Um crime de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado, apenas. D) Os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso de confiança tentado, em concurso material. 12. Erro de tipo essencial x erro de proibição 12.1. Erro de tipo essencial – art. 20, “caput”, do CP Art. 20, do Código Penal O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. O erro de tipo essencial é aquele que repercute na própria tipificação da conduta do agente, pois, se não tivesse a falsa percepção da realidade, o agente não teria praticado o fato típico, ou, pelo menos, não nas circunstâncias que envolveram o contexto fático. O erro de tipo essencial pode ser: a) Invencível, inevitável, escusável: é aquele erro em que qualquer pessoa, nas mesmas circunstâncias, incorreria. É o erro inevitável, desculpável ou escusável, que não poderia ser evitado, mesmo por uma pessoa cautelosa e prudente. Tomemos como exemplo a conduta de uma estudante que deixa seu celular carregando na tomada da sala de aula e sai para comprar café na cantina do local. Quando retorna, retira um celular da tomada que, na verdade, não era o seu aparelho, mas de sua colega, que havia colocado um celular idêntico para carregar em substituição ao da estudante. Nesse caso, há evidente erro de tipo, pois a estudante, por conta da falsa percepção da realidade (supôs ser seu o celular, já que idêntico), errou em relação ao elemento “alheio” do tipo que define o crime de furto. E, trata-se de erro de tipo invencível, porque qualquer pessoa, nas circunstâncias, consideraria que era o seu telefone celular que estava carregando na tomada em que havia deixado. O erro de tipo invencível, inevitável ou escusável exclui o dolo e a culpa. Sendo a conduta elemento do fato típico, a ausência de dolo ou culpa leva à atipicidade da conduta. b) Vencível, evitável ou inescusável: é aquele erro em que uma pessoa mais cautelosa e prudente, nas mesmas circunstâncias, não incorreria. É o erro evitável, indesculpável ou Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 15 inescusável, que uma pessoa cautelosa e prudente teria evitado. Assim, se o fato for punido sob a forma culposa, o agente responderá por crime culposo. Quando o tipo, entretanto, não admitir essa modalidade, a consequência será inexoravelmente a exclusão do crime, já que configurará fato atípico. No exemplo do caçador que praticava a caça em mata próxima à zona urbana, onde havia circulação de pessoas, o agente responderá pelo crime de homicídio culposo, já que se trata de erro de tipo vencível. 12.2. Erro de proibição Art. 21, do Código Penal O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. Nesse caso, o erro recai sobre a ilicitude do fato. O sujeito sabe o que está fazendo, mas falta potencial consciência de que a conduta é ilícita. O erro de proibição escusável, inevitável ou invencível ocorre quando o erro sobre a ilicitude do fato é impossível de ser evitado, valendo-se o ser humano da sua diligência ordinária. Ex.: um telejornal de alcance nacional informa, de forma equivocada, a aprovação da lei que autoriza a eutanásia de doentes em estágio terminal. Não havendo nenhuma razão para duvidar da veracidade da notícia, o agente dirige-se até o hospital e desliga os aparelhos que mantinham vivo um ente querido, que se encontrava sofrendo com a doença que o acometia e em estágio terminal, causando-lhe a morte. Praticou fato típico e ilícito, mas lhe faltou potencial consciência da ilicitude, incidindo o erro de proibição inevitável, cuja consequência será a exclusão da culpabilidade. O erro de proibição inescusável ou evitável ocorre quando o erro sobre a ilicitude do fato que não se justifica, pois, se tivesse havido um mínimo de empenho em se informar, o agente poderia ter tido conhecimento da realidade. O critério de aferição do erro de proibição inescusável, vencível ou evitável encontra-se no parágrafo único do art. 21 do CP, segundo o qual “considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência”. Tratando-se Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 16 de erro de proibição evitável, permanece hígida a culpabilidade do agente, sendo, no entanto, causa de diminuição da pena de um sexto a um terço. Resolva a questão a seguir: 8) FGV - 2017 - OAB – 22º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Tony, a pedido de um colega, está transportando uma caixa com cápsulas que acredita ser de remédios, sem ter conhecimento que estas, na verdade, continham Cloridrato de Cocaína em seu interior. Por outro lado, José transporta em seu veículo 50g de Cannabis Sativa L. (maconha), pois acreditava que poderia ter pequena quantidade do material em sua posse para fins medicinais. Ambos foram abordados por policiais e, diante da apreensão das drogas, denunciados pela prática do crime de tráfico de entorpecentes. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tony e José deverá alegar em favor dos clientes, respectivamente, a ocorrência de A) Erro de tipo, nos dois casos. B) Erro de proibição, nos dois casos. C) Erro de tipo e erro de proibição. D) Erro de proibição e erro de tipo. 13. Erro sobre a pessoa (art. 20, §3º, do CP) Art. 20, § 3º, do Código Penal O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. • Consideram-se as condições ou qualidades da vítima pretendida. Ignora-se as condições da vítima efetivamente atingida; • Consideremos, por exemplo, a hipótese do filho desalmado que, pretendendo matar seu pai, realiza disparos de arma de fogo contra o homem que estava na varanda da residência do genitor, causando a morte deste. O filho, então, deixa o local satisfeito, por acreditar ter concluído seu intento delitivo, mas vem a descobrir que matara um amigo de seu pai, que contava com 65 anos de idade, que, de costas, era com ele parecido; Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 17 • Nesse caso, nos termos do art. 20, § 3º, do CP, consideram-se as condições e qualidades da vítima pretendida. Logo, o filho desalmado responderá pelo crime de homicídio, com a incidência da agravante de ter praticado crime contra ascendente, prevista no art. 61, II, e, 1ª parte, do CP. 14. Erro na execução Art. 73, do Código Penal Quando, por acidenteou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. A aberratio ictus pode ocorrer quando, por acidente, o agente, em vez de atingir a pessoa pretendida, atinge pessoa diversa. Suponhamos, nesse caso, que o agente pretende matar Wilson, deixando na sua mesa de trabalho uma xícara de café contendo veneno. Todavia, quem toma o café é Pedro, que acaba falecendo. Pode ocorrer também quando, por erro nos meios de execução, o agente, em vez de atingir a pessoa pretendida, atinge pessoa diversa. Ex.: agente pretendendo matar Wilson, visualiza a vítima, tendo-a como certa, faz a mira e efetua o disparo, mas, no entanto, erra o alvo pretendido, atingindo pessoa diversa, que se encontrava próxima ao local. A consequência jurídica da conduta do agente encontra-se retratada no art. 73, 1ª parte, do CP, que faz expressa remissão ao art. 20, § 3º, do CP. Ou seja, na hipótese de erro na execução, deve-se observar o disposto no art. 20, § 3º, segundo o qual, embora tenha atingido pessoa diversa, o agente deve receber tratamento penal considerando-se as condições ou qualidades da pessoa pretendida (vítima virtual), desprezando-se as condições pessoais da vítima efetivamente atingida. Na aberratio ictus com resultado duplo, o agente, além de atingir a vítima pretendida, atinge também pessoa diversa. Nesse caso, com uma única ação, o agente produz mais de um Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 18 resultado: atinge a pessoa pretendida e também pessoa diversa. Por essa razão, o art. 73, 2ª parte, do CP faz expressa remissão ao art. 70 do CP, devendo ser aplicada a regra do concurso formal de crimes. 15. Resultado diverso do pretendido (art. 74 do CP) Art. 74, do Código Penal Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Aberratio criminis, o agente pretende ofender determinado bem jurídico, mas, por acidente ou erro na execução, acaba produzindo resultado diverso do pretendido. Na verdade, o agente pretendia praticar um crime, mas acaba praticando crime diverso do pretendido. Na aberratio criminis com unidade simples, o agente somente atinge o bem jurídico diverso do pretendido. Ou seja, o agente quer atingir uma coisa e atinge uma pessoa. Nesse caso, o agente responde pelo resultado produzido a título de culpa, se o fato é previsto como crime culposo. Assim, se o agente, pretendendo atingir o veículo do desafeto, com o intuito de praticar o crime dano, por erro na execução, não atingir o objeto, mas somente uma pessoa que se encontrava próxima ao local, responderá por lesão corporal culposa (art. 129, § 6º, do CP), se resultar lesão corporal; ou por homicídio culposo (art. 121, § 3º, do CP), se resultar morte. Na aberratio criminis com resultado duplo, o agente, além de praticar o crime pretendido, também acaba produzindo um resultado diverso do pretendido. Ou seja, com uma ação ou omissão, acaba provocando dois resultados. Nesse caso, como expressamente prevê a parte final do art. 74 do CP, aplica-se a regra do concurso formal de crimes (art. 70 do CP), considerando-se a pena do crime mais grave aumentada de um sexto até metade, de acordo com o número de resultados diversos produzidos. Highlight Highlight Highlight Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 19 Resolva a questão a seguir: 9) FGV - 2019 - OAB – 30º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Regina dá à luz seu primeiro filho, Davi. Logo após realizado o parto, ela, sob influência do estado puerperal, comparece ao berçário da maternidade, no intuito de matar Davi. No entanto, pensando tratar- se de seu filho, ela, com uma corda, asfixia Bruno, filho recém-nascido do casal Marta e Rogério, causando-lhe a morte. Descobertos os fatos, Regina é denunciada pelo crime de homicídio qualificado pela asfixia com causa de aumento de pena pela idade da vítima. Diante dos fatos acima narrados, o(a) advogado(a) de Regina, em alegações finais da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, deverá requerer A) O afastamento da qualificadora, devendo Regina responder pelo crime de homicídio simples com causa de aumento, diante do erro de tipo. B) A desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, não podendo ser reconhecida a agravante pelo fato de quem se pretendia atingir ser descendente da agente. C) A desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro na execução (aberratio ictus), podendo ser reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de quem se pretendia atingir. D) A desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, podendo ser reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de quem se pretendia atingir. 16. Coação moral irresistível e obediência hierárquica Art. 22, do Código Penal Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. 16.1. Coação moral irresistível Na coação moral, o agente coator, para alcançar o resultado desejado, emprega grave ameaça contra o coagido, que, por medo de suportar um mal grave contra si ou contra outrem, acaba realizando a conduta criminosa exigida. A coação empregada pelo agente vicia a vontade do coagido, retirando-lhe a exigência de se comportar de modo diferente. Nesse caso, em relação ao coagido, incide a causa de exclusão da culpabilidade decorrente da inexigibilidade de conduta diversa. Ex.: se o sujeito é coagido a assinar um documento falso, responde pelo crime de falsidade o autor da coação. O coato não responde pelo crime, uma vez que sobre o fato incide a causa de exclusão da culpabilidade. Assim, quando o sujeito comete o fato típico e antijurídico sob coação moral irresistível, não há culpabilidade em face da inexigibilidade de outra conduta (não é reprovável o comportamento). A culpabilidade desloca-se da figura do coato para a do coator. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 20 Convém sinalar que, se o sujeito pratica o fato sob coação física irresistível, não praticará crime por ausência de conduta. Trata-se de causa excludente da tipicidade. 16.2. Obediência hierárquica Obediência hierárquica decorre da conduta do subordinado que, por força de ordem não manifestamente ilegal emanada por superior hierárquico, pratica fato típico e ilícito. A ordem não manifestamente ilegal é aquela que revela aparente legalidade, mas que, na realidade, é contrária ao direito. O subordinado, por força da ordem emanada do superior hierárquico, realiza a conduta que lhe foi ordenada, considerando-a lícita, quando, na realidade, constitui fato típico e ilícito. Tomemos como exemplo a hipótese de um Delegado de Polícia que determina a um inspetor de polícia recém-empossado na instituição que conduza um desafeto até a Delegacia, sem nenhuma razão plausível para isso. Desconhecendo os motivos do superior hierárquico, o subordinado cumpre estritamente a ordem. Nesse caso, o subordinado não será responsabilizado criminalmente, já que incide em seu favor a causa excludente de culpabilidade. O crime de abuso de autoridade deve ser atribuído exclusivamente ao autor da ordem.17. Excludentes de ilicitude Art. 23, do Código Penal Não há crime quando o agente pratica o fato I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito Excesso punível Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo Veja o esquema na página a seguir... Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 21 18. Estado de necessidade (art. 24, do CP) Art. 24 do Código Penal Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. • Comportamento animal: é considerado estado de necessidade quando o animal ataca por instinto. Quando o animal for instigado por alguém para atacar, será considerada legítima defesa. • Quem, por sua vontade, provocou a situação de perigo, não poderá alegar estado de necessidade. • A conduta tem que ser inevitável para cessar o perigo. Se existir outro modo menos lesivo de evitar o perigo, não poderá alegar estado de necessidade. • Critério de proporcionalidade: o bem protegido deve ser de igual ou maior valor que o bem sacrificado. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 22 • Aquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo, não poderá alegar estado de necessidade. 19. Legítima defesa (art. 25, do CP) Art. 25, do Código Penal Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único - Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. Critério de proporcionalidade: • Meio necessário e suficiente para fazer cessar a agressão; • Uso moderado desse meio. Novidade do Pacote Anticrime: legítima defesa do Agente de Segurança Pública. • Observados os requisitos do caput; • Crime com vítima refém. 20. Estrito cumprimento do dever legal x exercício regular do direito Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 23 Resolva a questão a seguir: 10) FGV – 2023 – OAB – 39º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase Caio, lutador de MMA, estava na praia quando viu uma senhora ser agredida por um terceiro. Caio foi em direção ao agressor e tentou persuadi-lo a parar com as agressões, mas o agressor não deu ouvidos e continuou a agredir a senhora. Dessa forma, Caio não viu outra alternativa a não ser desferir um soco no agressor para afastá-lo da senhora e imobilizá-lo em seguida, até a chegada da polícia. Diante do exposto, a conduta de Caio pode ser beneficiada pela exclusão da: A) Tipicidade em razão da coação física irresistível. B) Culpabilidade em razão da coação moral irresistível. C) Ilicitude em razão do exercício regular de um direito. D) Ilicitude por legítima defesa. / Resolva a questão a seguir: 11) FGV – 2022 – OAB – 36º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase Tainá, legalmente autorizada a pilotar barcos, foi realizar um passeio de veleiro com sua amiga Raquel. Devido a uma mudança climática repentina, o veleiro virou e começou a afundar. Tainá e Raquel nadaram, desesperadamente, em direção a um tronco de árvore que flutuava no mar. Apesar de grande, o tronco não era grande o suficiente para suportar as duas amigas ao mesmo tempo. Percebendo isso, Raquel subiu no tronco e deixou Tainá afundar, como único meio de salvar a própria vida. A perícia concluiu que a morte de Tainá se deu por afogamento. A partir do caso relatado, assinale a opção que indica a natureza da conduta praticada por Raquel. A) Raquel deverá responder pelo crime de omissão de socorro. B) Raquel agiu em legítima defesa, causa excludente de ilicitude. C) Raquel deverá responder pelo crime de homicídio consumado. D) Raquel agiu em estado de necessidade, causa excludente de ilicitude. 21. Inimputabilidade pela doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado Art. 26, do Código Penal É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 21.1. Critério biopsicológico • Desenvolvimento mental incompleto ou retardado; • Inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da sua conduta. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 24 21.2. Natureza jurídica da sentença Sentença absolutória imprópria, com imposição de medida de segurança. Art. 97, do Código Penal Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. O tempo de duração da medida de segurança será a pena máxima cominada ao delito, segundo se extrai da Súmula 527 do STJ. Resolva a questão a seguir: 12) FGV – 2019 – OAB – 30º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase Durante ação penal em que Guilherme figura como denunciado pela prática do crime de abandono de incapaz (Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos), foi instaurado incidente de insanidade mental do acusado, constatando o laudo que Guilherme era, na data dos fatos (e permanecia até aquele momento), inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, em razão de doença mental. Não foi indicado, porém, qual seria o tratamento adequado para Guilherme. Durante a instrução, os fatos imputados na denúncia são confirmados, assim como a autoria e a materialidade delitiva. Considerando apenas as informações expostas, com base nas previsões do Código Penal, no momento das alegações finais, a defesa técnica de Guilherme, sob o ponto de vista técnico, deverá requerer A) A absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de tratamento ambulatorial, podendo a sentença ser considerada para fins de reincidência no futuro. B) A absolvição própria, sem aplicação de qualquer sanção, considerando a ausência de culpabilidade. C) A absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de tratamento ambulatorial, não sendo a sentença considerada posteriormente para fins de reincidência. D) A absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de internação pelo prazo máximo de 02 anos, não sendo a sentença considerada posteriormente para fins de reincidência. 22. Embriaguez completa e acidental Art. 28, § 1º, do Código Penal Highlight Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 25 É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. • Completa: em decorrência da embriaguez, o sujeito será inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito da conduta; • Acidental: caso fortuito ou força maior. No caso fortuito, o sujeito desconhece o efeito inebriante da substância que ingere, ou quando, desconhecendo uma particular condição fisiológica, ingere substância que possui álcool (ou substância análoga), ficando embriagado. É o caso do agente que está tomandodeterminado medicamento e ingere bebida alcóolica. A conjugação do medicamento e da bebida alcoólica potencializa o metabolismo do agente, a ponto de deixá-lo embriagado. É também o caso do agente que ingere determinada bebida sem saber que nela foi colocada uma substância capaz de lhe retirar os sentidos, deixando-o embriagado, como, por exemplo, o chamado “boa noite cinderela”. É o caso, ainda, do agente que ingeriu, sem saber, bebida alcoólica, pensando tratar-se de medicamento que costumava guardar em uma garrafa, e perdeu totalmente sua capacidade de entendimento e de autodeterminação. Em seguida, entrou em uma farmácia e praticou um furto. Nesse caso, será isento de pena, por estar configurada a sua inimputabilidade. Na força maior, o agente é obrigado a ingerir bebida alcoólica. Não desejando se embriagar nem de se exceder culposamente, o agente é forçado a ingerir bebida alcoólica. É o caso, por exemplo, do trote acadêmico de péssimo gosto em que os veteranos obrigam, forçam os calouros a ingerirem bebida alcoólica. Natureza jurídica da sentença: sentença absolutória imprópria. Resolva a questão a seguir: 13) FGV – 2021 – OAB – 33º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase Após o expediente, Márcio saiu com seus colegas de trabalho para comemorar o sucesso das vendas naquele mês e sua escolha como melhor funcionário do período. Ao chegarem ao bar, Márcio entregou a chave de seu carro aos colegas, alertando-os que iria beber até se embriagar e cair. Após cumprir a promessa feita aos colegas, Márcio, completamente alterado, se dirigiu até o caixa do bar para pagar sua conta. Devido a divergências quanto à quantidade de bebida consumida, Márcio iniciou uma forte discussão com o atendente do estabelecimento e arremessou a garrafa de cerveja que segurava em sua direção, acertando a cabeça do funcionário e causando-lhe ferimentos de natureza grave. Preocupado com as consequências jurídicas de seu ato, Márcio o(a) procura, na condição de advogado(a), para assistência técnica. PRÓPRIA Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 26 Considerando apenas as informações expostas, sob o ponto de vista técnico, você, como advogado(a), deverá esclarecer que a conduta praticada por Márcio configura A) Crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez culposa, podendo ser reconhecida causa de diminuição de pena, já que a embriaguez era completa. B) Conduta típica e ilícita, mas não culpável, diante da embriaguez culposa, afastando a culpabilidade do agente. C) Crime de lesão corporal grave, com reconhecimento de agravante, diante da embriaguez preordenada. D) Crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez voluntária. 23. Concurso de pessoas Art. 29 do Código Penal Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (...) 23.1. Conceito Duas ou mais pessoas contribuem para a prática de um crime. Art. 31 do Código Penal O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 23.2. Requisitos do concurso de pessoas a) Pluralidade de condutas: trata-se de requisito elementar do concurso de pessoas: a concorrência de mais de uma pessoa na execução de uma infração penal. Assim, para que haja concurso de pessoas, exige-se que cada um dos agentes tenha realizado ao menos uma conduta relevante. Pode ser em coautoria, em que há duas condutas Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 27 principais; ou autoria e participação, em que há uma conduta principal e outra acessória, praticadas, respectivamente, por autor e partícipe. b) Relevância causal das condutas: para justificar a punição de duas ou mais pessoas em concurso, afigura-se necessário que a conduta do agente tenha efetivamente contribuído, ainda que minimamente, para a produção do resultado. Em outras palavras, se a conduta não tem relevância causal, isto é, se não contribuiu em nada para a produção do resultado, não pode ser considerada integrante do concurso de pessoas. Imaginemos que a empregada doméstica de uma residência, profundamente irritada por ter sido ofendida pela patroa, observa que há uma movimentação suspeita no lado externo da casa, concluindo que era alguém observando o local para praticar o delito de furto. Para facilitar o sucesso da subtração, a empregada deixa aberta a porta da frente da residência. Durante a empreitada criminosa, sem saber que a porta da frente se encontrava destrancada, o agente de atitude suspeita arrombou a porta dos fundos, ingressou na residência, e subtraiu diversos objetos. Diante desse quadro fático, a empregada doméstica não deverá responder por qualquer infração penal, uma vez que a sua contribuição foi absolutamente irrelevante para o sucesso da subtração. c) Do liame subjetivo e normativo (vínculo subjetivo e normativo entre os participantes): exige-se homogeneidade de elemento subjetivo-normativo. Significa que autor e partícipe devem agir com o mesmo elemento subjetivo (dolo + dolo) ou normativo (culpa + culpa). Os agentes devem atuar conscientes de que participam de crime comum, ainda que não tenha havido acordo prévio de vontades. A ausência desse elemento psicológico inviabiliza o concurso de pessoas, ensejando condutas isoladas e autônomas. Ex.: uma empregada doméstica, percebendo a presença de um ladrão, para vingar-se do patrão, deliberadamente deixa a porta aberta, facilitando a prática do furto. Há participação, e, não obstante, o ladrão desconhecia a colaboração da empregada. Por consequência, a empregada também responderá pelo crime de furto. d) Identidade de infração para todos os participantes: nos termos do art. 29 do CP, todos que concorrem para o crime respondem pelo mesmo delito. Ex.: alguém planeja a realização da conduta típica, ao executá-la, enquanto um desvia a atenção da vítima, outro lhe subtrai os pertences e ainda um terceiro encarrega-se de evadir-se do local com o produto do furto. É uma exemplar divisão de trabalho constituída de várias Highlight Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 28 atividades, convergentes, contudo, a um mesmo objetivo típico: subtração de coisa alheia móvel. Respondem todos por um único tipo penal, qual seja, furto. 23.3. Participação de menor importância Art. 29 do Código Penal § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. A participação de menor importância caracteriza-se, pois, pela mínima contribuição para a produção do resultado. A conduta do agente efetivamente influencia na causa do resultado, mas com reduzida relevância. 23.4. Cooperação dolosamente distinta Art. 29 do Código Penal § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. O agente que desejava praticar um delito, sem a condição de prever a concretização de crime mais grave, deve responder pelo que pretendeu fazer, não se podendo a ele imputar outra conduta indesejada, sob pena de se estar tratando de responsabilidade objetiva. Ex.: “A” determina a “B” que espanque “C”. “B” mata “C”. Segundo o art. 29, § 2º, “A” responde por crime de lesão corporal, cuja pena deve ser aumentada até metade se a morte da vítima lhe era previsível. 23.5. Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 do Código Penal Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. O art. 30 do CP determina que as circunstâncias e as condições de caráter pessoal não se comunicam, salvo quando elementares do crime. Via de regra, as circunstâncias e condiçõespessoais relacionadas a um dos agentes não se comunica aos outros que contribuíram para a prática delituosa. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 29 Todavia, há determinadas circunstâncias ou condições pessoais que compõem, integram o tipo penal, figurando, no caso, como verdadeiro elementar no tipo penal. Nesse caso, quando também constituem o tipo penal, ou seja, figuram como elementares do tipo penal, as circunstâncias ou condições pessoais relacionadas a um dos sujeitos se comunicam aos demais coautores ou partícipes. Ex.: “A”, funcionário público, comete um crime de peculato (art. 312), com a participação de “B”, não funcionário público. A condição pessoal (funcionário público) é elementar do crime de peculato, comunicando-se, portanto, ao agente que não é funcionário público. Logo, os dois respondem por crime de peculato. De outro lado, as circunstâncias objetivas alcançam o partícipe ou coautor se, sem haver praticado o fato que as constitui, integraram o dolo ou culpa. Ex.: “A” instiga “B” a praticar homicídio contra “C”. “B”, para a execução do crime, emprega asfixia. O partícipe não responde por homicídio qualificado (art. 121, § 2º, III, 4ª figura), a não ser que o meio de execução empregado pelo autor principal tenha ingressado na esfera de seu conhecimento. Resolva a questão a seguir: 14) FGV – 2022 – OAB – 36º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase Túlio e Alfredo combinaram de praticar um roubo contra uma joalheria. Os dois ingressam na loja, e Alfredo, com o emprego de arma de fogo, exige que Fernanda, a vendedora, abra a vitrine e entregue os objetos expostos. Enquanto Alfredo vasculha as gavetas da frente da loja, Túlio ingressa nos fundos do estabelecimento com Fernanda, em busca de joias mais valiosas, momento em que decide levá-la ao banheiro e, então, mantém com Fernanda conjunção carnal. Após, Túlio e Alfredo fogem com as mercadorias. Em relação às condutas praticadas por Túlio e Alfredo, assinale a afirmativa correta A) Túlio e Alfredo responderão por roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo, e pelo delito de estupro, em concurso material. B) Túlio responderá por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e estupro; Alfredo responderá por roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo. C) Alfredo e Túlio responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo; Túlio também responderá por estupro, em concurso material. D) Túlio e Alfredo responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo; Túlio responderá por estupro, ao passo que Alfredo responderá por participação de menor importância no delito de estupro. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 30 Aula 12/03/2024 – part. 02 1. Regime inicial de cumprimento de pena O regime penitenciário é o meio pelo qual é executado ou efetivado o cumprimento da pena privativa de liberdade. O art. 33, § 1º, do CP prevê três regimes: 1) Fechado: a pena privativa de liberdade é executada em estabelecimento de segurança máxima ou média; 2) Semiaberto: a pena privativa de liberdade é executada em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; 3) Aberto: a pena privativa de liberdade é executada em casa de albergado ou em estabelecimento adequado. Após estabelecer a quantidade da pena imposta da sentença, cumpre ao juiz fixar o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade, levando em conta: a) a quantidade da pena imposta; b) a reincidência; c) as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP. Nos termos do art. 33, caput, do CP, nos crimes apenados com reclusão, o juiz poderá fixar o regime inicial fechado, semiaberto ou aberto. Aos crimes apenados com detenção, não é possível ao juiz fixar o regime inicial fechado, podendo, no entanto, haver regressão para o regime fechado, no caso, por exemplo, de falta grave. Súm. nº 269 do STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados à pena igual ou inferior a 4 anos se favoráveis as circunstâncias judiciais”. Além disso, a imposição de regime inicial fechado depende de fundamentação adequada, não se revestindo a gravidade em abstrato do delito motivação idônea para a fixação do regime REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA: Detenção: semiaberto ou aberto Reclusão: fechado, semiaberto ou aberto Se a pena aplicada for superior a 8 anos e/ou reincidente: regime fechado De 4 a 8 anos e não reincidente: semi aberto Até 4 anos e não reincidente: aberto Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 31 de cumprimento de pena mais severo do que a pena aplicada exigir. É o que se extrai das Súm. nº 718 e 719 do STF, e Súm. nº 440 do STJ. 2. Penas restritivas de direito 2.1. Conceito São penas alternativas às privativas de liberdade, expressamente previstas em lei, com a finalidade de evitar o encarceramento de determinados criminosos, autores de infrações penais consideradas mais leves, provocando-lhes a recuperação por meio de restrições a certos direitos. Nos termos do art. 43 do CP, as penas restritivas de direitos são: As penas restritivas de direitos são substitutivas, uma vez que o juiz, depois de fixar a pena privativa de liberdade, verificando a presença dos requisitos, efetua a substituição por uma ou mais penas restritivas de direitos, conforme o caso. Isso porque não há, no preceito secundário dos tipos penais incriminadores, previsão direta de pena restritiva de direitos, mas tão somente pena privativa de liberdade. 2.2. Requisitos objetivos a) Quantidade da pena aplicada: o legislador estabeleceu como parâmetro para a concessão da pena restritiva de direitos a pena aplicada na sentença, independentemente da pena abstratamente cominada no preceito secundário do tipo penal. b) Natureza do crime cometido: em relação aos crimes dolosos, as penas restritivas de direitos são aplicáveis aos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa. Highlight Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 32 2.3. Requisitos subjetivos Os requisitos subjetivos levam em conta as características pessoais do sentenciado. a) Réu não reincidente em crime doloso: nos termos do art. 44, II, do CP, para concessão do benefício, é necessário que o sujeito não seja reincidente em crime doloso. O texto não trata de qualquer reincidente. Refere-se ao não reincidente em crime “doloso”, de modo que não há impedimento à aplicação da pena alternativa quando: a) os dois delitos são culposos; b) o anterior é culposo e o posterior é doloso; c) o anterior é doloso e o posterior culposo. Exceção: art. 44, § 3º, do CP. b) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta ou a personalidade ou ainda os motivos e circunstâncias recomendarem a substituição: conforme o art. 44, III, do CP, “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente”. 2.4. Penas restritivas de direitos e violência doméstica ou familiar contra a mulher Nos termos do art. 17 da Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, “é vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa”. Conforme a Súm. nº 588 do STJ, a prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 3. Da reincidência (art. 63 do CP) Art. 63. Verifica-se a reincidênciaquando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Art. 64. Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 33 3.1. Conceito A reincidência pressupõe uma sentença condenatória transitada em julgado por prática de crime. Há reincidência somente quando o novo crime for cometido após a sentença condenatória de que não cabe mais recurso. É o que se extrai do art. 63 do CP. Exemplo: o agente pratica um crime, sendo processado e condenado. Não recorre, vindo a sentença transitar em julgado. Meses depois, vem a praticar novo crime. É considerado reincidente, uma vez que cometeu novo delito após o trânsito em julgado de sentença que o condenou por prática de crime. Se o agente praticar o novo crime exatamente no dia em que transitar em julgado a sentença penal condenatória pelo crime anterior, não incide a agravante da reincidência, pois a lei é expressa ao mencionar que o novo crime deve ser praticado “depois” do trânsito em julgado. No dia do trânsito, portanto, não se encaixa na hipótese legal. Além disso, complementando os pressupostos da reincidência, o art. 7º da Lei de Contravenções Penais (Decreto-lei n° 3.688/1941) dispõe que: “verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção”. Assim, podem ocorrer várias hipóteses: a) O agente, condenado irrecorrivelmente pela prática de um crime, vem a cometer outro delito: é reincidente (art. 63 do CP); b) O agente pratica um crime; condenado irrecorrivelmente, vem a cometer uma contravenção: é reincidente (art. 7º da LCP); c) O sujeito pratica uma contravenção, vindo a ser condenado por sentença transitada em julgado; comete outra contravenção: é considerado reincidente (art. 7º da LCP); d) O sujeito comete uma contravenção; é condenado por sentença irrecorrível; pratica um crime: não é reincidente (art. 63 do CP). Informativo 636 do STF: condenações anteriores pelo delito do art. 28 da Lei nº 11.343/2006 não são aptas a gerar reincidência. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 34 3.2. Eficácia temporal da condenação anterior para efeito da reincidência Nos termos do art. 64, I, do CP, não prevalece a condenação anterior se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação. Logo, o prazo de 5 (cinco) anos começa a correr a partir do cumprimento da pena ou a sua extinção por outro modo, por exemplo, incidência de uma causa extintiva da punibilidade, como a prescrição da pretensão executória, graça ou indulto. O período de prova do livramento condicional e da suspensão condicional da pena será computado para fins de cessar os efeitos da reincidência. Assim, em tese, ao agente condenado a 6 (seis) anos de reclusão, cumprindo 1/3 (ou seja, 2 anos), será concedido o livramento condicional (art. 83, I, do CP), restando outros 4 (quatro) anos para o término da pena, que será o período de prova. Consideremos a hipótese de o agente ter iniciado o cumprimento da pena no dia 10-8- 2010. Após cumprir 1/3 da pena, dois anos, portanto, obteve o livramento condicional em 10-8- 2012, cumprindo integralmente a pena no dia 10-8-2016. Em 10-9-2017, o agente pratica novo crime. Nesse caso, não será considerado reincidente, pois passaram-se mais de 5 (cinco) anos entre a data do cumprimento da pena e a prática do novo crime, computando-se o período de prova do livramento condicional. 3.3. Crimes que não induzem reincidência O art. 64, II, do CP dispõe que, para efeito de reincidência, não se consideram os crimes militares próprios ou políticos. Convém ressaltar que, conquanto não gere reincidência, o trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória por crime militar próprio ou crime político gera maus antecedentes, já que o art. 64, II, do CP limita-se a afastar a reincidência, nada dispondo sobre maus antecedentes. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 35 Resolva a questão a seguir: 15) FGV – 2023 – OAB – 39º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase João completou 20 anos e foi colocado em liberdade, após cumprir 3 anos de internação por medida socioeducativa em razão da prática de atos infracionais análogos a estupro e furto, conforme sentença proferida pelo Juizado da Infância e da Juventude de sua Comarca. Ao ser solto da unidade de internação, foi preso em flagrante pela prática do crime de roubo, sendo que João nunca respondeu por outros crimes. Para os fins deste novo processo, assinale a afirmativa correta. A) João é primário e com bons antecedentes, ante a inaptidão de atos infracionais serem utilizados como circunstâncias judiciais ou induzir reincidência. B) João é reincidente e com maus antecedentes, ante a pluralidade de infrações pretéritas, anteriores aos delitos de roubo. C) João é tecnicamente primário, porém, com maus antecedentes, sendo este único efeito possível gerado pela aplicação de medidas socioeducativas. D) João é reincidente ou com maus antecedentes, pois não é possível que a reincidência seja também considerada circunstância judicial, ainda que se tratem de condenações distintas. 4. Concurso de crimes Para maus tratos também precisa de sentença condenatória transitada em julgado Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 36 4.1. Concurso material de crimes Art. 69 do Código Penal Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. Ocorre o concurso material, também chamado de real, quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (art. 69, caput, do CP). Há, pois, pluralidade de condutas e pluralidade de resultados. Na hipótese de crimes conexos apurados na mesma ação penal, a soma das penas, pelo concurso material, será realizada na própria sentença, após a adoção do critério trifásico para cada um dos delitos. Ex.: o agente pratica o crime de estupro (art. 213 do CP) e, para assegurar a sua impunidade, mata, na sequência, a vítima (art. 121, § 2º, V, do CP). Imaginemos que o juiz fixe, em relação ao delito de estupro, a pena de 8 (oito) anos; e em relação ao crime de homicídio qualificado, a pena de 20 (vinte) anos. Ao final, verificando-se tratar de concurso material de crimes, o Magistrado aplicará o sistema do cúmulo material, somando as penas, alcançando a pena definitiva de 28 anos. 4.2. Concurso formal de crimes Art. 70 do Código Penal Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a penaexceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 4.2.1. Conceito Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes (art. 70, caput, do CP). Há unidade de conduta e pluralidade de crimes. A unidade de conduta concretiza-se quando os atos são realizados no mesmo contexto espacial e temporal, não exigindo, necessariamente, ato único. De fato, pode haver unidade de Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 37 conduta mesmo quando fracionada em vários atos, por exemplo, agente que subtrai objetos pertencentes a pessoas distintas, no mesmo contexto fático. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que, praticado o crime de roubo em um mesmo contexto fático, mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, tem-se configurado o concurso formal de crimes. 4.2.2. Concurso formal perfeito e concurso formal imperfeito O concurso formal perfeito, ou próprio, está previsto na primeira parte do art. 70 do CP. Ocorre quando o agente pratica duas ou mais infrações penais por meio de uma única conduta. Resulta de um único desígnio. O agente, de um só impulso volitivo, dá causa a dois ou mais resultados, sem desígnios autônomos em relação a cada um dos resultados. Desígnio autônomo caracteriza-se pelo fato de o agente pretender, mediante uma única conduta, atingir dois ou mais resultados. Ou seja, o agente, mediante uma ação ou omissão, age com consciência e vontade em relação a cada um deles, considerados isoladamente. Assim, se, por exemplo, o agente, na condução de veículo automotor, atropela e causa a morte de uma pessoa e lesão corporal em outra, pratica crime de homicídio culposo na condução de veículo automotor (art. 302 do CTB), em concurso formal perfeito, já que não tinha desígnios autônomos em relação a cada um dos resultados. No concurso formal imperfeito, ou impróprio, o agente, mediante uma ação ou omissão, pretende, de forma consciente e voluntária, o resultado em relação a cada um dos crimes. Ex.: o agente provoca fogo em uma residência com a intenção de matar todos os moradores. O agente tem desígnios autônomos (intenção de matar) em relação a cada um dos moradores da residência. A expressão “desígnios autônomos” abrange tanto o dolo direto quanto o dolo eventual. Assim, haverá concurso formal imperfeito, por exemplo, entre o delito de homicídio doloso com dolo direto e outro com dolo eventual. 4.2.3. Aplicação da pena no concurso formal Em relação ao concurso formal perfeito, ou próprio, o Código Penal adotou o sistema de exasperação da pena. Aplica-se a pena do crime mais grave ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 38 No concurso formal imperfeito, ou impróprio, por conta do maior grau de reprovabilidade da conduta do agente, visando a não beneficiar agente que agiu com desígnios autônomos em relação a cada resultado, as penas devem ser somadas, adotando-se o critério do cúmulo material, nos termos do art. 70, caput, 2ª parte, do CP. 5. Crime continuado Art. 71 do Código Penal Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 5.1. Conceito Ocorre o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, devendo os subsequentes, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, ser havidos como continuação do primeiro. 5.2. Requisitos Para a incidência das regras do crime continuado é preciso verificar a presença de requisitos dispostos no art. 71 do CP, consistentes: a) na pluralidade de condutas; b) na pluralidade de crimes da mesma espécie; c) nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes. Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 39 5.3. Crime continuado específico Art. 71 do Código Penal Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. 6. Concurso material benéfico Art. 70 do Código Penal Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Se da aplicação da regra da exasperação da pena, no concurso formal, a pena tornar-se superior à que resultaria se somadas, deve-se adotar o critério do cúmulo material, porque, nesse caso, será mais benéfico (art. 70, par. ún., do CP). Ex.: suponha-se que o agente tenha praticado um homicídio simples (art. 121 do CP – pena de 6 a 20 anos) e uma lesão corporal leve (art. 129, caput, do CP – pena de 3 meses a 1 ano), em concurso formal. Aplicado o critério da exasperação da pena, considerando-se a pena do crime mais agrave, acrescido de 1/6, resultaria na pena de 7 (sete) anos. Se aplicada a pena considerando-se o critério do cúmulo material, considerando-se a pena aplicada para crime de homicídio simples (6 anos) e lesão corporal leve (3 meses), a pena definitiva ficaria em 6 (seis) anos e 3 (três) meses. Essa seria a pena a ser aplicada, já que a aplicação do critério do concurso material é mais benéfico. Em face disso, a pena a ser aplicada não pode ser superior à que seria cominada se fosse caso de concurso material, aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 70, par. ún., do CP. Resolva a questão a seguir: 16) FGV – 2021 – OAB – 33º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase Félix, com dolo de matar seus vizinhos Lucas e Mário, detona uma granada na varanda da casa desses, que ali conversavam tranquilamente, obtendo o resultado desejado. Os fatos são descobertos pelo Ministério Público, que denuncia Félix por dois crimes autônomos de homicídio, em concurso material. Após regular procedimento, o Tribunal do Júri condenou o réu pelos dois crimes imputados e o magistrado, ao aplicar a pena, reconheceu o concurso material. Diante da sentença publicada, Félix indaga, reservadamente, se sua conduta efetivamente configuraria concurso material de dois crimes de homicídio dolosos. Na ocasião, o(a) advogado(a) do réu, sob o ponto de vista técnico, deverá esclarecer ao seu cliente que sua conduta configura dois crimes autônomos de homicídio, Revisão Turbo | 40º Exame de Ordem Direito Penal 40 A) Em concurso material, sendo necessária a soma das penas aplicadas para cada um dos delitos. B) Devendo ser reconhecida a forma continuada e, consequentemente, aplicada a regra da exasperação de uma das penas e não do cúmulo material. C) Devendo ser reconhecido o concurso formal próprio e, consequentemente, aplicada a regra da exasperação de uma das penas e não do cúmulo material. D) Devendo ser reconhecido o concurso formal impróprio, o que também imporia a regra da soma das penas aplicadas. 7. Da suspensão condicional da execução da pena (sursis) 7.1. Conceito Trata-se de um instituto de política criminal, tendo por fim a suspensão da execução da pena privativa de liberdade, evitando o recolhimento ao cárcere do condenado não reincidente condenado à pena não superior a 2
Compartilhar