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Tamisação O que é a tamisação A tamisação ou peneiramento, como também é conhecida, pode ser descrita como uma operação unitária que tem como finalidade a separação de sólidos granulados. Tais sólidos podem ser divididos em duas ou mais porções, em que cada porção as partículas sejam separadas de acordo com a uniformidade de tamanhos. A tamisação geralmente é realizada por peneiras, que podem ser de vários materiais, como plástico ou metal Objetivo do peneiramento O objetivo do peneiramento é bastante simples e pode ser resumida como a seguinte frase “A tamisação tem como objetivo separar diferentes tipos de sólidos com base na granulometria”. Histórico Tamis foi o primeiro método de separação de partículas. E mesmo antes de ser reconhecida como operação útil na indústria, as civilizações antigas já usavam as peneiras para separação. O uso inicial era para separar impurezas dos grãos de trigo e cereais e para classificar areia/pedra de diferentes tamanhos de partículas. Também era utilizado na fermentação de pães e cerveja, para filtrar as misturas e retirar impurezas. Uma das representações mais antigas é uma ilustração no egito antigo, e uma descrição da obra “de re metallica” de 1556 de Georgius Agricola (que cataloga o estado da arte da mineração, a refinação e a fundição de metais). Na segunda revolução industrial, os tamises começaram a ser apontados por engenheiros para uso no processo industrial. Von Rittinger em 1867 propôs a fabricação de “peneiras de controle” (de análise ou de teste) com aberturas padronizadas distribuídas em série geométrica, começando com 75 micrometros e aumentando a relação entre as diferentes aberturas com raiz quadrada de 2. As aberturas das peneiras indicam o diâmetro do maior tamanho de uma esfera que passa por essa abertura. Uma esfera de 75 micrometros de diâmetro passa pela peneira de 75 micrometros. Tipos de peneira A escolha da peneira ideal é necessária para a garantia de um resultado satisfatório e com qualidade, por isso, é importante considerar o tipo e o tamanho do material a ser peneirado, as especificações necessárias para o resultado desejado As peneiras granulométricas são padronizadas pela tabela de abertura ABNT/ASTM/TYLER. Sendo que o número de abertura por polegada e chamado de “mesh”. Quanto maior o mesh, maior o número de aberturas e mais fino deverá ser o grão para passar por ela, ou seja, para materiais mais grosseiros usa-se tamis de baixo “mesh” e para materiais finos utiliza-se tamis de maior “mesh”. A imagem acima é a tabela de equivalência de abertura de malha e tamis de acordo com a Farmacopeia Brasileira. Nela podemos observar as medidas padronizadas para que as peneiras possam ser consideradas de série grossa ou fina. Além disso, ela permite que seja possível fazer a conversão entre os sistemas de padronização e as medidas em polegadas ou milímetros. Classificação das peneiras A respeito de sua classificação, as peneiras podem ser classificadas em três tipos: Grelhas: constituídas por barras metálicas dispostas paralelamente. Crivos: constituídas por chapas metálicas planas ou curvas, perfuradas por um sistema de furos de várias formas e dimensão determinada. Telas: constituídas por fios metálicos trançados geralmente em duas direções ortogonais, de forma a deixarem entre si "malhas" ou "aberturas" de dimensões determinadas, podendo estas serem quadradas ou retangulares. Elas também podem ser classificadas de acordo com o seu movimento em duas categorias: Fixas: a única força atuante é a força de gravidade e por isso esses equipamentos possuem superfície inclinada. Um exemplo são as peneiras DSM. Móveis: podem ser rotativas ou vibratórias. Como exemplo temos as grelhas vibratórias. Como funciona, mecanismo e fundamentos Para proceder com a tamisação, o tamise ou o conjunto de tamises devem ser submetidos à agitação (mecânica ou manual), sem qualquer tipo de pressão sendo exercido sobre o sistema, por um determinado tempo para que as partículas do diâmetro de interesse consigam migrar através dos poros. Sendo assim, as partículas mais finas conseguem transpassar o filtro do tamise enquanto as mais grosseiras ficam retidas Em um processo de tamisação simples na qual o material de interesse é submetido apenas a um processo de peneiração, obtém-se uma separação mais grosseira em que só é possível conhecer os tamanhos da maior partícula que atravessa o filtro e o da menor entre as que não o fazem. Já em um processo de tamisação com várias peneiras acopladas, há uma separação mais refinada dos sólidos de interesse. Os diferentes diâmetros dos tamises empregados na separação permitem um conhecimento apurado do diâmetro de cada grupo de partículas processadas. Aplicações na indústria Farmacêutica A tamisação tem uma série de aplicações importantes na indústria farmacêutica, das quais destacam-se a uniformização dos pós farmacêuticos, como excipientes e insumos farmacêuticos ativos (IFA), a realização de análises granulométricas, nas quais ocorre caracterização do tamanho e granulometria dos materiais, podendo auxiliar imensamente no controle de qualidade de diversos produtos na área, tanto pela separação de impurezas quanto pela classificação do tamanho dos pós, como ocorre, por exemplo, na nona edição da farmacopeia portuguesa, em que há a distinção entre pós grossos, medianamente finos, finos e muito finos, a depender de qual porcentagem do mesmo passava por uma tamis de numeração específica. Por fim, a tamisação também pode interferir na biodisponibilidade de fármacos, principalmente os de forma farmacêutica sólida, já que a mesma está fortemente relacionada com a solubilização do fármaco, que depende muito do tamanho do pó e granulometria, com pós mais finos possuindo geralmente uma maior área de contato e facilitando a solubilização. Para trazer alguns exemplos de equipamentos industriais de tamisação e seu uso na indústria farmacêutica, compara-se três equipamentos diferentes, todos produzidos pela empresa Russel Finex, especializada na venda de maquinário desse tipo. O primeiro dos três equipamentos é a Russell Compact Airswept Sieve™, o qual contém não só a câmara e a tamis, onde ocorre a tamisação, mas também um sistema de transporte pneumático, capaz de transportar o material do seu local de armazenamento até o equipamento. Dessa forma, reduz-se muito a chance da ocorrência de vazamentos ou contaminação pelo pó, o que torna o equipamento mais seguro e prático para os operadores. Permitindo uma rápida classificação e separação dos materiais, propicia um grande aumento na produtividade, sendo capaz de, nas palavras da empresa “classificação e transporte em uma única operação”. Já o segundo aparelho, o Russell Compact Airlock Sieve™, tem como principal característica um sistema de fixação de câmara de ar capaz de uma contenção extremamente eficiente do material no interior, o que impede vazamentos durante a tamisação, protegendo os operadores de possível contato com o material. Seu uso mais comum é na tamisação de insumos farmacêuticos ativos (IFA), já que o risco de perda e vazamentos dos materiais é muito baixo, beneficiando tanto a produção quanto a segurança dos funcionários. Por fim, o Finex Separator™ é o aparelho mais indicado para a realização de uma separação mais precisa dos materiais durante o processo de tamisação. Muito utilizado para a classificação de materiais sólidos, seu sistema vibratório permite o acoplamento de até telas, permitindo a separação do material em até cinco frações de diferentes tamanhos, permitindo uma caracterização mais minuciosa do material utilizado.