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AULA 14 - CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCA - MANEJO DE PLANTAS DANINHAS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS II 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 39 
Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com 
CAPÍTULO 6: MANEJO DE PLANTAS DANINHAS 
 
6.1 INTRODUÇÃO 
 
Os tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das ervas da-
ninhas, adubação em cobertura e adoção de uma vigilância fitossanitária para contro-
lar a incidência do carvão. 
Em cana de açúcar, por causa das ervas daninhas estima-se que haja uma 
redução de 12 a 72 % na produção de cana dependendo da severidade da infestação. 
A natureza do problema das ervas no cultivo de cana de açúcar é muito dife-
rente do campo de outros cultivos por causa das seguintes razões: 
Cana de açúcar é plantada com um espaçamento entre fileiras relativamente 
largo. O crescimento da cana de açúcar é muito lento nos estágios iniciais. Isto leva 
ao redor de 30 - 45 dias para completar a germinação e outros 60 - 75 dias para 
desenvolver uma cobertura total de copa 
O cultivo cresce sob água abundante e condições nutricionais suficientes. 
Em cultivo safra um preparatório de perfilhamento é feito uma vez que as ervas 
daninhas que se estabeleceram no cultivo da planta tendem a florescer bem. 
As maiores ervas observadas em campos de cana de açúcar são: Sedges- 
Cyprus rotundus; Grasses-Cynodon dactylon, Sorghum helepense, Panicum spp., 
Dactylocternium aegyptium; Broad leaved weeds- Chenapodium album, Convolvulus 
arvensis L., Amaranthus viridis L., Portulaca oleraceae L., Commelina bengalensis L., 
Trianthema portulacastrum L. 
As ervas daninhas no campo de cana de açúcar além de competir por umidade 
e luz também removem ao redor de 4 vezes N e P e 2.5 vezes K comparadas ao 
cultivo durante os primeiros 50-dias. As ervas daninhas também contêm certas doen-
ças e pestes que atacam a cana de açúcar e levam á perdas indiretas. 
A pata de galinha (Cynodon dactylon), a grama cogan (Imperata cylindrica) são 
conhecidas como hospedeiros alternativos para a doença de raquitismo da safra da 
cana de açúcar. Portanto, as ervas daninhas essencialmente danificam gemas jovens 
de cana de açúcar privando-as de umidade, nutrientes e luz solar. Um cultivo pobre 
de cana resultante da infestação de ervas daninhas também afeta qualidade. 
As ervas daninhas que estão presentes nos sulcos ao longo das fileiras de cana 
causam mais danos do que aqueles presentes nos espaços entre fileiras durante os 
 
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sub-períodos de cultivo. Então, o período inicial de 90 - 120 dias do crescimento do 
cultivo é considerado o período mais crítico para a competição com as ervas. Portanto, 
a prática de gerenciamento de ervas daninhas adotada deverá garantir uma condição 
de campo livre de ervas para um período dos primeiros 3 - 4 meses. 
O controle mais eficiente as ervas, nesse período, é o químico, através da apli-
cação de herbicidas em pré-emergência, logo após o plantio e em área total. Depen-
dendo das condições de aplicação, infestação da gleba e eficiência do praguicida, há 
necessidade de uma ou mais carpas mecânicas e catação manual até o fechamento 
da lavoura. A partir daí a infestação de ervas é praticamente nula. 
Outro método é a combinação de carpas mecânicas e manuais. Instalada a 
cultura, após o surgimento do mato, procede-se seu controle mecanicamente, com o 
emprego de cultivadores de disco ou de enxadas junto às entrelinhas, sendo comple-
mentado com carpa manual nas linhas de plantio, evitando, assim, o assoreamento 
do sulco. Essa operação é repetida quantas vezes forem necessárias; normalmente 
três controles são suficientes. 
Após a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e pontas, cuja 
permanência prejudica a nova brotação e dificulta os tratos culturais. A maneira de 
eliminar esse material (paliço) seria a queima pelo fogo, porém essa prática não é 
indicada devido aos inconvenientes que ela acarreta, como falhas na brotação futura, 
perdas de umidade e matéria orgânica do solo e quebra do equilíbrio biológico. 
O enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "paliço" deixando 
duas, quatro ou seis ruas livres, dependendo da quantidade desse material. É reali-
zado por enleiradeira tipo Lely, implemento leve com pouca exigência de potência. 
Após a retirada da cana, o solo fica superficialmente compactado e impermeá-
vel à penetração de água, ar e fertilizantes. Visando à permeabilização do solo e con-
trole das ervas daninhas iniciais, diversos métodos e implementos podem ser usados. 
Existem no mercado implementos dotados de hastes semi-subsoladoras ou es-
carificadoras, adubadeiras e cultivadores que realizam simultaneamente, operações 
de escarificação, adubação, cultivo e preparo do terreno para receber a carpa química, 
exigindo, para tanto, tratores de aproximadamente 90 HPs. Normalmente, essa prá-
tica, conhecida como operação tríplice, seguida do cultivo químico, é suficiente para 
manter a soqueira no limpo. 
 
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Além desse sistema, o emprego de cultivadores ou enxadas rotativas com tra-
ção animal ou mecânica apresenta bons resultados. Devido ao rápido crescimento 
das soqueiras, o número de carpas exigidos é menor que o da cana planta. 
 
6.2 HERBICIDAS RECOMENDADOS 
 
Um programa químico para controlar as ervas daninhas pode ajudar os agricul-
tores a produzir produções máximas de cana de açúcar quando combinadas com prá-
ticas agronômicas tais como cultivo temporal, seleção de variedades adaptadas, fer-
tilização apropriada, e controle de doença e insetos. Herbicidas são caros e ao menos 
que aplicados apropriadamente e no tempo correto, eles não proporcionarão controle 
máximo de ervas daninhas (Tabela 1). 
Equipamentos de pulverização devem estar em boas condições, calibrados 
apropriadamente (várias vezes durante a estação) e devem ter uma capacidade de 
agitação vigorosa (especialmente importante para pós solúveis). Herbicidas também 
devem ser medidos e pesados com precisão. 
Herbicidas para controlar ervas daninhas são essenciais para prevenir a com-
petição com as ervas e perdas na produção de cana de açúcar. A cana de açúcar é 
mais suscetível a competição com as ervas durante as primeiras 8 a 10 semanas 
depois da emergência da cana. Ao menos que os herbicidas sejam aplicados imedia-
tamente depois do plantio, as sementes de ervas presentes no solo seguidas de um 
programa de descanso do solo germinarão, produzindo ervas viáveis e/ou rizomas 
Como resultado, as ervas podem rapidamente infestar novamente o campo, 
com os benefícios do controle das ervas haverá uma perda rápida. 
A seleção de herbicidas pré-emergenciais devem ser baseados na textura do 
solo e conteúdo do material orgânico, problemas com as ervas e a variedade da cana 
de açúcar. Para resultados melhores, apliques herbicidas pré-emergenciais imediata-
mente depois do plantio. 
 
 
 
 
 
 
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Tabela 1. Herbicidas pré e pós emergenciais para o controle de ervas dani-
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REFERÊNCIAS 
 
BRIGHENTI, A. M. Manual de Identificação e Manejo de Plantas Daninhas em 
Cultivos de Cana-de-açúcar. Embrapa Gado de Leite. Juiz de Fora, MG, 2010. 112p. 
CARVALHO, F. T. DE.; MORETTI, T. B. Manejo de plantas daninhas em cana-de-
açúcar (Saccharum spp.) cultivada com a operação de quebra-lombo visando à co-
lheita mecanizada. Revista Brasileira de Herbicidas, v.9, n.1, p.1-8, jan./abr. 2010. 
SANDANIEL, C. R.; FERNANDES, L. B.; BARROSO, A. L. de L. Controle de plantas 
daninhas em cana soca com herbicidas aplicados em pré-emergência. Nucleus, Edi-
ção Especial, 2008.