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CONSTITUIÇÃO E TRIBUTAÇÃO Juliano Lautert Revisão técnica: Gustavo da Silva Santanna Bacharel em Direito Especialista em Direito Ambiental Nacional e Internacional e em Direito Público Mestre em Direito Professor em cursos de graduação e pós-graduação em Direito Cata logação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147 C756 Constituição e tributação / Magnum Koury de Figueiredo Eltz... [et a l.] ; [revisão técnica: Gustavo da Silva Santanna]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 346 p. : il. ; 22,5 cm ISBN 978-85-9502-404-5 1. Direito constituciona l. 2. Direito tributário. I. Eltz, Magnum Loury de Figueiredo. II.Título. CDU 34(091) LIVRO_Constituicao e Tributacao.indb 2 30/04/2018 16:23:12 Desenvolvimento econômico e sustentabilidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir desenvolvimento econômico. Identificar as vantagens da sustentabilidade econômica. Analisar a importância da união entre sustentabilidade econômica e ambiental. Introdução Você sabe o que é desenvolvimento econômico? O desenvolvimento econômico é um acontecimento histórico que aproxima a economia das demais ciências sociais. Ele surge nas nações, nos estados e nas cidades que realizam a sua revolução capitalista e se define pelo au- mento sustentado da produtividade ou da renda por habitante, junto com um sistemático processo de acumulação de capital e incorporação de progresso técnico. O desenvolvimento econômico não se restringe ao crescimento da produção em uma região, pois diz respeito também aos aspectos qualitativos desse crescimento. Assim, é indispensável cuidar para que esse desenvolvimento aconteça de forma sustentável, para não prejudicar a qualidade de vida futura. Um aspecto importante para o desenvolvimento sustentável é a sus- tentabilidade econômica, ou seja, a otimização dos processos produtivos e a diminuição dos níveis de poluição. A atuação sustentável está cada vez mais presente no dia a dia da população e há empreendedores que estão preocupados com os efeitos dos seus processos produtivos. Eles buscam se colocar a par da tendência global por um desenvolvimento que inclua também os aspectos sociais e ambientais. Neste capítulo, você vai analisar a definição de desenvolvimento econô- mico e as vantagens da sustentabilidade econômica, além da importância de a sustentabilidade econômica e ambiental caminharem juntas. LIVRO_Constituicao e Tributacao.indb 251 30/04/2018 16:24:34 Desenvolvimento econômico Desenvolvimento econômico é um termo das ciências econômicas passível de diversas interpretações, dada a sua abrangência. Consideradas separa- damente, as palavras que compõem esse termo podem ser encontradas no Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (FERREIRA, 2010) assim defi nidas: desenvolvimento está relacionada a aumento ou progresso e econômico se relaciona a economia ou algo a ela relativo. Assim, poderíamos relativizar o termo como um sinônimo de progresso da economia, que, por sua vez, será observado no sentido de produtividade, renda por habitante, acumulação de capital, etc. Ou seja, o fator comum desses termos relacionados ao aumento ou progresso da economia está exatamente no que se refere à melhoria da qualidade de vida das pessoas. Nesse aspecto, na sua obra célebre A Riqueza das Nações, de 1776, Adam Smith (2009) estabelece que a riqueza de uma nação se forma com base na sua capacidade de produzir, que trará novos lucros e, em sucessão, esses lucros trarão novos investimentos em capitais produtivos. A partir daí, esse processo se transformará em um ciclo de desenvolvimento da economia. Fato é que um conjunto de ações que a princípio são independentes (investimentos para o aumento da produtividade) trazem, mesmo que de forma indireta, benefícios ao coletivo quando são tomadas na mesma direção. Isso porque os trabalhadores, envolvidos na produtividade, transferem os seus rendimentos sob forma de consumo a outros interessados, que acabam por necessitar aumentar a sua capacidade de produzir, gerando um ciclo de crescimento. Em resumo, o desenvolvimento econômico é um processo que começa a ocorrer nas nações, nos estados e nas cidades quando elas realizam a sua revolução capitalista e se definem pelo aumento sustentado da produtividade ou da renda por habitante, junto com um sistemático processo de acumulação de capital e incorporação de progresso técnico. Por fim, o desenvolvimento econômico não se restringirá apenas ao cres- cimento da produção em uma região, mas principalmente aos aspectos qua- litativos relacionados ao crescimento. Conjugando esses fatores, poderemos Desenvolvimento econômico e sustentabilidade252 LIVRO_Constituicao e Tributacao.indb 252 30/04/2018 16:24:34 observar que o real desenvolvimento econômico é um processo histórico, que transfere às ciências econômicas o aspecto de ciência social, uma vez que avalia as condições de realização dos pré-requisitos apontados. Dessa forma, relacionamos o termo aumento da economia com desenvolvimento quando o aumento ocorre por meio de um processo histórico que não encontra fronteiras em regiões, comportando-se como um conjunto de acontecimentos relacionados à melhoria da qualidade de vida das pessoas. São essas pessoas que sustentam o aumento da produtividade e, por conseguinte, o processo de acumulação de capital. Sustentabilidade econômica Uma vez analisado o desenvolvimento econômico como um processo histórico baseado na colaboração e interessado no aumento da produtividade, distri- buindo renda por meio do consumo, precisamos atentar para a sustentabilidade desse processo. O aumento da produtividade está relacionado ao aumento das relações de consumo que, quando descontrolado, poderá exaurir a sua própria capacidade. Dessa forma, a atuação sustentável está cada vez mais presente no cotidiano dos consumidores e gera uma precaução coletiva para com os efeitos dos processos produtivos, o que faz buscar tendências globais por um desenvolvimento que considere inclua os aspectos sociais e ambientais. Um fator relevante para o desenvolvimento sustentável de uma região é a sustentabilidade econômica, que é a otimização dos processos produtivos que, além de aumentar a produtividade, procura minimizar o consumo dos recursos disponíveis. Assim, a sustentabilidade integra um conjunto de práticas eco- nômicas (geração de riqueza), financeiras (transferência das riquezas geradas) e governamentais (criação de políticas públicas) que visam ao crescimento econômico de uma região, preservando os recursos disponíveis e garantindo a manutenção do próprio crescimento. Desse modo, podemos destacar os três pilares abaixo apresentados, que em colaboração entre si produzem a sustentabilidade econômica. Praticas econômicas Tratadas na forma de geração de riqueza, as práticas econômicas se concentram na atividade empresarial, visualizada como essencialmente lucrativa e realizada de forma habitual, profi ssional e organizada. As empresas, por sua vez, são a reunião de pessoas (empresários) que se organizam por objetivo em comum: 253Desenvolvimento econômico e sustentabilidade LIVRO_Constituicao e Tributacao.indb 253 30/04/2018 16:24:34 o lucro. Essa organização é conhecida como sociedade empresária. Coelho (2010) e Doria (2000) defi nem sociedade empresária como a reunião de duas ou mais pessoas para exercer uma atividade econômica. Também podemos pensar nessa organização como um conjunto de pessoas que trabalham juntas e que buscam alcançar objetivos por meio da gestão de recursos humanos, materiais e fi nanceiros (CHIAVENATO, 1994). Por fi m, quando temos um conjunto de empresários, formamos uma sociedade empresária; quando essa sociedade assume aspectos jurídicos, norteados pelo direito empresarial, temos formada uma empresa. Práticas financeiras A formação de riqueza está baseada no trabalho, que gera a produtividade, a qual, por fi m, acarreta riqueza.Certo é que o trabalho enquanto produção de riqueza se baseia na remuneração. Ou seja, os trabalhadores são remunerados por intermédio da transferência de riqueza, visto que os empresários remuneram os indivíduos pelos trabalhos por eles prestados. Vinculando essa conceituação à sustentabilidade econômica, podemos defi nir que será sustentável a economia que der aos trabalhadores oportunidades de usufruir da renda gerada pelo seu trabalho e conseguir evitar o desemprego. A partir daí, as políticas públicas são defi nidas em resposta ao grau de carência de emprego. Práticas governamentais Firmadas as condições econômicas e fi nanceiras para a sustentabilidade eco- nômica, enfrentaremos a questão relativa à infraestrutura necessária para suportar a vida em sociedade. Posto que os recursos disponíveis para a vida coletiva serão exauridos por causa do consumo, as políticas públicas de suporte ao desenvolvimento são inseridas para dar continuidade às ativida- des econômicas e fi nanceiras. Entre outros aspectos, essas políticas devem observar a infraestrutura necessária, os incentivos fi scais para incremento contínuo da geração de riqueza, a fi scalização e a punição das empresas que descumprirem as normas de convivência (leis) e, ainda, estabelecer conexão entre o bem comum e os interesses empresariais individuais. Nessa lógica, verificamos a importância da manutenção dos recursos de todo o tipo, principalmente dos que serão consumidos em função da gera- ção de riqueza. Entendemos a necessidade de uma conciliação por meio de políticas econômicas entre o desenvolvimento econômico (geração de renda, empregos e crescimento econômico) com o uso racional de recursos naturais Desenvolvimento econômico e sustentabilidade254 LIVRO_Constituicao e Tributacao.indb 254 30/04/2018 16:24:34 e a proteção do meio ambiente. A união desses fatores é o que chamamos de sustentabilidade ambiental, política e econômica. Leia, no link abaixo, o artigo “Políticas públicas para a geração de trabalho e renda: economia solidária no pa- radoxo entre oportunidade e oportunismo” (CASSANDRE et al., 2013). https://goo.gl/ydRx4w Importância da união entre sustentabilidade econômica e ambiental Verifi cados o desenvolvimento e a sustentabilidade econômica e como eles levam ao consumo de recursos, devemos atentar para o fato de que esses recursos são fi nitos e deverão ser renovados para a manutenção do próprio processo de desenvolvimento, tornando-o sustentável. Para isso, não pode- mos pretender a sustentabilidade da economia sem aliá-la à sustentabilidade ambiental, compreendendo que os meios de produção e os ecossistemas do planeta devem estar sincronizados para o bom desenvolvimento mútuo. Por isso, o crescimento econômico está aliado ao desenvolvimento de tec- nologias capazes de impor barreiras para que a disponibilidade de recursos ambientais não seja infinitamente transposta (ROMEIRO, 2003). A esse respeito, a utilização consciente dos recursos naturais acontece com o funcionamento eficiente dos meios de produção e com a sua capacidade de melhorar a reserva de recursos. Evidentemente, constitui-se assim um processo de otimização de recursos, que vinculado ao aspecto econômico empresarial deve se tornar atrativo e lucrativo para as empresas e deve criar um cenário a ser estimulado. Cabe aos governos a função de estimular, regular e estipular regras e punições aos que não cumprirem essas normativas. Aliado a isso, a conscientização da população consumidora gera uma política natural de precificação dos mercados, incluindo benefícios aos produtos produzidos pelas empresas ambientalmente sustentáveis, ou seja, que utilizam recursos naturais de forma consciente. Para unir o desenvolvimento econômico à sustentabilidade ambiental, é preciso planejamento, acompanhamento e avaliação dos resultados obtidos e 255Desenvolvimento econômico e sustentabilidade LIVRO_Constituicao e Tributacao.indb 255 30/04/2018 16:24:35 sucessiva verificação das condutas de consumo que possuem, direta ou indi- retamente, algum impacto no meio ambiente a curto, médio ou longo prazo. Ampliando o conceito, podemos definir que uma empresa será economicamente sustentável quando produzir e comerciar seus produtos de forma competitiva sem afetar o equilíbrio ambiental do meio em que está inserida, explorando a performance máxima de seus trabalhadores e gerando condições de consumo que possam ser renovadas. Observando essas normas de conduta, reconhecemos a importância da união entre sustentabilidade econômica e ambiental, que geram benefícios tanto para os clientes quanto para as empresas, como: os consumidores conscientes tendem a consumir produtos que respeitam as condições da renovação ambiental; com atitudes sustentáveis, a sociedade em geral gera economia, tanto no presente quanto no futuro, aumentando a rentabilidade dos produtos a médio e longo prazo; com as condições do meio ambiente preservadas, existe uma maior possibilidade de melhora na qualidade de vida das pessoas; com a melhora da qualidade de vida das pessoas, as relações de consumo entre clientes e empresas tendem a ser prolongadas; a concepção de preservação do meio ambiente melhora as condições tecnológicas de consumo, criando campos para o desenvolvimento de novas tecnologias na busca por fontes renováveis de energia, como a energia solar e a energia eólica; com a consciência ambiental efetiva, novas formas de trabalho surgem, como por exemplo o processo de reciclagem de resíduos, o que auxilia o próprio desenvolvimento econômico. A importância da união entre sustentabilidade econômica e ambiental é evidente à medida que percebemos que a nossa sociedade vive em um ambiente de consumo de recursos, que estão se exaurindo indiscriminadamente e tendem a ser finitos. Estamos falando de um processo diário de conscientização e controle. Desenvolvimento econômico e sustentabilidade256 LIVRO_Constituicao e Tributacao.indb 256 30/04/2018 16:24:35 Leia, no link abaixo, o artigo “Sustentabilidade econô- mica e ambiental: um ideal da sociedade internacional” (PINHEIRO; BASSOLI, 2005). https://goo.gl/LjNh5Y 257Desenvolvimento econômico e sustentabilidade LIVRO_Constituicao e Tributacao.indb 257 30/04/2018 16:24:36 CASSANDRE, M. P. et al. Políticas públicas para a geração de trabalho e renda: economia solidária no paradoxo entre oportunidade e oportunismo. Gestão e Sociedade, Belo Horizonte, v. 7, n. 17, p. 167-185, maio/ago. 2013. Disponível em: <https://www.gestao- esociedade.org/gestaoesociedade/article/view/1561/1041>. Acesso em: 12 mar. 2018. CHIAVENATO, I. Administração de empresas: uma abordagem contingencial. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1994. COELHO, F. U. Manual de Direito Comercial. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. DORIA, D. Curso de Direito Comercial. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. v. III. FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio da língua portuguesa: edição histórica 100 anos. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010. PINHEIRO, A. C. D.; BASSOLI, M. K. Sustentabilidade econômica e ambiental: um ideal da sociedade internacional. Scientia Iuris, Londrina, v. 9, p. 109-130, 2005. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/iuris/article/view/4044/3595>. Acesso em: 12 mar. 2018. ROMEIRO, A. R. Economia ou economia política da sustentabilidade. In: MAY, P. H.; LUSTOSA, M. C.; VINHA, V. (Org.). Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus, 2003. p. 1-29. SMITH, A. A riqueza das nações. São Paulo: Madras, 2009. Leituras recomendadas SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2000. SILVA, M. A. R. Economia dos recursos naturais. In: SILVA, M. A. R. Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. p. 33-60.
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