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SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA Saúde M ental e Cuidado de Enferm agem em Psiquiatria Thais Rose BaudraccoThais Rose Baudracco GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro Nesta unidade serão abordados os temas introdutórios à saúde mental e as modi� ca- ções que têm sofrido ao longo dos anos. Sua história, inicialmente tão conturbada, foi acompanhada pela área da enfermagem. Doenças mentais sempre foram uma incógnita para a humanidade, mas os avanços cientí� cos comprovaram os mecanismos � siopatológicos dos transtornos mentais. O funcionamento neurológico modi� ca uma série de neurotransmissores, bem como a sua circuitaria neural. Enquanto algumas causas são conhecidas, outras necessitam de mais estudos. É isso, portanto, que faz esta área interessante, já que as linhas de conhecimentos e pesquisas nunca se esgotam. O mandamento da enfermagem de ressaltar sempre o atendimento humanizado e holístico é intrínseco à assistência em saúde mental. Os conhecimentos técnico-cien- tí� cos inerentes à disciplina, a importância do cuidar do ser como um todo, de esta- belecer contato e relacionamento terapêutico, faz com que a saúde mental tenha um olhar diferenciado em relação ao paciente. Os aspectos clínicos são relevantes, contudo, o enfermeiro que trabalha com saúde mental deve ter um olhar apurado, livre de preconceitos e com o psiquismo aberto para compreender as pessoas acometidas por doenças mentais. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA Capa_SER_ENFERMA_SMCEP.indd 1,3 05/10/2020 11:42:12 © Ser Educacional 2019 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Thais Rose Baudracco DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 2 05/10/2020 11:36:33 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 3 05/10/2020 11:36:33 Unidade 1 - Comunicação e relacionamento terapêutico Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 Comunicação e relacionamento terapêutico ................................................................. 13 Conceito de saúde e doença mental ................................................................................ 15 Funções psíquicas e psicopatologia ................................................................................ 18 Consciência ...................................................................................................................... 18 Atenção ............................................................................................................................. 20 Tempo e espaço ............................................................................................................... 21 Memória ............................................................................................................................ 22 Sensopercepção ............................................................................................................. 23 Reforma psiquiátrica no Brasil .......................................................................................... 24 Serviços de atendimento em saúde mental e psiquiatria ............................................ 26 Correntes psiquiátricas e tratamento dos distúrbios mentais .................................... 28 Tratamentos psiquiátricos.............................................................................................. 31 Papel da enfermagem em saúde mental e psiquiatria .................................................. 31 Orientação e educação em saúde mental ....................................................................... 33 Teoria de crise ...................................................................................................................... 35 Sintetizando ........................................................................................................................... 38 Referências bibliográficas ................................................................................................. 40 Sumário SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 4 05/10/2020 11:36:33 Sumário Unidade 2 - Aspectos fundamentais para a realização da assistência de enfermagem em saúde mental Objetivos da unidade ........................................................................................................... 45 Teoria da psicodinâmica ..................................................................................................... 46 Fases do desenvolvimento psicossocial de Freud .................................................... 48 Psicodinâmica no tratamento de transtornos psiquiátricos .................................... 49 A psicodinâmica do trabalho em enfermagem .......................................................... 50 Processo de enfermagem em saúde mental e psiquiatria ........................................... 51 Cuidado de enfermagem à pessoa submetida à psicofarmacoterapia ...................... 53 Tipos de psicofármacos ................................................................................................. 54 Desafios à adesão de tratamento com psicofármacos ............................................ 58 Álcool e drogas ..................................................................................................................... 60 Tratamento no CAPS-AD ................................................................................................ 64 Saúde mental e trabalho ..................................................................................................... 65 A síndrome de burnout na enfermagem ...................................................................... 67 Teoria do estresse ................................................................................................................ 68 Explicação neuroendócrina ao estresse ..................................................................... 69 A relação da família com o portador de transtorno mental ......................................... 71 Sintetizando ........................................................................................................................... 73 Referências bibliográficas .................................................................................................76 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 5 05/10/2020 11:36:33 Sumário Unidade 3 - Intervenções de enfermagem em pessoas acometidas por transtornos mentais I Objetivos da unidade ........................................................................................................... 82 Intervenções de enfermagem à pessoa com comportamento esquizofrênico e transtornos delirantes ......................................................................................................... 83 Demência precoce e esquizofrenia ............................................................................. 83 Dopamina .......................................................................................................................... 84 Serotonina ........................................................................................................................ 85 Glutamato .......................................................................................................................... 86 Outros fatores que podem contribuir para a gênese da esquizofrenia ................. 87 Outros transtornos delirantes ....................................................................................... 88 Intervenções de enfermagem em esquizofrenia e outros transtornos delirantes ...... 98 Intervenções de enfermagem à pessoa com comportamento decorrente de transtornos de humor ........................................................................................................... 90 Depressão ......................................................................................................................... 90 Neurobiologia da depressão ......................................................................................... 91 Transtorno afetivo bipolar (TAB) ................................................................................... 93 Fisiopatologia do TAB ..................................................................................................... 95 Intervenções de enfermagem nos indivíduos acometidos por transtornos de humor 96 Intervenções de enfermagem à pessoa com comportamento decorrente dos transtornos de personalidade ............................................................................................ 97 Grupo A ............................................................................................................................. 98 Grupo B ............................................................................................................................. 99 Grupo C ............................................................................................................................ 103 Intervenções de enfermagem aos indivíduos acometidos por transtornos de personalidade .. 104 Sintetizando ......................................................................................................................... 105 Referências bibliográficas ............................................................................................... 106 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 6 05/10/2020 11:36:33 Sumário Unidade 4 - Intervenções de enfermagem em pessoas acometidas por transtornos mentais II Objetivos da unidade ......................................................................................................... 109 Intervenções de enfermagem a pessoas com transtornos de ansiedade ............... 110 Gênese da ansiedade ................................................................................................... 111 Transtornos fóbicos....................................................................................................... 113 Transtorno do pânico .................................................................................................... 114 Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) ....................................................... 115 Intervenções de enfermagem em pessoas acometidas por transtornos de ansiedade ..................................................................................................................117 Intervenções de enfermagem a pessoas com manifestações de comportamento decorrente de demência ................................................................................................... 119 Doença de Alzheimer (DA) ........................................................................................... 119 Demência Vascular (DV) .............................................................................................. 122 Demência com Corpos de Lewy (DCL) ....................................................................... 123 Demência Frontotemporal (DFT) ................................................................................. 124 Intervenções de enfermagem em pessoas acometidas por demências ............. 126 Enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções de enfermagem .... 127 Comportamentos propensos à crise e intervenções de enfermagem ................. 128 Sintetizando ......................................................................................................................... 132 Referências bibliográficas ............................................................................................... 133 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 7 05/10/2020 11:36:33 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 8 05/10/2020 11:36:33 Nesta unidade serão abordados os temas introdutórios à saúde mental e as modifi cações que têm sofrido ao longo dos anos. Sua história, inicialmente tão conturbada, foi acompanhada pela área da enfermagem. Doenças mentais sempre foram uma incógnita para a humanidade, mas os avanços científi cos comprovaram os mecanismos fi siopatológicos dos transtornos mentais. O funcionamento neurológico modifi ca uma série de neurotransmisso- res, bem como a sua circuitaria neural. Enquanto algumas causas são conhecidas, outras necessitam de mais estudos. É isso, portanto, que faz esta área interessan- te, já que as linhas de conhecimentos e pesquisas nunca se esgotam. O mandamento da enfermagem de ressaltar sempre o atendimento humani- zado e holístico é intrínseco à assistência em saúde mental. Os conhecimentos técnico-científi cos inerentes à disciplina, a importância do cuidar do ser como um todo, de estabelecer contato e relacionamento terapêutico, faz com que a saúde mental tenha um olhar diferenciado em relação ao paciente. Os aspectos clínicos são relevantes, contudo, o enfermeiro que trabalha com saúde mental deve ter um olhar apurado, livre de preconceitos e com o psiquismo aberto para compreender as pessoas acometidas por doenças mentais. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 9 Apresentação SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 9 05/10/2020 11:36:33 Dedico este material à Damaris (In Memoriam), Celso (In Memoriam), Marcel, e à luz da minha vida, Sofi a. A professora Thais Rose Baudracco é especialista em Enfermagem Oncoló- gica, graduada em Enfermagem e pes- quisadora em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Neuro-onco- logia pela UNIFESP/EPM e pela Faculda- de de Medicina da USP. Ministrou aulas da disciplina de Saúde Mental para cur- sos de nível técnico e de graduação em Enfermagem de 2005 a 2013. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0994094532355127 SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 10 A autora SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 10 05/10/2020 11:36:37 COMUNICAÇÃO E RELACIONAMENTO TERAPÊUTICO 1 UNIDADE SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 11 05/10/2020 11:37:04 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Reconhecer a importância da comunicação no relacionamento terapêutico para a assistência de enfermagem em saúde mental; Estabelecer o significado de saúde e doença mental; identificar os aspectos inerentes ao adoecimento mental; Identificar as principais funções psíquicas; conhecer as principais alterações nas funções psíquicas que as doenças mentais podemcausar; Conhecer a razão do surgimento do movimento antimanicomial; Conhecer os principais serviços de atendimento em saúde mental depois da Reforma Psiquiátrica; Conhecer os principais aspectos históricos das correntes psiquiátricas; Identificar o papel da enfermagem em saúde mental e psiquiatria; Estabelecer a importância da educação em saúde mental para a população; Conhecer o que é crise em saúde mental; estabelecer as etapas para assistência de enfermagem ao paciente com crise. Comunicação e relacionamento terapêutico Conceito de saúde e doença mental Funções psíquicas e psicopa- tologia Consciência Atenção Tempo e espaço Memória Sensopercepção Reforma psiquiátrica no Brasil Serviços de atendimento em saúde mental e psiquiatria Correntes psiquiátricas e trata- mento dos distúrbios mentais Tratamentos psiquiátricos Papel da enfermagem em saúde mental e psiquiatria Orientação e educação em saú- de mental Teoria de crise SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 12 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 12 05/10/2020 11:37:05 Comunicação e relacionamento terapêutico A comunicação e o relacionamento terapêutico são instrumentos fundamen- tais na assistência de enfermagem na saúde mental, e procuram estabelecer um espaço de acolhimento e vínculo entre o enfermeiro e o paciente durante o processo de tratamento. Assim, segundo Firmino e colaboradores (2018), esses instrumentos se re- lacionam com a teoria da enfermeira e educadora norte-americana, Hildegard Elizabeth Peplau (1909-1999), que publicou sua obra em 1952, denominada In- terpersonal relations in nursing, resultado de seu doutorado em enfermagem psi- quiátrica. O livro de Peplau aborda o relacionamento interpessoal em enfermagem, na medida em que a autora considera o paciente como um ser holístico, ou seja, um ser completo sob o ponto de vista biopsicossocial e espiritual (FIRMINO e colaboradores, 2018). Sabe-se que a enfermagem envolve diversas situações delicadas no cotidia- no, tais como sofrimento, dor, angústia e medo. Portanto, diante desse cenário de vulnerabilidade, as relações interpessoais são de suma importância para es- tabelecer a confi ança e o vínculo entre enfermeiros, pacientes e familiares, a fi m de proporcionar melhor qualidade de vida do paciente no enfrentamento da doença que o acomete (KATORSKI e colaboradores, 2005). De acordo com a teoria de Peplau, a assistência de enfermagem deve ser individualizada, pautada na problemática e nas necessidades do paciente. Desse modo, sua teoria sofreu infl uências de ciências comportamentais, que permitiram classifi cá-la como interacio- nista e explicativa, na medida em que o processo de relacionamento interpes- soal é inerente à enfermagem, a partir da interação que se estabelece entre enfermeiro-paciente (FIRMINO e colabo- radores, 2018). Para que o processo de interação ocorra, há quatro etapas envolvidas no processo de enfermagem de Peplau, demonstradas no Quadro 1: SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 13 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 13 05/10/2020 11:37:05 QUADRO 1. AS QUATRO ETAPAS NO PROCESSO DE ENFERMAGEM DE PEPLAU 1 - Orientação Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades frente à sua problemática. 2 - Identifi cação Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. 3 - Exploração O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse profi ssional tem a oferecer. 4 - Resolução Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para retornar ao seu lar. Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades frente à sua problemática. Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades frente à sua problemática. Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades frente à sua problemática. Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades frente à sua problemática. Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades frente à sua problemática. Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades frente à sua problemática. Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades frente à sua problemática. Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse profi ssional tem a oferecer. Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades frente à sua problemática. Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurançadurante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse profi ssional tem a oferecer. Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse profi ssional tem a oferecer. Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse profi ssional tem a oferecer. Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para retornar ao seu lar. Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse profi ssional tem a oferecer. Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para retornar ao seu lar. Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse profi ssional tem a oferecer. Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para retornar ao seu lar. Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, confi ança e segurança durante o tratamento. O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse profi ssional tem a oferecer. Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para retornar ao seu lar. Primeiro contato com o paciente e estabelecimento das necessidades Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse profi ssional tem a oferecer. Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para retornar ao seu lar. Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse profi ssional tem a oferecer. Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para retornar ao seu lar. Vínculo com o paciente para estabelecer um espaço de acolhimento, O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para O enfermeiro é reconhecido pelo paciente como profi ssional que compreende as necessidades das relações interpessoais naquele momento. Ele deve, portanto, explorar os serviços que esse Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para Satisfeitas as necessidades do paciente, ele deve estar apto para Fonte: FIRMINO, 2018. Diante do processo de enfermagem da teorista Peplau, faz-se necessário abor- dar outro instrumento fundamental para que o vínculo entre enfermeiro-paciente seja obtido: a comunicação terapêutica, que é um fator indispensável para o êxito do processo assistencial de enfermagem. Sabe-se que a comunicação é um instrumento importante para as interações humanas, pois é por meio dela que se expressam sentimentos, informações e ne- cessidades a serem atendidas pela equipe de enfermagem, que também usará esse recurso para orientar, informar e planejar ações de enfermagem para o pa- ciente em tratamento (PONTES; LEITÃO; RAMOS, 2008). Para que a comunicação seja efi caz, antes de tudo, é necessário que haja em- patia. A humanização da enfermagem passa pela habilidade de colocar-se no lugar do outro. A partir da empatia, então, a interação, o vínculo e o processo comu- nicativo obterão êxito. Em seguida, deve haver um emissor da mensagem e um receptor para que a informação seja decodifi cada. No trabalho de Pontes, Leitão e Ramos (2008), a comunicação terapêutica visa identifi car e atender às necessidades de saúde do paciente, para que o processo de enfermagem possa incentivar a aprendizagem e transmitir ao cliente confi ança e segurança diante da sua estadia em determinada instituição de saúde. Silva (1996) afi rma que o processo de comunicação é rea- lizado pelo corpo inteiro e o profi ssional da área da saúde deve estar preparado para decodifi car as linguagens fala- das (verbais) e as não faladas, denominada comunicação não-verbal. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 14 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 14 05/10/2020 11:37:11 A percepção do profi ssional da área da saúde deve estar apurada, pois res- salta-se que mais de 50% da comunicação entre as pessoas é realizada por meio de sinais, gestos e expressões corporais. Desse modo, o processo de comunica- ção para o paciente faz com que ele se sinta acolhido ou rejeitado diante de um grupo e, assim, sentirá confi ança ou insegurança diante do grupo que o assiste (SILVA, 1996). Para Sequeira (2014), a comunicação terapêutica é uma metacomunicação, no sentido que pressupõe o conhecimento de todos os componentes comunica- tivos por parte da equipe de saúde, o que infl uenciará no resultado terapêutico. Diante disso, o autor cita algumas das principais técnicas de comunicação não- -verbal, tais como a escrita, o toque, a distância, o olhar, o silêncio, o tom de voz, informações, aceitação, entre outros fatores. Segundo Pontes, Leitão e Ramos (2008) a comunicação é um ato dinâmi- co, pois o emissor pode ser o receptor da mensagem e vice-versa, portanto, o profi ssional de enfermagem ou da área da saúde precisa desenvolver habilidades comunicativas para que ele possa decifrar as informações verbais e não-verbais, a fi m de estabelecer um relacionamen- to interpessoal com o paciente e, assim, promover a saúde do indivíduo em tratamento. Conceito de saúde e doença mental O conceito de saúde é complexo, pois não signifi ca apenas a mera ausência de doença, é algo mais amplo a ser discutido por todos os profi ssionais da área da saúde. Segundo Morais e colaboradores (2012), há três conceitos sobre saúde, de acordo com os seguintes aspectos: • O modelo médico, que conceitua saúde como ausência de doença;• O conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 1947, de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença; • O conceito ecológico, que consiste no conjunto de contextos biopsicosso- ciais e culturais. O conceito de saúde da OMS leva em consideração todos os fatores que englobam o ser humano, no entanto, a palavra “completo” levanta indagações. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 15 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 15 05/10/2020 11:37:11 Alguns autores relatam a utopia que o termo desencadeia o questionamento: será mesmo que todos podem usufruir de um bem-estar total em suas vidas? Ao levar em consideração fatores existentes nas grandes cidades, como, por exemplo, o trânsito e, por consequência, o tempo gasto durante o percurso para o trabalho, será que isso não afeta a saúde do trabalhador? Então, o con- ceito de totalidade acaba irreal no mundo de hoje, pois sempre haverá algo que não traz completo bem-estar. Se é tão complexo conceituar saúde, como definir o que é saúde mental? Para Sampaio (1998), saúde mental é todo o comportamento que se ajusta à sociedade, ou melhor, a racionalidade, sob inúmeros enfoques sociais, tais como religiosos, jurídicos, econômicos (sob a economia capitalista), entre ou- tros. Assim, tudo que for contrário à normalidade desenvolvida pelo homem moderno, é insanidade. De acordo com o Ministério da Saúde (2003), o termo saúde mental está relacionado não somente ao diagnóstico de transtornos mentais, mas com a tarefa de promover a saúde, reabilitar e reinserir o paciente na sociedade. Para a OMS, saúde mental é um estado de bem-estar em que o ser huma- no pode mostrar as suas capacidades, enfrentar os estresses do cotidiano, ser produtivo em sua atividade labo- ral, prosperar e contribuir com a so- ciedade na qual convive (World Health Organization, 2001 apud Ribeiro e co- laboradores, 2015). Contudo, sabe-se que a maioria dos indivíduos pode não ter em sua vida a chance de obter to- dos os fatores preconizados pela OMS, não por falta de capacidade, mas pelas condições que possuem e pelo local onde vivem. Assim, a sociedade põe o homem e sua saúde mental à prova diante de todas as dificuldades encontradas na vida, tais como desemprego, violência, falta de habitação, saúde e educação minimamente adequadas. Nesse sentido, as dificuldades externas podem desencadear as doenças mentais, principal- mente se o indivíduo já for propenso, a partir de sua genética ou neurobiologia. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 16 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 16 05/10/2020 11:37:15 DIAGRAMA 1. INTERLIGAÇÕES DE FATORES INTERNOS E EXTERNOS E DOENÇA MENTAL Fatores comportamentais Fatores biológicosDoença mental Fatores sociais Fatores psicológicos Fonte: OMS, 2002. (Adaptado). A partir desse diagrama, percebemos que a doença mental é intrínseca a todos os fatores que envolvem o indivíduo durante a sua vida. Assim, saúde e doença mental não são eventos separados, mas estão diretamente interliga- dos com tudo que ocorre ao redor do ser humano e como ele lida com esses acontecimentos. Sendo assim, a doença mental é uma alteração na forma de pensar, organizar e expressar os sentimentos diante de eventos estressores ou situa- ções do cotidiano que acarretam um grande sofrimento psíquico ao indivíduo. Veja o Diagrama 1 sobre os fatores envolvidos na doença mental: SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 17 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 17 05/10/2020 11:37:15 Desse modo, as funções psíquicas serão descritas separadamente. Transtornos mentais Funções psíquicas comprometidas Transtornos psico-orgânicos Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Transtornos afetivos, neuróticos e de personalidade Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Transtornos psicóticos Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade versus fantasia, vivência do EU. Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem.Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem.Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem.Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade versus fantasia, vivência do EU. Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade versus fantasia, vivência do EU. Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade versus fantasia, vivência do EU. Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade versus fantasia, vivência do EU. Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade versus fantasia, vivência do EU. Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade versus fantasia, vivência do EU. Orientação, atenção, memória, inteligência e linguagem. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade versus fantasia, vivência do EU. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade versus fantasia, vivência do EU. Afeto, motivação, psicomotricidade e personalidade. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade versus fantasia, vivência do EU. Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade Sensopercepção, pensamento, julgamento, realidade Fonte: DALGALARRONDO, 2008. Consciência Há inúmeras defi nições sobre consciência. A palavra é de origem latina, pro- veniente da junção de dois vocábulos: cum (com) + scio (conhecer): conhecimento compartilhado consigo mesmo. Assim, o signifi cado de consciência é o conhecimento compartilhado consigo mesmo, mas como percebê-lo? O signifi cado pode ser abordado de vários modos; sob o ponto de vista fi losófi co, psicanalítico, das teorias psicológicas e das teorias neurobiológicas, às quais este material deve se ater. Funções psíquicas e psicopatologia O estudo das funções psíquicas, de modo isolado, serve para fi ns didáticos, pois as funções psíquicas estão interligadas, ou seja, o paciente adoece em sua totalidade e não somente em apenas uma função. Lembre-se do conceito de doença mental anterior, pois saúde e doença mental estão relacionadas entre si, bem como os fatores que as cercam, tais como comportamento, sociedade, biologia, emoções e assim por diante. O Quadro 2 demonstra exatamente a interligação das funções psíquicas.Observe: QUADRO 2. RELAÇÃO DAS FUNÇÕES PSÍQUICAS AFETADAS NOS TRANSTORNOS MENTAIS SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 18 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 18 05/10/2020 11:37:21 Segundo Dalgalarrondo (2008), os fatores anatomofisiológicos da consciência, recaem sobre a explicação da estrutura do sistema reticular ativador ascendente (SARA), localizado no tronco encefálico. Ele se irradia ao córtex cerebral, por meio de projeções talâmicas. Veja a Figura 1: SARA Impulsos visuais Formação reticular Tronco encefálico Vias ascendentes Via descendentes Impulsos auditivos Cerebelo Tálamo Bulbo Figura 1. Sistema reticular ativador ascendente (SARA). Fonte: FIORINI, 2018. No local indicado na Figura 1, ocorre a filtragem da informação, que é processa- da pelo indivíduo, ou seja, a ativação cortical é realizada pelos neurônios da parte superior da ponte e do mesencéfalo, os quais recebem impulsos ascendentes, tais como estímulos extrínsecos (órgãos dos sentidos) ou intrínsecos (visceral e pro- prioceptivos) (DALGALARRONDO, 2008). EXPLICANDO O sono é uma alteração normal do nível de consciência, dividido em dois modos: a) sincronizado e b) sono rapid eye moviments, o sono REM. O pri- meiro está relacionado com a diminuição e aumento da atividade simpáti- ca e parassimpática, respectivamente, já no segundo há uma dessincroni- zação de traçados eletroencefalográficos, bem como da atonia muscular (DALGALORRONDO, 2008). É importante salientar, adicionalmente, que muitos são os fatores que podem desencadear o rebaixamento do nível de consciência, entre eles o estado de coma, que não apresenta atividade espontânea e nem consciência, mas sinais anormais. As estruturas relacionadas com o funcionamento e nível de consciência englo- bam o SARA, o tálamo, córtex parietal direito e pré-frontal direito, ou seja, há uma grande importância de estruturas do lado direito cerebral. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 19 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 19 05/10/2020 11:37:27 Atenção A atenção é a direção da consciência, ou seja, o estado de concentração mental diante de um objeto, para que o ser humano possa receber, fi ltrar, orga- nizar e responder aos estímulos. Pode-se dividir o processo de atenção em dois tipos: a atenção voluntária, que é ativa e intencional, e a atenção involuntária, em que algo desperta um interesse momentâneo, ou seja, por meio de eventos discrepantes (DALGALARRONDO, 2008). Por exemplo, o indivíduo está assistindo televisão na sala de sua casa e cai um objeto na cozinha, o que causa bastante barulho. Desse modo, a atenção é voltada para o barulho naquele momento. Em relação à sua direção, pode-se descrevê-la como externa, quando está relacionada aos órgãos dos sentidos, e interna, quando se volta para o mundo subjetivo do indivíduo. Desse modo, o autor relata que ela pode ser focal, isto é, concentrada em algo específi co, ou dispersa, quando não há um foco deter- minado. A capacidade da atenção pode ser apresentada com tenacidade (focar no objeto) e estabelecer a vigilância, que é a capacidade de mudar o foco de um objeto para outro. As estruturas do sistema nervoso que estão envolvidas no processo de atenção são: o córtex, localizado no tronco encefálico, o tálamo e o corpo es- triado, na região subcortical. Já as estruturas corticais envolvidas são: córtex parietal posterior direito, córtex pré-frontal, giro cingulado anterior e lobo temporal medial (sistema límbico) (DALGALARRONDO, 2008). Sabe-se que o foco da atenção e da motivação está contido no córtex fron- tal do cíngulo. Também se faz necessário salientar que as respostas geradas pelo estímulo são realizadas pelo córtex pré-frontal e as respostas emocionais e motivacionais são dadas no sistema límbico, localizado no lobo temporal me- dial (DALGALARRONDO, 2008). Quando o indivíduo apresenta transtornos mentais de humor, há uma grande difi culdade de concentração e diminuição da atenção. Nos transtor- nos de ansiedade, entre eles o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), de- monstra-se um aumento excessivo de atenção e vigilância. Nos transtornos psicóticos, tal como a esquizofrenia, há uma diminuição central de atenção (DALGALARRONDO, 2008). SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 20 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 20 05/10/2020 11:37:27 Tempo e espaço A capacidade de situar-se quanto a si mesmo e ao ambiente denomina-se orientação. Ela é uma agregação entre os processos de atenção, percepção e memória. Sabe-se que o sintoma mais comum em doenças neurológicas e transtornos mentais está associado ao processo de desorientação (DALGALAR- RONDO, 2008). A orientação espacial está associada com a localização e distância de um ponto ao outro e a orientação espacial, que exige um desenvolvimento cogni- tivo maior, é descrita como a ciência do momento cronológico vivido, ou seja, dia, ano, hora e idade. As três estruturas encefálicas comprometidas quando há desorientação são: lesões corticais difusas, presentes na doença de Alzheimer (DA), relaciona- das ao sistema límbico, presentes na síndrome de Korsakoff , e lesões no tronco encefálico e sistema reticular adjacente anterior (SRAA), presentes no delirium (DALGALARRONDO, 2008). Outras estruturas encefálicas estão envolvidas na alteração da orientação, tais como lobo parietal, responsável pela orientação topográfi ca e geográfi ca, o próprio hemisfério direito, responsável pela direção e pela distância, o córtex occipital associativo, que sob alteração não consegue captar o principal elemen- to a partir de um estímulo visual. E também os circuitos hipocampais e o córtex pré-frontal, associados à percepção temporal (DALGALARRONDO, 2008). Temporo-espacial Para a vida psíquica há dois tipos de tempo: o subjetivo (interno, imensurá- vel) e o objetivo (externo e mensurável). As possíveis alterações que ocorrem no tempo e espaço podem indicar dano à consciência, pensamento e memória. É importante salientar que as alterações ocorridas no tempo e espaço são efei- tos secundários de défi cits da consciência e da memória. Em pacientes com síndrome depressiva grave, o tempo pode deixar de fl uir, o tempo é mais lento e, muitas vezes, parece que está encurtado. Em relação ao espaço, pacientes com depressão relatam o tem- po como encurtado, impenetrável por outros ou por si mesmos (DALGALARRONDO, 2008). SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 21 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 21 05/10/2020 11:37:27 Porém, pacientes com transtorno de humor bipolar, na fase maníaca, podem ter a sensação de tempo acelerado, há uma fuga de ideias e distração intensa. Em termos de espaço, na fase maníaca, o espaço pode estar dilatado, amplo e isso faz com que esse paciente possa invadir o espaço de outras pessoas (DALGALARRONDO, 2008). Memória A memória está relacionada com o nosso nível de consciência, atenção e interes- se afetivo, que ocorrem diante de um fato aprendido, consciente ou não. Muitos são os fatores e mecanismos que envolvem o processo de memorização e que o fazem tão importante na construção da personalidade do indivíduo. Sem a memória, o ser humano perde a sua individualidade (DALGALARRONDO, 2008). Sob o ponto de vista neurocientífi co, as unidades de memória estão localizadas no hipocampo, amígdala e córtex entorrinal e estão relacionadas às memórias de curta e média duração. A memória a longo prazo está localizada no córtex cerebral frontal e temporoparietoccipital (DALGALARRONDO, 2008). A memória pode ter caráter consciente e não-consciente e, portanto, é classifi ca- da da seguinte forma (DALGALARRONDO, 2008): • Memória explícita: dados da própria história de vida do indivíduo; • Memória implícita: quando não é consciente (aprender a andar de bicicleta, falar outro idioma, entre outros); • Memória declarativa: relativa a fatos, acontecimentos, dados autobiográficos; • Memória não declarativa: nadar, tocar instrumentos musicais, entre outros. Ainda há a classifi cação de acordo com as estruturas cerebrais envolvidas. A me- mória de trabalho está relacionada com a atenção e concentração e está localiza- da na estrutura pré-frontal do córtex ce- rebral. A memória episódica é bastante importante sob o ponto de vista neuro- lógico e psiquiátrico e está relacionada com a experiência pessoal ocorrida e as estruturas neurológicas envolvidas no hi- pocampo, córtex entorrinal e perirrinal. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 22 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 22 05/10/2020 11:37:32 A memória semântica está relacionada com o seu armazenamento e signifi cado. Já a memória de procedimento está relacionada com algo aprendido sob a ótica motora, como dirigir, digitar no computador, desvendar quebra-cabeças e aprender regras gramaticais de um novo idioma, por exemplo. As estruturas cerebrais envolvidas são os lobos frontais, gânglios da base e cerebelo (DALGALARRONDO, 2008). A amnésia é causada pelas alterações de memória sob o ponto de vista psico- patológico e ocorre a partir da perda de memória fi xada, lembrada ou armazenada. As agnosias são difi culdades de reconhecimento de estímulos sensoriais e as al- terações de memórias do reconhecimento podem estar associadas às doenças psi- quiátricas delirantes e não delirantes, tal como um déjà vu, em que há nítida percep- ção de ter passado por aquele momento anteriormente (DALGALARRONDO, 2008). As alterações de memória estão relacionadas a muitas doenças, tais como doen- ça de Alzheimer (DA), transtorno obsessivo compulsivo (TOC), demência senil, abu- so de drogas ilícitas e outros outros fatores que causam alteração do processo de memorização. Sensopercepção Os órgãos dos sentidos são responsáveis pelo reconhecimento das sensa- ções referentes aos estímulos externos, tais como luz, som, calor, sabor, chei- ros e pressão tátil, que se autorregulam para manter a sobrevivência do indiví- duo (DALGALARRONDO, 2008). A percepção é a decodifi cação psíquica de estímulos sensoriais, da qual fa- zem uso a consciência e das estruturas neurológicas para emitir uma determi- nada resposta, bem como sentimentos, memória e representações pessoais. Por exemplo: o pôr do sol pode ter uma representação muito forte para uma pessoa e para outra não. A sensopercepção se relaciona com a memória, portanto, a imaginação também faz parte dessa função psíquica; para imaginar algo é necessário que haja um registro de algo memorizado ou uma nova criação de uma imagem. Nas psicopatologias associadas aos distúrbios de senso- percepção, encontram-se as psicoses. Uma delas é a es- quizofrenia, que pode apresentar sinais de défi cit nessa função psíquica. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 23 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 23 05/10/2020 11:37:32 Sabe-se que as alterações de sensopercepção são subdivididas em alucina- ção e delírio. As alucinações também são alterações no sistema sensorial, tais como ouvir vozes, ver algo que não é real, sentir insetos rastejando na pele, sentir odores ou sabores desagradáveis. Já o delírio está relacionado à imagi- nação e alterações que causam uma desorganização cerebral global. Reforma psiquiátrica no Brasil Segundo Yasui (2010), os indícios de uma Reforma Psiquiátrica pairavam indiretamente no Brasil desde o fi nal do século XIX, por meio de grandes au- tores da literatura brasileira, tais como Machado de Assis e Lima Barreto, em razão do início da crítica ao sistema psiquiátrico, embrionário até então. Poste- riormente, médicos psiquiatras como Nise da Silveira iniciaram ações como as práticas integrativas, no intuito de humanizar a assistência aos pacientes com transtornos mentais internados em hospitais psiquiátricos. Muitos autores relatam que a Reforma Psiquiátri- ca foi um movimento social e econômico, que por meio de políticas públicas opôs-se à ditadura mi- litar de 1964, que fez dos hospitais psiquiátricos um depósito de pessoas doentes. Entretanto, somente em meados da década de 70, o Brasil iniciou um processo político para a reformu- lação psiquiátrica em seu sistema de saúde. Desse modo, a crítica ao sistema de internação em hospitais foi um dos principais assuntos abordados, tais como a criação de redes de aten- dimento extra-hospitalares e a participação da comuni- dade em programas de atendimento de saúde mental (YASUI, 2010). ASSISTA As terríveis condições de tratamento para doentes men- tais no Brasil foram retratadas no fi lme Bicho de Sete Cabeças (2000), que conta a trajetória de Neto, internado à força em uma instituição para doentes mentais. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 24 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 24 05/10/2020 11:37:33 Na década de 80, o Brasil sofreu uma grande crise nos recursos de saúde e isso fez com que as Ações Integradas de Saúde (AIS) fossem criadas em 1983, para que se ampliassem os recursos de saúde no país. Durante as AIS, surgi- ram as suas diretrizes pautadas na universalidade do atendimento, integralida- de e equidade da atenção à saúde, bem como a democratização por meio da participação da população e do controle social por ela (DIAS, 2007). Paralelamente aos princípios de mudanças do sistema de saúde do país, também foi elaborado um relatório pelo Instituto Nacional de Assistência Mé- dica da Previdência Social (INAMPS) que mostrava o grande número de inter- nações psiquiátricas no Brasil (crescimento anual de 15%). Desse modo, na ten- tativa de reduzir esse número, surgiu a Portaria n° 3.108 que recomendava as seguintes medidas: a) ser predominantemente extra-hospitalar; b) ser exercida por equipe multidisciplinar; c) incluir-se numa estratégia de atenção primária de saúde; d) utilizar recursos intermediários entre o ambulatório e a internação integral, como hospital-dia, hospital- -noite, pré-internação, pensão e oficina protegidas; e) restringir a internação aos casos estritamente necessários; f) promover a implantação progressiva de pequenas unidades psiquiátricas em hospitais gerais (BRASIL, 1982 apud DIAS, 2007, p. 52). No fim da década de 80, surgiram os movimentos antimanicomiais e, a par- tir de 1990, apareceu um novo modelo de saúde com a criação da Lei Orgânica 8080/90 que implementou o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Nos anos 90, criou-se a legislação da Declaração de Caracas, durante a Con- ferência Regional para a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica, legislação à qual o Brasil aderiu (BERLINCK; MAGTAZ; TEIXEIRA, 2008). Em 10 de novembro de 1999, a Lei n° 9.867 trouxe um marco para o país por meio do desenvolvimento de programas de suporte psi- cossocial para pacientes com transtornos mentais que tinham acompanhamento nos serviços comunitários. Em 06 de abril de 2001, a Lei n° 10.216 foi instaura- da para dar proteção aos direitos das pessoas que sofrem com doenças mentais (BERLINCK; MAGTAZ; TEIXEIRA, 2008). SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 25 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 25 05/10/2020 11:37:33 Mais tarde, houve incentivos fi nanceiros do governo brasileiro para que os pacientes fossem reintegrados à sociedade e fi cassem longe dos manicômios e hospitais psiquiátricos. Tais medidas foram, sem dúvida, um grande avanço para a assistência dos indivíduos com transtornos mentais, bem como para o aumento da qualidade de vida e dignidade dessas pessoas. Serviços de atendimento em saúde mental e psiquiatria Com o surgimento do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, no final dos anos 70 e 80, o Brasil foi obrigado a rever as leis e assistências oferecidas aos pacientes com transtornos mentais em resposta ao con- junto de denúncias realizadas por trabalhadores em saúde mental que re- lataram a precariedade de suas atividades laborais e os maus-tratos aos pacientes internadosnesses manicômios (LEAL; DE ANTONI, 2013). A partir do avanço realizado pela política de saúde do País com a im- plementação do SUS, também se vislumbrou uma luz com as mudanças no sistema de assistência de saú- de mental, que foram instituídas paulatinamente entre os anos 1990 e 2003. Aos poucos, os mani- cômios foram substituídos por instituições de saú- de extra-hospitalares e regras e deveres mais duros foram instituídos no funcionamento de hospitais psiquiátri- cos, principalmente com a instauração da Lei n°10.216 de 2001 (BERLINCK; MAGTAZ; TEIXEIRA, 2008). Sabe-se que a redução dos leitos em hospitais psiquiátricos ainda está em progresso, porém, há uma tentativa de ampliar os atendimentos am- bulatoriais nos Centros de Apoio Psicossociais (CAPS), locais que oferecem assistência aos pacientes com transtornos mentais pelo SUS. Sendo assim, o CAPS é considerado um local de referência e de tratamento a pessoas que sofrem com transtornos mentais severos e persistentes, os quais justificam a perma- nência do paciente em um lugar de atendimento intensivo, comunitário, personalizado e promotor de saúde (BRASIL, 2004 apud LEAL; DE ANTONI, 2013, p.88). SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 26 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 26 05/10/2020 11:37:33 Os CAPS são classificados de acordo com a sua complexidade de aten- dimento e porte, tais como, CAPS I, CAPS II e CAPS III que variam de acordo com o número de habitantes do local a ser coberto por eles, bem como os CAPSi, que realizam atendimento às crianças e adolescentes e o CAPSad, que assistem aos usuários de álcool e drogas (LEAL; DE ANTONI, 2013). Como o CAPS tem o intuito de promover a saúde, cada paciente tem um plano terapêutico para determinar a frequência de atendimento que será providenciado para ele. Se for preciso um atendimento intensivo, o com- parecimento ao ambulatório é diário, no semi-intensivo, o paciente deve comparecer no máximo três vezes por semana ao CAPS e no atendimento não intensivo, uma vez por semana (D’RAMOS, 2014). É importante salientar que o CAPS conta com uma equipe multidiscipli- nar para atendimento de seus pacientes, tais como enfermeiros, psiquia- tras, psicólogos, assistentes sociais, educadores físicos, pedagogos, fonoau- diólogos, médicos clínicos, entre outros (D’RAMOS, 2014). A intersetorialidade parte do pressuposto de que o indivíduo necessita de assistência como um todo, assim, estabelece-se a parceria com diversos setores, tais como educação, trabalho, segurança e habitação. Entretanto, ainda é um desafio fazer com que inúmeros setores se interliguem para o objetivo final: a reabilitação do paciente com transtorno mental (LEAL; DE ANTONI, 2013). O processo de reabilitação de um paciente com transtorno mental acar- reta numa reconstrução do exercício de cidadania e de dignidade humana. Entretanto, esse processo precisa do entendimento e do auxílio de todos os envolvidos, tais como os profissionais da área da saúde, usuários e seus familiares e a comunidade em geral. Só assim haverá uma mudança nas po- líticas de saúde para garantir a reintegração dos pacientes com transtorno mental à sociedade (NASI; SCHNEIDER, 2011). E os hospitais psiquiátricos? Ainda existem? Sim, eles ainda existem em menor número e, desde as denúncias realizadas, nos anos 70 e 80, hou- ve mudanças. Os hospitais psiquiátricos recebem uma inspeção rigorosa e respaldada em leis de proteção aos pacientes com transtornos mentais e li- vre de tortura e maus-tratos aos pacientes. Entretanto, muitas irregularida- des são encontradas por todos os hospitais psiquiátricos ainda existentes. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 27 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 27 05/10/2020 11:37:33 Vale ressaltar que a internação é uma decisão voluntária em conjunto com médicos e a família do indivíduo, mas não compulsória, como ocorria no pas- sado (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2019). Ainda há as residências terapêuticas para pacientes que fo- ram abandonados, ou não possuem família. Lá eles dividem a casa com pessoas com doenças mentais de diversos níveis e organizam a própria rotina me- diante a aderência ao tratamento no CAPS da região que habitam. Correntes psiquiátricas e tratamento dos distúrbios mentais No decorrer dos séculos, os indivíduos com transtornos mentais foram marginalizados e colocados para fora das cidades que moravam. Muitos foram atirados ao mar ou em rios para que as cidades fossem limpas da loucura, e para que esses doentes não causassem problemas à comunidade civil (MILLA- NI; VALENTE, 2008). Já no século XVIII, Philippe Pinel (1745-1826), interessou-se pela psiquiatria e passou a tratar pessoas com doenças mentais com base na observação de seus comportamentos. Ele concluiu que as doenças mentais eram baseadas no am- biente em que os doentes viviam, bem como na hereditariedade. Desse modo, ele introduziu a terapia ocupacional como forma de tratamento e baniu os trata- mentos humilhantes oferecidos aos doentes na época. No século seguinte, outro nome importante para psiquiatria e neurologia nasceu no ano de 1825, Jean-Martin Charcot. Charcot descreveu inúmeras doenças neurológicas e tratou seus pacientes no Hospital La Salprêtrière. Suas explanações e aulas se tornaram famosas e percorreram toda a Europa. Um de seus rela- tos mais famosos foi sobre a condição que algumas mulheres apresentavam em decorrência de alguns traumas, que resul- tavam em paralisia temporária do corpo, surdez, cegueira e ausência da fala, o que foi denominado como histeria. Observe a Figura 2: SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 28 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 28 05/10/2020 11:37:33 Note que a Figura 2 é representação de uma aula de Charcot aos seus assis- tentes de medicina e a mulher que aparece é uma paciente com crise epilépti- ca, considerada como crise histérica nessa época. Um dos discípulos famosos de Charcot foi Sigmund Freud (1856-1939), ju- deu nascido em Freiberg, atual República Tcheca. Freud, denominado o pai da psicanálise, foi um dos discípulos de Charcot e familiarizou-se com a histeria e aprendeu técnicas de hipnose. Nesse caso, a histeria seria curada pela hipnose, por meio do acesso ao inconsciente, onde estavam as origens dos traumas. Um dos discípulos de Freud foi Carl Gustav Jung (1875-1961), que mais tarde rompeu com o seu mentor para criar uma ideia de consciente coletivo e arqué- tipos. Já no Brasil, destacamos Nise da Silveira (1905-1999), aluna de Jung, num momento em que a medicina e a psiquiatria eram compostas, em sua maioria, por homens. Ela foi revolucionária em sua época por ser contra o tratamento agressivo dado aos doentes mentais internados e incluiu a prática integrativa, como a pintura, nos tratamentos desses indivíduos. Figura 2. Reprodução do quadro Une leçon clinique à La Salpêtrière, de Pierre-André Brouillet Charroux, 1887. ASSISTA Para conhecer mais sobre Nise e sua abordagem artís- tica no tratamento de doenças mentais, assista ao filme Nise: o coração da loucura (2016) e saiba mais sobre a trajetória da psiquiatra brasileira. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 29 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 29 05/10/2020 11:37:49 Observe a linha do tempo, em mais detalhes, das ações voltadas aos doen- tes mentais no Quadro 3: Época Ações para os doentes mentais Grécia e Roma Antiga Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Inquisição e Idade Média Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em fogueiras. Século XV Expulsos das cidades. Século XVI Expulsos das cidades; Doentes mentais eram levados por navios para serem atirados ao mar ou rios. Século XVII Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Século XVIIIAsilos (internações); Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Século XIX Hospitais psiquiátricos; Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose em casos de histeria. Século XV Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Fonte: BRASIL, 2008. QUADRO 3. ÉPOCA E AÇÕES SOBRE OS DOENTES MENTAIS Castigo ou presente dos deuses mitológicos.Castigo ou presente dos deuses mitológicos.Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em fogueiras. Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em fogueiras. Expulsos das cidades. Doentes mentais eram levados por navios para serem Castigo ou presente dos deuses mitológicos. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em fogueiras. Expulsos das cidades. Doentes mentais eram levados por navios para serem Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Expulsos das cidades. Doentes mentais eram levados por navios para serem Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Expulsos das cidades. Doentes mentais eram levados por navios para serem Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Expulsos das cidades. Expulsos das cidades; Doentes mentais eram levados por navios para serem Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Expulsos das cidades. Expulsos das cidades; Doentes mentais eram levados por navios para serem atirados ao mar ou rios. Possessões demoníacas e bruxaria; indivíduos com doenças mentais condenados à morte e queimados em Expulsos das cidades. Expulsos das cidades; Doentes mentais eram levados por navios para serem atirados ao mar ou rios. doenças mentais condenados à morte e queimados em Expulsos das cidades; Doentes mentais eram levados por navios para serem atirados ao mar ou rios. Expulsos das cidades; Doentes mentais eram levados por navios para serem atirados ao mar ou rios. Expulsos das cidades; Doentes mentais eram levados por navios para serem atirados ao mar ou rios. Doentes mentais eram levados por navios para serem atirados ao mar ou rios. Doentes mentais eram levados por navios para serem atirados ao mar ou rios. Doentes mentais eram levados por navios para serem Doentes mentais eram levados por navios para serem Doentes mentais eram levados por navios para serem Doentes mentais eram levados por navios para serem Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Asilos (internações); Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Asilos (internações); Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Asilos (internações); Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Asilos (internações); Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Hospitais psiquiátricos; Charcot inicia estudoe tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Asilos (internações); Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Hospitais psiquiátricos; Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Asilos (internações); Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Hospitais psiquiátricos; Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Hospitais psiquiátricos; Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Hospitais psiquiátricos; Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose em casos de histeria. Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Hospitais psiquiátricos; Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose em casos de histeria. Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Hospitais psiquiátricos; Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose em casos de histeria. Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose em casos de histeria. Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Comportamentos observados por Phillipe Pinel, início de tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose em casos de histeria. Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. tratamento médico para os doentes mentais, porém, Pinel defendia o isolamento social para os doentes mentais. Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose em casos de histeria. Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Charcot inicia estudo e tratamento dos pacientes com doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. doenças neurológicas e mentais. Um dos seus discípulos foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que aprofundou o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose Locais de internações (cárcere); Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. o seu estudo sobre o inconsciente e técnicas de hipnose Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. Os doentes eram agredidos fi sica e moralmente, muitas vezes eram obrigados a realizar trabalhos forçados. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 30 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 30 05/10/2020 11:37:55 Tratamentos psiquiátricos Os tratamentos psiquiátricos antigos eram baseados em exorcismos, con- denações à morte em fogueiras, trepanação craniana, que consistia na abertu- ra de um orifício no crânio da pessoa doente, com o objetivo de o mal escapar por ali, além de abandono e extermínio. Ademais, quando os pacientes com transtornos mentais passaram a ser presos, foram expostos a trabalhos for- çados, acorrentados, agredidos fi sicamente, expostos às inúmeras violências degradantes físicas e morais. Com o avanço da sociedade, da ciênciae da medicina, os pacientes foram internados em hospitais psiquiátricos, local de assistência médica para os doentes, mesmo que ainda rudimentares. Além disso, é importante salientar que algumas técnicas foram largamente usadas nessas instituições, tais como a lobotomia, imersão em banheira com gelo, restrições ao leito por correntes, terapia de eletrochoque aleatório, por falta de bom comportamento e isola- mento social total. Hoje, muitos avanços foram alcançados, tais como psicofármacos que ge- ram menos efeitos colaterais, psicoterapias, terapias integrativas, tais como ioga, pintura, poesia, teatro, danças, artesanatos e outras práticas que auxiliam na reabilitação dos pacientes com doenças mentais. Papel da enfermagem em saúde mental e psiquiatria As ideias sobre reforma no ambiente asilar, lideradas pioneiramente por Pinel, trouxeram um colaborador chamado Pussin, um enfermeiro que tentou organizar o ambiente interno dos asilos e transformá-los em ambientes mais parecidos com hospitais (OLIVEIRA; ALESSI, 2003). No Brasil, o Hospital Nacional de Alienados criou a Escola Profi ssional de Enfermeiros e Enfermeiras voltada para a assistência em saúde mental. Com o seu surgimento, criou-se a Lei n° 791, de 27 de setembro de 1890, destinando o curso às mulheres pobres e carentes, o que facilitava a subordinação delas aos médicos, evitando, assim, confl itos. O que não era possível, quando os cui- dados dos doentes mentais estavam nas mãos de freiras católicas (OLIVEIRA; ALESSI, 2003). SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 31 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 31 05/10/2020 11:37:55 No Hospital Pedro II, fundado em 1852, no Rio de Janeiro, surgiu a primei- ra escola de enfermagem brasileira voltada para assistência aos pacientes acometidos por doenças mentais. É importante salientar que a enfermagem moderna de Florence Nightingale não incluía a assistência em saúde mental, tampouco a Escola de Enfermagem Ana Nery incluiu doenças mentais em seu currículo quando inaugurada. A disciplina de doenças mentais passou a fazer parte do curso apenas em 1949 (OLIVEIRA; ALESSI, 2003). Os movimentos de Reforma Psiquiátrica foram responsáveis por muitas mudanças sociais, econômicas e de saúde pública para a assistência mais digna aos pacientes com doenças mentais. Além disso, os trabalhadores da área da saúde, inclusive a enfermagem, necessitavam de um ambiente laboral mais salutar. Assim, com os avanços na área de políticas públicas de saúde, surgiram os novos modelos de assistência ao paciente acometido por doenças mentais, os CAPS. Desse modo, a equipe de enfermagem também modificou o seu modo de assistência, que passou a ser pautado na promoção de saúde e reabilitação do paciente nas áreas física, social e emocional. As atribuições do enfermeiro no CAPS compreendem a administração da enfermagem, controle das medicações, cuidado com o bem-estar e higiene pessoal, atividades burocráticas, treinamento da equipe de enfermagem e ob- servação dos usuários que não estão participando das atividades oferecidas (KATORSKI e colaboradores, 2010). Em relação à assistência psicossocial, o enfermeiro é responsável pelo aco- lhimento, atenção à família e ao usuário de forma individual, coordenação de atividades terapêuticas, participação nas assembleias, reuniões de equipe e interdisciplinares, visitas domiciliares, atividades de lazer e socialização, bem como o acompanhamento em consultas. O enfermeiro também supervisiona as medicações, desde o recebimento até a sua administração, herança da épo- ca manicomial que ainda se faz necessária (KATORSKI e colaboradores, 2010). Para Lopes (2012), o papel do enfermeiro está relacionado com as consultas de enfermagem, na medida que elas são neces- sárias para orientar o paciente e a sua família em relação ao tratamento e à doença, bem como encaminhar o pa- ciente ao corpo clínico e psiquiátrico. Ressalta-se a escu- ta ativa, a utilização de escalas em casos de dependência SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 32 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 32 05/10/2020 11:37:55 de álcool e drogas ilícitas, depressão e demência senil. O enfermeiro promove ações preventivas de saúde para a população de risco e vulnerabilidade, bem como avalia o potencial suicida em pacientes com depressão grave e encoraja todos os pacientes a aderirem ao tratamento. Outro campo que ganha bastante para o serviço de enfermagem são as práticas integrativas complementares (PIC), que foram aprovadas em 2006. De- nominadas Práticas Integrativas Complementares (PNPIC), no SUS, elas visam implantar serviços de medicina tradicional chinesa, acupuntura, fi toterapia, crenoterapia e medicina antroposófi ca. Assim, notou-se que a PIC auxilia no processo de formação de vínculo e confi ança entre os pacientes e profi ssionais da saúde (CARVALHO; NÓBREGA, 2017). Sendo assim, a atuação do enfermeiro em saúde mental e na psiquiatria possui um campo enorme de conhecimento e desenvolvimento de atividades, principalmente com as PICS. Muitos profi ssionais, entretanto, desconhecem essas ações integrativas, que não visam abandonar o tratamento tradicional, mas como o próprio nome indica, visam integrá-las às medidas terapêuticas para que o paciente com doença mental tenha uma melhor qualidade de trata- mento e, consequentemente, uma melhor reabilitação. Orientação e educação em saúde mental A orientação e a educação em saúde mental são práticas intrínsecas à as- sistência aos pacientes que estão em sofrimento psíquico. Segundo a resolu- ção do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), n°0599/2018, sobre a norma técnica de atuação da equipe de enfermagem em saúde mental e psiquiatria, fi ca explícito que é dever do enfermeiro orientar o paciente e a família sobre a doença que o acomete, bem como o mecanismo de ação dos psicofármacos e seus efeitos colaterais e, principalmente, estabelecer a importância da aderên- cia ao tratamento tradicional em conjunto com as PICs, para que o objetivo fi nal seja a reabilitação do paciente. Sabe-se que as doenças mentais ainda carregam estigmas e preconceitos frente à população em geral, assim, o enfermeiro é uma peça fundamental para a conscientização da comunidade civil sobre as doenças psiquiátricas, afi - nal, é de caráter humano ter preconceito diante do desconhecido. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 33 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 33 05/10/2020 11:37:55 No Distrito Federal, no ano de 2009, enfermeiros da área de saúde mental criaram uma cartilha de orientação para a comunidade, discorrendo sobre a inclusão social em saúde mental. Nesse material, encontram-se dados sobre psicopatologias, o que são os CAPS, locais de auxílio (tanto privados quanto públicos), e o importante papel da comunidade na atenção à saúde mental. As- sim, percebe-se que a orientação é uma forma de educação em saúde mental. Observe a Figura 3: Figura 3. Cartilha de orientação em saúde mental realizada por enfermeiros da atenção básica. Fonte: Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, 2009. Desse modo, ressaltam-se os trabalhos de relatos de experiências na edu- cação em saúde mental e destaca-se a importância da intersetorialidade na promoção de saúde, não somente sob os aspectos biológicos, mas também econômicos, culturais, sociais e políticos. Isso só ocorre por meio da educação em saúde mental, para que pacientes e familiares obtenham qualidade de vida mesmo ao enfrentarem o sofrimento psíquico (RUIZ; LIMA; MACHADO, 2004). SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 34 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 34 05/10/2020 11:38:23 Tão importante quanto a educação popular em saúde mental é a educação permanente dos trabalhadores dessa área. Assim como os modelos assisten- ciais foram substituídos no tratamento e assistência aos pacientes com doença mental, tambémhouve inúmeras mudanças nesse setor. Dessa forma, quanto mais os profi ssionais da área da saúde estiverem atualizados, melhor será a qualidade de assistência prestada aos usuários dessas instituições de saúde. Segundo o trabalho de Mota, Silva e Souza (2016), muitos profi ssionais da área de saúde mental resistem às mudanças no novo modelo de assistência implementado desde a Reforma Psiquiátrica Brasileira, pois trata-se de uma área diferente da enfermagem tradicional, que traz condutas próprias em seu modelo de assistência. Mesmo assim, a assistência de enfermagem de modo holístico faz todo o sentido na área de saúde mental, que trabalha com a com- plexidade da mente humana. Teoria de crise A teoria de crise em saúde mental, datada de 1944, está relacionada com o psiquiatra alemão, naturalizado americano, Erich Lindemann (1900-1974), especialista em comportamento humano. Ele aplicou os seus conhecimentos em vítimas de um grande incêndio ocorrido na cidade de Boston, nos Estados Unidos. Ele observou que as pessoas que sofreram perdas de entes queridos nesse trágico episódio adaptaram-se à situação com a ausência da pessoa falecida. Assim, uma nova rotina fora criada por esses indivíduos, bem como novos relacionamentos e interações sociais. Lindemann relatou em seu estudo que acontecimentos inevitáveis geram estresse emocional e, a partir disso, necessitam de uma resposta adaptativa, ou seja, frente a um acontecimento inesperado é necessário que haja novas condutas dos indivíduos acometidos por ele, por meio de uma adaptação sú- bita, fator que gera tensão sob o ponto de vista psíquico (ORNELAS, 1997). Martins (2017), que parte do signifi cado da palavra crise para explicar essa teoria, relata que toda situação inesperada e negativa, para ser transposta, necessita de decisões que acarretam grandes processos de transformação e questionamentos. Já Silva (2013), classifi ca as crises como situacionais, que representam perda de emprego, falecimento de ente querido ou gravidez SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 35 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 35 05/10/2020 11:38:23 indesejada, e as fortuitas, que são os acidentes graves, terremotos, incên- dios e as demais situações de desastres. As crises surgem com semanas ou meses após o acontecimento e são evidenciadas por síndrome do pânico, medo excessivo, raiva, automutilações, entre outros sintomas. No passado, antes da Reforma Psiquiátrica, pacientes que se encontravam em estado de crise relacionados aos sintomas agudos de doenças psiquiá- tricas, tais como delírios, alucinações, agressividade, embotamento afetivo, entre outros, eram internados em hospitais psiquiátricos para a supressão desses sintomas, a fim de retornar o doente ao seu estado de equilíbrio. Com o fim dos manicômios diante da Reforma Psiquiátrica, o indivíduo acometido por uma doença mental passou a ser visto, ou pelo menos deveria ser perce- bido, como um ser holístico e não uma pessoa desprovida de razão, perdida em sua própria realidade (MARTINS, 2017). Hoje, os serviços de atenção primária em saúde mental tentam encorajar o paciente a superar sua crise por meio de interações sociais, apoio e acolhi- mento. Vale ressaltar que os sintomas do paciente em crise causam bastante estranheza e medo à população, por isso muitos serviços de emergência ten- tam findar esses sintomas para que a pessoa retorne a um estado brando, aceito pela sociedade. É necessário, nesse sentido, ater-se ao momento de vida que aquele indi- víduo se encontra, a partir do conhecimento das relações familiares e contex- tos econômicos e sociais. O paciente em crise sofre por não saber explicar o que ocorre naquele momento, é um transbordamento de emoções desorga- nizadas ou incapazes de serem expressas. No estudo de Dias, Ferigato e Fernandes (2020), o atendimento à crise por diversos serviços de saúde passa, ainda, pelo desconhecimento, criação e atualização de protocolos próprios a serem seguidos por estas instituições. O que leva ao atendimento equivocado do paciente em crise. Infelizmente, o modelo psiquiátrico anterior ainda se faz presente na cabeça e nos comportamentos dos próprios profissionais da área saúde e, obvia- mente, resultam numa internação compulsória em hospi- tais psiquiátricos, sem ao menos informar ao CAPS que o paciente faz tratamento. O objetivo é extinguir qualquer sintoma estranho à sociedade. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 36 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 36 05/10/2020 11:38:23 Outro problema relatado pelos autores citados, foi a complexidade da falta de entrosamento entre os demais sistemas de saúde e as redes de assistência em saúde mental, o que gera um socorro também equivocado (DIAS; FERIGATO; FERNANDES, 2020). Assim, como é realizado o atendimento de uma crise? O atendimento em crise é pautado na resolução de problemas com o objetivo de oferecer um espaço de escuta e de comunicação, acolhedor e humanizado, a fim de proporcionar um relacionamento terapêutico baseado no estabeleci- mento de confiança e, por fim, no resultado de mudanças, sem que a per- sonalidade do paciente se modifique para o enfrentamento do problema (SILVA, 2013). Muitas vezes, se o paciente estiver muito agitado, pede-se uma pres- crição médica junto com a administração de determinada medicação para acalmar o paciente. Por fim, se nada adiantar, a contenção mecânica é uti- lizada para a proteção do paciente e dos demais profissionais envolvidos na assistência (SILVA, 2013). O papel da enfermagem é fundamental para que não haja sofrimento do paciente contido. Nesse sentido, o atendimento ao paciente nem sempre é fácil, pois traz muitas inseguranças à equipe. Porém, faz-se necessário um me- lhor entendimento dos profissionais de enfermagem e um bom conhecimento técnico-científico de cuidado humani- zado, para que os pacientes não sofram indiscrimi- nadamente. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 37 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 37 05/10/2020 11:38:23 Sintetizando Vimos a importância do relacionamento e da comunicação terapêutica para o estabelecimento de uma forma de acolhimento humanizado. As teorias de Peplau sobre relacionamento interpessoal como forma de construção de con- fiança e vínculo, juntamente com o espaço de escuta ativa para uma boa inte- ração entre enfermeiro-paciente, foram fundamentais para essa humanização. É importante salientar que o processo de comunicação é realizado por meio da comunicação falada ou não falada. Vimos, também, que o significado de saúde e doença mental são subjetivos e, às vezes, utópicos. Entretanto, fica claro que a saúde e a doença mental não são processos independentes, mas interligados, principalmente se levarmos em conta o ambiente e as situações biopsicossociais vivenciadas pelo paciente. Ainda, percebemos que as funções psíquicas não são independentes entre si e que elas se interligam para que se estabeleçam a consciência, as noções de tempo e espaço, memória, sensopercepção e atenção. Fica claro que as doenças mentais podem afetar inúmeras funções psíquicas e isso faz com que o indivíduo desenvolva uma determinada patologia. O entendimento da fisiologia de cada função psíquica é de suma importância para que se compreenda os aspectos psicopatológicos dos transtornos mentais. Diante da visão da psiquiatria clássica sobre o indivíduo com doença mental, que julgava o paciente como um ser sem consciência, foi necessário que hou- vesse uma transformação para que a sociedade e os profissionais da saúde per- cebessem o doente como uma pessoa completa, que sofre de uma patologia pouco compreendida até então. Desse modo, movimentos sociais e políticos surgiram para que o paciente acometido por doença mental fosse assistido de forma mais digna e humanizada e que os manicômios fossem substituídos por serviços ambulatoriaisde atenção primária. Em sequência, abordamos os novos serviços de atendimentos em saúde mental, criados após a Reforma Psiquiátrica, com o objetivo de promover a saú- de por meio de tratamentos multiprofissionais. Os CAPS podem ter a numeração de I até III, de acordo com o número habitantes de um determinado local. Ainda existem os CAPS que atendem crianças e adolescentes, denominados CAPSi, e os CAPSad, que atendem dependentes químicos. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 38 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 38 05/10/2020 11:38:23 Também vimos diferentes abordagens no tratamento de doenças mentais. Pinel observou os comportamentos das pessoas acometidas por doenças men- tais. Nos séculos seguintes, Charcot também foi de suma importância para o entendimento e tratamento de doença mental. Mais tarde, Freud e Jung inicia- ram estudos sobre o inconsciente e perceberam que a mente humana era muito mais do que estrutura anatômica. No Brasil, Nise da Silveira foi revolucionária por denunciar os tratamentos desumanizados nos hospitais psiquiátricos, além de inserir o que chamamos de práticas complementares à assistência tradicional no tratamento de seus pacientes. Vimos, ainda, que o enfermeiro possui um papel fundamental na assistência ao paciente com transtornos mentais, a fim de reabilitá-lo e incluí-lo na socieda- de. O seu trabalho burocrático é de suma importância para o bom funcionamen- to da unidade, seja no CAPS ou nos hospitais. Também estudamos que é função do enfermeiro desenvolver materiais de educação popular para que o precon- ceito contra as doenças mentais seja sanado, bem como para que os próprios pacientes e seus familiares entendam a doença em questão e seu tratamento. Por fim, vimos que crise é uma resposta brusca e adaptativa a um acon- tecimento inesperado, que pode ser classificada de duas maneiras: como si- tuacionais e fortuitas. Assim, a assistência de enfermagem para a pessoa em crise visa estabelecer acolhimento, comunicação terapêutica, espaço de escuta e relacionamento terapêutico. O segundo passo é solicitar a prescrição e admi- nistração de medicação para acalmar o paciente e, em último caso, se a pessoa em crise estiver agressiva, a equipe deve contê-la mecanicamente. O papel do enfermeiro é fundamental na contenção mecânica para que o paciente não sofra maus-tratos. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 39 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 39 05/10/2020 11:38:23 Referências bibliográficas BERLINCK, M. T; MAGTAZ, A. C; TEIXEIRA, M. A Reforma Psiquiátrica Brasi- leira: perspectivas e problemas. Revista Latino-americana de Psicopato- logia Fundamental, v. 11, n. 1, p. 21-27, 2008. BICHO de sete cabeças. Direção de Laís Bodanzky. Rio de Janeiro: Colum- bia TriStar, 2000. (71 min.), son., color. BICHO de sete cabeças | trailer oficial. Postado por Buriti Filmes. (1min. 40s.). son. color. port. 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SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 43 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID1_1.indd 43 05/10/2020 11:38:24 ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA A REALIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL 2 UNIDADE SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 44 05/10/2020 11:38:21 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer a teoria da personalidade e as fases de desenvolvimento psicossocial de Freud; Avaliar a prática de abordagem psicodinâmica em transtornos mentais e a psicodinâmica do trabalho nas atividades de enfermagem; Identificar os psicofármacos, sua ação e efeitos adversos; Realizar a assistência de enfermagem ao paciente que usa psicofármacos de maneira individualizada e direcionada; Reconhecer o trabalho de assistência de enfermagem ao indivíduo dependente de drogas psicoativas no CAPS-AD e relacionar esse trabalho com a saúde mental; Considerar medidas preventivas para adoecimento psíquico no trabalho; Estudar o papel da família no tratamento de saúde mental e os métodos de inclusão familiar na rede psicossocial. Teoria da psicodinâmica Fases do desenvolvimento psicossocial de Freud Psicodinâmica no tratamento de transtornos psiquiátricos A psicodinâmica do trabalho em enfermagem Processo de enfermagem em saúde mental e psiquiatria Cuidado de enfermagem à pessoa submetida à psicofarmacoterapia Tipos de psicofármacos Desafios à adesão de tratamento com psicofármacos Álcool e drogas Tratamento no CAPS-AD Saúde mental e trabalho A síndrome de burnout na enfermagem Teoria do estresse Explicação neuroendócrina ao estresse A relação da família com o portador de transtorno mental SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 45 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 45 05/10/2020 11:38:21 Teoria da psicodinâmica A teoria psicodinâmica é muito ampla e não existe um conceito único so- bre ela. Basicamente, a abordagem psicodinâmica tenta entender o comporta- mento em termos de funcionamento da mente, com ênfase na motivação e no papel da experiência passada; ela analisa os pensamentos do indivíduo e sua perspectiva de mundo. Para abordar a teoria psicodinâmica, é necessário falar sobre a constituição de personalidade e seus teoristas. O pioneiro a desenvol- ver teoria de personalidade foi Sigmund Freud (1856–1939). Freud nasceu em Freiberg, no antigo Império Austríaco, hoje território da República Tcheca. Proveniente de família judia, mudou-se para Viena aos qua- tro anos de idade e lá viveu por quase toda a vida. Aos 17 anos, entrou na fa- culdade de Medicina e iniciou as primeiras pesquisas em enguias sobre células sexuais. Posteriormente, voltou seu estudo para fi siologia do sistema nervoso (SN), formou-se em 1881 e foi trabalhar no Hospital Geral de Viena, onde se interessou por doenças do SN. Ele, então, ouviu falar do médico francês Jean Martin Charcot e consegue licença para seguir o estágio no hospital La Salpê- trière, interessando-se ainda por histeria e hipnose, uma vez que Charcot re- latou que a histeria aparecia devido à presença de alguns traumas do passado. Figura 1. Sigmund Freud e sua mãe, Amalia Freud, em 1925. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/09/2020. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 46 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 46 05/10/2020 11:38:25 EXPLICANDO Histeria (do grego hystéra = útero), termo extinto que atualmente pode designar o transtorno de personalidade histriônica ou o transtorno dissociativo, é um transtorno de origem desconhecida que pode causar paralisia, cegueira, surdez, dores e desmaios sem causa biológica, que autores antigos acreditavam ser uma condição exclusivamente feminina e pela qual os médicos tinham pouco interesse científico por acreditarem se tratar de dissimulação. Charcot, por seu turno, asso- ciava os sinais e sintomas da histeria com traumas do passado. Um dos métodos utilizados para a investigação, por criar ou retirar os sintomas, era a hipnose. Figura 2. Ilustração da teoria psíquica de Freud. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/09/2020. (Adaptado). Consciente Ego Pré-consciente Superego Inconsciente Id Anos mais tarde, na terceira parte da obra Interpretação dos Sonhos, Freud descreveu a concepção geral do aparelho psíquico e seu funcionamento. Segun- do sua definição, ele é formado por consciente, pré-consciente e inconsciente, que não fazem parte de nenhuma estrutura anatômica, estando em locais meta- fóricos que constituem a mente: Consciente: é responsável pelo raciocínio, pensamento, percepção e tudo que faz o indivíduo estar ciente em determinado momento. O seu objetivo é captar in- formações internas e externas, além de controlar o que é evocado pelo indivíduo; Pré-consciente: está situado entre o consciente e o inconsciente. É forma- do por informações que ficam na memória e que estão fora do alcance da cons- ciência, porém podem ser acessados com um poucode esforço; Inconsciente: é formado por desejos e ausência de temporalidade, e não pode ser acessado voluntariamente. Posteriormente, Freud complementou sua teoria sobre aparelho psíquico com novas instâncias denominadas id, ego e superego. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 47 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 47 05/10/2020 11:38:25 Desse modo, é possível classifi car a segunda instância da seguinte forma: Id: existe desde o nascimento e representa a parte mais primitiva da mente, formada a partir da obtenção de desejos e evitação da dor. É ina- cessível ao indivíduo; Ego: ajuda o id a satisfazer os desejos e está baseado no princípio de reali- dade. Controla o desejo do id, mas não o inibe, e funciona como um mediador entre id e superego. Desenvolve-se um pouco depois do nascimento; Superego: desenvolve-se na infância, por volta dos três anos de idade, a partir dos ensinamentos dos pais, vivência da criança e ambiente cultural. O superego é o termômetro moral do indivíduo e, portanto, inibe os desejos do id. Fases do desenvolvimento psicossocial de Freud Segundo Freud, nas fases de desenvolvimento psicossocial encontram-se as fases oral, anal, fálica, de latência e genital. A fase oral vai do nascimento até um ano e meio, aproximadamente, e está relacionada com a sobrevivência, visto que o bebê consegue o alimento e o reconhecimento do mundo por meio da boca – como o choro e o sorriso, por exemplo. A fase anal acontece entre um ano e meio e cerca de três anos e meio de idade, coincidindo com o controle dos esfíncteres da criança. Ela relaciona a produção de fezes com a capacidade de produzir algo bom. Assim, são pessoas que doam e criam algo. Por outro lado, as crianças que retêm as fezes têm uma tendência maior à procrastinação e a difi culdades de doar, crescendo como pessoas avarentas. A fase fálica ocorre dos três aos cinco anos e está relacionada à zona erógena, marcada também pela ausência ou presença de falo, o qual representa o poder, a força e a virilidade. A criança não associa a curiosidade pelos genitais com prazer erótico, como é na vida adulta. Nessa fase ocorre o complexo de Édipo, o qual se refere ao desejo ou ódio, de forma inconsciente, pelas pessoas próximas a ela, geralmente os pais. Trata-se de uma triangulação na constituição familiar, na qual, segundo Freud, a menina desenvolve inveja do pênis e, por isso, distancia-se da SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 48 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 48 05/10/2020 11:38:25 Psicodinâmica no tratamento de transtornos psiquiátricos A compreensão do psiquismo por meio de processos dinâmicos concei- tua superfi cialmente a abordagem psi- codinâmica, a qual é norteada à com- preensão da problemática (insight) que atinge o indivíduo. Tanto a teoria quanto a abordagem psicodinâmica estão centradas na psicanálise, a qual tenta resolver os confl itos baseados na reorganização e no desenvolvimen- to da personalidade. A teoria psicodinâmica tenta compreender os sintomas de determinado transtorno mental e encontrar alternativas para lidar com a situação. Para Gorgati, Holcberg e Oliveira, em artigo publicado em 2002 na Revista Brasi- leira de Psiquiatria, a abordagem psicodinâmica em transtornos alimentares leva em consideração a história do indivíduo, as relações familiares e sociais e o impacto na vida da pessoa acometida pelo transtorno. Já para Costa, Mota e Milheiro, como descrito em artigo publicado na Revista Psicologia: Teoria e Prática em 2013, a abordagem psicodinâmica no tratamento de transtorno de personalidade borderline (limítrofe) tem limitações e necessita de estudos para que sua efi cácia seja conhecida em indivíduos com transtornos de personalidade. mãe e a substitui como objeto de afeto pelo pai, ao passo que o menino vê o pai como um obstáculo na sua relação afetuosa com a mãe. De acordo com Nasio, no livro Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa, de 2007, como não há a consumação do desejo, as crianças desse- xualizam os pais e nasce o superego. Freud relata a presença de uma fase de latência em que a criança está preocupada com seu desenvolvimento so- cial e intelectual, dos 6 aos 12 anos. Depois, há a fase genital, em torno dos 12 anos, quando ocorre interesse pelos outros. Outros teoristas, como Carl Gustav Jung, também desenvolveram teorias de personalidade. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 49 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 49 05/10/2020 11:38:27 O que pode ser relevante para a enfermagem a partir da abordagem psi- codinâmica é o fato de estabelecer um espaço de acolhimento e escuta ativa, a fi m de conhecer a história do indivíduo e das suas relações pessoais, de modo que o enfermeiro, junto ao psicólogo ou psiquiatra, encontre a melhor maneira de fazer com que a pessoa tenha alternativas mais adaptadas ao seu sofrimento psíquico. A psicodinâmica do trabalho em enfermagem De acordo com Molinier, em artigo de 2004 na Revista Produção, os estudos sobre psicodinâmica do trabalho datam do fi nal da década de 1970 e foram criados por Christophe Dejours. O seu principal objetivo de estudo foi relacio- nar a dinâmica entre sofrimento e prazer, presente na atividade laboral. Traesel e Merlo, em artigo de 2009 para a revista Psico, afi rmam que, no tema de psicodinâmica do trabalho, a capacidade do sofrimento virar prazer no trabalho de enfermagem está ligada ao reconhecimento do trabalho de en- fermagem pelo paciente e do aspecto do cuidar. Por outro lado, os trabalhos burocráticos causam sofrimento aos enfermeiros, em razão do distanciamento do cliente que as atividades administrativas demandam. Assim, as autoras ressaltam que se faz necessária a abertura das organiza- ções hospitalares para oferecer um espaço terapêutico aos profi ssionais de en- fermagem, a fi m de que eles exponham e compartilhem com os demais colegas suas frustrações e problemas em relação ao trabalho. Kolhs, Olschowsky e Ferraz, em artigo de 2019 para a Revista Brasileira de Enfermagem, cujo estudo foi realizado em um CAPS-AD (Centro de Atendimento Psicossocial – Álcool e Drogas) sob a luz da psicodinâmica do trabalho, desta- cam que muitos foram os depoimentos de frustração em relação às difi culdades em lidar com os usuários e suas recaídas, bem como o preconceito e a falta de reconhecimento do trabalho desempenhado no CAPS-AD pelas outras instituições de saúde da rede primária e pela população em ge- ral. As reuniões multiprofi ssionais do serviço, por- tanto, são uma importante ferramenta para a ver- balização das frustrações e problemas enfrentados. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 50 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 50 05/10/2020 11:38:27 Processo de enfermagem em saúde mental e psiquiatria As fases do processo de enfermagem em saúde mental são as mesmas do processo em qualquer especialidade da área; o que o diferencia dos outros pro- cessos é o enfoque ao transtorno psiquiátrico e ao comportamento do cliente em relação à sua patologia. O processo de enfermagem segue as seguintes fases: avaliação, diagnóstico, identifi cação de resultados, planejamento de cuidados, implementação e avaliação dos efeitos esperados. De modo mais detalhado, é necessário entender o que se espera da avalia- ção de enfermagem em saúde mental, como o motivo da procura do serviço de saúde, os riscos que o paciente apresenta de acordo com a psicopatologia e as necessidades no contexto biopsicossocial deste usuário. A partir disso, alguns diagnósticos são incluídos na explicação do processo de enfermagem em saúde mental, como difi culdades de relacionamento, limitações no autocuidado por conta do sofrimento psíquico, patologias que ocorrem em paralelo com a queixa, entre outros. Na fase de identifi cação de resultados, são estabelecidos objetivos fi nais com o usuário e as metas para a evolução fi nalespe- radas a partir de seu plano de cuidados, com ênfase no usuário e na família. O planejamento de cuidados deve ser direcionado e individualizado ao paciente e a documentação desse pla- no é essencial às atribuições da equipe de enfermagem. A comunicação te- rapêutica em conjunto com o acolhi- mento é importante para que o plano de enfermagem seja implantado, bem como a necessidade de obter um am- biente terapêutico e ênfase ao autocui- dado, se for viável. Por fi m, há a avaliação do processo de enfermagem, se ele atingiu os objetivos propostos ou se há necessidade de alterações para que ele seja mais efi ciente. Para Garcia, em artigo publicado na Revista Brasileira de Enfermagem em 2017, o enfermeiro que presta assistência em saúde mental deve ter conhecimento em saúde, em como abordar corretamente o cliente, em coletar dados e infor- SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 51 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 51 05/10/2020 11:38:37 mações e organizá-las para estabelecer o plano de cuidados, além de intervir e avaliar todo o processo de enfermagem. De acordo com o trabalho de Waidman e colaboradores, apresentado na Acta Paulista de Enfermagem em 2012, no âmbito da Estratégia de Saúde da Família (ESF), por meio da aproximação maior entre profissionais da saúde com os pa- cientes, fica implícita a assistência às necessidades de pessoas com transtornos psiquiátricos, em conjunto com a família do assistido. Para os autores, apesar dos problemas enfrentados pelos enfermeiros do ESF em assistir indivíduos com psi- copatologia, tal cuidado se faz necessário. Somente com a ação do enfermeiro é possível orientar e educar a comunidade para a construção de novos projetos de reabilitação social para quem sofre com transtornos mentais. Para Mesquita e Tavares, em seu artigo publicado em 2020 na Revista Enferma- gem Atual, o processo de enfermagem por meio de suas intervenções cria a pos- sibilidade de melhora do quadro de saúde do indivíduo com transtorno mental. A enfermagem em saúde mental se distingui (sic) por possuir, como componente central, a necessidade do entendimento do processo psicoterápico a partir do estabelecimento de vínculo da relação paciente-enfermeiro. A origem dos problemas de saúde mental é multifatorial e, para dar suporte a ações tera- pêuticas, o enfermeiro na saúde mental contemporânea deve assumir, como característica positiva do cuidado, a promoção de diversos momentos e maneiras de atuar com o sujeito no melhor sentido para sua existência, implementando o proces- so de enfermagem para tomar como forma de cuidar singular e direcionado, consolidando a atuação profissional (MESQUITA; TAVARES, 2020, p. 128-129). Com isso, a comunicação e o relacionamento terapêutico criam o vín- culo necessário para que o processo de enfermagem seja executado de forma eficaz para uma melhor qualidade de vida dessa população. Fica evidente que mais estudos são neces- sários sobre essa temática, para que novas políticas de saúde mostrem a importância de ações para uma população tão marginalizada e, para que tais mudan- ças ocorram, o enfermeiro é peça fundamental. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 52 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 52 05/10/2020 11:38:37 Cuidado de enfermagem à pessoa submetida à psicofarmacoterapia Segundo artigo de Baes e Juruena publicado na revista Medicina em 2017, a partir dos anos 1950, os psi- cofármacos deram uma nova espe- rança no tratamento de pessoas com transtornos mentais. Com eles, uma nova visão sobre psicopatologias foi iniciada, bem como o funcionamen- to e a epidemiologia dos transtornos mentais, o que trouxe uma maior efi - cácia aos diagnósticos médicos. Para que uma pessoa possa fazer uso de psicofármacos, é necessário que o médico leve em conta fatores como sintomatologia, idade, doenças preexistentes, interações medicamentosas e escalas de mensuração específi cas para determinado transtor- no mental. Farmacocinética Os psicofármacos atuam no sistema nervoso cen- tral (SNC) e têm a capacidade de atravessar a bar- reira hematoencefálica (BHE). Eles chegam ao SNC pela corrente sanguínea e a sua absorção conta com alguns fatores, como a via de administração da droga, com melhor absorção por via endovenosa. En- tretanto, os efeitos colaterais são maiores. Se a via de administração for a oral, considerada a mais segura, sua absorção será mais lenta. O fl uxo sanguíneo encefálico e a BHE infl uenciam a distribuição da droga no SNC. É importante ressaltar que os psicofármacos são lipossolúveis, não apresentando difi culdades para atravessar a BHE e atingir o seu sítio de ação. A metabolização é realizada, em sua maioria, pelo fígado, e a excreção é feita pelos rins, intestino ou bile. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 53 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 53 05/10/2020 11:38:43 Farmacodinâmica Sob os fatores farmacodinâmicos, isto é, os efeitos que a droga causa no organismo, de acordo com Baes e Juruena, os psicofármacos ligam-se aos receptores das células encefálicas e estabelecem as suas ações. Os an- tidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), como fl uoxetina, paroxetina e sertralina, ligam-se aos transportadores de termi- nal pré-sináptico do neurônio e inibem a recaptação do neurotransmissor (dopamina ou noradrenalina), fazendo com eles fi quem mais tempo na fen- da sináptica e causem uma sensação de bem-estar ao indivíduo. Desse modo, manifesta-se nas fendas sinápticas a presença do neuro- transmissor serotonina, também chamado de 5-HT, em grande quantidade e por muito mais tempo, que faz com que o antidepressivo gere uma sensa- ção de bem-estar em quem possui sinais e sintomas de depressão. Os efei- tos farmacodinâmicos determinam os efeitos colaterais dos psicofármacos, mas é preciso entender que cada organismo reage de maneira diferente. Há pessoas que, ao fazer uso de uma dose de 20 mg por dia de fl uoxetina, têm uma resposta boa o sufi ciente para sua psicopatologia, enquanto outras precisam de uma dose maior para que a medicação faça o mesmo efeito. É preciso salientar que, com o passar do tempo, algumas doses de psicofármacos precisam ser alte- radas, dado que o indivíduo já não responde à dose inicial. Os indivíduos que usam psicofármacos podem experimentar alguns efeitos adversos das medicações, o que vem a interferir na adesão ao tratamento medicamento. Por isso, o enfermeiro e sua equipe devem assis- tir os pacientes que fazem uso dessas drogas, a fi m de que haja melhor controle dos efeitos ad- versos e adesão ao tratamento. Tipos de psicofármacos Ansiolíticos Marcolan e Urasaki, em artigo para a Revista da Escola de Enfermagem da USP publicado em 1998, dizem que os ansiolíticos aliviam a ansiedade e a tensão emocional. Entretanto, essas medicações são usadas muitas vezes SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 54 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 54 05/10/2020 11:38:43 de forma abusiva, o que causa de- pendência e mascara os sinais, não tratando a real causa da ansiedade. Os ansiolíticos mais conhecidos são clonazepam (Rivotril), lorazepam (Lo- rax), diazepam (Valium), midazolam (Dormonid), bromazepam (Lexotan) e alprazolam (Frontal). Os candidatos a fazer uso dos ansio- líticos, ou benzodiazepínicos (BDZ), são os indivíduos que: apresentam estres- se emocional transitório, crises convul- sivas, espasmos musculares e delirium tremens (relacionado com dependência alcoólica). Os efeitos colaterais obser- vados são congelamento emocional (a pessoa perde a capacidade de demonstrar sentimentos diante de um aconte- cimento), sedação, letargia, desinibição, ansiedade, euforia e, em idosos, pode haver rebaixamento do nível de consciência. Assistência de enfermagem ao indivíduo que faz uso de BDZ O paciente e a família devem ser orientados sobre osefeitos da medicação e suas reações adversas, prestar atenção em sinais de retirada abrupta de BDZ, como ansiedade, insônia, convulsões, alucinações, delírios, agitação e irritabili- dade, dando atenção às interações medicamentosas e ao melhor horário para a medicação ser administrada – se possível, à noite. Antipsicóticos ou neurolépticos Utilizados no tratamento de psicoses, eles são um tipo de droga que não “cura” a psicose, mas diminuem os sintomas de delírios, impulsos agressivos, agitação psicomotora, entre outros sintomas. Marcolan e Urasaki relatam os efeitos colaterais dos antipsicóticos: sedação, hipotensão ortostática, sialosquese, retenção urinária, constipação intestinal, sonolência, icterícia colestática, aumen- to de peso, amenorréia, galactorréia, ginecomastia, arritmias cardíacas, perda da libido, inibição da ejaculação, impotência e SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 55 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 55 05/10/2020 11:38:48 frigidez transitórias, reações alérgicas. E comum o aparecimento da síndrome extrapiramidal onde ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; distonias mus- culares, principalmente de língua, boca e pescoço. O uso pro- longado de neurolépticos pode desencadear a discinesia tardia, quando ocorrem movimentos involuntários, coreoatetósicos da boca, língua, extremidades e tronco (1998, p. 211). As medicações mais utilizadas como antipsicóticos típicos são o haloperidol (Haldol), flufenazina (Anatensol) e clorpromazina (Amplictil). Entretanto, exis- tem antipsicóticos atípicos de segunda e terceira geração que oferecem menos efeitos colaterais, como risperidona (Risperdal), quetiapina (Seroquel) e zote- pina (Zoleptil). Assistência de enfermagem ao indivíduo que faz uso de neurolépticos A assistência de enfermagem ao paciente que faz uso de neurolépticos deve ser bem rigorosa, pois alguns deles causam muitas reações adversas. Paciente e familiares são orientados sobre os efeitos da medicação e pre- cauções, como ingerir após as refeições para evitar irritação gástrica, não ingerir álcool concomitantemente, não mudar de posição de forma brus- ca, em razão do risco de hipotensão postural, entre outros. As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam significativa- mente o risco de convulsões e confusão mental, por isso é importante sa- lientar que a clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das interações medicamentosas. O haloperidol (Haldol) e o lítio causam efeitos tóxicos ao SNC, e requerem rigorosa higiene bucal em razão da sialosquese. Antidepressivos Atualmente, há um grande número de antidepressivos no mercado. Eles começaram a ser descobertos a par- tir da Segunda Grande Guerra, como a iproniazida (usada para tratamento de tuberculose). Tal subs- tância atua como inibidora da monoamina oxida- se (iMAO) e os médicos começaram a perceber o seu efeito positivo no humor de pacientes. Porém, SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 56 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 56 05/10/2020 11:38:48 ASSISTA No filme Geração Prozac, de 2001, é apresentada uma percepção, através da personagem, de questões relativas não só ao medica- mento presente no título do filme, mas também como seu uso no tratamento da depressão maior é apenas parte do processo de recu- peração, e não a cura. Existem também os antidepressi- vos tricíclicos (ADT), que funcionam nas fendas pré-sinápticas e pós-sinápticas, e inibem principalmente os transpor- tadores de serotonina e noradrenalina, ou ainda podem ser seletivos e inibir só o transportador da noradrenalina. As- sim, de acordo com Rosa, Cavalcante e Terra Júnior, em artigo de 2018 para a Revista Científica da Faculdade de Educa- ção e Meio Ambiente, os neurotransmis- sores ficam mais tempo na fenda si- náptica. Os ADTs mais conhecidos são amitriptilina (Tryptanol), clomipramina (Anafranil), bupropiona (Wellbutrin) e nortriptilina (Pamelor). os efeitos colaterais eram significativos e essa droga foi descartada, como lembrado por Bittencourt, Caponi e Maluf em artigo divulgado em 2013 pela revista Mana. Ao longo dos anos, muitas pesquisas foram realizadas, a fim de encontrar uma droga eficiente para o tratamento da depres- são, mas só nos anos 1980 que os ISRS foram criados, como a fluoxetina (Prozac). Outros ISRS conhecidos são sertralina (Zoloft) e paroxetina (Pondera), cita- lopram (Procimax), escitalopram (Lexapro), ven- lafaxina (Efexor), desvenlafaxina (Deller), entre muitos outros. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 57 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 57 05/10/2020 11:38:51 Desafios à adesão de tratamento com psicofármacos Czarnobay, em artigo de 2018 para a revista Cogitare Enfermagem, diz que os desafi os à adesão ao tratamento com psicofármacos são muitos, sendo um fator preocupante para toda a equipe multidisciplinar, incluindo a equipe de enfermagem. Os fatores mais comuns para que a adesão não ocorra são a falta de entendimento sobre a ação da medicação, os efeitos adversos, re- sistência ao tomar os psicofármacos, fundamentalismo religioso, falta de apoio familiar e fi nanceiro e abuso de drogas e álcool. Por outro lado, nota-se o quão importante é o estabelecimento de vínculo e relacionamento terapêutico, para que o usuário faça o uso correto do psicofármaco e se habitue ao tra- tamento com mais facilidade. Assim, o enfermeiro deve ter um conhecimen- to rigoroso sobre psicofarmacologia para auxiliar o indivíduo com alguma psicopatologia a realizar o tratamen- to medicamentoso para uma melhor qualidade de vida. Assistência de enfermagem ao indivíduo que faz uso de antidepressivos Marcolan e Urasaki lembram que é importante explicitar ao indivíduo que faz uso de antidepressivo de que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias após uso ininterrupto, sem esquecer de avisar à família e ao pacien- te sobre o tratamento e seus efeitos adversos, como alteração de sono, ape- tite, perda ou aumento de peso, diarreia ou obstipação intestinal, sudorese, diminuição da libido, náusea, tontura e cefaleia, atentando-se para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencialização do antidepressivo – para comportamentos que indicam riscos para suicídio. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 58 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 58 05/10/2020 11:38:54 QUADRO 1. RESUMO DE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À PSICOFARMACOTERAPIA Psicotrópicos Efeitos adversos Assistência de enfermagem Ansiolíticos Congelamento emocional (perda da capacidade de demonstrar sentimentos diante de um aconte- cimento), sedação, letargia, desi- nibição, ansiedade, euforia e, em idosos, pode haver rebaixamento do nível de consciência. • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, agitação e irritabilidade; • Atenção às interações medicamentosas; • O melhor horário para a medicação ser administrada é à noite. Neurolépticos De acordo com o trabalho de Mar- colan e Urasaki (p. 211), pode haver “Sedação, hipotensão ortostática, sialosquese, retenção urinária, constipação intestinal, sonolência, icterícia colestática, aumento de peso, amenorréia, galactorréia, ginecomastia, arritmias cardía- cas, perda da libido, inibição da ejaculação, impotência e frigidez transitórias, reações alérgicas. É comum o aparecimento da síndrome extrapiramidal onde ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; distonias musculares, principalmen- te delíngua, boca e pescoço. O uso prolongado de neurolépticos pode desencadear a discinesia tardia”. • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; • Orientar o paciente a não ingerir álcool em conjunto com antipsicóticos; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente a não mudar de posição de forma brusca, em razão do risco de hipotensão postural; • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; • A clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das interações medicamentosas. Antidepressivos Alteração de sono e de apetite, perda ou aumento de peso, diarreia ou obstipação intestinal, sudorese, diminuição da libido, náusea, tontura e cefaleia. • Orientar o indivíduo que faz uso de antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias após o uso da medicação; • Orientar a família e paciente em relação ao tratamento e seus efeitos adversos; • Atentar para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- ção do antidepressivo; • Atentar para comportamentos que indicam riscos para suicídio. Congelamento emocional (perda Congelamento emocional (perda da capacidade de demonstrar sentimentos diante de um aconte- Congelamento emocional (perda da capacidade de demonstrar sentimentos diante de um aconte- cimento), sedação, letargia, desi- nibição, ansiedade, euforia e, em Congelamento emocional (perda da capacidade de demonstrar sentimentos diante de um aconte- cimento), sedação, letargia, desi- nibição, ansiedade, euforia e, em idosos, pode haver rebaixamento Congelamento emocional (perda da capacidade de demonstrar sentimentos diante de um aconte- cimento), sedação, letargia, desi- nibição, ansiedade, euforia e, em idosos, pode haver rebaixamento Congelamento emocional (perda da capacidade de demonstrar sentimentos diante de um aconte- cimento), sedação, letargia, desi- nibição, ansiedade, euforia e, em idosos, pode haver rebaixamento do nível de consciência. Congelamento emocional (perda da capacidade de demonstrar sentimentos diante de um aconte- cimento), sedação, letargia, desi- nibição, ansiedade, euforia e, em idosos, pode haver rebaixamento do nível de consciência. Congelamento emocional (perda da capacidade de demonstrar sentimentos diante de um aconte- cimento), sedação, letargia, desi- nibição, ansiedade, euforia e, em idosos, pode haver rebaixamento do nível de consciência. Congelamento emocional (perda da capacidade de demonstrar sentimentos diante de um aconte- cimento), sedação, letargia, desi- nibição, ansiedade, euforia e, em idosos, pode haver rebaixamento do nível de consciência. De acordo com o trabalho de Mar- da capacidade de demonstrar sentimentos diante de um aconte- cimento), sedação, letargia, desi- nibição, ansiedade, euforia e, em idosos, pode haver rebaixamento do nível de consciência. • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; De acordo com o trabalho de Mar- colan e Urasaki (p. 211), pode haver sentimentos diante de um aconte- cimento), sedação, letargia, desi- nibição, ansiedade, euforia e, em idosos, pode haver rebaixamento do nível de consciência. • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; De acordo com o trabalho de Mar- colan e Urasaki (p. 211), pode haver “Sedação, hipotensão ortostática, cimento), sedação, letargia, desi- nibição, ansiedade, euforia e, em idosos, pode haver rebaixamento do nível de consciência. • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, De acordo com o trabalho de Mar- colan e Urasaki (p. 211), pode haver “Sedação, hipotensão ortostática, sialosquese, retenção urinária, constipação intestinal, sonolência, idosos, pode haver rebaixamento • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, De acordo com o trabalho de Mar- colan e Urasaki (p. 211), pode haver “Sedação, hipotensão ortostática, sialosquese, retenção urinária, constipação intestinal, sonolência, icterícia colestática, aumento de • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, De acordo com o trabalho de Mar- colan e Urasaki (p. 211), pode haver “Sedação, hipotensão ortostática, sialosquese, retenção urinária, constipação intestinal, sonolência, icterícia colestática, aumento de peso, amenorréia, galactorréia, ginecomastia, arritmias cardía- • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, De acordo com o trabalho de Mar- colan e Urasaki (p. 211), pode haver “Sedação, hipotensão ortostática, sialosquese, retenção urinária, constipação intestinal, sonolência, icterícia colestática, aumento de peso, amenorréia, galactorréia, ginecomastia, arritmias cardía- • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, agitação e irritabilidade; De acordo com o trabalho de Mar- colan e Urasaki (p. 211), pode haver “Sedação, hipotensão ortostática, sialosquese, retenção urinária, constipação intestinal, sonolência, icterícia colestática, aumento de peso, amenorréia, galactorréia, ginecomastia, arritmias cardía- • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, agitação e irritabilidade; • Atenção às interações • O melhor horário para a medicação De acordo com o trabalho de Mar- colan e Urasaki (p. 211), pode haver “Sedação, hipotensão ortostática, sialosquese, retenção urinária, constipação intestinal, sonolência, icterícia colestática, aumento de peso, amenorréia, galactorréia, ginecomastia, arritmias cardía- • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, agitação e irritabilidade; • Atenção às interações • O melhor horário para a medicação De acordo com o trabalho de Mar- colan e Urasaki (p. 211), pode haver “Sedação, hipotensão ortostática, sialosquese, retenção urinária, constipação intestinal, sonolência, icterícia colestática, aumento de peso, amenorréia, galactorréia, ginecomastia, arritmias cardía- • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, agitação e irritabilidade; • Atenção às interações medicamentosas; • O melhor horário para a medicação ser administrada é à noite. colan e Urasaki (p. 211), pode haver “Sedação, hipotensão ortostática, sialosquese, retenção urinária, constipação intestinal, sonolência, icterícia colestática, aumento de peso, amenorréia, galactorréia, ginecomastia, arritmias cardía- • Orientar o paciente e a família sobre os efeitos e reações adversas da medicação; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, agitação e irritabilidade;• Atenção às interações medicamentosas; • O melhor horário para a medicação ser administrada é à noite. sialosquese, retenção urinária, constipação intestinal, sonolência, icterícia colestática, aumento de peso, amenorréia, galactorréia, ginecomastia, arritmias cardía- • Orientar paciente e família sobre os efei- efeitos e reações adversas da medicação; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, agitação e irritabilidade; • Atenção às interações medicamentosas; • O melhor horário para a medicação ser administrada é à noite. constipação intestinal, sonolência, icterícia colestática, aumento de peso, amenorréia, galactorréia, ginecomastia, arritmias cardía- • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; • Atentar-se a sinais de retirada abrupta de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, agitação e irritabilidade; • Atenção às interações medicamentosas; • O melhor horário para a medicação ser administrada é à noite. peso, amenorréia, galactorréia, ginecomastia, arritmias cardía- • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; de BDZ, que podem causar ansiedade, insônia, convulsão, alucinação, delírio, • Atenção às interações medicamentosas; • O melhor horário para a medicação ser administrada é à noite. • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; • Orientar o paciente a não ingerir álcool em conjunto com antipsicóticos; • O melhor horário para a medicação ser administrada é à noite. • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; • Orientar o paciente a não ingerir álcool em conjunto com antipsicóticos; • A medicação deve ser ingerida após as • O melhor horário para a medicação ser administrada é à noite. • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; • Orientar o paciente a não ingerir álcool em conjunto com antipsicóticos; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica; • O melhor horário para a medicação ser administrada é à noite. • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; • Orientar o paciente a não ingerir álcool em conjunto com antipsicóticos; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica; • O melhor horário para a medicação ser administrada é à noite. • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; • Orientar o paciente a não ingerir álcool em conjunto com antipsicóticos; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; • Orientar o paciente a não ingerir álcool em conjunto com antipsicóticos; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; • Orientar o paciente a não ingerir álcool em conjunto com antipsicóticos; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; • Orientar o paciente a não ingerir álcool em conjunto com antipsicóticos; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente e família sobre os efei- tos da medicação e reações adversas; • Orientar o paciente a não ingerir álcool em conjunto com antipsicóticos; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar o paciente a não ingerir álcool em conjunto com antipsicóticos; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica; álcool em conjunto com antipsicóticos; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica; • A medicação deve ser ingerida após as refeições para evitar irritação gástrica;ginecomastia, arritmias cardía- cas, perda da libido, inibição da ginecomastia, arritmias cardía- cas, perda da libido, inibição da ejaculação, impotência e frigidez ginecomastia, arritmias cardía- cas, perda da libido, inibição da ejaculação, impotência e frigidez transitórias, reações alérgicas. ginecomastia, arritmias cardía- cas, perda da libido, inibição da ejaculação, impotência e frigidez transitórias, reações alérgicas. É comum o aparecimento da síndrome extrapiramidal onde ocorre parkinsonismo; acatisia que ginecomastia, arritmias cardía- cas, perda da libido, inibição da ejaculação, impotência e frigidez transitórias, reações alérgicas. É comum o aparecimento da síndrome extrapiramidal onde ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude ginecomastia, arritmias cardía- cas, perda da libido, inibição da ejaculação, impotência e frigidez transitórias, reações alérgicas. É comum o aparecimento da síndrome extrapiramidal onde ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; ginecomastia, arritmias cardía- cas, perda da libido, inibição da ejaculação, impotência e frigidez transitórias, reações alérgicas. É comum o aparecimento da síndrome extrapiramidal onde ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; distonias musculares, principalmen- ginecomastia, arritmias cardía- cas, perda da libido, inibição da ejaculação, impotência e frigidez transitórias, reações alérgicas. É comum o aparecimento da síndrome extrapiramidal onde ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; distonias musculares, principalmen- te de língua, boca e pescoço. O uso ginecomastia, arritmias cardía- cas, perda da libido, inibição da ejaculação, impotência e frigidez transitórias, reações alérgicas. É comum o aparecimento da síndrome extrapiramidal onde ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; distonias musculares, principalmen- te de língua, boca e pescoço. O uso prolongado de neurolépticos pode ejaculação, impotência e frigidez transitórias, reações alérgicas. É comum o aparecimento da síndrome extrapiramidal onde ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; distonias musculares, principalmen- te de língua, boca e pescoço. O uso prolongado de neurolépticos pode desencadear a discinesia tardia”. transitórias, reações alérgicas. É comum o aparecimento da síndrome extrapiramidal onde ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; distonias musculares, principalmen- te de língua, boca e pescoço. O uso prolongado de neurolépticos pode desencadear a discinesia tardia”. refeições para evitar irritação gástrica; síndrome extrapiramidal onde ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; distonias musculares, principalmen- te de língua, boca e pescoço. O uso prolongado de neurolépticos pode desencadear a discinesia tardia”. refeições para evitar irritação gástrica; ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; distonias musculares, principalmen- te de língua, boca e pescoço. O uso prolongado de neurolépticos pode desencadeara discinesia tardia”. refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente a não mudar de posição de forma brusca, em razão do ocorre parkinsonismo; acatisia que se caracteriza por uma inquietude involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; distonias musculares, principalmen- te de língua, boca e pescoço. O uso prolongado de neurolépticos pode desencadear a discinesia tardia”. refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente a não mudar de posição de forma brusca, em razão do involuntária, onde por exemplo o paciente marcha sem sair do lugar; distonias musculares, principalmen- te de língua, boca e pescoço. O uso prolongado de neurolépticos pode desencadear a discinesia tardia”. refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente a não mudar de posição de forma brusca, em razão do risco de hipotensão postural; • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o Alteração de sono e de apetite, paciente marcha sem sair do lugar; distonias musculares, principalmen- te de língua, boca e pescoço. O uso prolongado de neurolépticos pode desencadear a discinesia tardia”. refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente a não mudar de posição de forma brusca, em razão do risco de hipotensão postural; • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; Alteração de sono e de apetite, perda ou aumento de peso, diarreia ou obstipação intestinal, distonias musculares, principalmen- te de língua, boca e pescoço. O uso prolongado de neurolépticos pode desencadear a discinesia tardia”. refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente a não mudar de posição de forma brusca, em razão do risco de hipotensão postural; • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; Alteração de sono e de apetite, perda ou aumento de peso, diarreia ou obstipação intestinal, prolongado de neurolépticos pode desencadear a discinesia tardia”. refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente a não mudar de posição de forma brusca, em razão do risco de hipotensão postural; • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; • A clozapina pode ser substituída por Alteração de sono e de apetite, perda ou aumento de peso, diarreia ou obstipação intestinal, refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente a não mudar de posição de forma brusca, em razão do risco de hipotensão postural; • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; • A clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira Alteração de sono e de apetite, perda ou aumento de peso, diarreia ou obstipação intestinal, refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente a não mudar de posição de forma brusca, em razão do risco de hipotensão postural; • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; • A clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das Alteração de sono e de apetite, perda ou aumento de peso, diarreia ou obstipação intestinal, refeições para evitar irritação gástrica; • Orientar paciente a não mudar de posição de forma brusca, em razão do risco de hipotensão postural; • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; • A clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das interações medicamentosas. Alteração de sono e de apetite, perda ou aumento de peso, diarreia ou obstipação intestinal, • Orientar paciente a não mudar de posição de forma brusca, em razão do risco de hipotensão postural; • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; • A clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das interações medicamentosas. Alteração de sono e de apetite, perda ou aumento de peso, diarreia ou obstipação intestinal, • Orientar o indivíduo que faz uso de posição de forma brusca, em razão do risco de hipotensão postural; • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; • A clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das interações medicamentosas. Alteração de sono e de apetite, perda ou aumento de peso, diarreia ou obstipação intestinal, • Orientar o indivíduo que faz uso de antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; • A clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das interações medicamentosas. Alteração de sono e de apetite, perda ou aumento de peso, diarreia ou obstipação intestinal, • Orientar o indivíduo que faz uso de antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; • A clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das interações medicamentosas. diarreia ou obstipação intestinal, • Orientar o indivíduo que faz uso de antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias • As interações medicamentosas entre clozapina (Leponex) e lítio aumentam o risco de convulsões e confusão mental; • A clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das interações medicamentosas. • Orientar o indivíduo que faz uso de antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias após o uso da medicação; • Orientar a família e paciente em relação ao tratamento e seus efeitos risco de convulsões e confusão mental; • A clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das interações medicamentosas. • Orientar o indivíduo que faz uso de antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias após o uso da medicação; • Orientar a família e paciente em relação ao tratamento e seus efeitos • A clozapina pode ser substituída por antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das interações medicamentosas. • Orientar o indivíduo que faz uso de antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias após o uso da medicação; • Orientar a família e paciente em relação ao tratamento e seus efeitos antipsicóticos de segunda e terceira geração para evitar os efeitos das interações medicamentosas. • Orientar o indivíduo que faz uso de antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias após o uso da medicação; • Orientar a família e paciente em relação ao tratamento e seus efeitos • Orientar o indivíduo que faz uso de antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias após o uso da medicação; • Orientar a família e paciente em relação ao tratamento e seus efeitos • Orientar o indivíduo que faz uso de antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias após o uso da medicação; • Orientar a família e paciente em relação ao tratamento e seus efeitos adversos; • Orientar o indivíduo que faz uso de antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias após o usoda medicação; • Orientar a família e paciente em relação ao tratamento e seus efeitos adversos; antidepressivo que o efeito da droga é notado somente entre 20 a 30 dias após o uso da medicação; • Orientar a família e paciente em relação ao tratamento e seus efeitos adversos; • Orientar a família e paciente em relação ao tratamento e seus efeitos • Orientar a família e paciente em relação ao tratamento e seus efeitos relação ao tratamento e seus efeitos diarreia ou obstipação intestinal, diarreia ou obstipação intestinal, sudorese, diminuição da libido, diarreia ou obstipação intestinal, sudorese, diminuição da libido, diarreia ou obstipação intestinal, sudorese, diminuição da libido, náusea, tontura e cefaleia. diarreia ou obstipação intestinal, sudorese, diminuição da libido, náusea, tontura e cefaleia. diarreia ou obstipação intestinal, sudorese, diminuição da libido, náusea, tontura e cefaleia. diarreia ou obstipação intestinal, sudorese, diminuição da libido, náusea, tontura e cefaleia. diarreia ou obstipação intestinal, sudorese, diminuição da libido, náusea, tontura e cefaleia. diarreia ou obstipação intestinal, sudorese, diminuição da libido, náusea, tontura e cefaleia. diarreia ou obstipação intestinal, sudorese, diminuição da libido, náusea, tontura e cefaleia. sudorese, diminuição da libido, náusea, tontura e cefaleia. • Atentar para aumento de pressão • Atentar para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- • Atentar para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- adversos; • Atentar para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- adversos; • Atentar para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- ção do antidepressivo; • Atentar para comportamentos que adversos; • Atentar para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- ção do antidepressivo; • Atentar para comportamentos que • Atentar para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- ção do antidepressivo; • Atentar para comportamentos que indicam riscos para suicídio. • Atentar para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- ção do antidepressivo; • Atentar para comportamentos que indicam riscos para suicídio. • Atentar para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- ção do antidepressivo; • Atentar para comportamentos que indicam riscos para suicídio. • Atentar para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- ção do antidepressivo; • Atentar para comportamentos que indicam riscos para suicídio. • Atentar para aumento de pressão arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- ção do antidepressivo; • Atentar para comportamentos que indicam riscos para suicídio. arterial – a paroxetina usada com ácido acetilsalicílico aumenta a potencializa- • Atentar para comportamentos que indicam riscos para suicídio. acetilsalicílico aumenta a potencializa- • Atentar para comportamentos que indicam riscos para suicídio. • Atentar para comportamentos que indicam riscos para suicídio. • Atentar para comportamentos que SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 59 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 59 05/10/2020 11:39:01 Álcool e drogas Seja por fuga dos problemas cotidianos, autoafi rmação, religiosidade, curiosidade ou para se sentir parte de um grupo, o ser humano sempre buscou novas sensações fora da realidade. Segundo Pratta e Santos, em artigo de 2009 publicado na revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, essa busca milenar pelo pra- zer e diminuição do sofrimento fez com que o ser humano enveredasse pelo caminho do uso de substâncias psicoativas e abuso de drogas. Álcool O consumo de bebida alcoólica é comum em diversas culturas, diante de inúmeras situações, como comemo- rações, reunião com amigos, réveillon, após um dia exaustivo de trabalho e as- sim por diante. Quando o indivíduo não consegue realizar as atividades de vida diária sem uma dose de álcool, há um processo de dependência. O vício em álcool é um problema de saúde pública e traz muitos malefícios ao usuário, à família e a todas a pessoas envolvidas nesse contexto. De acordo com Haes, em artigo na revista Medicina, divulgado em 2010, o álcool é uma substância depressora do SNC e está relacionada com a poten- cialização do GABA, neurotransmissor inibitório cujos efeitos são conhecidos: euforia, desinibição social – algumas pessoas falam mais, outras fi cam tristes, agressivas –, relaxamento, rubor facial, défi cit na coordenação motora e, em altas doses, até coma. Em pessoas com dependência alcoólica, há uma potencialização contrária de neurotransmissores, ou seja, o NMDA (neurotransmissor de glutamato) com efeito excitatório é ativado e, por esse motivo, a crise de abstinência causa sinais e sintomas como tremores, convulsões, náuseas, vômitos, ansiedade, sudorese, cefaleia e delirium tremens, relacionado com tremores, alucinações, confusão mental, aumento da temperatura corporal e da atividade simpática. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 60 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 60 05/10/2020 11:39:09 O uso abusivo de álcool (mais do que 14 doses semanais) é responsável por muitas doenças psiquiátricas, neurológicas, cardíacas, renais e hepáticas. O tratamento deve ser realizado de forma acolhedora e holística, bem como com o apoio da família, primordial para o sucesso no processo. Cocaína Ferreira e Martini, em artigo de 2001 para a Revista Brasileira de Psiquiatria, de- claram que, há mais de 4500 anos, as grandes civilizações andinas conheciam e faziam uso da planta de coca, algo provado em escavações nas regiões da Bolívia e do Peru. Seu uso mais famoso foi na Medicina, quando o extrato de cocaína foi iso- lado pelo químico alemão Albert Niemann. Daí por diante, a cocaína passou a ser conhecida como fármaco milagroso, cujo uso tratava a dependência de morfina. Figura 3. Anúncio de bala de cocaína para tratar dor de dente em 1885. Fonte: LÓPEZ-MUÑOZ; GONZÁLEZ, 2020. Foi nas mãos de Freud que a cocaína se tornou popular, por meio da divul- gação, em 1884, do livro denominado Über Coca (Sobre a cocaína), no qual o médico indicava o uso terapêutico da droga para histeria, sífilis, estimulante sexual, depressão, exaustão emocional, asma e anestésico local. Freud tam- bém usava cocaína diariamente, em uma dose de 200 mg. Todavia, oito anos mais tarde, ele mudou sua opinião mediante os casos de dependência de co- caína e desaconselhava o uso. Alguns autores, como Ferreira e Martini, além de Callegraro, que escreveu O novo inconsciente: como a terapia cognitiva e as neu- rociências revolucionaram o modelo do processamento mental, de 2011, relatam que a cocaína auxiliou Freud no processo de construção de seu trabalho sobre inconsciente, por ser uma teoria sem possibilidade de comprovação científica. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 61 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 61 05/10/2020 11:39:11 Vesícula sináptica Receptor de dopamina Transportador de dopamina Fenda sináptica Transportador de dopamina bloqueado por cocaína Intensidade do sinal Dopamina Cocaína Figura 4. Cocaína acumula dopamina na sinapse, bloqueando o transportador de dopamina e causando uma resposta intensificada na célula receptora. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/09/2020. (Adaptado). Conforme informações da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, a co- caína é uma droga atualmente ilícita que causa grande dependênciae pode ser usada de forma aspirativa e injetável. Ela age no SNC como um bloqueador de monoaminas (serotonina, noradrenalina e dopamina) e, assim, causa euforia, se- gurança, sensação de controle e alerta, porém pode desencadear paranoia em algumas pessoas. Quando passa o efeito da droga, o usuário cai em um estado de- pressivo, o que o leva a usar a droga novamente. Há grande risco de overdose, con- vulsão, acidente vascular cerebral (AVC) e morte por parada cardiorrespiratória. Maconha Segundo Carlini, em artigo para o Jornal Brasileiro de Psiquiatria, em 2006, a maconha veio do continente africano para o Brasil no século XVI e passou a ser cultivada no País. Indicada para uso terapêutico, em dispepsias, hipnótico, se- dativo e calmante, os efeitos da maconha estão relacionados com relaxamento, percepções de cores e sons de forma mais intensa e alguns usuário tornam-se prolixos, entretanto outras pessoas tornam-se mais ansiosas e confusas. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 62 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 62 05/10/2020 11:39:13 De acordo com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, o uso crôni- co da planta, a longo prazo, afeta a memória, atenção, processamento de infor- mações, podem causar doenças respiratórias, piorar quadros de esquizofrenia e dificultar a aprendizagem, como exposto por Ribeiro, em artigo escrito em 2005 para a Revista da Associação Médica Brasileira. Crack A dependência pelo uso do crack ganha as manchetes dos jornais pelo gran- de problema social que causa nas grandes metrópoles, como a Cracolândia, na cidade de São Paulo, onde um aglomerado de pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social e de saúde usam a droga a céu aberto. Figura 5. Pedras de crack. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/09/2020. Teixeira, Engstrom e Ribeiro, em 2017 na revista Saúde Debate, descreveram o termo “crack” como referente ao som produzido no processo de aquecimento da cocaína e bicarbonato de sódio que formam o cristal de crack. Por ter uma capacidade de dependência súbita e relativamente barata, a droga se tornou popular da década de 1990 até os dias de hoje. O crack causa os mesmos efei- tos da cocaína, mas, como seu efeito é muito rápido, o indivíduo quer fazer uso da droga novamente em um curto espaço de tempo. Ecstasy Essa droga ganhou popularidade nos anos 1990, por meio das festas de música eletrônica (raves) e baladas. Assim, tornou-se conhecida como ecstasy, Michael Douglas, MD, bala, entre outros nomes. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 63 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 63 05/10/2020 11:39:18 Figura 6. Comprimidos de ecstasy. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/09/2020. Pela defi nição dada por Xavier, em artigo de 2008 na Revista Psiquiatria Clínica, ela é uma substância química identifi cada como 3,4-metilenodioxime- tanfetamina, ou MDMA, mas há outras variações da droga. Ela age no SNC pela liberação excessiva de neurotransmissores, como serotonina, noradrenalina e dopamina. Seus efeitos são felicidade extrema, euforia, hipersensibilidade ao toque, aumento de temperatura corporal e aumento da libido. Nos dias seguin- tes ao uso, o indivíduo experimenta um grande estado depressivo, ansiedade e exaustão, denominado de Blue Tuesday (terça-feira triste). Tratamento no CAPS-AD O problema da dependência de álcool e drogas é uma questão muito maior do que o sofrimento psíquico, pois afetam as esferas social, política, ambiental, econômica, biológica e de segurança. Sabe-se que, antes de haver a reforma psiquiátrica (RF), os indi- víduos dependentes de substâncias psicoativas (IDSP) não tinham um tratamento direcionado às suas ne- cessidades. Entretanto, com a política de atenção primária após a RF, novas estratégias foram estu- dadas para a implementação de uma assistência de saúde melhor direcionada aos IDSP, como relata- SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 64 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 64 05/10/2020 11:39:23 do por Azevedo e Miranda em traba- lho apresentado na revista Escola Anna Nery em 2010. Segundo o trabalho de Kantorski, publicado na Revista Mineira de En- fermagem em 2010, há uma grande preocupação dos enfermeiros que trabalham no CAPS-AD com a adesão ao tratamento medicamentoso, pois é necessário que haja a diminuição dos sintomas de abstinência para que o indivíduo consiga estar melhor “equilibra- do” para enfrentar o tratamento. Ainda conforme Kantorski, o acolhimento inicial ao IDSP é realizado pela escuta terapêutica por parte do enfermeiro do CAPS-AD, a fi m de oferecer um cuidado integral para encaminhar o usuário a outros profi ssionais que traba- lham no CAPS-AD. Portanto, tal ação proporciona aos enfermeiros um olhar maior diante de atividades mais amplas da assistência de enfermagem no aten- dimento de saúde mental. Saúde mental e trabalho Os transtornos mentais confi guram os principais motivos de afastamento do trabalho no Brasil. Isto demonstra que relação entre saúde mental e traba- lho é intrínseca ao desenvolvimento de transtornos psíquicos durante a vida laboral. Lima, conforme publicado nos Cadernos de Psicologia Social do Trabalho em 2013, aponta que os principais problemas de adoecimento mental estão relacionados a questões pessoais no trabalho e critica a ação de al- gumas empresas em preocupar-se somente com o atendimento individual à pessoa com psicopatologia, uma vez que o atendimento deveria ser coletivo, a fi m de sanar todos os problemas de relacionamentos dentro do ambiente de trabalho. Assim, de acordo com Lima, ao detectar os pro- blemas envolvidos no ambiente de trabalho, novas SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 65 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 65 05/10/2020 11:39:25 ações devem ser executadas junto ao trabalhador adoecido e à equipe de trabalho. Silva, Bernardo e Souza, em artigo de 2016 para a Revista Brasilei- ra de Saúde Ocupacional, indicam que o mundo altamente globalizado e com velocidade de informações, em espe- cial na área de tecnologia, e as novas gestões de acompanhamento da velo- cidade mundial de inovações são res- ponsáveis por causar um grande dé- ficit no bem-estar do trabalhador, em razão da necessidade de eventual as- sessoria nas novas formas de trabalho em um mundo com imensa velocidade de informações. Apesar de um mundo tão globali- zado e veloz, a compreensão sobre a relação entre adoecimento psíquico e trabalho é incompreendida, dado que o trabalhador é visto como o úni- co culpado pelo adoecimento. No ar- tigo de Silva, Bernardo e Souza, está descrito que: O trabalhador é tratado, nesse sentido, como descuidado e ir- responsável frente a acidentes e ao adoecimento, desconside- rando-se pressões, exigências, prazos e outras formalidades que caracterizam o trabalho contemporâneo, especialmente em países de economia dependente como o Brasil e outros da Amé- rica Latina (2016, p. 2). Indivíduos que trabalham em longas jornadas ou são denominados como vi- ciados em trabalho ou são vistos como empregados exemplares dentro de uma empresa, já que o trabalhador assalariado lida com um mundo extremamente competitivo, o que ressalta a precarização do ambiente laboral dos trabalhadores. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 66 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 66 05/10/2020 11:39:27 1. Dedicação intensifi cada 2. Descaso com as necessidades pessoais 3. Recalque de confl itos 4. Reinterpretação dos valores 5. Negação de problemas 7. Despersonalização 9. Colapso físico e mental 10. Estado de emergência 8. Tristeza intensa 6. Recolhimento e aversão a reuniões Figura 7. As fases da síndrome de burnout. Fonte: BUSIN, 2018. (Adaptado). Segundo Silva, Bernardo e Souza, quando este trabalhador adoece men- talmente, ele sente-se sozinho diante da falta de apoio do empregador e de políticas de saúde no âmbito daassistência em nosso país ao acometido por doença mental em razão do trabalho. A síndrome de burnout na enfermagem A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profi ssional, é cons- tantemente associada aos trabalhadores da área da saúde, principalmente à equipe de enfermagem, os quais trabalham na linha de frente do cuidado ao SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 67 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 67 05/10/2020 11:39:29 cliente durante 24 horas por dia, sete dias por semana, mesmo com muitas instituições não oferecendo instalações, equipamentos e materiais adequados para o trabalho de enfermagem. No trabalho de Merces, apresentado na Revista Baiana de Enfermagem em 2016, que relata a síndrome de burnout na atenção básica de saúde, pois a falta de pessoal, os baixos salários, a precariedade das instalações do local de trabalho, os confl itos que surgem com a equipe de saúde e a sobrecarga de atendimento levam os membros da equipe de enfermagem ao adoecimento pela síndrome do esgotamento profi ssional. Os sinais e sintomas compreendem exaustão emocional, despersonaliza- ção (estranho a si mesmo, realiza as atividades em modo automático), fadiga, insônia, cefaleia, agressividade, difi culdade de concentração, alteração de hu- mor, falta de apetite e défi cit de memória, fatores que podem levar o trabalha- dor ao afastamento do trabalho. Mudanças essenciais mantêm o bem-estar do trabalhador, como organiza- ção do ambiente de trabalho, cursos de atualização e capacitação, melhores salários, contratação de mais funcionários e resolução de confl itos pessoais no ambiente de trabalho. Essas medidas preventivas devem ser adotadas, mas há um grande desafi o para que sejam empregadas corretamente. Teoria do estresse De acordo com Silva, Goulart e Guido, em artigo para a Revista Científi ca Sena Aires, em 2018, o cientista e médico Hans Selye (1907–1982) notou que pacientes desencadeavam sintomas semelhantes ao adentrarem à clínica médica, como perda de peso, fraqueza muscular e inapetência, o que ele denominou de “sín- drome de estar doente”. Para explicar melhor esse fenômeno, Selye realizou um estudo científi co com animais e os submeteu a inúmeras situações agressivas. As mesmas respostas foram notadas, independentemente da situação: au- mento do córtex da glândula suprarrenal, atrofi a do timo e úlceras gastrointes- tinais. A partir de então, o cientista relacionou esses sinais com o signifi cado de estresse biológico e denominou de síndrome de adaptação geral (SAG), ou síndrome do estresse biológico. Logo, observam-se três fases na síndrome: a) reação de alarme, b) resistência e c) exaustão. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 68 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 68 05/10/2020 11:39:29 A fase a consiste em uma reação do organismo para compreender o que ocorre à sua volta de modo a atender às necessidades exigidas, defendendo o organismo de determinada ameaça. Para isso, o corpo responde com au- mento de frequência cardíaca, sudorese, aumento ou diminuição da pressão arterial, fadiga, tensão muscular, alterações gástricas e intestinais, entre ou- tros sinais de esgotamento. Na fase b, que manifesta-se devido a uma reação à adaptação ao evento estressor, os sinais são ansiedade, diminuição da libido, medo, irritabilidade e aumento ou diminuição de apetite. Por último, na fase c, os mecanismos de adaptação falham e são notados os sinais e sintomas de doenças gas- trointestinais, depressão, cardiopatia e pneumopatia, o que pode resultar em morte, se nenhuma intervenção for feita. Explicação neuroendócrina ao estresse A explicação da síndrome do estresse biológico tem um caráter neuroen- dócrino para Selye e é baseada em dois eixos: hipotálamo – hipófi se – córtex da glândula suprarrenal; e hipotálamo – sistema nervoso simpático – medu- la da glândula suprarrenal. No primeiro eixo, o hipotálamo libera corticotro- fi na (CRH), o qual estimula a hipófi se e aumenta a produção do hormônio adrenocorticotrófi co (ACTH), que age no córtex das glândulas suprarrenais e aumentam os níveis de cortisol e aldosterona. O resultado dessa casca- ta de produção de hormônios durante um evento estressor desencadeia transtornos comportamentais, alterações de peso, insônia ou hipersonia, diminuição de respostas imunológicas, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e doenças gástricas. Já no segundo eixo, conforme Silva, Goulart e Guido, o siste- ma nervoso simpático (SNS), infl uenciado pela ação de hipófi se, estimula a liberação de adrenalina e noradrenalina pela medula suprarrenal, que ocasionam sinais e sintomas parecidos com uma situação de luta ou fuga: midríase, hiperidrose, taquicardia, dilata- ção brônquica, diminuição do débito urinário e aumento das atividades musculares e mentais. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 69 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 69 05/10/2020 11:39:29 Estresse Sistema nervoso autônomoPredomínio simpático Isquemia Alterações do ritmo Catecolaminas Suprarrenais Ateromas Plaquetas ACTH Defi ciência imunológica Sistema límbico Hipotálamo Hipófi se Figura 8. Esquema da fi siopatologia do estresse. Fonte: MIRANDA-VILELA, 2019. (Adaptado). Anos mais tarde, Selye apresentou a ideia de que o estresse também pode ter um efeito positivo e ajuda o indivíduo a enfrentar os problemas do coti- diano – no entanto, sua teoria é baseada em eventos estressores físicos. Nos anos 1980, foi proposta a teoria de estresse baseada em eventos psicológicos, denominada de teoria interacional, e que pode ser dividida em duas fases: na primeira, o indivíduo signifi ca o evento e isso pode desencadear uma respos- ta; na segunda fase, ocorre a adaptação ao evento estressor ou as estratégias para o enfrentamento são avaliadas. Existem muitas outras defi nições e estudos sobre o que os eventos estres- sores psicológicos e/ou físicos desencadeiam no indivíduo, mas o importante é saber que esses efeitos podem trazer efeitos negativos e, assim, levam ao adoecimento físico e psíquico da pessoa, levando à perda de qualidade de vida e problemas em todas as áreas de sua vida. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 70 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 70 05/10/2020 11:39:31 A relação da família com o portador de transtorno mental A família do indivíduo acometido por psicopatologia passa a ter um con- tato mais próximo aos profi ssionais da área da saúde, que atuam na rede de atenção primária de saúde mental, e por consequência auxiliam no tratamento do parente em sofrimento psíquico, o que pode trazer muitos benefícios para todas as partes envolvidas. De acordo com Bielemann, como expresso em artigo para a revista Texto & Contexto em 2009, antes da reforma psiquiátrica (RP), a família era uma mera observadora. Com as mudanças ocorridas, a relação familiar tornou-se mais estreita, observando que o sucesso no tratamento está diretamente relaciona- do com o apoio familiar. ASSISTA Nos anos 1950, Nise da Silveira, uma psiquiatra que não concordava com os tratamentos convencionais para es- quizofrenia, assumiu o setor de terapia ocupacional de um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro e utilizou uma forma inovadora no cuidado com os pacientes. No trailer do fi lme Nise - o coração da loucura, baseado em fatos reais, é possível observar um pouco dos hospitais psiquiátricos da época, que pareciam prisões em que os pacientes viviam de maneira desumana e os médicos indicavam cirurgias no cérebro, como a lobotomia, para tratamentos psiquiátricos. A família possui também o papel de cuidadora da pessoa acometida por transtorno psiquiátrico e é de suma importância a inclusão da família na rede de atenção primária, porque é o local de orientação, de resolução de dúvidas, sem esquecer dos sentimentos do membro familiar que podem ser avaliados por profi ssionais preparados para este tipo de situação,em razão do estres- se no cuidado de um familiar doente. Com visitas domiciliares realizadas pela equipe do CAPS, há um trabalho de acolhimento do familiar através do diálogo com o parente cuidador do paciente, trazendo informações importantes para o manejo terapêutico no tratamento do indivíduo. Para Mielke e colaboradores, como descrito em artigo para a Revista Eletrô- nica de Enfermagem em 2010, a família era considerada culpada pelo adoeci- mento psicológico do parente no modelo manicomial e, por esse motivo, era SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 71 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 71 05/10/2020 11:39:31 afastada do parente adoecido. No modelo atual, a família é uma ferramenta importante na reabilitação do indivíduo com transtorno psiquiátrico, embora, muitas vezes, vá ao serviço de saúde com sentimentos de exaustão, desespe- rança, culpa e impotência diante do cuidado com o familiar adoecido. O serviço de atenção primária tem o objetivo de oferecer apoio e esclarecimento diante da problemática enfrentada pelo familiar do indivíduo diagnosticado com transtorno psiquiátri- co. Os caminhos para inclusão da família vão das vi- sitas domiciliares às participações em oficinas de atividades, bem como o acolhimento em espaços de escuta para estabelecer o vínculo entre família, usuário e profissionais que trabalham no CAPS. Figura 9. Centro Atenção Psicossocial. Fonte: Portal O Dia, 2019. Cuidar de um familiar acometido por um transtorno psiquiátrico pode ser um grande desafio à família; ter um lugar de apoio e acolhimento faz toda a diferen- ça no processo de reabilitação do usuário. É importante que paciente e família possuam esta rede de apoio para que a saúde física e psicológica, bem como a qualidade de vida, esteja melhor. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 72 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 72 05/10/2020 11:39:33 Sintetizando A teoria psicodinâmica leva em conta a história de vida do indivíduo e como ele pode se adaptar frente à problemática, de acordo com funcionamento de seus pensamentos. Tal teoria tem base em modelos psicanalíticos e na teoria da personalidade. Sigmund Freud foi o principal expoente da teoria da personali- dade, baseada no conceito de aparelho psíquico, modelo que ele utilizou para formular a segunda tópica, a qual se sustenta no entendimento da interação entre id, ego e superego. Assim, ele relacionou esses estudos com as fases psi- cossociais do desenvolvimento humano, classificadas em: fase oral, fase anal, fase fálica, fase de latência e fase genital. De acordo com as explicações da construção do modelo de personalida- de, a abordagem psicodinâmica tenta entender o funcionamento da mente ao analisar os pensamentos do indivíduo e, assim, procura alternativas para lidar com transtornos psiquiátricos. No final da década de 1970, a psicodinâmica do trabalho passou a estudar a relação de saúde mental com o trabalho, com em- basamento nos princípios de prazer e sofrimento. Essa teoria pode ser usada no trabalho de enfermagem para apontar dificuldades e frustrações, a fim de encontrar meios para extravasar sentimentos em relação ao trabalho, por meio de um espaço terapêutico de escuta. O processo de enfermagem é composto pelas seguintes fases: avaliação, diagnóstico, identificação de resultados, planejamento, implementação e avalia- ção final. Para que o processo de enfermagem seja realmente eficaz, a comuni- cação e o relacionamento terapêutico são instrumentos fundamentais para criar vínculo e confiança entre paciente, enfermeiro e a família do assistido. Dessa forma, o enfermeiro precisa de um conhecimento global sobre saúde, bem como saber sobre a psicopatologia e seus aspectos psíquicos e comportamentais. Assim, o enfermeiro é peça fundamental para que haja promoção, tratamento e a reabilitação de uma população tão marginalizada pela sociedade. A assis- tência de enfermagem ao indivíduo que faz uso de psicofármacos é importante para adesão ao trata- mento, mesmo frente aos inúmeros efeitos adver- sos existentes no uso dessas drogas. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 73 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 73 05/10/2020 11:39:34 Os psicofármacos trouxeram uma nova esperança para o tratamento de in- divíduos com transtornos psiquiátricos e as principais classificações deles são ansiolíticos, antipsicóticos e antidepressivos. A assistência de enfermagem está relacionada com o conhecimento dos efeitos adversos e o enfermeiro deve ofe- recer medidas de conforto, estabelecendo um relacionamento terapêutico para orientar e educar o usuário e a família a fim de uma melhor adesão ao tratamento. As substâncias psicoativas sempre fizeram parte da história da humanidade. Com a evolução da ciência, comprovou-se que muitas substâncias psicoativas causavam – e ainda causam – prejuízos aos seus usuários. Ao longo dos anos, a questão de dependência de álcool e outras drogas ganhou uma nova visão para uma abordagem melhor direcionada aos IDSP. O enfermeiro assume, então, um papel mais amplo no cuidado integral a esses usuários. Os problemas no trabalho têm relação com relacionamentos interpessoais ineficazes, e a intervenção psicológica deve ser coletiva, não somente no traba- lhador adoecido. Para que o adoecimento mental não ocorra, faz-se necessário o olhar do empregador à dinâmica de trabalho da empresa, bem como o rela- cionamento interpessoal de seus trabalhadores, adotando medidas preventi- vas contra o adoecimento mental no trabalho em todas as áreas, em especial na área de enfermagem, na qual muitos trabalhadores são afetados pela sín- drome do esgotamento profissional. Selye percebeu, no início do século XX, que muitos pacientes apresentavam os mesmos sintomas de fraqueza, falta de apetite e emagrecimento. Em estu- dos laboratoriais, diferentes eventos agressivos geravam a mesma resposta aos animais, o que foi descrito como síndrome do estresse biológico, com inúmeros sintomas negativos e podendo levar o indivíduo à morte. Muitos anos mais tar- de, o estresse teve um efeito positivo ao fazer com que a pessoa tenha maior cautela no enfrentamento dos problemas cotidianos. O estresse tam- bém gera uma resposta cognitiva, que pode ou não levar a pessoa ao adoecimento psíquico. Antes da reforma psiquiátrica, a família era man- tida afastada do parente em sofrimento psíquico. Com as mudanças ocorridas no setor da Psiquia- tria, a família passou a ser incluída no auxílio do tratamento do ente adoecido. Cuidar de uma pessoa SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 74 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 74 05/10/2020 11:39:34 com transtorno mental traz muitos sentimentos, como impotência, incertezas, culpa e exaustão. O CAPS e seus trabalhadores têm como objetivo oferecer ao familiar um espaço de escuta e acolhimento para ajudar na criação de vínculo com o usuário e familiares, bem como angariar informações sobre a situação cotidiana da família e de seu ente adoecido. Com a inclusão da família ao trata- mento do usuário há sucesso na qualidade de vida, tanto na pessoa acometida por transtorno psiquiátrico quanto na sua família. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 75 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 75 05/10/2020 11:39:34 Referências bibliográficas AZEVEDO, D. M.; MIRANDA, F. A. N. Práticas profissionais e tratamento ofertado nos CAPSad do município de Natal-RN: com a palavra a família. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 56-63, jan./mar. 2010. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1414=81452010000100009-&lng=pt&nrm=iso&tlng- pt>. Acesso em: 04 set. 2020. BAES, C. W.; JURUENA, M. F. Psicofarmacoterapia para o clínico geral. 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SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 80 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID2.indd 80 05/10/2020 11:39:35 INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM EM PESSOAS ACOMETIDAS POR TRANSTORNOS MENTAIS I 3 UNIDADE SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 81 05/10/2020 11:39:42 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer as características da esquizofrenia, identificar seus sinais, sintomas e tipos, compreender sua fisiopatologia e o processo de intervenção de enfermagem; Identificar outros transtornos delirantes; Explorar os principais transtornos de humor; Identificar os sinais e sintomas da depressão e compreender sua neurobiologia; Analisar as características do transtorno de humor bipolar sua fisiopatologia e as fases dos transtornos I e II; Compreender as principais intervenções de enfermagem na depressão e no transtorno afetivo bipolar; Conhecer as principais características dos transtornos de personalidade, algumas de suas alterações estruturais cerebrais e as principais intervenções de enfermagem. Intervenções de enfermagem à pessoa com comportamento esqui- zofrênico e transtornos delirantes Demência precoce e esquizofrenia Dopamina Serotonina Glutamato Outros fatores que podem contri- buir para a gênese da esquizofrenia Outros transtornos delirantes Intervenções de enfermagem em esquizofrenia e outros trans- tornos delirantes Intervenções de enfermagem à pessoa com comportamento de- corrente de transtornos de humor Depressão Neurobiologia da depressão Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) Fisiopatologia do TAB Intervenções de enfermagem nos indivíduos acometidos por transtornos de humor Intervenções de enfermagem à pes- soa com comportamento decorrente dos transtornos de personalidade Grupo A Grupo B Grupo C Intervenções de enfermagem nos indivíduos acometidos por transtornos de personalidade SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 82 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 82 05/10/2020 11:39:43 Intervenções de enfermagem à pessoa com comporta- mento esquizofrênico e transtornos delirantes Segundo Silva (2006), a esquizofrenia é uma doença grave, idiopática e com- plexa que atinge 1% da população mundial e que ocorre no fi m da adolescência e início da fase adulta, geralmente. Porém, há crianças e adolescentes com es- quizofrenia, embora isto seja um pouco mais raro. Esta doença é mais frequente em homens do que em mulheres e pode de- sencadear alucinações (relacionados ao sistema sensorial) ou delírios (crença em uma realidade alternativa), como ocorre por exemplo com o indivíduo que acre- dita ser um espião e possuir um chip implantado no corpo, ou mesmo ser Deus. Além disso, os indivíduos acometidos por essa doença possuem défi cit no autocuidado, distanciamento social, desorganização de pensamentos, dis- cursos pobres, confusão mental e difi culdades em lidar com sentimentos e emoções, entre outros. Demência precoce e esquizofrenia O termo “demência precoce” foi introduzido pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin (1856-1926), no fi nal do século XIX. Ele defi niu demência precoce com base no modelo médico vigente e acreditava que doenças psiquiátricas pos- suem caráter biológico e genético. Deste modo, a demência precoce poderia ser dividida em três subtipos – hebefrênica, paranoide e catatônica – e seus sintomas eram apresentados por meio de alucinações, défi cit de atenção, esva- ziamento afetivo, sintomas de catatonia, difi culdades de compreensão e apren- dizagem de novos conteúdos e défi cit no curso do pensamento. Kraepelin também compreendeu que a demência precoce possuía uma di- nâmica diferente da psicose maníaco-depressiva e da paranoia, e assim as clas- sifi cou de formas distintas. Sua teoria foi criticada pela ausência de explicações mais detalhadas sobre o curso da demência precoce. Devido a isso, posterior- mente, Bleuler (1857-1939) renomeou a demência precoce de esquizofrenia e acrescentou alguns dados à teoria de seu antecessor, Kraepelin (CAMPOS, 2010). Assim, para Bleuler, a esquizofrenia é caracterizada por fundamentos pri- mários e secundários, os quais são constituídos por ideias desconexas, am- SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 83 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 83 05/10/2020 11:39:43 biguidade, autismo, alterações de afeto, alucinações e delírios. Com os anos seguintes, muitos avanços são encontrados para entender a esquizofrenia, como mecanismos psicopatológicos, estruturas e funcionamento cerebrais, o surgimento dos neurolépticos para tratamento da doença e estudos de com- portamento e imagens, bem como suas diferentes classifi cações. Entretanto, como a esquizofrenia é uma psicopatologia complexa, a evolução de seu curso ainda é discutida. ASSISTA Assista ao filme Uma mente brilhante (2001), dirigido por Ron Howard. O longa conta a história de John Nash, um matemático brilhante que passa a sofrer com diversos delírios e alucinações e acaba por ser diagnosticado com esquizofrenia. Fisiopatologia da esquizofrenia O surgimento dos antipsicóticos ou neurolépticos, a partir da década de 50, fi zeram com que os estudos neuropatológicos da esquizofrenia se voltassem diretamente para o funcionamento dos neurotransmissores. Isto se deu por- que a clorpromazina teve uma resposta satisfatória no tratamento de esquizo- frenia. No início dos anos 50, e alguns anos mais tarde, outros pesquisadores identificaram que o Amplictil® e o haloperidol (Haldol®) também tiveram êxito no tratamento experimental com ratos. Dopamina O que se propôs pelo uso dos neurolépticos é que eles seriam antagonistas dos receptores de dopamina, e assim aumentariam os níveis desse neurotrans- missor (NT). Sabe-se também que a ingestão de anfetaminas pode induzir um quadro semelhante de esquizofrenia em pessoas saudáveis, além de poten- cializar uma crise em indivíduos com predisposição a esta psicopatologia, por inibir o transportar de dopamina, o que resulta em uma maior liberação de dopamina pelos neurônios pré-sinápticos. Ou seja: a esquizofrenia está relacionada com uma grande liberação de do- pamina na fenda sináptica e isso faz com que haja predominantemente sinto- mas positivos, como alucinação e delírios (SILVA, 2006). SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 84 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 84 05/10/2020 11:39:43 1. Vesículas de dopamina 2. Liberação de dopamina na sinapse 3. Ligação dos receptores de dopamina 4. Recaptação da dopamina Figura 1. Transmissão de dopamina - sinapse química. Fonte: UFRGS, 2013. No entanto, essa explicação não atende às necessidades de elucidação dos sintomas negativos da esquizofrenia, os quais compreendem embotamento afe- tivo (difi culdade em expressar emoções e sentimentos) e pobreza de discurso. Serotonina Outra hipótese proposta foi por meio dos NTs serotoninérgicos, os quais fo- ram observados em estudos sobre os efeitos do ácido lisérgico (LSD) que causa sintomas semelhantes ao da esquizofrenia, como alucinações, despersonalização e desrealização por meio do bloqueio de receptores serotoninérgicos, o que faz com que uma grande quantidade de serotonina permaneça na fenda sináptica. O neurônio da serotonina Serotonina Receptor de serotonina Figura 2. Transmissão de serotonina – sinapse química. Fonte: ZIEGLER, 2019. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 85 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 85 05/10/2020 11:40:46 E assim, com o advento dos neurolépticos atípicos, algumas pesquisas mos- traram que esses fármacos teriam mais afi nidade com os NTs serotoninérgicos em relação aos NTs dopaminérgicos. No entanto, anos mais tarde, descobriu-se que os neurolépticos típicos também têm afi nidade com os NTs serotoninérgi- cos, e isso fez com que a teoria de que a gênese da esquizofrenia seria baseada apenas nos NTs serotoninérgicos apresentasse inconsistências. Glutamato Sabe-se que o glutamato é um NT excitatório mais comumente encontrado no Sistema Nervoso Central (SNC) e que está associado aos processos cogniti- vos e de memória. Então, uma das hipóteses para a esquizofrenia encontra-se baseada na teoria do NT glutamato. Terminal pré-sináptico Glutamina Glutamina Glutamina sintetase Célula glial Receptores glutamatérgicos Célula pós-sináptica TVGlu TAE TAE Glutamato Glutamato GlutamatoGlutaminase H3N + CH2 CH2 O NH2 COO- CCH + CH2 CH2NH3 COO- COO-CH Figura 3. Transmissão de glutamato - sinapse química. Fonte: RUGGIERO et al., 2011, p. 146. Assim, um estudo sobre os efeitos do anestésico ketamina ou cetami- na, o qual possui afi nidade por receptores glutamatérgicos, foi administrado via endovenosa em indivíduos adultos saudáveis, nos quais produziu efeitos SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 86 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 86 05/10/2020 11:40:52 Outros fatores que podem contribuir para a gênese da esquizofrenia Muitos estudos relatam mudanças nas estruturas encefálicas, e portanto no desenvolvimento neural, como diminuição do volume cerebral, em pessoas com esquizofrenia. Isso ocorre em razão da perda de densidade neuronal e de sinapses responsáveis pela associação. Outras estruturas encefálicas também podem encontrar-se alteradas na esquizofrenia: Outras anormalidades como aumento no tamanho ven- tricular, alterações no córtex pré-frontal e hipocampo, de- créscimo no número de neurônios em algumas áreas do cérebro e diminuição no número de interneurônios são também relatadas. Assim alguns autores consideram a es- quizofrenia como uma doença de neurodesenvolvimento com neurodegeneração (RANGEL, SANTOS, 2013, p. 28). EXPLICANDO Ketamina, ou cetamina, é um anestésico que, em adultos, causa sinais de dependência e efeitos semelhantes à esquizofrenia. O mesmo não ocorre quando utilizado em crianças. Figura 4. Redução do volume encefálico no perfi l esquerdo, se comparado com o direito (imagem por RMI). Fonte: BALDEZ; GAMA, 2015. semelhantes à esquizofrenia: alucinações, delírios, embotamento afetivo e re- tardo psicomotor. Devido a isso, foi considerado um bom modelo experimental para a esquizofrenia, posto que ela ocorre no início da fase adulta. Estudos também mostram que há alterações glutamatérgicas no cérebro de esquizofrênicos, nos lobos pré-frontal e temporal e no tálamo. Dessa ma- neira, o conceito do NT glutamatérgico tem papel de auxiliar na compreensão da patogênese da esquizofrenia. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 87 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 87 05/10/2020 11:40:55 Há ainda a hipótese do desenvolvimento da esquizofrenia na gravidez, por meio de exposição a viroses. Entretanto, esses estudos precisam ser mais aprofundados. Outra hipótese bastante analisada é a genética, uma vez que estudos comprovam que a esquizofrenia é vista em determinadas famílias. As- sim, descobriu-se um componente genético em comum nessas famílias, mas que não foi o sufi ciente para desenvolver a doença. Então, os pesquisadores da área concluíram que a predisposição genética aumenta conforme o grau de parentesco mais próximo. Além disso, fatores ambientais também parecem contribuir para o desenvolvimento da esquizofrenia. Como pode-se notar, a esquizofrenia é uma doença muito complexa e o entendimento sobre o seu desenvolvimento ainda percorre um longo caminho. Apesar dos avanços que a ciência conseguiu estabelecer, ainda são necessários muitos estudos nessa área. QUADRO 1. PRINCIPAIS TIPOS DE ESQUIZOFRENIA ESQUIZOFRENIA CARACTERÍSTICAS Catatônica Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de movimentos de outro indivíduo; Hebefrênica Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas frente aos estímulos; Paranoide O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Simples Afastamento do convívio social. Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdadeem realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de movimentos de outro indivíduo; Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de movimentos de outro indivíduo; Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de movimentos de outro indivíduo; Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de movimentos de outro indivíduo; Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de movimentos de outro indivíduo; Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de movimentos de outro indivíduo; Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas frente aos estímulos; O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de movimentos de outro indivíduo; Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas frente aos estímulos; O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de movimentos de outro indivíduo; Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas frente aos estímulos; O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Afastamento do convívio social. Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de movimentos de outro indivíduo; Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas frente aos estímulos; O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Afastamento do convívio social. Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de movimentos de outro indivíduo; Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas frente aos estímulos; O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Afastamento do convívio social. Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas frente aos estímulos; O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Afastamento do convívio social. Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas frente aos estímulos; O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Afastamento do convívio social. Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Afastamento do convívio social. Redução de movimentos corporais ou imobilidade, ecolalia (repetição de palavras ou sons emitidos por outras pessoas) e imitação de Caracterizada por comportamento infantil, desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Afastamento do convívio social. Caracterizada por comportamento infantil,desorganização de pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Afastamento do convívio social. pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Afastamento do convívio social. pensamento, difi culdade em realizar autocuidado (vestir-se, escovar os dentes, tomar banho etc.). Respostas emocionais exageradas O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Afastamento do convívio social. O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; O tipo de esquizofrenia mais comum, em que estão presentes alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; alucinações, delírios, sensação de perseguição, pensamentos sobre conspirações, confusão mental, desinteresse pela vida social; Outros transtornos delirantes Alguns quadros semelhantes à esquizofrenia são vistos em psiquiatria, po- rém são psicoses breves ou agudas que não trazem malefícios ao psiquismo da pessoa acometida. Estes eventos podem ser desencadeados após traumas ocorridos no passado, como por exemplo um assalto, acidente automobilístico ou perdas de entes queridos. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 88 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 88 05/10/2020 11:40:58 Ademais, apresentam sinais e sintomas de delírios, alucinações, confusão mental ou medo irracional. É importante salientar que esses delírios ou psi- coses ocasionais não estão relacionados com o diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático, o TEPT. Outros relatos de transtornos delirantes são encontrados na literatura, tal como, o Folie à deux, que literalmente signifi ca “loucura a dois”, mas este é de- nominado como transtorno delirante induzido. Segundo Machado et al., (2015), o transtorno delirante induzido ocorre de forma mais rara na população, mas pode ser desencadeado por infl uência de uma pessoa sobre outra, a qual tem uma maior predisposição para desenvol- ver sintomas psicóticos. Este indivíduo deve ter acompanhamento de saúde e, geralmente, os sintomas delirantes cessam a partir de 14 dias após o início do tratamento, e a pessoa então pode voltar a uma vida normal. Intervenções de enfermagem em esquizofrenia e outros transtornos delirantes A assistência de enfermagem para pessoas acometidas com esquizo- frenia ou outras doenças delirantes engloba também a família ou cuidador da pessoa que possua a psicopatologia. Desta forma, para Carvalho (2012), conhecer as características da família é de suma importância para que o enfermeiro possa montar o seu plano terapêutico. Seu trabalho foca-se na comunicação, posto que, como a pessoa acometida com esquizofrenia tem dificuldade de verbalização, déficit no processo de pensamento e di- ficuldades para entender e demonstrar sentimentos, cabe ao enfermeiro orientar sobre a doença e encorajar a comunicação com esse indivíduo para o estabelecimento de vínculo. Em outro estudo, mostra-se que a intervenção psicossocial é importante para que o indivíduo que possua essa doença mental faça o tratamento ade- quado. Assim, salienta-se que o acompanhamento por meio de visitas domici- liares é bastante efi caz para conhecer o cotidiano da família e o comportamen- to do usuário em sua rotina (GIACON; GALERA, 2006). A enfermagem em saúde mental tem o objetivo de avaliar as necessida- des individuais de cada paciente, bem como orientar cada indivíduo com SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 89 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 89 05/10/2020 11:40:58 esquizofrenia, ou outros transtornos delirantes, e sua família sobre os efeitos das medicações e o curso da doença, além de inserir este pacien- te em atividades psicossociais para que a sua saúde seja promovida. Intervenções de enfermagem à pessoa com comportamento decorrente de transtornos de humor Os transtornos afetivos ou de humor são mais comuns na população, e por isso um deles é denominado como o “mal do século XXI”: a depressão. Segun- do a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão acomete cerca de 300 milhões de pessoas em todo mundo, em qualquer faixa etária e condição fi nan- ceira. Além disso, esta é uma das principais causas de afastamento do trabalho. Entretanto, existem outros transtornos afetivos, como o transtorno afetivo bipolar, anteriormente denominado de doença maníaco-depressiva em razão de apresentar dois ciclos, um de mania (euforia) e o outro de depressão. Há também a distimia, caracterizada pelo constante “mau humor” em alguns in- divíduos, além de outros transtornos que serão mencionados posteriormente. ASSISTA O fi lme Mr. Jones, de 1993, conta a história do personagem que dá nome ao fi lme, um homem diagnosticado com transtorno bipolar. Depressão A depressão atinge cerca de 300 milhões de pessoas em todo mundo e, como dito, é passível de ocorrer em todas as faixas etárias e classes sociais, embora as mulheres sejam mais afetadas do que os homens. Ela é uma das principais causas de afastamento do trabalho e está intrinsecamente ligada às tentativas e concretização do suicídio. Aqui, é importante ressaltar que os homens têm uma taxa maior de sucesso na concretização do suicídio que as mulheres. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 90 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 90 05/10/2020 11:40:58 Depressão não é tristeza, não é “frescura”, “falta de religiosidade” ou “pre- guiça”. É preciso entender que depressão é um transtorno mental de humor que causa alterações no nível dos NTs (serotonina, noradrenalina e dopami- na) em alguns indivíduos, e pode desencadear sinais e sintomas de tristeza intensa, culpa, alterações de sono (insônia ou hipersonia), alterações de apetite (para mais ou para menos), falta de energia em realizar tarefas do cotidiano, ausência de prazer nas atividades que causavam satisfação, diminuição da li- bido, isolamento social, falta de concentração, lentifi cação motora, sentimento de inutilidade e falta de perspectiva para o futuro. É importante mencionar que estes sintomas têm que estar presentes há pelo menos duas semanas. Sendo assim, é importante questionar o que pode desencadear a depres- são. Muitos são os fatores que a despertam, tais como perda de um ente que- rido, perda de emprego, excesso de exigência no trabalho, confl itos familiares, ser vítima de violência verbal, física ou sexual e existência de doenças crônicas, entre muitos outros fatores. Neurobiologia da depressão A depressão é um desequilíbrio bioquímico entre os NTs durante a sinapse quí- mica, e sabe-se que muitas estruturas cerebrais estão envolvidas no processo de fi - siopatologia da depressão, como o córtex pré-frontal, relacionado com o aumen- to do fl uxo sanguíneo, redução de substância cinzenta e diminuição da atividade metabólica. Nota-se que esta área também interliga-se com porções das funções cognitivas, o que causa alterações de memória, atenção e lentifi cação psicomotora em indivíduos acometidos por depressão. Outra estrutura estudada é o hipocampo, o qual pode apre- sentar volume diminuído durante a depressão. Após o uso de medicação (antidepressivos), a massavolta a aumentar. A amígdala re- laciona-se com a emoção, e na depressão está ligada aos sentimentos de pessimis- mo. Ambos (hipocampo e amígdala) fa- zem parte do sistema límbico, responsável pela memória e respostas emocionais. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 91 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 91 05/10/2020 11:40:59 Há também alterações endócrinas, como no eixo hipotálamo-hipófise-su- prarrenal, o que pode acarretar em distúrbios do sono e aumento de estres- se e ansiedade. Estas alterações têm sido uma hipótese bastante interessante para a explicação da depressão nos últimos 20 anos. Desta maneira, os primeiros achados sobre a gênese da depressão têm cerca de 70 anos, quando pesquisadores notaram que compostos tricíclicos utilizados como anti-histamínicos e hipnóticos possuíam ação antidepressiva em humanos. Anos mais tarde, notou-se que os inibidores da monoamina-oxidase (IMAO) impediam a degradação enzimática das monoaminas, o que aumentava a neurotransmissão de serotonina e noradrenalina, causando efeito antidepressor (LAGE, 2010). Posteriormente, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e do- pamina foram descobertos e então, como havia mais NTs na fenda sináptica durante mais tempo, pode-se observar os efeitos antidepressivos. Hipocampo Córtex pré- -frontal Corpo caloso Lóbulo temporal Vermis cerebelar Tálamo Amígdala Serotonina é liberada Bloqueio da recaptação de serotonina pelos ISRS Fenda pré- sináptica Fenda pós- sináptica Receptores Sinapse 5-HT Figura 6. Ação dos Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS). Fonte: Sanar Saúde, 2018. (Adaptado). SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 92 Figura 5. Anatomia do sistema límbico. Fonte: LUCIA, 2014. SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 92 05/10/2020 11:41:11 A Figura 7 apresenta a imagem de uma Ressonância Magnética (RMI) que compara um cérebro com depressão e outro sem a doença. Assim, o grupo de estudo ENIGMA, da Universidade da Carolina do Sul nos Estados Unidos, encontrou uma maior diminuição do volume do hipocampo e amígdala em pa- cientes com depressão, e concluiu que não há somente uma perda da memó- ria, mas também uma perda de função daquela estrutura, o que leva a crer atualmente que a depressão também ocasiona dano cerebral. DEPRIMIDO NÃO DEPRIMIDO Figura 7. Comparação da atividade cerebral entre cérebro com depressão e sem depressão. Fonte: SCHMAAL et al., 2020. (Adaptado). Atualmente, muitos centros de pesquisa realizam estudos para entender a gê- nese da depressão e cada vez mais nota-se que esse transtorno altera o cérebro não apenas quimicamente como também estruturalmente, o que faz acreditar que a depressão é uma forma de dano cerebral. Assim, nota-se a importância de um tratamento correto, com medicação correta, dose correta, psicoterapia e assistência psicossocial para o tratamento de pessoas acometidas por depressão. Transtorno afetivo bipolar (TAB) Segundo a OMS, o transtorno afetivo bipolar ou transtorno de humor bipo- lar atinge cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo e é uma das prin- cipais causas de incapacidade. Essa doença tem sido estudada desde meados do século XIX, mas somente no início do século XXI recebeu atenção especial e tornou-se mais divulgada pela mídia. Geralmente, é caracterizada por dois ciclos: um de mania (euforia) e outro de depressão. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 93 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 93 05/10/2020 11:41:16 Os sinais e sintomas de mania são: logorréia (fala excessiva e troca constante de assunto, tornando o discurso muitas vezes incoerente), humor eufórico, megalomania, delírio de grandeza, gasto de dinheiro excessivo, desinibição, labilidade emocional (mudanças re- pentinas de humor ou reações emocionais desproporcionais frente a uma determinada situação), agressividade, aumen- to extremo da sensação de energia, humor irritável, pensamento acelerado, explosões de raiva, necessidade de poucas horas de sono e aumento excessivo da libido. Além disso, pode haver uma tendência ao abuso de drogas e álcool e alguns indivíduos podem apresentar delírios e alucinações. O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) pode ser classificado em TAB I e TAB II. O primeiro é caracterizado por episódios de mania, seguido de alguns episódios de hipomania (semelhante ao episódio de mania, mas com menor intensidade. Há aumento de autoestima, mas não há delírios de grandeza ou megalomania) e depressão. Neste tipo de TAB, a alternância de humor é extrema. Já no TAB II, há pelo menos um episódio de hipomania alternado com depressão, mas não há episódios de mania. Geralmente, o diagnóstico correto demora a ser estabelecido (cinco a dez anos), posto que normalmente o indivíduo procura assistência médica sob os sintomas de depressão, ocasionando um tratamento que cobre somente este transtorno. Às vezes, os familiares acompanham os indivíduos doentes nos consultórios sob a reclamação de descontrole da vida financeira por meio de gasto excessivo com coisas supérfluas em grandes quantidades. Um exemplo é o indivíduo que compra 50 camisetas, e não uma ou duas. O TAB tem início na vida adulta e acomete homens e mulheres na mesma proporção, mas a literatura mostra que esse transtorno pode ocorrer na in- fância e na adolescência, com os mesmos sinais e sintomas do TAB no adulto. Há também o Transtorno Ciclotímico, segundo o DSM-5, em que há episódios cíclicos de hipomania e depressão maior por um período de dois anos. É impor- tante salientar que no período de depressão, os indivíduos acometidos pelo TAB podem tentar ou concretizar o suicídio, o que corresponde mais ou menos 1/3 dos pacientes com TAB. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 94 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 94 05/10/2020 11:41:17 Fisiopatologia do TAB A fi siopatologia do Transtorno Afetivo Bipolar é bastante complexa, pois envolve muitas estruturas cerebrais relacionadas ao sistema límbico. Aqui, en- foca-se o processo de estados afetivos, ou seja: uma resposta sentimental e comportamental diante de um determinado estímulo. Para que isso ocorra, é preciso retornar ao conteúdo sobre resposta ao es- tresse: isso é o signifi cado emocional de um estímulo. Há três fatores envolvi- dos nessa resposta; o primeiro, modulado pela amígdala, pelo córtex insular e pelo núcleo caudado, corresponde à identifi cação emocional do estímulo; o segundo, realizado pelos córtex pré-frontal, córtex insular, giro do cíngulo ante- rior, pela amígdala e pelo estriado, está relacionado à produção de afeto para esse estímulo; e o terceiro, associado ao córtex pré-frontal, hipocampo e giro do cíngulo anterior, está relacionado à resposta afetiva e comportamental ao estímulo (KAPCZINSKI; FREY; ZANNATTO, 2004). A Figura 8 apresenta imagens cerebrais de pacientes sem TAB (à esquer- da, A) e com TAB I (à direita, B) no processo de tomada de decisão. Nesse es- tudo, notou-se aumento da amígdala, redução do córtex pré-frontal, redução do volume de substância cinzenta e deterioração da memória com o passar do tempo em indivíduos acometidos por transtorno de humor bipolar tipo I. Desta forma, Haldane e Frangou (2005) concluíram que a medicação melhora signifi cativamente as funções cognitivas nos pacientes com transtorno afetivo bipolar I. Agora, note a diferença de estruturas ativadas em um cérebro sadio (A) e no cérebro com TAB I (B) no processo de tomada de decisão. A B Figura 8. Ativação do cérebro no processo de tomada de decisão. Fonte: HALDANE; FRANGOU, 2005. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 95 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 95 05/10/2020 11:41:45 Isso posto, cabe ressaltar que estudos post-mortem mostraram diminuição neuronal no córtex pré-frontal e no hipocampo, bem como alterações do me- tabolismo da amígdala. Os neurotransmissores também são bastante afetados noTAB, tais como serotonina, dopamina (aumento da atividade dopaminérgica nos períodos de mania) e noradrenalina. Houve um estudo que associou a baixa atividade se- rotoninérgica central com o aumento da atividade adrenérgica para explicar o processo de mania. O GABA, neurotransmissor inibitório, foi encontrado em baixas concentrações em pacientes com mania e depressão e o NT glutamato foi encontrado em altas concentrações no córtex pré-frontal e no giro do cín- gulo em indivíduos com TAB. Desta forma, como já mencionado, muitas são as estruturas relacionadas com o TAB, e muitos são seus achados e hipóteses para a gênese da doença. É importante salientar que a pessoa acometida por esse transtorno necessita de diagnóstico, medicações, psicoterapia e assistência psicossocial corretos para que possa ganhar qualidade de vida e adequar-se à sociedade. Intervenções de enfermagem nos indivíduos acometi- dos por transtornos de humor Note que no transtorno de humor bipolar há uma difi culdade de reconheci- mento do espaço do outro, ou seja, o indivíduo acometido por TAB não conse- gue diferenciar onde termina o próprio espaço e onde se inicia o do outro, em razão de esta função psíquica estar alterada na psicopatologia. Desta forma, o enfermeiro precisa estabelecer limites, para que não haja invasão. Ademais, é importante que o enfermeiro encoraje a adesão ao tratamen- to, pois, como na fase de mania ou hipomania há uma imensa sensação de bem-estar, pode ser que este indivíduo descontinue o tratamento. O mesmo pode ocorrer na depressão, posto que há lentifi cação psicomotora, desânimo e tendência ao suicídio. Assim, é importante que a pessoa com TAB I ou II não interrompa o tratamento. Deve-se encorajar a participação em atividades psicossociais, tais como pintura, artesanato e outras atividades oferecidas pelo centro de saúde que assiste a pessoa com Transtorno Afetivo Bipolar. Muitos pacientes com TAB SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 96 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 96 05/10/2020 11:41:45 apresentam excesso de peso e problemas coronarianos, e é por isso que tor- na-se importante incentivar também uma nutrição balanceada e encaminhar este paciente para nutricionista ou médico clínico geral. É preciso que o enfermeiro esteja atento para idealizações suicidas, que podem se manifestar por meio das se- guintes falas e suas variantes: “Eu não aguento mais”, “Seria bom para todos se eu morresse”, “Eu que- ro sumir” ou “Eu não quero mais viver”. É preciso orientar a família e a equipe de saúde para a presen- ça dessas afi rmações, pois um paciente com depressão e TAB I ou II na fase de depressão tem grande potencial de pen- sar, tentar e concretizar o suicídio. O enfermeiro deve usar técnicas de relacionamento te- rapêutico para estabelecer vínculo e ganhar a confi ança do paciente, a fi m de que as intervenções de enferma- gem sejam realizadas não só sob os aspectos psicopato- lógicos, mas de forma holística e humanizada. Intervenções de enfermagem à pessoa com comporta- mento decorrente dos transtornos de personalidade Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, conhecido como DSM-5, o transtorno de personalidade é um conjunto de interpretações emocionais internas e comportamentais que se desviam to- talmente do padrão da sociedade em que o indivíduo está inserido. Geral- mente, tem início na adolescência ou começo da fase adulta e traz prejuízo e sofrimento aos indivíduos acometidos por ele. Os dez principais tipos de transtornos de personalidade são divididos em três grupos: o grupo A, que consiste nos transtornos de personalida- de paranoide, esquizoide e esquizotípico; o grupo B, caracterizado pelos transtornos antissocial, borderline (limítrofe), histriônico e narcisista; e o grupo C, que consiste nos transtornos de personalidade esquivo, depen- dente e obsessivo compulsivo. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 97 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 97 05/10/2020 11:41:45 Grupo A O Transtorno de Personalidade Paranoide (TPP) está relacionado com suspeitas infundadas de perseguições e desconfi ança de que outros indivíduos estejam tramando algum plano para prejudicar a pessoa acometida por este transtorno. Segundo o DSM-5: por exemplo, um indivíduo com esse transtorno pode in- terpretar mal um erro honesto de um funcionário de uma loja como uma tentativa deliberada de dar troco a menos ou entender um comentário bem-humorado casual de um colega de trabalho como um ataque sério ao seu caráter. Elogios costumam ser mal interpretados (p. ex., um elogio por uma nova aquisição é mal interpretado como uma crí- tica de egoísmo; um elogio relativo a um feito é mal inter- pretado como uma tentativa de coerção a desempenho melhor). Podem entender uma oferta de ajuda como uma crítica por não estarem tendo desempenho sufi cientemen- te bom por conta própria (2014, p. 650). De acordo com Schmidt e Méa (2013), a característica de pessoas com TPP é a desconfi ança, uma vez que este indivíduo vê os outros como enganadores e manipuladores. É importante ressaltar que essas suspeitas não possuem qual- quer tipo de embasamento real. São, por exemplo, pessoas que desconfi am da fi delidade do cônjuge a todo momento. Ainda não se sabe a motivação desta doença, que atinge indivíduos no fi nal da adolescência e início da fase adulta. Uma das hipóteses para esse transtor- no são pais que possuem comportamentos cautelosos em relação a confi ar na outra pessoa, ou ainda pode haver uma causa hereditária: sabe-se que pes- soas com parentes próximos que possuem esquizofrenia têm maior propensão para o TPP. É necessário também dizer que o TPP não é o mesmo que esquizo- frenia paranoide, visto que aqui não há alucinações e delírios. O Transtorno de Personalidade Esquizoide (TPE) é caracterizado por dis- tanciamento social, embotamento afetivo e não há qualquer prazer em des- frutar de relações familiares ou íntimas. Estes indivíduos preferem atividades solitárias, como atividades matemáticas, jogos de computador ou consoles (vi- SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 98 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 98 05/10/2020 11:41:45 deogames), não se mostram abalados quando recebem críticas ou elogios de outras pessoas, geralmente são bem sucedidos em atividades profi ssionais se houver isolamento social e demonstram muitas vezes frieza emocional. Assim, os indivíduos que sofrem de TPE não conseguem reconhecer a reali- dade, ou seja: sabe-se que a realidade pode ser interpretada de diferentes ma- neiras pelas pessoas, mas para quem possui o TPE o mundo subjetivo preen- che o todo e, assim, não há espaço para o mundo real. O TPE pode ter início na infância por meio de isolamento social, difi culdade de interação social e provocações constantes de outros colegas. Não se sabe ainda o que causa esse transtorno, porém parece haver uma tendência maior em pessoas que possuem parentes com esquizofrenia. Os indivíduos têm uma tendência maior a ter depressão devido ao fato de não conseguirem demons- trar sentimentos como raiva, afeição e alegria. Por fi m, o transtorno de personalidade esquizotípica também é ca- racterizado por distanciamento social, difi culdades em relacionamentos íntimos, pensamento mágico (clarividência, telepatia, superstições), ilusões corporais, discurso estranho e desconexo, ideação paranoide e desconfi an- ça. A pessoa acometida por esse transtorno é excêntrica, no sentido de ser lida como alguém esquisita e/ou diferente. Também não há uma causa para este transtorno, mas estudos relatam que pode haver um componente genético envolvido, principalmente em parentes que são acometidos por esquizofrenia. Grupo B O Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS) é popularmente cha- mado de psicopatia ou sociopatia. Estes indivíduos caracterizam-se por sua impulsividade, não planejam ofuturo, possuem grande difi culdade em seguir regras e leis, não sentem culpa pelos atos cometidos, arquitetam planos para conseguir seus objetivos (mesmo que isso prejudique outras pessoas), podem ser agressivos e explosivos e possuem baixa tolerância à frustração. Geral- mente, são pessoas sedutoras, galanteadoras e manipuladoras, além de serem propensas à mentira e poderem envolver-se em atividades criminosas como roubos, sequestros, brigas, assassinato, entre outros. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 99 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 99 05/10/2020 11:41:45 O TPAS pode estar relacionado com maus tratos na infância, abuso físico, moral ou sexual, negligência de cuidados parentais ou fatores genéticos, entre outros. Corresponde a 0,5 a 3% da população mundial e é mais prevalente em homens do que em mulheres. Estudos relatam que há uma diminuição significativa das conexões neuro- nais nos córtex pré-frontal e amígdala (sistema límbico). Portanto, pessoas com TPAS têm uma dificuldade muito grande em demonstrar e sentir emoções. Na imagem de um PET Scan presente na Figura 9, são evidenciadas as áreas ativas responsáveis pelas emoções. Note que o cérebro da pessoa com TPAS (“psico- pata”) não demonstra atividade na região pré-frontal. Normal Psicopata Figura 9. Cérebro normal X cérebro TPAS. Fonte: AZEVEDO, 2017. O tratamento para pessoas com TPAS é complexo, uma vez que esses indiví- duos não reconhecem a doença. Entretanto, em casos extremos de TPAS, prin- cipalmente com relação a criminosos, é possível realizar o acompanhamento médico e psicoterápico. Já o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) ou limítrofe é uma doença relacionada à instabilidade de relacionamento interpessoal e identi- dade marcada pela impulsividade, ou seja: a pessoa acometida por TPB sente um imenso vazio afetivo, intolerância alta ao abandono real ou imaginário e às frustrações, além de poder ter comportamentos suicidas ou mutilatórios. Para o DSM-5 (2014), o TPB é caracterizado por esforços exagerados para evitar o abandono, instabilidade exacerbada na autoimagem (baixa autoesti- ma), impulsividade marcada por gastos excessivos de dinheiro, compulsão ali- mentar, direção irresponsável, entre outros. Brigas físicas constantes e explo- sões de raiva são outras características presentes no transtorno. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 100 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 100 05/10/2020 11:41:49 Nota-se ao longo do tempo uma grande dificuldade em classificar esse transtorno mental, devido ao fato de este ter sinais e sintomas de neuroses e psicoses. Por isso, o termo borderline foi pioneiramente utilizado por Stern em 1938, caracterizando uma linha limítrofe que separa a razão da “loucura”. ASSISTA O filme Garota, Interrompida (1999) conta a história de Susanna Kaysen, diagnosticada com transtorno de personalidade borderline na década de 60. Ela é então enviada para um hospital psiquiátrico, onde conhece uma nova realidade. Ao longo do tempo, a patologia foi amplamente estudada, e na revisão da lite- ratura de Gunderson et al. (2018) muitos aspectos da doença foram analisados, como epidemiologia, estudos demográficos, fisiopatologia, fatores de riscos, fa- tores genéticos e circuitaria neural, aspectos que serão explicados a seguir. O TPB é a quarta doença mais prevalente entre os transtornos de personali- dade, segundo o DSM-5, acometendo jovens entre 14 e 32 anos, em sua maioria do sexo feminino. Geralmente, o abuso de drogas ilícitas está presente neste tipo de transtorno de personalidade, bem como recorrentes internações em hospitais psiquiátricos e muitas tentativas de suicídio. Também é curioso notar que um amplo estudo demográfico associou a doença a jovens solteiros com baixo nível de escolaridade. Em seus mecanismos fisiopatológicos, encontra-se um desiquilíbrio no sis- tema límbico pré-frontal, mas a razão de isso ocorrer não é bem conhecida. Entretanto, sabe-se que pessoas que sofreram maus tratos na infância, bem como abusos físicos, sexuais, negligência ou abandono, são mais propensas a desenvolver tal transtorno de personalidade. Em estudos genômicos, o TPB mostrou uma sobreposição genética maior sobre os transtornos bipolares, es- quizofrenia e depressão. Apesar de alguns dados genéticos serem associados a incidência do TPB, ainda são necessários muitos estudos nesta área. Foram encontradas muitas alterações na circuitaria neural em pacientes com TPB, entre elas estruturas mediais do córtex pré-frontal, junção tempo- roparietal e córtex cingulado posterior. Notou-se também uma baixa atividade nas estruturas mediais dos sulcos temporais superior. As alterações de afeto foram percebidas pela hiperatividade da amígdala, por meio de estímulos ne- SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 101 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 101 05/10/2020 11:41:49 gativos. Desta forma, nota-se que há muitas alterações na circuitaria neural, como estriado ventral, áreas pré-frontais, hipotálamo, córtex orbitofrontal e córtex ventrolateral pré-frontal. Em razão de sua alta complexidade, o TPB é amplamente estudado, e os fatores associados ao seu acometimento ainda não estão claros. O tratamento realizado para o TPB é uma associação entre neurolépticos, antidepressivos e psicoterapia. Figura 10. Mapa de calor entre cérebro sadio (à esquerda) e cérebro com TPB (à direita). Fonte: CRISTINA, 2018. Note que há pouca atividade cerebral no córtex pré-frontal no cérebro com TPB, o que demonstra alterações na área afetiva e sistema límbico, como mencionado anteriormente. O Transtorno de Personalidade Histriônico (TPH) é caracterizado por aqueles indivíduos que sempre querem ser o centro das atenções (lançando mão de artifícios de comportamento sexual, sedutor e provocativo nas relações interpessoais), possuem mudanças rápidas de humor e emoções são superfi- ciais, baseiam-se na dramatização e teatralidade, são influenciados pela opinião dos outros, gastam tempo e dinheiro excessivos com produtos estéticos e salões de beleza e consideram as relações mais intensas do que a realidade. Por exemplo: indivíduos acometidos por TPH podem dizer que amam pro- fundamente uma pessoa que acabaram de conhecer. É importante ressaltar que indivíduos com TPH não têm uma relação muito boa com pessoas do mesmo sexo, posto que elas podem ser vistas como uma ameaça aos relacionamentos amorosos dessas pessoas em razão de seu constante comportamento sedutor. Esse transtorno acomete cerca de 1,8% da população, é mais prevalente em pes- soas do sexo feminino e aparece no final da adolescência e início da fase adulta. Na verdade, as pessoas com TPH precisam ser amadas e aceitas pelos ou- tros para não se sentirem rejeitadas, posto que estas lidam muito mal com a rejeição e frustrações. É interessante ressaltar como esse comportamento é SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 102 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 102 05/10/2020 11:41:56 fortemente reforçado pelas redes sociais, locais que podem criar a falsa sensa- ção de que a pessoa é aceita, amada e admirada pelos outros. Geralmente, é difícil reconhecer os portadores desta psicopatologia e, por isso, o tratamento é um desafi o. Esses indivíduos, quando buscam assistência de saúde, normalmente são motivados pela depressão causada por se senti- rem rejeitados o tempo todo. Por fi m, o Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN) está associado ao aumento da valorização de si mesmo. Essas pessoas acreditam ser superiores às outras. Geralmente, as faculdades de psicologia colocam os indivíduos com TPN com autoestima baixa, mas alguns psiquiatras relatam que pode haver um aumento exacerbado de autoestima, diante da prática clínica. Essas pessoas acreditam que podem levar vantagens sobre outras pessoas por serem especiais, têm um compor- tamento invejoso em relação às outraspessoas e relatam constantemente serem alvos de inveja também. É mais encontrado em pessoas do sexo masculino e corres- ponde a até 6% da população. Os indivíduos portadores desta enfermidade não se acham doentes e têm difi culdade de procurar tratamento e aderir a este. Grupo C O transtorno de personalidade evitativa é caracterizado pela inibição da inte- ração social. Esses indivíduos têm difi culdade em expor suas opiniões em frente aos outros, mas sentem uma enorme vontade de fazer parte de um grupo. Entretanto, o medo de serem rejeitados ou passarem por situações constrangedoras os para- lisam; assim, são descritos como pessoas extremamente tímidas. Este transtorno atinge pessoas de ambos os sexos nas mesmas proporções e corresponde a cerca de 2,4% da população. Geralmente, seus portadores têm difi culdade de estabelecer vínculos e procuram a assistência de saúde quando são acometidos por depressão. O transtorno de personalidade dependente está relacionado ao fato de ne- cessitar do outro como objeto central de sua vida. Estas pessoas precisam que o outro tome suas decisões por elas, como escolher a roupa que irá vestir, por exemplo. Seus portadores não conseguem assumir responsabilidades, não ex- põem suas opiniões por medo de perder o apoio do outro ou ser rejeitado, não conseguem cuidar de si mesmos e apresentam um medo intenso de estarem sozi- nhos. Corresponde a cerca de 0,6% da população e é mais frequente em mulheres. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 103 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 103 05/10/2020 11:41:56 O Transtorno de Personalidade Obsessivo-compulsivo (TOC) é caracte- rizado por pensamentos obsessivos e atividades compulsivas sobre algo, os quais geram bastante ansiedade. Por exemplo: a pessoa acredita que se ela não lavar as mãos 100 vezes, ela não estará limpa. Portanto, são pessoas perfeccionistas, preocupadas com ordem e con- trole mental, possuem grande rigidez e infl exibilidade em seu temperamen- to, são extremamente dedicadas ao trabalho, geralmente avarentas (pois é necessário guardar dinheiro para uma catástrofe extrema), irônicas e sar- cásticas. Corresponde a cerca de 6% da população e acomete mais homens que mulheres. As pessoas acometidas por TOC procuram tratamento quan- do os rituais empregados no TOC atrapalham as atividades de vida diárias (AVDs), causando muito sofrimento. Intervenções de enfermagem aos indivíduos acometidos por transtornos de personalidade O enfermeiro deve estabelecer um relacionamento terapêutico adequa- do, principalmente com os pacientes do grupo A dos transtornos de persona- lidade, encorajando sua participação em atividades psicossociais, orientando a família e o paciente em relação à doença e à ação das medicações e estimu- lando a comunicação terapêutica, a fi m de que se estabeleça um vínculo de confi ança e autocuidado. Para o grupo B, é importante orientar família e paciente em relação à doen- ça e ao tratamento, ter atitude fi rme e segura e encorajar o paciente a não ter medo de abandono e a participar de atividades psicossociais. O relacionamento terapêutico é importante para que as pessoas desse grupo se sintam acolhidas. No grupo C, é importante não ridicularizar e não menosprezar sentimen- tos e rituais realizados pelos indivíduos, encorajar a participação em atividades psicossociais, orientar família e pa- ciente em relação ao tratamento e aos efeitos da medicação e planejar junto ao indivíduos ativi- dades de vida diária, estabelecendo um am- biente acolhedor e de confi ança. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 104 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 104 05/10/2020 11:41:56 Sintetizando Vimos que a esquizofrenia atinge cerca de 1% da população mundial e ocorre entre o final da adolescência e início da fase adulta, geralmente. É mais prevalen- te em homens do que mulheres. Quanto a sua fisiopatologia, muitas hipóteses são propostas: NTs, desenvolvimento neural na gravidez e hipótese genética. As esquizofrenias mais comuns são: hebefrênica, paranoide (mais comum), catatô- nica e simples. As intervenções de enfermagem são focadas na comunicação, no autocuida- do e no apoio à família desse indivíduo com esquizofrenia. Por isso, é importante estabelecer um relacionamento e uma comunicação terapêutica, a fim de que o enfermeiro possa planejar sua assistência de forma mais eficaz e individualizada. A depressão é um desequilíbrio bioquímico entre os NTs durante a sinapse química, e sabe-se que muitas estruturas cerebrais estão envolvidas no proces- so de fisiopatologia da depressão, ao passo que o transtorno afetivo bipolar ou transtorno de humor bipolar atinge cerca de 140 milhões de pessoas em todo mundo e é uma das principais causas de incapacidade. Além disso, vimos também que o transtorno de personalidade é um conjunto de interpretações emocionais internas e comportamentais que desviam comple- tamente do padrão da sociedade na qual o indivíduo está inserido. Geralmente, tem início na adolescência ou começo da fase adulta e traz prejuízo e sofrimento aos indivíduos por ele acometidos. Por fim, analisamos como estes transtornos são divididos em três grupos: o grupo A, o grupo B e o grupo C. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 105 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 105 05/10/2020 11:41:56 Referências bibliográficas ARARIPE NETO, A. G. A.; BRESSAN, R. A.; BUSATTO FILHO, G. Fisiopatologia da esquizofre- nia: aspectos atuais. Revista de Psiquiatria Clínica, [s.l.], v. 34, supl. II, p. 198-203, 2007. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. AZEVEDO, T. 5 Diferenças entre psicopatas e sociopatas. Psicoativo, 2017. Dispo- nível em: <https://psicoativo.com/2017/03/5-diferencas-entre-psicopatas-e-so- ciopatas.html>. Acesso em: 10 set. 2020. BALDEZ, D. P.; GAMA, C. S. 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SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 107 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID3.indd 107 05/10/2020 11:41:56 INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM EM PESSOAS ACOMETIDAS POR TRANSTORNOS MENTAIS II 4 UNIDADE SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 108 05/10/2020 11:41:37 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer o significado de ansiedade e sua fisiopatologia, além de identificar seus sinais e sintomas; Analisar o transtorno fóbico e identificar os sinais e sintomas da fobia; Conhecer o transtorno do pânico e identificar seus principais sinais e sintomas; Identificar o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e seu circuito neural; Explorar algumas das intervenções de enfermagem para pessoas acometidas com transtornos de ansiedade; Entender o significado de demência, identificar os principais sinais e sintomas em síndromes demenciais e conhecer as principais intervenções de enfermagem para a pessoa acometida por síndromes demenciais; Reconhecer comportamentos e emoções que possam indicar uma crise; Conhecer algumas das intervenções de enfermagem na emergência psiquiátrica. Intervenções de enfermagem a pessoas com transtornos de ansiedade Gênese da ansiedade Transtornos fóbicos Transtorno do pânico Transtorno de Estresse Pós- -Traumático (TEPT) Intervenções de enfermagem em pessoas acometidas por transtornos de ansiedade Intervenções de enfermagem a pessoas com manifestações de comportamento decorrente de demência Doença de Alzheimer (DA) Demência Vascular (DV) Demência com Corpos de Lewy (DCL) Demência Frontotemporal (DFT) Intervenções de enfermagem em pessoas acometidas por demências Enfermeiro no serviço de emer- gência psiquiátrica: intervenções de enfermagem Comportamentos propensos à crise e intervenções de enfermagem SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 109 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 109 05/10/2020 11:41:37 Intervenções de enfermagem a pessoas com transtor- nos de ansiedade Segundo Castillo et al. (2000), ansiedade é um sentimento difuso de medo e apreensão sobre algo que ainda pode acontecer ou mesmo a antecipação de um perigo. Assim, pode-se afi rmar que a ansiedade é necessária para a sobre- vivência dos seres humanos. Entretanto, ela torna-se patológica quando as rea- ções são exageradas e desproporcionais ao evento que acontecerá no futuro. Um exemplo é ter rouquidão, com sudorese excessiva, tremores, dispneia e taquicardia pouco antes de uma apresentação de um seminário em sala de aula. Após constatar que não haverá mais a necessidade de falar em público, o tom da voz volta ao normal e todos os outros sinais e sintomas desaparecem, o que faz o corpo recuperar sua homeostase. ASSISTA O fi lme O Discurso do Rei conta a história de George, um membro da realeza britânica que é gago desde os quatro anos. Por lidar com a cons- tante necessidade de fazer discursos, sua esposa, Elizabeth, o apresenta a Lionel, um fonoaudiólogo que possui métodos poucos convencionais. Para Dalgalarrondo (2008), o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) apresenta sintomas excessivos que perduram na maior parte do dia, durante aproximadamente seis meses. O indivíduo sente preocupação, la- bilidade emocional, angústia, irritabilidade, tensão, paralisia frente a ativi- dades a serem realizadas e dificuldade de relaxar. Os sinais e sintomas fí- sicos podem ser descritos como cefaleia ou enxaqueca, dores musculares (ombros, pescoço, lombar, braços e pernas), tontura, sudorese, taquicar- dia, formigamento, hiperventilação ou dispneia, pensamentos acelerados e falta de concentração, entre outros. Para o DSM-5, o transtorno de ansiedade pode ocorrer ainda na infância ou adolescência e é mais prevalente em pessoas do sexo feminino: Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da an- siedade adaptativos por serem excessivos ou persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Eles di- ferem do medo ou da ansiedade provisórios, com frequência SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 110 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 110 05/10/2020 11:41:37 Gênese da ansiedade Segundo Braga et al. (2010), estudos relataram que o estado mental de ansiedade se relaciona com os mecanismos de defesa diante de um estímu- lo ameaçador ou em situações perigosas. Assim, demonstrou-se que há dois sistemas cerebrais envolvidos na gênese da ansiedade: o sistema cerebral de defesa (SCD) e o sistema de inibição de comportamento. Sabe-se que o SCD é formado pela amígdala, pelo hipotálamo e pela substância cinzenta periaquedutal, localizada no mesencéfalo. A amígdala possui como função classifi car o tipo e o grau do estímulo e, a partir disso, o resultado é transmitido para o hipotálamo e para a substância cinzenta periaquedutal, os quais organizarão as reações comportamentais e fi sioló- gicas de defesa frente ao estímulo. Assim, podemos relembrar um pouco da teoria fisiopa- tológica do estresse, uma vez que o hipotálamo regula o funcionamento da hipófise. Esta secretará o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que estimulará as glândula suprarrenais a produzir cortisol, noradrenalina e adrenalina para enfrentar a situação ameaçadora por meio de reações do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) (BRA- GA et al., 2010). vinduzidos por estresse, por serem persistentes (p. ex., em geral durando seis meses ou mais), embora o critério para a duração seja tido como um guia geral, com a possibilidade de algum grau de fl exibilidade, sendo às vezes de duração mais curta em crian- ças (como no transtorno de ansiedade de separação e no mutis- mo seletivo) (2014, p. 189). Os transtornos ansiosos podem acarretar outras psicopatologias ansiosas, tais como transtornos fóbicos, transtorno do pânico e transtornodo estresse pós-traumático (TEPT), os quais serão estudados a seguir. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 111 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 111 05/10/2020 11:41:37 Estresse Sistema nervoso autônomo Predomínio simpático Isquemia Alterações do ritmo Catecolaminas Suprarrenais Ateromas Plaquetas ACTH Defesa imunológica Sistema límbico Hipotálamo Hipófise Figura 1. Esquema de fisiopatologia do estresse. Fonte: MIRANDA-VILELA, 2019. O sistema de inibição comportamental (SIC) possui um substrato denomi- nado sistema septohipocampal, o qual ativa sinais de punição, frustração, es- tímulos ameaçadores ou situações novas, o que leva ao aumento da vigilância, atenção e preparo para o enfrentamento do estímulo (fuga ou luta). Hipocampo Amígdala SCPD Colículo inferior Septo Sistema de inibição comportamental Sistema cerebral aversivo Núcleo mediano da rafe Locus coeruleus Colículo superior Hipotálamo medial Figura 2. Sistema de inibição comportamental. Fonte: BRANDÃO et al., 2003, p. 39. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 112 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 112 05/10/2020 11:41:45 Transtornos fóbicos Segundo Almeida et al. (2013), o transtorno fóbico é a angústia ou sofri- mento psíquico exacerbado diante de elementos e/ou situações que causam um terror paralisante no indivíduo, após a ocorrência de um evento traumá- tico. Por exemplo: medo de falar em público (glossofobia), medo de altura (acrofobia), insetos (insetofobia ou entomofobia), medo de lugares fechados (claustrofobia), medo de lugares muito movimentados (agorafobia), entre muitas outras fobias específi cas. O DSM-5 (2014) ressalta que algumas fobias podem ter origem a partir de um contexto sociocultural, cujo signifi cado está relacionado a outros aconteci- mentos traumatizantes; por exemplo, a fobia de lugares escuros pode ter ori- gem no contexto de violência sexual sofrida por aquele indivíduo durante a infância. A fobia específi ca causa um grande sofrimento social e profi ssional, bem como prejudica atividades de vida diárias, uma vez que toda energia é gasta em função de evitar o contato com determinado estímulo, na maior parte do tempo. As fobias específi cas correspondem a cerca de 7% da população e têm maior prevalência em mulheres. O principais sinais e sintomas incluem: tontura, vertigem, tremores, formigamento, náuseas, hidrose, tensão muscular, cefaleia, diarreia, ta- quicardia e xerostomia. O tratamento pode ser realizado com psicoterapia (terapia cognitivo-comportamental) e em alguns casos utiliza-se terapia de exposição ao estímulo perigoso, o que pode ser controverso, além de ansiolíticos e antidepressivos. Sabe-se que os neurotransmissores também estão envolvidos na gênese da an- siedade, tal como a noradrenalina, secretada em situações de defesa e ansiedade. Assim, em pessoas com transtorno de ansiedade, nota-se um aumento da atividade noradrenérgica. Já a serotonina possui ação ainda pouco conhecida, mas sabe-se que atua de duas formas, estimulatória e inibitória, um papel bem controverso para esse neurotransmissor. Já o GABA, neurotransmissor inibitório, tem ação sobre a ansiedade por meio dos benzodiazepínicos, que aumentam sua atividade durante a ação do ansiolítico. É importante ressaltar que há ação de outros neurotransmisso- res na ansiedade, mas estes ainda precisam ser melhor estudados. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 113 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 113 05/10/2020 11:41:45 Transtornos fóbicosAnsiolíticos Antidepressivos Terapia Cognitivo- Comportamental (TCC) Psicoterapia psicodinâmica Figura 3. Diagrama de Venn para transtornos fóbicos. Ressalta-se a intervenção imediata durante a crise de pânico ou ansiedade por meio de exercícios de controle de respiração, tais como expiração e inspi- ração. A psicologia aconselha exercícios respiratórios no controle da ansiedade e ataques de pânico, em razão de esta ser a forma mais efi ciente de reprimir sensações e emoções como medo, ansiedade e fobia. Os exercícios consistem na contagem de 0 a 4 para a inspiração, de 0 a 2 para segurar o ar e de 0 a 6 para a expiração, técnica conhecida como 4, 2 e 6. A repetição do movimento respiratório deve ser realizada até a cessação dos sinais e sintomas de ansiedade ou pânico. Assim, o transtorno do pânico (TP) consiste na presença de crises ou ataques de pânico que ocorrem de forma recorrente por pelo um mês. Estes ataques acarretam preocupações persistentes ou modifi cações importantes de comportamento em relação à possibilidade de ocor- rência de novos ataques de ansiedade. Os pacientes com TP seguem Transtorno do pânico O ataque ou crise de pânico é muito comum, e estima-se que pelo menos 25% da população possa tê-lo pelo menos uma vez durante a vida. O ataque de pânico acomete o indivíduo de forma súbita, sem que haja, muitas vezes, um fator desencadeante, e está acompanhado de sintomas físicos como calafrio, sudorese, tremores, desmaios, cefaleia, dispneia, taquicardia e formigamento. O indivíduo acometido pela crise de pânico pode ter a sensação de que irá morrer ou ter um infarto agudo do miocárdio (IAM), gerando uma sensação de descontrole muito grande. Geralmente, possui duração de 20 minutos a 1 hora e os primeiros 10 minutos são experimentados de forma extremamente intensa. Assim, pode-se dizer que o início da crise consiste no período mais crítico do ataque de pânico. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 114 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 114 05/10/2020 11:41:45 um padrão longo (que pode se estender até uma década) de visitas às emergências médicas antes do diagnóstico à procura de uma causa orgânica para seus sintomas (SALUM, BLAYA, MANFRO, 2009, p. 87). TABELA 1. TÉCNICA DE CONTROLE RESPIRATÓRIO PARA ANSIEDADE E PÂNICO Contagem O que fazer? Início Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Conte até 4 Inspire o ar pelo nariz Conte até 2 Segure o ar Conte até 6 Expire o ar pela boca Recomece Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência respiratória voltar ao normal InícioInício Conte até 4Conte até 4 Conte até 2 Conte até 4 Conte até 2 Conte até 4 Conte até 2 Conte até 6 Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Conte até 2 Conte até 6 Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Conte até 6 Recomece Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Conte até 6 Recomece Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Recomece Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdomeSente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdomeSente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdomeSente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Inspire o ar pelo nariz Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Inspire o ar pelo nariz Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Inspire o ar pelo nariz Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Inspire o ar pelo nariz Segure o ar Expire o ar pela boca Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Inspire o ar pelo nariz Segure o ar Expire o ar pela boca Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência respiratóriavoltar ao normal Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Inspire o ar pelo nariz Segure o ar Expire o ar pela boca Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência respiratória voltar ao normal Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Expire o ar pela boca Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência respiratória voltar ao normal Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Expire o ar pela boca Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência respiratória voltar ao normal Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Expire o ar pela boca Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência respiratória voltar ao normal Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência respiratória voltar ao normal Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência respiratória voltar ao normal Sente-se de forma relaxada com as mãos repousadas sobre o abdome Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência respiratória voltar ao normal Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência respiratória voltar ao normal Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência Repita o exercício respiratório o quanto precisar até a frequência Estudos apontam que o TP prejudica as atividades laborais por meio de bai- xa produtividade e absenteísmo, além de implicar em difi culdades de relação interpessoal, maior utilização de serviços de saúde (o que causa muitos gastos) e, infelizmente, um risco aumentado de tentativa e concretização de suicídio. O tratamento é realizado por meio de terapia cognitivo-comportamental (TCC), ansiolíticos e antidepressivos. Di ag nó st ico d e TP TCC Antidepressivos Ansiolíticos Figura 4. Esquema para o tratamento de TP. Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é geralmente associado ao sofrimento psíquico causado pelas guerras. No entanto, o TEPT não ocorre so- mente em contextos bélicos, mas também nos demais eventos traumáticos aos quais o indivíduo possa ter sido exposto. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 115 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 115 05/10/2020 11:41:48 O TEPT é composto por dois eventos centrais: o evento traumático, associado à ex- posição a um evento em que haja ameaça de morte ou ferimentos graves para si mesmo e/ou outras pessoas, em conjunto com uma resposta de medo excessivo, desamparo ou horror. A partir disso, desenvolve-se a sensação psicológica que consiste em reviver o evento traumático, a esquiva de estímulos associados ao acontecimento e sintomas de estimulação exacerbada do SNA, conforme atestam Figueira e Mendlowicz (2003). Os sinais e sintomas comumente encontrados em indivíduos acometidos por TEPT são insônia, pesadelos, irritabilidade, dificuldade de concentração, hipervigilância, res- posta exagerada de sobressalto, distanciamento social e entorpecimento emocional. EXPLICANDO Na tentativa de fugir do sofrimento causado pelo evento ameaçador, a pessoa sente-se “anestesiada”. Entretanto, ao se utilizar dessa estratégia, o indivíduo perde o interesse pelas atividades que lhe eram prazerosas, como viajar, brincar com os filhos, conversar com os amigos, entre outros. A memória aversiva, presente no TEPT, constitui-se a partir do medo aprendido diante de um evento traumático. Desta maneira, pesquisas revelam que há um cir- cuito com áreas do córtex cerebral responsáveis por processar as ameaças à vida. Assim, a partir de experimentos em animais, este circuito foi mapeado e descobriu-se que áreas do córtex cerebral transmitem informações para a amígdala e para o hipo- campo. O que se pode concluir é que, diante de um evento ameaçador à vida, as in- formações emocionais são enviadas para o córtex, que processa e analisa o ambiente e, assim, ocasiona a formação da memória aversiva (LIMA; BALDO; CANTERAS, 2019). Área cingulada anterior Área visual medial Área pré-límbica Córtex cerebral Área retroesplenial Circuito cortical Amígdala Formação hipocampal Figura 5. Circuito cortical do medo aversivo. Fonte: LIMA; BALDO; CANTERAS, 2019, n.p. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 116 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 116 05/10/2020 11:41:48 Intervenções de enfermagem em pessoas acometidas por transtornos de ansiedade As intervenções de enfermagem em pessoas com transtornos de ansiedade (TAG, Transtorno Fóbico, TP e TEPT) consistem em promover e rea- bilitar a saúde dessas pessoas. Muitas vezes, faz-se necessário adotar mecanis- mos que auxiliem o indivíduo com transtornos ansiosos, tais como estabelecer rotinas, utilizar tom de voz baixo e suave, redirecionar a atenção do paciente para longe da fonte de agitação e evitar a projeção de imagem considerada ameaçadora, principalmente para o indivíduo com transtorno fóbico. O tratamento para o TEPT constitui-se em antidepressi- vos, ansiolíticos e TCC. Videira et al. (2018), que enfatizam a terapia da compaixão no TEPT decorrente da violência urbana, trazem à tona a questão da importância da terapia cognitivo-comportamental em grupo (TCC-G), a fi m de que os pacientes com este tipo de transtorno obtenham uma me- lhor qualidade de vida. Os autores ressaltam a importância da TCC-G e o uso da terapia focada na compaixão especifi camente neste tipo de transtorno, posto que os pacientes com TEPT apre- sentam não só sentimentos de medo, como também de culpa e vergonha. Deste modo, tais sentimentos fa- zem com que esses indivíduos tenham maior difi culdade de demonstrar autocompaixão. A TCC-G possibilitaria, então, melhores inter-relações pes- soais, um relacionamento e entendimento mais adequados em relação às pessoas que vivenciam a mesma situação e, consequen- temente, a criação de empatia e compaixão ao próximo e a si mesmo (VIDEI- RA et al., 2018). Desta maneira, notou-se neste trabalho a melhora dos quadros de TEPT com o uso da TCC-G focada na compaixão, evidenciando a importância do uso desta técnica de curto prazo (cerca de oito semanas), mas com efeitos duradou- ros e efi cazes para que estes pacientes voltem às suas atividades cotidianas. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 117 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 117 05/10/2020 11:41:48 EXPLICANDO No transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) também há o aumento de an- siedade a níveis exacerbados, à medida que os pensamentos obsessivos geram grande sofrimento psíquico, causando sintomas ansiosos. Alguns estudiosos, inclusive, classificam o TOC como parte dos transtornos de ansiedade; no entanto, neste material foi utilizada a definição do DSM-5, que classifica o TOC como transtorno de personalidade. É importante salientar que alguns indivíduos com transtornos ansiosos podem vir a ter um comportamento de autoagressão. Assim, o controle de comportamento para esse fator é importante por meio da retirada de objetos perigosos do ambiente e da comunicação de risco para a família e outros cuidadores. Já o ensino é uma inter- venção de enfermagem, uma vez que é preciso orientar a família e o indivíduo com transtorno sobre a doença, a adesão ao tratamento e os efeitos das medicações. É necessário escutar ativamente, por meio da demonstração de interesse pelo paciente, evidenciar percepção e sensibilidade às suas emoções e atentar- -se para mensagens e sentimentos não expressados. Deve haver ainda a pro- moção do envolvimento familiar, ocasionando a identificação da capacidade dos membros da família para envolver-se nos cuidadosdo paciente, além de antecipar e identificar as necessidades da família. A redução da ansiedade pode ser auxiliada com o uso de uma abordagem calma e tranquilizadora, em que se deve escutar o paciente com atenção, identificar mu- danças do nível de ansiedade e orientá-lo sobre técnicas de relaxamento (medita- ção, controle respiratório, etc.). Para isso, pode-se utilizar a terapia de relaxamento, em que o enfermeiro oferece uma descrição detalhada sobre a técnica a ser utiliza- da, convida o paciente a relaxar e permite a ocorrência de sensações. A intervenção para a melhoria do sono está associada a determinar o padrão de sono e vigília do paciente, além de orientá-lo para monitorar padrões de sono e encorajá-lo a estabelecer uma rotina para dormir, entre outros. Já a prevenção de suicídio é realizada por meio da determinação do grau de risco de suicídio, da orientação do paciente sobre estratégias de enfrentamento e da utilização de uma abordagem direta e sem julgamentos ao discutir suicídio, facilitando o apoio da família e amigos do paciente (BULECHEK; BUTCHER; DOCHTERMAN, 2010). Existem muitas outras intervenções de enfermagem para que o paciente consiga enfrentar os transtornos de ansiedade e ter uma melhor qualidade de vida, com o mínimo de sofrimento possível. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 118 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 118 05/10/2020 11:41:48 Intervenções de enfermagem a pessoas com manifes- tações de comportamento decorrente de demência Segundo Dalgalarrondo (2008), a demência pode ser compreendida como uma síndrome psíquica orgânica difusa e de curso progressivo, que leva à deterioração de áreas psíquicas, cognitivas e afetivas. Com isso, no- ta-se que há um grande prejuízo das capacidades críticas e de julgamento em pessoas acometidas pela doença. As principais características da demência são perda de memória (recen- te e de fixação), perda de funções cognitivas (linguagem, agnosia, raciocí- nio, habilidades motoras, aprendizagem, orientação no tempo e espaço, entre outros), alterações executivas (planejamento e reso- lução de problemas), alterações de personalidade (desini- bição, agressividade, negligência no autocuidado), alte- rações nos tecidos cerebrais (diminuição de substância branca) e sintomas psiquiátricos (ansiedade, depressão, paranoia, alucinações e delírios). É importante ressaltar que o número de diagnósticos de demência tem crescido a cada ano em virtude da expectativa de vida da população; isto levou a um aumento do número de pessoas idosas, o que ampliou a incidên- cia de casos de demência. As demências atingem cerca de 50 milhões de pessoas em todo mun- do, e a tendência é aumentar. Atualmente, há mais 1 milhão de casos de demência registrados no Brasil e a Organização Mundial de Saúde estima que esse número possa chegar a 6 milhões no País em 2050 (OMS/OPAS, 2017). Há quatro tipos de demências mais comumente diagnosticadas nos serviços de saúde, sendo estas: doença de Alzheimer, demência vascular, demências com corpos de Lewy e demência frontotemporal. Doença de Alzheimer (DA) A Doença de Alzheimer (DA) é uma patologia degenerativa progressiva do sistema nervoso que geralmente acomete pessoas com mais de 60 anos e cor- responde a cerca de 50% das síndromes demenciais. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 119 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 119 05/10/2020 11:41:48 O processo neurodegenerativo da DA acomete primaria- mente o tronco encefálico no núcleo dorsal da rafe, onde si- tua-se o processo de informações e armazenamento da me- mória. Com a progressão da doença, este espalha-se para o hipocampo, seguido de comprometimento cortical (áreas associativas), o que acarretará em prejuízos das áreas cognitivas e comportamentais. O sintoma inicial observado na doença é a alteração da memória, principalmen- te a associada a fatos recentes, e pos- teriormente observa-se a desorientação espacial, relacionada também às funções da estrutura hipocampal. Assim, há uma piora progressiva e lenta dos sintomas, o que leva a alterações de linguagem (como a anomia, que é a impossibilidade de lembrar nomes de objetos, embora o indivíduo compreenda e perceba a presença do objeto esquecido), à deficiência em realizar planejamen- tos e à perda progressiva das habilidades visuais e espaciais. As alucinações e delírios são mais frequentes nas fases mais avançadas da doença (CARAMELLI; BARBOSA, 2002). Sob o ponto de vista fisiopatológico, a DA apresenta perda de sinapses e morte de neurônios nas regiões responsáveis pela cognição, como cór- tex cerebral, hipocampo, córtex entorrinal e estriado ventral. A partir de estudos com marcadores neuropatológicos em modelos experimentais, há algumas hipóteses para explicar a causa desta doença. A primeira delas é a cascata amiloidal, a qual inicia-se pela clivagem proteolítica da proteína precursora amiloide (APP) e que acarreta na produção, agregação e depo- sição de beta-amiloide e placas senis (SERENIKI; VITAL, 2008). ASSISTA O filme Para sempre Alice, de 2014, narra a história da personagem Alice Howland, uma renomada professora de linguística que é diagnosticada com a doença de Alzheimer aos 50 anos. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 120 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 120 05/10/2020 11:41:48 Lóbulo frontal Cerebelo Córtex visual Córtex entorrinal Hipocampo Amígdala cerebelosa Lóbulo parietal Medula Ponte Clivada pela α-secretase Clivada pela β e y-secretase (endoproteólise) PPA Aβ Placa senil Fragmentos menores sem ação tóxica para o SNC Figura 6. Áreas mais afetadas pela DA destacadas em vermelho. Fonte: FALCO et al., 2016. Figura 7. Cascata amiloidal. Fonte: CORRÊA, 2013. Saudável Alzheimer Figura 8. Diferença entre um cérebro saudável e um com DA em estágio avançado. Fonte: ROMANZOTI, 2019. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 121 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 121 05/10/2020 11:42:00 Demência Vascular (DV) A demência vascular é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente e pode ocorrer em cerca de 20% dos idosos com mais de 85 anos. Ela é decorrente de múltiplas isquemias cerebrais, lesões no tálamo, giro angular, defi ciência da circulação cerebral e das consequências de danos de acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH), tais como hemorragia subdural, subaracnoide ou no próprio tecido cerebral. A principal característica da DV refere-se ao seu início súbito associado aos aci- dentes vasculares cerebrais (AVC) ou acidentes isquêmicos transitórios (AIT). As- sim, ressalta-se que esses quadros de DV podem ter caráter transitório, na medida que em alguns casos a DV pode regredir e em outros piorar. É importante salientar que esta doença está relacionada diretamente a fatores de risco para doenças car- díacas e vasculares, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus, tabagismo, abuso de álcool e obesidade, entre outros (SMID et al., 2001). Os sinais e sintomas são semelhantes à DA, embora os sintomas neuropsiquiá- tricos encontrados na fase avançada da doença constituam apatia, mudanças de hu- Há inúmeras outras hipóteses etiológicas para a DA, tais como disfunção glutama- térgica, hipótese oligomérica e metálica e diabetes tipo 3, segundo Falco et al. (2016). É importante ressaltar que a sobrevida da doença de Alzheimer a partir do diagnóstico é de aproximadamente dez anos, em razão de a doença apresentar estágios de progressão, a saber: • Estágio 1: início da perda de memória, alterações de personalidade e com- prometimento das habilidades visuoespaciais; • Estágio 2: difi culdade para falar, realizar tarefas, coordenação motora pre- judicada, insônia e agitação; • Estágio 3: não executa mais as atividades diárias, incontinência urinária e fecal, tem difi culdades para comer e défi cit motor acentuado; • Estágio 4: inatividade motora,geralmente os indivíduos fi cam restritos ao leito, mutismo, dor à deglutição e infecções de repetição. O tratamento medicamentoso está relacionado a atividades diárias, antide- pressivos, antipsicóticos e estabilização das funções cognitivas. Ademais, a te- rapia ocupacional, as atividades psicossociais e a fi sioterapia são importantes para minimizar a progressão dos sintomas. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 122 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 122 05/10/2020 11:42:00 mor, alterações do ciclo de sono/vigília, alucinações e comportamento hostil (SAN- TOS et al., 2018). O tratamento está relacionado às drogas utilizadas na doença de Alzheimer e à prevenção e tratamento correto para doenças cardíacas e vasculares. Demência com Corpos de Lewy (DCL) A DCL é o terceiro tipo de neurodegeneração mais frequente em pessoas com mais de 60 anos. Há aproximadamente 35 anos essa doença era conside- rada rara; no entanto, o avanço de técnicas laboratoriais (imuno-histoquímica) e o aperfeiçoamento de exames de imagem diagnósticos permitiram que a DCL fosse mais conhecida e diagnosticada mais frequentemente. Os corpos de Lewy são agregados de proteínas (neurofi lamentares, ubi- quitina e alfa-sinucleína) que se distribuem de forma difusa pelo córtex cere- bral e tronco encefálico na DCL. Já na doença de Parkinson (DP) também há formação de corpos de Lewy, mas eles localizam-se nos neurônios da subs- tância negra mesencefálica e, por isso, algumas alterações clínicas da DCL podem ser similares às da DP. A B Figura 9. Doença de Binswanger (encefalopatia subcortical) que causa DV nas imagens da seção B. Fonte: ENGELHARDT et al., 2009. A Figura 9 evidencia uma ressonância magnética em que A é a imagem de um cérebro saudável e B é um cérebro com doença de Binswanger, uma en- cefalopatia subcortical que está associada à HAS. Ela é caracterizada pela ate- rosclerose nos vasos sanguíneos da substância branca subcortical, o que pode causar a demência vascular. Note a diferença do volume cerebral entre A e B. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 123 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 123 05/10/2020 11:42:11 A DCL causa um declínio signifi cativo das funções cognitivas, o que acarreta em prejuízo social e profi ssional devido a comprometimento grave da memória (fase avançada), défi cit de atenção, alucinações visuais bem defi nidas e sinais de parkinsonismo (rigidez e bradicinesia, que é a lentifi cação motora observa- da na doença de Parkinson). A causa das alucinações bem formadas na DCL são em razão da presença de corpos de Lewy nas estruturas temporais, principalmente no giro para-hipo- campal e na amígdala. Outros sinais e sintomas apresentados na doença cons- tituem sensibilidade a neurolépticos, quedas repetidas (instabilidade postural ou síncopes) e parassonia, segundo Teixeira Jr. e Cardoso (2005). EXPLICANDO Parassonia refere-se a movimentos anormais durante o sono, o que causa interrupções durante o repouso do indivíduo e, por consequência, sonolência e fadiga durante o dia. O tratamento é realizado com medicamentos para DA, principalmente a ri- vastigmina; para melhora dos sintomas de Parkinson (bradicinesia e rigidez) pode-se utilizar L-Dopa, no entanto é necessário salientar que esse fármaco piora os sintomas psiquiátricos, tais como alucinações, delírios e confusão mental. O apoio da família é de suma importância e atividades psicossociais, ocupacionais e fi sioterapia podem aliviar os sintomas. Figura 10. Corpos de Lewy (em amarelo) no neurônio (DP). Fonte: LAGUIPO, 2018. Demência Frontotemporal (DFT) Essa é a quarta forma mais comum de demência e atinge pessoas com mais de 50 anos situadas no período pré-senil, ocorrendo igualmente em homens e mulheres. Antigamente os pacientes com DFT eram diagnosticados com DA, e SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 124 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 124 05/10/2020 11:42:18 somente a partir dos anos 90 os critérios diagnósticos sofreram modificações, o que consequentemente gerou uma maior observação sobre o curso e etiolo- gia da doença, que caracteriza-se por perda neuronal e degeneração microva- cuolar, segundo Teixeira Jr. e Salgado (2006). Ainda de acordo com os autores, os sinais e sintomas observados na DFT são: demência semântica, a qual refere-se à dificuldade de compreensão das palavras e nomeação; agnosia, que é a incapacidade de reconhecer objetos e pessoas; e prejuízo na produção verbal e de significado visual. Para entender as alterações cerebrais na DFT, pode-se dividir o lobo frontal em três partes: (1) orbital, (2) medial e (3) dorsolateral. A estrutura (1) associa-se a comportamento desinibido, impulsividade e comportamentos estereotipados (re- petir gestos ou palavras). Na estrutura (2) observa-se apatia, isolamento social e passividade. E a estrutura (3) está associada à mudança de padrão alimentar, tais como aumento da ingestão de líquidos e preferência por alimentos doces. Lateral Orbital Medial Figura 11. Anatomia funcional do lobo frontal. Fonte: RUIZ-CONTRERAS et al., 2016. O tratamento consiste em antipsicóticos e, em alguns casos, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina podem auxiliar, além de lançar mão de fonoaudiologia, fisioterapia e inclusão nas atividades psicossociais. As doen- ças demenciais causam bastante sofrimento, tanto para o paciente diagnosti- cado quanto para a família e cuidadores. É importante ressaltar que a equipe de saúde, em particular a de enfermagem, precisa oferecer acolhimento do usuário e da família, a fim de que essa situação seja enfrentada da maneira mais amena possível. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 125 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 125 05/10/2020 11:42:25 Intervenções de enfermagem em pessoas acometidas por demências Segundo Farfan et al. (2017), faz parte da assistência de enfermagem a ava- liação funcional do idoso e, diante do crescente número de casos de diagnós- ticos demenciais em virtude do envelhecimento populacional, é de suma im- portância salientar que essa problemática é enfrentada com muito pesar pela família e pelo indivíduo acometido pela demência. Entre outros motivos, isto também se dá porque normalmente não há informações sobre como lidar com todas as mudanças provenientes da doença neurodegenerativa. Por este motivo o enfermeiro assume papel de orientador, esclarecedor e apoiador no processo demencial. Então, o aconselhamento estabelece uma relação terapêutica baseada na confi ança e estabelecimento de vínculo, bem como no oferecimento de informações adequadas sempre que necessárias. Outro fator a ser observado é a intervenção na alimentação, uma vez que em certos casos os indivíduos não conseguem se alimentar adequadamente. A inter- venção no controle de alucinações e delírios também é muito importante para que o indivíduo possa falar sobre o fenômeno quando o estímulo estiver presente. Por fi m, manter o ambiente seguro também é outro fator indispensável. É importante evidenciar que o controle de ambiente está associado com manter medidas de conforto, executar a prevenção de possíveis eventos de violência e impulsionar o controle comportamental por meio de limites em ca- sos de alucinações, delírios ou comportamento inadequado (NIC, 2010). Anterior A C B D AnteriorPosterior Posterior Figura 12. Alterações no cérebro com DFT (A e B). Fonte: LANATA; MILLER, 2016. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 126 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 126 05/10/2020 11:42:30 A presença e o apoio da família é algo que o enfermeiro precisa enfatizar, principalmente em relação à redução de ansiedade, além de manter uma escu- ta ativa para os sentimentos que causam o aumento da ansiedade. Os cuidados com a administração das medicações prescritas, a atenção para o aumento da ingestão hídrica fracionada em casos de xerostomia e o encorajamentode medidas de autocuidado devem estar sempre presentes. É importante que o futuro enfermeiro saiba que há muitas intervenções de enfermagem nas síndromes demenciais, e que o plano de assistência de enfer- magem precisa ser direcionado e individualizado para cada usuário. Enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções de enfermagem Até os dias atuais, o número de instituições de saúde que englobam os ser- viços de emergência psiquiátrica é muito pífi o, o que acaba por tornar este ser- viço restrito aos hospitais públicos e a alguns hospitais localizados nos grandes centros acadêmicos do País. Isso posto, o distúrbio de pensamento, emoções e comportamento que ne- cessita de intervenção assistencial de saúde imediata, a fi m de que não haja prejuízos para a pessoa em crise e os demais, é denominado de emergência psiquiátrica. Segundo Barros, Tung e Mari: Emergências psiquiátricas também podem ser defi nidas como qualquer alteração de comportamento que não pode ser ma- nejada de maneira rápida e adequada pelos serviços de saúde, sociais ou judiciários existentes na comunidade. Esta defi nição sugere que as emergências em psiquiatria não são função exclu- siva de uma determinada alteração psicopatológica, mas tam- bém do sistema de serviços oferecidos por uma determinada região, na qual o indivíduo está inserido (2010, p. 72). Assim, caracteriza-se serviço de emergência psiquiátrica como um local que pres- ta assistência imediata a pessoas com crises, as quais englobam agressividade, tenta- tivas de suicídio, abuso ou abstinência de álcool e drogas, ataques de pânico, estresse, delírios, alucinações ou quaisquer outras que possam trazer prejuízos vitais e sociais. De acordo com Vedana (2016), as alterações no estado psíquico da pessoa em crise SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 127 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 127 05/10/2020 11:42:30 Comportamentos propensos à crise e intervenções de enfermagem A agressividade pode estar presente nos momentos de crise, mas isso não deve ser generalizado, uma vez que a agitação psicomotora também é confundida com agressivi- dade em razão das atividades cognitivas e motoras aumentadas. Assim, a defi nição de agressão é a ação intencional de causar dano a alguém, que pode ser físico ou mental. Os sinais de agressividade podem ser observados por meio de dois ou mais fatores, como ação violenta dirigida a objetos, tom de voz elevado acompanha- do de discussões, comportamento desafi ador, ameaças verbais, dentes cerra- dos, expressão facial tensa e baixa tolerância às frustrações. A ação do enfermeiro diante do comportamento agressivo é oferecer um ambiente seguro, assim como privacidade no atendimento, evitando estímulos em excesso e movimentos exacerbados durante a assistência. A comunicação verbal deve ser realizada por meio da evitação de confl itos diretos, e o enfer- meiro deve ter uma postura fi rme, segura e mostrar ao indivíduo que pretende ajudá-lo, além de explicar os procedimentos que serão realizados como meio de diminuir o sofrimento psíquico deste momento. As contenções podem ser químicas (medicações) ou físicas. Na administração de psicofármacos prefere-se a via oral, caso seja possível a colaboração do usuário. No entanto, caso isto não seja possível, a via de administração utilizada é a muscular. Com isso, deve haver redução no comportamento de agressividade sem que haja sedação. A restrição de movimentos corporais realizada por meio de contenção física tem como objetivo evitar danos a si próprio e aos outros. Geralmente, no processo de con- tenção física há o envolvimento de cerca de cinco pessoas da equipe de saúde, em que uma destas assume a liderança e delega funções aos outros componentes do grupo. Durante o período de contenção a equipe de enfermagem precisa monito- rar o paciente a cada 15 minutos para observar se houve redução da agressi- vidade. É importante salientar que a contenção física é uma medida extrema e deve ser utilizada somente em último caso, segundo Vedana (2016). difi cultam bastante o processo de comunicação. Desta maneira, o enfermeiro deve agir de forma fi rme e segura, além de utilizar perguntas práticas e sem sentidos ambíguos. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 128 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 128 05/10/2020 11:42:30 Outro fator relacionado à crise é a tentativa de suicídio, que deve ser enten- dida como uma ação extrema de sofrimento psíquico diante de determinada pro- blemática que tornou-se tão insuportável que a única solução encontrada por esse indivíduo é ceifar a própria vida. Por isso, não se deve julgar, ridicularizar ou oferecer opiniões pessoais em casos de emergência psiquiátrica por tentativas de suicídio. Em relação a isto, sabe-se que os homens obtêm mais sucesso em relação à concretização do suicídio em comparação às mulheres; no entanto, as tentati- vas de suicídio são mais frequentes em pessoas do sexo feminino. A questão do suicídio não deve ser discutida apenas no mês destinado à campa- nha de prevenção (o setembro amarelo), mas sim durante todo o ano, uma vez que as pessoas estão cada vez mais envolvidas em situações de tentativa e consumação de suicídio. Por isso, deve haver uma quebra de tabu na discussão sobre esse assunto por meio da educação em saúde e no trabalho desta questão tão grave. Aqui, cabe ressaltar a importância do Centro de Valorização à Vida (CVV), cujo número é 188. O enfermeiro avalia o risco de suicídio por meio da identificação de depressão, de- samparo e desespero. Algumas das frases mais comuns a serem ditas por alguém que tem ideação suicida são: “Eu não aguento mais essa vida!”, “Seria melhor para todos se eu não estivesse mais aqui”, “Eu quero sumir de uma vez por todas”, entre outras. É importante salientar que algumas pessoas agem com uma certa tranqui- lidade após um momento de crise por tentativa de suicídio ou por outros fa- tores, e esse comportamento também pode indicar uma ideação suicida. Ou seja, a pessoa passa a se importar menos com os problemas, visita lugares de que gosta e que há muito tempo não frequentava e faz planos para concretizar o suicídio. Desta maneira, o enfermeiro e a equipe multidisciplinar devem ficar alertas em relação a esse tipo de comportamento. O papel da família é fundamental para que a pessoa enfrente o seu problema com apoio, e o ambiente deve estar o mais possível seguro. Além disso, o profissio- nal deve notificar a família e a equipe sobre ideações suicidas. Oferecer esperança, concentrar-se na solução de problemas, estabelecer relacionamento terapêutico e oferecer acolhimento e apoio emocional são intervenções que podem auxiliar as pessoas em sofrimento psíquico que buscam tirar a própria vida (VEDANA, 2016). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS,2006), o risco de suicídio pode ser classificado em: 1. Inexistente; 2. Leve: ideação limitada, não há plano ou preparação; sem tentativas; 3. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 129 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 129 05/10/2020 11:42:30 Moderado: planos e preparação definidos ou mais de um fator de risco; motivação para melhorar o estado emocional e psicoló- gico atual; 4. Severo: planos e preparação claramente definidos; dois ou mais fatores de risco; inflexibilidade cognitiva e desespe- rança; sem apoio social disponível; tentativas anteriores. 5. Ex- tremo: múltiplas tentativas; fatores de risco significativos (OMS, 2016 apud VEDANA, 2016, p. 24) Outro fator relacionado à crise é a overdose, a intoxicação por drogas lícitas ou ilícitas que podem ocasionar alguns efeitos de acordo com sua interação com o SNC, sendo estas depressoras do SNC (álcool, ansiolíticos, opiáceos e solventes), que causam bradicardia, bradipneia, hipotensão arterial e até coma; ou estimula- doras (crack, cocaína, anfetaminas), que causam efeitos opostos como midríase,hi- pertermia, HAS, taquicardia, taquipneia, agressividade e agitação. Há ainda as subs- tâncias perturbadoras (maconha, ecstasy, LSD, ayahuasca), que causam delírios, alucinações, paranoia, crises de ansiedade e ataques de pânico (VEDANA, 2016). As intervenções de enfermagem estão relacionadas a oferecer um am- biente seguro, assistência em medidas de desintoxicação, monitoração do usuário, contatação da família e estabelecimento de relacionamento tera- pêutico e apoio. Em casos de abstinência por drogas, em que ocorre a in- terrupção ou redução do uso da substância, deve-se oferecer escuta ativa, esclarecimento sobre o risco do uso da substância e acolhimento. Quando ocorre a abstinência por álcool, deve-se realizar a investigação so- bre o grau de dependência de álcool a fim de que se estabeleça intervenções de enfermagem eficientes para o tratamento do usuário. Em casos mais graves de dependência, é importante levantar a cabeceira da cama do paciente, oferecer ingestão hídrica fracionada, manter o ambiente calmo e tranquilo, oferecer me- didas de apoio emocional, orientar sobre o papel da família durante o processo de tratamento, oferecer segurança ao paciente e monitorá-lo (VEDANA, 2016). Em casos de doenças psiquiátricas com distúrbio de sensopercepção e pensamento, tais como delírios, alucinações e paranoias, deve-se proporcio- nar um ambiente calmo e seguro, retirar objetos que possam causar danos ao paciente e a outras pessoas envolvidas, tentar estabelecer relacionamento terapêutico, trazer o paciente à realidade, não encorajar alucinações, oferecer privacidade no atendimento, estimular a contenção química e física e principal- SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 130 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 130 05/10/2020 11:42:30 mente ofertar apoio emocional (VEDANA, 2016). Nos ataques de pânico e ansiedade, oferece- -se apoio emocional, acolhimento, relacionamento terapêutico, escuta ativa, redução de ansiedade pelo encorajamento da expressão de sentimentos, exercícios respiratórios para o controle da ansiedade (por exemplo: técnica 4/2/6), cuidados na administração da ansiedade e ambiente tranquilo. Além disso, o profissional deve explicar ao paciente que isso não é um ataque cardíaco e falar em tom de voz baixo e calmo. Muitas são as intervenções de enfermagem em pessoas acometidas por crise e, por isso, o enfermeiro deve sempre ter uma visão holística do indi- víduo em sofrimento psíquico, mostrando empatia e encorajamento diante de toda a problemática sofrida por esses indivíduos. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 131 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 131 05/10/2020 11:42:30 Sintetizando Vimos que a ansiedade é um sentimento difuso de medo e apreensão sobre algo que ainda pode ocorrer ou ainda a antecipação de um perigo. Há dois sistemas cere- brais envolvidos em sua gênese: o Sistema Cerebral de Defesa (SCD) e o sistema de inibição de comportamento. Alguns neurotransmissores também têm participação, como a noradrenalina, secretada em situações de defesa e ansiedade. Analisamos como o transtorno fóbico é a angústia ou sofrimento psíquico exacerbado diante de coisas e/ou situações que causam um terror paralisante no indivíduo após a ocorrência de um evento traumático. Já o ataque ou crise de pânico acomete o indivíduo de forma súbita sem que haja, muitas vezes, um fator desencadeante e está acompanhado de sintomas físicos como calafrio, sudorese, tremores, desmaios, cefaleia, dispneia, taquicardia e formigamento. Observamos que entender a fisiopatologia e identificar os sinais e sintomas da demência pode fazer bastante diferença para a qualidade de vida de seu por- tador. A demência não tem cura e é causada por neurodegeneração progressiva, afetando principalmente as funções cognitivas e motoras. As intervenções de enfermagem estão relacionadas com medidas de conforto e cuidados com os sintomas físicos e psiquiátricos característicos das síndromes demenciais. Por fim, vimos como o serviço de emergência psiquiátrica é um local que pres- ta assistência imediata às pessoas com crise, a qual pode estar ligada à agressivi- dade, tentativa de suicídio, intoxicação por uso de drogas ou ataques de pânico e ansiedade. É importante que o enfermeiro tenha uma visão empática e holística ao prestar assistência a esses pacientes com intenso sofrimento psíquico. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA 132 SER_ENFERMA_SMCEP_UNID4.indd 132 05/10/2020 11:42:30 Referências bibliográficas ALMEIDA, P. A. et al. Desafiando medos: relatos de enfrentamento de usuários com transtornos fóbico-ansiosos. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 66, n. 4, p. 528-534, 2013. ANDRADE, J. V. et al. Ansiedade: um dos problemas do século XXI. Revista de Saúde ReAGES, Paripiranga, v. 2, n. 4, p. 34-39, 2019. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. BARROS, R. E. 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