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Tema: Limitações ao poder de tributar: Princípios Constitucionais Tributários. As limitações ao Poder de tributar dos entes federados estão descritas no artigo 150 da CF/88 e se traduzem nos príncípios e nas imunidades. Na aula de hoje estudaremos os princípisos. # O Poder de Tributar é absoluto? Direito Tributário existe para delimitar o poder de tributar e definir regras da relação jurídica. Poder limitado por: normas jurídicas tributária; princípios constitucionais tributários e imunidades e isenções. 1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 1.1. Capacidade contributiva: é a capacidade econômica. Cada um deve contribuir na proporção de suas rendas independentemente de sua eventual disponibilidade financeira. Art. 145, § 1º, CF: Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. # Significa dizer que a cobrança de imposto tem que ser feita de forma igualitária? 1.2. Legalidade: RESERVA LEGAL Art. 5º, II, CF. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; # Qual é a regra? Só a lei pode criar ou extinguir tributos (CTN, art. 97), que deverá prever: alíquota, base de cálculo, sujeito passivo, multa, fato gerador (art. 97, CTN). Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Reserva de Lei Complementar: a) Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, CF); b) Empréstimos Compulsórios (art. 148, I e II, CF); c) Impostos Residuais (art. 154, I, CF); d) Contribuições Social-previdenciárias Residuais (art. 195, § 4º, CF c/c art. 154, I, CF). OBS:C Matérias relativas à lei complementar não podem ser objeto de MP (art. 62, § 10, III, CF) # É possível a utilização de MP em matéria tributária? EXCEÇÕES/MITIGAÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Tributos que podem ter a alíquota majorada ou reduzida por ato do executivo - decreto presidencial ou portaria do Ministro da Fazenda – parâmetros máximo e mínimo): • Imposto de Importação (II) – Art. 153, § 1º, CF • Imposto de Exportação (IE) – Art. 153, § 1º, CF • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – Art. 153, § 1º, CF • Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) – Art. 153, § 1º, CF Ex. Lei do Imposto de Exportação estipula alíquota de 20% para um certo bem exportável. Pode o Poder Executivo reduzi-la para dez (10%) e, se quiser, retorná-la a seu patamar máximo (20%) • Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE-Combustíveis) – Art. 177, § 4º, I, b, CF (somente por decreto presidencial) • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) – Art. 155, § 4º, IV, “c”, CF (os combustíveis e lubrificantes são definidos em LC e a alíquota é definida mediante deliberação dos Estados e do DF mediante convênios interestaduais celebrados no âmbito do CONFAZ 1.3. Isonomia/Igualdade Art. 150, CF. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; # O que é? Impede tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação de equivalência, visando consagra os valores da justiça tributária. Isonomia tributária e o Princípio do Pecunia non Olet “O tributo deve incidir sobre as atividades lícitas e, de igual modo, sobre aquelas consideradas ilí itas ou imorais” (Ricardo Lobo Torres) – Art. 118, CTN 1.4. Irretroatividade Art. 150, CF. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; Segundo a Constituição Federal, é vedado cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver criado ou aumentado. Art. 105, CTN. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes (...) ATENÇÃO! Não há exceção ao Princípio da Irretroatividade. # E o que significa o art. 106, CTN? Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: É regra INTERPRETATIVA menos gravosa. 1.5. Anterioridade a) Anual/De exercício/Comum Lei é de 04.03.2021- produzira efeito em 01.01.2022 b) Anterioridade Nonagesimal/Privilegiada/Qualificada Lei 20.12.2019 – Prodizirá efeito quando? 21/03/2020 ** Se do dia em que a Lei foi publicada, até o primeiro dia do exercicio financeiro seguinte não houve o prazo de no mínimo 90 dias, a lei só poderá produzir efeitos, 90 dias após a sua publicação. Art. 150, CF. (...) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; # Qual é a principal ideia? Veda a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que o criou. O STF já declarou que o Princípio da Anterioridade é considerado garantia individual ao contribuinte (ainda que fora do rol dos direitos e garantias fundamentais do art. 5º, CF) (ADI no. 939-7/1993) # Qual é a intenção deste princípio? ATENÇÃO! Os dois princípios devem ser observados! São cumulativos! “A constituição exige que a lei que crie ou aumente o tributo seja anterior ao exercício financeiro em que o tributo será cobrado e, ademais, que se observe a antecedência mínima de noventa dias entre a data de publicação da lei que o instituiu ou aumentou e a data em que passa a aplicar-se” (Luciano Amaro). Exemplos: Lei ‘Y’ majorou um tributo em 15 de dezembro de 2015. Quando incidirá tal aumento? Anterioridade anual: 1/1/2016 Anterioridade nonagesimal: 91º dia depois de 15/12/2015 16/03/2016 # Qual é a data mais benéfica ao contribuinte? Essa é a que será aplicada para fins de cobrança do tributo. Lei ‘W’ majorou um tributo em 15 de outubro de 2015. Quando incidirá tal aumento? Anterioridade anual: 1/1/2016 Anterioridade nonagesimal: 15/01/2016 # Qual é a data que a lei prodizirá efeito Lei ‘J’ majorou um tributo em 10 de agosto de 2015. Quando incidirá tal aumento? Anterioridade anual: 01/01/2016 Anterioridade nonagesimal: 09/11/2015 # Qual é a data que a lei prodizirá efeito #EXCEÇÕES AO PRINCIPÍO DA ANTERIORIDADE 1º) Art. 154, II CF – União – IEG - não aplica nenhuma anterioridade. A aplicação da lei é imediata. Lei Ordinária. 2º) art.148 CF I e II – situações que autorizam a instituição do EC União – LC - I – guerra externa ou calamidade publica - não aplica nenhuma anterioridade. A aplicação da lei é imediata. Lei Complementar. II – para financimento de investimento público de relevante e urgente interesse nacional. – Observa o princípio da anterioridade, seja do exercício, seja a nonagesimal ( aquela que for mais benefica ao contribuinte) EXERCÍCIO FINANCEIRO – ANUAL – (Os tributos só podem ser exigidos a partir do 1º dia do exercício financeiro seguinte.) ANTERIORIDADE NONAGESIMAL ( os tributos devem observar, no mínimo 90 , a aopos a publicação da lei, para serem exigidos) Aplicação sem observancia a anterioridade anual São no dia seguinte à publiação da Lei, sem noventena • II - Imposto de Importação (II) • IE - Imposto de Exportação (IE) • IPI - Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) • IOF - Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) • IEG - Impostos Extraordinários de Guerra (IEG) • EC - Empréstimo compulsório para • II - Imposto de Importação (II) • IE - Imposto de Exportação (IE) • IR - Imposto de Renda (IR) • IOF - Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) • IEG - Impostos Extraordinários de Guerra (IEG) • EC - Empréstimo compulsório para despesas extraordinárias despesas extraordinárias (calamidade pública ou guerra externa) • ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS-Combustível) • CIDE- COMBUSTÍVEIS Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE-Combustíveis) • Contribuições ESPECIAS de Seguridade Social (calamidade pública ou guerra externa); • IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) – alteração na base de cálculo • IPTU - Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU) – alteração na base de cálculo 1.6. Vedação ao Confisco Art. 150, CF. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - utilizar tributo com efeito de confisco; # O que é o confisco? O confisco tem caráter extremamente punitivo: é a apreensão dos bens de alguém, por ato administrativo ou judicial, sem indenização. É a perda dos bens. O que se proíbe é que, via transversa (ex. multa exorbitante), o tributo consiga espoliar o sujeito passivo numa medida tal que seja equivalente ao confisco 1.7. Não Limitação ao Tráfego de Pessoas e Bens Art. 150, CF. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; OBJETIVOS DO LEGISLADOR: a) Evitar que os entes políticos criassem tributos arrecadatórios incidentes sobre a passagem de pessoas e bens em seus territórios; b) Evitar restrições ao direito de passagem (art. 5º, XV, CF) EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO: a) Possibilidade de Cobrança de ICMS interestadual - Pedágio (polêmica: tarifa ou preço público) 1.8. Transparência Art. 150, § 5º, CF. A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. O princípio da transparência se destina a mostrar à sociedade a carga tributária embutida em produtos e serviços, oculta sob o manto da tributação indireta do IPI, ICMS e ISS. Lei 12.741/12 - Dispõe sobre as medidas de esclarecimento ao consumidor, de que trata o § 5º do artigo 150 da Constituição Federal; altera o inciso III do art. 6º e o inciso IV do art. 106 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 - Código de Defesa do Consumidor. IMPOSTO INDIRETO: Contribuinte de Direito ( Sujeito passivo) e o Contribuinte de Fato (consumidor). 1.9. Uniformidade Geográfica Art. 151, CF. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócioeconômico entre as diferentes regiões do País; 1.10. Não Discriminação em Razão da Procedência ou Destino Art. 152, CF. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. # Qual foi a intenção do legislador? Veda-se, pela não discriminação tributária em razão da procedência ou do destino, a existência de "comunidades de Estados" ou "comunidades de Municípios" dentro da própria Federação, estabelecendo, entre eles, posições tributárias vantajosas em detrimento daqueles que não participarem desses "pactos". 2. Princípios Setorias 2.1. Princípios aplicáveis aos Impostos Indiretos (ICMS, IPI, ISS) Impostos Indiretos: são aqueles que incidem sobre fornecedores de bens de consumo. Quando se observa o contribuinte de direito e contribuinte de fato. Ex. ICMS, IPI, ISS Nestes impostos o fornecedor repassa o tributo ao consumidor. FORNECEDOR: contribuinte legal/de direito CONSUMIDOR: contribuite de fato # Ocorre o fenômeno da REPERCUSSÃO tributária. Fenômeno pelo auql o fornecedor, contribuinte de direito, legal, repassa a carga tributária para o contribuinte de fato, consumidor. #Quais são os princípios aplicáveis ao impostos indiretos? a) Tranparência: art. 150, § 5º, CF – tem aplicação à todos os impostos indiretos. O consumidor deverá ser inforamado sobte o valor do tributo que está pagando na operação b) Seletividade: art. 153,§ 3º, I e art. 155, § 2º, III da CF – tem aplicação apenas ao IPI e ao ICMS. Por este princípio tem-se que as alíquotas a serem aplicadas devem ser selecionadas com base na essencialidade do bem . Ex. Cesta básica, remédios. IPI – Será ICMS – Poderá c) Não-cumulatividade – art. 153,§ 3º, II e art. 155, § 2º, I da CF. O IPI e o ICMS são impostos plurifásicos. A Constituição Federal proíbe cobrar em uma nova operação aquilo que já foi pago na operação anterior. Assim, o fornecedor pode deduzir do valor a ser pago aquilo que já foi recolhido na etapa antecedente. Na figura abaio temos a cadei produtiva e forma de compensação dos débitos e créditos do ICMS. 2.2. Princípios Aplicáveis ao Imposoto de Renda a) Progressividade – variação crescente de alíquotas. Até 2000 sá no IR EC 29/00 – alterou a redação do artigo 156, § 1º da CF e autorizou a progressividade no IPTU; ITPU – progressividade de acordo com o valor venal do imóvel. Art. 156, § 1º, II – valor do uso, localização. Progressividade sanção. Art. 182, § 4º, II. ( não cumpre a função social – PDOT). Progressividade ITR – sanção- art. 153, § 4º, I CF. – Evitar áreas improdutvas. Súmula 668 STF – todas as leis anteriores à EC29/00 eram e continuam sendo inconstitucionais. Até 2002 só IR e IPTU – progressivos. Em 2003 o STF passou a entender a possibilidade de aplicação do princípio no ITCMD Em 2014 reconheceu também para o ITR. Assim, o ITCMD e o ITR são progressivos, no entendimento do STF, mas não há revisão cobstitucional. Agora só resta o STF tratar do assunto sobre o IPVA e o ITBI. Quanto ao ITBI existe uma súmula que proíbe a progressividade. Súmula 656. “ É inconstitucional lei que estabelece progressividad para o ITBI con base no valor venal do imóvel”. Na tabela abaixo veja as possibilidades de progressividade: Progressividade em razão da riqueza Progressividade sanção IR – Imposto de Renda IPTU IPTU (uso, local, valor venal) ITR ITCMD ITR b) Generalidade: Todo e qualquer pessoa que realiza fato gerador deverá pagar Imposto deRenda. Qualquer pessoa. Ex: menor c) Universalidade: : O IR incidirá sobre qualquer renda, independentemente da fonte. O Fato gerador é auferir renda. Tem renda, tem IR. Ex. Renda do traficante d) Non Olet: dinheiro não tem cheiro. Ainda que venha do crime. A ilicitude não interessa para a arrecadação. Ex. Imperador Vespasiano. e) Pessoalidade – art. 145, § 1º da CF – Este príncipio abriga a capacidade contribuitva. Sempre que possível os impostos terão caráter pessoal, de modo a considerar a realidade da vida de cada pessoa. Ex: IR – filhos menores, idodos, escola, saúde.
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