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DIREITO TRIBUTÁRIO – NOÇÕES FUNDAMENTAIS 1. IMPORTÂNCIA DO CONCEITO DE TRIBUTO - O Direito Tributário é o único ramo jurídico construído em torno de um só instituto: o tributo. - A exata definição do conceito de tributo é fundamental para definir contra quais exigências estatais os indivíduos podem invocar o regime protetivo que o ordenamento jurídico garante ao contribuinte. - É comum o legislador mascarar a natureza tributária de determinadas cobranças com o intuito de afastar a incidência do D. Tributário. - A correta definição de tributo permite distinguir o instituto de outras obrigações públicas. 2. DEFINIÇÃO DE TRIBUTO A definição oficial de tributo está prescrita no art. 3º do CTN Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 3. ELEMENTOS DO CONCEITO a) Prestação pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir - O tributo é sempre uma obrigação de entregar determinada quantia em dinheiro ao Estado. - Em regra, o pagamento de tributo deve ser realizado em DINHEIRO, mas pode ser: art. 162, CTN. - O art. 3º excluiu a possibilidade de pagamento de tributo por prestação de serviços (pro labore) ou entrega de bens (in natura). - A expressão “ou cujo valor nessa se possa exprimir” permite a fixação do valor dos tributos por meio de indexadores (ex: UFIR – Unidade Fiscal de Referência, já extinta ou URV – Unidade Real de Valor), afinal o indexador exprime o valor cobrado pela mera conversão. Exemplo: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (Incluído pela LC nº 104, de 2001) # O que é dação em pagamento (CC)? É quando o credor exonera o devedor aceitando prestação diversa da pretendida. Ex. era para pagar em dinheiro e aceita imóvel. - Com isso, apesar de a LC 104 ter incluído a dação em pagamento como uma das formas de extinção da obrigação tributária, não significa dizer que a regra seja o pagamento em bens, só o será se: a lei específica autorizar (art. 141, CTN), haja manifesto interesse do fisco no bem e o bem oferecido seja imóvel. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm - A aceitação do bem imóvel é ato discricionário do poder público. O oferecimento da dação gera mera expectativa de direito e não direito adquirido em relação à extinção do crédito tributário. - A REGRA É O PAGAMENTO DE TRIBUTO EM DINHEIRO. # É possível o pagamento de tributo com títulos da dívida pública? - A rigor, não seria pagamento, mas compensação (art. 156, II, CTN). - Outra modalidade de extinção da obrigação tributária. Art. 156. Extinguem o crédito tributário: II - a compensação; # Primeiro o que é título da dívida pública (também chamados de títulos públicos)? É uma das formas de captação de recursos pelo Estado para financiamento de seus investimentos. O Estado fica devendo para aqueles que investem nesses títulos. São títulos resgatáveis em determinado período de tempo e indexados pelos indexadores do mercado monetário. b) Prestação compulsória - O tributo é receita derivada e o dever de pagar um tributo decorre da lei, ou seja, do poder de império do Estado. - É irrelevante a vontade das partes. - É irrelevante o conhecimento do contribuinte. - A regra que prevalece é a compulsoriedade, ou seja, proprietário de imóvel localizado em área urbana do Município DEVE pagar IPTU (art. 32, CTN). - ATENÇÃO! As atividades administrativas de arrecadar tributos não são autoexecutáveis. Ou seja, se o contribuinte deixa de pagar o tributo, o Fisco é obrigado a recorrer ao Poder Judiciário por meio de execução fiscal para fazer valer o seu direito de receber o crédito tributário (Lei no. 6.830/80) c) Prestação que não constitua sanção de ato ilícito. - O legislador quis dizer aqui que o tributo não se confunde com multa. - Apesar de multa pecuniária e tributos serem, ambos, receitas derivadas, tributo não se configura como uma sanção. - TRIBUTO: decorre da realização do Fato Gerador - MULTA: é uma resposta do ordenamento jurídico à prática de um ato ilícito (infração). - O tributo não pode ser usado como punição. - Ex. STF julgou inconstitucional lei municipal que determinou acréscimo de 200% no IPTU incidente sobre imóveis com construções irregulares por considerar que o Município de São Paulo estava utilizando o Tributo como punição (RE 94.001) TRIBUTO Não tem finalidade sancionatória Visa arrecadar e intervir em situações sociais e econômicas MULTA É sanção por ato ilícito O ideal é a não arrecadação, pois visa coibir ato ilícito. - ATIVIDADES ILÍCITAS Veremos mais adiante que para nascer a obrigação tributária (a obrigação de pagar tributo), é necessário que ocorra um fato previsto na lei. Por exemplo: obter renda, daí tem que pagar Imposto de Renda (IR). Mas e se esses rendimentos forem obtidos por meio de ato ilícito? O tributo a ser pago é uma penalidade? Não é essa a interpretação. A punição em relação ao ato ilícito é apurada em esfera penal, civil e/ou administrativa. O pagamento do tributo, nesse caso ocorre porque ele cometeu um fato que faz nascer a obrigação de pagar um tributo (o fato gerador). - O art. 3º do CTN não proíbe que a tributação recaia sobre atividades ilícitas. - Isso ocorre porque a ocorrência do fato gerador da validade jurídica dos atos efetivamente praticados (art. 118, CTN) - Além do mais, o dinheiro não tem cheiro (pecunia non olet) - Ex: bicheiros, mafiosos, traficantes devem pagar imposto de renda - Ex: venda de madeira de corte proibido e comercialização de animais silvestres se sujeitam ao ICMS. # Mas o fato de o Estado cobrar tributo referente a uma atividade ilícita não significa dizer que ele está se associando ao crime e obtendo imoralmente tais recursos? O STF já se manifestou sobre esse assunto (HC 77.530-4/RS) e se posicionou no sentido de que: - a tributação é atividade decorrente da isonomia fiscal (tratar todos de forma igualitária), afinal não seria plausível cobrar os tributos de quem aufere licitamente os recursos e tributos de quem os adquire de forma ilícita - vigora o princípio da pecunia non olet. d) Prestação instituída em lei - O dever de pagar tributo sempre surge da lei. É uma obrigação “ex lege”, NUNCA “ex voluntate” - A lei é a única fonte possível da obrigação de recolher tributos (art. 114, CTN). - Regra que não comporta exceção: o tributo só pode ser criado por lei (complementar ou ordinária) ou ato normativo de igual força (Medida Provisória – art. 62, § 2º, CF). - Devem ser obedecidos todos os aspectos da hipótese de incidência tributária: pessoal, material, territorial, temporal e quantitativo. - Disposições contratuais transferindo a terceiro a obrigação de pagar tributo (ex. inquilino pagar IPTU) não tem efeito perante o Fisco. (art. 123, CTN) ATENÇÃO! CRIAR TRIBUTO somente por lei ou. MAJORAR OU REDUZIR TRIBUTO em rega, por lei. e) Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada - A cobrança de tributo se dá por meio de uma atividade estatal vinculada a obrigatoriedade da lei. - Constatando a ocorrência do fato gerador, o fisco é obrigado a realizar o lançamento tributário. - Lançamento é ato administrativo vinculado e obrigatório. - A autoridade tributária não pode analisar conveniência e oportunidade no momento da cobrança do tributo, o tributo deve ser cobrado com base na descrição legal, sob pena de responsabilidade funcional (art. 142, p. u, CTN). 4. INSTITUTOS AFINS - Importante analisar outros institutos que facilmente se confundem com tributos. - Por isso, ideal que se reconheça o conceito oficial de tributo para atestar se outras cobranças oriundas do Estado podem ser consideradastributos e aplicáveis a eles o regime tributário.
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