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1
RILER BARBOSA SCARPATI
EDUCAÇÃO A 
DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA
 
PRÁTICA PEDAGÓGICA INTER- 
DISCIPLINAR: FUNDAMENTOS E 
METODOLOGIA DO ENSINO DE 
HISTÓRIA
2
LEGENDA DE
Ícones
Trata-se dos conceitos, definições e informações 
importantes nas quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão 
do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar 
ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção 
para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função 
específica, mostradas a seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros 
da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo 
apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada 
unidade, associando-os a suas ações, seja no ambiente 
profissional ou cotidiano.
Atividades de fixação sobre o conteúdo visto e aplicado 
no livro.
Apresentação dos significados de um determinado 
termo ou palavras mostradas no decorrer do livro.
Espaço para marcar citações de algum livro, artigo ou 
site que sustenta e reforça uma ideia.
FIQUE ATENTO 
BUSQUE POR MAIS 
VAMOS PENSAR? 
FIXANDO O CONTEÚDO 
GLOSSÁRIO 
CITAÇÕES 
3
SUMÁRIO
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
UNIDADE 4
1.1 Os primeiros povos da antiguidade e as explicações míticas................................................................................6
1.2 O surgimento da história na antiguidade............................................................................................................................8
1.3 A era cristã e a história teológica.................................................................................................................................................9
1.4 Progresso, razão e erudição na história: um novo tempo......................................................................................10
1.5 O século XIX: romantismo, materialismo histórico e história disciplinar....................................................12
2.1 O ofício...........................................................................................................................................................................................................18
2.2 O objeto........................................................................................................................................................................................................19 
2.3 A interdisciplinaridade....................................................................................................................................................................20
2.4 O local de trabalho.............................................................................................................................................................................20
3.1 O tempo histórico: matéria-prima do historiador.......................................................................................................26
3.2. Medir o tempo......................................................................................................................................................................................28
3.3 Passado e presente: uma complexa relação.................................................................................................................29
3.4. As formas de contar o tempo e o etnocentrismo.....................................................................................................30
4.1 Metafísica e Ontologia: Introdução........................................................................................................................................36
4.2 Fontes escritas, orais, materiais e iconográficas..........................................................................................................37
4.3 Analisar os documentos e produzir história...................................................................................................................38
UMA HISTÓRIA DA HISTÓRIA
PROFISSÃO HISTORIADOR
O(S) TEMPO(S)
AS FONTES E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO
UNIDADE 5
5.1. A história e o etnocentrismo.......................................................................................................................................................48
5.2 A valorização da diversidade.......................................................................................................................................................49
5.3 Entretenimento......................................................................................................................................................................................51
PARA QUE SERVE A HISTÓRIA?
UNIDADE 6
6.1 O contexto de nossa produção historiográfica- a singularidade do Brasil...........................................58
6.2 O saber histórico no Brasil..........................................................................................................................................................59
6.3 Alguns territórios do historiador contemporâneo...................................................................................................62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................................................................69
A HISTÓRIA NO BRASIL
4
UNIDADE 1
Esta unidade trata especificamente sobre a trajetória do conceito de história. 
Inicia-se com o surgimento das primeiras explicações de origem mítica, anteriores 
ao surgimento da história entre os gregos, percorre a história na Antiguidade e 
medievo até chegar ao período ao mundo contemporâneo, focando algumas de 
suas mudanças teóricas e metodológicas.
UNIDADE 2
Esta unidade tem como foco a discussão da profissão do historiador. Inicia-se 
falando sobre as características do ofício, sua trajetória e implicações, desenrola-se 
ao discutir o objeto de estudo do historiador e faz reflexão sobre a importância do 
diálogo com outras disciplinas para a execução do trabalho do historiador e finaliza 
com discussão sobre os locais de trabalho do historiador.
UNIDADE 3
A unidade começa com breve discussão sobre a natureza do tempo e quais as 
características do tempo humano, ou seja, do tempo histórico. Aborda as diferentes 
formas de contar o tempo nas diversas sociedades humanas variadas no tempo e no 
espaço e se encerra com uma reflexão sobre as complexas relações entre passado e 
presente no trabalho do historiador.
UNIDADE 4
A natureza das fontes históricas, sua trajetória de idas e vindas é a maneira como 
essa unidade se inicia. Depois, procura estabelecer uma tipologia básica e incipiente 
sobre as fontes históricas e se encerra com os procedimentos básicos a serem 
adotados pelo historiador no trabalho e manejo das fontes.
UNIDADE 5
A unidade aborda uma questão que intriga historiadores desde a Antiguidade 
e que se relaciona diretamente à aceitação social do conhecimento histórico 
produzido. Procura mostrar (3) três, entre outras tantas formas, de respondê-la na 
contemporaneidade, a saber: o rompimento com os etnocentrismos, a valorização 
da diversidade cultural e o deleite.
UNIDADE 6
A unidade destaca a trajetória da história no território do Brasil, desde o período da 
dominação portuguesa na América. Passa pelos séculos XIX e XX, tendo como fio 
condutor da narrativa as instituições que produziram história no Brasil, bem como 
da singularidade de nossa produção historiográfica.
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UNIDADE 1
UMA HISTÓRIA DA HISTÓRIA
6
 Se você perguntar a alguém 
o significado da palavra “história” 
é possível que frases como “são as 
coisas do passado”, “são as coisas de 
antigamente” etc. apareçam entre as 
respostas. Contudo, se questionarmos 
um pouco o nosso interlocutor, pedindo 
que nos explica melhor, sobre outras 
formas o significado do termo, ele 
não consiga, ou pelomenos tenha 
dificuldade. Realmente, não é fácil 
definir o que é história.
 A palavra “história” tem seu 
surgimento na Antiguidade, mais 
precisamente entre os gregos, no século 
VI antes de Cristo (a.C.). Ela significa 
investigação, informação. Para nós, 
cidadãos pertencentes a um certo 
mundo dito ocidental, a história surgiu 
na região do Mar Mediterrâneo, região 
entre o norte da África, Europa Ocidental 
e Oriente mais próximo.
 Ora, antes de haver algum tipo de 
explicação histórica para os fenômenos 
humanos - como vimos, ideia grega - os 
seres humanos, nós sempre possuímos 
e buscamos entender e procurar 
explicar nossas ações nesse mundo. 
Diversas sociedades antigas viam no 
“mito” a melhor forma de explicação 
existente. As explicações míticas podem 
ser de caráter mágico e sagrado e estão 
presentes até os dias atuais. 
 O mito é a primeira maneira 
encontrada pelos seres humanos de 
contar sua história, contar sua origem 
e produzir algum tipo de sentido 
em sua existência. Durante muito 
tempo, ele foi considerado - por nós 
ocidentais portadores e crentes em 
um pensamento científico - como um 
pensamento irracional, ou até mesmo, 
de maneira ainda mais pejorativa, como 
um pensamento de gente tola. 
 Entretanto, como forma de 
explicação própria do mundo, o mito 
não pode ser desconsiderado, possui sua 
validade. Como forma de explicação do 
1.1
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mundo, o mito possui lógica e coerência 
próprias, ou seja, para as sociedades que 
nele acreditavam - e para as pessoas 
que no mundo do século XXI ainda nele 
acreditam - ele tem caráter de verdade.
 Mas, afinal, em que consiste um 
mito? Consiste em um conjunto de 
explicações mágicas e religiosas sobre a 
realidade que cerca os seres humanos.
“Dentro de limites razoáveis, você é 
capaz de conseguir tudo aquilo que 
desejar, se estiver ciente de suas 
opções, se testar suas suposições, se 
corre os riscos calculados e baseados 
em informações sólidas e acreditar que 
tem poder”.
 Uma das características do mito 
é sua estrutura temporal. Ele não fala 
de um tempo específico, com datação 
correta; é sempre um tempo passado, 
mas esse tempo é incerto. Por isso, é 
comum verificar nos mitos existentes 
expressões como “o princípio de todas 
as coisas” ou “os primórdios”. 
 Outro aspecto importante do 
mito, ainda relacionado à sua estrutura 
temporal, tem a ver com o caráter 
sagrado do seu tempo. Seu tempo é 
um tempo remoto, distante, incerto e 
também sacro. Esse tempo não possui 
concretude, não é real, não se inscreve 
no tempo dos homens. Dessa forma, o 
mito apresenta sempre uma repetição, 
eterno retorno. 
 Por fim, vale ressaltar o aspecto 
mitológico que o liga ao ensinamento. 
Como afirma Borges (1993, p. 14):
Em geral o mito é visto como um 
exemplo, um precedente, um modelo 
para outras realidades. Ele é sempre 
aplicado a situações concretas. Existem 
inúmeros mitos da criação do mundo 
(mitos cosmogônicos) que são vistos 
como exemplos de toda uma situação 
criadora. As sociedades são mostradas 
como tendo origem, geralmente, em 
lutas entre as diferentes divindades
7
 Citaremos dois mitos de criação, a 
título de exemplos, para que o conceito 
de mito e sua importância em sociedades 
da antiguidade fiquem mais claras. O 
primeiro deles explica o surgimento do 
povo Pataxó, indígenas que habitavam 
e habitam regiões de Minas Gerais e 
da Bahia, algumas delas margeando o 
Rio Doce. Ele trata de um tempo onde 
havia no planeta bichos como onça 
e pássaros, sem seres humanos, sem 
indígenas. Certa vez, caiu uma gota do 
céu e surgiu um índio, que viveu longo 
tempo sozinho na terra. 
“Um dia, o índio estava fazendo ritual. 
Enxergou uma grande chuva. Cada 
pingo de chuva ia se transformar em 
índio. No dia marcado, a chuva caiu. 
Depois que a chuva parou de cair, os 
índios estavam por todos os lados. O 
índio reuniu os outros e falou:
-Olha, parentes, eu cheguei aqui muito 
antes de vocês, mas agora tenho que 
partir.
Os índios perguntaram: - Pra onde você 
vai?
O índio respondeu: - Eu tenho que ir 
morar lá em cima no Itohã, porque 
tenho que proteger vocês. Os índios 
ficaram um pouco tristes, mas depois 
concordaram.
-Tá bom, parente, pode seguir sua 
viagem, mas não se esqueça do nosso 
povo.
Depois que o índio ensinou todas as 
sabedorias e segredos, falou: - O meu 
nome é Txopai.
De repente o índio se despediu dando 
um salto, e foi subindo… subindo… até 
que desapareceu no azul do céu, e foi 
morar lá em cima no Itohã. Daquele 
dia em diante, os índios começaram 
sua caminhada na terra, trabalhando, 
caçando, pescando, fazendo festas e 
assim surgiu a nação pataxó. Pataxó é 
água da chuva batendo na terra, nas 
pedras, indo embora para o rio e o mar. 
” (VALLE, 2001, p.62).
Figura 1 - Índios Krenak. 
Foto: Acervo Plínio Ayrosa/USP
 O segundo mito vem do Egito e 
conta como os antigos egípcios procuraram 
explicar as noções de imortalidade e sua 
eterna dependência da natureza. Conta-se 
que o deus Osíris foi assassinado por Set, que 
também era deus e além de tudo seu irmão. O 
corpo de Osíris (deus da terra e do sol poente, 
responsável pela fertilidade) foi espalhado 
por várias partes da região. Íris (deusa da 
vegetação e da semente), que era esposa-
irmã de Osíris, juntamente com seu filho 
Hórus (deus-falcão e do sol levante) reunirá, 
por meio de palavras mágicas, as partes de 
Osíris, fazendo-o reviver. Osíris então passa a 
viver entre os deuses. 
 Há várias versões sobre esse mito, 
mas sempre girando em torno desse eixo 
narrativo. Muitas vezes seu sentido é atribuído 
a uma luta entre a luz e as trevas, como a vida 
sucedendo a morte ou ainda a dádiva que 
vem do Rio Nilo, resultando daí a fertilidade 
do Egito.
Figura 2 - Osíris. Representação
8
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 É comum se pensar que com o 
surgimento da história, de um tipo de 
explicação histórica para os fenômenos 
humanos que a tradição mítica tenha 
desaparecido por completo. As coisas 
não são tão simples no mundo humano. 
As explicações míticas permanecem 
em diversas sociedades, incluindo a 
brasileira, sobre novas roupagens. Em 
algumas sociedades, elas constituem 
explicações que tem importância 
residual, em outras possuem ainda 
grande relevância.
 A história nasce no bojo, como 
parte da filosofia na Grécia Antiga; surge 
como parte de um conjunto mais amplo 
de transformações na Grécia Clássica. 
Esse conjunto tem como essência o 
aparecimento de uma primeira forma de 
racionalização, construída pelos próprios 
gregos.
 Foi Hecateu de Mileto quem ao 
questionar os mitos gregos pronunciou 
“Vou escrever o que acho ser verdade, 
porque as lendas dos gregos me 
parecem ser muitas e risíveis. ” Mas 
os historiadores tomamos Heródoto 
de Halicarnasso como o primeiro dos 
historiadores, como o “Pai da História”, 
pois foi o primeiro a usar a palavra 
“história” no sentido de investigação, 
pesquisa. Entretanto, as explicações que 
Heródoto propunha não tinham relação 
com o passado. É comum pensarmos 
isto, que a história sempre tratou do 
passado dos seres humanos, mas para 
os primeiros historiadores gregos não 
era bem assim. Veja o que disse o 
“Pai da História” no início de sua obra 
mais antiga “Eis aqui a exposição da 
investigação realizada por Heródoto de 
Halicarnasso para impedir que as ações 
praticadas pelos homens se apaguem 
com o tempo”. 
 Como se nota, a luta inicial de 
Heródoto dentro da análise histórica 
é a luta contra o esquecimento. 
Continuemos com Heródoto para 
explicitar essa relação com o tempo 
presente da análise do historiador. Uma das 
obras dele estuda a guerra entre gregos 
e persas entre 490 e 497 a.C., confronto 
imenso que marca o século V. Tucídides, 
outro importante historiador grego, vai 
estudar as guerras do Peloponeso, entre 
Atenas e Esparta.
“Percebe-se, portanto, que os 
historiadoresestão ligados à sua 
realidade mais imediata, espelhando 
a preocupação com questões do 
momento. Não vemos mais uma 
preocupação com uma origem 
distante, remota, atemporal (como 
existia no mito), mas sim a tentativa 
de entender um momento histórico 
concreto, presente ou proximamente 
passado. Há uma narração temporal 
cronológica, referente a uma realidade 
concreta. Não procuram mais conhecer 
uma realidade atemporal, mas a 
realidade específica que vivem, a de 
um determinado tempo e de um 
determinado espaço” (BORGES, 1993, p. 
20)
 Ainda entre os gregos, mas já 
avançando pelo século II a.C., o historiador 
grego Políbio escreverá “Desde que um 
homem assume atitude de historiador, 
tem que esquecer todas as considerações, 
como o amor aos amigos e o ódio aos 
inimigos, pois assim como os seres vivos se 
tornam inúteis quando privados de olhos, 
também a história da qual foi retirada a 
verdade nada mais é que um conto sem 
proveito. ” Essa preocupação de Políbio 
com a verdade torna-se primordial. Vale 
lembrar que no período em que Políbio 
viveu a Grécia era dominada por Roma e 
esta acabou de fato herdando boa parte do 
legado cultural grego. 
 Sendo assim, percebe-se que 
a partir da invenção da história pelos 
gregos e seu posterior desenvolvimento 
com os romanos, algumas questões se 
impuseram: a preocupação em relatar os 
acontecimentos, não necessariamente de 
um passado mais longínquo, a busca de 
explicações humanas para os fenômenos 
humanos, não mais recorrendo ao mito e 
a busca pela verdade. A história se torna 
com os gregos, na fórmula de Cícero, 
Magistra Vitae, mestra da vida, ou seja, um 
9
 É, por esse motivo, que se diz que 
o cristianismo é uma religião histórica, 
porque sua cosmovisão não é atemporal; 
sua concepção de tempo é linear, só que 
esse tempo linear é comandado por um 
plano superior, divino. Essa intervenção 
divina aconteceu de fato, segundo os 
cristãos, pois Cristo, o filho de Deus, veio ao 
mundo humano e viveu como humano. É 
uma intervenção real na história, com data 
e local precisos, por isso o caráter histórico 
dessa religião.
 É nesse sentido que se pode dizer 
que a história nos termos cristãos possui 
um sentido e esse sentido é revelado por 
Deus aos homens, cabendo à instituição 
religiosa o papel de orientar a humanidade 
em busca de sua salvação.
 Nota-se, portanto, que a história 
nesse período não apresenta o mesmo 
rigor “científico” que havia entre os gregos; 
a escrita da história não se propõe a fazer 
interpretações e análises mais complexas. 
Os fatos são relatados em anais e crônicas, 
a maior parte delas escritas por clérigos 
- basta lembrar que a menor parte da 
população nesse período dominava a 
leitura e a escrita e em grande parte esse 
grupo era composto por homens da Igreja 
- e que estavam muito preocupados com 
a tradição oral, ou seja, preocupavam-
se em registrar por escritos as histórias 
transmitidas pela via da oralidade.
 O período medieval é marcado 
por grande misticismo, crença em seres 
fantásticos, paraíso terrestre, pedra 
filosofal e grande domínio da fé entre os 
homens. De alguma maneira, a escrita da 
história nesse período vai ser permeada 
por essas questões. Só como exemplo, vale 
lembrar que boa parte dos documentos 
escritos nesse período ficava por conta 
dos clérigos, homens da Igreja, e que de 
certa forma, essa escrita da história vai 
estar permeada por questões religiosas e 
uma visão cristã do mundo e dos homens 
e há grande presença de milagres, do 
maravilhoso e do impossível.
repositório de exemplos que serve de guia no 
presente.
1.3
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 A história escrita em fins do 
Império Romano do Ocidente, século 
V, procurava unificar o passado em 
torno de Roma, considerada, no dizer 
de Políbio, “a obra mais bela e útil 
do destino”. A partir desse período, 
ocorre um processo de desintegração 
do mundo romano, fuga das pessoas 
da cidade com desdobramento para 
o fenômeno da ruralização. Esse 
processo que se estende do século IV 
ao VII, pelo menos, vai começar a dar os 
contornos do que viria a ser chamado 
de Idade Média ou de Idade Medieval.
 É o período por excelência 
de domínio da Igreja - proprietária 
de cerca de ⅓ das terras da Europa 
Ocidental.
“O processo histórico pelo qual passa 
a humanidade é então unificado não 
mais em torno da ideia de Roma, mas 
de uma visão do cristianismo como 
fundamento e justificativa da história. 
A influência do cristianismo é tão 
grande em nossa civilização que toda 
cronologia do nosso passado é feita em 
torno do seu acontecimento central, a 
vinda do filho de deus à terra. Cristo, 
tornando-se homem, possibilita a 
salvação da humanidade, meta final 
da história. Todo o nosso passado é 
dividido, como já notaram, nos tempos 
“antes de Cristo” (a.C.) e nos tempos 
“depois de Cristo” (d.C.). A história da 
humanidade se desenrola de acordo 
com um plano divino, sendo a vinda de 
Cristo à Terra o centro desse processo. ” 
(Borges, 1993, p. 22)
 O que em grande medida 
diferencia a história no período 
medieval e de domínio cristão da 
antiguidade greco-romana é que 
existe volta das intervenções divinas 
no processo histórico, só que desta vez 
sob nova roupagem, haja vista que o 
plano humano, o mundo dos homens, 
a “cidade dos homens”, no dizer 
de Santo Agostinho, é comandada 
pela providência divina, ou seja, pela 
“cidade de Deus”, ainda nos termos 
agostinianos. 
10
 Entretanto, é preciso ressaltar o que 
nos falava o grande historiador francês e 
medievalista Marc Bloch que o período 
medieval deve ser entendido como uma 
época específica, com sua forma própria 
de pensar e questões relativas àquele 
tempo. Não se trata de um período de 
obscurantismo e trevas, como muitas 
vezes se possa acreditar.
1.4
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 Se o período medieval era 
marcado por grande misticismo e 
presença maciça da Igreja, a partir 
do Renascimento Cultural uma nova 
tendência vai se impor na Europa 
Ocidental, a de uma progressiva e 
ininterrupta racionalidade.
 Borges assim definirá esse 
período que se inicia
“No século XVI, início da época moderna, 
o homem torna-se o centro do mundo. 
Aquela concepção cristã da existência 
será abalada por uma concepção 
racional do mundo. Dessa forma, o 
empirismo será importantíssimo para 
o conhecimento histórico. A história 
abordará o passado através de textos 
antigos, coleções de objetos de arte, 
inscrições antigas e outros documentos. 
Novas técnicas são aperfeiçoadas 
no intuito de preparar e criticar essa 
tipologia de fontes, de forma a dar 
maior veracidade aos fatos. Sendo 
assim, através de técnicas específicas, o 
historiador selecionava os documentos 
pertinentes a sua pesquisa, situava-os 
no tempo e no espaço, classificava-o 
quanto ao gênero e quanto a sua 
credibilidade. (BORGES, 1993.) ”
 Esse novo tempo, dura em 
linhas gerais até o século XVIII, tendo 
contribuído para sua afirmação 
outros movimentos sociais, políticos 
e econômicos, além de diversas 
correntes filosóficas.
 Citemos o movimento 
de criação de novas técnicas 
de erudição que vão auxiliar o 
desenvolvimento da história. 
Surgem a cronologia (fixação das 
datas corretas), a epigrafia (estudo 
das inscrições), sigilografia (estudos 
dos selos), numismática (estudo 
das moedas), diplomática (estudo dos 
diplomas), a heráldica (estudo dos brasões) 
entre outras que vão fazer um trabalho 
fundamental no desenvolvimento da 
história ao colocar o foco nos documentos, 
situando-os no tempo e no espaço e 
estabelecendo critérios para sua seleção, 
e numa abordagem racional sobre essa 
estrutura material.
Figura 3 - Moedas. Numismática (estudo das moedas) foi 
ciência auxiliar da história no século XVI.
 Esse desenvolvimento foi possível 
devido ao contato com as culturas árabe 
e grega e foi responsável direto pela 
ascensão de um pensamento racional 
euma visão da história e do mundo não 
teológica. A origem do conhecimento, 
progressivamente, deixa de ser divina e 
passa a ser fruto da ação humana. Essa 
emergência do sujeito e como produtor 
de conhecimento e da racionalidade 
como meio para atingir o conhecimento 
são essenciais para os avanços na história 
e em outras áreas do conhecimento.
 O século XVIII trará também a sua 
contribuição significativa a esse processo. 
A sociedade feudal que havia durado quase 
10 séculos vai se desintegrando e desde o 
século XIII o fenômeno da reurbanização 
emerge. Essa reurbanização já vinha 
acontecendo no interior dos burgos 
medievais e passa a prevalecer ainda mais 
com o advento da ordem burguesa. Nesse 
contexto, surge o Iluminismo, corrente 
filosófica que procura reputar à história 
um desenvolvimento linear e reto rumo ao 
progresso contínuo. Seus propagadores 
são chamados de filósofos e promovem 
uma divisão da história que perdura em 
grande parte até os dias atuais. São eles que 
nomearão a Idade Média como período de 
11
trevas, associando-a à escuridão e falta de clareza 
nas abordagens do conhecimento. Para eles, o 
conhecimento é luz, verdade, daí a origem do 
termo “Iluminismo”, que vem de “luz”.
 Um dos grandes filósofos iluministas foi 
Voltaire. Ele se preocupava com a sociedade em 
seu sentido mais geral, e dividia a história entre 
povos civilizados e não civilizados. Para ele, o 
destino final da humanidade era caminhar rumo 
a progressiva civilização. Essa sua preocupação 
impôs-se na Europa Ocidental como um todo 
e posteriormente vai ser apropriada pelos 
Estados Europeus para justificar as atrocidades 
imperialistas no final do século XIX.
 Porém, o que nos interessa aqui, é que 
o filósofo iluminista acreditava que o homem 
iluminado pela sua razão trabalharia de maneira 
incessante para seu progresso. Essa mentalidade 
que coloca no indivíduo a responsabilidade pelo 
seu destino cairá como uma luva nas aspirações 
burguesas que passaram a dominar a Europa 
nesse período e assumem o controle dos Estados 
Europeus já no século XIX. É a emergência do 
liberalismo, com sua crença inabalável no sujeito 
racional e centrado, que fornecerá a explicação 
e mesmo a justificativa para esse novo modelo 
de organização social. Tal corrente insurgia-se 
contra o predomínio de antigas instituições de 
autoridade como a Igreja e Nobreza, até então 
detentoras dos saberes deste e de outro mundo.
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1.5
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 Com a afirmação da burguesia 
no poder e no controle dos Estados 
Europeus do século XIX, a antiga 
preocupação iluminista de uma história 
da civilização ocidental vai sendo 
deixada de lado. Em seu lugar, vai se 
desenvolvendo e ganhando espaço 
um novo olhar sobre os passados dos 
povos, mais voltado para os casos em 
particular, para as peculiaridades: trata-
se do romantismo e seu interesse pelo 
estudo das histórias nacionais.
 O romantismo pregava uma 
visão sentimental sobre o passado, 
visão nostálgica, procurando deixar o 
“excesso” de racionalidade - segundo 
os românticos - dos filósofos iluministas 
e defendiam o estudo origem dos 
povos e da sua constituição heroica. 
Essa abordagem que procurava as 
peculiaridades de cada povo será 
de fundamental importância para o 
desenvolvimento da história.
 Citemos um exemplo para 
melhor compreensão, o da Alemanha, 
que só passa a ser organizar na forma 
de Estado Nacional Moderno a partir da 
década de 1870. Os alemães procurarão 
valorizar sua história medieval e sua 
origem germânica - erroneamente 
chamada “bárbara”. Estimulada pelo 
Estado e executada durante décadas, os 
alemães vão compilar uma gigantesca 
série de documentos, a Monumenta 
Germaniae História. Serão recolhidos 
toda a sorte de documentos escritos 
que vão desde poemas, crônicas até leis 
germânicas e documentos relativos aos 
papas.
 Na própria Alemanha, também 
no século XIX, uma nova corrente que 
terá como objetivo garantir status 
de ciência à história. Seu principal 
representante será Leopold von Ranke. 
Mas o que Ranke trouxe de inovação? 
É atribuída a ele a seguinte afirmação 
de que era preciso conhecerem-
se os fatos “como eles realmente 
aconteceram”. Esse enunciado, na 
verdade, procurará aproximar as ciências 
históricas às chamadas ciências naturais 
e exatas, dotando a elas um estatuto de 
veracidade e cientificidade. Métodos de 
trabalho serão copiados, reproduzidos 
e aperfeiçoados dessas ciências, num 
esforço de estabelecer leis e verdades de 
alcance universal.
 Por fim, cabe ressaltar a 
contribuição de um filósofo, também 
alemão, para o desenvolvimento da 
história: Hegel. Ele estabelece uma 
nova atitude frente ao conhecimento, 
ao mostrar que o conhecimento 
não é absoluto, numa clara ruptura 
com os pressupostos do progresso 
linear iluminista. Nessa superação do 
racionalismo que endeusa a razão, 
Hegel vai propor que o conhecimento 
se constrói a partir de um movimento, 
o movimento dos contrários: a dialética. 
Esse movimento, retomado em outras 
bases da dialética da antiguidade, se 
desenvolve a partir da tríade tese, antítese 
e síntese. Esse idealismo hegeliano 
mostrará que as ideias humanas estão 
em nível superior ao processo histórico e 
à própria realidade.
 Em paralelo a essa dinâmica, 
surgirá uma corrente filosófica que 
abalará as estruturas da sociedade de 
capitalismo industrial que se formava, 
primeiro na Inglaterra, e depois em 
outras partes da Europa e fora dela: o 
materialismo histórico, formulado pelos 
filósofos alemães Karl Marx e Friedrich 
Engels. O materialismo histórico vai se 
apropriar da dialética de Hegel, mas 
irá colocá-la de ponta a cabeça, no 
sentido de que seu método de trabalho 
consistirá na aplicação de uma teoria da 
história ao processo histórico, mas com 
um objetivo definido: a superação da 
ordem capitalista.
 Marx e Engels dirão que a história 
de todas as sociedades humanas, e, 
portanto, o motor da história é a luta 
13
de classes que detém os meios de produzir 
riqueza e aqueles que não possuem os meios 
para a geração da riqueza. No capitalismo 
industrial esses dois grupos são representados 
pela burguesia e pelo proletariado. Segundo 
eles, é nas sociedades capitalistas industriais 
mais avançadas que a exploração econômica 
dos que não possuem meios para se apropriar 
da riqueza será maior. 
 Como bem salienta Borges 
“O materialismo histórico demonstra 
que os seres humanos, para sobreviver, 
necessitam transformar a natureza, o 
mundo em que habitam e fazem-no 
em comunhão, em grupos e sociedade. 
Estabelecem, para tal, relações que não 
estão ao alcance de sua vontade, mas do 
mundo que precisam transformar e dos 
meios que vão utilizar para isso. Todas 
as demais relações que os homens 
estabelecem entre si estão dependentes 
dessas relações para a produção da 
vida, não sob a forma da dependência 
mecânica, direta e determinante, 
mas sob forma de condicionamento. 
O conhecimento histórico parte das 
relações estabelecidas entre os homens 
com os homens, e os homens com a 
natureza. Dessa forma, entendem que 
não são as ideias que vão provocar 
as transformações, mas as condições 
materiais e as relações entre os homens 
(BORGES, 1993, pp. 36-37).
 As ideias de Marx e Engels irão 
lançar luz sobre novos problemas até então 
desconsiderados pelos historiadores, ao 
questionarem e buscarem entendimento de 
como as desigualdades sociais são produzidas.
 Na Europa, o processo de massificação 
da cultura escrita iniciará no século XVI 
em algumas regiões e com o advento da 
do Iluminismo, de uma esfera pública, do 
Iluminismo e da formação de um público 
leitor dará um grande salto. Nesse meio 
tempo, crescerão também o número de 
universidades na Europa. Apesar de existirem 
desde o século XII, elas assumiram grande 
importância no século XIX e será justamente 
nesse período que a história se transformará 
em disciplina acadêmica.As universidades passarão a criar 
disciplinas e cursos voltados exclusivamente 
para a história e se tornará o lugar social 
responsável pela produção do conhecimento 
histórico. A abordagem do materialismo 
histórico nesse primeiro momento ficará à 
margem dessas instituições, tendo pouca 
influência, predominando uma visão mais 
da filosofia liberal, com base no método 
positivista.
 O positivismo pregava uma objetividade 
absoluta e uma separação radical entre o 
sujeito produtor do conhecimento e seu 
objeto de estudo. Acreditava numa ideia de 
imparcialidade e suspensão dos juízos de 
valor na análise das sociedades e períodos 
anteriores. A abordagem da história deveria ser 
enunciar os fatos, principalmente de grandes 
homens e personagens, os feitos militares 
e políticos. Era uma história vista “de cima”, 
uma história dos grandes feitos e homens, das 
grandes guerras e fatos mais marcantes.
 Somente no século XX, a partir de fins 
dos anos 1920 e início dos anos 1930, essa 
visão vai começar a ser rompida. Surgirá 
uma escola histórica responsável por esse 
movimento: a Escola dos Annales ou Anais. 
Seus grandes idealizadores iniciais são Marc 
Bloch e Lucien Febvre. Para divulgar suas 
ideias criaram uma revista científica: a Anais 
de Histórica Econômica e Social, cuja primeira 
edição data de 1929. Seus idealizadores vão 
procurar superar essa história eminentemente 
política e militar e focada apenas nos grandes 
homens e feitos militares. Seu foco agora é 
a história econômica e social, a história das 
pessoas comuns, de novos grupos sociais. 
Seus documentos deixarão de ser apenas 
os escritos, mas tudo aquilo que versasse 
sobre o comportamento dos homens. Lista 
de compras, fotografias, pinturas tudo podia 
iluminar o modo de vida e o comportamento 
dos antepassados.
 Seu mote principal será formulado 
na seguinte frase: “a história é a ciência dos 
homens, dos homens no tempo”. Essa escola 
histórica terá profundo impacto na produção 
acadêmica de história feita no Brasil até 
pelo menos os anos 1980 e será responsável 
por aquilo que o historiador José Carlos 
Reis chamou de “a Revolução Francesa da 
historiografia”.
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Aprenda um pouco mais sobre o tema com o vídeo “Vídeo aula - História - Introdução ao Estudo 
da História” com a profª Sílvia Meira.
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FIXANDO O CONTEÚDO
1 - Sobre as explicações míticas, marque a alternativa correta.
a) Consiste em explicações mágicas e religiosas sobre o mundo.
b) Está amparada numa visão de mundo que é dominante nos dias atuais.
c) Foi incorporada pelos historiadores como forma de explicação.
d) Possui estrutura apenas espacial, sendo a dimensão temporal irrelevante.
e) Refere-se a um tempo preciso, que pode ser determinado e datado.
2 - Sobre o surgimento da história entre os gregos, julgue as afirmativas.
I- A história surge como disciplina ligada aos estudos filosóficos.
II- A história ocupava-se apenas do passado mais remoto, sendo o tempo mais presente 
pouco estudado.
III- Uma primeira forma de racionalidade foi fundamental para o surgimento da disciplina 
da história.
As afirmativas verdadeiras são:
a) apenas I.
b) I e II.
c) II e III.
d) I e III.
e) somente a III.
3 - A história, no período medieval, possui como característica marcante
a) uma forte crítica documental. 
b) uma concepção de tempo linear e voltada para a ideia de progresso.
c) a crença de que os documentos históricos são espelhos da realidade.
d) o retorno das intervenções divinas no processo histórico.
e) é que o domínio do papado sobre os documentos escritos pouco interferiu na escrita da 
história.
4 - Durante o renascimento cultural novas técnicas passaram a ser utilizadas pelo historiador 
para auxiliá-lo na leitura dos documentos. Essas técnicas foram tomadas de empréstimo 
a) dos eruditos e dos antiquários.
b) da tradição oral.
c) dos filósofos gregos.
d) dos pintores renascentistas.
e) dos árabes que chegaram à Europa na expansão islâmica.
16
5 - Sobre a abordagem romântica da história, julgue os itens.
I. Preocupava-se com a veracidade das informações e mantinha postura de crítica 
documental.
II. Possuía um olhar mais sentimental pelo passado humano, incorrendo muitas vezes em 
valorização idealista.
III. Adotava postura de racionalidade acima de tudo e de crítica ao processo histórico.
Os itens verdadeiros são:
a) apenas II.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
e) somente I.
6 - Do ponto de vista dos métodos, o materialismo histórico não trouxe grandes renovações 
para a história. Entretanto, do ponto de vista teórico ela foi importante, pois, 
a) defendia que havia uma chave para entendimento do de história da humanidade.
b) aplicou ao processo histórico uma análise crítica do capitalismo.
c) desconsiderou as explorações econômicas e materiais.
d) apropriou-se da dialética platônica e inverteu-a.
e) traçou paralelos entre as sociedades antigas e as modernas.
7 - Do ponto de vista do método, a principal renovação da Escola dos Annales foi
a) uma concepção de tempo cíclica.
b) a retomada de um história voltada para os grandes homens e feitos.
c) incorporação de novos tipos de documentos, não apenas os escritos.
d) uma maior permissividade na relação sujeito e objeto.
e) a divulgação das novas pesquisas na revista Anais de História Econômica e Social.
8 - As reflexões sobre o tempo histórico, após a Escola dos Annales, promoveram uma 
revolução na abordagem historiográfica e, no que que tange à temporalidade, atribuíram 
à longa duração um papel de destaque. A influência dessa historiografia francesa levou à 
compreensão da Idade Média como 
a) uma época entre a queda do Império Romano do Oriente e o fim do Renascimento, na 
qual se identifica o progresso e a aceleração do tempo. 
b) um período intermediário entre o início da Antiguidade Tardia e o movimento iluminista 
francês, que denuncia o obscurantismo medieval. 
c) uma época que se estende entre o final do Império Romano do Ocidente e a Revolução 
Francesa, cujos ideais de liberdade acabam com o Feudalismo. 
d) um período cronológico, entre a Antiguidade e a Idade Moderna, cuja história é 
atravessada por rupturas e continuidades que se estendem a outras épocas. 
e) um período médio entre o início da Antiguidade Tardia e o processo de tomada de 
Constantinopla pelos turcos, com fortes influências orientais sobre a percepção do tempo 
cristão.
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PROFISSÃO HISTORIADOR
UNIDADE 2
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2.
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 O termo “história” significa tanto o 
estudo dos acontecimentos humanos que 
já transcorreram quanto os acontecimentos 
em si mesmos. O historiador é profissional 
formado e capacitado em bases teóricas e 
metodológicas para executar essa tarefa de 
estudo dos acontecimentos humanos.
 Para realizar seu ofício, o historiador 
necessita aplicar suas teorias e seus métodos 
de trabalho sobre um conjunto elementar de 
documentos (não apenas os escritos, como 
vimos anteriormente), as fontes históricas. 
Borges afirma
“(...) No meio da poeira de documentos 
antigos, na lama das escavações ou 
no manuseio de instrumentos muito 
desenvolvidos tecnicamente, é sempre 
o homem vivo que o historiador procura 
encontrar, é a sociedade na qual 
esse homem viveu, trabalhou, amou, 
procriou, guerreou, divertiu-se, que o 
historiador quer decifrar. (BORGES, 
2005, p. 05.) ”
 No século XIX, como citamos 
anteriormente, o movimento romântico foi 
fundamental no resgate e na salvaguarda 
de toda documentação escrita produzida 
durante, principalmente, o período medieval. 
Essa conservação dos vestígios materiais 
do passado dos homens é que permite ao 
historiador do século XXI executar seu ofício.
 Vale lembrar, fazendo um corte para 
o Brasil, do notório caso de Rui Barbosa e 
os documentos que tratavam da escravidão 
para se refletir o quão complexa é essa tarefa 
de arquivamento das documentações em 
arquivos e museus. Após o fim da mesma, 
em 1888, o intelectual brasileiro ordenoua 
queima de documentos, como argumentam 
muitos, para evitar que fazendeiros 
escravistas pedissem indenização. Ainda 
que, emitindo um perigoso juízo de valor, 
possa se argumentar que sua atitude 
foi correta do ponto de vista político, ela 
acabou prejudicando em parte o trabalho 
dos historiadores que tratam de temáticas 
correlatas à escravidão.
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2.
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 Além de entender como o historiador 
trabalha, é necessário entender seu objeto 
de estudo. Devemos ao grande historiador 
francês Marc Bloch, em seu Apologia da 
História ou O Ofício do historiador, texto 
escrito enquanto o mesmo lutava contra 
a invasão nazista na França, participando 
da resistência à barbárie, grandes 
contribuições e reflexões sobre esse objeto. 
 Bloch nos lembra que o objeto do 
historiador não é o passado, que a própria 
ideia de que o passado possa ser objeto de 
estudo não tem fundamento. Ele diz sobre 
o objeto do historiador 
“Há muito tempo, com efeito, nossos 
grandes precursores, Michelet, 
Fustel de Coulanges, nos ensinaram 
a reconhecer: o objeto da história é, 
por natureza, o homem. Digamos 
melhor: os homens. Mais que o 
singular, favorável à abstração, o 
plural, que é o modo gramatical da 
relatividade, convém a uma ciência 
da diversidade. Por trás dos grandes 
vestígios sensíveis da paisagem, [os 
artefatos ou as máquinas, ] por trás dos 
escritos aparentemente mais insípidos 
e as instituições aparentemente mais 
desligadas daqueles que as criaram, são 
os homens que a história quer capturar. 
Quem não conseguir isso será apenas, 
no máximo, um serviçal da erudição. Já 
o bom historiador se parece com o ogro 
da lenda. Onde fareja carne humana, 
sabe que ali está a sua caça. ” (BLOCH, 
2001, P. 54)
 Outro aspecto importante no 
trabalho do historiador diz respeito 
ao processo de escolha do que ele vai 
pesquisar/estudar, ou seja, qual a temática 
será abordada. Desde o século XIX, pregava-
se uma objetividade absoluta na relação do 
sujeito produtor de conhecimento com seu 
objeto de estudo. Estudos mais recentes 
têm questionado esta ideia. Hoje, sabe-
se, que existe uma escolha consciente, 
subjetiva do tema a ser estudado por parte 
do especialista, rompendo em alguma 
medida essa separação absoluta entre 
sujeito e objeto.
 Ainda nesse quesito, vale lembrar o 
que nos fala Marc Bloch sobre a confusão 
existente entre filiação/gosto por um 
determinado tema e uma explicação 
científica sobre esse tema. A escolha 
do tema nos leva a outro aspecto dessa 
questão: a relação passado/presente.
 Os historiadores são homens de 
seu tempo, ou seja, “a história é filha 
de seu tempo”. Com isso, queremos 
dizer que os historiadores muitas 
vezes inovam em seus trabalhos ao 
lançar mãos de problemas do presente 
e buscar paralelos, similaridades 
com esses mesmos problemas em 
sociedades distantes no espaço 
e no tempo. Bloch nos recorda “A 
incompreensão do presente nasce 
fatalmente da ignorância do passado. 
Mas talvez não seja menos vão esgotar-
se em compreender o passado se nada 
se sabe do presente.”.
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2.
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 Neste trabalho complexo do 
historiador, como vimos até agora, o 
profissional acaba muitas vezes lançando 
mão de conhecimentos de outras áreas 
do conhecimento para a análise histórica, 
é a Interdisciplinaridade. Isso se deve em 
grande parte a própria diversidade de 
testemunhos que nos restaram do passado. 
Borges ilumina essa questão
“Alguns períodos históricos ficaram 
muito pouco documentados por 
escrito. Para conhecê-los é preciso 
o auxílio das técnicas auxiliares da 
história., que surgem no século XVI e 
que são as únicas a ajudar a reconstituir 
uma determinada época. Por exemplo, 
o estudo dos povos bárbaros que 
invadem o Império Romano entre 
os séculos II e V d.C. é um dos mais 
incompletos, pois praticamente não 
é documentado por fontes escritas. É 
só com a ajuda da toponímia (estudo 
dos nomes de locais), da linguística 
(estudo das línguas), da numismática 
e da arqueologia que se pode chegar 
a algumas conclusões. O importante e 
essencial é que o trabalho do historiador 
se fundamente numa pesquisa dos 
fatos comprovados concretamente. ” 
(BORGES, 1993, p. 60)
2.
4
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 Por fim, vale levantar uma 
questão, mais atual, sobre o local 
de trabalho do historiador. Desde 
o século XIX, período em que a 
história se torna uma área de 
conhecimento disciplinar, com 
métodos e técnicas próprias, o 
lugar de trabalho do historiador 
tem sido as universidades e 
Institutos Históricos. Nos limiares 
do século XX e início desse século 
XX, com o advento dos fenômenos 
do patrimônio e da musealização 
da vida em geral, novos espaços 
de trabalho tem aparecido para o 
historiador. 
 Museus, sindicatos, 
instituições voltadas para a 
preservação da memória de 
grupos marginalizados, empresas 
e até empresas de turismo tem 
requisitado os historiadores para 
escrever suas histórias, ampliando 
as possibilidades profissionais, 
mas também trazendo 
questionamentos éticos sobre 
a qualidade do trabalho desses 
profissionais, receosos de que não 
haja autonomia suficiente para que 
ele execute sua função.
21
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Recentemente a profissão de historiador foi regulamentada. O texto aprovado foi um substitutivo 
(texto alternativo) da Câmara dos Deputados ao PLS 368/2009. O projeto segue para a sanção 
presidencial.
De acordo com o substitutivo (SCD 3/2015), poderá exercer a atividade de historiador quem 
tem diploma de curso superior, mestrado ou doutorado em História; diploma de mestrado 
ou doutorado obtido em programa de pós-graduação reconhecido pela Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com linha de pesquisa dedicada à 
história; e profissionais diplomados em outras áreas que comprovarem ter exercido a profissão 
de historiador por mais de cinco anos a contar da data da promulgação da futura lei.
O texto é de autoria do senador do Rio Grande do Sul (RS), Paulo Paim (PT).
LINK:https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/02/18/senado-aprova-projeto-que-
regulamenta-profissao-de-historiador
Nos últimos anos, o historiador tem sido convidado a participar da cena pública mais 
intensamente, a atuar como um homem público, emitindo opiniões embasadas em seu 
conhecimento histórico. Essa atuação em novos espaços tem gerado uma série de discussões, 
inclusive no campo da ética. Leia o texto do historiador Fernando Nicolazzi onde ele discute 
essas questões tomando como caso o historiador Leandro Karnal.
NICOLAZZI, F. Muito além das virtudes epistêmicas: o historiador público em um mundo não 
linear. Revista Maracanan. p. 18-34. 2018.
LINK: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/31121
Um pouco mais sobre a profissão do historiador em suas fases de pesquisa, docência e curadoria 
pode ser obtido assistindo-se ao vídeo do prof. Valdei Araújo sobre essa temática.
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=ocBOXSw8IdA&t=2s
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22
FIXANDO O CONTEÚDO
1 - Sobre o ofício do historiador, marque a alternativa correta.
a) O historiador deve usar somente dos recursos da escrita na análise histórica.
b) A parte mais importante do trabalho do historiador é conseguir se isolar da realidade em 
que vive para a análise.
c) Teoria e método são fundamentais para a análise do historiador.
d) A aplicação de uma teoria é mais importante que os métodos de trabalho.
e) Na antiguidade, as teorias que embasavam o ofício do historiador são as mesmas de 
hoje.
2 - Sobre as instituições em que o historiador pode pesquisar, avalie os itens.
I. Somente em arquivos públicos credenciados.
II. Em arquivos e museus públicos, em monumentos.
III.Em arquivos e museus públicos e privados e outros lugares onde foi arquivado registro 
dos seres humanos.
São corretos os itens:
a) somente I.
b) somente II.
c) somente III.
d) II e III.
e) I e III.
3 - Leia.
I. O objeto de trabalho do historiadoré o passado dos seres humanos
PORQUE
II. Afirmar que o passado em si mesmo pode ser objeto de estudo é errôneo.
Sobre as afirmativas:
a) ambas são verdadeiras, e a II justifica a I.
b) só a I é verdadeira e a II é falsa.
c) a II é verdadeira e a I falsa.
d) ambas são falsas.
e) ambas são verdadeiras, mas a II não justifica a I.
4 - Leia a frase.
“O historiador na prática de seu ofício sempre tem em mente que as fontes ou documentos 
23
jamais são um “espelho fiel da realidade”, mas sempre uma representação de determinada 
realidade ou objeto em questão. Dessa forma sempre analisados enquanto tal. ”
Sobre o enunciado, pode-se afirmar que
a) existe uma separação absoluta entre sujeito e objeto de conhecimento.
b) as fontes são um retrato real da realidade passada.
c) as fontes são construções históricas, possuindo intencionalidades.
d) a crítica das fontes é dispensável atualmente para os historiadores.
e) o historiador deve apenas descrever o que encontrou nas fontes, sem maiores objetivos 
explicativos.
5 - Sobre a interdisciplinaridade, marque a alternativa correta.
a) É o uso de ciências eruditas no trabalho do historiador.
b) Consiste numa abordagem que requer intercruzar áreas diferentes do conhecimento 
para o trabalho do historiador.
c) Adquiriu importância a partir do materialismo histórico de Marx e Engels.
d) Foi largamente utilizada pelos historiadores gregos e latinos.
e) Atualmente, tem sido bem criticada pelos historiadores neorromânticos.
6 - Leia o texto.
“As empresas e museus têm sido as instituições que estão compreendendo a relevância do 
papel do historiador em suas organizações. Esse movimento é crescente no mundo e no 
Brasil, um país tachado de “sem memória”. O que se vê são as empresas preocupadas em 
manter viva suas trajetórias. Por consequência, ao relatarem o contexto de seus negócios, 
estão colaborando para a preservação da memória local e da nação. Ironicamente, a história 
empresarial, enquanto trato acadêmico, é produzida nos departamentos de Administração 
e Economia, tendo áreas de pesquisa para tal assunto, dado a relevância deste tema para 
o desenvolvimento dos modelos de gestão e análise dos impactos econômicos num país 
ao longo do tempo. ”
Disponível em: https://medium.com/@cassiusgon/historiadores-e-mercado-de-trabalho-
23a43b0366e4. Acesso em: 06 abril. 2020.
Segundo o texto, os historiadores
a) são responsáveis diretos pela “falta de memória” de um povo.
b) estão sendo requisitados em novos locais de trabalho como museus e empresas.
c) foram os principais produtores de história empresarial.
d) tem lutado contra a mercantilização do passado.
e) tem suas análises desconsideras pelas empresas sobre os impactos de suas ações.
24
7 - Leia a opinião abaixo sobre a regulamentação da profissão do historiador.
“Vejamos o problema central, o que me convenceu da oportunidade de uma lei para 
os historiadores. Nas tradições do Estado brasileiro, a ausência de lei regulamentadora 
implica desvantagens profissionais significativas. Os órgãos públicos como Tribunais, 
Casas Legislativas, Arquivos, Bibliotecas, Museus etc só podem fazer concurso para 
historiador se houver a regulamentação. Na ausência da lei deixam de abrir vagas para 
esses profissionais ou, em certos casos, lançam mão de arranjos ou improvisações. Simples 
assim. Nós poderíamos ficar esperando o Brasil se tornar um país de instituições realmente 
liberais – o que pode demorar um pouco, em vista das peculiaridades já apontadas do 
nosso liberalismo – ou, então, trabalhar por uma regulamentação que atenda às demandas 
profissionais, sem prejuízo da liberdade de pesquisa e de expressão. Eu prefiro a segunda 
opção.
Portanto, o que está em jogo, principalmente, é uma iniciativa legislativa que vai 
retirar obstáculos à contratação de historiadores nos órgãos públicos, com possíveis 
desdobramentos positivos para a formação profissional, ao tornar a carreira um pouco mais 
atraente para os jovens. E isso não é coisa de somenos, para quem conhece a realidade da 
nossa graduação. O outro objetivo do projeto é garantir que somente profissionais com 
formação específica lecionem no ensino básico (Fundamental e Médio). O projeto de 
lei prevê que apenas historiadores licenciados devem lecionar a respectiva disciplina no 
Ensino Fundamental e Médio. ”
MOTTA, Rodrigo P. S. Porque vale a pena regulamentar a profissão de historiador. Disponível 
em: 
https://anpuh.org.br/index.php/2015-01-20-00-01-55/noticias2/noticias-destaque/item/454-
porque-vale-a-pena-regulamentar-a-profissao-de-historiador. Acesso em: 06 abril. 2020.
O argumento principal do autor para defender a regulamentação da profissão é a de
a) fomentar o liberalismo de nossas instituições.
b) ampliar os recursos financeiros para as pesquisas dos historiadores.
c) ampliar as formas de pesquisa dos historiadores.
d) melhorar o nível de ensino da educação básica.
e) abrir novas possibilidades de empregos aos jovens profissionais, corrigindo desvantagens 
laborais.
8 - A frase “a história é filha de seu tempo” pode ser interpretada no que se refere ao 
trabalho do historiador no sentido de que
a) as pesquisas históricas estão “contaminadas” pelas intenções do sujeito.
b) as demandas e problemáticas do historiador são forjadas no presente e se lançam ao 
passado.
c) os juízos de valor são importantes nas considerações dele.
d) ele é capaz de apartar-se da realidade histórica para sua análise.
e) ele é um sujeito para além da história, vivendo num tempo e espaço específicos.
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O (S) TEMPO (S)
UNIDADE 3
26
 O tempo é a principal dimensão 
de análise do historiador. Mas que coisa é 
essa a que nomeamos de tempo? Quais 
tempos existentes? Todas as pessoas 
percebem o tempo da mesma maneira? 
O que queremos dizer quando dizemos 
existir um “tempo histórico”?
 São muitos os tempos da 
história. Em nossa sociedade, a forma 
mais comum de medir o tempo é o 
relógio, que determina, por exemplo, 
o tempo de duração do almoço de um 
trabalhador ou sua própria jornada de 
trabalho ou o horário de funcionamento 
de um determinado local, como uma 
empresa ou escola. Às vezes também 
nos sentimos cansados ou com fome, 
esse tempo é do descanso ou do 
saciar-se é pedido pelo nosso próprio 
corpo, que tem um ritmo próprio, um 
tempo específico. Entretanto, não 
necessariamente podemos nos saciar 
ou descansar a qualquer hora devido a 
outros afazeres diários como o trabalho 
e o estudo. Trata-se de uma maneira de 
perceber o tempo que cada um tem.
 É fácil perceber que existem diferentes 
formas de contar e medir tempo, entre eles 
os calendários e os relógios. Por outro lado, a 
questão que se coloca aqui é outra: O que é isso 
que chamamos de tempo histórico e como ele se 
diferencia de outros tempos como o geológico 
ou da natureza? O grande historiador francês 
Marc Bloch, em sua obra, Apologia da História 
ou O ofício do historiador, nos dá um exemplo 
do que significa essa coisa que chamamos de 
tempo histórico
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“No século X de nossa era, um golfo 
profundo, o Zwin, recortava a costa 
flamenga. Depois foi tomado pela 
areia. A que seção do conhecimento 
levar o estudo desse fenômeno? De 
imediato, todos designarão a geologia. 
Mecanismo de aluvionamento, papel 
das correntes marinhas, mudanças, 
talvez, no nível dos oceanos: não foi ela 
criada e posta no mundo para trabalhar 
tudo isso? Certamente. Olhando de 
perto as coisas não são de modo algum 
assim tão simples. 
Tratar-se-ia, em primeiro lugar, de 
escrutar as origens da transformação? 
Eis o nosso geólogo já obrigado a se 
colocar questões que não são mais, 
estritamente, de sua alçada. Pois, sem 
dúvida, esse assoreamento foi, pelo 
menos, favorecido por construções 
de diques, desvios de canais, secas: 
diversos atos do homem, resultado de 
necessidades coletivas e que apenas 
uma certa estrutura social torna 
possíveis.
Na outra ponta da cadeia, novo 
problema: o das consequências.A pouca 
distância do fundo do golfo, uma cidade 
se erguia. Era Bruges, Comunicava-se 
com ele por um breve trajeto fluvial. 
Pelas águas do Zwin, ela recebia ou 
expedia a maior parte das mercadorias 
que faziam dela, guardadas todas as 
proporções, a Londres ou a Nova York 
de sua época. Vieram, cada dia mais 
sensíveis, os avanços da sedimentação. 
Bruges tentou em vão, à medida que a 
superfície inundada recuava, empurrar 
ainda mais seus portos avançados 
para a foz, e seus cais pouco a pouco 
adormeceram. Decerto essa não foi 
absolutamente, longe disso, a causa 
única de seu declínio. Age a física 
alguma vez sobre o social sem que 
sua ação seja preparada, ajudada ou 
permitida por outros fatores que não 
venham do homem? Mas, no ritmo 
das ondas causais, esta causa está pelo 
menos, não poderíamos duvidar disso, 
entre as mais eficazes. ” (BLOCH, 2001. 
P:53)
27
 Claro fica, pelo exemplo citado, que 
aquilo que chamamos de história começa 
a partir do momento que algum tipo de 
agência humana tenha de fato se dado. 
Em outras palavras, a partir do instante 
em que os homens passam a interferir, 
agir sobre o mundo ou a natureza, a 
partir daí está aquilo que chamamos de 
história. Já a categoria tempo histórico, 
como demonstrou o historiador Reinhart 
Kosselleck, é uma construção dos séculos 
XV a XVIII e característica fundante da 
modernidade. Para operacionalizar seu 
trabalho, o historiador procura situar os 
acontecimentos humanos no tempo, haja 
vista que todo fato humano é por excelência 
histórico e deve ser localizado em um espaço 
e um tempo específicos. Portanto, é sempre 
importante se perguntar “Onde Ocorreu? ” e 
“Quando ocorreu?” Determinado evento.
 Tomemos como exemplo o fim da 
escravidão no Brasil em 13 de maio de 1888, 
com a lei Áurea. Duas informações básicas 
se sobressaem nesse acontecimento: a 
data do fim, 13 de maio de 1888, e o lugar, 
o território brasileiro. Desta forma, o ano de 
1888 é um marco cronológico dentro daquilo 
que entendemos como sendo a história do 
Brasil, cabendo ao historiador fixá-lo.
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 Uma característica do tempo, que 
a princípio parece simplória, é o fato de é 
impossível controlá-lo, ou seja, independente 
da vontade humana ele segue seu fluxo. 
Outra, bem diferente, como começamos 
a esboçar no item anterior, é a percepção 
que cada indivíduo, cada grupo social ou 
cada sociedade tem da passagem desse 
mesmo tempo. Pensemos em uma data, 
por exemplo. Para os cristãos o dia 25 de 
dezembro é marcante pois se comemora 
o nascimento de Jesus Cristo, mas essa 
data tem importância para sociedades que 
professam outras religiões como a judaica e 
a islâmica? Evidentemente que não.
Figura 4 - Saturno devorando um filho, pintura de Francisco 
Goya, 1820-1823. Museu do Prado, Espanha. Saturno, o deus 
do tempo para os antigos romanos (Cronos para os gregos), 
devorava seus filhos para impedir que fosse destronado por 
um deles.
 Desta forma, é possível dizer que cada 
sociedade adota marcos diferentes para 
medir o tempo e que ao longo da própria 
existência dela novos marcos temporais 
possam surgir. 
 Os primeiros grupos humanos, pelo 
que se sabe, adotaram a natureza como 
referência para medir a passagem do tempo. 
Esse fato é de relativa simplicidade seu 
entendimento, bastando observar a posição 
do sol e das fases da lua, o movimento 
das marés, as diferentes estações do ano 
com seus regimes de chuva e estiagem, 
as épocas melhores para plantio e colheita 
de determinados gêneros e culturas. Esse 
tempo ligado à natureza só veio a ser de 
alguma maneira substituído, embora 
ainda permaneça em várias localidades em 
pleno século XXI, a partir do surgimento 
da industrialização e a criação de um 
tempo mais disciplinado controlado 
pelo relógio.
 O historiador inglês Edward P. 
Thompson traz, em seu excelente livro 
Costumes em Comum: estudos sobre 
a cultura popular tradicional, diversas 
casos e histórias sobre essa passagem 
do tempo durante a Revolução 
Industrial inglesa. Um deles aparece na 
obra do escritor irlandês John M. Synge 
(1871-1909) sobre a vida dos moradores 
nas Ilhas de Aran, na Irlanda
“Na ilha, o conhecimento geral do tempo 
depende, bastante curiosamente, 
da direção do vento. Quase todas as 
cabanas construídas [...] com duas 
portas uma em frente da outra. […] Se o 
vento é norte, a porta do sul fica aberta, 
e o movimento da sombra do umbral 
sobre o chão da cozinha indica a hora; 
porém, assim que o vento muda para o 
sul, a outra porta é aberta […] 
Quando o vento é do Norte, a velha 
senhora prepara as minhas refeições 
com bastante regularidade; mas, 
nos outros dias, ela frequentemente 
prepara meu chá às três horas em vez 
das seis. ” (THOMPSON, 1998, p. 270-271)
 Nota-se, portanto, que mesmo 
após a ascensão de novas formas 
de contar o tempo que não estejam 
ligadas à natureza, algumas sociedades 
resistem contando-o desta maneira.
Figura 5 - Calendário dos doze meses: trabalhos agrí-
colas. Ilustração de Colin D’Amiens para O livro dos 
benefícios rurais, escrito pelo jurista da Bolonha Pietro 
de Crescenzi e publicado entre 1459-1470.
Museu Condé, França.
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 Dissemos, anteriormente, que a 
história é “a ciência dos homens, dos homens 
no tempo” e que o objeto de estudo do 
historiador é o passado dos seres humanos. 
Ora, se dissemos que existe um passado é 
natural que exista um presente e um futuro. 
Mas onde efetivamente um começa e o 
outro termina?
 Na imensidão da duração seria aquele 
momento fugidio, aquele que escapa antes 
que o raciocínio se elabore? Seria o instante 
que ao nascer já enuncia seu fim e morre? 
No cotidiano, o presente é caracterizado 
também como um “passado recente”. Mas 
quanto seria esse recente? Uma década, 
um ano, um mês, uma semana? Um dia? 
Percebe-se que essa definição não é tão 
simples de ser feita.
 Certamente se sabe que a ignorância 
em relação aos fatos do presente proporciona 
o mesmo em relação ao passado e também 
que o desconhecimento do passado traz 
em si o germe da falta de orientação no 
presente. Entretanto, a relação entre o 
passado e o presente não se dá de maneira 
mecânica, direta. Há nuances, pontos de 
fuga e interrogações que ficam às margens, 
que ficam numa zona cinzenta.
 Há também o desenvolvimento da 
própria disciplina, cujas abordagens teóricas 
e metodológicas vão se transformando, 
assumindo novas feições e funções, lançando 
luzes diferentes sobre os processos humanos, 
mostrando que a história e o próprio tempo 
estão em construção.
 Passado, presente e futuro; tempo em 
construção. Essas noções em si mesmas são 
históricas. A divisão passado/presente/futuro 
marca uma condição de surgimento da ideia 
do tempo histórico. Segundo o historiador 
Reinhart Koselleck, a diferença temporal 
entre passado e presente começa a constituir 
no século XVI e vai progressivamente se 
desenvolvendo até a Revolução Francesa. 
É nela que efetivamente os humanos 
começam a perceber esse distanciamento 
temporal, começam a notar uma separação 
entre o passado e o presente. Percebe-se que 
cada época constitui uma totalidade 
diferente da anterior e precisa ser 
estudada pelos seus próprios conceitos 
e preceitos e valores.
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 Para organizar ainda mais seu trabalho, 
o historiador propõe interpretações sobre 
os fatos humanos e essas interpretações 
acabam por desembocar em periodizações, 
ou seja, a divisão do tempo em fatias que 
produzem algum tipo de sentido. É possível 
estabelecer diferentes periodizações para 
a mesma sociedade, assim como a mesma 
periodização para diferentes sociedades, 
sempre dependendo do critério que será 
utilizado.
 Tomemos como exemplo duas 
periodizações bastante comuns em nossa 
sociedade. A primeira diz respeito a certa 
divisão tradicional da história surgida naEuropa do século XVIII, a que fatiou o tempo 
em idades ou períodos: Pré-História, Idade 
Antiga, Idade Média, Idade Moderna e 
Idade Contemporânea. Essa periodização 
parte da invenção da escrita, ocorrida mais 
ou menos 4.000 a.C. e é em grande parte 
adotada na história ensinada nas escolas e 
nos livros didáticos. Ela é tributária de uma 
visão francesa do passado, onde o período 
contemporâneo seria aquele iniciado com a 
Revolução Francesa. 
 Ora, porque dissemos que essa 
periodização é etnocêntrica? Porque ela 
se baseia nos pressupostos e numa visão 
de passado que é própria da sociedade 
francesa, onde a França estaria no centro 
dos acontecimentos da história humana. 
Ademais, ao utilizar a categoria “Pré-história” 
para classificar todo o período anterior à 
invenção da escrita, ela acaba por lançar 
mão de preconceitos, pois há sociedades 
que não desenvolveram sistemas de 
escrita e que isso não significa que elas 
sejam menos importantes ou menos 
desenvolvidas/atrasadas culturalmente. Pelo 
contrário, essas sociedades desenvolveram 
outros mecanismos e formas culturais e 
possuem elas mesmas formas específicas 
de contagem e periodização do tempo.
 Outra periodização importante em 
nossa trajetória histórica diz respeito à 
divisão dos acontecimentos entre antes de 
Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C.). Essa 
divisão é a marca do nosso calendário, 
o calendário gregoriano. Refere-se ao 
papa Gregório XIII e foi encomendado 
por ele e promulgado em 1582. Baseou-
se no antigo calendário romano. Seu 
marco inicial é o nascimento de Jesus 
Cristo, também chamado por isso de 
calendário cristão. Entretanto, temos 
que pensar em sociedades não cristãs. 
Que tipo de contagem do tempo eles 
fazem? O calendário cristão-gregoriano 
faz sentido para eles? No calendário 
judaico, o evento principal é a criação 
do mundo por Deus, episódio narrado 
no livro do Gênesis. Para o calendário 
muçulmano, o tempo é contado a partir 
da fuga do profeta Maomé da cidade de 
Meca para Medina, episódio conhecido 
como Hégira.
Figura 6 - Quadro comparativo de diferentes calendá-
rios, criado a partir de marcos importantes para cada 
uma das religiões.
31
Neste vídeo, a psicanalista Maria Rita Kehl faz uma instigante reflexão sobre tempo dos relógios 
e calendários e o tempo de nossas vidas. O vídeo é do programa Café Filosófico.
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=kwxyT5n6E9o
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E ACESSE O LINK
32
FIXANDO O CONTEÚDO
1 - Leia o trecho.
“Realidade concreta e viva, submetida à irreversibilidade de seu impulso, o tempo da 
história, ao contrário, é o próprio plasma em que se engastam os fenômenos e como o 
lugar de sua inteligibilidade. ” (BLOCH, 2001, p.55)
Sobre o tempo histórico, o trecho acima diz que
a) é onde se tecem os acontecimentos humanos.
b) é passível de repetição.
c) sempre foi de difícil inteligibilidade.
d) é onde se inserem os fenômenos naturais.
e) engloba também o tempo geológico e da terra.
2 - Marque a alternativa que contém a primeira forma de contar o tempo usada pelos seres 
humanos.
a) Calendários.
b) Relógios de pulso.
c) Ampulhetas.
d) Natureza.
e) Máquinas.
3 - Leia o trecho.
“Na ilha, o conhecimento geral do tempo depende, bastante curiosamente, da direção do 
vento. Quase todas as cabanas construídas [...] com duas portas uma em frente da outra. 
[…] Se o vento é norte, a porta do sul fica aberta, e o movimento da sombra do umbral sobre 
o chão da cozinha indica a hora; porém, assim que o vento muda para o sul, a outra porta 
é aberta […] 
Quando o vento é do Norte, a velha senhora prepara as minhas refeições com bastante 
regularidade; mas, nos outros dias, ela frequentemente prepara meu chá às três horas em 
vez das seis. ” (THOMPSON, 1998, p. 270-271)
O trecho acima, assinala uma forma de contar o tempo ligada
a) natureza.
b) relógios.
c) máquinas industriais.
d) ampulhetas.
e) sinos.
33
4 - Para o historiador alemão Reinhart Koselleck, o tempo histórico é uma categoria surgida 
entre os séculos XV e XVIII e se constitui como uma das marcas da modernidade. Sendo 
assim, é possível afirmar que o tempo histórico é
a) uma demanda exclusiva do Renascimento cultural. 
b) um conceito pouco operatório.
c) um pressuposto do tempo da natureza.
d) uma rememoração do mundo antigo. 
e) uma construção humana.
5 - Sobre as relações entre passado e presente, avalie os itens.
I. A ignorância em relação ao presente implica uma ignorância em relação ao passado.
II. A função do passado atualmente consiste em fornecer todos os modelos de conduta dos 
seres humanos no presente.
III. A relação entre passado e presente se dá de maneira fluída, rejeitando mecanicismos.
 
Os itens corretos são:
a) I.
b) II.
c) II e III.
d) I e III.
e) I e II.
6 - Sobre as periodizações do tempo, marque a alternativa correta.
a) São objetos de pouca reflexão historiográfica.
b) Constitui em uma construção humana e do historiador e pode ser questionada.
c) São poucas as existentes atualmente.
d) A única importante é a que divide entre antes e depois de Cristo.
e) Com a alta relação entre os povos na atualidade, surgiu-se um tempo único.
7 - Leia o texto. (ENADE)
Ao se problematizar a produção do conhecimento histórico, as representações do tempo, 
do passado e da ciência com que operamos, um novo conceito de temporalidade se 
tornou possível: não mais o de um tempo definido aprioristicamente, em que o historiador 
inscreveria os acontecimentos, como num filme linear; mas o tempo da experiência, do 
acontecimento em sua singularidade, o que torna possível perceber que já diferença na 
repetição e que trabalhamos com a multitemporalidade, ao invés de restringirmo-nos a 
uma temporalidade única. 
ROSSI, V.L.S; ZAMBONI, E. (Org.). Quanto tempo o tempo tem! 2 ed. Campinas: Editora 
Alínea, 2005 (adaptado).
O conceito de tempo associa-se diretamente à escrita da História, tendo em vista que os 
acontecimentos são produzidos em uma determinada temporalidade, a qual expressa sinais 
do pensamento, das ações e experiências humanas em uma determinada época. Sobre o 
conceito de tempo, a partir das perspectivas teóricas mais atuais, avalie as afirmações a 
34
seguir. 
I. Valoriza-se o tempo plural e em diferentes sintonias, em detrimento do tempo linear e 
progressivo, entendido como sentido único. 
II. A história se constrói com base na ideia de tempo cumulativo, na qual a curta duração 
forma a longa duração. 
III. Reconhecem-se múltiplas temporalidades, onde o tempo cronológico coexiste com o 
tempo das rupturas e das continuidades. 
IV. O tempo deve ser entendido em seu contexto histórico e, nesse sentido, a divisão 
cronológica da História é o principal instrumento para explicar as ações humanas. 
É correto apenas o que se afirma em
a) I e III. 
b) II e III. 
c) II e IV. 
d) I, II e IV. 
e) I, III e IV.
8 - Observe os calendários abaixo.
Marque a alternativa correta.
a) Eles revelam que existem múltiplas formas de contar o tempo. 
b) Eles indicam que nascimento de Cristo é evento central em várias culturas.
c) Eles evidenciam que os calendários religiosos são as melhores formas de contar o tempo.
d) Eles questionam a existência de múltiplas formas de contar o tempo.
e) Eles mostram que inexistiam formas de contar o tempo antes do surgimento de Maomé.
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AS FONTES E A PRODUÇÃO DO
 CONHECIMENTO HISTÓRICO
UNIDADE 4
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 É comum ouvirmos que fontes 
históricas são os vestígios de atividades 
humanas exercidas no passado e que de 
alguma maneira nos foram deixadas em 
diferentes graus de preservação no presente. 
Marc Bloch assim o define.
“Como primeira característica, o 
conhecimento de todos os fatos 
humanos no passado, da maior parte 
deles no presente, deve ser, [segundo 
a feliz expressão de François Simiand], 
um conhecimento através de vestígios. 
Quer se trate das ossadas emparedadas 
nas muralhas da Síria, de uma palavra 
cuja forma ou emprego revele um 
costume, de um relato escrito pela 
testemunha de uma cena antiga 
[ou recente],o que entendemos 
efetivamente por documentos senão 
um “vestígio”, quer dizer, a marca, 
perceptível aos sentidos, deixada por 
um fenômeno em si mesmo impossível 
de captar? ” (BLOCH, 2001, p. 73)
 A afirmação está correta, mas 
gostaríamos de chamar a atenção para 
um outro aspecto da questão das fontes 
históricas: o entendimento do que são fontes 
históricas também possui uma história, ou 
seja, aquilo que, por exemplo, os historiadores 
chamavam de fontes no século XIX sofreu 
uma ampliação/renovação considerável a 
partir do século XX e com o advento das redes 
de informação e internet assumiu novas 
feições. Por outro lado, durante muito tempo, 
foi comum acreditar que os documentos 
históricos eram retratos fiéis da realidade, 
cabendo ao historiador apenas estabelecê-
los e descrevê-los sumariamente. Até que 
ponto isso ainda resiste na produção do 
conhecimento histórico? Como se nota, são 
muitas as questões que envolvem as fontes 
e a produção do conhecimento histórico.
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 Partiremos, em nossa pequena 
história, do momento em que a disciplina 
de história se torna um campo de estudo 
autônomo, com métodos e teorias 
fundamentadas: o século XIX. 
 Durante esse século, várias escolas 
históricas diferentes possuíam uma 
concepção de documento histórico 
semelhante: tratava-se daqueles que 
eram fundamentalmente escritos e que 
versassem sobre grandes acontecimentos 
e feitos, sobre homens destacados do 
cenário político e intelectual e eventos 
como guerras, assinaturas de tratados e 
acordos. Esses documentos eram tratados 
como espelho fiel realidade. 
 Borges comenta nesse sentido
“Antigamente a ideia de um documento 
histórico era a de ‘papéis velhos’, 
referentes a ‘pessoas importantes’ 
(reis, imperadores, generais, grandes 
nomes das artes e das religiões etc.), as 
quais eram vistas como condutores da 
história. “ (BORGES, 1993, p. 61)
 A partir do século XX, inovações 
teóricas trouxeram um novo olhar sobre 
os documentos. Principalmente a partir 
da Escola dos Annales, na França da 
década de 1930, os documentos escritos 
deixaram de ocupar o sacrossanto lugar 
que ocupavam. Sabe-se que desde uma 
lista de compras em um supermercado, 
pinturas e esculturas, filmes e fotografias 
e até os restos existentes lixo de uma 
residência permitem ao historiador 
inferir sobre determinado grupo social ou 
sociedade. 
 Marc Bloch cita outro aspecto 
importante nessa ampliação do escopo 
das fontes históricas. Acreditava-se que 
os documentos eram retratos fiéis da 
realidade e o historiador deveria proceder 
para saber se os mesmos eram falsos ou 
verdadeiros. Ele afirma procura colocar 
em perspectiva essa premissa ao dizer que 
nenhum documento histórico é isento, 
que todos eles possuem algum grau de 
intencionalidade, ainda que não tenham 
sido produzidos com essa finalidade. 
37
É o que Jacques Le Goff nomeou de 
“documento monumento” ao afirmar que 
ele é uma construção social.
 Nos limiares do século XX e início do 
século XXI, outras questões apareceram 
ao historiador, entre elas aquelas ligadas 
aos registros da internet. Como trabalhar 
com sítios hospedados na rede mundial de 
computadores se não sabemos amanhã 
se eles estarão disponíveis? Entretanto, 
algumas reflexões têm sido feitas no 
sentido de questionar essa visão, ao afirmar 
que qualquer documento histórico possui 
caráter transitório, instável e sem garantia 
de permanência no tempo. Que a internet 
é apenas um meio a partir do qual se pode 
obter informações sobre o passado, assim 
como um arquivo ou um museu.
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No trabalho do historiador de produzir 
conhecimento histórico é fundamental 
que ele se cerque de uma variedade 
ampla de fontes históricas. Elas podem 
ser classificadas de acordo com o 
quadro abaixo:
Fonte Exemplos
Escritas Manuscritos, cartas, diários, 
registros contábeis, obras lite-
rárias, tratados etc.
Sonoros Relatos de pessoas, discursos 
e depoimentos, gravações de 
programas radiofônicos etc.
Iconográficos Fotografias, pinturas, dese-
nhos, memes etc.
Cultura 
material
Estátuas, móveis, utensílios 
domésticos, roupas, ornamen-
tos etc.
 O mais importante, contudo, é 
de que o historiador tenha consciência 
desses diversos tipos de fontes históricas 
e consiga, a partir da definição de seu 
objeto de estudo, delimitar com quais 
ele vai trabalhar, haja vista que cada 
tipo de fonte histórica requer o domínio 
de uma técnica específica para lidar 
com ele. E que na sua produção de 
conhecimento ele trabalhe com mais 
de um tipo de fontes, de modo a 
“cruzar” as informações que cada uma 
delas nos legou.
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 Após a compreensão da história 
dos documentos e registros históricos, 
bem como de sua tipologia mais básica, 
cabe ao historiador um processo mais 
complexo: a interpretação desses fatos 
e acontecimentos. Nesse sentido, 
é preciso, antes de mais nada, que 
o historiador compreenda que os 
documentos históricos nos deixam 
uma miríade de problemas, temas e 
testemunhos.
 Durante muito tempo, a 
questão para o historiador em sua 
análise histórica esteve entre o julgar 
e o compreender. Tributário da velha 
fórmula de Leopold von Ranke de que 
o historiador deve apenas “descrever as 
coisas como realmente aconteceram”, 
essa dicotomia tem sido revista. Não 
porque o historiador tenha que abdicar 
do seu compromisso com a verdade 
e o verossímil; definitivamente não é 
essa a questão. O historiador procura 
sempre entender o ser humano em 
sua vivência, entender a sociedade na 
qual ele nasceu, cresceu, trabalhou, se 
relacionou com outros e veio a morrer. 
Bloch nos ensina
“Uma palavra, para resumir, domina e 
ilumina nossos estudos: “compreender”. 
Não digamos que o historiador é alheio 
às paixões; ao menos, ele tem esta. 
Palavra, não dissimulemos, carregada 
de dificuldades, mas também de 
esperanças. Palavra, sobretudo, 
carregada de benevolência. Até na ação, 
julgamos um pouco demais. É cômodo 
gritar “à forca!” Jamais compreendemos 
o bastante. Quem difere de nós — 
estrangeiro, adversário político — passa, 
quase necessariamente, por mau. 
Inclusive, para travar as inevitáveis lutas, 
um pouco mais de compreensão das 
almas seria necessário; com mais razão 
ainda para evitá-las, enquanto ainda há 
tempo. A história, com a condição de 
ela própria renunciar a seus falsos ares 
de arcanjo, deve nos ajudar a curar esse 
defeito. Ela é uma vasta experiência 
de variedades humanas, um longo 
encontro dos homens. A vida, como 
a ciência, tem tudo a ganhar se esse 
encontro for fraternal. ” (BLOCH, 2001, 
p. 128)
 Há outro aspecto, para além 
do enunciado por Bloch: trata-se do 
entendimento de que o todo o trabalho do 
historiador parte de uma escolha. Escolha 
do objeto, do tema, do problema a ser 
desenvolvido em sua pesquisa, da escolha 
das fontes a serem utilizadas e do período 
histórico a ser estudado/analisado. Isso 
porque o historiador é um homem que vive 
em sociedade, é um ser social. Desta forma, 
as escolhas acima (objeto, tema, problema, 
fontes etc) estarão sempre condicionadas 
pela situação histórica em que ele se 
encontra, pelo tipo de sociedade que ele vive, 
pelos limitadores que impedem seu acesso 
a um conjunto de fontes e até mesmo pelo 
valor que a disciplina da história assume em 
cada uma dessas sociedades. 
 O historiador sempre parte de uma 
situação concreta, determinada por tempo 
e lugar específicos. Seu primeiro passo 
então consiste em situar seu objeto no 
tempoe no espaço que pretende estudar. 
Vale lembrar que cada realidade é única, 
podendo seu objeto ser O papel da religião 
cristã, dos mosteiros e da cultura na Idade 
Média, A escravidão moderna e o tráfico 
de escravizados, Políticas de extermínio 
indígena durante o Império etc.
 Situar seu objeto no tempo e no 
espaço pressupõe que esses fatos estudados 
tenham realmente acontecido e não sejam 
suposições. Nesse sentido, é preciso que se 
entenda que os fatos/documentos analisados 
não são espelhos fiéis da realidade - como 
vimos anteriormente. No seu trato direto 
com as fontes, o historiador deve lançar mão 
dos mais sofisticados métodos e teorias 
existentes para que outros olhares sejam 
possíveis sobre o mesmo objeto. 
 É comum haver objetos que já foram 
exaustivamente estudados, mas devido 
às inovações teóricas e metodológicas, 
alguns historiadores conseguem lançar 
novas interpretações sobre eles. Nesse 
sentido, ele deve também estudar bastante 
aquilo que já foi escrito sobre seu objeto de 
estudo. Ler e conhecer outras referências 
39
é de fundamental importância para que ele 
não proponha interpretações que outros já o 
fizeram. 
 Entretanto, alguns períodos históricos 
nos legaram mais registros, tanto em suas 
formas quanto pela quantidade, do que 
outros períodos. Alguns períodos históricos 
deixaram pouco documentos na forma 
escrita. Até pouco tempo atrás, como vimos, os 
historiadores acreditavam que períodos assim 
eram impossíveis de se estudar. Felizmente, 
os estudos históricos progrediram na sua 
compreensão do que vem a ser documentos 
históricos e em suas abordagens permitindo 
que disciplinas auxiliares pudessem ajudar a 
lançar luz sobre determinados períodos.
 Após situar seu objeto no tempo e no 
espaço, o trabalho do historiador prossegue. 
Borges nos ensina
“A história, como vimos, não é só o 
levantamento de dados ou fatos; 
ela os relaciona entre si, procurando 
descobrir e sistematizar as relações 
existentes. A história, como toda forma 
de conhecimento, procura desvendar, 
revelar, sistematizar relações 
desconhecidas, não claras. ” (BORGES, 
1993, P. 65-66)
 Essa necessidade de periodizar, 
organizar os fatos em sua sequência 
cronológica é um estágio muito importante 
para estabelecer as relações entre eles. Trata-
se de tarefa fundamental para a construção 
de uma explicação histórica. Desta forma, esse 
período histórico abordado pelo profissional 
da história irá depender também de uma série 
de fatores: limitação de suas fontes, definição 
do tema e do problema a ser pesquisado etc. 
A periodização é importante para mostrar as 
diversas épocas ou períodos que a sociedade se 
organiza de variadas formas. Essa periodização 
possui uma importância adicional: mostra a 
especificidade de determinado período frente 
outros, sua singularidade, sua particularidade; 
desta forma, a periodização é sempre uma 
escolha do historiador e deve ser construída 
ao longo de seu estudo/pesquisa e não 
determinada de antemão.
 Por fim, uma última questão 
tem a ver com a linguagem utilizada 
pelo historiador. Toda ciência possui um 
corpo linguístico específico e o domínio 
de conjunto de ferramentas linguísticas 
é primordial. A linguagem técnica de 
explicação dos fenômenos do passado 
humano distingue a análise do historiador 
da análise do senso comum e de uma 
análise sem caráter científico. Isso se torna 
mais difícil na medida em que nem sempre 
os seres humanos criam palavras novas 
para designar seus novos modos de viver, 
de se comportar e de se comunicar. 
 Vejamos o exemplo que Marc Bloch 
nos deixou
“A palavra latina servus, que deu em 
francês serf, atravessou os séculos. 
Mas ao preço de tantas alterações 
sucessivas na condição assim 
designada que, entre o servus da 
antiga Roma e o serf da França de são 
Luís, os contrastes prevaleceram em 
muito sobre as semelhanças. Também 
os historiadores geralmente tomam 
partido de reservar “servo” para a 
Idade Média. Trata-se da Antiguidade? 
Eles falam de “escravos”. Em outras 
palavras, ao decalque preferem, no 
caso, o equivalente. Não sem sacrificar 
à exatidão intrínseca da linguagem um 
pouco da harmonia de suas cores; pois 
o termo que eles transplantam assim 
para uma atmosfera romana nasce 
apenas lá pelo ano mil nos mercados de 
carne humana onde os cativos eslavos 
pareciam fornecer o próprio modelo 
de uma inteira sujeição, que se tornou 
totalmente estranha aos servos nativos 
do Ocidente. O artifício é cômodo, 
tanto que o levamos a seus extremos. 
No intervalo, contudo, em que data 
fixar o limite no qual, diante do servo, o 
escravo sumiria? É o eterno sofisma do 
monte de trigo. De todo modo, eis-nos 
então obrigados, para fazer justiça aos 
próprios fatos, a substituir a linguagem 
deles por uma nomenclatura, se não 
propriamente inventada, pelo menos 
remanejada e defasada. ” (BLOCH, 2001, 
p.137)
 Algumas das diretrizes aqui tomadas 
podem, e aqui está o caráter de ciência 
da disciplina da história, mudar com o 
tempo. Novas tecnologias, novas fontes 
documentais, novas concepções e conceitos 
tornam os limites e rigidez da historiografia 
sempre permeáveis, afeitos à mudança. 
Evidentemente, que as mudanças quando 
ocorrem numa disciplina vão acontecendo 
40
aos poucos, sendo debatidas pelos especialistas, 
testadas sua validade a partir de novos estudados, 
necessitando de certo tempo para que as mesmas 
cheguem em conjunto aos historiadores. De todo 
modo, é certo que a história é, nessas primeiras 
décadas do século XXI, encarada como uma ciência 
que está em construção e constante revisão de seus 
métodos e teorias. 
 Isso também vale para as conclusões do 
historiador acerca dos seus estudos. Elas são sempre 
parciais, apesar de válidas, e podem ser revistas por 
outros estudiosos ou complementadas por novos 
e diferentes estudos, complexificando a realidade 
histórica. Afinal, em história, como em qualquer 
atividade humana, a verdade absoluta não existe, 
servindo apenas aos regimes políticos totalitários 
e que se utilizam de apropriações do passado com 
finalidades escusas.
41
BUSQUE POR MAIS 
Recomendamos para as questões teóricas e metodológicas do cenário contemporâneo 
ligadas ao trabalho do historiador o canal do Prof. Valdei Araújo. Este é doutor em his-
tória e professor de Teoria e História da Historiografia da Universidade Federal de Ouro 
Preto – UFOP.
LINK: https://www.youtube.com/channel/UCQ1GXJI_IrBJwETB192Vhtw
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42
FIXANDO O CONTEÚDO
1 - Sobre as fontes históricas, marque a alternativa correta.
a) São consideradas válidas apenas as escritas e oficiais.
b) Possuem graus variados de importância e as escritas tem mais credibilidade.
c) Até o século XX, as escritas e oficiais eram as únicas utilizadas.
d) Até mesmo charges, memes e lista de compras podem ser consideradas fontes válidas. 
e) A moderna historiografia consegue produzir conhecimento histórico sem fontes.
2 - Sobre as relações entre as fontes históricas e o conhecimento histórico, julgue os itens.
I. As fontes históricas são retratos fiéis da realidade, bastando saber lê-las para entender o 
passado. 
II. As fontes históricas são construções humanas que podem ter intencionalidades, 
devendo-se inquiri-las.
III. As fontes históricas só “falam” a partir do momento que são direcionadas a ela perguntas 
pelo historiador.
Os itens corretos são:
a) somente I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
e) somente III.
3 - Leia.
I. A produção do conhecimento histórico só pode ser feita a partir de registros deixados 
pelo homem,
 
MAS
II. esses registros não significam um acesso direto ao passado, devendo-se compreender 
suas nuances, pontos obscuros e questões não ditas.
Sobre as afirmativas:
a) as duas são corretas, e a II complementa a I.
b) a I está correta e a II falsa.
c) as duas são corretas, mas a II contradiz a I.
d) as duas estão corretas e a II não dialoga com a II.
e) as duas estão erradas.
43
4 - Em um trabalho sobre a escravidão no mundogreco-romano, Lauffer escreveu que a 
palavra Sklave, esclave, schiavo, originada na Idade Média, e que a princípio designava os 
cativos da guerra eslava na Europa oriental, só pode ser transferida para a Antiguidade 
de um modo anacrônico, o que suscita equívocos. Além do mais, essa palavra lembra a 
escravidão negra da América do Norte e das regiões coloniais dos séculos mais recentes, o 
que dificulta ainda mais a sua aplicação nas relações da antiguidade. Poucos ou nenhum 
dos historiadores da antiguidade que participaram da discussão do trabalho de Lauffer 
viram com bons olhos essa sugestão radical de abandonar a palavra ‘escravo’.
FINLEY, M. Uso e abuso da história. São Paulo: Martins Fontes, 1989 (adaptado).
Considerando a reflexão suscitada pelo texto e o estudo da escravidão na Antiguidade, 
avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. No campo da história, a conexão que se estabelece entre o presente e o passado pode 
suscitar anacronismo, o que torna possível a ocorrência de equívocos interpretativos
PORQUE
II. escolhas teórico-metodológicas realizadas sem reflexão crítica podem repercutir em 
completa desfiguração do passado ou da sua relação com o presente.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
a) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. 
b) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. 
c) A asserção I é verdadeira, mas a II é falsa. 
d) A asserção I é falsa, mas a II é verdadeira.
e) As asserções I e II são falsas.
5 - A renovação historiográfica ocorrida no século XX, com os “Annales”, promoveu uma 
transformação na concepção de documento e na relação do historiador com ele. A 
concepção renovada de documento e de seu uso em sala de aula parte do pressuposto 
de que o trabalho com diferentes fontes e linguagens pode ser o ponto de partida para a 
prática do ensino de História. Nesta perspectiva, os documentos 
a) são compreendidos como vestígios do passado, que devem servir para responder a 
indagações e problematizações de alunos e professores, com o objetivo de estabelecer um 
diálogo com o passado e o presente, tendo como referência o conteúdo histórico ensinado. 
b) são considerados a base do conhecimento histórico, visto que eles falam por si mesmos, 
cabendo ao professor e aos alunos resignarem-se diante da verdade imanente às fontes 
históricas.
c) são entendidos como ilustrações da narrativa histórica, sendo utilizados para decorar o 
material didático e torná-lo mais atrativo para os alunos, possibilitando que estes prestem 
mais atenção às aulas. 
d) são tratados como prova irrefutável da realidade passada e comprovação da narrativa 
histórica transmitida pelo professor ao aluno. Este então considerado um receptor passivo 
e preocupado em decorar o conteúdo ensinado. 
e) são utilizados como instrumentos didáticos, uma forma do professor motivar o aluno 
44
para o conhecimento histórico, esperando-se que, por meio da utilização do documento 
em sala de aula, o aluno possa ter contato pessoal e próximo com as realidades passadas.
6 - Leia o texto. (ENADE)
Vivemos em um mundo dominados por imagens e sons obtidos diretamente da realidade, 
seja pela encenação ficcional, seja pelo registro documental, por meio de aparatos 
técnicos cada vez mais sofisticados. E tudo pode ser visto pelos meios de comunicações e 
representado pelo cinema, com um grau de realismo impressionante. 
Cada vez mais, tudo é dado a ver e a ouvir, fatos importantes e banais, pessoas públicas 
influentes ou anônimas e comuns. Esse fenômeno, já secular, não pode passar despercebido 
pelos historiadores, principalmente para aqueles especializados em História do século XX. 
As fontes audiovisuais e musicais ganham crescentemente espaço na pesquisa histórica. 
Do ponto de vista metodológico, são vistas pelos historiadores como fontes primárias novas, 
desafiadores, mas seu estatuto é paradoxal. 
NAPOLITANO, M. A História depois do papel. In: PINSKY. C.B. (Org.). Fontes Históricas. São 
Paulo: Contexto, 2005, p. 235 (adaptado).
O paradoxo a que se refere o autor fica evidente
a) na fotografia, cujas características técnicas a transformam em fonte primária neutra. 
b) no documentário, que ao se basear em pesquisa sobre a realidade configura uma fonte 
confiável. 
c) no jornalismo televisivo, cujo controle exercido pela emissora sobre os conteúdos 
veiculados impedem de considerá-lo uma fonte primária. 
d) no cinema, cujo realismo e o cuidado dispensado às produções históricas o convertem 
em fonte primária do passado e retratados nos filmes. 
e) no videogame, cujas características tecnológicas, lúdicas e mercadológicas são elementos 
importantes para a sua classificação como fonte primária.
 
7 - Leia o texto. (ENADE)
Tratado Proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempo em que 
se conservaram levantados (c.1789) 
“Meu senhor, nós queremos paz e não queremos guerra; se, meu senhor, também quiser 
nossa paz há de ser nessa conformidade, se quiser estar pelo que nós quisermos saber. [...] 
Para o seu sustento tenha lancha de pescaria ou canoas do alto, e quando quiser comer 
mariscos mande os seus pretos Minas. [...] Os atuais feitores não os queremos, faça eleição 
de outros com nossa aprovação. [...] A estar por todos artigos acima, e conceder-nos estar 
sempre de posse da ferramenta, estamos prontos para o servirmos como dantes, porque 
não queremos seguir os maus costumes dos mais Engenhos. Poderemos brincar, folgar, 
e cantar em todos os tempos que quisermos sem que nos impeça e nem seja preciso 
licença. ”
REIS, J.J.; SILVA, E. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. Rio de 
Janeiro: Companhia das Letras, 1989, p. 123.
45
A importância da utilização da fonte documental acima apresentada relaciona-se, sobretudo, 
ao seu potencial de problematização histórica. Nesse sentido, assinale a alternativa que 
qualifica o referido documento e o relaciona diretamente ao seu valor historiográfico. 
a) O texto é indicativo de um levante isolado, com características chantagistas, em um 
contexto de escravidão. 
b) O conteúdo da fonte abre caminhos analíticos para a revisão de conceitos como o de 
resistência negra escrava. 
c) Os detalhes da narrativa revelam o exotismo e as peculiaridades da vida do negro escravo 
no ambiente citadino e rural. 
d) A narrativa evidencia o grau de instrução dos escravos, que emitiam documentos para 
registrar a luta pelos seus direitos. 
e) O documento nega as relações conflituosas entre senhores e escravos, ao demonstrar 
que os cativos tinham condições plenas de argumentarem em favor de suas próprias 
causas.
8 - Leia o texto. (ENADE)
Destruídos todos os documentos sobre um determinado período, nada poderia ser dito 
por um historiador. Uma civilização da qual não tivéssemos nenhum vestígio arqueológico, 
nenhum texto e nenhuma referência por meio de outros povos, seria como uma civilização 
inexistente para o profissional de História? A categoria documento define uma parte 
importante do campo de atuação do historiador e a amplitude de sua busca. 
KARNAL, L.; TATSCH, F. G. A memória evanescente. In: PINSKI, C. B.; LUCA, T.R. O historiador 
e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 9.
Por trás dos grandes vestígios sensíveis da paisagem, os artefatos ou as máquinas, por 
trás dos escritos aparentemente mais insípidos e as instituições aparentemente mais 
desligadas daqueles que as criaram, são os homens que a história quer capturar. Quem 
não conseguir isso será apenas, no máximo, um serviçal da erudição. Já o bom historiador 
se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está a sua caça. 
BLOCH, M. Apologia a história ou o ofício do historiador. São Paulo: Zahar, 1989, p. 54.
Considerando a necessidade dos historiadores se valerem de registros documentais para 
produzir conhecimento e, paralelamente, o enorme alargamento de nossa compreensão 
atual do que sejam documentoshistóricos, avalie as seguintes afirmações.
I. Apesar das transformações pelas quais passou o campo historiográfico ao longo do 
século XX, ainda são os documentos oficiais (via de regra emanados das instâncias de 
poder) aqueles que permitem as interpretações efetivamente confiáveis. 
II. Para a maioria dos historiadores, na atualidade, a compreensão que prevalecia no século 
XIX, de que o documento era portador da “verdade dos fatos” não é mais aceita, porque se 
entende que as interpretações sobre o passado se fundamentam no diálogo construído 
pelos historiadores envolvendo teoria, eventos e documentos.
III. Durante o século XX ocorreu um alargamento em relação aos objetos de interesse 
dos historiadores, o que implicou na ampliação do que se pode considerar como fontes 
46
históricas, chegando-se a conceder o estudo de “fonte” a praticamente tudo que permita 
vislumbrar a ação humana. 
IV. Um documento histórico não se define como importante a partir de uma determinada 
visão de época, ou seja, os documentos existem e mantêm seu valor independentemente 
do meio social que os conversa. 
É correto apenas o que se afirma em 
a) I e IV. 
b) II e III. 
c) II e IV. 
d) I, II e III. 
e) I, III e IV.
47
PARA QUE SERVE A HISTÓRIA?
UNIDADE 5
48
5.
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 A pergunta não é nova. Desde a 
antiguidade, pelo menos, os seres humanos 
procuram respondê-la de diferentes 
maneiras. Se você fizer uma pesquisa rápida 
em um buscador de informações na internet 
sobre “para que serve a história? ” É provável 
que definições sobre como ela é importante 
“para que nós enquanto sociedade não 
cometamos os mesmos erros do passado”, 
“para que tenhamos a oportunidade de 
organizar o hoje em função do que está 
por vir” entre outras definições no mesmo 
sentido abundem.
 O saber histórico, como qualquer 
forma de produção de conhecimento 
científico, possui uma dimensão política. 
A política aqui entendida não no sentido 
de partidos políticos, mas num sentido 
mais amplo de posicionamento concreto 
perante o mundo.
 Nesse sentido, compreender como 
outros grupos humanos viveram, em 
tempos e em espaços distintos do nosso, 
nos leva a questionar certas linhas mestras 
que muitas vezes são repetidas pelo 
senso comum e até mesmo no meio de 
alguns especialistas sobre a validade do 
conhecimento histórico. Muitas vezes se 
acredita, erroneamente, que os caminhos 
que determinada sociedade tem para 
seguir são estreitos e inevitáveis. 
 Tomemos como exemplo o 
Estado, entendido como um conjunto 
de instituições políticas e administrativas 
responsáveis pela organização de um povo 
ou nação em um determinado território. 
Essa instituição tem datação histórica do 
seu surgimento, mas há sociedades que 
não possuem Estados. Se na análise do 
historiador, ele toma como pressuposto 
que a existência do Estado é um fenômeno 
inevitável pelos povos, ele está imbuído 
daquilo que chamamos de etnocentrismo. 
 O etnocentrismo, como vimos 
anteriormente, pressupõe uma visão de 
mundo característica de quem considera o 
seu grupo étnico, nação ou nacionalidade 
socialmente mais importante do que os 
demais. Ora, se vivo em uma sociedade 
que possui Estado e vou analisar uma 
sociedade sem Estado no meu trabalho 
de historiador estou tomando uma atitude 
etnocêntrica.
 Devemos a Pierre Clastres uma 
importante reflexão sobre esse fenômeno. 
Esse antropólogo francês procurou analisar, 
em seu livro A sociedade contra o Estado, 
como sociedades indígenas construíram 
mecanismos de exercício do poder político, 
sem, no entanto, criar um conjunto de 
instituições como as do Estado.
49
 Ao longo do tempo, a principal 
forma de etnocentrismo criada foi aquela 
que colocou a Europa no centro das 
ações humanas, o eurocentrismo. Ela 
é problemática, entre outros motivos, 
porque parte do princípio de que o tempo 
da história é sempre linear, progressivo 
e rumo a um destino comum. É como 
se todas as sociedades, todas mesmo, 
tivessem como pressuposto chegar a um 
determinado destino e aquelas que não 
chegaram seriam consideradas atrasadas, 
selvagens e, obviamente, aqueles que 
seriam os civilizados e cultos seriam os 
europeus.
 Essa perspectiva se aplicou, por 
exemplo, em relação aos estudos sobre 
história da África e das comunidades 
remanescentes de quilombolas no Brasil e 
em outros lugares. Durante muito tempo, 
a África foi entendida como um continente 
sem valor histórico. Sobre essa questão 
Leila Leite Hernandez nos ensina como o 
saber ocidental e eurocêntrico acabou por 
pré-julgar essas sociedades tão complexas 
e legitimar a exploração colonial nos 
séculos XIX e XX
“Significa dizer que o saber ocidental 
constrói uma nova consciência 
planetária constituída por visões de 
mundo, autoimagens e estereótipos 
que compõem um “olhar imperial” 
sobre o universo. Assim, o conjunto de 
escrituras sobre a África [...] contém 
equívocos, pré-noções e preconceitos 
decorrentes, em grande parte, das 
lacunas do conhecimento, quando não 
do próprio desconhecimento sobre 
o continente africano. Os estudos 
sobre esse mundo não ocidental 
foram, antes de tudo, instrumentos 
de política nacional, contribuindo, 
de modo mais ou menos direto, para 
uma rede de interesses político-
econômicos que ligavam as grandes 
empresas comerciais, as missões, as 
áreas de relações exteriores e o mundo 
acadêmico. ” (HERNANDEZ, 2008, p.17-
18)
5.
2 
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 Estudar sociedades distantes 
no tempo e no espaço requer bastante 
esforço, seja pelo domínio de um universo 
totalmente alheio ao que nos é familiar 
seja pelas formas acessar os fragmentos 
do passado dessa sociedade, o que tem 
a ver com o domínio de um conjunto 
amplo e variado de fontes históricas.
 Por outro lado, esse exercício de 
fazer história se relaciona com a questão 
das identidades culturais. Trata-se, 
primeiro, da constituição de um sujeito 
e depois do entendimento do “outro”. 
Essa questão que nos coloca frente ao 
problema da alteridade é fundamental 
no conhecimento histórico. Porque ela 
revela que as identidades humanas 
são construções sociais, mas que 
principalmente o entendimento 
de quem somos tanto sujeitados 
individual quanto coletivo, depende da 
compreensão daquele que é diferente 
de nós, ou seja, do Outro.
Figura 8 - A valorização da diversidade, compromisso 
do historiador.
 Essas discussões têm sido 
travadas, atualmente, no âmbito dos 
chamados “estudos coloniais e pós-
coloniais” ou dos “estudos culturais”. São 
muitos os autores que ao se apropriarem 
de um novo conceito de cultura, 
mais amplo, e não apenas aquele da 
cultural ocidental abriram espaço 
para essa valorização da diversidade 
tão fundamental no conhecimento 
histórico.
50
 A própria história ensinada tem adotado 
esse caminho, seja inicialmente com os 
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs que 
falavam de uma valorização de uma perspectiva 
de pluralidade cultural nas construções 
curriculares ou, mais enfaticamente, na Base 
Nacional Comum Curricular (2017) em que 
isso aparece claramente. Vejamos
O exercício do “fazer história”, de 
indagar, é marcado, inicialmente, pela 
constituição de um sujeito. Em seguida, 
amplia-se para o conhecimento de um 
“Outro”, às vezes semelhante, muitas 
vezes diferente. Depois, alarga-se ainda 
mais em direção a outros povos, com 
seus usos e costumes específicos. Por 
fim, parte-se para o mundo, sempre em 
movimento e transformação. Em meio a 
inúmeras combinações dessas variáveis 
– do Eu, do Outro e do Nós –, inseridas 
em tempos e espaços específicos, 
indivíduos produzem saberes que os 
tornam mais aptos para enfrentar 
situações marcadas pelo conflito ou 
pela conciliação. (BRASIL, BNCC, 2017, 
p. 347).
51
5.
3 
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 Um aspecto pouco estudado 
pela historiografia, mas que tem 
cada vez mais apelo diz respeito à 
questão do prazer e do deleite ligado 
ao conhecimento histórico. No cenárioatual, a chamada “cultura de história” 
está literalmente ocupando diversos 
espaços. Programas de TV, museus, 
bibliotecas, peças de teatro, filmes, 
séries em canais por assinatura e em 
plataformas de streamean, exposições 
artísticas, novelas, romances e mais 
uma infinidade de outras formas de 
abordagem do passado dos homens cuja 
finalidade é o entretenimento, conexo 
ao desenvolvimento de um mercado. 
 Essa questão se relaciona aos 
chamados “usos públicos e políticos do 
passado”. Se na antiguidade e até início 
da era moderna, a história servia como 
fonte, como repositório de exemplos 
para as ações humanas, no dizer de 
Cícero, era uma história Magistra Vitae, 
na atualidade ela assume novas funções. 
Conforme demonstrou o historiador 
alemão Reinhart Koselleck, ela é uma das 
bases do surgimento da modernidade 
entre os séculos XVI ao XVIII. Em suas 
palavras:
“Assim a história seria um cadinho 
contendo múltiplas experiências 
alheias, das quais nos apropriamos 
com um objetivo pedagógico; ou, nas 
palavras de um dos antigos, a história 
deixa-nos livre para repetir sucessos 
do passado, em vez de incorrer, no 
presente, nos erros antigos. Assim, 
ao longo de cerca de 2.000 anos, a 
história teve um papel de uma escola, 
na qual se podia aprender a ser sábio 
e prudente sem incorrer em grandes 
erros. ” (KOSELLECK, 2006. Pág.42)
 Para refletirmos sobre essas 
novas finalidades – ou talvez nem tão 
novas assim – da história tomemos 
como exemplo a Minissérie “O quinto 
dos infernos”, com direção de Wolf Maya 
e Alexandre Avancini e veiculada no ano 
de 2002 em 48 episódios com cerca de 
40 minutos cada pelo canal da TV aberta 
Rede Globo de Televisão. O historiador 
João Paulo Pimenta assim se referiu a 
ela.
“Uma narrativa, romanceada, teatral 
e cômica, fortemente despolitizada e 
livremente baseada em três livros de 
igual teor (um deles publicado há quase 
um século), praticamente centrada no 
Rio de Janeiro (um pouco também em 
Portugal, muito menos alhures) e nos 
membros da família real portuguesa, 
cuja vida pessoal é estruturada em 
torno de seus hábitos excêntricos 
(principalmente os sexuais) e, vez ou 
outra, de passageiros dramas pessoais. 
” (PIMENTA et al. 2014, p. 25)
 Esse tipo de narrativa sobre o 
passado serve a fins mercadológicos 
única e exclusivamente e traz como 
consequências muitas vezes uma visão 
caricata das personagens envolvidas. Cabe 
ao historiador, portanto, ficar atento a esses 
usos públicos do passado e lançando mão 
das ferramentas teóricas e metodológicas 
disponíveis fazer uma crítica fundamentada 
a essas narrativas, suas intencionalidades e 
finalidades. Esse é um imperativo ético do 
historiador, como afirmam vários autores.
Figura 9 - Logotipo de divulgação de O Quinto dos Infer-
nos. Minissérie abusa de clichês e estereótipos na análise 
das personagens históricas.
52
BUSQUE POR MAIS 
A polêmica sobre os usos públicos e políticos do passado tem se destacado no Brasil 
principalmente em relação à memória do golpe civil-militar e da ditadura. Segundo o 
historiador Carlos Fico, essa polêmica se acirrou após o relatório final da Comissão Na-
cional da Verdade em 2014. Sobre o papel do historiador nessas e em outras questões, 
veja do mesmo autor:
FICO, Carlos. Violência, trauma e frustração no Brasil e na Argentina: o papel do histo-
riador. Topoi (Rio J.), Rio de Janeiro , v. 14, n. 27, p. 239-261, Dec. 2013 .
L I N K : h t t p s : / / w w w . s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t t e x t & p i -
d=S2237-101X2013000200239&lng=en&nrm=iso
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53
FIXANDO O CONTEÚDO
1 - Sobre a relação entre história e etnocentrismo, marque a alternativa correta.
a) ao longo do tempo, o etnocentrismo sempre foi combatido pela história.
b) entre as sociedades mais etnocêntricas existentes, destacam-se as indígenas por não 
terem contato com outros povos.
c) na antiguidade, a história buscava principalmente compreender esses povos diferentes 
e não julgá-los.
d) o questionamento ao etnocentrismo só foi possível devido ao novo entendimento do 
conceito de cultura, mais amplo. 
e) as religiões de matriz africana sempre tiveram destaque como religiões etnocêntricas.
2 - Leia.
I. A vertente mais difundida de etnocentrismo se refere ao eurocentrismo
PORQUE
II. Foi utilizado como pré-texto para ações coloniais em continentes como a África e a Ásia.
A alternativa correta é
a) as asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. 
b) as asserções I e II são verdadeiras, e a II é um complemento da I. 
c) a asserção I é verdadeira, mas a II é falsa. 
d) a asserção I é falsa, mas a II é verdadeira.
e) as asserções I e II são falsas.
3 - Leia o itens abaixo.
I. As leituras etnocêntricas do passado acabaram por privilegiar nos estudos da Antiguidade 
os gregos e os romanos.
II. A emergência de um novo conceito de cultura, mais permeável e flexível permitiu, em 
termos teóricos, um questionamento às práticas etnocêntricas. 
III. A história ensinada tem feito esforços para a superação do etnocentrismo e valorização 
da diversidade cultural, com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC). 
Os itens corretos são
a) somente I.
b) I e II.
c) I, II e III.
54
d) II e III.
e) somente III.
4 - Leia o texto.
“Esses elementos foram sintetizados em um dos pressupostos centrais para o ensino 
brasileiro pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), com base em um de seus temas 
transversais: a Pluralidade Cultural. Dessa forma os textos dos PCNs já incorporavam, 
no final da década de 1990, as mudanças teóricas de definição das identidades que 
circulavam nos meios acadêmicos e movimentos sociais há algumas décadas, criticando 
abertamente a percepção de que a Identidade Nacional seria entendida com base na 
adesão a um conjunto comum de valores culturais por um grupo homogêneo de pessoas. 
Pluralidade cultural, diversidade étnica, identidades plurais e trajetórias históricas distintas 
passaram a ser tratadas como formadores daquilo que se entendia por ‘povo brasileiro’. 
Ou seja, dissolvia-se a ideia de que existia ‘um povo brasileiro’, revelando-se que uma 
única Identidade Nacional só existia quando construíamos e compartilhávamos uma falsa 
imagem. No lugar dessa imagem deveria entrar outra: a do mosaico identitário, ou melhor, 
das Identidades Plurais e das Identidades Parciais.”
OLIVA, Anderson R. . Entre máscaras e espelhos: reflexões sobre a Identidade e o ensino 
nas escolas brasileiras. Revista História. Hoje, v.1, nº1, p. 29-44. 2012.
Segundo o texto, a desconstrução de uma noção de identidade cultural nacional acabou 
por fortalecer o entendimento de que o Brasil 
a) é um país com formação e contribuição de diferentes grupos e etnias.
b) é uma nação que tem desvalorizado a sua identidade nacional.
c) dissolveu uma falsa imagem de povo multiétnico.
d) construiu para si uma imagem de povo multifacetado e acolhedor.
e) não passou por processos de reconstrução de identidade nacional no período recente.
5 - Leia.
 “Em outros termos, aproximando por analogia o desconhecido ao conhecido considera-se 
que a África não tem povo, não tem nação nem Estado; não tem passado, logo, não tem 
história. O problema posto nessa lógica interpretativa possibilita que o diverso, no caso a 
África, seja enquadrado, no grau inferior de uma escala evolutiva que classifica os povos 
como primitivos e civilizados. Mas qual África?”. 
HERNANDEZ, Leila. “O olhar imperial e a invenção da África”. A África na sala de aula: visita 
à história contemporânea. 2ª ed. São Paulo: Selo Negro, 2008. P.18.
A ideia central da autora é
a) que a África se encontra em estágio inferior de desenvolvimento.
b) que a existência de uma nação é grau indispensável para o desenvolvimento de um 
povo.
c) que a África é formada por um conjunto de povos primitivos, mas também de povos 
55
civilizados.
d) a noção de que o passado africano tem sidobastante estudado pelos historiadores.
e) a lógica de que durante muito tempo prevaleceram nos estudos e análises sobre a África 
uma perspectiva etnocêntrica.
6 - Leia o texto.
Estreará em alguns cinemas brasileiros, no próximo dia 31 de março, o vídeo 1964: Entre 
armas e livros. A produção é da Brasil Paralelo, uma produtora . [...] A empresa, contudo, 
afirma que, “como todo conteúdo gerado pela Produtora”, o vídeo “não possui qualquer 
viés político ou ideológico”: trata-se de “uma análise puramente historiográfica do Regime 
Militar no Brasil”. [...] Como se percebe, se a ideia de imparcialidade efetivamente não se 
aplica a esta produção, tampouco podemos supor tratar-se de uma “análise puramente 
historiográfica”, já que faltaria um tanto para que pudesse ser definido como análise e outro 
tanto para que pudesse ser chamado plenamente de historiográfico.” [...] O mesmo ocorre 
com o livro aqui resenhado, pois uma simples leitura já é suficiente para constatar equívocos 
factuais, erros interpretativos, desleixo documental e certos disfarces terminológicos. O 
termo tortura que nunca aparece no livro, por exemplo, se transforma em “extorsão de 
informação” e terrorismo de Estado é convertido em “política coibitiva”.
Ou seja, trata-se de uma obra com claro viés político e ideológico, resultando paradoxalmente 
em algo que seus próprios autores e colaboradores condenam. O problema, gostaria de 
deixar claro, não é a existência do viés, mas sua vergonhosa negação.”
Disponível em: https://www.sul21.com.br/opiniaopublica/2019/03/a-historia-da-ditadura-
contada-pelo-brasil-paralelo-por-fernando-nicolazzi/. Acesso em: 21 abril 2020.
Sobre as obras produzidas pela Brasil Paralelo e suas relações com as finalidades do 
conhecimento histórico, é correto afirmar que o texto
a) defende a validade dessas interpretações alternativas sobre o passado humano.
b) faz uma denúncia do caráter político e ideológico das mesmas, evidenciando seus erros 
teóricos e metodológicos.
c) releva os erros documentais e equívocos factuais em nome da liberdade dos autores.
d) advoga que essas interpretações do passado humano procuram legitimar as 
interpretações consagradas pelos outros historiadores.
e) evidencia que todas as finalidades do conhecimento histórico, inclusive o entretenimento, 
devem ser validadas pelo historiador acriticamente.
7 - Leia.
O exercício do “fazer história”, de indagar, é marcado, inicialmente, pela constituição de um 
sujeito. Em seguida, amplia-se para o conhecimento de um “Outro”, às vezes semelhante, 
muitas vezes diferente. Depois, alarga-se ainda mais em direção a outros povos, com seus 
usos e costumes específicos. Por fim, parte-se para o mundo, sempre em movimento e 
transformação. Em meio a inúmeras combinações dessas variáveis – do Eu, do Outro e do 
Nós –, inseridas em tempos e espaços específicos, indivíduos produzem saberes que os 
tornam mais aptos para enfrentar situações marcadas pelo conflito ou pela conciliação. 
(BRASIL, BNCC, 2017, p. 347).
56
O texto acima deixa evidente que uma finalidade da história é
a) a de promover um ensino centrado em um tempo específico, o que vivemos.
b) a de validar os costumes e usos de um povo perante os outros.
c) o surgimento de linhas de análise que defendem a conciliação de tempos e espaços.
d) a de afirmar as identidades já existentes, reforçando seus laços e formas de validação.
e) o conhecimento e reconhecimento da diversidade cultural e dos que são diferentes.
8 - Leia a frase.
“O conhecimento histórico é considerado legítimo por ter uma dimensão humanista, no 
que se refere à compreensão do gênero humano e das suas diversidades no mundo em 
que está inserido. ”
Pode-se afirmar que ela
a) está certa em sua primeira parte, mas confunde pluralidade e diversidade.
b) está correta em suas duas partes.
c) está equivocada em suas duas partes.
d) apresenta uma visão enviesada e politicamente partidária do passado.
e) destina-se à valorização das formas de entretenimento que se pode obter com o 
conhecimento do passado.
57
A HISTÓRIA NO BRASIL
UNIDADE 6
58
 Neste último capítulo de nossa obra, 
procuraremos abordar mais detidamente 
um pouco do cenário da disciplina da 
história no Brasil, destacando sua trajetória 
particular frente outras nações, suas 
múltiplas relações e processos complexos 
de constituição de seus campos de estudo, 
bem como as influências que ela sofreu 
em sua constituição histórica e algumas 
tendências atuais do debate, incluindo aqui 
o ensino de história.
6.
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 Nós, por essas bandas do Brasil, 
somos herdeiros de um passado 
colonial. Esse passado deixou marcas 
profundas em nossa constituição 
histórica e social e ainda hoje marca 
parte significativa dos debates atuais no 
campo da historiografia. Herdamos dos 
portugueses, e outros países da América 
Latina dos espanhóis, uma série de 
instituições, técnicas, valores e etc. Nossa 
formação histórica está, desde o início, 
ligada ao processo de expansão marítima 
e comercial das potências europeias nos 
séculos XV e XVI. 
 Isso não significa que estejamos 
desconsiderando a contribuição de 
outros grupos como indígenas e 
diversas etnias africanas que aportaram 
no Brasil e que durante tanto tempo 
foram negligenciadas por parte dos 
estudos históricos. Nem que o período 
anterior à chegada sistemática dos 
portugueses a essas terras deva ser 
desconsiderado. O que se argumenta 
é que esse legado português em boa 
parte para se legitimar acabou por 
desconsiderar, apagar e destruir outros 
legados culturais existentes e que por 
isso, também, acabamos enquanto 
sociedade por projetar mais valores 
e maiores contribuições para nossa 
formação no legado português.
 Por outro lado, é preciso ressaltar 
que esse processo de inserção do Brasil 
colônia ou América Portuguesa nos 
quadros de uma economia mercantil que 
começava a atingir escala planetária, vai 
assumindo novas feições a medida que os 
séculos se desenrolam. Já no século XIX, 
por exemplo, novas lógicas econômicas, 
já com o advento da industrialização, 
emergem e reconfiguram nosso espaço 
de atuação, outras como a do escravismo 
do Atlântico Sul permanecem, todo nosso 
processo de imersão nessa economia 
mundial complexo, contraditório e 
fazendo com que determinados espaços 
e regiões estejam mais ou menos 
59
6.
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afetados por essa lógica. Enfatizamos, 
também, que essa formação do sistema 
capitalista ao longo desses cinco séculos 
precedentes em grande parte molda as 
estruturas econômicas e sociais do Brasil. 
No século XX, assistiremos à construção 
de um Estado Moderno a partir dos anos 
1930, com instituições que em grande 
parte compõem nosso cenário até a 
atualidade. Instituições que constituímos, 
reconfiguramos ou muitas vezes copiamos 
de outros países. Por fim, em períodos mais 
recentes, notadamente pós-constituição 
de 1988, assistiremos a novas configurações 
e formatações da nossa formação nacional, 
incorporando as demandas de uma 
sociedade diversa e democrática. É dentro 
desse escopo que a escrita da história no 
Brasil se deu e se dá.
 Antes de o Brasil se tornar um “corpo 
político autônomo” em 1822 e consolidar-
se dessa maneira com a Constituição 
outorgada de 1824, o reconhecimento de 
sua Independência por Portugal e outras 
nações, ou seja, enquanto éramos uma 
possessão colonial portuguesa, não se 
pode dizer que havia produção de saber 
histórico propriamente aqui no Brasil. 
 Havia, contudo, uma série de 
cronistas, muitas vezes contratados 
pela coroa portuguesa, a para escrever a 
história do Império. Com a dinâmica da 
colonização e ocupação do território se 
desenvolvendo e as câmaras municipais 
(algumas) também vão passar a contar 
com esse tipo de narrador dos fatos 
passados. Essas crônicas constituíram 
um gênero de história importante,voltado para a narrativa e descrição dos 
fatos. Eram tributárias das academias 
letradas, sociedades históricas e demais 
instituições que congregavam os homens 
de letra da época. Normalmente eram 
ocupadas por ministros, marqueses e 
barões e evidenciava uma estrita ligação 
entre a escrita da história e o poder oficial. 
Era uma história eminentemente oficial.
 Dentro desse período, destacamos 
duas obras e autores. A primeira é 
Diálogo das Grandezas do Brasil, escrito 
no século XVII e atribuído a Ambrósio 
Fernandes Brandão. Suas páginas tratam 
da geografia do lugar, dos indígenas, 
das atividades econômicas (engenho e 
comércio, principalmente) entre outras. 
A segunda é obra de João Antônio 
Andreoni (Antonil), autor de Cultura e 
Opulência no Brasil (publicada em Lisboa 
no início do século XVIII). Antonil teve 
sua obra proibida e foi perseguido pelo 
que escreveu, mas seu livro é um relato 
consistente da situação econômica da 
colônia no período inicial da descoberta 
de metais preciosos na região das 
minas. Mais importante é destacar 
que essas obras, juntamente com os 
relatos de viagens europeus, constituem 
60
instrumentos e fontes indispensáveis para 
o conhecimento da história do Brasil nesse 
período.
 Com a emancipação política em 1822 
e a construção do Estado Imperial na década 
de 1840, a nascente nação precisava de um 
discurso que unificasse toda a gama de povos 
diferentes que aqui habitavam e estavam 
espalhados por áreas tão diversas. Esse discurso 
em favor de uma nacionalidade brasileira foi 
habilmente construído a partir de um local, 
o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - 
IHGB. 
 Como nos ensina Manoel Salgado 
Guimarães
Assim, é no bojo do processo de 
consolidação do Estado Nacional que se 
viabiliza um projeto de pensar a história 
brasileira de forma sistematizada. A 
criação, em 1838, do Instituto Histórico 
e Geográfico Brasileiro (IHGB) vem 
apontar em direção à materialização 
deste empreendimento, que mantém 
profundas relações com a proposta 
ideológica em curso. Uma vez 
implantado o Estado Nacional, impunha-
se como tarefa o delineamento de um 
perfil para a “Nação brasileira”, capaz 
de lhe garantir uma identidade própria 
no conjunto mais amplo das “ Nações”, 
de acordo com os novos princípios 
organizadores da vida social do século 
XIX. (GUIMARÃES, 1988, p. 6)
 Se na América Espanhola, desde o início 
da colonização, havia instituições de ensino 
superior, em terras brasileiras esse processo 
só se inicia no século XIX, mas a produção 
considerada legítima de história ficou durante 
boa parte do Império e início da República 
confinada a uma instituição financiada pelo 
Estado Brasileiro e cujo imperador era membro 
efetivo.
 Um dos nossos principais historiadores 
do século XIX foi Francisco Adolfo de Varnhagen. 
Sua obra se baseia em dois pressupostos 
interpretativos: a superioridade da forma 
monárquica (grande responsável pela unidade 
territorial) e a superioridade da raça branca. 
Em suma, Varnhagen fazia o elogio de uma 
civilização branca, europeia e monárquica 
como ideal para o Brasil e avaliava a colonização 
portuguesa como extremamente benéfica 
para nossa formação histórica. Não é preciso 
muito para destacar que essa hierarquia 
entre as culturas promovida por Varnhagen 
acaba por lançar fundamentos ideológicos 
para constituição de determinado projeto de 
país em contraste com os países da América 
Latina (tidos como terra de caudilhos 
sanguinários) e contra os legados indígenas 
e africanos em nossa formação.
 Contudo, não podemos cair naquilo 
que Lucien Febvre dizia ser o “pecado mortal 
dos historiadores”, o anacronismo. A obra 
de Varganhen deve ser analisada dentro 
de seu contexto de produção e circulação, 
identificando suas intencionalidades e 
para qual público leitor ele se dirigia, em 
suma, deve ser entendida em seu contexto 
de época, sem que projetemos sobre ela 
nossos valores e formas de conceber o saber 
histórico.
 No período republicano, na fase final 
da chamada “República Velha” e início do 
período governado por Getúlio Vargas, 
a produção do saber histórico no Brasil 
sofrerá uma série de inflexões e mudanças. 
A primeira delas diz respeito ao lugar social 
de produção desse conhecimento. Se 
durante o século XIX, ela era feita em uma 
instituição diretamente ligada às fontes do 
poder político, escrevendo muitas vezes uma 
história oficial, nessas décadas de 1920 e 1930 
a produção se desloca para as universidades 
que emergiam no país.
 Inicia-se um processo de 
institucionalização de disciplinas ligadas 
à história, principalmente a partir da 
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da 
Universidade de São Paulo (USP), fundada 
na década de 1930. A influência francesa 
aqui será notável, basta notar currículos, 
programas e livros que começaram a ser 
produzidos nesse período.
 Toma forma em sua maior plenitude 
nesse período também um gênero de escrita 
da história que produzirá obras fundamentais 
e consideradas até hoje clássicas para o 
entendimento do Brasil, trata-se do ensaio. 
Entre seus maiores expoentes estão Gilberto 
Freyre com Casa-Grande e Senzala, de 1933 
61
e Sérgio Buarque de Holanda com Raízes 
do Brasil , de 1936 e Caio Prado Júnior com 
Formação do Brasil Contemporâneo, de 1942.
 Essa historiografia procurará criar 
grandes linhas interpretativas, linhas de 
continuidade de nosso passado com o 
presente, propondo chaves explicativas para 
boa parte de nossos dilemas. Conceitos como 
Democracia Racial (Freyre), Patrimonialismo 
e Homem Cordial (Holanda) e um intenso 
legado de análise social marxista (Prado 
Júnior) irão nortear em parte significativa 
nossa produção historiográfica até pelo 
menos os anos 1970.
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 Esta última parte de nossos escritos procurará abordar algumas áreas recém-
constituídas ou renovadas pelas quais os historiadores brasileiros têm atuado nas últimas 
décadas. Essas novas abordagens se relacional bastante com o tempo que vivemos, do 
fim da ditadura civil-militar, a democratização do saber e a institucionalização e ampliação 
dos programas de Pós-Graduação em História e das instituições públicas e a emergência 
de novos atores sociais. Observe o quadro a seguir para compreender algumas dessas 
vertentes.
Corrente Inovações
Micro-história Surgida na Itália, procura, a partir de análises de trajetórias de indivíduos, entender os me-
canismos de funcionamento das grandes estruturas. A micro-história procurou valorizar o 
universo das relações e seu dinamismo, além da dimensão da experiência dos indivíduos, 
redimensionando o seu papel.
História 
econômica
Aparece renovada depois do período fundador entre 1930 e 1970 com historiadores como 
Caio Prado Júnior, Ciro Flamarion Cardoso e Jacob Gorender, ao aproximar-se da socio-
logia, incorporar novos eixos temáticos e fontes históricas diversas. Suas mais destacadas 
atualmente são os estudos acerca do mercado interno, de estruturas agrárias da época da 
escravidão, comércio exterior e industrialização,
demografia, história empresarial etc.
História
Intelectual
Durante vigência da Primeira e Segunda Geração dos Annales, a história intelectual ficou 
de certa forma jogada para escanteio. Entrentanto, em lugares como a Inglaterra, prin-
cipalmente, autores como John Pocock e Quentin Skinner renovaram as abordagens ao 
passar de uma história do pensamento político para uma história do discurso político. 
Nesse sentido, advogam a variedade de linguagens do discurso político, a participação 
dos atores nesse debate e procuram historicizar esse debate, ao identificar formas de tra-
dução, transmutação e recepção desses discursos políticos.
Nova história 
Política
As duas primeiras gerações dos Annales relegaram a um limbo a história política. En-
tretanto, alguns autores procuraram renovar essa perspectiva mostrando a validade do 
mundo político. René Remond, por exemplo,aponta que nesse esforço de renovação o 
contato com a sociologia, a ciência política, a antropologia e a linguística foram essenciais.
História Cultural 
e das 
mentalidades
Bastante criticada por seus “modismos” e fragilidades intelectuais, a história das men-
talidades mais recentemente aproximou-se das perspectivas estabelecidas pela História 
Cultural. Entre outras mudanças, essa História Cultural tem apreço pelas manifestações 
anônimas, da cultura popular, não apenas do universo letrado e erudito. Também preco-
niza o resgate das classes sociais e dos mecanismos de dominação no plano das simbolo-
gias e suas relações com as estruturas de produção desses símbolos.
 Cada uma dessas vertentes estudadas acima inovou numa série de pressupostos 
que por fugir dos propósitos dessa obra não serão discutidos aqui. Elas acabaram também 
por muitas vezes abusar da interdisciplinaridade, mas da mesma forma da crítica ao uso 
inapropriado desse recurso, ao muitas vezes apagarem as fronteiras do saber histórico. 
 Outro aspecto dessas correntes é que hoje, em parte significativa dos departamentos 
de história das principais universidades brasileiras, os historiadores brasileiros acompanham 
em tempo real essas inovações, produzindo obras de bastante vigor. Recentemente, 
reportagem do jornal Folha de São Paulo mostrou que, ao contrário do que muitas 
vezes se apregoa com relação à história e às humanidades em geral, essas áreas tiveram 
crescimento na quantidade e qualidade da sua produção de conhecimento e ajudaram a 
elevar o Brasil a um dos 15 (quinze) países que mais produzem conhecimento no mundo.
63
BUSQUE POR MAIS 
Recomendamos o canal Xadrez Verbal que traz boas discussões sobre a história e a 
historiografia.
LINK: https://www.youtube.com/user/xadrezverbal
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64
FIXANDO O CONTEÚDO
1 - Sobre o contexto de produção de conhecimento histórico no Brasil, é correto afirmar 
que:
a) somos herdeiros exclusivamente do passado colonial português.
b) nossa herança cultural se constituiu no período posterior a 1500 apenas.
c) a herança cultural de povos africanos e de indígenas pré-1500 e pós-1500 muitas vezes 
foi desconsiderada.
d) as condições de produção desse conhecimento mantiveram-se basicamente 
semelhantes desde o século XIX.
e) as metodologias utilizadas para produção desse conhecimento avançaram bastante, 
mas em termos teóricos continuamos atrasados.
2 - Sobre a produção de conhecimento histórico no período colonial, destacam-se:
a) obras como Diálogos das grandezas do Brasil e Cultura e Opulência do Brasil, importantes 
fontes de estudos do período.
b) obras como Diálogos das grandezas do Brasil e Cultura e Opulência do Brasil, mas hoje 
deixadas de lado pela historiografia.
c) obras escritas por viajantes naturalistas com uma ampla compreensão do Outro.
d) obras de caráter apologético e político, com erros factuais.
e) obras sofisticadas do ponto de vista teórico, mas que não recorreram a fontes históricas.
3 - A historiografia produzida pelo IHGB no século XX tinha como principal função
a) validar o governo de D. Pedro II.
b) a construção de uma história nacional.
c) questionar a historiografia produzida em outros lugares na América do Sul.
d) acirrar os regionalismos, procurando validá-los.
e) espelhar-se naquilo que era feito em termos de produção de conhecimento histórico 
em Portugal para mostrar a validade da herança portuguesa.
4 - Leia.
Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de 
cordialidade - daremos ao mundo o “homem cordial”. A lhaneza [afabilidade] no trato, a 
hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, 
representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, 
em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio 
humano, informados no meio rural e patriarcal. Seria engano supor que essas virtudes 
possam significar “boas maneiras”, civilidade. São antes expressões de um fundo emotivo 
extremamente rico e transbordante. Nossa forma ordinária de convívio social é, no fundo, 
justamente o contrário da polidez.
65
HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, pp. 146-147.
Em Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda utiliza o conceito de “homem cordial
a) para definir o caráter nacional brasileiro, cuja origem encontra-se em nossos ancestrais 
ibéricos.
b) como fruto da análise da psicologia do brasileiro, por meio da qual busca estabelecer os 
traços genéricos da cultura nacional.
c) para descrever o modo de ser de todo brasileiro, isto é, um indivíduo afetuoso e acolhedor, 
características elogiadas pelos estrangeiros que visitam o país.
d) como um tipo ideal, sem existência efetiva; com esse conceito, busca compreender a 
conduta dos agentes sociais sem pretender fixar um caráter nacional.
e) para indicar como a cordialidade foi imprescindível para a consolidação da democracia 
no Brasil, criando instituições marcadas pelas relações familiares e pessoais.
5 - Leia o texto.
“A história cultural, outrora uma Cinderela entre as disciplinas, desprezada por suas irmãs 
mais bem-sucedidas, foi redescoberta nos anos 1970 (...). Desde então vem desfrutando 
de uma renovação, sobretudo no mundo acadêmico - a história apresentada na televisão, 
pelo menos na Grã-Bretanha, continua sendo em sua maior parte militar, política e, em 
menor extensão, social. (...). O propósito deste livro é exatamente explicar não apenas a 
redescoberta, mas também o que é história cultural, ou melhor, o que os historiadores 
culturais fazem.”
BURKE, Peter. O que é história cultural? Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005, p. 7.
A alternativa correta
a) A ascensão da história cultural não está associada a uma “virada cultural” mais ampla 
nos estudos universitários, em termos de ciência política, geografia, economia, psicologia, 
antropologia e estudos culturais. 
b) dentro da produção da chamada nova história cultural destacam-se as contribuições dos 
estudos pós-coloniais e feministas, que ofereceram novas abordagens, novas perspectivas 
e novos problemas históricos. 
c) para historiadores da nova história cultural as relações econômicas e sociais são anteriores 
às culturais e as determinam; elas próprias não são constituintes da prática cultural e 
produção cultural, os principais objetos de estudo da história cultural. 
d) a “virada cultural” não atingiu o âmbito externo à academia, mas está ligada a uma 
mudança na percepção manifestada em expressões como “cultura da pobreza” e “cultura 
do medo”, assim como no debate sobre multiculturalismo e nas chamadas “guerras de 
culturas”.
e) a nova história cultural pouco renovou os parâmetros usados na historiografia brasileira 
devido às barreiras linguísticas.
6 - Leia.
A teoria da democracia racial, derivada a partir da hipótese de pesquisa desenvolvida por 
66
Gilberto Freyre, principalmente com sua obra “Casa-Grande e Senzala”, pode ser relacionada 
à política de cotas implementada nos institutos federais a partir da Lei 12.711 de 29 de 
agosto de 2012. Dentre as opções abaixo, marque a CORRETA em relação ao conteúdo do 
enunciado acima.
a) A teoria desenvolvida por Gilberto Freyre contribui para explicar a diferença entre os 
níveis de violência racial ocorridos nos EUA e no Brasil, bem como sustenta teoricamente a 
política de cotas raciais adotada em nosso país.
b) A teoria da democracia racial, derivada da obra de Freyre, sustenta uma suposta 
convivência pacífica e democrática entre os negros, indígenas e brancos europeus, de 
modo a sustentar a política de cotas raciais.
c) A teoria desenvolvida por Freyre atribui uma visão romantizada da realidade, tornando 
invisíveis várias formas de violência praticadas por brancos europeus em relação aos negros. 
A política de cotas raciais, nesse sentido, visa validar a teoria de Freyre.
d) A teoria da democracia racial, derivada da obra de Freyre, mascara em grandemedida a 
violência praticada por brancos contra negros no Brasil, sustentando de certo modo parte 
das críticas atribuídas à adoção de cotas raciais no país.
e) A teoria da democracia racial de Freyre tem por princípio desvelar todas as formas de 
violência de brancos contra negros no Brasil, amparando teoricamente a adoção de cotas 
raciais como forma de compensação histórica.
7 - Leia o texto a seguir.
“O homem cordial pode ser visto como um tipo ideal weberiano: ele seria o precipitado 
de uma formação social caracterizada pela onipresença da esfera privada, logo, pelo 
primado das relações pessoais. Ora, a cordialidade não deve ser compreendida como uma 
característica essencialmente brasileira, mas antes como um traço estrutural de sociedades 
cujo espaço público enfrenta dificuldades para afirmar sua autonomia em relação à esfera 
privada. O conceito de cordialidade é um importante instrumento analítico para o estudo 
de grupos sociais dotados de elevado grau de autocentramento, portanto, em alguma 
medida, resistentes a pressões externas. ” (Rocha, João Cezar de Castro. Brasil nenhum 
existe. Folha de São Paulo, Domingo, 09 de janeiro de 2000).
O texto acima propõe uma revisão da tese do “homem cordial”, desenvolvida pelo seguinte 
intelectual brasileiro:
a) João Ubaldo Ribeiro.
b) Machado de Assis.
c) Ribeiro Couto.
d) Afonso Arinos de Melo Franco.
e) Sérgio Buarque de Holanda.
8 - Para Caio Prado Júnior, a formação brasileira se completaria no momento em que fosse 
superada a nossa herança de inorganicidade social - o oposto da interligação com objetivos 
internos - trazida da colônia. Este momento alto estaria, ou esteve, no futuro. Se passamos 
a Sérgio Buarque de Holanda, encontraremos algo análogo. O país será moderno e estará 
formado quando superar a sua herança portuguesa, rural e autoritária, quando então 
teríamos um país democrático. Também aqui o ponto de chegada está mais adiante, na 
67
dependência das decisões do presente. Celso Furtado, por seu turno, dirá que a nação 
não se completa enquanto as alavancas de comando, principalmente econômico, não 
passarem para dentro do país. Como para outros dois, a conclusão do processo encontra-
se no futuro, que agora parece remoto.
Schwarz, R. Sequências brasileiras. SP: Cia das Letras.
O que une as visões desses autores sobre o Brasil é:
a) a noção de que o futuro tem que ser construído.
b) a noção de que o presente que importa.
c) a ideia de que nosso passado tem que ser valorizado.
d) a premissa de que o passado deve ser desprezado.
e) a ideia de que nosso passado é de que só a superação de nosso atraso construirá um 
futuro melhor.
68
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 1: UMA HISTÓRIA DA 
HISTÓRIA
UNIDADE 3: O(S) TEMPO(S)
UNIDADE 5: PARA QUE SERVE A 
HISTÓRIA
UNIDADE 2: PROFISSÃO HISTORIADOR
UNIDADE 4: AS FONTES 
E A PRODUÇÃO DO 
CONHECIMENTO HISTÓRICO
UNIDADE 6: HISTÓRIA DO BRASIL
QUESTÃO 1: A
QUESTÃO 2: D
QUESTÃO 3: D
QUESTÃO 4: A
QUESTÃO 5: A
QUESTÃO 6: B
QUESTÃO 7: C
QUESTÃO 8: D
QUESTÃO 1: A
QUESTÃO 2: D 
QUESTÃO 3: A
QUESTÃO 4: E
QUESTÃO 5: D
QUESTÃO 6: B
QUESTÃO 7: A
QUESTÃO 8: A
QUESTÃO 1: D
QUESTÃO 2: B 
QUESTÃO 3: C
QUESTÃO 4: A
QUESTÃO 5: E
QUESTÃO 6: B
QUESTÃO 7: E
QUESTÃO 8: B
QUESTÃO 1: C
QUESTÃO 2: D 
QUESTÃO 3: A
QUESTÃO 4: C
QUESTÃO 5: B
QUESTÃO 6: B
QUESTÃO 7: E
QUESTÃO 8: B
QUESTÃO 1: D
QUESTÃO 2: D 
QUESTÃO 3: A
QUESTÃO 4: A
QUESTÃO 5: A
QUESTÃO 6: E
QUESTÃO 7: B
QUESTÃO 8: B
QUESTÃO 1: C
QUESTÃO 2: A 
QUESTÃO 3: B
QUESTÃO 4: A
QUESTÃO 5: B
QUESTÃO 6: D
QUESTÃO 7: E
QUESTÃO 8: E
69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLOCH, Marc. Apologia da História e o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 
2001.
BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. 2ª ed. Revisada. São Paulo: Brasiliense, 1993. 
(Coleção Primeiros Passos; 17). 
CARDOSO, Ciro Flamarion & VAINFAS, Ronaldo (orgs.). Domínios da história: ensaios de 
teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
DOSSE, François. A História em migalhas: dos Annales à Nova História. São Paulo. Ensaio. 
1992.
FICO, Carlos. Violência, trauma e frustração no Brasil e na Argentina: o papel do historiador. 
Topoi (Rio J.), Rio de Janeiro , v. 14, n. 27, p. 239-261, Dec. 2013 . Disponível em:<http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-101X2013000200239&lng=en&nrm=iso>.
GUIMARÃES, Manoel Salgado. Nação e civilização nos trópicos: O Instituto Histórico 
e Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história nacional. Estudos Históricos, Rio de 
Janeiro, nº 1, 1998, p. 5-27.
KOSELLECK, R. Futuro passado: Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de 
Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.
NICOLAZZI, F. Muito além das virtudes epistêmicas: o historiador público em um mundo 
não linear. Revista Maracanan. p. 18-34. 2018.
REMOND, René. Por uma história política. Tradução Dora Rocha. 2ª edição. Rio de Janeiro: 
Editora FGV, 2003. 
THOMPSON, Edward P. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Lisboa: Edições 70, s.d.
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