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Prévia do material em texto

DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Inquérito Policial 
1) OAB/FGV – EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXVII – 2018 
Após receber denúncia anônima, por meio de disque denúncia, de 
grave crime de estupro com resultado morte que teria sido praticado por Lauro, 
19 anos, na semana pretérita, a autoridade policial, de imediato, instaura inquérito 
policial para apurar a suposta prática delitiva. Lauro é chamado à Delegacia e 
apresenta sua identidade recém-obtida; em seguida, é realizada sua identificação 
criminal, com colheita de digitais e fotografias. 
Em que pese não ter sido encontrado o cadáver até aquele momento 
das investigações, a autoridade policial, para resguardar a prova, pretende colher 
material sanguíneo do indiciado Lauro para fins de futuro confronto, além de 
desejar realizar, com base nas declarações de uma testemunha presencial 
localizada, uma reprodução simulada dos fatos; no entanto, Lauro se recusa tanto 
a participar da reprodução simulada quanto a permitir a colheita de seu material 
sanguíneo. É, ainda, realizado o reconhecimento de Lauro por uma testemunha 
após ser-lhe mostrada a fotografia dele, sem que fossem colocadas imagens de 
outros indivíduos com características semelhantes. 
Ao ser informado sobre os fatos, na defesa do interesse de seu cliente, 
o(a) advogado(a) de Lauro, sob o ponto de vista técnico, deverá alegar que: 
a) o inquérito policial não poderia ser instaurado, de imediato, com base em 
denúncia anônima isoladamente, sendo exigida a realização de diligências 
preliminares para confirmar as informações iniciais. 
b) o indiciado não poderá ser obrigado a fornecer seu material sanguíneo para a 
autoridade policial, ainda que seja possível constrangê-lo a participar da 
reprodução simulada dos fatos, independentemente de sua vontade. 
c) o vício do inquérito policial, no que tange ao reconhecimento de pessoa, invalida 
a ação penal como um todo, ainda que baseada em outros elementos 
informativos, e não somente no ato viciado. 
d) a autoridade policial, como regra, deverá identificar criminalmente o indiciado, 
ainda que civilmente identificado, por meio de processo datiloscópico, mas não 
poderia fazê-lo por fotografias. 
 
COMENTÁRIOS: 
Em primeiro lugar, se você errou essa pergunta: NÃO SE DESESPERE! 
Essa é uma questão considerada como MUITO DIFÍCIL. 
Há muitas coisas que você precisa saber a respeito de todas as alternativas, 
mas vamos focar basicamente apenas no motivo de a alternativa A estar certa, do que 
no motivo de as outras estarem erradas. Caso contrário, discorreríamos mais de 5 
páginas apenas nessa questão. 
O fundamento legal para que a alternativa A esteja correta está no Artigo 5º, 
parágrafo 3º do Código de Processo Penal, que diz: 
 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência 
de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou 
por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a 
procedência das informações, mandará instaurar inquérito. 
 
 
Vejam que a Autoridade Policial vai instaurar o inquérito DEPOIS DE 
VERIFICADA AS PROCEDÊNCIAS DAS INFORMAÇÕES. No caso em questão, foi 
mencionado que a Autoridade Policial IMEDIATAMENTE iniciou o Inquérito Policial. 
A respeito disso, verifiquem sobre o tema “delatio criminis inqualificada” 
(denúncia anônima). Separamos uma matéria MUITO bacana publicada no Conjur pra 
você. Acesse pelo link no rodapé dessa página.1 
 
GABARITO: ALTERNATIVA A 
 
Ação Penal 
2) OAB/FGV – EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXVII – 2018 
Flávio apresentou, por meio de advogado, queixa-crime em desfavor 
de Gabriel, vulgo “Russinho”, imputando-lhe a prática do crime de calúnia, pois 
Gabriel teria imputado falsamente a Flávio a prática de determinada contravenção 
penal. 
Na inicial acusatória, assinada exclusivamente pelo advogado, consta 
como querelado apenas o primeiro nome de Gabriel, o apelido pelo qual é 
conhecido, suas características físicas e seu local de trabalho, tendo em vista que 
Flávio e sua defesa técnica não identificaram a completa qualificação do suposto 
autor do fato. A peça inaugural não indicou rol de testemunhas, apenas acostando 
prova documental que confirmaria a existência do crime. Ademais, foi acostada 
ao procedimento a procuração de Flávio em favor de seu advogado, na qual 
consta apenas o nome completo de Flávio e seus dados qualificativos, além de 
poderes especiais para propor eventuais queixas-crime que se façam pertinentes. 
Após citação de Gabriel em seu local de trabalho para manifestação, 
considerando apenas as informações expostas, caberá à defesa técnica do 
querelado pleitear, sob o ponto de vista técnico, a rejeição da queixa-crime: 
a) sob o fundamento de que não poderia ter sido apresentada sem a completa 
qualificação do querelado, sendo insuficiente o fornecimento de características 
físicas marcantes, apelido e local de trabalho que poderiam identificá-lo. 
 
1 Disponível em https://www.conjur.com.br/2013-ago-04/admissao-delacao-anonima-depende-diligencia-preliminar-stj 
Acesso em 25/04/2019 
b) porque, apesar de fornecidos imprescindíveis poderes especiais, a síntese do 
fato criminoso não consta da procuração. 
c) porque a classificação do crime não foi adequada de acordo com os fatos 
narrados, e a tipificação realizada vincula a autoridade judicial. 
d) tendo em vista que não consta, da inicial, o rol de testemunhas. 
 
COMENTÁRIOS: 
Há algumas perguntas atrás falamos especialmente sobre a procuração do 
advogado envolvendo a queixa-crime. Falamos que ela deveria ter poderes especiais 
por força do Artigo 44 do Código de Processo Penal, devendo ser detalhada quanto ao 
fato criminoso para o qual o réu seria imputado. 
Apenas para que não precisem pegar o código, vamos colocar abaixo dois 
artigos importantes sobre essa questão: 
 
Artigo 41, CPP – A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato 
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a 
classificação do crime e, quando necessário, o rol das 
testemunhas. 
 
Artigo 44, CPP – A queixa poderá ser dada por procurador com 
poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato 
o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando 
tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser 
previamente requeridas no juízo criminal. 
 
Notem que a letra A não está correta porque, conforme dispõe o Artigo 44 
segunda parte. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA B 
 
 
3) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 
Gabriel, nascido em 31 de maio 1999, filho de Eliete, demonstrava sua 
irritação em razão do tratamento conferido por Jorge, namorado de sua mãe, para 
com esta. Insatisfeito, Jorge, no dia 1º de maio de 2017, profere injúria verbal 
contra Gabriel. 
Após a vítima contar para sua mãe sobre a ofensa sofrida, Eliete 
comparece, em 27 de maio de 2017, em sede policial e, na condição de 
representante do seu filho, renuncia ao direito de queixa. No dia 02 de agosto de 
2017, porém, Gabriel, contra a vontade da mãe, procura auxílio de advogado, 
informando que tem interesse em ver Jorge responsabilizado criminalmente pela 
ofensa realizada. 
Diante da situação narrada, o(a) advogado(a) de Gabriel deverá 
esclarecer que: 
 
a) Jorge não poderá ser responsabilizado criminalmente, em razão da renúncia do 
representante legal do ofendido, sem prejuízo de indenização no âmbito cível. 
b) poderá ser proposta queixa-crime em face de Jorge, mas, para que o patrono 
assim atue, precisa de procuração com poderes especiais. 
c) Jorge não poderá ser responsabilizado criminalmente em razão da decadência, 
tendo em vista que ultrapassados três meses desde o conhecimento da autoria. 
d) poderá ser proposta queixa-crime em face de Jorge, pois, de acordo com o 
Código de Processo Penal, ao representante legal é vedado renunciar ao direito 
de queixa. 
 
COMENTÁRIOS: 
A primeirapergunta que fazemos neste caso é: Pode o representante legal 
renunciar ao direito de queixa? E depois: Isso impede que o ofendido busque sanção 
penal para o ofensor? 
Em relação à primeira pergunta, devemos pegar como base legal o Artigo 
50 do Código de Processo Penal, que assim dispõe: 
Artigo 50, CPP – A renúncia expressa constará da declaração assinada 
pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com 
poderes especiais. 
Parágrafo único – A renúncia do representante legal do menor que 
houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito 
de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. 
 
Uma vez munidos da informação de que o ofendido pode sim apresentar 
queixa-crime, vem a segunda parte da questão que precisamos saber: a de que a 
procuração para apresentação de QUALQUER queixa-crime deve ir munida de poderes 
especiais, conforme dispõe Artigo 44 do CPP, que assim dispõe: 
 
Artigo 40, CPP – A queixa poderá ser dada por procurador com 
poderes especiais, devendo constar no mandato o nome do 
querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais 
esclarecimentos dependerem de diligência que devem ser previamente 
requeridas no juízo criminal. 
 
A procuração com poderes especiais é justamente isso, pessoal. Uma 
procuração específica. Precisa quanto à causa de pedir. Descrevendo os fatos, quando 
ocorreram, quem foi o ofensor e quem foi o ofendido. 
Se a procuração não for dessa maneira, a queixa-crime será inepta. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA B 
 
4) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 
Após uma partida de futebol amador, realizada em 03/05/2018, o atleta 
André se desentendeu com jogadores da equipe adversária. Ao final do jogo, 
dirigiu-se ao estacionamento e encontrou, em seu carro, um bilhete anônimo, em 
que constavam diversas ofensas à sua honra. Em 28/06/2018, André encontrou 
um dos jogadores da equipe adversária, Marcelo, que lhe confessou a autoria do 
bilhete, ressaltando que Luiz e Rogério também estavam envolvidos na ofensa. 
André, em 17/11/2018, procurou seu advogado, apresentando todas as 
provas do crime praticado, manifestando seu interesse em apresentar queixa-
crime contra os três autores do fato. Diante disso, o advogado do ofendido, após 
procuração com poderes especiais, apresenta, em 14/12/2018, queixa-crime em 
face de Luiz, Rogério e Marcelo, imputando-lhes a prática dos crimes de calúnia e 
injúria. 
Após o recebimento da queixa-crime pelo magistrado, André se 
arrependeu de ter buscado a responsabilização penal de Marcelo, tendo em vista 
que somente descobriu a autoria do crime em decorrência da ajuda por ele 
fornecida. Diante disso, comparece à residência de Marcelo, informa seu 
arrependimento, afirma não ter interesse em vê-lo responsabilizado 
criminalmente e o convida para a festa de aniversário de sua filha, sendo a 
conversa toda registrada em mídia audiovisual. 
Considerando as informações narradas, é correto afirmar que o(a) 
advogado(a) dos querelados poderá 
a) questionar o recebimento da queixa-crime, com fundamento na ocorrência de 
decadência, já que oferecida a inicial mais de 06 meses após a data dos fatos. 
b) buscar a extinção da punibilidade dos três querelados, diante da renúncia ao 
exercício do direito de queixa realizado por André, que poderá ser expresso ou 
tácito. 
c) buscar a extinção da punibilidade de Marcelo, mas não de Luiz e Rogério, em 
razão da renúncia ao exercício do direito de queixa realizado por André. 
d) buscar a extinção da punibilidade dos três querelados, caso concordem, diante 
do perdão oferecido a Marcelo por parte de André, que deverá ser estendido aos 
demais coautores. 
 
COMENTÁRIOS: 
Em primeiro lugar, não há que se falar em prescrição porque ela começa a 
contar do conhecimento da autoria, e não do fato. Ademais, vejamos o disposto no 
Artigo 51 do CPP, bem como nos Artigos 106, I, parágrafo 1º e 107, V do Código Penal: 
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, 
sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. 
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: I - 
se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; § 1º - 
Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a 
vontade de prosseguir na ação. 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: V - pela renúncia do direito de 
queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; 
Gabarito: Alternativa D 
 
Competência 
5) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 
Jucilei foi preso em flagrante quando praticava crime de estelionato 
(Art. 171 do CP), em desfavor da Petrobras, sociedade de economia mista federal. 
De acordo com os elementos informativos, a fraude teria sido realizada na cidade 
de Angra dos Reis, enquanto a obtenção da vantagem ilícita ocorreu na cidade do 
Rio de Janeiro, sendo Jucilei preso logo em seguida, mas já na cidade de Niterói. 
Ainda em sede policial, Jucilei entrou em contato com seu(sua) 
advogado(a), que compareceu à Delegacia para acompanhar seu cliente, que seria 
imediatamente encaminhado para a realização de audiência de custódia perante 
autoridade judicial. 
Considerando as informações narradas, o(a) advogado(a) deverá 
esclarecer ao seu cliente que será competente para processamento e julgamento 
de eventual ação penal pela prática do crime do Art. 171 do Código Penal, o juízo 
junto à: 
a) Vara Criminal Estadual da Comarca do Rio de Janeiro 
b) Vara Criminal Estadual da Comarca de Angra dos Reis 
c) Vara Criminal Federal com competência da cidade do Rio de Janeiro 
d) Vara Criminal Federal com competência da cidade de Angra dos Reis 
 
COMENTÁRIOS: 
Há dois pontos importantíssimos que vão fazer você acertar essa questão: 
 
1 – A competência é da Justiça Estadual ou Federal? 
2 – A competência é do Rio de Janeiro ou de Angra dos Reis? 
 
Para responder a questão 1, é de suma importância você ter conhecimento 
sobre a Súmula 42 do STJ: 
 
Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas 
cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes 
praticados em seu detrimento. 
 
Nesse caso, a própria questão informou que a Petrobras é empresa de 
economia mista. A pegadinha é que disse que é uma empresa de “sociedade de 
economia mista ‘federal’”. Isso não importa. Por se tratar de sociedade de economia 
mista, a justiça competente será a Estadual. 
Dito isso, vamos ao segundo ponto: 
 
A competência no PROCESSO penal está delimitada a partir do Artigo 70 
do Código de Processo Penal, que será, em regra, do lugar onde ocorreu a 
CONSUMAÇÃO do delito. 
 
Vejamos a seguinte jurisprudência: 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. ESTELIONATO E FORO 
COMPETENTE PARA PROCESSAR A PERSECUÇÃO PENAL. 
Compete ao juízo do foro onde se encontra localizada a agência 
bancária por meio da qual o suposto estelionatário recebeu o proveito 
do crime - e não ao juízo do foro em que está situada a agência na qual 
a vítima possui conta bancária - processar a persecução penal 
instaurada para apurar crime de estelionato no qual a vítima teria sido 
induzida a depositar determinada quantia na conta pessoal do agente 
do delito. Com efeito, a competência é definida pelo lugar em que 
se consuma a infração, nos termos do art. 70 do CPP. Dessa 
forma, cuidando-se de crime de estelionato, tem-se que a 
consumação se dá no momento da obtenção da vantagem 
indevida, ou seja, no momento em que o valor é depositado na 
conta corrente do autor do delito, passando, portanto, à sua 
disponibilidade. Note-se que o prejuízo alheio, apesar de fazer parte 
do tipo penal, está relacionado à consequência do crime de estelionato 
e não propriamente à conduta. De fato, o núcleo do tipo penal é obter 
vantagem ilícita, razão pela qual a consumação se dá no momento em 
que os valores entram na esfera de disponibilidade do autor do crime, 
o que somente ocorre quando o dinheiro ingressa efetivamente em sua 
conta corrente. No caso em apreço, tendo a vantagemindevida sido 
depositada em conta corrente de agência bancária situada em 
localidade diversa daquela onde a vítima possui conta bancária, tem-
se que naquela houve a consumação do delito. CC 139.800-MG, Rel. 
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/6/2015, DJe 
1º/7/2015. 
 
Inquestionável, portanto, a competência da Justiça Estadual, e a 
competência da comarca do Rio de Janeiro, local onde ocorreu a consumação do delito. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA A 
 
6) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 
Anderson, Cláudio e Jorge arquitetam um plano para praticar crime 
contra a agência de um banco, empresa pública federal, onde Jorge trabalhava 
como segurança. Encerrado o expediente, em 03/12/2017, Jorge permite a entrada 
de Anderson e Cláudio no estabelecimento e, em conjunto, destroem um dos 
cofres da agência e subtraem todo o dinheiro que estava em seu interior. 
Após a subtração do dinheiro, os agentes roubam o carro de Júlia, que 
trafegava pelo local, e fogem, sendo, porém, presos dias depois, em decorrência 
da investigação realizada. 
Considerando que a conduta dos agentes configura os crimes de furto 
qualificado (pena: 2 a 8 anos e multa) e roubo majorado (pena: 4 a 10 anos e multa, 
com causa de aumento de 1/3 até metade), praticados em conexão, após 
solicitação de esclarecimentos pelos envolvidos, o(a) advogado(a) deverá 
informar que: 
a) a Justiça Federal será competente para julgamento de ambos os delitos 
conexos. 
b) a Justiça Estadual será competente para julgamento de ambos os delitos 
conexos. 
c) a Justiça Federal será competente para julgamento do crime de furto qualificado 
e a Justiça Estadual, para julgamento do crime de roubo majorado, havendo 
separação dos processos. 
d) tanto a Justiça Estadual quanto a Federal serão competentes, considerando que 
não há relação de especialidade entre estas, prevalecendo o critério da 
prevenção. 
 
COMENTÁRIOS: 
Verificamos nesse caso a conexão dos crimes de furto e de roubo. 
Como se sabe, compete à Justiça Federal processar e julgar infrações 
penais praticadas em detrimentos de bens, serviços ou interesse da União ou de suas 
entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressaltada 
a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral (Art. 109. IV CF/88). 
Em virtude da conexão, o processo será único para julgamento de ambos 
os crimes praticados no caso concreto, excetuando os casos entre a jurisdição comum 
e a militar, e entre a jurisdição comum e o juízo de menores (Art. 79, I e II do CPP). 
A súmula 122 do STJ assim determina: Compete à Justiça Federal o 
processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, 
não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código de Processo Penal. 
GABARITO: ALTERNATIVA A 
 
7) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 
Durante longa investigação, o Ministério Público identificou que 
determinado senador seria autor de um crime de concussão no exercício do 
mandato, que teria sido praticado após sua diplomação. Com o indiciamento, o 
senador foi intimado a, se fosse de sua vontade, prestar esclarecimentos sobre 
os fatos no procedimento investigatório. Preocupado com as consequências, o 
senador procurou seu advogado para esclarecimentos. 
Considerando apenas as informações narradas e com base nas 
previsões constitucionais, o advogado deverá esclarecer que 
A) o Ministério Público não poderá oferecer denúncia em face do senador sem 
autorização da Casa Legislativa, pois a Constituição prevê imunidade de 
natureza formal aos parlamentares. 
B) a denúncia poderá ser oferecida e recebida, assim como a ação penal ter 
regular prosseguimento, independentemente de autorização da Casa 
Legislativa, que não poderá determinar a suspensão do processo, 
considerando que o crime imputado é comum, e não de responsabilidade. 
C) a denúncia não poderá ser recebida pelo Poder Judiciário sem autorização 
da Casa Legislativa, em razão da imunidade material prevista na 
Constituição, apesar de poder ser oferecida pelo Ministério Público 
independentemente de tal autorização. 
D) a denúncia poderá ser oferecida e recebida independentemente de 
autorização parlamentar, mas deverá ser dada ciência à Casa Legislativa 
respectiva, que poderá, seguidas as exigências, até a decisão final, sustar o 
andamento da ação. 
 
COMENTÁRIOS: 
Esta questão exige conhecimentos da Constituição Federal. Neste caso, de 
acordo com o art. 53, §3º, CF, a denúncia pode ser oferecida e recebida; todavia, a Casa 
Legislativa deve ser cientificada, podendo sustar o andamento da ação penal. Vejam: 
 
“Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 35, de 2001) 
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após 
a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por 
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus 
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)” 
 
GABARITO: ALTERNATIVA D 
 
8) OAB/FGV – EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXX – 2019 
Carlos, advogado, em conversa com seus amigos, na cidade de 
Campinas, afirmou, categoricamente, que o desembargador Tício exigiu R$ 
50.000,00 para proferir voto favorável para determinada parte em processo 
criminal de grande repercussão, na Comarca em que atuava. 
Ao tomar conhecimento dos fatos, já que uma das pessoas que 
participavam da conversa era amiga do filho de Tício, o desembargador 
apresentou queixa-crime, imputando a Carlos o crime de calúnia majorada (Art. 
138 c/c. o Art. 141, inciso II, ambos do CP. Pena: 06 meses a 2 anos e multa, 
aumentada de 1/3). Convicto de que sua afirmativa seria verdadeira, Carlos 
pretende apresentar exceção da verdade, com a intenção de demonstrar que Tício 
realmente havia realizado a conduta por ele mencionada. Procura, então, seu 
advogado, para adoção das medidas cabíveis 
Com base apenas nas informações narradas, o advogado de Carlos 
deverá esclarecer que, para julgamento da exceção da verdade, será competente 
a) a Vara Criminal da Comarca de Campinas, órgão competente para apreciar a 
queixa-crime apresentada. 
b) o Juizado Especial Criminal da Comarca de Campinas, órgão competente para 
apreciar a queixa-crime apresentada. 
c) o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, apesar de não ser o órgão 
competente para apreciar a queixa-crime apresentada. 
d) o Superior Tribunal de Justiça, apesar de não ser o órgão competente para 
apreciar a queixa-crime apresentada. 
 
COMENTÁRIOS: 
O Artigo 105, I, “a” da CF/88 assim dispõe: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e 
julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos 
Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os 
desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do 
Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais 
Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou 
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União 
que oficiem perante tribunais; 
 
O Artigo 84 do CPP, por sua vez: 
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo 
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais 
Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles 
por crimes comuns e de responsabilidade. 
 
Gabarito: Alternativa D 
 
Das Prisões Cautelares 
Prisão Preventiva 
 
9) OAB/FGV – EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXVII – 2018 
Após ser instaurado inquérito policial para apurar a prática de um 
crime de lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor (Art. 
303 da Lei nº 9.503/97– pena: detenção de seis meses a dois anos), foi identificado 
que o autor dos fatos seria Carlos, que, em sua Folha de Antecedentes Criminais, 
possuía três anotações referentes a condenações, com trânsito em julgado, pela 
prática da mesma infração penal, todas aptas a configurar reincidência quando da 
prática do delito ora investigado. 
Encaminhados os autos ao Ministério Público, foi oferecida denúncia 
em face de Carlos pelo crime antes investigado; diante da reincidência específica 
do denunciado civilmente identificado, foi requerida a decretação da prisão 
preventiva. Recebidos os autos, o juiz competente decretou a prisão preventiva, 
reiterando a reincidência de Carlos e destacando que essa circunstância faria com 
que todos os requisitos legais estivessem preenchidos. 
Ao ser intimado da decisão, o(a) advogado(a) de Carlos deverá 
requerer: 
a) a liberdade provisória dele, ainda que com aplicação das medidas cautelares 
alternativas. 
b) o relaxamento da prisão dele, tendo em vista que a prisão, em que pese ser 
legal, é desnecessária. 
c) a revogação da prisão dele, tendo em vista que, em que pese ser legal, é 
desnecessária. 
d) o relaxamento da prisão dele, pois ela é ilegal. 
 
COMENTÁRIOS: 
Mais uma vez encontramos resposta para uma pergunta da OAB/FGV 
estritamente com a leitura de lei seca. Vejamos o que dispõe o Artigo 313 do Código de 
Processo Penal, que trata sobre os requisitos para prisão preventiva: 
 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a 
decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, 
de 2011). 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade 
máxima superior a 4 (quatro) anos; 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença 
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do 
art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código 
Penal; 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, 
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para 
garantir a execução das medidas protetivas de urgência; 
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida 
sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer 
elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado 
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra 
hipótese recomendar a manutenção da medida. (Redação dada pela 
Lei nº 13.964, de 2019) 
 
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a 
finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como 
decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou 
recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Notem que, em que se pese o acusado já tenha sido condenado outras 
vezes pelo mesmo crime, ele não preenche nem o requisito do inciso I, nem o requisito 
do inciso II, visto que a pena na qual está incorrendo é inferior a quatro anos, e também 
porque não reincidente em crime doloso (a própria questão afirma que todas as 
condenações anteriores são pelo mesmo crime, entretanto, na modalidade culposa). 
Assim, tendo em vista que não estão presentes os requisitos da prisão 
preventiva, trata-se de prisão ilegal. 
Anotem outra dica importante: toda vez que falamos em prisão ilegal, a peça 
penal processual correta será a de RELAXAMENTO (seja da prisão preventiva, seja da 
prisão temporária, seja da prisão em flagrante delito). 
 
GABARITO: ALTERNARIVA D 
 
10) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 
Durante escuta telefônica devidamente deferida para investigar 
organização criminosa destinada ao contrabando de armas, policiais obtiveram a 
informação de que Marcelo receberia, naquele dia, grande quantidade de 
armamento, que seria depois repassada a Daniel, chefe de sua facção. 
Diante dessa informação, os policiais se dirigiram até o local 
combinado. Após informarem o fato à autoridade policial, que o comunicou ao 
juízo competente, eles acompanharam o recebimento do armamento por Marcelo, 
optando por não o prender naquele momento, pois aguardariam que ele se 
encontrasse com o chefe da sua organização para, então, prendê-los. De posse 
do armamento, Marcelo se dirigiu ao encontro de Daniel e lhe repassou as armas 
contrabandeadas, quando, então, ambos foram surpreendidos e presos em 
flagrante pelos policiais que monitoravam a operação. 
Encaminhados para a Delegacia, os presos entraram em contato com 
um advogado para esclarecimentos sobre a validade das prisões ocorridas. 
Com base nos fatos acima narrados, o advogado deverá esclarecer aos 
seus clientes que a prisão em flagrante efetuada pelos policiais foi 
A) ilegal, por se tratar de flagrante esperado. 
B) legal, restando configurado o flagrante preparado. 
C) legal, tratando-se de flagrante retardado. 
D) ilegal, pois a conduta dos policiais dependeria de prévia autorização judicial. 
 
COMENTÁRIOS: 
O caso concreto tratado pela questão versa sobre o chamado “flagrante 
retardado”, também chamado de “flagrante postergado” ou “ação controlada”. 
A “ação controlada” é explicada pelo art. 8º da Lei 12.850/2013 (Lei de 
Organização Criminosa): 
 
“Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou 
administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela 
vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a 
medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e 
obtenção de informações.” 
 
Como a questão diz expressamente que a investigação recaía sobre uma 
organização criminosa, bastava comunicar ao juiz a ação controlada para que ela fosse 
considerada lícita, nos termos do § 1º do mesmo artigo 8º: 
 
§ 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente 
comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e 
comunicará ao Ministério Público. 
 
Vale lembrar, por fim, que o flagrante retardado ou postergado não se 
confunde com o flagrante preparado, conforme consolidado na Súmula 145 do STF, que 
diz: “não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação”. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA C 
 
Sequestro de Bens 
11) OAB/FGV – EXAME DA ORDEM UNIFICADO XXVII – 2018 
Paulo, ofendido em crime contra o patrimônio, apesar de sua excelente 
condição financeira, veio a descobrir, após a identificação da autoria, que o autor 
dos fatos adquiriu, com os proventos da infração, determinado bem imóvel. Diante 
da descoberta, procurou você, na condição de advogado(a), para a adoção das 
medidas cabíveis. 
Com base apenas nas informações expostas, a defesa técnica do 
ofendido deverá esclarecer ser cabível: 
a) o sequestro, desde que após o oferecimento da denúncia, mas exige 
requerimento do Ministério Público ou decisão do magistrado de ofício. 
b) o arresto, ainda que antes do oferecimento da denúncia, mas a ação principal 
deverá ser proposta no prazo máximo de 30 dias, sob pena de levantamento. 
c) o sequestro, ainda que antes do oferecimento da denúncia, podendo a decisão 
judicial ser proferida a partir de requerimento do próprio ofendido. 
d) o arresto, que deve ser processado em autos em apartados, exigindo 
requerimento do Ministério Público ou decisão do magistrado de ofício. 
 
COMENTÁRIOS: 
A base legal para essa resposta está no Artigo 125 do Código de Processo 
Penal, que diz: 
Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo 
indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham sido 
transferidos a terceiro. 
 
 
VÍDEO AULA INDICADA 
Sequestro de Bens – Guilherme Madeira 
https://www.youtube.com/watch?v=k9Lhoj8MvMo 
 
ARTIGO INDICADO 
Medidas assecuratórias no processo penal brasileiro – Âmbito Jurídico 
http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4159 
 
GABARITO: ALTERNATIVA C 
 
Procedimentos 
12) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020Caio foi denunciado pela suposta prática do crime de estupro de 
vulnerável. Ocorre que, apesar da capitulação delitiva, a denúncia apresentava-se 
confusa na narrativa dos fatos, inclusive não sendo indicada qual seria a idade da 
vítima. Logo após a citação, Caio procurou seu advogado para esclarecimentos, 
destacando a dificuldade na compreensão dos fatos imputados. 
O advogado de Caio, constatando que a denúncia estava inepta, deve 
esclarecer ao cliente que, sob o ponto de vista técnico, com esse fundamento 
poderia buscar 
A) a rejeição da denúncia, podendo o Ministério Público apresentar recurso em 
sentido estrito em caso de acolhimento do pedido pelo magistrado, ou oferecer, 
posteriormente, nova denúncia. 
B) sua absolvição sumária, podendo o Ministério Público apresentar recurso de 
apelação em caso de acolhimento do pedido pelo magistrado, ou oferecer, 
posteriormente, nova denúncia. 
C) sua absolvição sumária, podendo o Ministério Público apresentar recurso em 
sentido estrito em caso de acolhimento do pedido pelo magistrado, mas, 
transitada em julgado a decisão, não poderá ser oferecida nova denúncia com 
base nos mesmos fatos. 
D) a rejeição da denúncia, podendo o Ministério Público apresentar recurso de 
apelação em caso de acolhimento do pedido pelo magistrado, mas, uma vez 
transitada em julgado a decisão, não caberá oferecimento de nova denúncia. 
 
 
COMENTÁRIOS: 
Nesta questão, o examinador espera que o candidato conclua que a 
confusão na narrativa dos fatos na denúncia é causa de inépcia dela. Sendo causa de 
inépcia da denúncia, ela deverá ser rejeitada, de acordo com o que estabelece o art.. 
395, I, CPP: 
“Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta;” 
 
A rejeição da denúncia permite que o Ministério Público recorra por meio de 
recurso em sentido estrito (RESE), como prevê o art. 581, I, CPP: 
 
“Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou 
sentença: 
I - que não receber a denúncia ou a queixa;” 
 
Por fim, mesmo que o Ministério Público não interponha RESE, ele poderá, 
em momento posterior, apresentar nova denúncia, visto que a rejeição da denúncia por 
inépcia da denúncia forma aquilo que a doutrina chama de “coisa julgada formal”, não 
formando a “coisa julgada material”, pois não houve análise dos fatos (julgamento do 
mérito). 
 
GABARITO: ALTERNATIVA A 
 
13) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 
O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Tiago e Talles, 
imputando-lhes a prática do crime de sequestro qualificado, arrolando como 
testemunhas de acusação a vítima, pessoas que presenciaram o fato, os policiais 
responsáveis pela prisão em flagrante, além da esposa do acusado Tiago, que 
teria conhecimento sobre o ocorrido. 
Na audiência de instrução e julgamento, por ter sido arrolada como 
testemunha de acusação, Rosa, esposa de Tiago, compareceu, mas demonstrou 
que não tinha interesse em prestar declarações. O Ministério Público insistiu na 
sua oitiva, mesmo com outras testemunhas tendo conhecimento sobre os fatos. 
Temendo pelas consequências, já que foi prestado o compromisso de dizer a 
verdade perante o magistrado, Rosa disse o que tinha conhecimento, mesmo 
contra sua vontade, o que veio a prejudicar seu marido. Por ocasião dos 
interrogatórios, Tiago, que seria interrogado por último, foi retirado da sala de 
audiência enquanto o corréu prestava suas declarações, apesar de seu advogado 
ter participado do ato. 
Com base nas previsões do Código de Processo Penal, considerando 
apenas as informações narradas, Tiago 
A) não teria direito de anular a instrução probatória com fundamento na sua 
ausência durante o interrogatório de Talles e nem na oitiva de Rosa na 
condição de testemunha, já que devidamente arrolada pelo Ministério 
Público. 
B) teria direito de anular a instrução probatória com fundamento na ausência de 
Tiago no interrogatório de Talles e na oitiva de Rosa na condição de 
testemunha. 
C) não teria direito de anular a instrução probatória com base na sua ausência 
no interrogatório de Talles, mas deveria questionar a oitiva de Rosa como 
testemunha, já que ela poderia se recusar a prestar declarações. 
D) não teria direito de anular a instrução probatória com base na sua ausência 
no interrogatório de Talles, mas deveria questionar a oitiva de Rosa como 
testemunha, pois, em que pese seja obrigada a prestar declarações, deveria 
ser ouvida na condição de informante, sem compromisso legal de dizer a 
verdade. 
COMENTÁRIOS: 
A questão deixou clara que existiam outras testemunhas que tinham 
conhecimento dos fatos. Neste caso, Rosa não teria a obrigação de depor e manifestou 
este desejo. Como ela foi ouvida contra a sua vontade, é possível questionar a sua 
oitiva. Neste sentido, o art. 206 do CPP: 
“Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, 
entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha 
reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo 
do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou 
integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.” 
 
De outro lado, não seria possível anular a instrução com base na ausência de 
Tiago no interrogatório de Talles, já que o artigo 191 do CPP estabelece que “Havendo 
mais de um acusado, serão interrogados separadamente”. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA C 
 
14) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 
Ricardo foi pronunciado pela suposta prática do crime de homicídio 
qualificado. No dia anterior à sessão plenária do Tribunal do Júri, o defensor 
público que assistia Ricardo até aquele momento acostou ao processo a folha de 
antecedentes criminais da vítima, matérias jornalísticas e fotografias que 
poderiam ser favoráveis à defesa do acusado. O Ministério Público, em sessão 
plenária, foi surpreendido por aquele material do qual não tinha tido ciência, mas 
o juiz presidente manteve o julgamento para a data agendada e, após o defensor 
público mencionar a documentação acostada, Ricardo foi absolvido pelos 
jurados, em 23/10/2018 (terça-feira). 
No dia 29/10/2018, o Ministério Público apresentou recurso de 
apelação, acompanhado das razões recursais, requerendo a realização de novo 
júri, pois a decisão dos jurados havia sido manifestamente contrária à prova dos 
autos. 
O Tribunal de Justiça conheceu do recurso interposto e anulou o 
julgamento realizado, determinando nova sessão plenária, sob o fundamento de 
que a defesa se utilizou em plenário de documentos acostados fora do prazo 
permitido pela lei. A família de Ricardo procura você, como advogado(a), para 
patrocinar os interesses do réu. 
Considerando as informações narradas, você, como advogado(a) de 
Ricardo, deverá questionar a decisão do Tribunal, sob o fundamento de que 
A) respeitando-se o princípio da amplitude de defesa, não existe vedação legal na 
juntada e utilização em plenário de documentação pela defesa no prazo 
mencionado. 
B) diante da nulidade reconhecida, caberia ao Tribunal de Justiça realizar, 
diretamente, novo julgamento, e não submeter o réu a novo julgamento pelo 
Tribunal do Júri. 
C) não poderia o Tribunal anular o julgamento com base em nulidade não arguida, 
mas tão só reconhecer, se fosse o caso, que a decisão dos jurados era 
manifestamente contrária à prova dos autos. 
D) o recurso foi apresentado de maneira intempestiva, de modo que sequer deveria 
ter sido conhecido. 
 
COMENTÁRIOS: 
O CPP veda a leitura de documentos ou exibição de objetos no Tribunal do 
Júri que não tenham sido juntados aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) 
dias úteis da sessão, com ciência da outra parte. Vejam: 
“Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de 
documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos 
com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à 
outra parte. 
Parágrafoúnico. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de 
jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, 
gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio 
assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida 
à apreciação e julgamento dos jurados.” 
Todavia, a acusação, em seu recurso, requereu a realização de novo júri, 
com fundamento de que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos 
autos, nada mencionando sobre a utilização em plenário de documentação que não 
respeitou o prazo legal. 
Assim, o Tribunal não poderia, de ofício, anular o julgamento com base neste 
último fundamento, uma vez que ele não foi alegado no recurso da acusação. O Tribunal 
poderia, no máximo, anular o julgamento com fundamento de que a decisão dos jurados 
foi manifestamente contrária à prova dos autos, o que foi alegado no recurso da 
acusação. Neste sentido, é a Súmula 160 do STF: "É nula a decisão do Tribunal que 
acolhe, contra o réu, nulidade não argüida no recurso da acusação, ressalvados os 
casos de recurso de ofício." 
GABARITO: ALTERNATIVA C 
 
15) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2020 
Rogério foi denunciado pela prática de um crime de homicídio 
qualificado por fatos que teriam ocorrido em 2017. Após regular citação e 
apresentação de resposta à acusação, Rogério decide não comparecer aos atos 
do processo, apesar de regularmente intimado, razão pela qual foi decretada sua 
revelia. 
Em audiência realizada na primeira fase do procedimento do Tribunal 
do Júri, sem a presença de Rogério, mas tão só de sua defesa técnica, foi proferida 
decisão de pronúncia. Rogério mudou-se e não informou ao juízo o novo 
endereço, não sendo localizado para ser pessoalmente intimado dessa decisão, 
ocorrendo, então, a intimação por edital. Posteriormente, a ação penal teve regular 
prosseguimento, sem a participação do acusado, sendo designada data para 
realização da sessão plenária. 
Ao tomar conhecimento desse fato por terceiros, Rogério procura seu 
advogado para esclarecimentos, informando não ter interesse em comparecer à 
sessão plenária. 
Com base apenas nas informações narradas, o advogado de Rogério 
deverá esclarecer que 
a) o processo e o curso do prazo prescricional, diante da intimação por edital, 
deveriam ficar suspensos. 
b) a intimação da decisão de pronúncia por edital não é admitida pelo Código de 
Processo Penal. 
c) o julgamento em sessão plenária do Tribunal do Júri, na hipótese, poderá ocorrer 
mesmo sem a presença do réu. 
d) a revelia gerou presunção de veracidade dos fatos e a intimação foi válida, mas 
a presença do réu é indispensável para a realização da sessão plenária do 
Tribunal do Júri. 
 
COMENTÁRIOS: 
A Alternativa “A” está equivocada em virtude do disposto no Artigo 367 do 
CPP: 
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado 
ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer 
sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não 
comunicar o novo endereço ao juízo. 
A alternativa “B” também está incorreta, em virtude do disposto no Artigo 
420, parágrafo único do CPP: 
Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: Parágrafo 
único. Será intimado por edital o acusado solto que não for 
encontrado. 
 
A alternativa “C” está correta em virtude do disposto no Artigo 457 do CPP: 
Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do 
acusado solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver 
sido regularmente intimado. 
 
Gabarito: Alternativa C 
 
Das Questões e Processos Incidentes 
16) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 
Luiz foi denunciado pela prática de um crime de estelionato. Durante a 
instrução, o ofendido apresentou, por meio de assistente de acusação, 
documento supostamente assinado por Luiz, que confirmaria a prática delitiva. 
Ao ter acesso aos autos, Luiz informa ao patrono ter certeza de que aquele 
documento seria falso, pois não foi por ele assinado. 
Com base nas informações narradas, de acordo com as previsões do 
Código de Processo Penal, o advogado de Luiz poderá 
a) alegar apenas a insuficiência de provas e requerer a extração de cópias para o 
Ministério Público, mas não poderá, neste processo, verificar a veracidade do 
documento. 
b) alegar, desde que seja procurador com poderes especiais, a falsidade do 
documento para fins de instauração de incidente de falsidade. 
c) arguir, com procuração com poderes gerais, a falsidade do documento, gerando 
incidente de falsidade em autos em apartado. 
d) alegar, oralmente, a falsidade do documento, devendo o incidente ser decidido 
nos autos principais. 
 
COMENTÁRIOS: 
O gabarito da questão encontra-se nos Artigos 145 e 146 do Código de 
Processo Penal, que assim dispõe: 
Art. 145. Argüida, por escrito, a falsidade de documento constante 
dos autos, o juiz observará o seguinte processo: 
I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida ouvirá 
a parte contrária, que, no prazo de 48 horas, oferecerá resposta; 
II - assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a cada uma das 
partes, para prova de suas alegações; 
III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender 
necessárias; 
IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará 
desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo 
incidente, ao Ministério Público. 
Art. 146. A argüição de falsidade, feita por procurador, exige poderes 
especiais. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA B 
 
Das Provas 
17) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 
Glauber foi denunciado pela prática de um crime de roubo majorado. 
Durante a audiência de instrução e julgamento, que ocorreu na ausência do réu, 
em razão do temor da vítima e da impossibilidade de realização de 
videoconferência, o Ministério Público solicitou que a vítima descrevesse as 
características físicas do autor do fato. Após a vítima descrever que o autor seria 
branco e baixo e responder às perguntas formuladas pelas partes, ela foi 
conduzida à sala especial, para a realização de reconhecimento formal. 
No ato de reconhecimento, foram colocados, com as mesmas roupas, 
lado a lado, Glauber, branco e baixo, Lucas, branco e alto, e Thiago, negro e baixo, 
apesar de a carceragem do Tribunal de Justiça estar repleta de presos para a 
realização de audiências, inclusive com as características descritas pela ofendida. 
A vítima reconheceu Glauber como o autor dos fatos, sendo lavrado auto 
subscrito pelo juiz, pela vítima e por duas testemunhas presenciais. 
Considerando as informações narradas, o advogado de Glauber, em 
busca de futuro reconhecimento de nulidade da instrução ou absolvição de seu 
cliente, de acordo com o Código de Processo Penal e a jurisprudência dos 
Tribunais Superiores, deverá consignar, na assentada da audiência, seu 
inconformismo em relação ao reconhecimento realizado pela vítima, 
a) em razão da oitiva da vítima na ausência do réu, já que o direito de autodefesa 
inclui o direito de presença em todos os atos do processo. 
b) tendo em vista que, de acordo com as previsões do Código de Processo Penal, 
ela não poderia ter descrito as características do autor dos fatos antes da 
realização do reconhecimento. 
c) em razão das características físicas apresentadas pelas demais pessoas 
colocadas ao lado do réu quando da realização do ato, tendo em vista a 
possibilidade de participarem outras pessoas com características semelhantes. 
d) tendo em vista que o auto de reconhecimento deveria ter sido subscrito pelo juiz, 
pelo réu, por seu defensor e pelo Ministério Público, além de três testemunhas 
presenciais. 
 
COMENTÁRIOS: 
Assim prevê o Artigo 226, II do CPP: 
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento 
de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma: 
(…) 
Il – a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se 
possível, ao lado de outras que com ela tiveremqualquer 
semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a 
apontá-la; 
 
No presente caso, havia presos que pareceriam com o réu, de tal forma que 
houve nulidade no reconhecimento de pessoas. Veja que o artigo acima diz “se 
possível”, e, no presente caso, por todo o narrado, era perfeitamente possível encontrar 
pessoas com o mesmo porte físico de Glauber. 
GABARITO: ALTERNATIVA C 
 
18) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 
Adolfo e Arnaldo são irmãos e existe a informação de que estão 
envolvidos na prática de crimes. Durante investigação da suposta prática de crime 
de tráfico de drogas, foi deferida busca e apreensão na residência de Adolfo, em 
busca de instrumentos utilizados na prática delitiva. 
O oficial de justiça, com mandado regularmente expedido, compareceu 
à residência de Adolfo às 03.00h, por ter informações de que às 07.00h ele deixaria 
o local. Apesar da não autorização para ingresso na residência por parte do 
proprietário, ingressou no local para cumprimento do mandado de busca e 
apreensão, efetivamente apreendendo um caderno com anotações que indicavam 
a prática do crime investigado. 
Quando deixavam o local, os policiais e o oficial de justiça se 
depararam, na rua ao lado, com Arnaldo, sendo que imediatamente uma senhora 
o apontou como autor de um crime de roubo majorado pelo emprego de arma, que 
teria ocorrido momentos antes. 
Diante disso, os policiais realizaram busca pessoal em Arnaldo, 
localizando um celular, que era produto do crime de acordo com a vítima, razão 
pela qual efetuaram a apreensão desse bem. 
Ao tomar conhecimento dos fatos, a mãe de Adolfo e Arnaldo procurou 
você, como advogado(a), para a adoção das medidas cabíveis. 
Assinale a opção que apresenta, sob o ponto de vista técnico, a medida 
que você poderá adotar. 
a) Pleitear a invalidade da busca e apreensão residencial de Adolfo e a da busca 
e apreensão pessoal em Arnaldo. 
b) Pleitear a invalidade da busca e apreensão residencial de Adolfo, mas não a da 
busca e apreensão pessoal de Arnaldo. 
c) Não poderá pleitear a invalidade das buscas e apreensões. 
d) Pleitear a invalidade da busca e apreensão pessoal de Arnaldo, mas não a da 
busca e apreensão residencial de Adolfo. 
 
COMENTÁRIOS 
 
Nesse caso, é preciso ressaltar que, de fato, apesar da residência ser asilo 
inviolável, não se trata de um direito absoluto, de tal forma que mediante autorização 
judicial, é sim possível o ingresso para apurar prática de eventual crime. Entretanto, o 
cumprimento do mandado deve ser feito durante o dia, por força do Artigo 5º, XI da 
Constituição Federal, que diz: 
 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante 
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por 
determinação judicial; 
 
No presente caso, por ter sido realizado de madrugada, é possível pleitear 
por sua invalidade. 
 
Em relação ao caso de Arnaldo, entretanto, não há qualquer invalidade, visto 
que ele se encontrava em flagrante delito, nos termos do Artigo 302 do Código de 
Processo Penal, por ter acabado de cometer o crime e estar na posse do objeto 
subtraído. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA B 
 
 
Absolvição Imprópria 
19) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 
Durante ação penal em que Guilherme figura como denunciado pela 
prática do crime de abandono de incapaz (Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos), 
foi instaurado incidente de insanidade mental do acusado, constatando o laudo 
que Guilherme era, na data dos fatos (e permanecia até aquele momento), 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, em razão de doença 
mental. Não foi indicado, porém, qual seria o tratamento adequado para 
Guilherme. 
Durante a instrução, os fatos imputados na denúncia são confirmados, 
assim como a autoria e a materialidade delitiva. 
Considerando apenas as informações expostas, com base nas 
previsões do Código Penal, no momento das alegações finais, a defesa técnica de 
Guilherme, sob o ponto de vista técnico, deverá requerer 
a) a absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de tratamento 
ambulatorial, podendo a sentença ser considerada para fins de reincidência no 
futuro. 
b) a absolvição própria, sem aplicação de qualquer sanção, considerando a 
ausência de culpabilidade. 
c) a absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de tratamento 
ambulatorial, não sendo a sentença considerada posteriormente para fins de 
reincidência. 
d) a absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de internação 
pelo prazo máximo de 02 anos, não sendo a sentença considerada 
posteriormente para fins de reincidência. 
 
COMENTÁRIOS: 
No caso, Guilherme é absolutamente incapaz de entender a ilicitude dos 
fatos. Não cabe Absolvição Sumária porque a questão diz que já está na fase de 
instrução processual e esse instituto cabe na Resposta á Acusação. 
No caso, aplicamos o Artigo 386, parágrafo único, III do CPP: 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte 
dispositiva, desde que reconheça: Parágrafo único. Na sentença 
absolutória, o juiz: III - aplicará medida de segurança, se cabível. 
 
Além disso, como não há culpabilidade de Guilherme, não estão 
preenchidos todos os requisitos do crime. Portanto, não há crime, e, assim, 
antecedentes. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA C 
 
Recursos 
20) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 
Miguel foi denunciado pela prática de um crime de extorsão majorada 
pelo emprego de arma e concurso de agentes, sendo a pretensão punitiva do 
Estado julgada inteiramente procedente e aplicada sanção penal, em primeira 
instância, de 05 anos e 06 meses de reclusão e 14 dias multa. 
 
A defesa técnica de Miguel apresentou recurso alegando: 
(i) preliminar de nulidade em razão de violação ao princípio da correlação entre 
acusação e sentença; 
(ii) insuficiência probatória, já que as declarações da vítima, que não presta 
compromisso legal de dizer a verdade, não poderiam ser consideradas; 
(iii) que deveria ser afastada a causa de aumento do emprego de arma, uma vez 
que o instrumento utilizado era um simulacro de arma de fogo, conforme laudo 
acostado aos autos. 
 
A sentença foi integralmente mantida. Todos os desembargadores que 
participaram do julgamento votaram pelo não acolhimento da preliminar e pela 
manutenção da condenação. Houve voto vencido de um desembargador, que 
afastava apenas a causa de aumento do emprego de arma. 
 
Intimado do teor do acórdão, o(a) advogado(a) de Miguel deverá 
interpor: 
 
a) embargos infringentes e de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar, sua 
absolvição e o afastamento da causa de aumento de pena reconhecida. 
b) embargos infringentes e de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar e o 
afastamento da causa de aumento do emprego de arma, apenas. 
c) embargos de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar, apenas. 
d) embargos infringentes, buscando o afastamento da causa de aumento do 
emprego de arma, apenas. 
 
 
COMENTÁRIOS: 
A questão traz que a sentença foi procedente em relação aos pedidos da 
denúncia, motivo pelo qual não há que se falar em preliminar de nulidade. Em relação 
à insuficiência provatória, a questão não traz qualquer indicativo de que não houve 
outras provas produzidas a não ser a da vítima. Já em relação ao último pedido, o 
mesmo merece prosperar em virtude de se tratar de simulacro de arma de fogo, que 
afasta a causa de aumento de pena. 
Sobre o recurso cabível, vejamos o que dispõe o artigo 609, parágrafo único 
do CPP: 
CPP, art. 609, Parágrafo único. Quando não for unânime a 
decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-
se EMBARGOS INFRINGENTES e de NULIDADE, que 
poderão ser opostos dentro de 10 dias, a contar da publicação 
de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os 
embargos serão restritos à matéria objeto de divergência. 
 
ARTIGO INDICADOEmbargos Infringentes; Fernando Tourinho – Migalhas2 
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI176813,101048-
Os+embargos+infringentes+no+processo+penal+e+sua+entrada+no+Supremo 
 
GABARITO: ALTERNATIVA D 
 
21) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 
Marcus, advogado, atua em duas causas distintas que correm perante 
a Vara Criminal da Comarca de Fortaleza. Na primeira ação penal, Renato figura 
como denunciado em ação penal por crime de natureza tributária, enquanto, na 
segunda ação, Hélio consta como denunciado por crime de peculato. 
Entendendo pela atipicidade da conduta de Renato, Marcus 
impetra habeas corpus, perante o Tribunal de Justiça, em busca do “trancamento” 
da ação penal. Já em favor de Hélio, impetra mandado de segurança, também 
perante o Tribunal de Justiça, sob o fundamento de que o magistrado de primeira 
instância, de maneira recorrente, não estava permitindo o acesso aos autos do 
processo. 
Na mesma data são julgados o habeas corpus e o mandado de 
segurança por Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará, sendo que a 
ordem de habeas corpus não foi concedida por maioria de votos, enquanto o 
mandado de segurança foi denegado por unanimidade. 
Intimado da decisão proferida no habeas corpus e no mandado de 
segurança, caberá a Marcus apresentar, em busca de combatê-las, 
a) Recurso Ordinário Constitucional, nos dois casos. 
b) Recurso em Sentido Estrito e Recurso Ordinário Constitucional, 
respectivamente. 
c) Embargos infringentes, nos dois casos. 
d) Embargos infringentes e Recurso Ordinário Constitucional, respectivamente. 
 
2 O artigo é de 2013. Pode conter informações desatualizadas. Colocamos para que entendam melhor o instituto de 
Embargos Infringentes. 
 
COMENTÁRIOS: 
Essa resposta também tem dispositivo legal específico. Estamos falando do 
Artigo 105, II “a” e “b” da Constituição Federal/88: 
Artigo: 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
II - julgar, em Recurso Ordinário: 
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos 
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do 
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; 
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos 
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do 
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; 
 
Não se trata de Recurso em Sentido Estrito, pois não se verifica nenhuma 
das hipóteses de seu cabimento, que estão no Artigo 581 do Código de Processo Penal. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA A 
 
22) OAB/FGV – EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXVII – 2018 
No âmbito de ação penal, foi proferida sentença condenatória em 
desfavor de Bernardo pela suposta prática de crime de uso de documento público 
falso, sendo aplicada pena privativa de liberdade de cinco anos. Durante toda a 
instrução, o réu foi assistido pela Defensoria Pública e respondeu ao processo 
em liberdade. 
Ocorre que Bernardo não foi localizado para ser intimado da sentença, 
tendo o oficial de justiça certificado que compareceu em todos os endereços 
identificados. Diante disso, foi publicado edital de intimação da sentença, com 
prazo de 90 dias. Bernardo, ao tomar conhecimento da intimação por edital 89 dias 
após sua publicação, descobre que a Defensoria se manteve inerte, razão pela 
qual procura, de imediato, um advogado para defender seus interesses, 
assegurando ser inocente. 
Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) 
deverá esclarecer que: 
a) houve preclusão do direito de recurso, tendo em vista que a Defensoria Pública 
se manteve inerte. 
b) foi ultrapassado o prazo recursal de cinco dias, mas poderá ser apresentada 
revisão criminal. 
c) é possível a apresentação de recurso de apelação, pois o prazo de cinco dias 
para interposição de apelação pelo acusado ainda não transcorreu. 
d) é possível apresentar medida para desconstituir a sentença publicada, tendo em 
vista não ser possível a intimação do réu sobre o teor de sentença condenatória 
por meio de edital. 
 
COMENTÁRIOS: 
Neste caso, é de rigor trazer à baila dois artigos importantíssimos do Código 
de Processo Penal: 
 
Art. 392. A intimação da sentença será feita: 
I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso; 
II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando 
se livrar solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança; 
III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a 
infração, expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e 
assim o certificar o oficial de justiça; 
IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que 
houver constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial 
de justiça; 
V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver 
constituído também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de 
justiça; 
VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for 
encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça. 
§ 1o O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena 
privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, e de 
60 dias, nos outros casos. 
§ 2o O prazo para apelação correrá após o término do fixado no 
edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação por qualquer das 
outras formas estabelecidas neste artigo. 
 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: 
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição 
proferidas por juiz singular 
 
Vejam que, no caso em questão, o réu cientificou-se e contratou advogado 
89 dias após a intimação por edital. O parágrafo segundo do Artigo 392 determina que 
o prazo para apelação começa ocorrer após o término do fixado no edital. Isso, por si 
só, já garantiria o direito do réu a interpor apelação. 
Além disso, o Artigo 593, I do CPP ainda dispõe que o prazo para apelação 
é de 5 dias. Ou seja: ele ainda tinha 6 dias para interpor o recurso. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA C 
 
23) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 
Vitor foi denunciado pela prática de um crime de peculato. O 
magistrado, quando da análise da inicial acusatória, decide rejeitar a denúncia em 
razão de ausência de justa causa. 
O Ministério Público apresentou recurso em sentido estrito, sendo os 
autos encaminhados ao Tribunal, de imediato, para decisão. Todavia, Vitor, em 
consulta ao sítio eletrônico do Tribunal de Justiça, toma conhecimento da 
existência do recurso ministerial, razão pela qual procura seu advogado e 
demonstra preocupação com a revisão da decisão do juiz de primeira instância. 
Considerando as informações narradas, de acordo com a 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o advogado de Vitor deverá 
esclarecer que: 
a) o Tribunal não poderá conhecer do recurso apresentado, tendo em vista que a 
decisão de rejeição da denúncia é irrecorrível. 
b) o Tribunal não poderá conhecer do recurso apresentado, pois caberia recurso 
de apelação, e não recurso em sentido estrito. 
c) ele deveria ter sido intimado para apresentar contrarrazões, apesar de ainda não 
figurar como réu, mas tão só como denunciado. 
d) caso o Tribunal dê provimento ao recurso, os autos serão encaminhados para o 
juízo de primeira instância para nova decisão sobre recebimento ou não da 
denúncia. 
 
COMENTÁRIOS: 
A resposta encontra-se fundamentada na Súmula 707 do STF: 
SÚMULA 707 DO STF, é nulidade a falta de intimação do denunciado para apresentar 
as contrarrazões do recurso interposto da rejeição da denúncia, não sendo suprido 
a nomeação de defensor dativo. 
 
Nesse sentido, Vitor deveria ter sido intimado para apresentar suas 
contrarrazões, sob pena de nulidade. 
GABARITO: ALTERNATIVA C 
 
 
24) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 
Mariana foi vítima de um crime de apropriação indébita consumado, 
que teria sido praticado por Paloma. 
Ao tomar conhecimento de que Paloma teria sido denunciada pelo 
crime mencionado, inclusive sendo apresentado peloMinistério Público o valor 
do prejuízo sofrido pela vítima e o requerimento de reparação do dano, Mariana 
passou a acompanhar o andamento processual, sem, porém, habilitar-se como 
assistente de acusação. 
 
No momento em que constatou que os autos estariam conclusos para 
sentença, Mariana procurou seu advogado para adoção das medidas cabíveis, 
esclarecendo o temor de ver a ré absolvida e não ter seu prejuízo reparado. 
O advogado de Mariana deverá informar à sua cliente que 
A) não poderá ser fixado pelo juiz valor mínimo a título de indenização, mas, em 
caso de sentença condenatória, poderá esta ser executada, por meio de ação 
civil ex delicto, por Mariana ou seu representante legal. 
B) poderá ser apresentado recurso de apelação, diante de eventual sentença 
absolutória e omissão do Ministério Público, por parte de Mariana, por meio de 
seu patrono, ainda que não esteja, no momento da sentença, habilitada como 
assistente de acusação. 
C) poderá ser fixado pelo juiz valor a título de indenização em caso de sentença 
condenatória, não podendo a ofendida, porém, nesta hipótese, buscar a 
apuração do dano efetivamente sofrido perante o juízo cível. 
D) não poderá ser buscada reparação cível diante de eventual sentença 
absolutória, com trânsito em julgado, que reconheça não existir prova suficiente 
para condenação. 
COMENTÁRIOS: 
A questão exigia conhecimento literal do artigo 598 do CPP, o qual 
possibilita à vítima ou seus sucessores (cônjuge, companheiro, ascendente, 
descendente ou irmão) a interposição de apelação, mesmo que não tenham se 
habilitado como assistentes de acusação e em caso de omissão do Ministério Público. 
Vejam: 
“Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da 
sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o 
ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha 
habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito 
suspensivo. 
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e 
correrá do dia em que terminar o do Ministério Público.” 
 
GABARITO: ALTERNATIVA B 
 
25) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 
O advogado de Josefina, ré em processo criminal, entendendo que, 
entre o recebimento da denúncia e o término da instrução, ocorreu a prescrição 
da pretensão punitiva estatal, apresentou requerimento, antes mesmo do 
oferecimento de alegações finais, de reconhecimento da extinção da punibilidade 
da agente, sendo o pedido imediatamente indeferido pelo magistrado. 
Intimado, caberá ao(à) advogado(a) de Josefina, discordando da 
decisão, apresentar 
a) recurso em sentido estrito, no prazo de 5 dias. 
b) recurso de apelação, no prazo de 5 dias. 
c) carta testemunhável, no prazo de 48h. 
d) reclamação constitucional, no prazo de 15 dias. 
 
COMENTÁRIOS: 
A prescrição da pretensão punitiva é causa extintiva de punibilidade (Art. 
107, IV, CP). No caso de seu não reconhecimento, assim entende o Artigo 581, IX do 
CPP: 
 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou 
sentença: IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição 
ou de outra causa extintiva da punibilidade; 
 
Gabarito: Alternativa A 
 
26) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 
Fred foi denunciado e condenado, em primeira instância, pela prática 
de crime de corrupção ativa, sendo ele e seu advogado intimados do teor da 
sentença no dia 05 de junho de 2018, terça-feira. A juntada do mandado de 
intimação do réu ao processo, todavia, somente ocorreu em 11 de junho de 2018, 
segunda-feira. 
Considerando as informações narradas, o prazo para interposição de 
recurso de apelação pelo advogado de Fred, de acordo com a jurisprudência dos 
Tribunais Superiores, será iniciado 
a) no dia seguinte à juntada do mandado de intimação (12/06/18), devendo a data 
final do prazo ser prorrogada para o primeiro dia útil seguinte, caso se encerre 
no final de semana. 
b) no dia da juntada do mandado de intimação (11/06/18), devendo ser cumprido 
até o final do prazo de 05 dias previsto em lei, ainda que este ocorra no final de 
semana. 
c) no dia da intimação (05/06/18), independentemente da data da juntada do 
mandado, devendo ser cumprido até o final do prazo de 05 dias previsto em lei, 
ainda que este ocorra no final de semana. 
d) no dia seguinte à intimação (06/06/18), independentemente da data da juntada 
do mandado, devendo a data final do prazo ser prorrogada para o primeiro dia 
útil seguinte, caso se encerre no final de semana. 
 
COMENTÁRIOS: 
O Artigo 798, parágrafo 1º do CPP assim prevê: 
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e 
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. 
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, 
o do vencimento. 
 
Ademais, a Súmula 710 do STF prevê: 
No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não 
da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. 
Gabarito: Alternativa D 
 
Meios Autônomos de Impugnação: Mandado de 
Segurança, Hebas Corpus e Revisão Criminal 
Revisão Criminal 
 
27) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 
Tomás e Sérgio foram denunciados como incursos nas sanções penais 
do crime do Art. 217-A do Código Penal (estupro de vulnerável), narrando a 
acusação que, no delito, teria ocorrido ato libidinoso diverso da conjunção carnal, 
já que os denunciados teriam passado as mãos nos seios da criança, e que teria 
sido praticado em concurso de agentes. 
Durante a instrução, foi acostado ao procedimento laudo elaborado por 
um perito psicólogo oficial, responsável pela avaliação da criança apontada como 
vítima, concluindo que o crime teria, de fato, ocorrido. As partes tiveram acesso 
posterior ao conteúdo do laudo, apesar de intimadas da realização da perícia 
anteriormente. 
O magistrado responsável pelo julgamento do caso, avaliando a notícia 
concreta de que Tomás e Sérgio, durante o deslocamento para a audiência de 
instrução e julgamento, teriam um plano de fuga, o que envolveria diversos 
comparsas armados, determinou que o interrogatório fosse realizado por 
videoconferência. 
No momento do ato, os denunciados foram ouvidos separadamente um 
do outro pelo magistrado, ambos acompanhados por defesa técnica no 
estabelecimento penitenciário e em sala de audiência durante todo ato 
processual. Insatisfeitos com a atuação dos patronos e acreditando na existência 
de ilegalidades no procedimento, Tomás e Sérgio contratam José para assistência 
técnica. 
Considerando apenas as informações narradas, José deverá 
esclarecer que: 
a) o interrogatório dos réus não poderia ter sido realizado separadamente, tendo 
em vista que o acusado tem direito a conhecer todas as provas que possam lhe 
prejudicar. 
b) não poderia ter sido realizado interrogatório por videoconferência, mas tão só 
oitiva das testemunhas na ausência dos acusados, diante do direito de presença 
do réu e ausência de previsão legal do motivo mencionado pelo magistrado. 
c) o laudo acostado ao procedimento foi válido em relação à sua elaboração, mas 
o juiz não ficará adstrito aos termos dele, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo 
ou em parte. 
d) o laudo deverá ser desentranhado dos autos, tendo em vista que elaborado por 
apenas um perito oficial, sendo certo que a lei exige que sejam dois profissionais 
e que seja oportunizada às partes apresentação de quesitos complementares. 
 
COMENTÁRIOS: 
A alternativa “A” está equivocada, visto que os réus devem ser ouvidos 
separadamente, por força do Artigo 191 do CPP: 
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados 
separadamente. 
A alternativa “B” também está incorreta, visto que o interrogatório por 
videoconferência é perfeitamente válido, nos termos do Artigo 185, parágrafo 2º, I do 
CPP: 
 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício oua requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso 
por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de 
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida 
seja necessária para atender a uma das seguintes 
finalidades: (Redação dada pela Lei nº 11.900, de 
2009) 
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita 
de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra 
razão, possa fugir durante o deslocamento; 
 
A alternativa “C” está correta, com base no Artigo 182 do CPP: 
O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no 
todo ou em parte. 
 
A alternativa “D” também está equivocada, conforme dispõe o Artigo 157 do 
CPP: 
São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as 
provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas 
constitucionais ou legais. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA C 
 
28) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 
Vanessa foi condenada pela prática de um crime de furto qualificado 
pela 1ª Vara Criminal de Curitiba, em razão de suposto abuso de confiança que 
decorreria da relação entre a vítima e Vanessa. 
Como as partes não interpuseram recurso, a sentença de primeiro grau 
transitou em julgado. Apesar de existirem provas da subtração de coisa alheia 
móvel, a vítima não foi ouvida por ocasião da instrução por não ter sido localizada. 
Durante a execução da pena por Vanessa, a vítima é localizada, confirma a 
subtração por Vanessa, mas diz que sequer conhecia a autora dos fatos antes da 
prática delitiva. Vanessa procura seu advogado para esclarecimento sobre 
eventual medida cabível. 
Considerando apenas as informações narradas, o advogado de 
Vanessa deve esclarecer que: 
a) não poderá apresentar revisão criminal, tendo em vista que a pena já está sendo 
executada, mas poderá ser buscada reparação civil. 
b) caberá apresentação de revisão criminal, sendo imprescindível a representação 
de Vanessa por advogado, devendo a medida ser iniciada perante o próprio juízo 
da condenação. 
c) não poderá apresentar revisão criminal em favor da cliente, tendo em vista que 
a nova prova não é apta a justificar a absolvição de Vanessa, mas tão só a 
redução da pena. 
d) caberá apresentação de revisão criminal, podendo Vanessa apresentar a ação 
autônoma independentemente de estar assistida por advogado, ou por meio de 
procurador legalmente habilitado. 
 
COMENTÁRIOS: 
O artigo 623 do CPP assim dispõe: 
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por 
procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 
Ademais, a Súmula 393 do STF determina que: 
Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão. 
 
Em caso análogo pretérito: 
Improcede a pretensão do paciente de aguardar em liberdade o 
julgamento final de sua revisão criminal, com base na Súmula 393 STF. 
Com efeito, não se pode ter por viabilizado o sobrestamento da 
execução da sentença condenatória, de modo a permitir ao paciente 
continuar solto até o julgamento da revisão criminal, pois, ao contrário 
do que sustentado, a pretensão não encontra apoio na Súmula 393, 
que, ao dispor sobre a possibilidade de o réu ajuizar o pedido revisional 
sem se recolher à prisão, não impede a imediata execução da sentença 
penal condenatória irrecorrível. [HC 73.799, rel. min. Ilmar Galvão, 1ª 
T, j. 7-5-1996, DJ de 1º-7-1996.] 
 
GABARITO: ALTERNATIVA D 
 
Legislação Extravagante 
Lei Maria da Penha – 11.340/2006 
 
29) OAB/FGV – EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXVII – 2018 
Cátia procura você, na condição de advogado(a), para que esclareça 
as consequências jurídicas que poderão advir do comportamento de seu filho, 
Marlon, pessoa primária e de bons antecedentes, que agrediu a ex-namorada ao 
encontrá-la em um restaurante com um colega de trabalho, causando-lhe lesão 
corporal de natureza leve. 
Na oportunidade, você, como advogado(a), deverá esclarecer que: 
a) o início da ação penal depende de representação da vítima, que terá o prazo de 
seis meses da descoberta da autoria para adotar as medidas cabíveis. 
b) no caso de condenação, em razão de ser Marlon primário e de bons 
antecedentes, poderá a pena privativa de liberdade ser substituída por restritiva 
de direitos. 
c) em razão de o agressor e a vítima não estarem mais namorando quando ocorreu 
o fato, não será aplicada a Lei nº 11.340/06, mas, ainda assim, não será possível 
a transação penal ou a suspensão condicional do processo. 
d) no caso de condenação, por ser Marlon primário e de bons antecedentes, 
mostra-se possível a aplicação do sursis da pena. 
 
COMENTÁRIOS: 
Essa questão pode gerar MUITA confusão (inclusive foi solicitada a 
anulação). Explicamos: 
Em primeiro lugar, é fundamental você saber quais os casos de aplicação 
da Lei Maria da Penha. Para tanto, vejamos o disposto no Artigo 5º, III da referida Lei: 
 
Art. 5 Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe 
cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano 
moral ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de 
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, 
inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada 
por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por 
laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor 
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente 
de coabitação. 
 
Assim, verificamos um primeiro ponto importante: estamos em um caso em 
que se aplica a Lei Maria da Penha. 
Segundo ponto que precisamos saber é que independente da pena, aos 
crimes praticados em violência ou grave ameaça contra a mulher NÃO se aplica a Lei 
9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais). Assim dispõe o Artigo 41 da Lei Maria da Penha: 
 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar 
contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se 
aplica a 9.099 
 
Por consequência lógica, podemos chegar à conclusão de que não 
pode se aplicar, portanto, alguns institutos despenalizadores dos Juizados 
Especiais, como: transação penal, suspensão condicional do processo, e, 
pasmem, SURSIS! 
A confusão encontra-se justamente aqui, porque a OAB não 
mencionou especificamente qual a SURSIS que estava tratando. Em virtude do 
gabarito, chegamos à conclusão que está se tratando da Suspensão Condicional 
da Pena (SURSIS) do Artigo 77 do Código Penal, e não do Artigo 89 da Lei 9.099/95 
(porque, como vimos, não se aplica à Maria da Penha). 
 
O Artigo 77 do Código Penal dispõe que: 
 
Requisitos da suspensão da pena 
 
 Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior 
a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, 
desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e 
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias 
autorizem a concessão do benefício;(Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
 III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 
deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a 
concessão do benefício.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
 § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 
quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que 
o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde 
justifiquem a suspensão. 
 
Nesse sentido, em virtude

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