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MODELOS DE PEÇAS - PENAL

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MODELOS PEÇAS - PROCESSO PENAL
1. Queixa-Crime
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO – JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE NITERÓI
TCO nº: xxxxxxx/2014 – Delegacia de Polícia Especializada em Repressão aos Crimes de Informática	Comment by julia jofili: E não INQUÉRITO POLICIAL
ENRICO DA SILVA CRUZ, Brasileiro, solteiro, engenheiro, de CPF nº xxx.xxx.xxx-xx, de RG nº x.xxx.xxx, com endereço de e-mail enricocruz@hotmail.com, domiciliado na comarca de Niterói/RJ e residente na Av. Jorn. Alberto Francisco Torres, n 400, apt. 2301, Icaraí, Niterói/RJ, por sua advogada JÚLIA VAREJÃO MACÊDO JÓFILI, já devidamente qualificada na procuração com poderes especiais em anexo (doc. 1), conforme o art. 44, CPP, e com base nos arts. 30 e 41 CPP, art. 61 Lei n. 9.099/95 e art. 100, §2º, CP, vem, respeitosamente, oferecer
QUEIXA-CRIME POR DIFAMAÇÃO E INJÚRIA
em face de HELENA SOARES COSTA, brasileira, solteira, arquiteta, de CPF nº xxx.xxx.xxx-xx, de RG nº x.xxx.xxx, com endereço de e-mail helenasoarescosta12@gmail.com, domiciliado na comarca de Niterói/RJ e residente na Av. Av. Jorn. Alberto Francisco Torres, n 358, apt. 1401, Icaraí, Niterói/RJ, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
I. DOS FATOS E DO DIREITO
No dia 19/04/2014, sábado, Enrico publicou, pela manhã, em sua conta pessoal, na rede social Facebook, para todos os seus contatos, tanto pessoais quanto profissionais, uma mensagem convidando seus amigos e parentes para comparecerem à uma reunião à noite para festejar seu aniversário em uma famosa churrascaria da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. 
Nesse mesmo dia 19.04.2014, a querelada que, há época dos fatos era vizinha do querelante e ex-namorada soube da festa e, utilizando-se de seu perfil e computador pessoais, publicou, de sua casa, na rede social acima referida uma mensagem no perfil pessoal de Enrico. Tal mensagem em anexo (doc. 2) tinha o intuito de ofender o querelante e afirmava o seguinte:
“Não se o motivo da comemoração, já que Enrico não passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha!”
Colocando, ainda, que “ele (Enrico) trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado (março), ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!” (destaque feito para melhor apresentação da peça). 
Em 20.04.2014, Enrico procurou a Delegacia de Polícia Especializada em Repressão aos Crimes de Informática e narrou os fatos à autoridade policial, entregando o conteúdo impresso da mensagem ofensiva e a página da rede social na Internet onde ela poderia ser visualizada presente em anexo (doc. 2), momento este que foi instaurado o inquérito policial pela parte autora da presente ação, em conformidade com o art. 5º, §5º, CPP.
a) Da Injúria
Quando a querelada afirmou, de forma pública, que “Enrico não se passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha”, ela praticou conduta tipificada no art. 140, CP, como injúria:	Comment by julia jofili: 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Por fim, é relevante mencionar que o querelante se sentiu ofendido e humilhado diante das ofensas feitas em um ambiente público, por meio que favorece a sua divulgação(em sua rede social) e, ainda, na presença de seus amigos, anteriormente mencionados. Nesse sentido, tem-se o entendimento do Superior Tribunal de Justiça: 
“Crimes contra a honra praticados pela internet são formais, consumando-se no momento da disponibilização do conteúdo ofensivo no espaço virtual, por força da imediata potencialidade de visualização por terceiros” (CC 173.458/SC, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Terceira Seção, DJe 27/11/2020).
b) Da Difamação
Ao afirmar que “ele (querelante) trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!”, querelada comete difamação contra a parte autora, de acordo com o art. 149, CP:
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Sobre a difamação e sua consumação, F. Capez (2011, p. 303), em sua doutrina, afirma que “consuma-se a difamação no instante em que terceiro, que não o ofendido, toma ciência da firmação que macula a reputação. É prescindível que várias pessoas tomem conhecimento da imputação”, o que de fato ocorreu, visto que no momento em que a publicação foi feita na rede social online Facebook, perfil este que seus amigos e colegas de trabalho têm acesso, o querelante estava acompanhado de três amigos, Carlos Feitosa, Miguel Amado e Ramirez da Costa Neto, que foram testemunhas à humilhação sofrida pela parte autora, que se sentiu extremamente constrangido.
Ademais, é importante destacar que o fato de a querelada ter injuriado e difamado o querelante na rede social do mesmo, de forma pública, demonstra o “fim de difamar, a intenção de ofender, a vontade de denegrir, o desejo de atingir a honra do indivíduo”, requisitos essenciais para tipificar o crime, de acordo com o doutrinador C. R. Bitencourt (2011, p. 340).
Dessa forma, no presente caso, os delitos devem ser sancionados com aumento de pena de 1/3, como disposto no art. 141, III, do CP, a seguir:
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
Acerca da questão tratada, é relevante mencionar, ainda, jurisprudência do Tribunal de Justiça do Paraná, exposta a seguir:
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA HONRA.ART. 140 DO CÓDIGO PENAL. INJÚRIA. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CONJUNTO PROBATÓRIO SUFICIENTE PARA EMBASAR A CONDENAÇÃO. TESTEMUNHAS PRESENCIAIS QUE EMBASARAM A VERSÃO DA VÍTIMA. MATERIALIDADE E AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS. OFENSAS PRATICADAS EM LOCAL PÚBLICO E NA PRESENÇA DE VÁRIAS PESSOAS. AUMENTO DE PENA DEVIDO. INTELIGÊNCIA DO ART. 141, INC. III DO CÓDIGO PENAL. DOSIMETRIA DA PENA ESCORREITA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PELA PENA EM CONCRETO. INOCORRÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPR – 4ª Turma Recursal – 0008066-76.2018.8.16.00014 – Londrina – Rel.: Juíza Bruna Greggio – J.23.06.2020)
II. DO CABIMENTO
A presente ação dispõe acerca do crime de difamação e de injúria, tratando-se, portanto, de crime de ação penal privada e, compete ao Juizado Especial Criminal indicado o julgamento da presente ação, pois os crimes apresentados são de menor potencial ofensivo, com fundamentos nos arts. arts. 30 e 41 CPP, art. 61, Lei n. 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais), art. 100, §2º e 139 e 140, CP.
Há legitimidade na propositura da presente ação, que é proposta dentro do prazo legal de 6 (seis) meses, contados a partir da ciência da autoria do crime (art. 38, CPP), cometido no dia 19.04.2014, o que resultará no prazo decadencial em 18.10.2014.
A injúria foi praticada em concurso formal com a difamação, pois mediante uma única ação, foram praticados dois delitos em uma mesma postagem, consequentemente trata-se de um concurso formal (art. 70 CP), realizando-se então o acúmulo material das penas (exasperação das penas) já que no cálculo as penas não ultrapassam os 2 anos, tornando-se possível o julgamento pelo JECRIM.
III. DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer:
a) A citação da querelada, com base nos arts. 396 e 396A, CPP.
b) Recebimento da queixa-crime.
c) A ouvida das Testemunhas arroladas.
d) Condenação ao pagamento da indenização pelos danos sofridos, com base no art. 387, IV, CPP, fixando o valor mínimo, e das custas processuais, despesas processuais e honorários advocatícios, no valor de 20% do valor da causa.	Comment by julia jofili: Se tiver comprovação de valores, pode pedir para a indenizaçãonão ser inferior ao valor X.
e) Condenação por Injúria (art. 140, CP) em concurso formal com a Difamação (art. 139, CP), fazendo-se incidir a causa de aumento de pena de 1/3, conforme o art. 141, III, CP.
f) O protesto por provas, utilizando-se dos meios admitidos em Direito presentes nessa peça, tais como fotos, prints, depoimentos das testemunhas abaixo arroladas, perícias e tudo o mais que se fizer necessário para a prova real no presente caso.
g) A designação de audiência preliminar, favorecendo possível composição dos danos sofridos, conforme art. 72, Lei nº 9099/95.
Nestes termos, 
Pede deferimento.
Niterói (RJ), 17 de outubro de 2014
Júlia Varejão Macêdo Jófili
Estudante – 201710271.2
Rol de Testemunhas:
1. Carlos Feitosa: profissão, residência e local de trabalho.
2. Miguel Amado: profissão, residência e local de trabalho.
3. Ramirez da Costa Neto: profissão, residência e local de trabalho.
2. Resposta a acusação
EXMO. SR. DR. DE DIREITO DA -- VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ARARUAMA/RJ
Processo nº xxxxxxxx-xx 
PATRICK NASCIMENTO, brasileiro, estado civil, tripulante de navio, inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, de RG nº X.XXX.XXX, residente e domiciliado na Rua Tiradentes, 30, Araruama – Rio de Janeiro, por sua advogada, de acordo com procuração em anexo (doc. 1), na ação promovida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, que alega suposto crime tentado de Ofensa à Integridade Corporal ou Saúde de outrem com debilidade permanente do membro, sentido ou função, vêm respeitosamente, apresentar tempestivamente, com base nos artigos 396 3 396-A do CPP, a presente: 
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Nos termos e fundamentos de direito que seguem.
I. DOS FATOS
O Ministério Público (MP) do Estado do Rio de Janeiro ofereceu denúncia, em face de PATRICK NASCIMENTO no dia 27/02/2018, perante o juízo competente, como incurso nas sanções penais do Art. 129, § 1º, inciso III, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.	Comment by julia jofili: Ele tinha, a data do fato 57 anos, mas deve-se observar se ele se enquadra na redução do prazo prescricional pela metade por ser sexagenário (ou entre 18-21), etc- CHECAR SEMPRE
Em 05.03.2017 o acusado, em defesa de sua sobrinha, NATHÁLIA CHAVES NASCIMENTO, apertado o gatilho de sua arma de fogo para efetuar disparo na direção da perna de LAURO DOS SANTOS, ora ofendido, entretanto, por situações alheias a vontade do acusado, a arma não disparou. Segundo laudo pericial em anexo (doc.2), a arma é totalmente incapaz de efetuar disparos, portanto, impossível de causar dano ao ofendido.
Ao oferecer a denúncia, o Ministério Público realizou somente uma tentativa de realizar a citação por oficial de justiça e, no dia seguinte já declarou a realização de citação por hora certa, alegando que o acusado estava se ocultando para não ser citado, o mesmo, entretanto, estava ausente a trabalho.
II. DO DIREITO
A. DA PRELIMINAR
1. DA NULIDADE DA CITAÇÃO
De acordo com o art. 362 do CPP, se “verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil”. Entretanto, sobre a citação, é importante salientar que a mesma foi realizada de maneira irregular. 	Comment by julia jofili: Art. 564: a nulidade ocorrerá nos seguintes casos
O art. 362 do CPP foi decretado válido pela Quinta Turma do Supremo Tribunal de Justiça, em decisão descrita a seguir: 
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CITAÇÃO POR HORA CERTA. VALIDADE. DEFICIÊNCIA DA DEFESA TÉCNICA. PREJUÍZO NÃO COMPROVADO. WRIT NÃO CONHECIDO. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Nos termos do artigo 362 do Código de Processo Penal, verificando  que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de  justiça  certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, sendo exatamente o que ocorreu no caso em apreço, conforme consta expressamente dos autos, sobretudo da reprodução integral da certidão do Oficial de Justiça encarregado pela diligência. A propósito, o Plenário virtual do Supremo Tribunal Federal já declarou a constitucionalidade da citação por hora certa, no julgamento do RE 635.145/RS, Rel. p/ acórdão Ministro Luiz Fux, julgado em 1º/8/2016, DJe 13/9/2017 (AgRg no HC 605.247/PE. Rel. Ministro Ribeiro Dantas).
Apesar de o art. 362 do CPP ser válido, a citação por hora certa tem como requisito a comprovação da impossibilidade de contactar o réu, por culpa do mesmo. No caso concreto, o Oficial de Justiça realizou somente uma tentativa de contato com o acusado antes de realizar a citação por hora certa, não cumprindo o pré-requisito de tentar por três vezes contactar o acusado, que estava ausente a trabalho, conforme comprovante em anexo (doc. 3), de acordo com jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) a seguir:
Importante trazer à baila também que a doutrina também não agasalha a pretensão recursal ora vergastada, conforme se denota do escólio de Aury Lopes Jr. O mencionado doutrinador, ainda que entenda ser “discutível” a constitucionalidade da citação por hora certa, na sua perspectiva, a admite em conformidade com a constituição, apenas apontando o caminho a ser seguido para que o ato seja considerado válido, in verbis :
“É uma imensa responsabilidade que se deposita nas mãos de um oficial de justiça e que deve ser estritamente controlada pelo juiz, eis que se presta a todo tipo de manobra fraudulenta ou mesmo para prejudicar o réu. Deverá ter o juiz extrema cautela em aceitar uma certidão com esse conteúdo, sendo aconselhável a repetição do ato e, se houver alguma suspeita sobre a veracidade do conteúdo substituir o servidor.
(...) Além de dirigir-se por – no mínimo – três vezes ao domicílio do réu, é importante que o oficial de justiça realize essas diligências em horários diferentes. De nada vale a procura realizada no mesmo horário, na medida em que pode corresponder ao horário de trabalho do réu, que naquelas condições nunca será encontrado (e isso não significa que esteja se ocultando, ainda que assim possa interpretar o oficial de justiça).
(...) Todo procedimento de realização da citação com hora certa deve ser certificado pelo oficial de justiça, pormenorizadamente, para permitir o posterior controle de legalidade do ato por parte do juiz. (LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal, 11ª edição, 2014, pág. 807).
(RE 635145 RS - RIO GRANDE DO SUL. Órgão Julgador Tribunal Pleno. Julg. 1 de Agosto de 2016. Relator Min. MARCO AURÉLIO)
Por desrespeito ao processo citatório, deverá ocorrer, portanto, a nulidade do processo, de acordo com o art. 564, III, e, CPP:
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa;
B. DO MÉRITO	Comment by julia jofili: TIPICIDADE, ANTIJURIDICIDADE E CULPABILIDADE (escadinha do crime: a presença do elemento precedente é pressuposto ao elemento subsequente)
1. DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA: PRESENÇA DE EXCLUDENTE DE ILICITUDE
Segundo denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP), PATRICK NASCIMENTO está sendo acusado com base nos artigos 129, § 1º, inciso III, CP c/c. com o Art. 14, inciso II, CP, descritos a seguir:
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
§ 1º Se resulta:
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
Art. 14. Diz-se o crime: 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Entretanto, no caso concreto, o acusado agiu em defesa de sua sobrinha, NATHÁLIA CHAVES NASCIMENTO. Esta estava em uma discussão com o ofendido que se tornou física e, segundo o autor, “Lauro estava agredindo-a de maneira violenta, em razão de ciúmes”; em seguida, o acusado gritou com o ofendido no intuito de defender a sobrinha das agressões violentas, entretanto o ofendido não parou de agredi-la.
Por conta de acidente de trânsito recente,que resultou em um ferimento em uma de suas pernas, de acordo com o laudo médico em anexo (doc. 4), o acusado não identificou outros meios de proteger a Nathália do ofendido, e se viu obrigado a disparar na perna do deste.
Ao se ver em situação de extrema violência e tornadas infundáveis atitudes para impedir que risco eminente sobre a vida de Nathália ou sua integridade física, o acusado disparou a sua arma. Tal conduta, chamada de legítima defesa, é prevista no art. 25, CP:
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Nesse sentido, O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul declarou:
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIME CONTRA A VIDA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO SIMPLES. LEGÍTIMA DEFESA DE TERCEIRO COMPROVADA. Legítima defesa de terceiro comprovada. Está demonstrado ter agido o acusado R.M.G.R em legítima defesa de terceiros. O acusado realizou dois disparos de arma de fogo de \alma lisa\ contra a vítima que estava, no meio da madrugada, tentando invadir a residência de uma vizinha do réu, a qual morava sozinha. Não houve excesso na reação, tendo em vista que o acusado utilizou-se do meio que tinha disponível ao seu alcance na ocasião, agindo moderadamente para evitar possível mal maior. Ainda, a arma utilizada era registrada em nome do acusado. Prejudicando o mérito do recurso do réu A.P.S diante da não subsistência da imputação de crime doloso contra a vida. RECURSO DO RÉU R.F.G.R PROVIDO, POR MAIORIA. MÉRITO DO RECURSO DO RÉU A.P.S PREJUDICADO.
(Processo RSE 0214068-05.2016.8.21.7000 RS. Órgão Julgador Terceira Câmara Criminal. Publicação 17/05/2017. Julgamento 3 de Maio de 2017. Rel. Diogenes Vicente Hassan Ribeiro)
Então, pode-se afirmar que não houve crime, visto que o art. 23, II, CP, afirma que “não há crime quando o agente pratica o fato: em legítima defesa”, como identificado anteriormente.
Diante o exposto, é cabível, portanto, a absolvição sumária do acusado, conforme o dispositivo do Código Penal transcrito a seguir:
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
2. DA CAUSA DE EXCLUSÃO DA TIPICIDADE
O crime que deu causa ao oferecimento denúncia, com base no art. 129, §1º, III, c/c. com o art. 14, II, ambos do Código Penal, não condiz com a ação do acusado.
O acusado cometeu crime impossível, visto que, de acordo com o laudo de exame pericial em anexo (doc. 5), realizado na arma apreendida do ofendido, a arma tem “total incapacidade de efetuar disparos”. Além disso, a mesma foi obtida e é mantida de forma legal, conforme o CRAF – Certificado de Registro de Arma de Fogo em anexo (doc. 6), além do acusado ter permissão para o seu uso (doc. 7).
Segundo o princípio da lesividade, além de precisar estar previsto em lei, o delito precisa representar uma ameaça efetiva ao bem jurídico protegido pela norma; dessa forma, como não há a menor possibilidade de infringir o bem jurídico tutelado, no caso concreto, “membro, sentido ou função”, a conduta é atípica, conforme determinado pelo art. 17, CP:
Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Nessa linha, há o entendimento do STF, disposto a seguir:
RECURSO ESPECIAL. PORTE DE ARMA DE FOGO E MUNIÇÃO. ARTIGO 14 DA LEI N. 10.826/2003. ARMA PERICIADA. INAPTIDÃO CONSTATADA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. RECONHECIMENTO. ABSOLVIÇÃO. MUNIÇÃO NÃO PERICIADA. PLEITO DE ANULAÇÃO DO JULGADO. PRECLUSÃO. MUNIÇÃO ACOMPANHADA DE ARMA INAPTA A DEFLAGRAR OS PROJÉTEIS. LESÃO AO BEM JURÍDICO TUTELADO. AUSÊNCIA. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
1. Hipótese em que a instância de origem decidiu não caracterizado o delito do artigo 14 da Lei de Armas, mantendo a fundamentação utilizada pelo Juiz sentenciante, tendo afastado, também, o pedido subsidiário, considerando a inviabilidade de se anular a ação penal diante da preclusão consumativa operada, na medida em que o MP estadual não produziu e nem pleiteou nova perícia sobre as munições apreendidas.
4. Os precedentes desta Corte são uníssonos no sentido da desnecessidade da realização de perícia para a caracterização do delito em questão, por se tratar de crime de mera conduta e de perigo abstrato. No entanto, uma vez realizada perícia técnica, constatando a absoluta ineficácia da arma apreendida, resta descaracterizado o delito, diante da ausência de ofensividade da conduta.
7. Ausente a exposição de qualquer risco do bem jurídico tutelado pela norma, é de rigor o reconhecimento da atipicidade penal da conduta.
8. Recurso desprovido para manter a absolvição do réu relativamente ao delito previsto no artigo 14 da Lei n. 10.826/2003.
(Processo REsp 0001779-35.2014.8.12.0019 MS 2018/0044276-2. Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA. Publicação. DJe 28/05/2018. Julgamento 22 de Maio de 2018. Rel. Ministro JORGE MUSSI)
É interessante destacar, ainda, jurisprudência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (2019), favorecendo a absolvição sumária em caso similar, abaixo:
APELAÇÃO CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. ARTIGO 14, CAPUT, DA LEI Nº 10.826/2003. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DE DEFESA. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ARMA INAPTA A EFETUAR DISPAROS. CRIME IMPOSSÍVEL. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 
1. O porte de arma de fogo de uso permitido sem a devida autorização é suficiente para configurar delito previsto no art. 14, caput, da Lei 10.826/2003, por se tratar de crime de mera conduta e de perigo abstrato, não sendo necessária a existência de lesão concreta à sociedade para a tipificação do delito. Entretanto, quando demonstrada por laudo pericial a total ineficácia da arma de fogo (inapta a disparar), deve ser reconhecida a tipicidade da conduta perpetrada da conduta perpetrada, diante da ausência de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime impossível pela ineficácia absoluta do meio.
2. Recurso conhecido e provido para absolver o réu das sanções do artigo 14, caput, da Lei n° 10.826/2003 (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido), com fundamento no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. (TJ-DF 20181310019075 DF 0001844-35.2018.8.07.0017, Relator: ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, Data de Publicação: Publicado no DJE: 17/09/2019. Pág.: 71/86)
III. DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer:
1. A anulação do recebimento da peça acusatória (art. 395 e 564, CPP), pela nulidade da citação e visto que a denúncia objetiva imputar responsabilidade penal sob conduta atípica.
2. Caso não haja a rejeição da denúncia, que ocorra a absolvição sumária do acusado, de acordo com as argumentações expostas acima (art. 386, III, CP, e art. 397, CPP)
3. Protesto provar por todos os meios de provas, documental, testemunhal e demais admitidos.
4. A intimação das testemunhas abaixo arroladas.
5. O julgamento improcedente do mérito da denúncia.
Termos em que,
Pede deferimento.
Araruama/RJ, 09 de março de 2018	Comment by julia jofili: Começa a partir do dia 28/02, ai até o dia 9/03 são 10 dias.28,01,02,03,04,05,06,07,08 e 09.
Júlia Varejão Macêdo Jófili
Mat.: 201710271-2
ROL DE TESTEMUNHAS:
1. Natália Chaves Nascimento
RG: X.XXX.XXX
CPF: XXX.XXX.XXX-XX
Endereço: Rua São Fidelis, n 100, Araruama – Rio de Janeiro
2. Maria Soares
RG: X.XXX.XXX
CPF: XXX.XXX.XXX-XX
Endereço: Rua Tiradentes, n 31, Araruama – Rio de Janeiro
3. José Manoel da Costa
RG: X.XXX.XXX
CPF: XXX.XXX.XXX-XX
Endereço: Rua Tiradentes, n 29, Araruama – Rio de Janeiro
3. Memoriais
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito Da XX Vara Criminal De Vitória/ES
FELIPE DA SILVA MOREIRA, já devidamente qualificado nos autos do processo nº xxxxx, que lhe move o Ministério Público, representado pela sua advogada, conforme procuração em anexo (doc. 1), vem, respeitosamente, apresentar as suas 
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS
Com base nosartigos 403, §3º e 404, Parág. Único, CPP, nos seguintes termos:
I. DOS FATOS
FELIPE DA SILVA MOREIRA, foi acusado do crime de estupro de vulnerável contra ANA FIGUEIREDO, que na época dos fatos tinha 13 anos, idade desconhecida pelo acusado. O suposto crime aconteceu em um bar, local de público adulto. No dia seguinte, o pai de ANA FIGUEIREDO descobriu a ocorrência dos fatos e informou à autoridade policial.
O Ministério Público (MP) Estadual denunciou Felipe pela prática de dois crimes de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217- A, na forma do artigo 69, ambos do Código Penal. O Parquet requereu o início de cumprimento de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea “l”, do CP.
II. DO MÉRITO
1. Da Absolvição por Erro de Tipo	Comment by julia jofili: NÃO CONFUNDIR COM O ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21, CP) – potencial consciência da ilicitude – excludente de culpabilidade
O Ministério Público, realizou denúncia contra o acusado com fulcro nos artigos 217-A e 69, CP, descritos a seguir:
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
Com base no caso concreto, entretanto, pode-se afirmar que houve erro de tipo essencial e, portanto, excludente de tipicidade, visto que o réu afirmou desconhecimento quanto a idade da vítima; tanto o acusado, quanto as testemunhas de defesa, afirmaram que desconheciam que a vítima tinha menos de 14 anos, observando que a mesma se vestia e se portava como alguém mais velho e que o próprio local em que FELIPE DA SILVA MOREIRA e ANA FIGUEIREDO se conheceram, um bar, é um local especificamente para adultos; os depoimentos do réu e das testemunhas são amparados, ainda, pelo depoimento da própria vítima, que afirmou que tinha o hábito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares de adultos.	Comment by julia jofili: Erro fático sob o elemento que constitui o crime (“de menor de 14 anos”)- Erro de proibição: tinha conhecimento de todos os elementos do tipo penal MAS não sabia que aquilo era proibido/crime é necessário avaliar a realidade social/circunstâncias etc do autor para decidir SE É POSSÍVEL que tenha ocorrido erro de proibição
Por desconhecer a verdadeira idade da vítima, não houve dolo nas atitudes do acusado e, portanto, há elemento excludente de tipicidade, conforme descrito no art. 20, CP:
Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Nesse sentido, e como não há forma culposa da conduta tipificada em questão, não se configura o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A, CP), conforme jurisprudência do STJ, a seguir:
EMENTA: RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. DESCONHECIMENTO ACERCA DA IDADE DA VÍTIMA. ERRO DE TIPO. REVOLVIMENTO DO CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIABILIDADE.
1. Hipótese em que o réu foi denunciado pela prática de estupro de vulnerável por manter conjunção carnal com vítima menor de 14 anos, quando mantinham relacionamento afetivo.
2. Caso em que o réu foi absolvido da prática do delito de estupro de vulnerável diante do desconhecimento da idade da vítima.
3. O desconhecimento da idade da vítima pode circunstancialmente excluir o dolo do acusado quanto à condição de vulnerável, mediante a ocorrência do chamado erro de tipo (art. 20 do CP).
(Processo REsp 0528864-62.2012.8.13.0024 MG 2018/0104726-9. Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA. Publicação DJe 22/08/2018. Julgamento 14/08/2018. Rel. Min. JORGE MUSSI).
Portanto, com a presença do erro de tipo, e consequente atipicidade da conduta do acusado, é requerida a absolvição de FELIPE DA SILVA MOREIRA, de acordo com o art. 386, III, CPP:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
III - não constituir o fato infração penal;
2. Reconhecimento do crime único
Caso o acusado não seja absolvido, pede-se o reconhecimento do crime único. De acordo com a reforma penal, através da Lei 12.015/2009, o então art. 214, CP, referente ao atentado violento ao pudor, foi revogado.
Por conta disso, não é possível a condenação do acusado com base em ambos os artigos, art. 217-A e 69, CP, base da denúncia do MP, visto que o réu não cometeu “dois ou mais crimes”, excluindo o concurso material de crimes (art. 69, CP).
3. Impugnação ao agravante por embriaguez preordenada
O Parquet requereu o agravamento da pena, com base no art. 61, II, alínea l, CP, referente à embriaguez preordenada.
Entretanto, não há provas de que FELIPE DA SILVA MOREIRA se embriagou com o intuito de cometer o crime ou para ter coragem de cometê-lo. Segundo o doutrinador Hélio Navarez, “a alínea l aponta a embriaguez, que pode ser conceituada como sendo uma intoxicação transitória, causada pelo álcool e por substâncias análogas (drogas), que diminui ou limita a capacidade do agente. No caso em tela, a lei se refere à embriaguez proposital para delinquir, situação na qual o agente tem a intenção de cometer o delito, embriagando-se para executá-lo; (...)” (NAVAREZ, Hélio. Arts. 59 a 74. In: JALIL, Maurício Schaun; GRECO FILHO, Vicente (coordenadores). Código Penal Comentado: Doutrina e Jurisprudência. Barueri, SP: Manole, 2016. P. 238).
Nesse sentido, tem-se a jurisprudência do TJDFT:
EMENTA: INAPLICABILIDADE DA AGRAVANTE DA EMBRIAGUEZ PREORDENADA, POR FALTA DE PROVA DE QUE O AGENTE INGERIU BEBIDA ALCOÓLICA, VISANDO À PRÁTICA DE CRIME DE HOMICÍDIO.
"9. Não há falar na configuração da agravante prevista no art. 61, II, 'l', do Código Penal (embriaguez preordenada) se não houver comprovação de que o réu, previamente e com propósito criminoso, tenha se embriagado.
(...)
Perlustrando os autos, vê-se que o pleito acusatório não merece prosperar, pois não há comprovação segura de que o réu, com manifesto e prévio propósito delitivo, tenha ingerido as bebidas alcoólicas para cometer o crime. A ilustre Parecerista, em suas ponderações, bem observou que o réu, inicialmente, ingeriu 'cerveja e vodka na companhia de amigos, em um bar', não havendo prova bastante de causa e efeito entre a intenção inicial do réu (ingerir bebida alcoólica com amigos) e o resultado morte da vítima.
Logo, não havendo comprovação bastante de que o réu tenha se embriagado para cometer o crime, afasta-se a configuração da agravante da embriaguez preordenada sustentada pela acusação (art. 61, II, 'l', CP)." (APR 20120810028309)
Além da inaplicabilidade do agravante por alegada embriaguez preordenada, requer-se a aplicação da atenuante de menoridade (art. 65, I, CP) e de confissão espontânea (art. 65, III, b, CP):
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; 
III - ter o agente:
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
Por ter 18 (dezoito) anos no momento do crime, o acusado se beneficia com a atenuante de pena, prevista no art. 65, I, descrito acima. Nesse sentido, a jurisprudência é pacífica, a exemplo de julgamento do Tribunal de Justiça do Amazonas:
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 157. §2º , INCISOS I E II DO CÓDIGO PENAL. AGENTE MENOR DE 21 ANOS NA DATA DO FATO. ATENUANTE DE MENORIDADE RELATIVA RECONHECIDA. MAJORANTE DE UTILIZAÇÃO DE ARMA DE FOGO CONFIGURADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
I. Há comprovação nos autos que na data do crime o Apelante possuía 20 (vinte) anos de idade, fazendo jus, portanto, ao reconhecimento da atenuante do art. 65, I, do Código Penal. (Processo APR 0235161-77.2015.8.04.0001 AM 0235161-77.2015.8.04.0001. Órgão Julgador PrimeiraCâmara Criminal. Publicação 12/02/2020. Julgamento 12/02/2020. Rel. Sabino da Silva Marques)
Acerca da aplicabilidade da atenuante de confissão espontânea (art. 65, III, d, CP), a jurisprudência também é pacificada, conforme decisão do egrégio Superior Tribunal de Justiça:
EMENTA: HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO. DOSIMETRIA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA QUALIFICADA. TRIBUNAL DO JÚRI. CONFISSÃO DEBATIDA EM PLENÁRIO. ATENUANTE RECONHECIDA. COMPENSAÇÃO INTEGRAL COM A AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA. WRIT NÃO RECONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
3. No que tange à confissão espontânea, nos moldes da Súmula 545/STJ, a atenuante deve ser reconhecida, ainda que ela judicial ou extrajudicial, e mesmo que o réu venha a dela se retratar, quando a manifestação for utilizada para fundamentar a sua condenação. (Processo HC 0115342-07.2020.3.00.0000 SC 2020/0115342-8. Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA. Publicação DJe 26/06/2020. Julgamento 23/06/2020. Rel. Min. RIBEIRO DANTAS).
4. Da aplicação da pena
O Parquet requereu o início de cumprimento de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea “l”, do CP. Entretanto, levando-se em consideração a condição de FELIPE DA SILVA MOREIRA de réu primário, pelo fato do mesmo bons antecedentes e, ainda, a conduta da vítima, corroborando com o depoimento do réu, afirmando que estava de fato em um bar adulto, que frequentava o mesmo sem permissão dos responsáveis e que os atos sexuais realizados foram consensuais para ambos, é requerido que seja fixada a pena base no mínimo legal e que seja cumprida, desde o início, em regime semi-aberto, conforme os artigos do Código Penal, descritos a seguir:	Comment by julia jofili: Crime hediondo
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
Além disso, é extremamente relevante mencionar a Súmula Vinculante nº 26, acerca do art. 2º, §1º, da lei 8.072/90, única fundamentação do MP ao pedir pelo início do cumprimento de pena em regime fechado, exposta a seguir:
Súm. Vin. n. 26. Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. 
Pode-se mencionar, ainda, uma das teses de repercussão geral que diz respeito à Súmula Vinculante n. 26, pelo Min. Edson Fachin: É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal.
(Tese definida no ARE 1.052.700 RG, rel. min. Edson Fachin, P, j. 2-11-2017, DJE 18 de 1º-2-2018, Tema 972.).
Por fim, no que diz respeito a aplicação da pena base, é importante salientar que a presença de duas atenuantes, previamente destacadas (atenuante de menoridade e de confissão espontânea), conforme o art. 65, I e III, d, CP, são motivos que corroboram para a aplicação da pena mínima. Nesse sentido, tem-se decisão do Tribunal de Justiça de Sergipe:
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO QUALIFICADO. ART. 157, 2º, I DO CP. ATAQUE À DOSIMENTRIA PENAL. REDUÇÃO DA PENA EM FACE DA PRESENÇA DE DUAS CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES. REPRIMENDA FIXADA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. POSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. MAIORIA.
- Na espécie “sub judic, a pena foi fixada no mínimo legal. Diante da presença das atenuantes da menoridade e da confissão, estas deverão ser aplicadas, ainda que a pena fixada fique aquém do mínimo legal, em observância ao Princípio da Individualização da Pena, constante no art. 5º, inciso XLVI, CF e ao disposto no art. 59, CP, que determina ponderar todas as circunstâncias do crime.
(Processo ACR 2008315469 SE. Órgão Julgador CÂMARA CRIMINAL. Partes Apelante: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE SERGIPE, Apelado: JOSE MARCOS SANTOS DA SILVA. Julgamento 04/05/2009. Rel. DES. EDSON ULISSES DE MELO)
III. DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer:
1. A absolvição do acusado pela presença do Erro de Tipo, de acordo com o art. 386, III, CP.
2. Caso não ocorra a absolvição, o reconhecimento do delito como crime único, conforme reforma dada pela Lei 12.015/2009 e consequente revogação do art. 214, CP.
3. A rejeição do pedido de agravante por embriaguez preordenada, por falta de provas e, ainda, a aceitação das atenuantes de menoridade (art. 65, I, CP) e de confissão espontânea (art. 65, III, d, CP), fixando a pena base, em respeito ao Princípio da Individualização da Pena e ao art. 5º, inciso XLVI, CF e ao art. 59, CP.
Termos em que pede deferimento.
Vitória/ES, 15 de abril de 2014.
Júlia Varejão Macêdo Jófili
Mat. 201710271-2
4. Peça de Liberdade 01 – Relaxamento de Prisão
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO – JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE  RECIFE – PE
APFD n.º 123456. 
VAN GOGH, brasileiro, solteiro, de RG nº x.xxx.xxx, CPF nº xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado em Recife-PE,  vem, por meio de sua advogada, JÚLIA VAREJÃO MACÊDO JÓFILI, regularmente constituída conforme procuração em anexo,  respeitosamente, perante Vossa Excelência requerer 
RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE
com base no art. 5º, LXV, CF c/c art. 310, I, CPP, pelos motivos de fato e de direito a seguir  expostos. 
I. DOS FATOS 
VAN GOGH, desferiu socos contra PABLO PICASSO em decorrência de uma briga relacionado a futebol, deixando a vítima com o olho roxo por algumas semanas.
Após a briga, VAN GOGH foi perseguido pelas autoridades policiais e foi preso algumas horas depois da ocorrência do crime, realizando-se prisão em flagrante imprópria (art. 30, III, CPP).
A autoridade policial lavrou o auto de prisão em flagrante, notificando no prazo legal as autoridades presentes no art. 306, CPP. O auto policial de flagrante delito atribuiu ao acusado o cometimento do crime de lesão corporal leve, mesmo sem a expressa manifestação de PABLO PICASSO em continuar com a ação, autorização necessária visto que o crime de lesão corporal leve (art. 129, CP) configura-se como ação penal pública condicionada a representação.
II. DO DIREITO E DOS FATOS
A. DA ILEGALIDADE DA PRISÃO 	Comment by julia jofili: - Crime de potencial menor ofensivo (não há flagrante)- Menoridade do réu (não pode ser flagrado)- Ausência da nota de culpa (deve ser em até 24hrs)- Ausência de representação da vítima ( oq eu é requisito, visto que o crime é de ação pública condicionada).- É necessário comunicar à família do preso- Não judicializaçãodo auto prisão em flagrante – e consequentemente a não realização da audiência de custódia. (art. 310 CPP, resol. 2013215, STJ)
No que diz respeito a ilegalidade da prisão em flagrante do acusado, há as seguintes questões relevantes: a ausência de nota de culpa e a lavratura do APFD (auto de prisão em flagrante delito) sem a autorização da vítima.
A ausência de autorização da vítima para a lavratura do auto de prisão em flagrante é essencial para a existência e legalidade do mesmo. Visto que a denúncia crime de lesão corporal leve (art. 129, CP) pelo Ministério Público é condicionada à representação da vítima, PABLO PICASSO, “o direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial” (art. 39, CPP).
O comparecimento à delegacia para noticiar o fato é suficiente para legitimar a propositura de ação penal em caso de ação penal condicionada à representação Legitimidade. Estupro. Prisão em flagrante (...) Tendo a prisão em flagrante decorrido do comparecimento da vítima à delegacia policial para noticiar a prática criminosa, revela-se estreme de dúvidas o desejo de ver punido o agente, somando-se a essa circunstância o fato de tratar-se de vítima menos afortunada. (STF. HC 100.206, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 23-11-2010, 1ª T, DJE de 10-12-2010.)
A representação é requisito necessário nesse tipo de crime, momento este não presente no caso concreto, nos termos do art. 5º, §4º, do CPP: “o inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado”. Além do artigo do Código de Processo Penal acima mencionado, tanto a doutrina quanto outros dispositivos legislativos abordam o assunto, conforme doutrina de Guilherme de Souza Nucci e o art. 88, Lei dos Juizados Especiais:
Tratando-se de ação pública condicionada, há necessidade de representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça. (Processo Penal e Execução Penal, 5ª ed., 2019. P. 39) 
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. (Lei n. 9.099/95)
Ademais, não houve a entrega da nota de culpa; apesar do conhecimento da ilegalidade da prisão em flagrante caso o preso não receba a nota de culpa no prazo de 24h, a partir do momento da prisão, nota esta que deve constar o motivo da prisão, nome do condutor e testemunhas e assinatura da autoridade policial (Art. 306, §2º, CPP), a prisão é ilegal.
Ambas as questões são abordadas na Jurisprudência do Tribunal de Justiça de Goiás:
EMENTA: HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA FUNDAMENTAÇÃO. NOTA DE CULPA. EXCESSO DE PRAZO. PREDICADOS PESSOAIS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONSTRANGIMENTO ILEGALL= NÃO EVIDENCIADO.
1- A ausência da entrega de nota de culpa não nulifica o ato de custódia preventiva. Isto porque a expedição do mandato de prisão cumpre a finalidade correspondente.
(Processo 0459960-68.2015.8.09.0000 SAO SIMAO. Órgão Julgador 1ª CAMARA CRIMINAL. Publicação DJ 1981 de 03/03/2016. Julg. 18 de Fevereiro de 2016. Rel. DES. NICOMEDES DOMINGOS BORGES)
Na situação retratada, a presença do mandato de prisão foi o único fator que amenizou a ausência da nota de culpa, o que não se adequa ao caso concreto em questão visto que não há mandato de prisão pois a mesma foi realizada em flagrante.
Além disso, o art. 312, § 2º, afirma que “a decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada”; Dessa forma, corroboram a essa fato a ausência de potencial perigo advindo do agente, a menoridade do agente, a ausência de antecedentes criminais, que a conduta praticada foi de lesão corporal leve e o claro desinteresse de comparecimento da vítima, representando-se para que a ação pública condicionada em questão pudesse ter prosseguimento.
É importante mencionar, ainda, a importância do art. 310, § 4º, CPP, pois “transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva”, situação relevante a esse caso concreto, visto que a nota de culpa somente foi expedida 4 (quatro) dias após o flagrante e, consequentemente, a audiência de custódia não foi realizada dentro do prazo determinado, audiência esta que somente ocorre após a expedição da nota de culpa e lavratura do auto de flagrante.
Em resumo, as condições para a lavratura do auto de prisão em flagrante são: a tipicidade do fato ocorrido, a maioridade penal do acusado, que no momento do crime tinha 17 anos, e o preenchimento da condição de procedibilidade, nos casos de ação penal pública incondicionada e ação penal privada.
Por fim, vale ressaltar, ainda que é ilegal a conduta da autoridade policial de não entregar a nota de culpa ao prezo dentro do prazo: 
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas.”
B. AUSÊNCIA DA NECESSIDADE DE CAUTELA
Entendimento jurisprudencial o flagrante ilegal pode ser convertido em preventiva (legal)
A gente vai dizer então que é um flagrante ilegal
- arguiçao genérica informando que no flagrante não existe qualquer indicativa de reiteração criminosa ou indicação de risco para tal; que VAN GOGH se compromete desde já ao processo etc
- acabei de arguir que não cabe prisão preventiva, mas se o sr. Magistrado ainda sim julgar necessária a aplicação da preventiva, peço que use as medidas cautelares diversas à prisão
3. DOS PEDIDOS
Por tudo exposto, vem requerer: 
I. O relaxamento da prisão em flagrante, de acordo com as questões abordadas acima, a fim de que possa permanecer em liberdade  durante o processo e que seja expedido o competente ALVARÁ DE SOLTURA; 
II. Imponha as medidas cautelares e não a prisão preventiva
III. A intimação do Ministério Público. 
Termos em que, pede deferimento. 
DATA
Júlia Varejão Macêdo Jófili
(201710271.2)
Peça de liberdade 02 – Revogação de Prisão
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA TERRA DO NUNCA
Ref.: IP / AP nº xxxxxx.
VAN GOHG, brasileiro, solteiro, de RG nº x.xxx.xxx, CPF nº xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado em Terra do Nunca,  vem, por meio de sua advogada, JÚLIA VAREJÃO MACÊDO JÓFILI, regularmente constituída conforme procuração em anexo,  respeitosamente, perante Vossa Excelência requerer 
REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA
com base no art. 282, §5º c/c art. 316, CPP, pelos motivos de fato e de direito a seguir  expostos. 
1. DOS FATOS
O Ministério Público ofereceu denúncia contra VAN GOGH por ofender a integridade corporal ou saúde de PICASSO, art. 129, §1º, I, CP. O Juiz da 1º Vara Criminal da Terra do Nunca recebeu a denúncia e, em atendimento aos requerimentos formulados pela acusação, determinou que PICASSO comparecesse ao IML para a realização da perícia para fins de exame complementar, de forma a viabilizar a apuração da gravidade das lesões sofridas. Após a determinação judicial, PICASSO informou que VAN GOGH o vinha ameaçando, a fim de evitar que ele comparecesse na data designada pela perícia do IML. Assim, o Ministério Público requereu e o magistrado acolheu o requerimento, decretando a prisão preventiva de VAN GOGH por conveniência da instrução criminal. Uma semana após a prisão, PICASSO compareceu à perícia e o laudo pericial complementar foi acrescentado aos autos2. DO DIREITO
De início, no que diz respeito a ausência de necessidade da prisão preventiva, é importante destacar que, de acordo com Aury Lopes Jr. (2018, p. 34), “o Direito Penal, contrariamente ao Direito Civil, não permite, em nenhum caso, que a solução do conflito – mediante a aplicação de uma pena – se dê pela via extraprocessual. O direito civil se realiza todos os dias, a todo momento, sem necessidade de processo. […] O direito penal não tem realidade concreta fora do processo penal, ou seja, não se efetiva senão pela via processual. Quando alguém é vítima de um crime, a pena não se concretiza, não se efetiva imediatamente”. Dessa forma, pode-se afirmar que é necessário que ocorra a avaliação do caso concreto para a aplicação de tais medidas, com o intuito de não “adiantar a pena” do acusado e deve ser aplicada como último recurso, a depender da gravidade da situação, como disposto no Art. 282, CPP:
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:
§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.
Dessa forma, é necessária a aplicação, primeiramente, de outras medidas cautelares diversas à prisão preventiva, presentes no rol do art. 319, CPP, como abordada na jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o qual afirma que a prisão preventiva será mantida, visto que outras medidas previamente impostas foram descumpridas, alertando para a necessidade de haver uma progressão da seriedade das medidas tomadas e da excepcionalidade da prisão preventiva.
EMENTA: HABEAS CORPUS - TRÁFICO DE DROGAS - REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA - IMPOSSIBILIDADE – FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA. DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS CAUTELARES – ART 282, § 4º, DO CPP. ORDEM DENEGADA.
Considerando que o paciente descumpriu as medidas cautelares que lhe foram anteriormente impostas, e tendo o juízo primevo analisado com cautela os requisitos da necessidade e conveniência da segregação, é imperativa a manutenção da custódia cautelar para a garantia da ordem pública e da aplicação da lei penal. (Processo HC5059074-62.2020.8.13.0000 MG. Órgão Julgador Câmaras Criminais / 5a CÂMARA CRIMINAL. Publicação 30/09/2020. Julgamento 29 de Setembro de 2020. Relator Júlio César Lorens)
Destaca-se, ainda, que “como qualquer medida cautelar, a preventiva pressupõe a existência de periculum in mora (ou periculum libertatis) e fumus boni iuris (ou fumus comissi delicti), o primeiro significando o risco de que a liberdade do agente venha a causar prejuízo à segurança social, à eficácia das investigações policiais/apuração criminal e à execução de eventual sentença condenatória, e o segundo, consubstanciado na possibilidade de que tenha ele praticado uma infração penal, em face dos indícios de autoria e da prova da existência do crime verificados no caso concreto”, conforme o doutrinador Norberto Avena.
Portanto, a posterior ausência da necessidade de impor a prisão preventiva como medida cautelar torna a prisão preventiva desnecessária pois não há mais as situações previstas no art. 312, CPP: “A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.” No caso concreto, a intenção da prisão preventiva foi de garantir a realização do exame de perícia, que, ao ser realizada não resultariam motivos para a manutenção da prisão. A observância da mencionada ‘desnecessidade’ e consequente revogação da prisão preventiva tem suporte na jurisprudência do Superior Tribunal Federal:
“Se a custódia cautelar foi decretada apenas com fundamento na conveniência da instrução criminal, o encerramento desta torna desnecessária aquela” (HC 100.340, rel. min. Cezar Peluso, j. 10-11-2009, 2ª T, DJE de 18-12-2009)
Ademais, é desnecessária a utilização de outras medidas cautelares, visto que o acusado pretende cooperar completamente com o processo, ...	Comment by julia jofili: Elaborar 1 ou 2 paragrafos
3. DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer: 
1) A revogação da prisão preventiva, a fim de que possa permanecer em liberdade  durante o processo e que seja expedido o competente ALVARÁ DE SOLTURA; 
2) Subsidiariamente, caso Vossa Excelência ainda entenda que ainda esteja presente  a necessidade de cautela, que sejam utilizadas as medidas cautelares diversas à  prisão, nos termos dos arts. 319 e 320, do CPP;
3) Intimação do Ministério Público. 
Termos em que pede deferimento. 
LOCAL, DATA 	Comment by julia jofili: Peça de liberdade não tem prazo, pode ser aplicada ate quando for cabivel
Júlia Varejão Macêdo Jófili
Mat. 201710271.2
Apelação 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DE BELO HORIZONTE/MG
Processo nº xxxxxx.
LEONARDO, brasileiro, solteiro, de RG nº x.xxx.xxx, CPF nº xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado em Belo Horizonte/MG,  vem, por meio de sua advogada, ADVOGADA (NOME), regularmente constituída conforme procuração em anexo,  respeitosamente, perante Vossa Excelência requerer RECURSO DE APELAÇÃO, contra a sentença, com base no art. 593, I, CPP, requerendo, desde já, seja o recurso conhecido por este juízo e, consequentemente remetido ao Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais, para que dele conheça, dando-lhe provimento, juntamente com as razões em anexo.
Termos em que,
Pede deferimento.
Belo Horizonte/MG, 15 de maio de 2017
ADVOGADA – assinatura
Número da OAB
RAZÕES DE APELAÇÃO
Processo nº: xxxxxx
Origem: 1ª Vara Criminal de Belo Horizonte
Ação Criminal
Apelado: Justiça Pública
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES
I- DAS PRELIMINARES
Preliminarmente, é importante afirmar que a sentença é nula, devendo os respectivos autos desde as alegações finais da defesa serem anulados. Isso ocorre, pois, o advogado inicialmente constituído por Leonardo, renunciou, e, diante a necessidade de contratar outro advogado, o magistrado não intimou o réu para fazê-lo.
II- DO MÉRITO
Caso a preliminar não seja acatada, é requerida, portanto, a absolvição de Leonardo, visto que Leonardo desistiu voluntariamente de levar o crime à consumação. Tal questão se dá por conta do art. 15, CP, o qual afirma que “o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados”.
EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. RECURSO DE APELAÇÃO. LESÃO CORPORAL (ART. 129, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL). RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. PEDIDO DE CONDENAÇÃO PELA PRÁTICA DO CRIME DE ESTUPRO NA FORMA TENTADA (ART. 213C/C ART. 14, INCISO II, DO CÓDIGO PENAL). IMPROCEDÊNCIA. APELADO QUE NÃO CHEGOU A INICIAR A EXECUÇÃO DO CRIME DE ESTUPRO, DESISTINDO VOLUNTARIAMENTE DA CONTINUIDADE DA AÇÃO. INCIDÊNCIA DA NORMA PENAL PREVISTA NO ART. 15DO CÓDIGO PENAL. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA QUE SE IMPÕE. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1) A desistência voluntária está prevista no art. 15 do Código Penal, o qual prevê que "o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados". 2) Tendo em vista que o apelado não chegou a praticar nenhum ato de execução do crime de estupro, desistindo voluntariamente de continuar na ação criminosa, deve responder apenas pelo fato criminoso praticado efetivamente, no caso, lesão corporal leve, previsto no art. 129, caput, do Código Penal. 3) Apelação Criminal conhecida e não provida. (TJ-MA - APR: 00004964120148100048 MA 0285732019, Relator: TYRONE JOSÉ SILVA, Data de Julgamento: 27/01/2020, TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 10/03/2020 00:00:00).
Pode-se observar, portanto, que de acordocom o art. 15, CP, já mencionado, quando ocorre o arrependimento, como no caso concreto, o acusado deveria somente responder pelo crime cometido.
Ademias, observa-se que antes que o crime fosse executado, Leonardo desistiu de praticá-lo, o que não se configura como tentativa, visto que a desistência não foi por situações alheias a vontade do acusado. Por conta disso, e analisando a conduta de Leonardo, o único crime que ele cometeu foi ameaça, que é tipificada no art. Art. 147: “Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave”. Por sua vez, o crime de ameaça é um crime de ação penal pública condicionada à representação, que nunca foi apresentada, o que impede a condenação de Leonardo por este delito.
III- SUBSIDIARIAMENTE E DOS FATOS
Diante o exposto, requer-se a absolvição de Leonardo; se, eventualmente, a condenação for mantida, requer-se, então, que seja feita dosimetria da pena, como destacada a seguir.
Primeiramente, pede-se pela aplicação da pena base em seu mínimo legal, visto que os maus antecedentes que foram alegados não podem ser considerados no impacto à dosimetria, visto que configura-se no ato infracional, realizado quando o acusado era inimputável. Além disso, roga-lhe pelo reconhecimento da atenuante de menoridade e de confissão, visto que Leonardo tinha 19 (dezenove) anos à época, portanto, menor que 21 (vinte e um) anos, conforme explicitação do art. 65, I e III, d, CP.
A seguir, é necessário que seja desconsiderado o aumenta da pena previsto no art. 157, 2º- A , I, CP, referente ao uso de arma de fogo durante a execução do crime, visto que não foram reconhecidas provas de sua utilização, nem mesmo no momento da prisão de Leonardo, quando nenhuma arma, de fogo ou branca, foi encontrada, não resultando em risco para a vítima. Com isso, reforça-se a aplicação da pena base em seu mínimo legal, “detenção de seis meses ou multa”, e a redução máxima da tentativa, fazendo com que seja de competência dos Juizados Especiais Criminais e que, portanto, seja possível a aplicação da suspensão condicional do processo. Isso se dá, pois:
1. A fixação da pena-base (art. 59) no mínimo legal, porque favoráveis todas as circunstâncias judicias, e a imposição do regime mais gravoso do que aquele abstratamente imposto no art. 33 do Código Penal revela inequívoca situação de descompasso com a legislação penal. A invocação abstrata das causas de aumento de pena não podem ser consideradas, por si sós, como fundamento apto e suficiente para agravar o regime prisional, por não se qualificarem como circunstâncias judicias do art. 59. Inteligência do enunciado 718 da Súmula do STF. Precedentes.
[HC 117.813, rel. min. Teori Zavascki, 2ª T, j. 18-2-2014, DJE 44 de 6-3-2014.]
Considerando que, ainda assim, o processo prossiga, requer-se a aplicação do regime aberto ou semiaberto, visto que a fundamentação do magistrado foi insuficiente para a determinação do cumprimento da pena em regime fechado, visto que não foram reconhecidas agravantes ou atenuantes na motivação do magistrado, necessidade esta destacada pelo STF:
“A invocação abstrata da causa de aumento de pena não pode ser considerada, por si só, como fundamento apto e suficiente para agravar o regime prisional, por não se qualificar como circunstância judicial do art. 59. 5. A jurisprudência do STF consolidou o entendimento segundo o qual a hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga, por si só, o regime prisional mais gravoso, pois o juízo, em atenção aos princípios constitucionais da individualização da pena e da obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, deve motivar o regime imposto observando a singularidade do caso concreto. 6. Aplicação das súmulas 440, 718 e 719”. [HC 123.432, rel. min. Gilmar Mendes, 2ª T, j. 30-9-2014, DJE 201 de 15-10-2014.].
 Além disso, segundo a súmula 719, STF, “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea”, o que não se configura, como já mencionado.
IV- DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer:
1. O conhecimento, processamento e provimento do recurso com a reforma da decisão atacada no sentido de absolver Leonardo com fundamento no art. 386, VI e VII, CPP, e consequente expedição de alvará de soltura.
2. Se não houver a absolvição de Leonardo, a devida dosimetria da pena como demonstrada anteriormente, assim como a eventual aplicação de regimes diversos, condizentes com a condição real da situação e conduta de Leonardo.	Comment by julia jofili: Bem especificado com cada razão para desclassificar o crime de roubo pra de ameaça (coisas do mérito)
3. Intimação do Ministério Público.
Termos em que,
Pede deferimento.
Belo Horizonte/MG, 15 de maio de 2017
ADVOGADA – assinatura
Número da OAB
RESE – Recurso em Sentido Estrito
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA – VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DE PORTO ALEGRE, RIO GRANDE DO SUL
Autos do processo nº xxxxxx
TÚLIO, já qualificado nos autor de nº xxxxxx em epígrafe, que lhe move a Justiça Pública, por meio de sua advogada, JÚLIA VAREJÃO MACÊDO JÓFILI, regularmente constituída conforme procuração em anexo, inconformado com a decisão, que o pronunciou, vem, respeitosamente, dentro do prazo legal, perante Vossa Excelência, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, contra a sentença, com base no art. 581, IV, CPP.
Requer-se, então, que haja um pedido de retratação por parte do juízo a quo, nos teros do art. 589, CPP, além disso, é pedido que o presente recurso seja recebido e processado e, caso Vossa Excelência entenda que deva ser mantida a respeitável decisão, que seja encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul com as respectivas razões recursais.
Nestes Termos,
Pede deferimento,
Porto Alegre, 25 de junho de 2018
Júlia Varejão Macêdo Jófili
OAB nº xxx/xx
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
RECORRENTE: TÚLIO
RECORRIDA: JUSTIÇA PÚBLICA
Autos do Processo nº xxxxxx
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,
Câmara,
Doutor Procurador de Justiça,
Em que pese o saber jurídico do MM. Juiz a quo, é manifestamente necessária a reforma da sentença de pronunciamento do Recorrente, pelas seguintes razões a seguir expostas.
I. DOS FATOS
O Recorrente, TÚLIO, que na época dos fatos tinha 18 anos recém completos, foi denunciado, pelo crime do art. 126, caput, c/c. o art. 14, II, CP, no dia 22/01/2014 entretanto, somente em 18/06/2018 a decisão de pronúncia foi proferida e publicada.
II. PRELIMINARES
A princípios, é importante destacar que visto os acontecimentos em questão, é necessário o reconhecimento da extinção da punibilidade, visto que houve a prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato. Isso se dá, pois a conduta ocorreu em 03/01/2014, em 22/01/2014 foi realizada a denúncia, como já pontuado, ação esta que configura-se causa de interrupção do prazo prescricional (Art. 117, I, CP); entretanto, somente em 18/06/2018 a decisão de pronúncia foi proferida e publicada, quatro anos sem que o prazo fosse suspenso ou nova causa de interrupção fosse apresentada.
Visto que “provocar aborto com o consentimento da gestante” (art.126, caput, CP) tem como pena a “reclusão, de um a quatro anos” e, pelo crime ter sido tentado é aplicado o mínimo legal, mesmo assim é necessário considerar que no momento do crime TÚLIO era menor de 21 anos, o que lhe confere a redução do prazo prescricional, que seria de oito anos (art. 109, IV, CP), pela metade, resultando em um período de quatro anos (art. 115, CP), período este que foi excedido entre o recebimento da denúncia e a pronúncia.
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no §1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I- em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede quatro;
Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença,maior de 70 (setenta) anos.
O reconhecimento da extinção da punibilidade, conforme abordado acima, é coerente com jurisprudência relevante, referente ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais:
EMENTA: USO DE DROGAS. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. ACUSADO MENOR DE 21 ANOS NA ÉPOCA DOS FATOS. PRAZO REDUZIDO À METADE. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
Comprovado que a acusada era menor de 21 anos à época dos fatos, é reduzido pela metade, qual seja, um ano. 
Ocorrida a prescrição da pretensão punitiva, com marcos estabelecidos entre a data da publicação da sentença e a data do julgamento da ação pelo Órgão Colegiado, resta extinta a punibilidade da agente.
(TJ-MG-APR:10518130180608001 MG, Rel.: Cássio Salomé, Julgamento: 07/05/2015, Publicação: 15/05/2015)
Além disso, há de ser reconhecida a nulidade à instrução do processo, visto que diante a pena prevista no art. 126, reclusão de um a quatro anos, é possível a Suspensão Condicional do Processo. A aplicação a suspensão condicional do processo é possível pois além de TÚLIO ser réu primário e não responder por nenhuma outra ação penal, a pena mínima prevista é de um ano; Com a aplicação da suspensão condicional, não seria aplicável a instrução e pronúncia, devendo ser anulada a decisão desta.
Ainda acerca da nulidade, pode-se observar, ainda, que foram violados os princípios da ampla defesa e do contraditório, quando da decisão pela pronúncia, proferida pelo magistrado, somente os documentos apresentados foram considerados e que a defesa não teve acesso a provas que foram acostadas ao procedimento.
III- DO MÉRITO
Quanto ao mérito, é necessário destacar a necessidade do acusado ser absolvido sumariamente pois, no caso concreto, nos deparamos com um crime impossível. "Também conhecido por tentativa inidônea, impossível, inútil, inadequada ou quase crime, é a tentativa não punível, porque o agente se vale de meios absolutamente ineficazes ou volta-se contra objetos absolutamente impróprios, tornando impossível a consumação do crime (art. 17, CP). Trata-se de um autêntica “carência de tipo”, nas palavras de Aníbal Bruno (Sobre o tipo no direito penal, p. 56). “Na segunda parte, o art. 17 refere-se à absoluta impropriedade do objeto material do crime, que não existe ou, nas circunstâncias em que se encontra, torna impossível a consumação. Há crime impossível nas manobras abortivas praticadas por mulher que não está grávida, no disparo de um revólver contra um cadáver etc.” (MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal: parte geral: arts. 1° a 120 do CP - Volume 1. 34a ed. São Paulo: Atlas, 2019, p. 156). Diante disso, é pertinente, ainda, a utilização de jurisprudência para esclarecer, na prática, a conduta a ser tomada diante situação em questão, conforme decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, a seguir:
“Em se tratando de crime de aborto, mostra-se indispensável a comprovação de que a gestante esteja efetivamente em estado gravídico. Ausente referida demonstração, não se pode cogitar do reconhecimento de crime, mesmo a título precário. RECURSO DESPROVIDO. EXCLUSÃO DE CRIME DETERMINADA DE OFÍCIO”.
(Recurso em Sentido Estrito n. 0001271-84-2014.8.24.0042 Rel. Desembargador JORGE SCHAEFER MARTINS, Quarta Câmara Criminal do TJ/SC, Julg. Em 07/06/16, Dje 19/07/16).
Diante a clara atipicidade da conduta descrita acima, crime impossível por absoluta impropriedade do objeto, é necessária a imediata absolvição sumária do agente, conforme disposto no art. 415, III, CPP, visto que TÚLIO, ao entregar medicamento abortivo à JOAQUINA, a qual não se encontrava grávida, e sim com um cisto (como demonstrado pelo laudo médico), a conduta é atípica.
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:
III – o fato não constituir infração penal;
IV. DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer:
a) O reconhecimento preliminar da prescrição da pretensão punitiva;
b) Caso não seja aceito, que haja a anulação da decisão de pronúncia;
c) O recebimento e processamento do Recurso em Sentido Estrito (RESE), como terceira hipótese;
d) A absolvição sumária (art. 415, III, CPP);
e) Caso nenhum pedido anteriormente expresso seja aceito, a intimação da parte contrária para a apresentação de suas respectivas contrarrazões recursais;
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Porto Alegre, 25 de junho de 2018
Júlia Varejão Macêdo Jófili
OAB nº xxx/xx
Agravo em Execução
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP	Comment by julia jofili: Para o juízo que decidiu no âmbito da execução
Execução penal nº XXX
GUILHERME, já qualificados nos autos do processo, atualmente localizados no presídio estadual XXX, por sua advogada, JÚLIA VAREJÃO MACÊDO JÓFILI, regularmente constituída conforme procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a Decisão proferida pelo juízo competente, que decidiu pela perda de benefícios da execução por parte do apenado, interpor AGRAVO EM EXECUÇÃO, com base no art. 197 da Lei 7.210/84 (LEP).
Reque que o presente agravo seja recebido e processado, já com as razões para que haja a retratação por parte do juízo, caso assim entenda haja retratação por parte do juízo a quo, na forma do art. 589, CPP, por analogia. Em caso de manutenção da decisão proferida, requer que o presente recurso seja reconhecido e encaminhado ao Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo.	Comment by julia jofili: Que Vossa Excelência revise a R. decisão prolatada ...
Nestes termos,
Pede deferimento.
São Paulo, 15 de julho de 2019	Comment by julia jofili: Prazo 5 dias – sumula 700 STF (traz como semelhante ao rese); n pode terminar em fds
Júlia Varejão Macêdo Jófili
OAB/xxxxx nº xxx 
RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO
AGRAVANTE: GUILHERME
AGRAVADO: Ministério Público
EXECUÇÃO PENAL Nº XXXX
Egrégio Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara dos Desembargadores
Douta Procuradoria,	Comment by julia jofili: Ou Ilustre; é opcional se referir ao procurador
	Comment by julia jofili: GUILHERME, ora recorrente, interpôs recurso de agravo de execução, tempestivamente conforme a sumula 700 STF, por estar insatisfeito com a R. decisão proferida pelo juízo X de Y(Cidade/estado);
Mesmo com o exímio e ilibado saber jurídico do MM juízo a quo, a decisão em questão não merece continuar vigente, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
I. DOS FATOS
Guilherme foi condenado pela prática do crime de lesão corporal seguida de morte, sendo aplicada a pena de 6 anos de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado, em razão das circunstâncias do fato. Após cumprir 1 ano da pena aplicada, Guilherme foi beneficiado com progressão para o regime semiaberto, entretanto, durante o cumprimento da pena, veio a ser encontrado escondido em seu colchão um celular. O diretor do estabelecimento penitenciário, ao tomar conhecimento dos fatos por meio dos agentes penitenciários, de imediato reconheceu na ficha do preso a prática de falta grave, apenas afirmando que a conduta narrada pelos agentes, e que teria sido praticada por Guilherme, se adequava ao Art. 50, inciso VII, da Lei nº 7.210/84. Ao analisar o caso, o juiz decidiu pela perda de benefícios por parte do Agravante, mesmo sem o Agravante nunca ter sido chamado para se pronunciar ou esclarecer o fato.
II. DO DIREITO	Comment by julia jofili: Não tem mérito nesse caso
Como é possível observar nos fatos narrados, a decisão do magistrado acerca da perda dos benefícios pelo Agravante foi baseada no art. 50 da Lei 7.210/84, que determina que:
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
VII – Tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
Apesar de a conduta realizada estar prevista na LEP, no caso em concreto não houve a observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa, como defende a jurisprudência pacificada, conforme a súmula do Superior Tribunal de Justiça, a seguir:	Comment by juliajofili: Mencionar o art. 5º CF/88; 
Súmula 533, STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.
Como disposta pela Súmula destacada, como as exigências de procedimento administrativo e defesa pelo Agravante não foram cumpridas no caso concreto, o conhecimento da falta disciplinar, que no caso concreto se refere a posse de aparelho telefônico, não pode ser considerado pelo juiz de execução. Acerca disso, é possível observar, ainda, decisão relevante do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
AGRAVO EM EXECUÇÃO. FALTA GRAVE. FUGA DO ESTABELECIMENTO PRISIONAL. PRESCRIÇÃO DO PAD INEXISTENTE. SÚMULA 533 DO STJ. A prática de fuga caracteriza falta grave, nos termos do art. 50 da LEP. Segundo precedentes do STJ e STF, improcedente a alegação de prescrição com base no RDP/RS, uma vez que não cabe a ele disciplinar prescrição em matéria penal. Diante disso, deve ser afastada a ocorrência da prescrição declarada na sede administrativa. Por entendimento estabelecido na Súmula 533 do STJ, é imprescindível a instauração do PAD para reconhecimento da falta grave. AGRAVO PROVIDO. (TJ-RS - AGV: 70069837169 RS, Relator: Julio Cesar Finger, Data de Julgamento: 28/07/2016, Quarta Câmara Criminal, Data de Publicação: 25/08/2016).
Por conseguinte, visto que é inválido o reconhecimento de prática grave descrita anteriormente, pela não observância dos requisitos essenciais, também não seria aceito a regressão do cumprimento de pena para o regime fechado, apesar de ser prevista no art. 118, I, LEP e Súmula 534, STJ.
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
Súmula 534 (STJ). A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração” (REsp 1364192).
Ainda assim, mesmo que haja a perda de benefícios por parte de GUILHERME, não é possível haver a retirada dos benefícios em sua totalidade, conforme previsto no art. 127, LEP, abaixo:
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
Por fim, quanto a determinação de reinício da contagem dos prazos para o livramento condicional e indulto, não é previsto em lei tal determinação e, seguindo o princípio da legalidade, observa-se as súmulas 441 e 535 do STJ, prevendo que a prática de falta grave não interrompe o prazo para fins de comutação de pena ou indulto.
III – DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer:
1. O recebimento, reconhecimento, processamento e provimento do presente recurso, conforme os fatos do direito já expostos;
1. Anulação da decisão judicial que impôs a falta grave sem haver o respeito ao Contraditório e Ampla Defesa;
2. Consequentemente, que também seja anulado o decreto judicial que impôs a regressão do regime, tendo em vista que a falta grave foi imputada de forma incorreta;
3. Subsidiariamente, ainda que se reconheça a falta grave, que essa perda dos dias remidos seja limitada a 1/3 conforme o art. 127 da LEP, e não à totalidade dos dias remidos.
4. seja anulada a decisão judicial que reordenou o reinício da contagem do prazo condicional, por ser medida ilegal, não prevista em lei, conforme a lei 441 (STJ)
5. Que seja anulado o decreto judicial que ordenou o reinicio da contagem do induto, pois não há previsão legal para tal, sendo, portanto, ilegal a sua aplicação.
6. Intimação da parte contrária para a apresentação de suas respectivas contrarrazões recursais.
Nestes termos,
Pede deferimento.
São Paulo, 15 de julho de 2019
Júlia Varejão Macêdo Jófili
OAB /xxxxx nº xxx 
Revisão Criminal
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO GROSSO
JANE, nacionalidade, estado civil, ... vem, por meio de sua advogada e da procuração em anexo (doc. 1), perante Vossa Excelência, com base no art. 621, I e III do CPP, propor
REVISÃO CRIMINAL
Nas razões de fato e de direito a seguir expostas.
I – DOS FATOS
Jane, no dia 18 de outubro de 2010, na cidade de Cuiabá – MT, subtraiu veículo automotor de propriedade de Gabriela. A ré confessou o crime em seu interrogatório. Ao cabo da instrução criminal, a ré foi condenada a cinco anos de reclusão no regime inicial fechado para cumprimento da pena privativa de liberdade, tendo sido levada em consideração a confissão, a reincidência específica, os maus antecedentes e as consequências do crime, quais sejam, a morte da vítima e os danos decorrentes da subtração de bem essencial à sua subsistência. Conforme certidão do trânsito em julgado da sentença condenatória em anexo (doc. 2). A condenação transitou definitivamente em julgado, e a ré iniciou o cumprimento da pena em 10 de novembro de 2012.	Comment by julia jofili: Sob pena de bis in idem – não pode utilizar o mesmo fato para reincidência e maos antecedentes. Mas non caso, eles não afirmam que é o mesmo fato que resultou ambas as consequências. Mas vale ficar atento a isso.
II – DO DIREITO
Após a sentença, foi descoberta causa especial de diminuição da pena, pois GABRIEL, filho da vítima, afirmou que antes do oferecimento da denúncia, JANE contatou-lhe e o veículo foi devolvido a GABRIEL em perfeito estado e sem maiores impedimentos. Tal situação tem previsão legal no art. 16 do CP:
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
Visto que a atitude de JANE cumpre todos os requisitos para ser possível a aplicação do art. 16, crime sem violência ou grave ameaça, restituição da coisa em sua totalidade antes do recebimento da denúncia e por ato voluntário do agente, é possível a modificação da pena, de acordo com os preceitos que configuram a conduta como de arrependimento posterior.
A parte final do dispositivo (art. 15, CP) - 'ter, antes do julgamento, reparado o dano' - precisa ser diferenciada do arrependimento posterior (art. 16 do CP), causa obrigatória de diminuição da pena. Nesse, a reparação do dano ou restituição da coisa deve preceder o recebimento da denúncia ou da queixa, enquanto na atenuante genérica é possível a reparação do dano antes do julgamento em 1ª instância. Contudo, aqui também a reparação do dano deve ser integral e efetuada pelo réu livre de coação. Destarte, se o dano é reparado em razão de condenação no juízo civil, não se aplica a atenuante. Incide, contudo, o abrandamento da pena quando a vítima renunciar ao seu direito de crédito ou recusar injustificadamente a indenização. Fundamenta-se essa atenuante genérica em questões de política criminal, buscando estimular o acusado, mediante a diminuição de sua pena, a reparar o dano provocado a um bem jurídico penalmente tutelado." (MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. p. 380-381).
Isso se dá com base, ainda, no art. 626 do CPP, considerando-se a referida causa de diminuição da pena, e no art. 65, III, b, CP:
Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista.
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
Tal dispositivo se confirma, ainda, com a jurisprudência

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