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MONOGRAFIA RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
UNICID
GRADUAÇÃO EM DIREITO
Catia Cristina Gomes Lopez
Tainá Gonçalves Abreu 
DA RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE
SÃO PAULO
2020
Catia Cristina Gomes Lopez
Tainá Gonçalves Abreu
DA RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE
	
Monografia apresentada para obtenção
 da nota parcial da avaliação AV2 do 
 curso de Direito do Consumidor
 
Disciplina: Direito do Consumidor
SÃO PAULO
2020
Catia Cristina Gomes Lopez. RGM: 16831098
Tainá Gonçalves Abreu. RGM: 16798228
DA RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE
Monografia apresentada para obtenção
 da avaliação parcial bimestral do curso
 de Direito, na Disciplina de Direito do
Consumidor.
Nota:
_____________________________
SÃO PAULO
2020
RESUMO
Esta monografia trata da Responsabilidade do Comerciante nas relações de consumo. E, para tanto, é necessário que entendamos conceitos, elementos e a dinâmica desta relação. O comerciante está inserido no gênero fornecedor, que aceita ampla conceituação. Sua distinção torna-se relevante na cadeia de responsabilidades. A unificação dos assuntos relacionados à relação consumerista é o caminho que vem traçando o Superior Tribunal de Justiça. 
	
Palavras-Chave: Comerciante, Consumo, Fornecedor, Responsabilidade.
Sumário
1. Introdução..............................................................................................6
2. Relação de Consumo.............................................................................7
3. Teorias.................................................................................................11
3.1 Teoria Finalista ou Subjetiva..........................................................11
3.2 Teoria Maximalista ou Objetiva......................................................11
3.3 Teoria Finalista Ampliada...............................................................11
4. Defeito e Vício......................................................................................11
5. Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo.............................12
6. Fato do Produto e do Serviço – Acidente de Consumo........................12
7. Responsabilidade do Comerciante.......................................................15
8. Jurisprudência......................................................................................19
9. Desenvolvimento..................................................................................24
10. Conclusão............................................................................................24
Bibliografia
1. Introdução
O Código de Hamurabi que data da primeira dinastia babilônica, no século XVIII a.C., já trazia indiretamente, algumas regras de proteção ao consumidor. Para exemplificar tal argumento, vejamos a Lei nº 233, que atribui ao arquiteto que construa uma casa cujas paredes sejam deficientes, a obrigação de reconstruí-la ou consolidá-la por suas próprias custas. E, ainda a reparação cabal dos danos, e a pena capital para si, e respectivamente ao membro de sua família, cujo parente da outra houvesse sido vitimado fatalmente, na ocasião do desabamento. Assim como, ao cirurgião que operasse uma pessoa com bisturi de bronze e lhe provocasse a morte por imperícia, caberia indenização cabal e pena capital. O construtor de barcos era obrigado pela Lei nº 235 a refazê-los, no caso de defeito estrutural, com prazo determinado de um ano. 
No século XIII a.C., na Índia, o sagrado Código de Manu sustentava multa e punição, em sua Lei nº 697, afora o ressarcimento dos danos, àqueles que adulterassem gêneros, ou entregassem coisa de espécie inferior àquela adquirida, ou vendessem bens de igual natureza por preços diferentes – Lei nº 698.
Na Grécia de Aristóteles havia uma preocupação latente com a defesa do consumidor. Fiscais eram designados para verificar se os produtos vendidos não eram adulterados, se as suas medidas e pesos eram corretas, assim como seus preços.
Na França, em 1481, o rei Luís XI punia com banho escaldante aquele que vendesse manteiga com pedra no seu interior para aumentar o peso, ou leite com água para aumentar o volume.
Destarte, desde os primórdios da humanidade observamos iniciativas que permeando a forma indireta ou extrema buscavam trazer uma espécie de ressarcimento àquele que se sentisse ofendido ou lesado na relação de consumo. 
Dentre as primeiras leis de proteção ao consumidor, faz jus menção as respectivas leis francesas: a) Lei de 22/12/1972 que permitia aos consumidores um período de sete dias para refletir sobre a compra; b) Lei de 27/12/1973 – Loi Royer, que no art. 44 tratava da publicidade enganosa; c) Leis nos 78, 22 e 23 (Loi Scrivener), de 10/01/1978, que resguardavam os consumidores contra os perigos do crédito e cláusulas abusivas. Merece destaque o Code de la Consommation, regularizado em 1995. 
No Brasil, a partir de 1974 foram criadas as primeiras associações civis e entidades governamentais voltadas à defesa do consumidor. Em maio de 1976, o Governo de São Paulo criou o Sistema Estadual de Proteção ao Consumidor, com previsão de órgãos centrais em sua estrutura, como o Conselho Estadual de Proteção ao Consumidor e o Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor, posteriormente denominado de PROCON.
O consumidor brasileiro despertou para os seus direitos, na segunda metade da década de 1980, quando foi implantado o Plano Cruzado, e, se instaurou uma enorme problemática econômica. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu como dever do Estado, a promoção da defesa do consumidor; e um prazo dentro de 120 dias após sua promulgação, para a elaboração de um Código para esta finalidade.
Desta forma, foi instituída a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, convencionada formalmente como Código de Defesa do Consumidor (CDC), que é um sistema de regras de direito logicamente ligadas, compreendendo todos os princípios cárdicos do direito do consumidor, todas as suas considerações fundamentais e todas as normas e disposições gerais para a sua interpretação e aplicação. 
A defesa do consumidor é um imperativo constitucional, um direito fundamental do consumidor. 
2. Relação de Consumo 
A relação jurídica é toda relação social disciplinada pelo Direito. Ou, ainda, toda relação da vida social que produz consequência jurídica. Desta maneira, acontece também a relação de consumo, cujos elementos podem ser classificados em:
a) subjetivos: relacionados aos sujeitos dessa relação jurídica;
b) objetivos – relacionados ao objeto das prestações ali surgidas.
Nos elementos subjetivos encontram-se os consumidores e os fornecedores, e nos elementos objetivos, os produtos e os serviços. Assim, definidos e estabelecidos pelo Código do Consumidor:
	
 Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
 
 Art. 3°. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
A Política Nacional das Relações de Consumo, de que trata o art. 4º do CDC busca atender as necessidades dos consumidores, respeitar sua dignidade, saúde e segurança, protegerseus interesses econômicos, melhorar sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo. Para que esta política seja viabilizada, determinados princípios devem ser atendidos, pois possuem a relevante função de conectar o sistema, harmonizando as regras que o integram, enquanto que, as regras apoiadas nesses princípios lhes conferem concretude. Dentre esses princípios podemos destacar: 
a) Vulnerabilidade 
	Com a padronização, a produção, o consumo e a contratação, o consumidor passou a estar em desvantagem, na medida em que o fornecedor se fortaleceu técnica e economicamente, e preestabeleceu condições de acesso aos produtos e serviços. Desta forma, diminuindo o poder de escolha do consumidor que se tornou vulnerável frente ao fornecedor no mercado de consumo. 
b) Transparência
O princípio da transparência se revela na obrigação do fornecedor de dar ao consumidor a possibilidade de conhecer os produtos e serviços que são ofertados, assim como, determinar no contrato a obrigação de conhecimento antecedente de seu conteúdo. 
c) Liberdade de Ação e Escolha
 O princípio da liberdade de ação e escolha é assegurado ao consumidor pela Constituição Federal, e relacionado de forma indireta com o princípio da vulnerabilidade, expresso no art. 4º, I do CDC.
d) Harmonia 
O princípio da harmonia constante no art. 4º, III do CDC deriva dos princípios constitucionais da isonomia, da solidariedade e dos princípios gerais da atividade econômica. 
 Art. 4º. (...)
 III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores.
e) Dever de Informar
O princípio do dever de informar complementa o princípio da transparência, e está previsto no art. 6º, III do CDC, enquanto as questões relativas ao contrato são disciplinadas pelo art. 46, do mesmo Código.
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
(...)	
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
f) Intervenção do Estado
O art. 4º, II do CDC, autoriza a intervenção do Estado na proteção efetiva do consumidor, não apenas para o acesso aos produtos e serviços essenciais como para manter a qualidade e adequação dos produtos e serviços. 
Manter o equilíbrio nas relações de consumo, eliminando a injusta desigualdade entre o fornecedor e o consumidor, não comprometendo a sistemática produtiva torna-se um desafio e um propósito para o Direito do Consumidor. Pois, na nossa sociedade, tudo ou praticamente tudo, está envolto em consumo.
3. Teorias
É importante considerar quem é o sujeito tutelado na relação de consumo pelas regras de defesa do consumidor. Para tanto, em linhas gerais analisaremos três vertentes sobre o tema:
3.1 Teoria Finalista ou Subjetiva
Esta corrente define o consumidor do produto ou serviço como àquele que dele usufrui em causa própria ou de seus familiares, como destinatário final, sem uso em atividade econômica empresarial.
3.2 Teoria Maximalista ou Objetiva
Para esta teoria independe se quem consome desenvolve ou não atividade econômica visando lucro. Portanto, o consumidor se enquadraria no destinatário final circunstancial do produto ou do serviço, ele retira do mercado e consome, ainda que, para uma atividade produtiva.
3.3 Teoria Finalista Ampliada
No entendimento desta corrente, o Código de Defesa do Consumidor pode ter sua aplicação ampliada em situações onde o empresário contrate em condição de vulnerabilidade, o fornecedor. Nesse caso, a empresa ou o profissional são destinatários finais, e não econômicos.
4. Defeito e Vício
Tanto o vício como o fato do produto ou serviço advém de um defeito. Enquanto, o defeito é um vício grave, o vício é um defeito menos grave. Porém, no fato do produto ou do serviço, a segurança é comprometida. O defeito é grave o suficiente para provocar um acidente que atinge o consumidor, causando-lhe dano material ou moral. O fato gerador desta responsabilidade é o defeito. Já o vício, é um defeito menos grave, restrito ao produto ou serviço, um defeito inerente ou intrínseco, causador apenas do seu mau funcionamento ou não funcionamento. Portanto, o fato gerador da responsabilidade pelo vício do produto ou do serviço é o vício in re ipsa (presumido), e não de danos por eles causados.
Para, Luiz Antonio Rizzatto Nunes, “O defeito pressupõe o vício. Há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício. O defeito é o vício acrescido de um problema extra, alguma coisa extrínseca ao produto ou ao serviço, que causa um dano maior que simplesmente o mau funcionamento, o não funcionamento, a quantidade errada, a perda do valor pago, já que o produto ou serviço não cumpriram o fim ao qual se destinavam. O defeito causa, além desse dano do vício, outro ou outros danos ao patrimônio jurídico material e/ou moral e/ou estético e/ou à imagem do consumidor”.
5. Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo
Em resumo, colocamos em destaque, três grandes modificações inseridas pelo Código de Defesa do Consumidor na responsabilidade civil nas relações de consumo:
	
a) Ação direta do consumidor lesado contra o fornecedor de produto ou de serviço, não incluído neste campo o mecanismo da responsabilidade indireta.
b) O fundamento da responsabilidade civil do fornecedor deixa de ser a relação contratual, ou do fato ilícito, para se consolidar na relação jurídica de consumo, contratual ou não.
c) Responsabilidade objetiva para o fornecedor de produtos ou serviços, que está ligado a um dever de segurança. 
6. Fato do Produto e do Serviço – Acidente de Consumo
	
A responsabilidade pelo fato do produto esta disposta no art. 12 do CDC, e diz:
 Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
 
O fato do produto é um acontecimento extrínseco que tem como fato gerador sempre um defeito do produto. Esse defeito pode acontecer na concepção (criação, projeto, fórmula), na produção (fabricação, construção, montagem), ou ainda, na comercialização (informações insuficientes ou inadequadas). Esses defeitos de repercussão externa recebem também o nome de acidentes de consumo, e atingem a integridade física e psíquica do consumidor, além de seu patrimônio.
Vejamos o que dispõe o Código do Consumidor, conforme artigo supracitado, em seu § 1º, a respeito do defeito:
Art. 12. (...)
§1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I- sua apresentação;
II- o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III- a época em que foi colocado em circulação.
Portanto, legalmente produto defeituoso é o que não oferece a segurança legitimamente esperada ou esperável, quando confrontado com o estágio técnico e as condições específicas do tipo do produto ou do serviço.
Podemosexemplificar como fato do produto, qualificado no art. 12 do CDC, o caso do motorista profissional que mandou instalar um aparelho antifurto em seu táxi, cuja função seria cortar a corrente elétrica do motor, em caso de furto ou roubo. Mas, por algum defeito no aparelho, ocasionou o incêndio do automóvel. 
Quando tratamos de danos decorrentes das relações de consumo, por produtos defeituosos, o Código Civil não se aplica. A fundamentação desta responsabilidade deixa de ser a relação contratual para se concretizar em função da existência de outro tipo de vínculo: o produto defeituoso lançado no mercado e que, na relação de consumo, contratual ou não, deu causa a um acidente, relativo ao art. 12 do CDC. 
O fato do serviço está regulamentado no art. 14 do CDC, e dispõe:
 Art.14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
 §1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
 I - o modo de seu fornecimento;
 II- o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
 III - a época em que foi fornecido.
Para exemplificar o fato do serviço, disposto no art.14, vamos pensar na seguinte situação, o cliente X, ao retornar para casa e preparando-se para uma viagem de final de semana, percebe que o seu lavabo tem vazamento na torneira, e entupimento. Solicita uma prestadora de serviços para resolver tais problemas. O serviço foi executado, e o pagamento com acréscimo pelo pedido emergencial, foi realizado. No dia seguinte, o lavabo foi utilizado como de costume, e o cliente X, seguiu para a rodoviária. Ao retornar de viagem, encontrou sua casa alagada e seus móveis comprometidos. Além de encontrar seu portfólio escolar, parcialmente destruído. A execução inadequada do serviço produziu um defeito, que resultou em dano material e dissabor para o cliente X.
O fato do produto e o fato do serviço se relacionam entre si, o que é válido para um, se aplica ao outro. A responsabilidade do agente produtor em indenizar o consumidor pelos danos materiais e/ou morais suportados, entra em prática também, contra o agente responsável pela prestação do serviço.
	
7. Responsabilidade do Comerciante
O art. 13 do CDC estabelece que o comerciante é responsável pela reparação de danos, a que o consumidor tenha sido submetido, nos termos do art.12, independentemente da existência de culpa, quando inserido nas condições a seguir expostas: 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: 
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; 
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; 
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
Verificamos então, que quando o comerciante concorre com sua conduta para o acidente de consumo, a ele se atribui a responsabilidade subsidiária. 
 Já na hipótese do inciso III a responsabilidade não seria subsidiária, mas principal, visto que o produtor ou o fabricante não contribuíram para caracterização do dano, sendo assim, se eximem de prestar qualquer ressarcimento ao consumidor.
O parágrafo único do mesmo artigo, diz:
Art. 13. (...)
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação da causação do evento danoso.
Apesar de o parágrafo único estar junto ao dispositivo que cuida especificamente da responsabilidade do comerciante, o direito de regresso se aplica a todas as hipóteses em que o fornecedor, qualquer que seja ele, tenha respondido pelo dano causado por outro.
Ao comerciante contra o qual é promovida uma ação indenizatória, e almeja exercer seu direito de regresso, fica vedada a denunciação a lide, conforme regulamenta o art. 88 do CDC, vejamos:
Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único, deste Código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide. 
Esta regra tem o intuito de acelerar o feito, uma vez que, na lide secundária que se estabeleceria com a denunciação, a discussão giraria em torno da culpa ou do dolo. Consideremos ainda, que a responsabilidade do comerciante para com os demais corresponsáveis é subjetiva, enquanto que para com o consumidor é objetiva. 
Evidentemente, o chamamento ao processo, nesta situação, também é vedado, pois a norma impede que sejam reunidas ações indiretas no mesmo feito. 
Quando tratamos dos agentes responsáveis, o comerciante aparece somente na hipótese do art. 13, supracitado. Enquanto, que o distribuidor que não aparece, ocasionalmente pode ser enquadrado como prestador de serviço. 
Contudo, o fornecedor é um gênero com ampla conceituação, seja no sujeito em si, (pessoa física, jurídica, pública, privada, nacional ou estrangeira), seja nas atividades que desenvolve. Sendo assim, o legislador nos permitiu considerar fornecedores todos que operam nas diferentes etapas do processo produtivo (produção, transformação, distribuição, comercialização e prestação), anteriores a chegada do produto ou serviço ao destinatário final.
Para, Rizzatto Nunes o comerciante tem as mesmas responsabilidades dos demais fornecedores, respondendo solidariamente pelos danos. Pois o comerciante também faz parte da cadeia de consumo prevista no parágrafo único do art. 7º do CDC que dispõe: 
Art 7° .Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
Para, José Geraldo Brito Filomeno, como fornecedores são compreendidos todos quantos propiciem a oferta de bens e serviços no mercado de consumo, de molde a atender às suas necessidades, pouco importando a que título, tendo relevância à distinção, apenas, quando se tratar da responsabilidade de cada fornecedor em casos de danos aos consumidores, ou então para os próprios fornecedores, na via regressiva e em cadeia dessas responsabilidades.
Para Sergio Cavalieri Filho serão tratados pela lei como fornecedores não apenas o fabricante ou o produtor originário, mas, também, todos os intermediários (intervenientes, transformadores, distribuidores) e, ainda, o comerciante, desde que façam disso as suas atividades principais ou profissões.
Nesse contexto, como fornecedor entende-se todo comerciante ou estabelecimento que aprovisiona ou fornece habitualmente gêneros, mercadorias e serviços necessários ao consumo. Por conseguinte, nessa relação consumerista, o seu grau de responsabilidade será correspondente a sua inserção no processo produtivo sempre de forma objetiva em relação ao consumidor.
Os fornecedores também respondem de maneira solidária, na forma do art.18 do CDC:
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
Cabe, na questão da quantidade do produto, uma ressalva presente no §2º do art.19 do CDC, que trata deste assunto. Nele, surge a figura do fornecedor imediato, que quando realiza a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais, torna-se responsávelpor este ato.
Afastada esta condição, todos os participantes do processo são responsáveis pelo vício, podendo o consumidor dar preferência e acionar diretamente qualquer dos envolvidos, na busca de seus direitos.	
 Mesmo que, o fornecedor desconheça vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços, isto não o exime de responsabilidade, de acordo com o art. 23 do CDC.
A responsabilidade objetiva do fornecedor é ampla pelo estabelecido no CDC, e tem base na teoria do risco do negócio ou da atividade. 
Os negócios comportam risco. Aferir todas as possibilidades é fundamental para o empresário, que poderá ou não alcançar êxito na atividade escolhida. Porém, independente das opções que faça, é dele o risco. A viabilidade do negócio está ligada ao risco, ao custo e ao benefício. Manter o equilíbrio da relação risco e custo possível é uma das maneiras para se conquistar o sucesso. 
O item inerente ao CDC nesta teoria é o que diz respeito à avaliação da qualidade do produto e do serviço, pois não se pode entender qualidade sem o respeito aos direitos basais do consumidor. 
E, quando esses direitos não são respeitados, a receita e o patrimônio do fornecedor respondem pela obrigação de indenizar o prejuízo sofrido pelo consumidor.
Em sua defesa, o fornecedor poderá lançar mão das hipóteses previstas nos art.12, §3º e art.14, §3º do CDC:
Art. 12. (...) 
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Art. 14. (...)
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
		Existentes tais proposições, o fornecedor estará amparado frente à responsabilidade que lhe queira imputar o consumidor.
	
8. Jurisprudência	
Durante muito tempo, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça esteve fragmentada quanto aos assuntos pertinentes ao CDC, mas caminha para uma unificação.
Acompanhemos alguns apontamentos de julgados do STJ:
1º) Recurso Especial nº 1.364.915 - MG (2013/0021637-0) 
 Relator: Ministro Humberto Martins 
 Recorrente: Refrigerantes Minas Gerais Ltda.
 Recorrido: Estado de Minas Gerais (PROCON)
DIREITO DO CONSUMIDOR. VÍCIO DE QUANTIDADE DE PRODUTO NO CASO DE REDUÇÃO DO VOLUME DE MERCADORIA.
Ainda que haja abatimento no preço do produto, o fornecedor responderá por vício de quantidade na hipótese em que reduzir o volume da mercadoria para quantidade diversa da que habitualmente fornecia no mercado, sem informar na embalagem, de forma clara, precisa e ostensiva, a diminuição do conteúdo. É direito básico do consumidor a "informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem" (art. 6º, III, do CDC). Assim, o direito à informação confere ao consumidor uma escolha consciente, permitindo que suas expectativas em relação ao produto ou serviço sejam de fato atingidas, manifestando o que vem sendo denominado de consentimento informado ou vontade qualificada. Diante disso, o comando legal somente será efetivamente cumprido quando a informação for prestada de maneira adequada, assim entendida aquela que se apresenta simultaneamente completa, gratuita e útil, vedada, no último caso, a diluição da comunicação relevante pelo uso de informações soltas, redundantes ou destituídas de qualquer serventia. Além do mais, o dever de informar é considerado um modo de cooperação, uma necessidade social que se tornou um autêntico ônus proativo incumbido aos fornecedores (parceiros comerciais, ou não, do consumidor), pondo fim à antiga e injusta obrigação que o consumidor tinha de se acautelar (caveat emptor). Além disso, o art. 31 do CDC, que cuida da oferta publicitária, tem sua origem no princípio da transparência (art. 4º, caput) e é decorrência do princípio da boa fé objetiva. Não obstante o amparo legal à informação e à prevenção de danos ao consumidor, as infrações à relação de consumo são constantes, porque, para o fornecedor, o lucro gerado pelo dano poderá ser maior do que o custo com a reparação do prejuízo causado ao consumidor. Assim, observe-se que o dever de informar não é tratado como mera obrigação anexa, e sim como dever básico, essencial e intrínseco às relações de consumo, não podendo afastar a índole enganosa da informação que seja parcialmente falsa ou omissa a ponto de induzir o consumidor a erro, uma vez que não é válida a "meia informação" ou a "informação incompleta". Com efeito, é do vício que advém a responsabilidade objetiva do fornecedor. Ademais, informação e confiança entrelaçam-se, pois o consumidor possui conhecimento escasso dos produtos e serviços oferecidos no mercado. Ainda, ressalte-se que as leis imperativas protegem a confiança que o consumidor depositou na prestação contratual, na adequação ao fim que razoavelmente dela se espera e na confiança depositada na segurança do produto ou do serviço colocado no mercado. Precedentes citados: REsp 586.316-MG, Segunda Turma, DJe 19/3/2009; e REsp 1.144.840-SP, Terceira Turma, DJe 11/4/2012. REsp 1.364.915-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 14/5/2013.
Comentário: 
Trata-se de vício de quantidade na venda de refrigerantes em volume menor que o usual. A prática é conhecida como “maquiagem de produto” e “aumento disfarçado de preços”. Razão pela qual, o fornecedor infringiu o previsto em lei para as relações de consumo. Nesta demanda, há clara inobservância ao princípio do dever de informar, a determinação de ser transparente, ter boa fé e manter o elo de confiança na relação consumerista. 
Neste caso, não cabe a recorrente pleitear a responsabilidade de terceiro (distribuidor), buscando sua isenção, na tese de que o terceiro é que deveria informar o consumidor, uma vez que este está ligado àquele solidariamente, conforme art.18, CDC.
	O recurso foi negado por unanimidade. A multa aplicada foi mantida, assim como os honorários advocatícios.
2º) Superior Tribunal de Justiça STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL : AgRg no AREsp 659600 RJ 2015/0023293-8
 Relator: Ministro Antonio Carlos Ferreira
Agravante: PDG Realty S/A Empreendimentos e Participações Bandeirantes Empreendimentos Imobiliários S/A
Agravado: Condomínio Rota do Sol
Ementa para Citação
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ALEGADA FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. VEDAÇÃO DO ART. 88 DO CDC. DECISÃO MANTIDA. 1. “A vedação à denunciação da lide nas relações de consumo refere-se tanto à responsabilidade pelo fato do serviço quanto pelo fato do produto” (AgRg no AResp n. 472.875/RJ, Relator Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 3/12/2015, DJe 10/12/2015). 2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(STJ – AgRg no AREsp: 659600 RJ 2015/0023293-8, Relator: Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de Julgamento: 02/08/2016, T4 – QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 09/08/2016)
Comentário:
	Trata-se de demanda envolvendo um Condomínio e duas empresas do setor imobiliário por falha na prestação de serviços de abastecimento de água. As empresas são rés no processo, e buscam a denunciação à lide, de forma a não caracterizar a relação de consumo, atribuindo esta somente ao fato do produto. Enquanto, a entidade que representa os condôminos reclama da efetividade de obrigações contratuais e pede o ressarcimento dos danos atribuídos aos responsáveis pelo empreendimento imobiliário. 
A evidente estratégia das empresas não prosperou, a relação jurídica de consumo foi caracterizada. E, segundo os precedentes do Superior Tribunal de Justiça, é vedada a denunciação da lide nas ações baseadas em acidente de consumo, aplicando-se arestrição também a casos que versem sobre fato do serviço. 
No caso em fomento, foram analisados os artigos 12, 13, 14 e 88 do CDC, enunciados nos tópicos 6 e 7 deste trabalho. As empresas rés são notadamente fornecedoras do condomínio, que por sua vez, têm condôminos consumidores na relação jurídica, e, portanto, respondem independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados pelo desabastecimento de água, configurando-se a responsabilidade civil pelo acidente de consumo. Mas, a ação de regresso, poderá prosseguir nos mesmos autos, em processo autônomo, contanto que, impedida a denunciação da lide. 
3º) Agravo interno no Agravo em recurso especial AgInt no AREsp 490543 AM 2014/0061905-8 (STJ)
Relator: Ministra Maria Isabel Gallotti
Agravante: Mavel Manaus Veículos Ltda.
 Agravado: Maria do Carmo Oliveira Coelho
AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL. REPARO DE VEÍCULO. DEMORA ANORMAL E INJUSTIFICADA. DANO MORAL. VÍCIO DO PRODUTO. FORNECEDOR E FABRICANTE. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA N. 284/STF. 1. O atraso injustificado na reparação de veículo pode caracterizar dano moral decorrente da má prestação do serviço ao consumidor. Precedentes. 2. A jurisprudência do STJ se firmou no sentido de que são solidariamente responsáveis o fabricante e o comerciante que aliena o veículo automotor, e a demanda pode ser direcionada contra qualquer dos coobrigados. 3. Não se conhece do recurso especial quando a deficiência de sua fundamentação impedir a exata compreensão da controvérsia (Súmula 284 do STF). 4. Agravo interno a que se nega provimento.
(STJ - AgInt no AREsp: 490543 AM 2014/0061905-8, Relator: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Data de Julgamento: 06/04/2017, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/04/2017)
Comentário:
Trata-se de demanda envolvendo compra de veículo zero quilômetro com vício, em concessionária, e, cuja substituição foi designada, apoiada pelo artigo 18, §3º do CDC. Alega a agravante que não lhe cabe substituir o veículo, já que realizou nele, os serviços que lhe caberiam. A autora, em consequência da demora na execução dos serviços fez o pedido de indenização por danos morais, o que também contrariou os interesses da agravante. 
A agravante apresentou deficiência na sua fundamentação, não permitindo a exata compreensão da controvérsia, conforme dispõe a Súmula 284 do STF, não sendo admitido seu recurso.
O artigo 18 do CDC trata dos fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis que respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo. No caso em tela, a consumidora adquiriu um produto durável, e pode demandar a quem de sua escolha. O que já é entendimento firmado do STJ. O §1º, I, do mesmo artigo fala do prazo de 30 (trinta dias), para que o vício seja sanado, e, em não ocorrendo, o consumidor poderá alternativamente e à sua escolha, pedir a substituição do produto. O §3º, endossa o 1º, com uso imediato das alternativas, quando a extensão do vício diminuir o valor do produto ou se tratar de produto essencial. 
A agravante não poderá se furtar às responsabilidades, pois os pedidos da agravada são legítimos e amparados pela Lei.
9. Desenvolvimento
A responsabilidade objetiva do fornecedor é ampla conforme estabelece o CDC. A avaliação da qualidade dos produtos e serviços está ligada ao respeito aos direitos basais do consumidor, no que está inerente sua segurança. Quando, esses direitos não são reconhecidos, a receita e o patrimônio do fornecedor arcam com a indenização dos prejuízos suportados. 
A responsabilidade do comerciante não será sempre subsidiária, ou seja, apenas quando concorre com sua conduta para o fato. Ele é parte da cadeia de consumo, e, poderá também responder de forma solidária. Cabendo a si, o direito de buscar na via regressiva, o que couber aos corresponsáveis. Sendo, nesta situação, apurada a responsabilidade subjetiva.
	Nos julgados apresentados observamos que os recorrentes não prosperaram em seus pedidos. Pois, incorrem em: negação da responsabilidade solidária; ausência do dever de informar; tentativa de ludibriar o consumidor; a busca para descaracterizar a relação de consumo e o não entendimento de valor indenizatório devido. No entanto, a jurisprudência tem mostrado critério na avaliação da vulnerabilidade nas relações de consumo, e optado pelo caminho da uniformização das decisões.
10. Conclusão
	 A defesa legal que cerca a relação estabelecida entre fornecedor e consumidor não é ideia recente ou mesmo moderna, pois nota-se que desde os primórdios já existia a preocupação em garantir a proteção à segurança, à saúde e a qualidade de serviços prestados, a exemplo no século XVIII A.C., com maior razão nos textos do Código de Hamurabi que já trazia indiretamente, algumas regras de amparo ao consumidor.
	Em nosso país, a partir de 1974 foram criadas as primeiras associações civis e entidades governamentais voltadas à defesa do consumidor, Em maio de 1976, o Governo de São Paulo criou o Sistema Estadual de Proteção ao Consumidor, posteriormente denominado de PROCON.
	A relação entre fornecedor e consumidor de bens e serviços, ganhou novas vertentes e trouxe maior consciência das obrigações e direitos que cada qual conserva. Com o advento da lei 8.078 em 1990, convencionada formalmente como Código de Defesa do Consumidor (CDC)
	O consumidor é uma parte hipossuficiente e que merece assistência. O Código de Defesa do Consumidor, que foi editado para proteger a parte vulnerável na relação de consumo, previu a responsabilidade objetiva como regra para a responsabilização dos fornecedores. 
	No Código, há diferenciação entre os defeitos que atingem a saúde do consumidor e aqueles que atingem seu patrimônio, intentando, responsabilização mais severa para o fornecedor, no último caso. 
	Constata-se que apesar dos entendimentos conquistados no que se refere à relação de consumo, estabelecer qual a extensão da responsabilidade dos comerciantes é uma das questões enfrentadas neste aspecto. Em se tratando de tal questionamento, o presente trabalho buscou apresentar e compreender, a responsabilidade do comerciante nas relações de consumo. 
	É certo que o sistema jurídico acolheu a tese da responsabilidade subsidiária em relação aos comerciantes no fato do produto. A doutrina brasileira, contudo quanto à forma de aferição da responsabilidade do comerciante, a classifica como solidária. 
 	Rizzatto Nunes defende que o comerciante tem as mesmas responsabilidades dos demais fornecedores, respondendo, de forma secundária, pela reparação dos danos causados aos consumidores oriundos de defeitos existentes nos produtos, porém, apenas e tão somente nas hipóteses descritas no artigo 13 do CDC. 
	Entretanto, conforme o referido artigo, o fabricante é capaz de provar que houve culpa exclusiva do comerciante, excluindo a sua responsabilidade. 
	Por conseguinte, pode o comerciante ter sua responsabilidade equiparada a dos demais fornecedores, respondendo, em via secundária, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos existentes nos produtos, mas somente nas hipóteses elencadas no artigo. 
	Analisando-se as hipóteses do artigo 13 do CDC em que o comerciante será responsabilizado, tem-se que no inciso I este será responsabilizado não quando deixar de fornecer a identificação dos demais fornecedores, mas quando esta identificação não for possível. Porém, na hipótese do inciso II, o comerciante deixa de informar quem são os demais fornecedores propositalmente, incidindo em uma falha no dever de informar. Neste caso, as consequências administrativas serão mais graves. 
Com relação ao inciso III, isto é, a responsabilidade do comerciante pela conservação inadequada dos produtos verificou-se que a questão não é tão simples como aparenta ser, haja vista que a responsabilidade não seria subsidiária, mas principal, visto que o produtor ou o fabricante não contribuíram para caracterização do dano, sendo assim, seeximem de prestar qualquer ressarcimento ao consumidor.
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	Sendo assim, pode o Código de Defesa do Consumidor, pleitear perante todos os fornecedores o reparo quando não dispuser de certeza do momento no qual ocorreu a má conservação do produto. 
	Por fim, cumpre salientar que as normas que prevê o Código de Defesa do Consumidor carecem de interpretação de modo que esta cumpra seu intuito de defesa ao consumidor. 
	Conclui-se que, se com a presunção da extensão da responsabilidade do comerciante é possível aclarar dúvidas e facilitar o exercício de direitos por parte do consumidor, que com esse conhecimento, poderá assegurar seus direitos de maneira célere. 
Bibliografia
CAVALIERI FILHO, S. Programa de direito do consumidor. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
FILOMENO, J. G. B. Direitos do consumidor. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
NUNES, R. Curso de direito do consumidor. 12. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 
BESSA, L.R.; MOURA, W.J.F.; SILVA, J.P. (Coord.). Manual de direito do consumidor. 4. ed. Brasília: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, 2014. 290 p
FINKELSTEIN, M. E. R. Manual de Direito do Consumidor. Fechamento de ed: 14 de maio, 2010. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Disponível em: https://forumdeconcursos.com/direito-do-consumidor/livros-5/. Acesso em: 22/03/2020.
Boletim de Notícias ConJur. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-nov-11/veja-stj-julgado-dever-informacao-consumidor. Acesso: 07/04/2020.
PFEIFFER, R. A. C. Defesa da concorrência e bem-estar do consumidor. 2010. 305 f. Tese (Doutorado em Direito Econômico e Financeiro) - Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

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