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Entre doisEntre dois
ladoslados
 Antonio eAntonio eAntonio e
sua historiasua historiasua historia 
CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1
Na Rocinha, localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, um
paraibano optou por estabelecer residência. Ele deixou sua
cidade natal, Guarabira, no Nordeste, e veio diretamente
para a zona sul carioca, seguindo o convite de um amigo.
Seu nome é Antônio, um homem com aspirações e uma ética de
trabalho admirável. A convite de seu amigo Zé, que havia
prosperado na cidade carioca, Antônio decidiu arriscar e
construir uma vida, mesmo que repleta de desafios. No
entanto, após apenas cinco meses no Rio, Antônio já sentia
saudades de sua amada terra: a Paraíba.
Empregado em um bar, Antônio trabalhava incansavelmente,
vendo seus sonhos minguarem com o passar do tempo. Sua
rotina consistia em trabalhar e dormir no mesmo local,
evidenciando seu esforço incansável. A educação formal de
Antônio pode não ter sido extensa, mas ele compreende
plenamente o valor do dinheiro. Dessa forma, ele empenha-
se em juntar cada moeda, cédula e centavo para um dia poder
regressar à sua terra natal.
Um certo dia, o amigo explorador solicitou a Antônio que
fizesse uma entrega de um garrafão de água no topo da
favela, mesmo que o bar onde ele trabalha e descansa esteja
situado na base da comunidade. A contragosto e com muitos
resmungos, Antônio embarcou na tarefa. Prendeu o garrafão
à sua bicicleta de carga e, após uma subida árdua, chegou ao
destino após cerca de 50 minutos. Ao chegar ao local
designado, ele bateu palmas e gritou repetidamente, porém,
não obteve resposta. Diante da ausência de reação, ele optou
por aguardar por mais 10 minutos. Depois de esperar esse
período, decidiu que era melhor descer a comunidade do que
permanecer ali parado.
ANTONIO E SUA HISTORIA
3
Ele monta na bicicleta para percorrer a comunidade,
quando de repente depara-se com uma mulher deslumbrante
que o deixa sem palavras. Ela se apresenta como Sônia.
Rapidamente, Sônia se dirige a Antônio: "Desculpe, fui eu
quem pediu essa água. Eu estava fazendo minhas unhas e
havia algumas pessoas na minha frente. Você me perdoa?"
Nesse momento, Antônio não proferiu palavra alguma,
apenas contemplou a bela jovem enquanto mil pensamentos
passavam por sua mente, exceto o de discutir com ela.
Toda a pressa e nervosismo se dissiparam, e os dois
passaram a conversar por duas horas. É claro que, ao final
desse encontro, Antônio estava completamente apaixonado
por aquela mulher. É também evidente que ele enfrentou a
reprimenda de seu chefe, mas tais reprimendas entravam
por um ouvido e saíam pelo outro.
Antônio mergulhou em um mundo chamado amor e assim
continuou. Cinco dias depois, eles se reencontraram à
beira da praia de Copacabana, trocaram beijos e ficaram
grudados um no outro. Antônio finalmente pôde deixar o
bar onde trabalhava e no qual apenas laborava. Após dois
meses, já morando na casa de sua amada, ele encontrou uma
oportunidade de trabalhar como gari. Madrugou para se
colocar à frente da garagem da Comlurb, participou de uma
entrevista e recebeu a resposta no dia seguinte.
Antônio não trabalha mais no bar do amigo traidor e
sanguessuga. Agora, ele possui um endereço, uma casa e uma
família. Sim, a namorada dele está grávida. 
Aos 22 anos, Antônio viu sua vida mudar drasticamente e
ele estava extremamente feliz ao lado da namorada, que em
breve trocaria o título de namorada pelo de esposa.
Antônio está prestes a se casar.
4
ANTONIO E SUA HISTORIA
O PROVEDORO PROVEDOR
 capítulo 2 :capítulo 2 : 
Antônio desde cedo teve que aprender na marra o A, B, C da
vida, que para ele só estava começando. Após meses de
namoro, ele engravidou sua namorada, assumiu as
responsabilidades da casa, momento em que ele passou a
ser o provedor do lar. Antônio vai descobrir que assumir
responsabilidades de um lar não é uma tarefa nada fácil.
Ainda trabalhando para o amigo explorador, era difícil
para Antônio conseguir uma renda boa no final do mês.
Isso o preocupava a cada dia, pois sua mulher já estava
com 5 meses de gestação e não trabalhava mais devido aos
fortes enjoos que sentia. Desesperado para conseguir um
trabalho que pudesse render um dinheiro a mais no final
do mês, toda vez que lhe sobrava um tempinho, Antônio ia
vender suas balas no sinal de trânsito. Assim, ele
conseguia uma renda extra, porém trazia consigo muito
cansaço. Sua mulher percebia isso e via que tinha que
fazer alguma coisa para mudar aquela situação. Sônia,
então, lembrou de um tio que trabalhava como gari da
Comlurb e decidiu ver com o parente se havia uma vaga
para seu marido. Currículo preenchido e entregue,
bastou esperar mais 3 dias para a resposta chegar à casa
de Sônia. Seu tio trazia um pouquinho de esperança ao
coração daquele casal. No dia seguinte, bem cedo, lá foi
Antônio para frente do portão da garagem da Comlurb. Ele
não estava sozinho como pensava. Havia umas 40 pessoas
lá, homens e mulheres querendo uma chance, carteiras de
trabalho nas mãos do porteiro. Agora era só esperar.
Trinta minutos depois, das 40 carteiras de trabalho
entregues ao porteiro, 23 voltaram, não foram aprovadas.
Os nomes dos que não foram aprovados foram ditos pelo
porteiro. 
5
O PROVEDOR
 Antônio, com o coração na mão e um forte temor de não ter
sido aprovado na avaliação que foi feita depois que os 23
nomes foram anunciados, respirou fundo. Ainda faltava a
avaliação com a psicóloga e o teste na rua para ser
aprovado. Dos 17 que passaram pela psicóloga, 7 foram
reprovados. Antônio não. Ele ganhou o direito de, no
segundo dia, garantir sua vaga no teste físico. Feliz,
assim foi que Antônio chegou em casa. Ele já estava 70%
garantido na empresa e já estava comemorando com sua
mulher. No dia seguinte, lá estava ele, feliz da vida.
Veio o teste prático na rua. Antônio e outros 7
guerreiros passaram, 3 foram reprovados. Antônio agora
tem um emprego de carteira assinada e terá também o
respeito que o trabalhador merece. Assim foi a vida do
Antônio, que passou a ser o provedor do seu lar. Grande
Antônio, vamos guerrear. Sua história está apenas
começando.
6
O PROVEDOR
 CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3
Ah, como é maravilhoso, especialmente para os amantes, é
claro. Sônia entrou na vida de Antônio e imediatamente
lhe presenteou com um filho. Eu entendo que, sem
expectativas, tudo se torna bastante complicado. Antônio,
ao confrontar Sônia, já vislumbrava algo positivo no
horizonte. Sei também que enfrentaram muitas batalhas,
superando as adversidades da vida, e Deus abençoou o casal
com um filho, a quem chamaram de Felipe.
Sônia sempre foi econômica nas palavras e não era, ou não
é, uma pessoa muito dada a relacionamentos amorosos.
Quando conheceu Antônio, se encantou imediatamente com
sua simplicidade e determinação. A gravidez já era
esperada por ela, uma mulher de 30 anos, sete anos mais
velha que Antônio, que ansiava por construir uma família
e encontrou isso ao lado dele. A escolha do nome ficou a
cargo de Antônio, e assim Felipe veio ao mundo, tornando-
se uma peça essencial na vida da família.
Digo isso porque a jornada desse jovem casal não foi nada
fácil, começando pelo lugar onde vivem, lá no alto da
comunidade da Rocinha. Um local onde a água da cedae não
alcançava, e para chegar lá era necessário percorrer becos
estreitos. 
Nas operações policiais, eles precisavam se abrigar na
base do morro ou arriscar subir e enfrentar o perigo de
serem atingidos por balas perdidas. Apesar disso, quando
chegavam ao topo, encontravam pura paz.
O nascimento do primeiro filho foi, como diz o ditado, uma
prova de força. Antônio e Sônia tiveram que enfrentar as
tempestades da vida. Foi nesse contexto desafiador que
Felipe veio ao mundo. Felizmente, o jovem casal teve um
golpe de sorte. Antônio desfruta de grande reconhecimento
na comunidade, pois seu trabalho noturno lhe rendeu um
adicional pelo horário, melhorando assim sua situação
financeira.
7MEUS PRIMEIROS FILHOS
Esse aumento de recursos permitiu a Antônio, através de
suas conexões, melhorar a moradia de sua família. Ao
vislumbrar essa oportunidade, eles se mudaram para um
barraco melhor, reduzindo as dificuldades enfrentadas
anteriormente. A família estava satisfeita com essa
mudança, considerando as subidas menos íngremes e os
riscos minimizados.
Com cinco meses de vida, Felipe já era um pequeno ser
curioso quando Sônia, acariciando sua barriga,
surpreende Antônio com as palavras: "Amor, estou grávida
novamente." Antônio, que brincava com seu filho,
responde incrédulo: "Amor, isso não é brincadeira, né?" E
Sônia confirma: "Sim, estou realmente grávida de novo."
Assim, esta família estava prestes a crescer, pois um novo
membro estava a caminho, ou melhor, uma nova integrante.
Uma menina estava prestes a se juntar a eles, completando
um lindo casal dentro dessa bela família: Mara, esse será
seu nome.
O compromisso de Antônio agora estava firmemente
direcionado à sua família. Ele se dedicava intensamente
para garantir que nada faltasse em seu lar, apesar de
viver em meio às tensões das disputas entre facções que
almejavam o controle das áreas de tráfico na Rocinha. Ao
mesmo tempo, ele ansiava por um pouco de tranquilidade,
sabendo que sua família estava protegida. Falando em
família, após a segunda gravidez, que aconteceu pouco
tempo após a primeira, Antônio e sua esposa Sônia
tomaram todas as precauções para evitar mais gestações
nesse momento. Quando o primeiro filho do casal, Felipe,
completou um ano de idade, sua irmã Mara já tinha cinco
meses de vida.
8
MEUS PRIMEIROS FILHOS
Durante quatro anos, Antônio e Sônia se valeram de
contraceptivos para evitar a chegada do terceiro filho.
Nesse período, algumas melhorias significativas vieram
à vida dessa família. 
Antônio experimentou um notável aumento em sua renda, o
que lhe possibilitou adquirir uma casa ligeiramente
mais abaixo na comunidade da Rocinha e até comprou um
carro Gol 2015, que se encontrava em excelente estado.
Enquanto isso, Sônia aproveitou para abrir um bar na
varanda de casa, onde oferecia uma variedade de
produtos.
Os esforços conjuntos valeram a pena, pois a família
estava prestes a crescer novamente. Prepare-se,
Antônio...
9
MEUS PRIMEIROS FILHOS
 CAPÍTULO 4CAPÍTULO 4
Antônio é aquele sujeito exímio em suas ações, um
legítimo "cabra macho", como diria o povo nordestino. Nos
dias atuais, é raro encontrar alguém assim por aí. Ele
dedica-se incansavelmente à sua família. Seu filho,
Felipe, que hoje tem 4 anos, frequenta o melhor colégio
particular da Rocinha, apesar de sua tenra idade. Seu pai
almeja um futuro brilhante para ele, distante das
armadilhas do submundo do crime. Antônio e Sônia
compartilham o mesmo sonho e trabalham com afinco,
mantendo essa visão.
Enquanto isso, a filha deles, Mara, estuda em uma escola
pública. Não é uma escolha por preferência, mas sim uma
decisão moldada pelas circunstâncias que permitiram
apenas uma vaga em colégio particular. Porém, o que não
estava nos planos era uma nova gravidez de Sônia. Desta
vez, aconteceu sem que eles percebessem. Foi uma daquelas
surpresas que a vida nos prega, e Sônia só notou a
gravidez quando já estava com seis meses de gestação. E as
surpresas não pararam por aí; ela estava grávida de
gêmeos. Ao ser informado por sua esposa sobre a gravidez
e que eram gêmeos, Antônio ficou momentaneamente
atônito. Ele sentou-se e respirou profundamente,
consciente de que essa gravidez de gêmeos alteraria
significativamente o rumo de suas vidas.
Com um olhar de preocupação, Antônio perguntou a sua
esposa: "Amor, e os remédios que eu comprava para você não
engravidar?" Sônia respondeu com sinceridade: "Amor,
nossa rotina é tão atribulada, sem uma empregada para
ajudar. Temos que cuidar das crianças, do bar, preparar
refeições, cuidar da casa... Em meio a tudo isso, acabei
esquecendo de tomar o remédio." Com empatia, Antônio
envolveu-a em um abraço e assegurou que estava tudo bem.
10
MEUS FILHOS POR AÍ...
Com lágrimas nos olhos, Mara se apoia nos braços de seu
marido, Antônio. Ele está consciente de que as coisas vão
se tornar mais difíceis e sabe bem como isso vai
acontecer. Agora, a casa terá que acomodar quatro
crianças, o que trará maiores responsabilidades e
desafios. Enquanto aguardavam a chegada das crianças,
Antônio e Sônia mantinham suas contas sob controle. A
cada mês superado, havia uma celebração compartilhada
por eles.
Eles precisaram fazer ajustes significativos, como
transferir Felipe da escola particular para a pública.
Além disso, tiveram a ideia de alugar sua espaçosa casa de
três quartos, com varanda e garagem, para se mudarem para
uma casa menor, de dois quartos e sem garagem, a fim de
economizar dinheiro para os primeiros dias dos gêmeos.
Vale destacar que o filho mais velho dessa turma tem
apenas 4 anos e é irmão deles. Foi nesse contexto que
Cristiane e seu irmão Ailton vieram ao mundo.
Após o nascimento das crianças, Antônio e sua esposa
receberam doações generosas, o que os auxiliou por seis
meses. No entanto, a partir desse ponto, Antônio teve que
demonstrar uma grande dose de determinação. Ele
trabalhava durante a madrugada e voltava para casa por
volta das 6 da manhã, descansando até as 11 horas. Depois
disso, seguia para a praia de Copacabana para vender
salgados e assim obter uma renda extra. Os dias se
passavam e os meses também.
Quando Felipe, o filho mais velho, completou 10 anos,
Antônio e Sônia já haviam decidido vender a casa que
estava mais abaixo na comunidade. Utilizaram o dinheiro
para reformar sua moradia, substituindo o telhado por
laje e construindo um sobrado com dois quartos, uma
cozinha, um banheiro e uma sala.
11
MEUS FILHOS POR AÍ...
Na parte inferior de sua residência, Antônio empreendeu
diversas modificações. No segundo andar, ele preparou o
quarto do casal, além de acrescentar mais um quarto. No
entanto, devido à falta de recursos, a parte superior dos
cômodos não possuía janelas nem portas. Com a colaboração
dos vizinhos, Antônio ergueu as paredes e providenciou o
telhado. O resultado foi uma casa modesta, abrigando uma
família feliz.
Os filhos, Felipe, Ailton e Cristiane, teriam que se ajustar à
nova realidade, uma vez que sua mãe não estaria presente.
Essa mudança teria um impacto significativo na dinâmica
familiar. Veja...
12
MEUS FILHOS POR AÍ...
A DOR DA
PERDA
A DOR DA
PERDA
CAPÍTULO 5CAPÍTULO 5
Sônia encontrou em Antônio o amor verdadeiro que sempre
almejara em seus relacionamentos anteriores, mas que
nunca havia conseguido encontrar. Foi ao se confrontar
com Antônio que ela finalmente se apaixonou
profundamente. Ela jamais poderia ter imaginado, de
acordo com sua perspectiva, que um dia formaria uma
família tão numerosa como a que possui atualmente. Mesmo
assim, ela aprecia intensamente esse momento,
especialmente porque seu filho mais velho, Felipe, está
prestes a completar 15 anos, com sua irmã mais nova logo
atrás, atualmente com 13 anos.
Felipe, um estudante dedicado como sempre foi, costuma
dizer à sua mãe que um dia a tirará do alto da comunidade
e a levará para um belo apartamento à beira-mar,
atendendo ao sonho de Sônia. Felipe entende plenamente a
grande responsabilidade que lhe cabe, pois além de sua
irmã Mara, ele também cuida de seus irmãos mais novos, os
gêmeos Ailton e Cristiane, ambos com 10 anos.
Apesar de Sônia sempre exaltar a maravilhosa família que
têm para seus vizinhos, ela esconde uma dor que sente em
sua barriga. Ela até mesmo cogita a possibilidade de
estar grávida novamente, embora se questione sobre como
isso seria possível, considerando que já passou por uma
cirurgia. Sem querer acrescentar mais preocupações a seu
marido, ela opta por esconder o que está sentindo. Cada
vez que enfrenta mal-estar, Sônia recorre à vizinha, que
lhe oferece remédios caseiros capazes de aliviar a dor.
Dessa forma, ela se sente melhore mais confortável, sem
mencionar a situação ao marido.
No entanto, o esforço para esconder o problema teve um
custo. Sônia começou a perder peso, o que não passou
despercebido por Antônio. Preocupado, ele questionou sua
esposa se tudo estava bem.
13
A DOR DA PERDA
Sônia, desejando tranquilizar seu esposo, afirmou que
estava tudo bem, que seu emagrecimento se devia às
caminhadas que fazia com as amigas na colina. Antônio,
sem suspeitar de nada, aceitou a explicação da esposa.
Entretanto, chegou um dia em que Felipe, sentindo-se
cansado, decidiu não ir trabalhar na praia após a escola.
Ao chegar em casa, estranhou os gemidos de seus irmãos
gêmeos. Ao subir até o segundo andar, percebeu a ausência
de sua mãe. Na sala, deparou-se com os irmãos chorando
sem a presença dela. Ao se aproximar do banheiro, ouviu
gemidos baixos de dor. Sônia lutava para esconder seu
sofrimento.
Felipe se apressou em acalmar seus irmãos gêmeos. Quando
finalmente conseguiu, já havia se passado mais de meia
hora sem que sua mãe saísse do banheiro. Preocupado, ele
ameaçou arrombar a porta do banheiro, mas então ouviu o
som da água, percebendo que sua mãe estava tomando
banho. Ansioso por obter respostas, Felipe esperou mais
20 minutos até que Sônia finalmente emergisse. Com
expressão preocupada, ele questionou o que estava
acontecendo. Novamente, Sônia tentou acalmá-lo,
afirmando que estava tudo bem. No entanto, o receio de
Felipe não desapareceu. 
Ele estava ansioso para usar o banheiro e, ao levantar a
tampa do vaso sanitário, notou que sua mãe não havia dado
descarga e que havia sangue junto às fezes. Aflito, Felipe
decidiu não dizer nada, deu descarga, limpou o banheiro
e saiu. Ele viu sua mãe tentando disfarçar sua condição
enquanto servia comida aos irmãos. Sem perder tempo, ele
assumiu a cozinha, alimentando seus irmãos enquanto
Sônia tentava novamente esconder seu sofrimento.
Deitada no sofá e gemendo de dor, Sônia tentava disfarçar
mais uma vez, mas acabou adormecendo. 
14
A DOR DA PERDA
Preocupado com sua mãe, Felipe levou seus irmãos para a casa
da vizinha e, em seguida, ligou para seu pai, pedindo que ele
voltasse para casa rapidamente, pois Sônia não estava bem.
Antônio, ao ouvir a notícia, voltou para casa imediatamente.
Ao observar sua esposa, percebeu que ela estava mal e pediu
ajuda a um vizinho que tinha carro. Eles a levaram ao posto
de saúde local, mas como a dor de Sônia persistia, foram
encaminhados a um hospital com recursos mais avançados. O
amigo da família decidiu levá-la ao Hospital Souza Aguiar,
no centro do Rio de Janeiro. Chegaram lá por volta das 15
horas, mas o resultado dos exames só ficou pronto por volta
das 22 horas e 50 minutos.
Nesse momento, Antônio recebeu a pior notícia de sua vida.
Sônia foi diagnosticada com um câncer que, se descoberto a
tempo, poderia não ser tão agressivo. Infelizmente, esse não
era o caso de Sônia, que vinha sofrendo com perda de peso e
dores abdominais sem compartilhar isso com sua família ou
sua melhor amiga. Devido a essa negligência, a doença que
começou em seu intestino se espalhou por vários órgãos do
corpo. O médico responsável por dar a notícia a Antônio viu
sua expressão cair rapidamente. A situação era devastadora.
Sônia precisou ser internada. Ela tinha 45 anos de idade,
enquanto seu esposo tinha 38 anos, e eles tinham quatro
filhos, com o mais velho tendo 15 anos. Sônia permaneceu
internada por dois meses e depois foi liberada para se
despedir de sua família e amigos em casa. Um mês após ser
liberada, ela faleceu, deixando Antônio desolado e sem rumo.
A responsabilidade de cuidar dos irmãos, da casa e do pai,
que não aceita a perda de sua amada esposa, recaiu sobre os
ombros de Felipe.
O que se desenrolará a partir daqui na história e o que
descobriremos é uma incógnita.
15
A DOR DA PERDA
 CAPÍTULO 6CAPÍTULO 6
A GARRA DE
FELIPE
A GARRA DE
FELIPE
Preocupado com sua mãe, Felipe levou seus irmãos para a
casa da vizinha e, em seguida, ligou para seu pai, pedindo
que ele voltasse para casa rapidamente, pois Sônia não
estava bem.
Antônio, ao ouvir a notícia, voltou para casa
imediatamente. Ao observar sua esposa, percebeu que ela
estava mal e pediu ajuda a um vizinho que tinha carro.
Eles a levaram ao posto de saúde local, mas como a dor de
Sônia persistia, foram encaminhados a um hospital com
recursos mais avançados. O amigo da família decidiu
levá-la ao Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio de
Janeiro. Chegaram lá por volta das 15 horas, mas o
resultado dos exames só ficou pronto por volta das 22
horas e 50 minutos.
Nesse momento, Antônio recebeu a pior notícia de sua
vida. Sônia foi diagnosticada com um câncer que, se
descoberto a tempo, poderia não ser tão agressivo.
Infelizmente, esse não era o caso de Sônia, que vinha
sofrendo com perda de peso e dores abdominais sem
compartilhar isso com sua família ou sua melhor amiga.
Devido a essa negligência, a doença que começou em seu
intestino se espalhou por vários órgãos do corpo. O
médico responsável por dar a notícia a Antônio viu sua
expressão cair rapidamente. A situação era devastadora.
Sônia precisou ser internada. Ela tinha 45 anos de idade,
enquanto seu esposo tinha 38 anos, e eles tinham quatro
filhos, com o mais velho tendo 15 anos. Sônia permaneceu
internada por dois meses e depois foi liberada para se
despedir de sua família e amigos em casa. Um mês após ser
liberada, ela faleceu, deixando Antônio desolado e sem
rumo. A responsabilidade de cuidar dos irmãos, da casa e
do pai, que não aceita a perda de sua amada esposa, recaiu
sobre os ombros de Felipe.
16
A GARRA DE FELIPE
Dias se passaram desde a partida de Sônia, e a dor ainda
apertava o peito de Antônio, que mantinha um vínculo
profundo com sua esposa. Antônio chegou a ficar alguns
dias sem trabalhar, colocando sobre os ombros de Felipe a
responsabilidade de manter tudo em andamento na
ausência do pai. Ele cuidava de um irmão aqui, levava
outro para o colégio ali, e assim os dias iam passando.
Quinze dias haviam se passado desde que Sônia se fora, e
os irmãos estavam aos cuidados dos vizinhos. Felipe
observava seu pai com crescente preocupação, notando que
ele estava ausente do trabalho por quinze dias
consecutivos. Preocupado com a situação, ele decidiu
visitar a empresa onde seu pai trabalhava. Lá, descobriu
que todos estavam sensibilizados com a situação pela
qual o pai de Felipe estava passando. Constatou também
que seu pai era altamente considerado como profissional,
e o gerente assegurou a permanência de seu pai no
emprego. Com um pouco de alívio, Felipe voltou para casa,
onde sua irmã Mara o aguardava. Ele compartilhou as
informações com ela, e juntos buscaram forças para seguir
em frente. Para equilibrar as responsabilidades, Felipe e
Mara fizeram um acordo: ela estudaria pela manhã,
enquanto ele estudaria à tarde. Esse arranjo funcionou
por quatro dias, mas logo se tornou insustentável. Com o
pai acamado em casa, Mara, de apenas 13 anos, estava
sobrecarregada com suas tarefas. Sentindo a pressão
crescer, Felipe tomou uma decisão pouco acertada:
começou a faltar às aulas, levando a uma sequência de
ausências.
17
A GARRA DE FELIPE
Ao longo de 43 dias, finalmente, o pai de Felipe levantou
da cama e retomou sua jornada. Esse período também
marcou os 2 meses nos quais Felipe deixou de frequentar a
escola. Enfrentando o luto e a ausência de Sônia,
Antônio, que antes não bebia, começou a se entregar ao
álcool e a dormir fora de casa. Com o aumento das
responsabilidades, Felipe ficou ainda mais
sobrecarregado.
Passaram-se 2 meses dessa dinâmica, e Felipe acabou por
desistir dos estudos, resultando em diversas faltas no
colégio. Durante todo esse tempo, Felipe e sua irmã Mara
cuidaram dos irmãos mais novos, Cristiane e Ailton.
Entretanto, um dia especial se aproximava: o aniversário
de Felipe, um marco importante, pois ele estava prestes a
atingir a maioridade. Agora,um jovem carregado de
responsabilidades, Felipe estava prestes a se tornar um
homem completo.
Enquanto esses eventos transcorriam, restavam perguntas
em aberto: como foram tratados os irmãos ao longo desses
três anos? Antônio encontrou um novo amor ou permaneceu
solteiro? Juntos, desvendaremos esses desdobramentos.
18
A GARRA DE FELIPE
A VIOLÊNCIA QUE
ASSUSTA OS
CARIOCAS.
A VIOLÊNCIA QUE
ASSUSTA OS
CARIOCAS.
 CAPÍTULO 7CAPÍTULO 7
Como está esta família três anos após a dolorosa perda da
mãe, uma mulher que era o alicerce como mãe, companheira,
amiga, cuidadora e modelo. Vou narrar agora, caro leitor,
começando pelos filhos mais velhos. Felipe celebrou seus
18 anos com uma festa grandiosa para marcar a ocasião.
Sua irmã Mara, com 16 anos e meio, nunca deixou de apoiar
seu irmão mais velho. Ela até mesmo abriu mão de sua
própria festa de 15 anos. Sendo uma estudiosa, ela
explicou para Felipe que preferia não desperdiçar tempo
com os preparativos de uma festa. Felipe compreendeu a
perspectiva dela. Após enfrentarem juntos todos os
desafios, eles sentiram a necessidade de compartilhar um
momento em família, como Felipe costuma dizer,
estreitando ainda mais seus laços, inclusive com seus
irmãos mais novos, que agora têm 13 anos. Contudo, a
situação nem sempre era tão positiva quanto parecia. O
Sr. Antônio, ainda em profunda depressão, parecia
indiferente a tudo ao seu redor. Outro elemento triste
dessa história é que o jovem Felipe abandonou seus
estudos e agora trabalha como moto táxi na comunidade da
Rocinha, ganhando cerca de 3 salários mínimos por mês.
Ele é conhecido por ser popular entre as mulheres da
comunidade. Essa renda conseguiu ajudar seu pai a manter
as contas em dia, considerando que seu pai estava
aprisionado por essa terrível doença, a depressão.
19
A VIOLÊNCIA QUE ASSUSTA OS
CARIOCAS.
 
Quanto ao pai, Sr. Antônio, sua vida tomou um rumo
negativo. Ele se entregou ao alcoolismo, abandonando
suas responsabilidades como pai, assim como
negligenciando sua posição na empresa onde trabalha.
Ele já tinha sido alvo de várias advertências e sua
situação empregatícia na Comlub estava ameaçada. A
demissão parecia algo que Antônio desejava,
especialmente desde a morte da esposa. O homem que um dia
conhecemos deixou de existir. Felipe, juntamente com sua
irmã Mara e seus outros irmãos, Ailton e Cristiane,
faziam tudo o que podiam para trazer seu pai de volta à
realidade e ajudá-lo a encontrar sentido na vida
novamente. No entanto, Felipe, ocupado com a preparação
para seu aniversário, tomou a decisão de deixar seu pai
cuidar de si mesmo por um tempo. Felipe era respeitado e
querido na comunidade, e muitos vizinhos testemunharam
seus esforços para manter tudo funcionando sem a
presença da mãe, enquanto ele assumia as
responsabilidades pelos cuidados dos irmãos e do pai. 
20
A VIOLÊNCIA QUE ASSUSTA OS
CARIOCAS.
 
Morar na Rocinha não é sinônimo de paz constante. A
maior favela do Brasil apresenta desafios constantes. A
festa de Felipe na comunidade foi marcada por diversos
convites. Cada pessoa trouxe uma caixa de bebida ou um
quilo de carne. O clima estava favorável, já que a
comunidade tinha vivido um período de paz, sem tiroteios
ou conflitos entre facções. Era um momento agradável
para todos. Felipe e seus irmãos não eram especialistas
em psicologia ou psiquiatria, e, por isso, não
conseguiram identificar que o pai estava lutando contra
uma grave depressão. Antônio tinha perdido a motivação
para cuidar de si mesmo, deixando de se alimentar
adequadamente e negligenciando sua higiene pessoal.
Permanecendo frequentemente trancado no quarto quando
retornava do trabalho, Antônio parecia ter perdido o
desejo de viver. Apesar disso, ele sabia da festa de seu
filho e, especialmente porque seus filhos mais novos
queriam sua presença, Antônio decidiu levantar-se e
acompanhá-los à festa, que ocorreria na quadra de vôlei
da comunidade. Tudo parecia estar indo bem, mas será que
estava? Você, caro leitor, deve estar se questionando.
Sim, havia um senso de normalidade, mas apenas em parte.
Nesse ponto, a narrativa começa a se desdobrar em um novo
rumo.
21
A VIOLÊNCIA QUE ASSUSTA OS
CARIOCAS.
Um grupo de investigadores da polícia civil, em
colaboração com informantes confiáveis, tinha fortes
indícios de que o braço direito do traficante que
controlava a comunidade, conhecido como "Bocão", estaria
presente na festa. O delegado Flávio Aguiar estava
determinado a obter uma certeza de 100% de que o
traficante compareceria ao evento. E essa certeza foi
alcançada. O delegado estava determinado a evitar um
confronto armado na comunidade, e para isso ele
desenvolveu uma abordagem mais sutil. Com essa
perspectiva, surgiu a brilhante ideia de infiltrar a
multidão com lindas policiais disfarçadas, vindas de
outro estado, com a missão específica de capturar esse
indivíduo que era responsável por matar policiais
femininas. Até o momento, ele já havia sido associado a
quatro mortes.
22
A VIOLÊNCIA QUE ASSUSTA OS
CARIOCAS.
Apenas com policiais femininas, o delegado busca
retribuir e também demonstrar, de maneira impressa, à
sociedade que o rotulava como negligente e incompetente.
Isso chama a atenção do governador Paulo de Freitas. A
celebração de Felipe estava agendada para as 20 horas,
enquanto, às 16 horas, as mulheres já se infiltravam nas
vielas da comunidade. Em uma casa, havia duas mulheres,
enquanto outras já estavam na quadra, bebendo água
misturada com licor para parecer cerveja. Na quadra, sete
mulheres, com seus disfarces, passavam cerveja real para
os homens que ali estavam. O plano envolvendo mulheres
bonitas atraía a atenção dos traficantes da região. Às 23
horas, a festa de Felipe estava cheia, com o morro sob
vigilância de traficantes e policiais disfarçados. Por
volta das 2 da manhã, o braço direito do líder local,
Bocão, apareceu com 30 marginais fortemente armados
para sua segurança. O delegado Flávio Aguiar estava
ciente da potencial ameaça. As mulheres, também parte do
plano, aguardavam pacientemente. Por volta das 4 da
manhã, Bocão interage com três mulheres, sem saber que
são policiais femininas disfarçadas. Uma urgia é montada
em um barraco próximo, com marginais armados do lado de
fora.
23
A VIOLÊNCIA QUE ASSUSTA OS
CARIOCAS.
Enquanto isso, Antônio e seus filhos permanecem em casa.
Na festa, Felipe e sua irmã Mara ainda estão presentes.
Mara percebe a entrada de Bocão no quarto com as
mulheres. No entanto, o desfecho não sai como planejado, e
confrontos violentos eclodem entre policiais e
traficantes, levando a mortes e feridos. A presença de
policiais de elite no morro e a busca por abrigo de
Felipe e sua irmã complicam ainda mais a situação. Fica a
dúvida se o plano dos policiais falhou ou se tudo faz
parte de um plano maior? Vamos descobrir agora.
24
A VIOLÊNCIA QUE ASSUSTA OS
CARIOCAS.
EXPLODE A GUERRA
NA ROCINHA.
EXPLODE A GUERRA
NA ROCINHA.
 CAPÍTULO 8CAPÍTULO 8
Desde o início, é evidente, caro leitor, que o plano de
retirar o traficante da comunidade sem disparar um
único tiro fracassou grandemente. Os traficantes
pediram apoio de outras áreas, forçando o delegado
Flávio Aguiar a solicitar reforços. Assim que o pedido
chegou à inteligência da polícia civil, uma equipe
composta por policiais civis e militares foi prontamente
enviada à Rocinha, seja por terra ou ar. O objetivo dos
policiais era remover o traficante Bocão, que estava
inconsciente devido a uma injeção que recebeu. Por outro
lado, os traficantes estavam determinados a impedir que
o braço direito do líder da comunidade fosse levado pela
polícia.
Na quadra, sete policiais femininas se encontravam
encurraladas com Bocão sob custódia. A troca de tiros era
intensa, com projéteis vindo de todos os lados e
diferentes calibres, principalmente dos fuzis dos
traficantes. Enquanto isso, Felipe e sua irmã estavam
juntos com cerca de 30 pessoas, aglomerados em umcanto
da lanchonete, buscando proteção contra o incessante
tiroteio.
25
EXPLODE A GUERRA NA ROCINHA.
Com a chegada de mais unidades de segurança, tanto civis
quanto militares, a situação se desdobrou de forma a
inibir o apoio de traficantes de outras comunidades à
Rocinha. No entanto, o cenário na maior favela do Brasil
estava caótico, pois o confronto entre policiais e
traficantes se intensificava.
A polícia utilizou táticas estratégicas, incluindo
atiradores de elite posicionados nas lajes próximas à
quadra onde Bocão estava detido. Esses atiradores
conseguiram neutralizar vários traficantes que estavam
armados com fuzis, pegando-os de surpresa. Entretanto, à
medida que o dia amanhecia, a vantagem dos atiradores de
elite diminuía.
A situação escalou até que granadas fossem utilizadas
pelos criminosos, que começaram a recuar com o aumento
do reforço policial. Os eventos foram transmitidos ao
vivo pela imprensa, que questionava a ausência da tropa
de choque e do BOPE para apoiar os policiais
encurralados. 
26
EXPLODE A GUERRA NA ROCINHA.
Por volta das 7 horas da manhã, o BOPE finalmente chegou,
trazendo veículos blindados (conhecidos como "caverãos")
e helicópteros também blindados. Com essa intervenção, a
batalha se aproximava de seu fim. Os tiros cessaram após
cerca de 40 minutos.
Infelizmente, o saldo foi trágico, com muitos corpos
espalhados pela comunidade, deixando o governador
furioso. Uma reunião de emergência foi convocada com a
cúpula da segurança para discutir a situação. Após
extensas operações, Bocão foi finalmente colocado em um
carro blindado e levado da comunidade, cercado por uma
força policial substancial.
O desfecho da operação resultou em 33 suspeitos de
tráfico mortos.
27
EXPLODE A GUERRA NA ROCINHA.
Foram detidos 111 suspeitos, apreendidos 19 fuzis, 22
pistolas, 6 revólveres calibre 38 e 9 espadas ninjas, além
de 4 toneladas de maconha encontradas em uma residência,
e mais 40 quilos de cocaína. Os policiais realizavam a
contagem dos óbitos e das apreensões da operação quando,
finalmente, Felipe e sua irmã conseguiram sair da
cozinha acompanhados por outras pessoas. Naturalmente,
passaram por verificações legais para pendências
judiciais. Felipe foi submetido a interrogatório antes
de ser liberado, enquanto sua irmã Mara correu para
verificar o estado de seu pai e irmãos.
Enquanto Felipe continuava sendo interrogado, Mara
tinha a tarefa de garantir o bem-estar de seus
familiares. Ao chegar em casa, deparou-se com seus irmãos
chorando e bastante assustados. Eles haviam ouvido
muitos tiros próximos à residência e até granadas
explodindo nas proximidades. Apesar do susto, estavam
ilesos. Mara questionou seus irmãos sobre o paradeiro do
pai, Ailton e Cristiane, mas eles não tinham informações
sobre o pai. 
28
EXPLODE A GUERRA NA ROCINHA.
Mara decidiu subir para o segundo andar em busca do pai.
Lá, deparou-se com a cena mais terrível de sua vida: seu
pai estava morto, com um grande ferimento no peito. Ela
soltou um grito de desespero, atraindo a atenção dos
vizinhos e policiais nas proximidades. A confusão e o
caos tomaram conta da casa de Mara, uma vez que seu pai
havia sido assassinado e o responsável pelo crime ainda
era desconhecido.
Enquanto isso, na parte inferior da casa, Felipe,
encostado na parede, recebe a notícia de que uma pessoa
inocente, sem envolvimento com o tráfico, foi morta no
topo da comunidade. Em questão de minutos, alguém
informa a Felipe que a vítima fatal era seu próprio pai.
Nesse momento, ninguém conseguiu conter a reação de
Felipe, que subiu o morro gritando pelo seu pai. A
imprensa também se fez presente, transmitindo tudo ao
vivo. A situação enfureceu ainda mais o governador, que
estava revoltado, pois os policiais haviam comemorado
anteriormente a ausência de mortes de inocentes, mas
agora uma vítima fatal havia surgido, confirmada como
um trabalhador.
Nesse momento crítico, cabeças começam a rolar, e Felipe
enfrenta uma nova e dolorosa perda em sua vida. Como o
irmão mais velho, ele se prepara para responder a essa
terrível agressão. As próximas ações de Felipe
permanecem um mistério, que em breve se revelará.
29
EXPLODE A GUERRA NA ROCINHA.
DOR E A PRISÃO DE
FELIPE.
DOR E A PRISÃO DE
FELIPE.
CAPÍTULO 9CAPÍTULO 9
Tudo aconteceu em um piscar de olhos. Com desespero,
Felipe ajoelhou-se ao lado do corpo de seu pai,
suplicando que ele se levantasse. Enquanto isso, no
primeiro andar, seus irmãos choravam e eram consolados
por vizinhos solidários. A dor de Felipe só aumentou
quando policiais do BOPE invadiram a casa da família.
Erroneamente informados de que Felipe estava envolvido
com o tráfico local, os policiais o levantaram, ainda de
joelhos, próximo ao corpo do pai. Incapaz de compreender
a situação, Felipe teve suas mãos algemadas atrás das
costas e foi tratado como um criminoso, sendo retirado à
força da casa. No caminho, ao passar pelas irmãs, ele
tentou garantir que tudo estava bem, apesar das lágrimas
derramadas pelos irmãos. Na sequência, Felipe foi jogado
na caçamba da viatura que desceu em alta velocidade, com
receio de que um novo tiroteio pudesse eclodir devido
aos protestos de alguns moradores. Mara, a irmã mais
velha, foi forçada a permanecer forte para acalmar seus
irmãos durante toda essa confusão.
30
DOR E A PRISÃO DE FELIPE.
O destino de Felipe tomou um rumo sombrio, já que ele foi
preso e levado sob a acusação de ser um marginal.
Enquanto a situação na comunidade parecia ter se
estabilizado, no gabinete do governador do estado do Rio
de Janeiro, Paulo de Freitas, a tensão estava palpável.
Por volta das 16 horas, o governador se preparava para um
discurso, anotado às pressas em um pedaço de papel de pão.
Aqueles que conheciam Paulo intimamente sabiam que sua
raiva estava visível. No entanto, ele se esforçava para
manter uma postura que transmitisse o sucesso da
operação, enfatizando a prisão de diversos criminosos,
incluindo o braço direito do líder da Rocinha, conhecido
como Bocão. Ele reforçava a narrativa de que a prisão do
líder da comunidade estava iminente, sugerindo que era
preferível ele se entregar. 
Paulo enfatizava recordes de apreensões de armas de fogo,
pistolas e drogas, além de destacar a aprovação da
sociedade em relação à operação, No entanto, quando
questionado pelo repórter sobre a morte do inocente, o
tom do governador mudou. Ele insinuou dúvidas sobre a
inocência da vítima e expressou sua confiança nas forças
policiais, afirmando que tudo seria esclarecido no
devido tempo.
31
DOR E A PRISÃO DE FELIPE.
Certo, caso seja confirmado que o homem falecido era, de
fato, um trabalhador, eu exigirei saber a origem do
disparo. Todos os detalhes serão esclarecidos em breve. A
coletiva de imprensa foi monótona, com o governador
falando incessantemente; porém, quando chegou a vez dos
repórteres fazerem perguntas, o governador simplesmente
virou as costas e se retirou. Retornando ao seu gabinete,
reuniu-se com a equipe de segurança, aguardando
ansiosamente por desenvolvimentos.
Com o passar das horas, mais informações começaram a
surgir. Mara e seus irmãos foram amparados por vizinhos
e levados para sua casa. O corpo de Sr. Antônio foi
removido por volta das 18 horas, num clima de profunda
tristeza e indignação. Enquanto isso, Felipe continuava
a ser tratado como um criminoso, sendo levado, junto com
outros detidos, para a penitenciária de Bangu. Ele
derramava lágrimas, não apenas pela perda de seu pai, mas
também por ser injustamente preso.
No noticiário das 20 horas, a morte de um inocente foi
mencionada, porém, também foi alegado que Felipe estava
envolvido com o tráfico. Diversas imagens dele ao lado de
traficantes foram veiculadas, incluindo momentos em que
consumia álcool e charutos, que foram erroneamente
atribuídos à maconha, sendo transmitidos nacionalmente.
A imagem de Felipe estava sendo incriminada. Agora,
somente a justiça determinariaseu destino. Felipe
precisava urgentemente de um advogado competente para
evitar um desfecho desfavorável
32
DOR E A PRISÃO DE FELIPE.
Enquanto as horas passavam, o governador e sua equipe
buscavam desesperadamente provas para se eximirem da
ira dos órgãos de direitos humanos, que alegavam que o
que havia ocorrido na Rocinha era um massacre, sem
direito a prender possíveis criminosos. Os direitos
humanos enfatizavam que a morte do Sr. Antônio, um
inocente que protegia seus filhos, não poderia ser
tratada como um caso isolado. Entre os 34 mortos,
incluindo o Sr. Antônio, acreditava-se que havia mais
inocentes.
O diretor dos direitos humanos, Cláudio Duarte,
expressou à imprensa que muitos dos falecidos foram
mortos simplesmente por estarem consumindo maconha,
algo inaceitável, e questionou o governador Paulo de
Freitas: "Valeu a pena ter tantas mortes, inclusive de
inocentes, para prender um traficante? Não seria mais
viável capturá-lo quando ele saísse da comunidade e
prendê-lo em Copacabana?" O diretor concluiu sua
entrevista aos jornalistas.
A situação tanto do governador Paulo de Freitas quanto
de Felipe tornava-se cada vez mais complexa. A oposição o
chamava de irresponsável, enquanto a população o via
como um herói. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
exigia uma rápida clarificação da situação. Enquanto
isso, os defensores dos direitos humanos continuavam a
exigir responsabilidade pelos numerosos óbitos.
33
DOR E A PRISÃO DE FELIPE.
O segundo dia de Felipe na prisão também não foi fácil.
Ele enfrentava maus-tratos desde sua chegada à
penitenciária, além de ouvir insinuações de que o
Terceiro Comando queria sua cabeça, uma forma cruel de
instilar medo em alguém que já estava atormentado. A
situação de Felipe era cada vez mais precária, e eu não
gostaria de estar em seu lugar nesse momento.
34
DOR E A PRISÃO DE FELIPE.
O ENTERRO DO
SENHOR ANTÔNIO
O ENTERRO DO
SENHOR ANTÔNIO
CAPÍTULO 10CAPÍTULO 10
Já se passaram três dias desde então. O morro da Rocinha
permanece sob ocupação das forças de segurança, o que tem
causado um prejuízo significativo para os traficantes,
impossibilitando a venda de seus entorpecentes. Em
apenas três dias, a polícia civil iniciou uma
investigação para esclarecer os detalhes da operação que
resultou na morte de um inocente e de outras 33 pessoas
suspeitas de envolvimento com o tráfico. A imprensa
concentrou-se na figura do Sr. Antônio, ressaltando sua
reputação como um pai exemplar na comunidade. Detalhes
de sua história com a esposa, já falecida, vieram à tona.
Além disso, a narrativa de Felipe e seu testemunho, que o
colocam como trabalhador e não traficante, também foram
divulgados. Felipe agora conta com a representação de
advogados, cujo objetivo é provar que ele não está
envolvido em atividades criminosas. Já se passaram três
dias desde então. O morro da Rocinha continua sob
ocupação das forças de segurança, causando um prejuízo
significativo aos traficantes, que estão
impossibilitados de vender seus entorpecentes. A polícia
civil iniciou uma investigação em apenas três dias,
buscando esclarecer os detalhes da operação que resultou
na morte de um inocente e de outras 33 pessoas suspeitas
de envolvimento com o tráfico. A imprensa tem enfatizado
a figura do Sr. Antônio, destacando seu papel como um pai
exemplar na comunidade. Detalhes sobre sua história com
a esposa, já falecida, foram trazidos à tona. A história de
Felipe e seu testemunho, afirmando que ele é um
trabalhador e não um traficante, também foram
divulgados. Felipe agora conta com representação legal
de advogados, com o objetivo de provar sua inocência.
35
O ENTERRO DO SENHOR ANTÔNIO
A situação se tornou ainda mais tensa com o impedimento
de Felipe de comparecer ao enterro de seu pai devido ao
risco de resgate e depredação de patrimônio público. A
comunidade da Rocinha ficou ainda mais revoltada com
essa decisão, comparecendo em peso ao sepultamento do Sr.
Antônio. Os filhos de Antônio, Mara, Ailton e Cristiane,
estavam mergulhados em dor e lágrimas. Mara não
conseguia se conformar com a morte de seu pai e a prisão
injusta de seu irmão Felipe. Ailton, por sua vez,
demonstrava a maior revolta entre os irmãos, dirigindo
palavras duras aos policiais presentes no enterro.
Cristiane estava inconsolável.
O enterro de Sr. Antônio ocorreu no cemitério do caju e
atraiu mais de 4 mil pessoas, que chegaram de ônibus,
carros e a pé para prestar homenagens ao grande
guerreiro que ele foi. Cerca de 400 policiais de
diferentes batalhões, incluindo o Bope, escoltaram o
cortejo até o cemitério, e a cerimônia foi transmitida ao
vivo por diversos canais de TV. O caixão foi fechado após
cada filho se despedir do pai. Do presídio, Felipe
assistia ao enterro pela televisão em preto e branco,
chorando copiosamente e sendo consolado por seus amigos
de cela.
35
O ENTERRO DO SENHOR ANTÔNIO
Com 22 dias transcorridos, a polícia concluiu que o tiro
que matou Sr. Antônio não foi disparado da frente, como
inicialmente se pensava, mas sim de um sobrado acima de
sua casa, vindo de um marginal. A bala atravessou a
parede e atingiu Sr. Antônio, que, ao ser atingido,
projetou-se para frente. A polícia suspeita que, ao
receber o tiro, Sr. Antônio tentou se virar na tentativa
de pedir socorro, mas devido à gravidade da ferida, sua
reação foi prejudicada. A polícia também esclareceu que,
no momento em que Sr. Antônio foi atingido, os policiais
ainda não haviam chegado à parte alta do morro. Além
disso, concluiu que tanto os policiais militares quanto
os civis não utilizam o fuzil calibre 762, que é restrito
às forças armadas ou a traficantes que contrabandeiam
armas. Como resposta às pressões da oposição e da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), o governador exonerou três
membros de sua equipe e solicitou a transferência do
delegado Flávio Aguiar para outro estado, visando evitar
mais controvérsias.
36
O ENTERRO DO SENHOR ANTÔNIO
Com 22 dias transcorridos, a polícia concluiu que o tiro
que matou Sr. Antônio não foi disparado da frente, como
inicialmente se pensava, mas sim de um sobrado acima de
sua casa, vindo de um marginal. A bala atravessou a
parede e atingiu Sr. Antônio, que, ao ser atingido,
projetou-se para frente. A polícia suspeita que, ao
receber o tiro, Sr. Antônio tentou se virar na tentativa
de pedir socorro, mas devido à gravidade da ferida, sua
reação foi prejudicada. A polícia também esclareceu que,
no momento em que Sr. Antônio foi atingido, os policiais
ainda não haviam chegado à parte alta do morro. Além
disso, concluiu que tanto os policiais militares quanto
os civis não utilizam o fuzil calibre 762, que é restrito
às forças armadas ou a traficantes que contrabandeiam
armas. Como resposta às pressões da oposição e da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), o governador exonerou três
membros de sua equipe e solicitou a transferência do
delegado Flávio Aguiar para outro estado, visando evitar
mais controvérsias. Cassação ou um pedido de renúncia
por parte do governador, o que não se concretizou. É
assim, meu estimado leitor, que os nossos políticos
frequentemente optam por esconder os problemas em vez de
resolvê-los, seguindo o princípio de que "antes que eu
caia, que caia você". Essa é a realidade do nosso país,
essa é a situação no Brasil e é dessa forma que os nossos
políticos agem.
37
O ENTERRO DO SENHOR ANTÔNIO
OS TRAFICANTES VÃO
COBRAR NA PORTA DO
FELIPE.
OS TRAFICANTES VÃO
COBRAR NA PORTA DO
FELIPE.
CAPÍTULO 11CAPÍTULO 11
O governador Flávio Aguiar parece ter conquistado a
aprovação da população, especialmente à luz de um ditado
popular no Rio de Janeiro que diz: "Bandido bom é bandido
morto". A operação na comunidade da Rocinha resultou na
morte de diversos traficantes, muitos foram presos, e uma
quantidade significativa de armas e drogas foi
apreendida, o que é visto como um grande sucesso para os
moradores do Rio de Janeiro. Aplausose reconhecimento
eram direcionados ao governador, exceto para aqueles
que perderam entes queridos, como vítimas de balas
perdidas, que anseiam por respostas do estado diante de
tais tragédias. Essa responsabilidade recai sobre o
governador, pois sabemos que nada acontece sem sua
autorização. Grandes eventos e operações estratégicas
são decididos em conjunto com o prefeito e outros
políticos. Infelizmente, a operação na Rocinha não
parece ter seguido esse protocolo, causando desconforto
entre as autoridades. O prejuízo, no entanto, não foi
apenas para os traficantes, mas também para a comunidade,
como o trágico falecimento do Sr. Antônio demonstra. 
38
OS TRAFICANTES VÃO COBRAR NA
PORTA DO FELIPE.
FRANCISCO, também conhecido como "ESPADA", utiliza
espadas como sua principal ferramenta para eliminar
seus inimigos. A polícia apreendeu essas espadas. ele
interroga seus capangas um por um. Logo, a festa de Felipe
se torna tópico entre os marginais, com fotos de Felipe
indo parar nas mãos de Espada. Ao reconhecer Felipe,
Espada fica ciente do que aconteceu com o pai dele.
Espada, um traficante estudioso cuja origem desconheço,
deseja visitar a casa de Felipe para verificar o bem-
estar de seus irmãos. No entanto, o morro está minado por
policiais, tornando isso difícil. O traficante ordena que
seus soldados se escondam para evitar confrontos e
expulsar a polícia do morro. Espada acertou, e a
comunidade vive três dias sem tumultos. Quando os
policiais saem, os traficantes escondidos voltam a sair.
É hora de avaliar os danos. Muitas motos param na casa de
Felipe, mas seus irmãos, Mara, Ailton e Cristiane, estão
na casa de vizinhos, os quais pedem que saiam
imediatamente ao saber que o chefe do morro os procura.
39
OS TRAFICANTES VÃO COBRAR NA
PORTA DO FELIPE.
Mara, a mais velha entre os irmãos, desce o morro e se
depara com vários traficantes, gerando preocupação na
comunidade devido à fama do dono do morro. Cerca de 60
motos estão estacionadas na frente da casa de Felipe, com
o líder do morro presente. Ele possui uma aparência
ameaçadora, adornada com cordões e pulseiras de ouro,
além de anéis cravejados de diamantes. Empunhando um
fuzil dourado com as siglas "E.P.D." gravadas
(representando "Espada"), o traficante fica à parte
enquanto seus homens causam tumulto no portão da casa.
Os jovens chegam, pegos de surpresa, e o traficante olha
para Mara enquanto ela tenta proteger seus irmãos.
Informados de que a casa está vazia, os traficantes olham
para o chefe em busca de ordens, mas ele já está com os
adolescentes. Olhando para Mara, ele menciona o pai dela
Antônio, e expressa prejuízo sofrido no morro,
questionando se Felipe teve envolvimento. Ele reconhece
o verdadeiro prejuízo da família, com o pai morto e o
irmão preso injustamente. O traficante revela que Felipe
é um trabalhador e não um criminoso, expressando desejo
de tê-lo ao seu lado como piloto. No entanto, ele anuncia
planos de descobrir traições e menciona a perda de seu
irmão de confiança, Bocão. Ao olhar para Cristiane, o
traficante pergunta sua idade e oferece proteção de form
sugestiva. Enquanto circulam, ele diz a Mara para
procurá-lo caso precise de algo. Embora Mara perceba má
intenções em relação a Cristiane, o traficante deixa a
família de Antônio em paz, mas Ailton está determinado a
vingar a morte do pai e a prisão injusta de Felipe. 
40
OS TRAFICANTES VÃO COBRAR NA
PORTA DO FELIPE.
 A REVOLTA
DE AILTON.
 A REVOLTA
DE AILTON.
CAPÍTULO 12CAPÍTULO 12
Uma semana após o incidente na comunidade, aparentava-
se que tudo havia retornado à normalidade. Contudo, esta
era apenas uma fachada. Espada ordenou um aumento
triplo na patrulha do morro, o que começou a incomodar
os próprios moradores. Um evento trágico envolvendo uma
família suspeita de traição (X9) resultou em sua morte
pelas mãos de Espada. A notícia se espalhou pelas ruas da
comunidade, e muitos comentaram com Mara que ela e seus
irmãos tiveram sorte de não terem sido afetados. Essa
situação incomodava Mara, especialmente por ser a irmã
mais velha. A falta de acesso às visitas na prisão impediu
Mara de ver seu irmão Felipe, prolongando o desconforto.
Enquanto isso, Ailton, não vendo seu irmão Felipe há 15
dias, tomou uma decisão impulsiva. Ignorando a
autorização de Mara, ele subiu o morro para falar com o
traficante Espada, motivado por seu ódio. Ailton chegou
ao esconderijo de Espada no topo do morro, em uma casa
modesta por fora, mas luxuosa por dentro. Com cerca de 40
traficantes fazendo segurança, Ailton confrontou
traficantes armados, chamando a atenção de Espada. No
meio da confusão, Espada chegou e viu Ailton sangrando
devido a um soco. O traficante líder interrogou Ailton,
revelando sua conexão com a família de Antônio. Ailton
admitiu sua vontade de se unir ao bando de traficantes,
expressando seu desejo de vingança. Após uma conversa
tensa, Espada decidiu dar a Ailton uma chance. O líder
dos traficantes compartilhou suas visões sobre a
sociedade corrupta e o poder no morro, enfatizando que as
escolhas eram cruciais.
41
 A REVOLTA DE AILTON.
Espada ofereceu a Ailton a oportunidade de se juntar ao
bando após atingir a maioridade, caso ainda deseje. Após
ser afastado por seus homens, Ailton foi deixado em casa,
onde encontrou Mara e compartilhou o ocorrido. A
discussão com Mara deixou evidente que Ailton estava
mudando para pior. Enquanto Felipe permanecia preso,
Mara começou a considerar deixar a comunidade Rocinha,
porém, isso dependeria da aprovação de Felipe. Apesar de
seus esforços, Mara só conseguia falar com Felipe
brevemente, enquanto a justiça demorava em seu processo.
A relação de Felipe com as atividades dos traficantes
estava sendo distorcida pelas autoridades,
classificando-o como marginal. Apesar disso, Felipe
desejava proteger Ailton do mesmo destino. A situação de
Ailton na comunidade estava prestes a piorar, deixando
Mara apreensiva.
42
 A REVOLTA DE AILTON.
 A REBELIÃO A REBELIÃO
 CAPÍTULO 13CAPÍTULO 13
Entre uma visita e outra, Mara percebia que Felipe estava
passando por mudanças notáveis. Cada vez mais agressivo
e magro, ele já não demonstrava interesse pelos irmãos. É
importante, caro leitor, destacar que Mara estava
observando o gradual declínio de Felipe. Seus irmãos são
menores de idade, com apenas 13 anos. Mara dedicava todos
os esforços possíveis para persuadir a juíza a permitir
que seus outros irmãos o visitassem. Com a assistência de
uma advogada, ela repetidamente pedia a permissão para
as visitas dos menores. No entanto, o magistrado
sistematicamente negava essa possibilidade. Durante
seis longos meses de angústia, tanto para Felipe, que
estava atrás das grades injustamente, quanto para sua
irmã Mara, de 16 anos, que só conseguiu obter autorização
para visitar o irmão no presídio devido à ampla
cobertura midiática sobre a morte de seu pai por bala
perdida e a subsequente prisão de Felipe no mesmo dia.
Finalmente, Mara ganhou o direito de manter breves
conversas com seu irmão. Infelizmente, essa foi a última
vez que eles conseguiram se comunicar. Na ocasião, Felipe
compartilhou suas preocupações: "Mana, está prestes a
eclodir uma guerra aqui dentro do presídio, e estou
apavorado com a possibilidade de morrer inocente neste
inferno. Por favor, peça à sua advogada que ajude a
garantir minha transferência para outra instituição.
Estou perdendo o medo de ser pego em uma rebelião." Em
meio às lágrimas, Mara respondeu: "Ai, meu Deus
(chorando), estou enfrentando tudo isso sem a presença de
nosso pai. (Choro) Felipe, por favor, não desista de mim.
Quando eu sair daqui, vou trabalhar duro e encontrarei
um lugar melhor para morarmos na parte inferior, que é
mais tranquila. Eu prometo." 
43
 A REBELIÃO
Mara assentiu, e seu irmão deu-lhe um beijo no rosto
antes de partir. Embora com o coração pesado, Mara viu
Felipe sair e sentiu uma profunda tristeza. Ela
compreendia que conquistaro desejo de Felipe seria uma
tarefa árdua. Três dias após seu último encontro com
Felipe, Mara e seus irmãos estavam dormindo em casa,
quando, por volta das cinco da manhã, foram despertados
por tumultos vindos dos becos e ruas da comunidade.
Gritos e choros angustiantes ecoavam pelo ar. Enquanto
Mara, que dormia no andar de cima da casa, foi até a
janela para verificar a situação, seus irmãos se
esconderam atrás da cama. Um vizinho bateu na porta da
família, e apesar do pavor generalizado, Mara, corajosa
como sempre, decidiu verificar o que estava acontecendo.
A vizinha, visivelmente abalada e chorando, exclamou
antes mesmo de a porta ser aberta: "Meu Deus, Mara! Uma
rebelião violenta irrompeu no presídio de Bangu. Meu
marido foi morto! Querida amiga!" (Choro) Mara desmaiou
instantaneamente. Quando finalmente recobrou os
sentidos, a vizinha já havia desaparecido, assim como seu
irmão Ailton. Sua irmã Cristiane estava ali para
consolá-la. Mara rapidamente se levantou, trocou de
roupa e, acompanhada por sua irmã Cristiane, dirigiram-
se apressadamente ao presídio de Bangu. Ao chegarem lá,
depararam-se com o caos, com familiares desesperados
buscando informações sobre seus filhos, netos, sobrinhos
e irmãos – uma situação que também afetava Mara. O
presídio estava cercado por uma forte presença policial,
principalmente da tropa de choque, mobilizada para
conter a rebelião. Os policiais estavam cientes das
mortes e ferimentos graves que ocorreram no tumulto.
Além disso, havia informações de que oito funcionários
do presídio estavam mantidos como reféns.
44
 A REBELIÃO
O clima era permeado por medo e pavor, uma vez que
explosões ocorriam a todo momento. Durante quatro horas,
as famílias permaneceram angustiadas e desinformadas,
até que finalmente chegou a notícia de que as forças de
choque policiais haviam retomado o controle do
presídio. A situação aparentava estar mais tranquila
dentro do Presídio Bangu 1. No entanto, do lado de fora,
os familiares vivenciavam a dor da incerteza, uma agonia
que só foi amenizada após seis horas de espera. O saldo
trágico da rebelião foi de 14 mortos e 16 feridos. O motim
foi resultado de uma tentativa de invasão das celas do
Comando Vermelho por parte dos traficantes do Terceiro
Comando. A violência eclodiu com intensidade,
resultando na morte de sete traficantes do Comando
Vermelho e sete do Terceiro Comando. Quando a lista dos
falecidos sem afiliação foi afixada no muro, o nome de
Felipe estava no topo, seguido por Ricardo, conhecido
como Bocão. Nesse momento, o mundo de Mara e sua irmã
Cristiane desabou completamente. Enquanto observava à
distância, Jailton, irmão delas, permanecia impassível,
sem derramar lágrimas. Depois de três minutos,
desapareceu na multidão. A dor que Mara e Cristiane
sentiam agora era compartilhada por muitas outras
famílias presentes no local. Mara e seus irmãos tiveram
mais uma perda para a violência, desta vez proveniente de
um presídio denominado de Segurança Máxima, que na
prática não cumpriu seu propósito de proteger os
agentes. Novamente, o governador Paulo Freitas e seu
secretário de Segurança precisaram prestar
esclarecimentos em uma coletiva nacional. O secretário
de Segurança, Eto Ribeiro, declarou: "Boa tarde a todos 
Na madrugada passada, uma rebelião no Presídio Bangu 1
resultou na morte de 14 detentos".
45
 A REBELIÃO
Todos os casos serão investigados, nada ficará impune. Há
um ano, já havíamos identificado a possibilidade de uma
rebelião em Bangu 1. Imediatamente, enviei uma carta ao
governador solicitando a transferência urgente dos
criminosos perigosos para presídios federais em outros
estados, e não no Rio. Como a imprensa já sabe, vários
detentos foram transferidos, conforme mencionei. A
situação estava controlada em Bangu até a prisão de
Ricardo, braço direito do traficante da comunidade da
Rocinha, também conhecido como Bocão. A situação se
agravou após sua entrada no presídio. Antes de sua
chegada, tudo estava sob controle. Agora, iremos
identificar os responsáveis e todos serão transferidos
para fora do Rio de Janeiro. Somente assim poderemos dar
respostas às famílias que não têm qualquer envolvimento
com essa situação e também proporcionar paz ao nosso
estado. Obrigado." Os repórteres fizeram diversas
perguntas ao secretário de Segurança, e na sequência, o
governador tomou a palavra, abordando números,
estratégias e resultados que frequentemente passam
despercebidos. No Rio de Janeiro, onde se propaga a ideia
de que "bandido bom é bandido morto," o governador saiu
vitorioso mais uma vez. Sua atuação foi aclamada por
grande parte da população, especialmente os cariocas.
Entretanto, nesse cenário, Mara e seus irmãos mais uma
vez se viram obrigados a enterrar um ente inocente,
alguém que só eles, da família, reconheciam. A rotina
triste e opressora persiste. Resta saber se Mara terá a
força para suportar mais essa perda ou se o pensamento de
suicídio se tornará a opção mais viável nesse momento
difícil. Os próximos acontecimentos irão revelar.
46
 A REBELIÃO
 BELO
HORIZONTE
 BELO
HORIZONTE
CAPÍTULO 14CAPÍTULO 14
Mara tentou seguir sua vida ao lado de seus irmãos na
comunidade da Rocinha, mas isso se mostrou difícil. A
trágica morte de seu irmão Felipe a levou a uma decisão
firme: deixar a comunidade e buscar uma vida em outro
estado. Depois do reconhecimento do corpo de Felipe no
instituto médico legal, Mara partiu para Belo Horizonte.
Uma ex-vizinha que agora morava na cidade mineira a
convidou, elogiando as condições melhores ali em
comparação com o Rio de Janeiro. Mara, embora tenha
considerado a ideia, ainda pretendia consultar seu
irmão mais velho, Felipe. No entanto, sua morte prematura
a deixou como a irmã mais velha, responsável pela
família.
Em meio às dificuldades com seu irmão Ailton, Mara
decidiu adiar qualquer discussão sobre mudanças.
Concentrou-se em providenciar o sepultamento de Felipe,
deixando Ailton um tanto à deriva. Tanto Mara quanto
Cristiane, sua irmã, enfrentaram intensa tristeza pela
perda do irmão, encontrando apoio entre as mulheres da
comunidade. Ver seu irmão, já falecido, sendo tratado
como um marginal na televisão doía profundamente, assim
como a ausência do pai, também vítima da violência. O
enterro de Felipe ocorreu após três dias, marcando o 11º
sepultamento dos 14 detentos mortos na rebelião em
Bangu. Em um cemitério na zona norte do Rio de Janeiro,
aproximadamente 4 mil pessoas compareceram,
acompanhadas por cerca de 200 policiais e 50 agentes de
trânsito para garantir a segurança. A imprensa focava na
suspeita de um inocente ter sido morto na rebelião, após
a declaração emocional de Mara. 
47
BELO HORIZONTE
Mara e Cristiane participaram de programas de televisão
para expressar suas perspectivas sobre Felipe e a
situação dos moradores de comunidades. Enquanto isso,
Ailton se tornou um morador de rua. A tragédia da família
Mara passou a ser apenas mais um número nas estatísticas
do Rio de Janeiro. Determinados a recomeçar em Belo
Horizonte, Mara e Cristiane procuraram Ailton, que
estava em um abrigo para menores infratores por causa de
roubos. Mara só pôde vê-lo graças à intervenção de um
pastor. A família deixou o Rio de Janeiro, conduzida pelo
pastor e sua esposa, em busca de uma nova vida. Embora os
dias em Belo Horizonte tenham trazido um ambiente mais
estável, Ailton não demonstrava vontade de mudar. Suas
conversas frequentes sobre comandos e vingança
preocupavam o pastor, que buscava ajudá-lo. Por outro
lado, a mulher do pastor adotou Cristiane, vendo nela um
bom coração. Mara, por sua vez, encontrou apoio na igreja
local, que cuidou dela e de seus irmãos. Com
determinação, Mara desejava encontrar a felicidade ao
lado deles, e estava determinada a lutar por essa chance.
Sua força e determinação a acompanhariam nessa nova
jornada.
48
BELO HORIZONTE
CINCO ANOS
PASSARAM: OQUE
MUDOU NA VIDA
DOS IRMÃOS?
CINCO ANOSPASSARAM: OQUE
MUDOU NA VIDA
DOS IRMÃOS?
CAPÍTULO 15CAPÍTULO 15
O tempo voou na vida dos irmãos. Com 21 anos, Mara viu
sua vida mudar drasticamente no estado de Minas Gerais.
Embora tenha criticado a polícia carioca, ela teve a
oportunidade de não se envolver com a polícia mineira,
mas sim com o exército mineiro, graças ao seu pastor, que
já havia servido no exército carioca e conhecia
profundamente a vida militar. Ele compartilhou com Mara
os deveres de um soldado, despertando sua curiosidade.
Quando completou 17 anos, o pastor a ajudou a ingressar
em uma escola militar, e aos 21, ela se tornou a primeira
mulher a integrar o primeiro pelotão de infantaria.
Desde então, ela se destacou nesse papel. Durante seus
tempos de aluna, aos 19 anos, Mara conheceu o soldado
Rafael, por quem se apaixonou. Eles decidiram morar
juntos e se casaram um ano depois. Agora, aos 21 anos, a
soldada Mara é mãe de uma filha de 2 anos chamada
Rafaela. Seu codinome é "Bravo".
Enquanto isso, sua irmã Cristiane, atualmente com 18
anos, trabalha em uma concessionária de carros novos.
Ela divide sua vida entre o trabalho e o convívio com os
pastores, que se tornaram figuras paternas para ela. Mara
e Cristiane vivem quase uma de frente para a outra, uma
decisão tomada para permanecerem sempre próximas e
unidas. Por outro lado, Ailton abandonou a vida que as
irmãs escolheram e insistiu que tudo não passava de um
conto de fadas, prevendo que elas iriam acordar para a
realidade um dia. A última vez que foi avistado nas ruas
mineiras, ele estava fugindo da polícia em uma moto
roubada, há três anos atrás. Desde então, Ailton
desapareceu completamente, sem contato com suas irmãs ou
qualquer pessoa em Minas Gerais que o conheça.
49
CINCO ANOS PASSARAM: OQUE
MUDOU NA VIDA DOS IRMÃOS?
Por vários dias e meses, Mara voltou ao Rio de Janeiro em
busca de Ailton, mas suas tentativas foram em vão. Há dois
anos atrás, ela e seu então namorado, juntamente com
Cristiane, retornaram ao Rio para intensificar a busca.
Infelizmente, receberam a notícia que mais temiam:
Ailton foi morto por traficantes locais devido a dívidas
de drogas que não conseguiu pagar. O mundo de Mara e
Cristiane desmoronou novamente. O tempo seguiu seu
curso, e Mara concentrou-se em cuidar de sua família, que
inclui sua filha, sua irmã Cristiane e seu marido Rafael,
além do apoio constante da comunidade da igreja.
Se Ailton estivesse vivo, ele também estaria prestes a
completar 18 anos, mas as escolhas que fez o levaram a um
trágico destino. Agora, Mara está determinada a
progredir em sua carreira militar, demonstrando coragem
e determinação admiráveis. Caro leitor, não há dúvida de
que a trajetória de Mara é inspiradora e cheia de força,
fé e foco.
50
CINCO ANOS PASSARAM: OQUE
MUDOU NA VIDA DOS IRMÃOS?
CAPÍTULO 16CAPÍTULO 16
Mara e sua irmã Christiane estão indo muito bem, caro
leitor. Poderíamos encerrar a história aqui e certamente
seria um final feliz. No entanto, esta jornada está longe
de terminar. Vocês já sabem que Mara é uma soldado do
exército mineiro, mas não têm conhecimento de como ela
foi tratada na escola militar, como conheceu seu grande
amor, e até onde pretende chegar. Vamos abordar esses
detalhes passo a passo mais uma vez.
Ao chegar no colégio militar, Mara estava tímida. Sua
aparência não se destacava, e ela enfrentou bullying
desde o início. Foi alvo de brincadeiras e apelidos, o que
afetou sua autoestima. No entanto, Mara decidiu não
desistir e buscou apoio em seu pastor, que a incentivou a
persistir e acreditar em seu potencial. Através do
incentivo do pastor, Mara mudou sua abordagem em
relação à escola militar. Ela passou a caminhar até o
curso, alterou seus hábitos alimentares e perdeu peso.
Determinada a superar os obstáculos, Mara transformou
sua imagem e se tornou uma mulher forte e confiante. Além
disso, encontrou apoio e amor nos braços de seu melhor
amigo, Rafael, que posteriormente se tornou seu marido.
Rafael também enfrentou bullying no colégio militar
devido à sua magreza, mas ao entrar na carreira militar,
percebeu que as perseguições não desapareceram, apenas
mudaram de forma. No entanto, seu vínculo com Mara
cresceu, e juntos enfrentaram as adversidades, ignorando
os comentários negativos e fortalecendo seu
relacionamento.
51
BULLYING NAS FORÇAS ARMADAS.
Com o tempo, Mara e Rafael construíram uma família,
tiveram sua filha Rafaela e continuaram a trabalhar duro
para alcançar seus objetivos. Mara se destacou como
tenente coronel no exército, enquanto Rafael se tornou
um respeitado sargento mecânico. Essa é a história de um
casal que venceu as adversidades, encontrou força um no
outro e alcançou o sucesso através da perseverança e do
apoio mútuo. Uma história de superação e amor, mostrando
que com determinação e suporte, é possível enfrentar
qualquer desafio e prosperar.
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BULLYING NAS FORÇAS ARMADAS.
MARA, OU MELHOR,
TENENTE-CORONEL
BRAVO
MARA, OU MELHOR,
TENENTE-CORONEL
BRAVO
CAPÍTULO 17CAPÍTULO 17
Finalmente, Mara alcançou o mais alto escalão, e isso não
foi nada fácil nem facilitado para ela. Com 22 anos, já
tinha uma filha de 1 ano de idade. Mesmo como soldado,
foi designada para uma missão que não envolvia paz, mas
sim um trabalho no exterior. A missão a levaria para
Moçambique, onde ficaria longe de sua família por um
período de 6 a 8 meses. E assim, Mara partiu para essa
jornada, cheia de orgulho pela família que Deus lhe
concedeu. No decorrer de 10 meses em Moçambique, Mara
demonstrou grande dedicação e esforço, sendo a última
mulher a retornar devido à sua determinação e prontidão
para cumprir com o que lhe era designado. Seu trabalho
árduo durante essas missões lhe rendeu sucessivas
promoções, até que ela alcançou a posição de tenente-
coronel, sendo um orgulho para o Décimo Quinto Batalhão
de Infantaria de Minas Gerais. No entanto, o tempo não
parou, e hoje Mara tem 27 anos. Sua filha, Rafaela, está
com 8 anos, e seu irmão, com 3 anos. Além disso, Mara
engravidou novamente e deu à luz a seu segundo filho,
Miguel. Diferente da irmã Rafaela, Miguel é cheio de
energia e vitalidade. A família agora é maior, não apenas
pela família de Mara, mas também pela de sua irmã
Cristiane. Cristiane é grata por sua família e não se
cansa de expressar essa gratidão, tendo uma filha
chamada Crislaine.Em um dia de comemoração pela
promoção de sua irmã, Cristiane expressa como vê o mundo
de forma diferente agora. Ela compartilha o desejo de
voltar ao passado com uma bola de cristal e mudar o curso
dos acontecimentos, para que o pai e os irmãos ainda
estivessem presentes. 
53
MARA, OU MELHOR TENENTE-CORONEL BRAVO
Mara concorda, mas muda o foco da conversa, lembrando
que esse é um momento de celebração e felicidade, não um
momento para se lamentar pelo passado. No entanto, o
passado parece continuar a influenciar a vida de Mara,
como evidenciado em uma pergunta feita por seu cunhado
no final da festa. Ele pergunta o que Mara faria se
descobrisse que um de seus irmãos fosse traficante, e se
ela o prenderia ou daria conselhos. Mara responde que,
considerando as circunstâncias, ela provavelmente os
prenderia, mas o clima fica tenso quando seu cunhado a
questiona sobre atirar. A situação é logo contornada, e
Mara reafirma seu compromisso com a proteção do povo e
sua determinação de ser feliz ao lado de sua família.
Mara, agora Tenente-Coronel BRAVO, tem muito do que se
orgulhar e a conquistar, e sua determinação e
resiliência continuam a ser a força motriz de sua
jornada. Parabéns, Tenente-Coronel BRAVO Mara. Sua
história é inspiradora e nos lembra que a superação e o
comprometimento podem levar a conquistas notáveis.
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MARA OU MELHOR TENENTE_CORONEL BRAVO
ROUBOS
AUDACIOSOS
ROUBOS
AUDACIOSOS
CAPÍTULO 18CAPÍTULO 18
São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro.
Hora: 16h32 de segunda-feira. Bairro: Trindade.
Supermercado Vitória. De quinze em quinze dias, carros-fortes chegam para abastecer ou coletar dinheiro das
férias do supermercado, além de reabastecer os caixas
eletrônicos do mercado e de duas farmácias daquela
região. São dois carros-fortes, com cinco seguranças no
interior, incluindo o motorista. Três desses guardas
usam armas de fogo calibre 38 ou "oitão", como é
conhecido. Dois profissionais usam escopetas. A equipe
deles optou por andar em comboio para aumentar a
segurança, tendo assim quatro armas de grosso calibre em
vez de apenas duas. Tudo é sustentado por um esquema de
intimidação. Os traficantes do Rio de Janeiro,
conhecidos por sua audácia e armamento de guerra,
usaram uma tática que chamou a atenção da polícia civil.
Eles conseguiram roubar quase 3 milhões de reais sem
disparar um único tiro. A estratégia envolveu uma
coordenação precisa e distração habilidosa. Os
traficantes sabiam o dia em que os carros-fortes em
comboio apareceriam. Montaram uma vigilância com
olheiros, observando a área às 16h22. Quando os carros-
fortes foram avistados, a mensagem foi transmitida por
rádio aos comparsas: "Atividade aí, irmãos. Os carros-
fortes passaram por aqui". Os traficantes colocaram seu
plano em ação. Assim que os carros-fortes pararam no
mercado, levou três minutos para os seguranças saírem de
seus veículos. Quatro deles estavam armados com
escopetas, prontos para qualquer confronto. No entanto,
quatro crianças e três mulheres atraentes entraram na
cena para distrair os vigilantes.
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ROUBOS AUDACIOSOS
Enquanto as crianças faziam perguntas aos seguranças, as
mulheres fingiam brigar com seus filhos. Era um teatro
calculado, uma distração para saber se os seguranças
estavam ali para depositar ou coletar dinheiro.
Rapidamente, descobriram que os carros estavam cheios de
dinheiro.
A liderança da quadrilha tomou conhecimento dessa
informação e colocou mais mulheres em ação. Usando suas
aparências atraentes, as mulheres esconderam pistolas
calibre 40 debaixo de suas roupas e bolsas. Elas renderam
os seguranças que estavam armados com escopetas e outros
com armas de menor calibre, como o 38. O caminho estava
aberto, e o apoio chegou em quatro carros, carregando
fuzis AK47, M16 e granadas. Tudo foi concluído em cerca
de dez minutos. Os seguranças renderidos foram colocados
em um dos carros-fortes, que saiu rapidamente do local. O
assalto milionário foi um sucesso, com quase 3 milhões de
reais roubados que seriam destinados ao mercado,
farmácias e uma casa lotérica do bairro. A polícia foi
alertada e iniciou uma busca pelos criminosos. No
entanto, os assaltantes escaparam e os veículos
utilizados no roubo foram encontrados em chamas em
outro bairro. Os marginais aparentemente buscaram
refúgio em uma comunidade conhecida como Salgueiro.
No entanto, a polícia está determinada a capturar os
envolvidos e desvendar o quebra-cabeças desse crime
audacioso.
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ROUBOS AUDACIOSOS
A INVESTIGAÇÃOA INVESTIGAÇÃO
capítulo 19 :capítulo 19 : 
Assim, sem saberem que a quadrilha que havia roubado os
carros-fortes há 3 dias em São Gonçalo, e que contou com a
ajuda de belas mulheres e crianças, estava atacando mais
uma vez em outro estado. O investigador chefe da Polícia
Civil, Gilmar, convocou uma reunião na sede da
instituição para verificar os avanços das investigações.
Ele inicia a reunião, dizendo: "Bem, senhores, já se
passaram 3 dias, e estou ansioso para saber o que meus
agentes descobriram."
O investigador Paulo começa a falar: "Sim, senhor,
descobrimos algumas informações. Após a fuga dos
criminosos, montamos um cerco para tentar capturá-los.
Eles escaparam em quatro carros, correto?" O chefe Gilmar
confirma, e o investigador continua: "No entanto, antes
de serem cercados, os criminosos abandonaram os carros e
fugiram para uma pequena comunidade. Percorreram cerca
de 2 quilômetros de carro e, depois, atearam fogo aos
veículos."
O investigador Jailton acrescenta: "Exato, senhor. Eles
não fugiram a pé, como inicialmente suspeitamos. Em vez
disso, escaparam em um velho ônibus com adesivos
religiosos na lateral." O terceiro investigador, Marcos
Antônio, compartilha: "Como descobrimos isso? Por meio
das câmeras de segurança localizadas a distâncias de 300,
400, 500 e um quilômetro à frente. Isso nos permitiu
rastrear sua rota. Eles seguiram pela BR 1001 em direção
a Niterói. No entanto, não se dirigiram à região
oceânica; optaram por pegar a Ponte Rio-Niterói,
passando pelo Caju e pela Avenida Brasil." O quarto
investigador, Fabiano, continua: "Eles tinham
informações valiosas sobre o horário da chegada dos
carros-fortes.
57
A INVESTIGAÇÃO
Conseguiram atravessar três barreiras, uma da Polícia
Federal, uma da Polícia Civil e outra da Polícia Militar.
Com essa aparência de religiosos, conseguiram passar
despercebidos." O chefe Gilmar questiona: "Então quer
dizer que os suspeitos são do Rio? Isso é tudo o que vocês
têm para mim, Fabiano?" Fabiano responde: "Não, senhor,
temos mais informações. Quando passaram pela barreira da
Polícia Militar, dois policiais entraram no ônibus,
viram as mulheres, crianças e homens, mas não fizeram
nada. Parece que eles não identificaram nada de errado ou
suspeito e deixaram o ônibus."
O chefe expressa sua frustração, e Fabiano continua: "No
entanto, senhor, há algo mais. Descobrimos que, quando
passaram pela barreira da Polícia Militar, dois
policiais entraram no ônibus, viram as mulheres,
crianças e homens, mas não fizeram nada. Parece que eles
não identificaram nada de errado ou suspeito e saíram do
ônibus." O chefe, agora mais intrigado, questiona: "E isso
é tudo? Eles fugiram em um velho ônibus disfarçados de
religiosos? É só isso?" Fabiano continua: "Não, senhor, há
mais uma coisa. Descobrimos que, quando eles passaram
pela barreira da Polícia Militar, dois policiais
entraram no ônibus, viram as mulheres, crianças e
homens, mas não fizeram nada. Parece que eles não
identificaram nada de errado ou suspeito e saíram do
ônibus." O chefe, agora mais interessado, pergunta: "Então
o que vocês descobriram?" Fabiano revela: "Descobrimos
algo adicional, senhor. Ao analisarmos as filmagens das
câmeras de segurança dos coletes dos policiais militares
que estavam na barreira, percebemos que eles entraram no
ônibus e viram a situação lá dentro. No entanto, eles não
tomaram nenhuma ação ou levantaram suspeitas.
58
A INVESTIGAÇÃO
Isso nos levou a crer que possivelmente estivessem
cientes ou até mesmo envolvidos de alguma forma."
O chefe fica surpreso e pede por mais detalhes. Fabiano
continua: "Portanto, senhor, temos evidências de que, ao
passar pela barreira da Polícia Militar, dois policiais
viram a situação dentro do ônibus, mas optaram por não
intervir. Parece que havia algum tipo de conivência ou
colaboração. Além disso, também identificamos pelo menos
quatro suspeitos nas filmagens das câmeras de segurança
dos batalhões próximos, que possuem histórico de crimes
como roubos, latrocínios e envolvimento com drogas."
O chefe gilmar ordena: "Mantenham o foco nisso, e
precisamos de nomes e fotos desses suspeitos em minha
mesa o mais rápido possível." Os investigadores
concordam e saem da sala do chefe para discutir as
estratégias para infiltrar-se na comunidade da Rocinha.
Paulo sugere: "Nossa pista inicial é esse ônibus e os
suspeitos identificados. Vamos montar uma campana e
descobrir quem é o responsável pelo ônibus. Talvez
possamos chegar a algum lugar a partir daí." Jailton
concorda: "Isso parece um bom plano. Vamos reunir
informações e nos preparar para uma operação de grande
escala na Rocinha. No entanto, precisamos da aprovação
do chefe Gilmar para seguir em frente." Todos os
investigadores estão cientes da urgência da situação e
da importância de obter aprovação para a operação.
Fabiano, o investigador mais velho da equipe, é
escolhido para fazer o primeiro contato com o dono do
ônibus. Eles têm a intenção de abordá-lo sem levantar
suspeitas. Fabiano o investigador

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