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Pediatria – Amanda Longo Louzada 1 DOENÇAS EXANTEMÁTICAS INTRODUÇÃO: Termo exantema deriva do grego exhanto = florescer = doenças exantemáticas = doenças com lesões que florescem na pele Erupção cutânea é a característica dominante na evolução. A maioria das doenças autolimitadas e benignas, algumas podem ser expressões de processos mais graves SARAMPO: É um exantema maculopapular Doença altamente contagiosa A vacina é eficaz, porém ainda ocorre surtos no mundo inteiro Agente Etiológico: Paramyxovírus. Mecanismo de transmissão é por aerossol. CLÍNICA: Pródromos 3 a 4 dias = febre, tosse seca, cefaleia, mal-estar, prostração intensa Febre: elevada, auge junto com exantema, o que difere também da maioria dos quadros virais; Coriza hialina abundante → purulenta; Olhos: hiperemiados + lacrimejamento + fotofobia Enantema: é a 1ª manifestação mucocutânea (vermelhidão nas mucosas) Manchas de Koplik. Exantema: inicia atrás do pavilhão auricular → pescoço, face, tronco → extremidade dos membros Maculopapular eritematoso, morbiliforme. COMPLICAÇÕES: Laringite; Traqueobronquite, Pneumonite intersticial; Queratoconjuntivite → cegueira, Miocardite, Adenite mesentérica, Diarreia com perda importante de proteína, Panencefalite esclerosante subaguda. Otite média é a principal complicação bacteriana. Em adolescentes e adultos a gravidade tende a ser maior DIAGNÓSTICO: Pesquisa de anticorpos IgM que se positivam a partir do 6º dia do exantema. Pesquisa do RNA viral → sangue, do swab da nasofaringe, orofaringe ou da urina a partir do 1º dia do exantema até o 3º dia. PROFILAXIA: Prevenção: vacina de vírus vivo e atenuado Prevenção pós-exposição – nos suscetíveis → aplicar a vacina contra o sarampo até 72 h após o contágio; após esse período, até 6 dias, aplicar a Ig humana IM TRATAMENTO: Sintomáticos + medidas de suporte Vitamina A: A OMS recomenda para todas com sarampo < 5 anos e quadro grave, como os hospitalizados RUBÉOLA: Exantema maculopaular:– face → pescoço, tronco e membros em 24h. Síndrome da rubéola congênita: É muito grave, mas é rara, graças a vacina Clínica: microcefalia + PCA + catarata + surdez Etiologia: Togavírus. Transmissão: gotículas Clínicas: Sinal de Forscheimer: característico, porém não patognomônico Adenomegalia: cervical e retroauricular. 50% esplenomegalia discreta. Complicações na criança → raras, citando-se a púrpura trombocitopênica, encefalite e em mulheres, artralgia. Diagnóstico: isolamento viral nasofaringe ou da urina: PO; Ac IgM e de IgG sérico; Prevenção: vacina de vírus vivo e atenuado Tratamento: sintomáticos. ERITEMA INFECCIOSO: Agente Etiológico: Parvovírus humano B19. Transmissão: gotículas Cuidados com os contactantes: observação, principalmente com pessoas com hemoglobinopatia. Pediatria – Amanda Longo Louzada 2 DOENÇAS EXANTEMÁTICAS QUADRO CLÍNICO: Sem pródromos e o 1º sinal é exantema se inicia na face com concentração nas bochechas “asa de borboleta”, “face esbofeteada” Em 1 a 4 dias esse exantema vai para o MMSS e MMII (face extensora → flexora). Recorrência das lesões mesmo após 1 a 2 semanas, relacionado a exposição ao sol, após exercício e nas alterações de temperatura Evolução: afebril, podendo se acompanhar de artralgias e artrites. Este vírus tem como célula-alvo o eritroblasto (células precursoras eritropoiéticas), gerando uma aplasia transitória da medula, fazendo com que os pacientes apresentam anemia, podendo ser grave em pessoas com hemoglobinopatias. Síndrome das luvas e meias: lesões purpúricas simétricas e eritematosas indolores nas mãos e nos pés, e, eventualmente, na bochecha, cotovelo, joelho e nádega; autolimitada, melhorando em 1 a 2 semanas. DIAGNÓSTICO Sorologia, IgG e IgM para parvovírus humano B19; Deteccção de DNA viral por biologia molecular no sangue. TRATAMENTO: Sintomáticos, se necessários e transfusão de sangue na presença de anemia grave. ROSÉOLA INFANTIL\EXANTEMA SÚBITO\QUINTA DOENÇA: Etiologia: Herpes vírus humano 6 (HVH6) e 7 (HVH7). Transmissão: gotículas 6 meses e os 6 anos de idade, predomina < 2 anos Vírus altamente predominante, em idade pré- escolar quase todas já estão imunes QUADRO CLÍNICO: Início súbito de febre alta 3 a 4 dias, que cessa bruscamente Após a febre aparece o exantema súbito maculopapular rosada no tronco, após vai para cabeça e extremidades Possui curta duração (algumas horas a 2-3 dias), desaparecendo sem deixar descamação ou hiperpigmentação. Uma das causas mais comuns de convulsão febril. Não há toxemia apesar da magnitude da febre Linfonodomegalia cervical é muito frequente, assim como a hiperemia de cavum. DIAGNÓSTICO: Presença do herpes vírus humano 6 ou 7 no sangue periférico TRATAMENTO: Sintomático. Atentar para ocorrência de convulsão febril. MONONUCLEOSE INFECCIOSA: AGENTES ETIOLÓGICOS: Vírus Epstein-Barr: responsável por cerca de 80% dos casos. É um DNA vírus do grupo herpes; Outros agentes: CMV, HIV, o vírus da Hepatite B e o Toxoplasma gondii. MANIFESTÇÃO CLÍNICA: Febre, cefaleia, mal-estar, linfonodomegalia por vezes muito proeminente, hepatoesplenomegalia e faringoamigdalite. Intensa leucocitose com aumento de linfócitos atípicos. Erupção cutânea não excede os 10 a 15% dos casos, e pode ser desencadeada pela administração de penicilina ou ampicilina/amoxilicina ao paciente. O exantema é variável, podendo ser maculopapular, erupções petequiais, papulovesiculares, escarlatiniformes e urticariformes Pediatria – Amanda Longo Louzada 3 DOENÇAS EXANTEMÁTICAS DIAGNÓSTICO: Os anticorpos IgM e IgG costumam ser já presentes no início do quadro clínico, assim como a detecção do genoma viral por PCR TRATAMENTO: Sintomáticos ENTEROVIROSE – DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA: Transmissão: via fecal oral. Agente etiológico: Coxsackie A e B Quadro clínico: Exantema: maculopapular, até vesicular, petequial e mesmo urticariforme. Pródromos: febre baixa, irritabilidade, anorexia, lesões vesiculares na boca que se rompem, transformando-se em úlceras dolorosas de tamanho variável. As lesões nas extremidades: papulovesiculares nos dedos, dorso e palma das mãos e planta dos pés. Em lactentes é frequente acometimento perineal. As lesões desaparecem sem deixar cicatrizes. Prevenção: cuidados higiênicos. ESCABIOSE: Sarna”; doença parasitária da pele. AGENTE ETIOLÓGICO: A sarna humana, ácaro Sarcoptes scabiei, variante hominis É um parasita obrigatório humano que se localiza na epiderme. FISIOPATOLOGIA: Os ácaros cavam túneis na pele, depositam suas fezes nestes caminhos. As fêmeas depositam ovos TRANSMISSÃO: Contato direto por meio da pele entre as pessoas infestadas QUADRO CLÍNICO: Primeiro sintoma é o prurido, evidente antes das lesões de pele se tornarem aparentes e pior durante a noite. As lesões de pele incluem: pápulas, nódulos, túneis, pústulas e vesículas. Nos adultos e adolescentes localizam-se mais frequentemente nos espaços interdigitais, punhos, tornozelos, axilas, virilhas, palmas e plantas TRATAMENTO: Permetrina loção a 5%: 1ª escolha e deve ser aplicada em todo o corpo e couro cabeludo à noite, deixar o produto durante a noite (8 a 14 horas) e lavar pela manhã. Repetir a aplicação após 7 e 14 dias. Não é aprovada para menores de 2 meses de vida Ivermectina oral dose única, repetindo a dose em 7 dias. Não recomendado em < 15kg. Enxofre 5 a 10% em creme ou loção: medicamento mais antigopara tratamento da escabiose e está indicado para < de 2 meses. Deve ser aplicado 3 dias consecutivos à noite e lavado pela manhã, repetir em 7 dias. Todos os contatos íntimos do paciente devem ser tratados simultaneamente, independentemente de ter lesão de pele ou não ESCARLATINA: 5 e 15 anos; Quadro Clínico: Doença febril aguda + cefaléia + vômitos + prostração + exsudato branco-acinzentado em amígdalas palatinas + petéquias em palato, úvula e língua com papilas avermelhadas e proeminentes (“língua em framboesa”). Exantema: face e pescoço → restante do corpo sendo mais proeminente nas dobras do corpo (“Sinal de Pastia”). Pediatria – Amanda Longo Louzada 4 DOENÇAS EXANTEMÁTICAS São características a palidez perioral → Sinal de Filatov Aspereza da erupção cutânea que evolui para descamação generalizada, porém mais intensa em mãos e pés. Agente etiológico: Streptococcus beta hemolítico do grupo A Tratamento consiste na administração de penicilina. DOENÇA DE KAWASAKI: Vasculite primária mais comum da infância EPIDEMIOLOGIA: Principal causa de cardiopatia adquirida em crianças nos países desenvolvidos e causa de 5% das síndromes coronarianas agudas em adultos. Febre alta prolongada e pelo risco de anormalidades coronarianas em cerca de 25% dos pacientes não tratados e em 4% daqueles adequadamente tratados. 85% dos casos ocorrem em < de 5 anos, pico entre 9-12 meses, Acomete mais meninos. É 5-10x mais frequente nos asiáticos e seus descendentes. PATOGÊNESE: Ainda não é elucidada, porém há evidência de desregulação imune, em resposta a um agente desencadeante infeccioso, em indivíduos geneticamente suscetíveis. DIAGNÓSTICO: ECO com Doppler Critérios: Critério Mandatório: febre persistente por pelo menos 5 dias e mais 4 critérios Critérios Menores: Alteração de lábios e cavidade oral: eritema, fissuras labiais, hiperemia difusa de orofaringe, língua em framboesa ou morango Hiperemia conjuntival: bilateral, bulbar e não purulenta Alteração de extremidades: edema de dorso de mãos e pés, eritema palmar ou plantar na fase aguda, descamação periungueal ou da área perineal na fase subaguda Exantema polimorfo Linfadenopatia cervical maior ou igual a 1,5 cm, geralmente unilateral TRATAMENTO: Imunoglobulina humana intravenosa (IVIG), reduz o risco de lesão coronariana VARICELA: ETIOLOGIA: Vírus da varicela zóster, do grupo herpes vírus. TRANSMISSÃO: Por aerossol, contágio direto e raramente transmissão vertical. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A erupção inicia-se na face, como máculas eritematosas, que viram pápulas, após vesículas, após pústulas que se rompem e viram crostas. Aspecto polimórfico do exantema. As crostas permanecem por cinco a sete dias e depois caem, deixando uma mácula branca, que não é permanente. USO DE IMUNOGLOBULINA: Cuidados com os contactantes – a Ig humana anti-varicela zóster (VZIG) Indicações: Crianças imunocomprometidas, sem história prévia de varicela; Gestantes suscetíveis; RN mãe tenha tido catapora dentro de 5 dias antes ou 48 h após o parto; Prematuros (gestação com 28 semanas), cuja mãe não tenha tido varicela; Prematuros (gestação com menos de 28 semanas) independente da história materna. Deve ser aplicada dentro de 48 h, até no máximo 96 h após a exposição. COMPLICAÇÕES: Infecções bacterianas secundárias Pneumonia – a pneumonite intersticial Encefalite – o acometimento do SNC não é frequente e pode anteceder ou preceder o exantema. Pediatria – Amanda Longo Louzada 5 DOENÇAS EXANTEMÁTICAS O mais acometido é o cerebelo, traduzindo-se por ataxia. DIAGNÓSTICO: Na fase de vesícula, o exame do líquido da lesão pela microscopia eletrônica ou por PCR fornece o diagnóstico imediato. Anticorpos podem ser detectados pelo método de IFI. TRATAMENTO: Nos pacientes com imunodepressão ou que apresentem risco de doença grave com acometimento visceral, há indicação de tratamento antiviral com o uso de aciclovir. PREVENÇÃO: Vacina contra varicela (vírus vivo atenuado) HERPES SIMPLES: ETIOLOGIA: Vírus da HSV-1 e HSV-2, do grupo herpes. HSV-1: costuma provocar lesões orais e labiais HSV-2: lesões genitais. Como todos os herpes vírus, após a primoinfecção, ficam quiescentes nos neurônios e se reativam quando há queda de imunidade. QUADRO CLÍNICO: A primoinfecção causada por esses herpes vírus humanos, como regra, é a gengivoestomatite herpética. As reativações se manifestam com herpes labial. TRATAMENTO: Na criança imunocompetente o uso de aciclovir pode ser benéfico nos casos muito extensos e com comprometimento sistêmico e também deve ser indicado para as crianças imunodeprimidas
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