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Aula 10: MODELO CONSTRUTIVISTA DE JEAN PIAGET –
DE BASE INTERACIONISTA – PARTE I
Um pouco da história de Jean Piaget (1896-1980): 
- Piaget, suíço, formado em biologia, se interessou por filosofia e psicologia, realizando diversos estudos com crianças em idade escolar, observando com cuidado o desenvolvimento da inteligência dos seus próprios filhos. Especializou-se em psicologia evolutiva, revolucionando a educação. Estudou a evolução do pensamento até a adolescência, procurando entender os mecanismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo. 
- Foi diretor do Instituto Jean-Jacques Rousseau, dedicando-se ao estudo dos processos de construção do pensamento da criança, fundamentando-se nas ideias deste pensador. 
- Piaget fundamentou-se no pensamento de Rousseau que poderá ser estudado através de um fragmento de sua obra “O Emílio”: 
- “O Emílio ou Da Educação”, de Rousseau (1712 – 1778) 
- “O pequeno número de coisas que contribuem realmente para o nosso bem estar é o único digno da atenção de um home sábio, e, por conseguinte, de uma criança que desejamos tornar virtuosa. Não se trata de saber tudo o que existe, mas, o que é verdadeiramente útil. Fazei com que o vosso aluno esteja atento aos fenômenos da natureza... mas, para alimentar a sua curiosidade, não vos apressais nunca em satisfazê-la... Que ele saiba as coisas porque as compreendeu por si e nunca porque haveis dito essa coisa... Se substituís no seu espírito a autoridade pela razão, ele não raciocinará mais: será apenas um espelho da opinião dos outros. Se enganar, deixai-o, não corrijais os seus erros: atentai, silenciosamente, para que ele possa se encontrar em situação de os perceber e de os corrigir por si, ou então, aproveitando de uma ocasião favorável, levai-o a alguma operação que lhe proporcione sentir esse erro. Se nunca errasse, nunca aprenderia bem... O problema não é ensinar-lhe as ciências, mas, dar-lhe o prazer de amá-las e os métodos para aprendê-las, quando esse gosto estiver já bem mais desenvolvido. É este o princípio fundamental de toda boa educação”. 
Pressupostos básicos da Teoria de J. Piaget: 
- Do ponto de vista epistemológico, Piaget desenvolve uma concepção interacionista (fatores internos e externos) que interferem no desenvolvimento e construção do conhecimento (construtivismo sequencial). A teoria de Piaget do desenvolvimento cognitivo é uma teoria de etapas, uma teoria que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.
- Para isso, renova a preocupação com os aspectos biológicos/fatores internos (tendência naturalista) e acrescenta os fatores externos como elementos também determinantes no desenvolvimento do indivíduo: grupos sociais imediatos, sobretudo, família e escola; na medida em que seus estudos foram predominantes nas fases da criança e do adolescente. A criança é concebida como um ser dinâmico, que a todo momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas, descobrindo o mundo. Essa interação com o ambiente faz com que construa estrutura mentais/cognitivas e adquira maneiras de fazê-las funcionar. O eixo central, portanto, é a interação organismo-meio. 
- Esse processo (genético) de desenvolvimento tem como ponto de partida uma estrutura já constituída e que, segundo Piaget, se caracteriza por ser um conjunto de elementos tais que cada um depende dos outros e só pode ser o que é pela e em sua relação com os demais elementos. São os estágios cognitivos que ocorrem em sequência, sempre dependendo do anterior. 
Fatores internos e externos que influenciam diretamente no desenvolvimento: 
- O ser humano apresenta um padrão de desenvolvimento muito particular se comparado a outras espécies animais. O ser humano tem a infância muito prolongada, leva mais tempo para chegar à vida adulta, ao contrário de outras espécies, em que os filhotes já nascem praticamente independentes da mãe, capazes de sobreviver por conta própria a partir de uma “infância” ou um período preparatório muito curto. Muitas vezes, por influência dos adultos ou por algum outro fator, o emocional, o período de dependência se prolonga até uma idade avançada: o jovem alcança a maioridade sem atingir independência real em relação aos pais e a outros adultos. Entretanto, em quaisquer circunstâncias, desenvolvendo independência ou mantendo-se dependente em relação aos adultos, o ser humano vai mudando seus comportamentos com o crescimento do organismo. 
 Essas mudanças comportamentais, esse desenvolvimento do ser humano ocorre sob a influência de dois grupos de fatores, tomando como referência: 
· COUTINHO, M. T. C. & MOREIRA, M. Psicologia da educação: um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos, voltados para a educação. Belo Horizonte: Lê, 1992. 
- Entre os fatores internos que influem no desenvolvimento, os mais conhecidos são a hereditariedade e a maturação orgânica, ressaltando que Piaget contemplou sobretudo os fatores internos, por ser biólogo, e, em seguida, os fatores externos. 
- O grupo social em que a pessoa vive é um fator externo que vai influenciar de uma maneira muito acentuada o comportamento da criança, como por exemplo, a família, a escola. 
- Além do grupo social, no qual incluímos a família e a escola, isto é o ambiente social imediato da criança, podemos citar como elementos, também, importantes no desenvolvimento: a alimentação e o meio ambiente: a natureza. 
Os estágios cognitivos: 
- Piaget buscou responder às seguintes questões relativas ao conhecimento: Como os conhecimentos se formam? Como se ampliam? E como passam de um estado de menor conhecimento para um de maior conhecimento? 
- A forma de raciocinar e de aprender da criança, em sua concepção, passa por estágios. A noção de estágios é central na abordagem de Piaget sobre desenvolvimento cognitivo. 
- Os estágios são estruturas de conjunto caracterizadas por leis de totalidade, de tal forma que cada estrutura se relaciona com o todo e só é significativa em relação a esse todo. 
- Eles possuem um caráter integrativo, ou seja, as estruturas de um nível são integradas no nível seguinte. 
- Cada estágio comporta um nível de preparação (esquemas formados no estágio anterior) e um nível de acabamento (formação de novos esquemas). 
- Os estágios possuem uma ordem de sucessão invariável. É importante ressaltar, entretanto, que, embora haja uma certa média de idades relativas aos diversos estágios, a cronologia pode apresentar uma certa variabilidade. 
· 1º. Período: Sensório motor: 0-2 anos
- O conhecimento é constituído por impressões que chegam ao organismo por meio dos órgãos dos sentidos e do aparelho motor. Ex: aquilo que a criança vê, ouve, sente ao colocar algum objeto em sua boca. 
- A inteligência nesse estágio está presa à experiência imediata; a materialidade absoluta, a presença física do objeto. 
- Quando a mãe lhe mostra um objeto e depois coloca um anteparo, a criança nessa fase pensa que o objeto (a bola) não existe mais. A criança não é capaz de pensar que mesmo os objetos que ela não vê, existem. Ela ainda não tem a capacidade de representação mental. 
- A criança está presa ao aqui e agora da situação. Lança mão de esquemas sensório-motores: pega, balança, joga, morde. 
· 2º. Período: Pré-operatório: 2-7 anos
	
- A criança identifica certos objetos, tem um progresso na linguagem oral. É capaz de formar representação de avião, sapato, papai. 
- É capaz de resolver um problema. Ex: pegar a bola em cima da almofada, arrastando a almofada para perto de si. Como se a criança raciocinasse. Ela inventa um meio novo. 
- Ocorre a acomodação dos esquemas cognitivos pela experimentação ativa. - - Ainda aos 7 anos, a criança está na fase que precisa ver os objetos para fazer a operação: 2 + 3 palitos = 5 palitos. Ela conta ainda com os órgãos dos sentidos para solucionar o problema.
- Este período, mais em seu início, caracteriza-se: pelo egocentrismo: isto é, a criança ainda não se mostra capaz de colocar-se na perspectiva do outro(monólogo coletivo). Nesta fase (mais no início), a criança. não consegue ainda ter reversibilidade no pensamento. 
· 3º. Período: Operatório-concreto: 7-12 anos
- O pensamento começa a ter mais mobilidade. A criança começa a ser capaz de operar mentalmente. 
- Experiência dos recipientes com água. 
- Aos poucos a criança vai adquirindo mobilidade do pensamento. 
- Para passar por esse estágio, é preciso que a criança, antes, tenha vivenciado situações no plano do concreto. 
· 4º. Período: Operatório-formal: 12-16 anos
- A criança/adolescente é capaz de fazer operações mentalmente, ou seja, trabalhar com fórmulas matemáticas, se libertando do objeto. 
- O adolescente pensa e trabalha não só com a realidade concreta, mas também com a realidade possível. O adolescente conta com uma ampla capacidade de pensar o mundo. É capaz de compreender conceitos como justiça, democracia, ética. 
Processo de assimilação, acomodação, adaptação e equilibração: 
- O indivíduo está constantemente interagindo com o meio ambiente. Dessa interação resulta uma mudança contínua, denominada adaptação. 
- Assimilação e acomodação são processos distintos, porém, indissociáveis, que compõem a adaptação, processo este que se refere no restabelecimento de equilíbrio. Assimilação cognitiva consiste na incorporação pelo sujeito de elementos do mundo exterior às estruturas do conhecimento já constituídas. 
- Nesse processo, o que ocorre é uma ação do sujeito sobre os objetos que o rodeiam, mediante a aplicação e esquemas já constituídos ou já formados anteriormente. O processo de acomodação é a reorganização e modificação dos esquemas assimilatórios anteriores do indivíduo para ajustá-los a cada nova experiência. 
- Processo de equilibração: outro conceito fundamental da teoria piagetiana, que pode ser explicado da seguinte forma: quando o indivíduo se depara com uma situação desafiadora, como por exemplo, um problema ou uma dificuldade, e seus esquemas mentais não dispõem de elementos suficientes para resolvê-la, daí, ocorre um desequilíbrio momentâneo, isto é, uma perturbação em suas estruturas mentais. 
- O processo de equilibração progressiva é o mecanismo através do qual as estruturas mentais gradualmente se reorganizam e se ampliam, tendo em vista superar situações desafiadoras, atingindo níveis de maior coerência e flexibilidade, o que permite ao indivíduo uma maior compreensão da realidade. 
- Piaget afirma que a cada instante, a ação é desequilibrada pelas transformações que aparecem no mundo, exterior ou interior, e cada nova conduta vai funcionar não só para restabelecer o equilíbrio, como também para tender a um equilíbrio mais estável que o do estágio anterior a esta perturbação. A ação humana consiste neste movimento contínuo e perpétuo de reajustamento ou de equilibração. 
- De acordo com Piaget, o desenvolvimento psíquico, tanto do ponto de vista cognitivo como afetivo e social, é uma marcha para o equilíbrio, pois é uma contínua passagem de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior (processo de equilibração). 
- Cada estágio constitui-se pelas estruturas que o define uma forma particular de equilíbrio, efetuando-se a evolução mental no sentido de uma equilibração sempre mais completa. O desequilíbrio é portanto fundamental, pois, o sujeito buscará novamente o reequilíbrio, com a satisfação da necessidade, daquilo que ocasionou o desequilíbrio. 
- O desenvolvimento humano é muito rico e diversificado. Cada pessoa tem suas características próprias, que a distinguem das outras pessoas, e seu próprio ritmo de desenvolvimento. Por mais que estudemos e nos esforcemos para compreender o comportamento humano e seu desenvolvimento, ele sempre reserva surpresas e imprevistos. Antes de ser negativa, esta imprevisão e esta incerteza é que dão sabor, graça e beleza à vida humana. 
- Esse desajuste do ser humano a padrões pré-estabelecidos (lacunas cognitivas/desafios cognitivos) é que produz o avanço, o progresso, a mudança. Como disse Piaget, é o desequilíbrio que gera o desenvolvimento, pois este “é uma equilibração progressiva, uma passagem contínua de um estado de menor equilíbrio/conhecimento para um estado de equilíbrio superior/maior conhecimento, maior elaboração do pensamento”. 
- Como vimos, então, Piaget entende o desenvolvimento como a busca de um equilíbrio superior, como um processo de equilibração constante. Nesse processo, vão surgindo novas estruturas, novas formas de conhecimento. 
- De acordo com esta abordagem, apesar das diferenças e da incerteza que marcam o desenvolvimento humano, é possível estabelecer alguns princípios básicos ou tendências gerais, como os estágios operatórios (fases) que se verificam no desenvolvimento de todas as pessoas e de cada ser humano em particular. 
- A partir da Teoria do Desenvolvimento Cognitivo de Jean Piaget foi possível estudar estas etapas que obedecem a uma certa sequência, válida para todos, isto é, todas as pessoas, ao se desenvolverem, passam por essas etapas, embora varie a idade em que cada uma dessas pessoas inicia cada fase.
Desenvolvimento moral: discutindo os conceitos de anomia, heteronomia e autonomia:
Anomia: no início, a inteligência está calcada em atividades motoras, centradas no próprio indivíduo, em uma relação egocêntrica. É a consciência centrada no eu. Aos 2 anos de idade, a criança é focada em si mesmo. Aos poucos, ela vai desenvolvendo a imagem do outro. 
Heteronomia: o indivíduo reconhece a existência do outro e passa a reconhecer a necessidade de regras, de hierarquia, de autoridade. O controle está centrado no outro. O indivíduo desloca o eixo de suas relações de si para o outro, numa relação unilateral, no sentido então da heteronomia. A verdade e a decisão estão centradas no outro, no adulto. Neste caso a regra é exterior ao indivíduo e, por consequência, sagrada. A consciência é tomada emprestada do outro. 
Autonomia: as leis e as regras são opções que o sujeito faz na sua convivência social pela autodeterminação. Para Piaget, não é possível uma autonomia intelectual sem uma autonomia moral, pois ambas se sustentam no respeito mútuo, o qual, por sua vez, se sustenta no respeito a si próprio e reconhecimento do outro como ele mesmo. A essência da autonomia é que as crianças se tornam capazes de tomar decisões por elas mesmas. Autonomia não é a mesma coisa que liberdade completa. Autonomia significa ser capaz de considerar os fatores relevantes para decidir qual deve ser o melhor caminho da ação. Não pode haver moralidade quando alguém considera somente o seu ponto de vista. Se também consideramos o ponto de vista das outras pessoas, veremos que não somos livres para mentir, quebrar promessas ou agir irrefletidamente.

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