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1 
 
 
 
 
 
 
 
Prefeitura de Crato-CE 
 
 
Competências socioemocionais e o desenvolvimento humano; .......................................... 1 
Comunicação, interação e competências socioemocionais; .............................................. 33 
Exercício profissional e o desenvolvimento de competências socioemocionais; ............... 45 
Educação Integral: conceito, perspectiva humanística e ampliação do desenvolvimento 
humano; ................................................................................................................................ 49 
O modelo BIG FIVE e os cinco fatores de personalidade; ................................................. 55 
Ética profissional e cidadania. ......................................................................................... 100 
 
 
 
 
 
 
 
Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você 
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
cinco dias úteis para respondê-lo (a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
1 
 
 
 
Competências socioemocionais 
 
 
As competências socioemocionais referem-se na sua grande parte na forma como as pessoas se 
relacionam, portanto vamos aprender como ocorre esse fenômeno. 
 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
Segundo Brondani1, o Relacionamento Interpessoal ou Relações Interpessoais, no âmbito da 
sociologia e psicologia, significa uma relação entre duas ou mais pessoas, isto é, a ligação, conexão ou 
vínculo entre elas, que ocorre em um determinado contexto, podendo ser o ambiente de trabalho, familiar, 
social, religioso, amoroso, educacional e etc. Para compreendermos o Relacionamento Interpessoal, é 
necessário conceituar o que é Relacionamento Intrapessoal e Competência Interpessoal, vejamos: 
 
Relacionamento Intrapessoal 
É a aptidão que uma pessoa tem de se relacionar com ela mesma, ou seja, com os seus próprios 
sentimentos e emoções, esse tipo de relacionamento é de elevada importância porque vai determinar 
como cada pessoa age quando é confrontada com situações do dia a dia. Para ter um relacionamento 
intrapessoal saudável, um indivíduo deve exercitar áreas como a autoafirmação, automotivação, 
autodomínio e autoconhecimento. 
 
Competência Interpessoal 
Para Moscovici2, a Competência Interpessoal é a habilidade que o ser humano tem para lidar de 
forma eficaz em relações que ocorre entre duas ou mais pessoas, ou seja com o relacionamento 
interpessoal. Além dessa habilidade, as pessoas devem possuir flexibilidade em lidar com outros 
indivíduos dentro de sua diversidade de maneira que possa suprir às necessidades de cada uma e às 
exigências da situação. 
 
De acordo com o dicionário de significados, o Relacionamento Interpessoal sugere uma relação social, 
isto é, um conjunto de normas comportamentais que orientam as interações entre membros de uma 
sociedade.3 
O contento desse relacionamento pode ser de múltiplos níveis e abranger diferentes sentimentos como 
o amor, a amizade, a compaixão, e etc. Sendo assim, um relacionamento interpessoal pode ser também 
marcado por características e situações como competência, transações comerciais, inimizade, etc. Assim 
ele poderá ser determinado e alterado de acordo com um conflito interpessoal, que aparece de uma 
divergência entre dois ou mais indivíduos. 
 
Relacionamento Interpessoal no Ambiente de Trabalho 
 
O processo de interação humana encontra-se presente em todos os ambientes, principalmente nas 
organizações, e a maneira como se dão essas interações influencia os resultados da organização como 
um todo. A convivência não é uma tarefa fácil, e conviver com o outro no trabalho sem entender o 
comportamento de cada um é praticamente impossível. 
No contexto profissional, o Relacionamento Interpessoal é de extraordinária importância, quando 
positivo contribui para um bom ambiente no clima organizacional, o que pode proceder em um aumento 
da produtividade e melhoria dos resultados como um todo. 
 
Nas organizações o relacionamento saudável entre duas ou mais pessoas é alcançado quando: 
- Elas conhecem a si mesmas (autoconhecimento); 
- São capazes de se colocar no lugar dos outros (empatia); 
- Expressam as suas opiniões de forma clara e direta sem ofender o outro (assertividade); 
 
1 BRONDANI, J. P. Relacionamento interpessoal e o trabalho em equipe: uma análise sobre a influência na qualidade de vida no trabalho. Porto Alegre, 2010. 
2 MOSCOVICI, Fela. Equipes Dão Certo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994. 
3 Disponível em: https://www.significados.com.br/relacionamento-interpessoal/ 
Competências socioemocionais e o desenvolvimento humano; 
 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
2 
 
- São cordiais e têm um sentido de ética. 
 
A sociologia nos Estados Unidos abordou de forma intensiva as questões relacionadas com relações 
humanas e as suas aplicações no contexto das políticas organizacionais. Estas relações humanas podem 
ser categorizadas em relações industriais (relativas à indústria), laborais (no ambiente de trabalho) e 
relações públicas (relacionamento da empresa com intervenientes do exterior). Elton Mayo4 e Fritz Jules 
Roethlisberger5 foram dois dos nomes mais sonantes no estudo das teorias das relações humanas. 
Alguns profissionais preocupados com o desenvolvimento humano e organizacional, começaram a 
perceber e valorizar a importância de estudar e desenvolver as relações humanas e interpessoais para 
favorecer o aumento da produtividade, eficácia e qualidade de vida dentro do ambiente de trabalho em 
que, geralmente, é o espaço onde as pessoas passam o maior tempo do seu dia. 
Se considerarmos a interação de pessoas num ambiente organizacional, temos que levar em 
consideração que elas não funcionam como máquinas e que muitas vezes o comportamento de cada 
indivíduo é diferente do que se espera. Isso porque, quando estamos em interação com outras pessoas, 
o funcionamento de ser de cada um é afetado, alterando o que se poderia chamar de “previsto ou 
esperado”. Para Moscovici6, a interação humana ocorre em dois níveis concomitantes e interdependentes 
nas organizações, que são eles: 
- Nível 1: Nível da Tarefa, que é a execução das atividades individuais e em grupos. 
- Nível 2: Socioemocional, refere-se às sensações e sentimentos que são gerados pela convivência. 
 
Se esses sentimentos são positivos, o nível da tarefa é facilitado, gerando uma produtividade 
satisfatória, caso contrário, o clima emocional não é satisfatório, a tarefa passa a sofrer os efeitos, que 
muitas vezes se manifestam com interações de desagrado, antipatia, aversão etc. 
A interação socioemocional pode favorecer o resultado do trabalho e as relações interpessoais. Se os 
processos são construtivos,a colaboração e o afeto predominam, o que possibilita a coesão do grupo, 
caso contrário, o grupo passa a ter conflitos internos. O que se observa é que para trabalhar bem, e em 
grupo, as pessoas precisam possuir não apenas Competências Técnicas para realizar suas funções, 
mas também Competências Emocionais. 
 
O Relacionamento Interpessoal e os Conflitos 
O ser humano é um ser social e interage em diversos grupos, entretanto nem todo indivíduo consegue 
relacionar-se com as diferenças sociais e acaba, conscientemente ou não, ocasionando problemas e/ou 
conflitos nas relações com ele mesmo ou com as outras pessoas, sejam elas colegas de trabalho, 
familiares, amigos e da sociedade em geral. 
O processo de interação humana é complexo, e ocorre permanentemente entre pessoas, então no 
momento em que um indivíduo faz parte de um determinado grupo ele começa a aprender assimilar os 
valores, códigos e regras básicas de relacionamento do grupo, que poderão entrar em conflito com os 
seus valores já aprendidos, no primeiro grupo em que desenvolveu seu processo de socialização, 
dificultando a interação, a comunicação e a expressão de emoção. Contudo, se estiver disposto a 
trabalhar a Competência Interpessoal, possivelmente, não terá problemas no relacionamento. 
Quem escolher desenvolver a competência interpessoal precisará estar disposto e disponível a entrar 
no processo de crescimento pessoal, com o auxílio de um profissional, que ajudará a desenvolver: 
- Autopercepção; 
- Autoconscientização; 
- Autoaceitação; 
- Autoconhecimento; 
- Flexibilidade perceptiva e comportamental; 
- Criatividade para soluções mais originais; 
- Feedback; e 
- Dimensão afetiva. 
 
O profissional que conseguir aliar a competência interpessoal com a técnica, demonstrará estar mais 
preparado e fará a diferença para ingressar em um ambiente de trabalho com valores, atitudes e 
conteúdos intelectuais e emocionais que contribuirão na relação com a organização, sua carreira, família 
e sociedade. 
 
4 Elton Mayo foi um cientista social, australiano, falecido em 1949, ele é considerado o fundador do movimento das Relações Humanas, movimento esse que se 
opôs aos princípios do trabalho de Taylor. 
5 Fritz Jules Roethlisberger (1898 - 1974) foi um cientista social, teórico da administração da Harvard Business School. 
6 MOSCOVICI, Fela. Equipes Dão Certo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994. 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
Sandra
Realce
Sandra
Realce
 
3 
 
O ser humano busca sempre a felicidade, a realização de seus sonhos e a convivência pacífica e 
harmoniosa com os outros, tanto dentro quanto fora das organizações, sendo assim as relações de 
amizade e respeito fortalecem o convívio entre as pessoas. Por isso que um bom relacionamento 
interpessoal deriva de relações que respeitam a ética em primeiro lugar. 
 
Dicas para melhorar o seu Relacionamento Interpessoal 
 
Como já expresso anteriormente, todas as pessoas são relacionais, e devido a isso todos nós 
precisamos construir bons relacionamentos para assim conseguirmos alcançar nossos sonhos, metas e 
objetivos e, consequentemente, sermos pessoas felizes na vida. Isso tudo faz parte do processo de 
desenvolvimento, como empreender e ser humano tanto em casa, com os familiares, amigos, quanto no 
ambiente profissional, com os empresários, colegas de trabalho, colaboradores/servidores, clientes, 
parceiros, sócios e fornecedores. 
A forma como as pessoas se comportam e mantém as suas relações interpessoais é determinante 
para que elas obtenham o sucesso que tanto almejam, por isso que é necessário manter uma relação 
harmoniosa e respeitosa com todos. 
Lidar com os diferentes aspectos que cada ser humano apresenta não é uma das tarefas mais fáceis 
que existem, porém, não é por causa disso que as pessoas devem desistir, afinal não há muita opção, já 
que, todo mundo, todos os dias precisam desenvolver, da melhor maneira possível, os relacionamentos. 
Marques7 afirma que mesmo as pessoas ouvindo muito falar que para ter sucesso na vida é preciso 
investir em conhecimento, isto é, ler bastante livros, jornais, portais de notícias, fazer uma boa graduação 
e pós-graduação, mestrado ou doutorado, assistir a filmes, vídeos e documentários, as pessoas, antes 
de tudo isso, precisam também saber se relacionar. 
Ser cordial, educado, prestativo, ético, entre outros comportamentos e características na relação 
interpessoal, farão com que as pessoas sejam respeitadas e consequentemente, com que todos se 
coloquem à disposição para ajudá-lo a alcançar seus objetivos. Sendo assim, o conhecimento 
teórico/técnico é bem importante, porém, de nada adianta, se a pessoa é alguém que trata mal os demais, 
que não respeita o jeito de ser do outro, não tem empatia e não aceita cada pessoa como ela é. 
A seguir listamos algumas dicas, que acreditamos ser essenciais para que as pessoas tenham sucesso 
pessoal e profissional em seus relacionamentos, vejamos: 
 
- Seja Cordial: a educação é fundamental em todos os tipos de relacionamentos, falar “bom dia”, 
“obrigado”, “por favor”, “com licença” faz toda a diferença no dia de quem fala e no dia da pessoa que 
ouve. Além do mais, receber as pessoas com um sorriso no rosto, alegria, disposição e uma palavra de 
incentivo, faz com que todos o admirem e respeitem ainda mais. 
 
- Seja Otimista (não seja uma pessoa negativa): pessoas que só reclamam das adversidades e tem 
uma postura negativa diante das mais diversas experiências e situações que acontecem em sua vida, 
acaba afastando os outros, por conta deste tipo de comportamento, pois isso é altamente contagioso, 
pois a pessoa passa a reclamar de tudo e não consegue enxergar mais nada de positivo nas coisas que 
acontecem em sua vida. 
Portanto evitar este tipo de comportamento, seja na vida pessoal ou profissional, é muito benéfico para 
a qualidade dos relacionamentos. Quando as pessoas são otimistas, veem o lado bom das coisas, 
independente se foi algo ruim ou não, afeta positivamente o ambiente. Pois o mundo está repleto de 
pessimistas, e não é disso que as pessoas precisam. Os seres humanos precisam serem mais 
corrompidos por atitudes de amor e colaboração, e estas também é uma excelente forma de tornar as 
relações mais leves, confiantes e seguras. 
 
- Desenvolva a Empatia: segundo o dicionário de significados a empatia leva os indivíduos a ajudarem 
uns aos outros, e ela está fortemente ligada ao altruísmo (amor e interesse pelo próximo), sendo assim 
ela é a capacidade de ajudar. Quando um indivíduo consegue sentir a dor ou o sofrimento do outro ao se 
colocar no seu lugar, desperta a vontade de ajudar e de agir seguindo princípios morais. 
Empatia é uma das palavras chave em todos os tipos de relacionamentos, pois entender o que o outro 
passa, como ele se sente e, com isso, buscar ajudá-lo com os recursos que estiverem ao seu alcance, 
fará com que as relações deem um salto incrível de melhoria. As pessoas podem e devem se colocar no 
lugar dos outros, porém sem esquecer dos seus próprios anseios e expectativas, já que também é parte 
importante nas relações que desenvolve ao longo de seu caminho. 
 
7 MARQUES, M.; Relacionamento Interpessoal: a forma como você se relaciona com as pessoas; Brasília, 2018. 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
4 
 
- Ouça mais e fale quando necessário: presentemente, o que mais pode-se observar nos 
relacionamentos é uma vontade das pessoas em falar e emitir opiniões, e vê-se muito pouco alguém 
ouvindo verdadeiramente, prestando atenção no que o outro tem e quer dizer. Diante do exposto, as 
pessoas precisam fazer este exercício diário de ouvir mais e falar menos, pois muitas pessoas 
necessitam serem ouvidas e não encontram espaço para se expressar. 
Toda vida, isso não significa que as pessoas têm que serem omissas. Elas podem sim e, inclusive, 
devem dar opiniões e sugestões, oferecer feedbacks à equipe desde que,elas não ofendam ou denigram 
a integridade de ninguém. No entanto, é essencial compreender todos os ângulos das situações, para 
não sair por aí falando o que não deve. Além disso, ouvir mais representa também buscar receber 
feedbacks sobre sua atuação como empreendedor e fazer isso uma oportunidade de melhoria contínua. 
 
- Coloque-se à Disposição: Assim como ouvir mais, os seres humanos precisam se colocarem mais 
à disposição das pessoas para ajudá-las a alcançarem seus objetivos, pois todos dispomos de habilidades 
e conhecimentos que, às vezes, a pessoa ao nosso lado não tem. Quando ajudamos o outro, sem cobrar 
ou pressioná-lo para nos devolver algo em troca, conseguimos ficar muito mais satisfeitos e realizados e 
deixar as demais pessoas com o mesmo sentimento, trazendo assim mais gratidão. 
 
- Julgue menos: a partir do momento que os indivíduos buscam compreender mais a forma como o 
outro se comporta, julgando cada vez menos as suas atitudes, mostram que valorizam a pessoa e a 
aceitam da forma que ela é, independentemente de seus pontos de melhoria. 
 
- Desenvolva o Autoconhecimento: para obter melhorias contínuas nos relacionamentos 
interpessoais, é preciso que todos invistam em autoconhecimento, pois, dessa forma, as pessoas saberão 
como se comportar melhor em determinadas situações e também irão reconhecer os recursos internos 
que tem para ajudar aqueles que estão ao seu redor. 
 
O Líder e a sua Influência no Relacionamento Interpessoal 
 
Numa organização, a presença de um líder habilidoso é bem importante no processo de 
Relacionamento Interpessoal, pois ele poderá conduzir sua equipe para o sucesso e, se possuir 
habilidades para lidar com as emoções e com a qualidade de vida, fará a diferença de forma positiva no 
seu grupo de trabalho. 
A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) não decorre apenas de bons salários e planos de benefícios, 
mas também do tratamento humano que valorize a gentileza, a possibilidade de expressar os pontos de 
vista divergentes, do respeito, do relacionamento sincero. 
No ambiente organizacional, as pessoas apresentam seu modo pessoal de lidar com seus sentimentos 
e emoções, e esse modo própria entra em contato com outros indivíduos, que também possuem sua 
maneira própria. Essas emoções entram em contato diariamente, criando uma atmosfera diferente em 
cada setor, cada departamento, visto que cada local tem suas características próprias de conduzir seu 
trabalho, de discutir os problemas e de liderança. 
 
As pessoas são compostas de sentimentos e emoções, e necessitam amar e serem amadas, 
compreender e serem compreendidas, aceitar e serem aceitas. Dito isso, aprendendo a lidar com as 
diferenças, essa segurança afetiva pode levar a um equilíbrio emocional e, consequentemente, a um 
ambiente de trabalho saudável e produtivo. 
 
As relações interpessoais estão cada vez mais sendo valorizadas no cenário das organizações, o 
capital humano faz a diferença, pois as pessoas que são a vantagem competitiva das organizações e o 
bem-estar no ambiente de trabalho resulta em produtividade e resultados. 
De acordo com a autora Edina de Paula Bom Sucesso8, o autoconhecimento e o conhecimento do 
outro são componentes essenciais na compreensão de como a pessoa atua no trabalho, dificultando ou 
facilitando as relações. Ela ainda afirma que as dificuldades encontradas são a falta de objetivos pessoais 
e dificuldade em priorizar e ouvir. 
O envolvimento de todos na organização é importante: desde o gestor que saiba ouvir seus 
colaboradores e que forneça feedback para seus subordinados até o colaborador que deve procurar seu 
autoconhecimento, priorizar seus objetivos e também saber ouvir o outro. Estas são ações que contribuem 
para que o ambiente de trabalho seja saudável. 
 
8 BOM SUCESSO, Edina de Paula. Relações Interpessoais e Qualidade de Vida no Trabalho. São Paulo: Qualitymark, 2002. 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
5 
 
As emoções, inerentes ao indivíduo, inevitavelmente se fazem presentes nas relações de trabalho 
tanto positivas quanto negativas. De acordo com Bom Sucesso9, três emoções primárias atuam sobre o 
comportamento: o medo, a ira e o afeto, que se apresentam de forma direta ou através de disfarces ou 
máscaras. 
 
O Medo: é um entrave dentro das organizações, porque as pessoas não demonstram essa emoção, 
o que fazem é disfarçar; em consequência disso tornam-se desmotivadas, descrentes de suas 
capacidades de inovar e criar. O medo aparece sob várias situações, como por exemplo, demissões por 
atritos com gestores ou por enxugamento de quadro, pressão, punição, levam a climas desagradáveis 
dentro das organizações, influenciando o comprometimento, a motivação e a confiança. 
 
A Ira: também está presente sob diversas formas, como por exemplo, a inveja do outro, de suas 
capacidades ou competências, disputa por cargos, causando até humilhação. A ironia é uma forma de 
raiva dissimulada, que agride, fere e magoa, assim como a hostilidade que começa com irritação, falta de 
cortesia e queixas e que aos poucos vai crescendo chegando a transformar-se em ódio. 
 
O Afeto: nas relações de trabalho é a emoção capaz de construir dias melhores nas organizações que 
requerem coragem, leveza, consistência, rapidez, exatidão e multiplicidade. 
 
Essas emoções, quando negativas causam sofrimento e precisam ser trabalhadas para que as 
relações interpessoais se tornem saudáveis melhorando a qualidade de vida no trabalho. Requer parceria, 
cooperação, polidez e respeito (virtudes derivadas do amor). 
Os líderes têm grande papel na mudança e manutenção das relações interpessoais, por meio de 
incentivos e medidas que tornem o clima positivo, que levem a satisfação do trabalho mantendo um 
diálogo aberto e franco prevenindo conflitos. 
Mudar o comportamento e alterar hábitos enraizados, como a falta de objetivos pessoais, dificuldades 
em priorizar e dificuldade em ouvir, entre outros, exige disciplina, persistência e determinação e 
dependem somente do próprio indivíduo, do valor que atribui à vida, da autoestima e autoimagem e do 
engajamento profissional, político e social. 
 
Ética nas Relações Interpessoais 
De acordo com Sá10, a ética deve ser compreendida como “a ciência da conduta humana perante o 
ser e seus semelhantes”. Dito isso a ética relaciona a conduta de uma pessoa à sua relação com outra 
pessoa. Arantes11 podemos nos lembrar daquela frase que praticamente todas as pessoas conhecem: “a 
liberdade de uma pessoa termina quando começa a liberdade do outro”, isso significa que existem limites 
para o convívio, existem regras que impomos e que desejamos que sejam respeitadas. 
A ética está presente na vontade e nas atitudes honradas de uma pessoa em relação a ela mesma e 
em relação aqueles com quem convive. A virtude está presente nas relações em que se busca o bem 
comum. Assim sendo, a ética existe quando o indivíduo está na presença de outras pessoas, mas 
também, principalmente, quando está sozinho. 
Arantes expõe também que, a ética é uma questão que compõe a base da formação profissional de 
qualquer pessoa, e o reconhecimento dela se faz na mesma proporção em que é demonstrada por meio 
de palavras e atitudes, portanto, desempenhar uma atividade profissional de maneira ética significa seguir 
os princípios morais daquela sociedade, dentro do que prevê a lei, conforme o código de ética de cada 
profissão. O cotidiano e os relacionamentos (principalmente o interpessoal), exigem o comportamento 
ético de todos os indivíduos e as relações interpessoais compõem as habilidades humanas que 
juntamente com habilidades técnicas e conceituais são exigidas dos profissionais que o mercado de 
trabalho busca.12 
 
Questões 
 
01. (FMS - Auxiliar de Administração - NUCEPE/2019) Em se tratando de relacionamento 
interpessoal no ambiente de trabalho, assinale a alternativa CORRETA. 
 
9 Idem 
10 SÁ, Antonio Lopes de. Ética profissional. 8.Ed. São Paulo:Atlas, 2009. 
11 ARANTES, E.; Ética e Relações Interpessoais, Curitiba/PR, 2013. 
12 KATZ, R. L. Skills of an effective administrator. Harvard Business Review, 1955. 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
6 
 
I. Um gestor público para ser exitoso no papel de líder frente a seu grupo de trabalho deve possuir 
habilidades no tocante à motivação, às relações interpessoais com alguns membros do grupo, ao trabalho 
em equipe, além de trabalhar a boa comunicação. 
II. As boas relações interpessoais dependem da existência de acordos e expectativas claras entre as 
pessoas, visto que o ser humano independe da opinião dos outros para se relacionar. 
III. Um ambiente de trabalho é impactado positivamente pelas boas relações interpessoais entre as 
pessoas que se relacionam no dia a dia. Isso torna o ambiente estimulante, motivador e agradável de se 
trabalhar. 
 
(A) Nenhuma das assertivas é correta. 
(B) As assertivas I e III estão corretas. 
(C) Todas as assertivas estão corretas. 
(D) As assertivas I e II estão corretas. 
(E) Somente a assertiva III está correta. 
 
02. (FMS - Auxiliar de Administração - NUCEPE/2019) Manter o relacionamento interpessoal no 
ambiente de trabalho pode ser considerado como algo complexo, porque envolve autoconhecimento, 
empatia, autoestima, atitudes cordiais, ética e saber se comunicar. 
Com base no assunto abordado, marque a sequência CORRETA. 
I. Nem todo gestor precisa conhecer a cultura organizacional e os processos internos de interações, 
porque as pessoas sabem as atividades que devem desenvolver no dia a dia. 
II. As relações sociais podem ser prazerosas ou não em um ambiente de trabalho e para isso as 
condições externas que se apresentam têm influência direta na satisfação dos desejos inconscientes das 
pessoas. 
III. Ser ignominioso impacta de maneira positiva as relações interpessoais com os colegas de trabalho. 
 
(A) As afirmativas I e II são corretas. 
(B) As afirmativas II e III são corretas. 
(C) Somente a afirmativa II é correta. 
(D) Somente a afirmativa III é correta. 
(E) Nenhuma das afirmativas é correta. 
 
03. (UFPI - Assistente em Administração - COPESE/2019) Marque a opção que apresenta a 
afirmação INCORRETA sobre as relações interpessoais nas organizações. 
(A) As relações entre os indivíduos e grupos estão limitadas à esfera organizacional. 
(B) As relações entre indivíduos e grupos interferem no desempenho dos indivíduos, dos grupos e das 
organizações. 
(C) Nas organizações, as relações são dinâmicas e se estabelecem laços de diferentes pesos e forças 
entre os indivíduos. 
(D) Nas relações dentro das organizações, podem ocorrer diferentes variações entre competição, 
colaboração ou uma relação mista na qual os indivíduos cooperam entre si para alcançar um objetivo 
comum. 
(E) A ausência de conhecimento sobre as relações grupais ou interpessoais pode ocasionar um 
desempenho prejudicado no trabalho e nos resultados da organização. 
 
04. (Prefeitura de Timbó/SC - Engenheiro Civil - FURB/2019) Leia as características abaixo: 
1. Capacidade de se colocar no lugar do outro. 
2. Capacidade de compreender melhor o comportamento alheio em determinadas circunstâncias e a 
forma como outra pessoa toma as decisões. 
3. Sentimento indispensável para melhorar a qualidade da comunicação e do relacionamento entre as 
pessoas. 
4. Capacidade psicológica de compreender pensamentos e emoções, procurando experimentar, de 
maneira objetiva e racional, os sentimentos dos outros indivíduos. 
As características acima se referem à: 
(A) Autoconsciência. 
(B) Disposição. 
(C) Empatia. 
(D) Resiliência. 
(E) Cortesia. 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
7 
 
05. (CRN 3ª Região (SP e MS) - Assistente Administrativo - IADES/2019) As relações interpessoais 
no ambiente de trabalho são pautadas pela ética. Nesse sentido, durante o exercício da atividade 
profissional, um colaborador manterá contato com clientes, usuários, profissionais e representantes de 
entidades que procurem a organização onde ele trabalha. Considerando essa informação, no que se 
refere à ética nas relações interpessoais, assinale a alternativa que apresenta um exemplo prático de falta 
de ética profissional. 
(A) Não ser voluntário para um trabalho fora do horário de expediente. 
(B) Intimidar, discriminar e perseguir um colega de trabalho, por ele ser diferente ou ter uma cultura 
diferente das demais pessoas. 
(C) Discordar do respectivo chefe imediato a respeito de uma ação a ser executada no setor em que 
se trabalha. 
(D) Informar ao chefe imediato uma falha grave ocorrida no setor. 
(E) Ausentar-se do trabalho por motivo de saúde. 
 
06. (PGE/PE - Analista Administrativo de Procuradoria (Recursos Humanos) - CESPE/2019) 
Julgue o próximo item, relativos à competência interpessoal. 
 
Na competência interpessoal, evidencia-se o poder de influenciação positiva de pessoas ou grupos, 
conquistando-se credibilidade e confiança e obtendo-se aceitação, consenso e ação no alcance dos 
objetivos preestabelecidos. 
 
( ) Certo ( ) Errado 
 
07. (PGE/PE - Analista Administrativo de Procuradoria (Recursos Humanos) - CESPE/2019) 
Julgue o próximo item, relativos à competência interpessoal. 
 
Essa competência refere-se à habilidade no trato com pessoas em qualquer nível hierárquico, 
profissional ou social, de tal forma que ocorram influência construtiva, tolerância e respeito à 
individualidade. 
 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Gabarito 
 
01.E / 02.C / 03.A / 04.C / 05.B / 06.Errado / 07.Certo 
 
Comentários 
 
01. Resposta: E 
A alternativa III é a única correta pois: 
I. Um gestor público para ser exitoso no papel de líder frente a seu grupo de trabalho deve possuir 
habilidades no tocante à motivação, às relações interpessoais com alguns membros do grupo, ao trabalho 
em equipe, além de trabalhar a boa comunicação. 
(Essa afirmativa é considerada errada pois afirma que o gestor deve possui habilidade apenas com 
ALGUNS membros do grupo, quando na realidade ele deve possuir com TODOS, sem fazer distinção de 
nenhum membro.) 
II. As boas relações interpessoais dependem da existência de acordos e expectativas claras entre as 
pessoas, visto que o ser humano independe da opinião dos outros para se relacionar. 
(Essa afirmativa também está incorreta, pois afirma que o ser humano INDEPENDE da opinião dos 
outros para se relacionar, mas na realidade depende, pois quando se trata de Relacionamento 
Interpessoal, é necessário mais de uma pessoa para ele existir. Quando o ser humano não depende dos 
outros para se relacionar é considerado Relacionamento Intrapessoal, onde as pessoas se relacionam 
com ela mesma). 
 
02. Resposta: C 
I. Nem todo gestor precisa conhecer a cultura organizacional e os processos internos de interações, 
porque as pessoas sabem as atividades que devem desenvolver no dia a dia. 
(Essa afirmação está errada, pois TODOS os gestores PRECISAM SIM, conhecer a cultura 
organizacional da empresa.) 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
8 
 
II. As relações sociais podem ser prazerosas ou não em um ambiente de trabalho e para isso as 
condições externas que se apresentam têm influência direta na satisfação dos desejos inconscientes das 
pessoas. 
(Essa afirmação está correta, pois tudo influência do comportamento das pessoas, e esses aspectos 
podem estar presentes tanto no ambiente interno quanto no ambiente externo da organização). 
III. Ser ignominioso impacta de maneira positiva as relações interpessoais com os colegas de trabalho. 
(Afirmação errada, pois ignominioso13, vem do termo ignomínia, que segundo o dicionário de 
significado é uma manifestação que tem como objetivo humilhar ou rebaixar uma pessoa, consistindo em 
um ultraje ou afronta. Ex: Quando eu fui demitido, o meu chefe me insultou na frente dos meus colegas. 
Essa foi a maior ignomínia que eu já passei. Sendo assim ser ignominiosocausa um impacto negativo no 
relacionamento interpessoal e não positivo como foi exposto.) 
 
03. Resposta: A 
As relações entre os indivíduos e grupos NÃO estão limitadas à esfera organizacional, elas acontecem 
em qualquer contexto social, seja ela pessoal ou profissional. 
 
04. Resposta: C 
Somente com a primeira frase da questão, podemos identificar que ela está caracterizando a 
“EMPATIA”. Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso 
estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e 
emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo. 
 
05. Resposta: B 
Intimidar, discriminar e perseguir um colega de trabalho, por ele ser diferente ou ter uma cultura 
diferente das demais pessoas é uma falta de ética, pois, para ser ético em seus relacionamentos, o 
principal aspecto que deve ser levado em consideração é o respeito as diferenças. 
 
06. Resposta: Errado 
A afirmação está errada, pois é na COMPETÊNCIA DE NEGOCIAÇÃO que se evidencia o poder de 
influenciação positiva de pessoas ou grupos, conquistando-se credibilidade e confiança e obtendo-se 
aceitação, consenso e ação no alcance dos objetivos preestabelecidos. 
 
07. Resposta: Certo 
A habilidade no trato com pessoas independente do nível hierárquico, profissional ou social, 
influenciando construtivamente e demonstrando respeito a individualidade; compreensão, convivência 
harmoniosa, tolerância e ausência de atritos interpessoais, todas essas características fazem parte dos 
conceitos de Relacionamento Interpessoal e Competência Interpessoal. 
 
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 
 
No século XXI psicólogos do desenvolvimento enfrentam novos desafios uma vez que as novas 
concepções de atuação profissional que enfatizam a prevenção e a promoção de saúde fazem com que 
profissionais de várias áreas busquem na psicologia do desenvolvimento subsídios teóricos e 
metodológicos para sua prática profissional. O que está em questão é o desenvolvimento harmônico do 
indivíduo, que integra não apenas um aspecto, mas todas as dimensões do desenvolvimento humano 
sejam elas: biológicas, cognitivas, afetivas ou sociais. 14 
 
A Delimitação Conceitual do Campo da Psicologia do Desenvolvimento 
 
O desenvolvimento humano envolve o estudo de variáveis afetivas, cognitivas, sociais e biológicas em 
todo ciclo da vida. Desta forma faz interface com diversas áreas do conhecimento como: a biologia, 
antropologia, sociologia, educação, medicina entre outras. 
Tradicionalmente o estudo do desenvolvimento humano focou o estudo da criança e do adolescente, 
ainda hoje muitos dos manuais de psicologia do desenvolvimento abordam apenas esta etapa da vida 
dos indivíduos. 
 
13 Ignomínia é um substantivo feminino que significa vergonha pública grave, e é sinônimo de infâmia, opóbrio, estultícia, vitupério. Esta palavra tem origem no 
termo em latim ignominia que significava uma desgraça ou o ato de perder o "bom" nome. 
14 MOTA, Márcia Elia da. disponível em http://pepsic.bvsalud.org/ 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
9 
 
O interesse pelos anos iniciais de vida dos indivíduos tem origem na história do estudo científico do 
desenvolvimento humano, que se inicia com a preocupação com os cuidados e com a educação das 
crianças, e com o próprio conceito de infância como um período particular do desenvolvimento. 
No entanto, este enfoque vem mudando nas últimas décadas, e hoje há um consenso de que a 
psicologia do desenvolvimento humano deve focar o desenvolvimento dos indivíduos ao longo de todo o 
ciclo vital. Ao ampliar o escopo de estudo do desenvolvimento humano, para além da infância e 
adolescência, a psicologia do desenvolvimento acaba por fazer interface também com outras áreas da 
psicologia. Só para citar algumas áreas temos: a psicologia social, personalidade, educacional, cognitiva. 
Assim surge a necessidade de se delimitar esse campo de atuação, definindo o que há de específico 
na psicologia do desenvolvimento humano. A necessidade de se integrar ao estudo do desenvolvimento 
humano uma perspectiva interdisciplinar, que adote uma metodologia de pesquisa própria, faz com que 
alguns autores sugiram que o estudo desenvolvimento humano constitua um campo de atuação 
independente da Psicologia, que tem sido chamado de “Ciência do Desenvolvimento Humano”. 
Pesquisadores do desenvolvimento humano concordam que um dos objetos de estudo do psicólogo 
do desenvolvimento é o estudo das mudanças que ocorrem na vida dos indivíduos. Papalia e Olds, por 
exemplo, definem desenvolvimento como “o estudo científico de como as pessoas mudam ou como elas 
ficam iguais, desde a concepção até a morte”. 
A definição destes autores salienta o fato de que psicólogos do desenvolvimento estudam as 
mudanças, mas não nos oferece nenhuma informação sobre questões fundamentais ao estudo do 
desenvolvimento humano. O que muda? Como muda? E quando muda? Estas são perguntas frequentes 
nas pesquisas sobre o desenvolvimento, e são frequentemente abordadas de forma distintas pelas 
diferentes abordagens teóricas que descrevem o desenvolvimento humano. 
Dizer que ao longo do tempo mudanças ocorrem na vida dos indivíduos não nos esclarece estas 
questões. O tempo é apenas uma escala, não é uma variável psicológica. Portanto, é preciso entender 
como as condições internas e externas ao indivíduo afetam e promovem essas mudanças. As mudanças 
no desenvolvimento são adaptativas, sistemáticas e organizadas, e refletem essas situações internas e 
externas ao indivíduo que tem que se adaptar a um mundo em que as mudanças são constantes. 
Variáveis internas podem ser entendidas como aquelas ligadas à maturação orgânica do indivíduo, as 
bases genéticas do desenvolvimento. 
Recentemente, os processos inatos que promovem o desenvolvimento humano voltam a ser discutidos 
por teóricos do desenvolvimento humano. 
As variáveis externas são aquelas ligadas à influência do ambiente no desenvolvimento. As 
abordagens sistêmicas de investigação do desenvolvimento humano há muito chamam atenção para a 
importância de se entender as diversas interações que ocorrem nos múltiplos contextos em que o 
desenvolvimento se dá. Incluindo-se nesta discussão uma análise do momento histórico em que o 
indivíduo se desenvolve. 
Biaggio argumenta que a especificidade da psicologia do desenvolvimento humano está em estudar 
as variáveis externas e internas aos indivíduos que levam as mudanças no comportamento em períodos 
de transição rápida (infância, adolescência e envelhecimento). Teorias contemporâneas do 
desenvolvimento aceitam que as mudanças são mais marcadas em períodos de transição rápida, mas 
mudanças ocorrem ao longo de toda a vida do indivíduo, não só nestes períodos. Portanto, é preciso se 
ampliar o escopo do entendimento do que é o estudo do desenvolvimento humano. 
Para que se leve a termo estas considerações, as pesquisas em desenvolvimento humano utilizam 
metodologia específica, entre elas a mais comumente usada são os estudos longitudinais. A “International 
Society for the Study of Behavioral Development” lançou em 2005 uma edição especial intitulada 
“Longitudinal Research on Human Development: Approachs, Issues and New Directions”. Nesta edição 
se discute as contribuições e limitações dos estudos longitudinais para a produção do conhecimento na 
psicologia do desenvolvimento. 
Cillessen ressalta que estudos longitudinais se aplicam as várias áreas do conhecimento não apenas 
a Psicologia do Desenvolvimento. Também não se aplicam apenas a estudos de longo prazo e com 
muitos indivíduos, mas na psicologia do desenvolvimento adquirem uma importância fundamental, pois 
permitem que se acompanhe o desenvolvimento dos indivíduos ao longo do tempo, ao mesmo tempo em 
que, controlam-se as múltiplas variáveis que afetam o desenvolvimento. 
Os teóricos que trabalham na abordagemdo Curso da Vida, chamam atenção para algumas das 
limitações deste tipo de abordagem, que estudam apenas uma coorte de cada vez, não permitindo 
inferências sobre o comportamento entre gerações. Apontam para a necessidade de incluir outras coortes 
históricas em estudos sobre o desenvolvimento humano, ressaltando a necessidade de estudos 
longitudinais de coorte, mais amplos que os estudos longitudinais tradicionais. 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
10 
 
Além da Teoria do Curso da Vida, teóricos de diversas abordagens chamam a atenção para a 
necessidade de se considerar as questões metodológicas específicas ao estudo do desenvolvimento e 
as limitações das metodologias tradicionais Assim, pelas questões acima citadas, consideramos que uma 
melhor definição de Psicologia do Desenvolvimento seria “O estudo, através de metodologia específica e 
levando em consideração o contexto sócio histórico, das múltiplas variáveis, sejam elas cognitivas, 
afetivas, biológicas ou sociais, internas ou externas ao indivíduo que afetam o desenvolvimento humano 
ao longo da vida”. 
Através da identificação dos fatores que afetam o desenvolvimento humano podemos pensar sobre 
trabalhos de intervenção mais eficazes, que levem a um desenvolvimento harmônico do indivíduo. Sendo 
assim, os conhecimentos gerados por essa área da psicologia trazem grandes contribuições para os 
trabalhos de prevenção e promoção de saúde. Aqui a concepção de saúde adquire uma perspectiva mais 
ampla e engloba os diversos contextos que fazem parte da vida dos indivíduos (escola, trabalho, família). 
O desenvolvimento humano15 se realiza em períodos que se distinguem entre si pelo predomínio de 
estratégias e possibilidades específicas de ação, interação e aprendizagem. 
Os períodos de desenvolvimento são, normalmente, referidos como infância, adolescência, maturidade 
e velhice. É mais adequado, porém, pensarmos o processo de desenvolvimento humano em termos das 
transformações sucessivas que o caracterizam, transformações que são marcadas pela evolução 
biológica (que é constante para todos os seres humanos) e pela vivência cultural. 
 
Plasticidade Cerebral 
 
O cérebro humano apresenta uma grande plasticidade. Plasticidade é a possibilidade de formação de 
conexões entre neurônios a partir das sinapses. A plasticidade se mantém pela vida toda, embora sua 
amplitude varie segundo o período de formação humana. Assim é que, quanto mais novo o ser humano, 
maior plasticidade apresenta. Certas conexões se fazem com uma rapidez muito grande na criança 
pequena. É isto que possibilita o desenvolvimento da linguagem oral, a aprendizagem de uma ou mais 
línguas maternas simultaneamente, o domínio de um instrumento musical, o desenvolvimento dos 
movimentos complexos e a perícia de alguns deles, como aqueles envolvidos no ato de desenhar, de 
correr, de nadar... 
Consequentemente a infância é o período de maior plasticidade e isto atende, naturalmente, ao 
processo intenso de crescimento e desenvolvimento que ocorre neste período. Assim, a plasticidade 
atende às necessidades da espécie. 
Que possibilidades concretas são estas de formação de conexões? O cérebro humano dispõe de cerca 
de 100 bilhões de neurônios, sendo que cada um pode chegar a estabelecer cerca de 1000 sinapses, em 
certas circunstâncias ainda mais. Desta forma, as possibilidades são de trilhões de conexões, o que 
significa que a capacidade de aprender de cada um de nós é absolutamente muito ampla. 
Enquanto espécie, o ser humano apresenta, desde o nascimento, uma plasticidade muito grande no 
cérebro, podendo desenvolver várias formas de comportamento, aprender várias línguas, utilizar 
diferentes recursos e estratégias para se inserir no meio, agir sobre ele, avaliar, tomar decisões, defender-
se, criar condições de sobrevivência ao longo de sua vida. 
A plasticidade cerebral também permite que áreas do cérebro destinadas a uma função específica 
possam assumir outras funções, como, por exemplo, o córtex visual no caso das crianças que nascem 
cegas. Como esta parte do cérebro não será “chamada a funcionar”, pois o aparelho da visão apresenta 
impedimentos (então não manda informação a partir da percepção visual para o cérebro), ela poderá 
assumir outras funções. 
Plasticidade cerebral é, também, a possibilidade de realizar a “interdisciplinaridade” do cérebro: áreas 
desenvolvidas por meio de um tipo de atividade podem ser “aproveitadas” para aprender outros 
conhecimentos ou desenvolver áreas relativas a outro tipo de atividade. Por exemplo, áreas 
desenvolvidas pela música, como a de ritmo, são “aproveitadas” no ato da leitura da escrita ou a de 
divisão do tempo na aprendizagem de matemática. 
 
A ação da criança depende da maturação orgânica e das possibilidades que o meio lhe oferece: ela 
não poderá realizar uma ação para a qual não tenha o substrato orgânico, assim como não fará muitas 
delas, mesmo que biologicamente apta, se a organização do seu meio físico e social não propiciar sua 
realização ou se os adultos não a ensinarem. 
 
15 http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag1.pdf 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
11 
 
O ser humano aprende somente as formas de ação que existirem em seu meio, assim como ele 
aprende somente a língua ou as línguas que aí forem faladas. As estratégias de ação e os padrões de 
interação entre as pessoas são definidos pelas práticas culturais. 
Isto significa que a cultura é constitutiva dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem. 
A criança se constitui enquanto membro do grupo por meio da formação de sua identidade cultural, 
que possibilita a convivência e sua permanência no grupo. Simultaneamente ela constitui sua 
personalidade que a caracterizará como indivíduo único. 
Os comportamentos e ações privilegiados em cada cultura são, então, determinantes no processo de 
desenvolvimento da criança. 
A vida no coletivo sempre envolve a cultura: as brincadeiras, o faz de conta, as festas, os rituais, as 
celebrações são todas situações em que a criança se constitui como ser de cultura. 
 
Desenvolvimento Cultural 
 
O desenvolvimento tecnológico e o processo de globalização da informação por meio da imagem 
modificaram os processos de desenvolvimento cultural por introduzirem novas formas de mediação. As 
novas gerações desenvolvem-se com diferenças importantes em relação às gerações precedentes, por 
meio, por exemplo, da interação com a informática, com as imagens presentes por meio urbano (várias 
formas de propaganda, como cartazes, outdoors móveis). O mesmo acontece com crianças nas zonas 
rurais com o advento da eletricidade e da TV, ou com crianças indígenas que passaram a experienciar o 
processo de escolarização e, também, em vários casos a presença de novos instrumentos culturais como 
o rádio, a TV, câmeras de vídeo, fotografia, entre outros. 
O desenvolvimento do cérebro é função da cultura e dos objetos culturais existentes em um 
determinado período histórico. Novos instrumentos culturais levam a novos caminhos de 
desenvolvimento. O computador é um bom exemplo: modificou as formas de lidar com informações, 
provocando mudanças nos caminhos da memória. A presença de novos elementos imagéticos e 
cinestésicos repercute no desenvolvimento de funções psicológicas como a atenção e a imaginação. 
Considerando, então, que o cérebro se desenvolve do diálogo entre a biologia da espécie e a cultura, 
verifica-se que, na escola, o currículo é um fator que interfere no desenvolvimento da pessoa. 
Os “conteúdos” escolhidos para o currículo irão, sem dúvida, ter um papel importante na formação. As 
atividades para conduzirem às aprendizagens, precisam estar adequadas às estratégias de 
desenvolvimento próprias de cada idade. Em outras palavras, a realização do currículo precisa mobilizar 
algumas funções centrais do desenvolvimento humano, como a função simbólica, a percepção, a 
memória,a atenção e a imaginação. 
 
Linguagem e Imagens Mentais: percepção, memória e imaginação desenvolvimento da função 
simbólica 
 
A partir da sua ação e interação com o mundo (a natureza, as pessoas, os objetos) e das práticas 
culturais, a criança constitui o que chamamos de função simbólica, ou seja, a possibilidade de representar, 
mentalmente, por símbolos o que ela experiencia, sensivelmente, no real. 
O desenvolvimento da função simbólica no ser humano é de extrema importância, uma vez que é por 
meio do exercício desta função que o ser humano pode construir significados e acumular conhecimentos. 
Todo ensino na escola, de qualquer área do conhecimento, implica na utilização da função simbólica. 
As atividades que concorrem para a formação da função simbólica variam conforme o período de 
desenvolvimento. Por exemplo, o desenho e a brincadeira de faz-de-conta são atividades simbólicas 
próprias da criança pequena, que antecedem a escrita: na verdade, elas criam as condições internas para 
que a criança aprenda a ler e a escrever. 
A linguagem escrita, a matemática, a química, a física, o sistema de notação da dança, da música são 
manifestações da função simbólica. As aprendizagens escolares são apropriações de conhecimentos 
formais, ou seja, conhecimentos organizados em sistemas. Sistematizar é estabelecer conceitos, ordená-
los em níveis de complexidade com regras internas que regulam a relação entre os elementos que os 
compõem. Todo conhecimento formal é representado, simbolicamente, pela linguagem de cada sistema. 
Por exemplo: 
 
a) a2 = b2 + c2 
b) 15 + 36 = 51 
c) O gato correu atrás do cachorro. 
O cachorro correu atrás do gato 
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12 
 
Em b e c temos uma regra importante que é o valor posicional: a posição dos elementos simbólicos 
determina o significado (1 e 5) 15 é diferente de 51. O mesmo se aplica ao gato que corre atrás do 
cachorro, em que se explicita a ação inversa do cachorro que corre atrás do gato. 
A função simbólica é a atividade mais básica das ações que acontecem na escola, tanto do educador 
como do educando. Quando os elementos do currículo não mobilizam adequadamente o exercício desta 
função, a aprendizagem não se efetua. 
Nesta dimensão do simbólico, as artes destacam-se, pois são elas as formas mais complexas de 
atividade simbólica humana. Anteriores aos conhecimentos formais, elas propiciaram a estruturação dos 
movimentos e das imagens de forma que eles pudessem evoluir culturalmente para sistemas de registros. 
 
Percepção 
A percepção é realizada pelos cinco sentidos externos. O ser humano desenvolve estes sentidos 
desde que não haja impedimentos nos órgãos dos sentidos ou nas estruturas cerebrais que processam 
a percepção de cada um deles. Quando isto acontece, um sentido “compensa” o outro: a pessoa 
desenvolve mais o tato quando não enxerga, desenvolve mais a visão quando não ouve. Nestes casos, 
também, o ser humano pode desenvolver os dois subsentidos externos que são a vibração e o calor. 
Isso revela que os sentidos funcionam com interdependência, o que tem uma relevância fundamental 
para os professores, pois o ensino deve mobilizar várias dimensões da percepção para que o aluno possa 
“guardar” conteúdos na memória de longa duração. 
Há maior empenho em perceber algo quando há algum interesse neste “algo”. Por exemplo, quando 
alguém ouve uma música de um cantor de quem gosta muito, fica atento e evoca a melodia ou a letra. 
Se for uma canção nova e se reconhece a voz do cantor, mobiliza os processos mentais da memória 
auditiva a partir da percepção auditiva, ou seja, seleciona a canção, destacando-a das outras informações 
sonoras e/ou ruídos presentes no ambiente. 
Por outro lado, a percepção pode criar um interesse novo. Ao ser introduzida a um conhecimento novo, 
uma pessoa pode se interessar ou não por ele, dependendo das estratégias utilizadas por quem o 
introduz. Assim, em sala de aula, não é somente o conteúdo que motiva, mas, sobretudo, como o 
professor trabalha com o conteúdo, seja ele da escrita, artes ou ciências. 
A percepção visual é o processamento de atributos do objeto como cor, forma e tamanho. Ela acontece 
em regiões do córtex cerebral e há fortes indicações de que estas regiões sejam as mesmas ou estejam 
muito próximas daquelas que “guardariam” a memória dos objetos. Desta forma, percepção e memória 
estão muito próximas nas aprendizagens escolares. 
 
Memória 
Toda aprendizagem envolve a memória. Todo ser humano tem memória e utiliza seus conteúdos a 
todo o momento. São três os movimentos da memória: o de arquivar, o de evocar e o de esquecer. Ao 
entrar em contato com algo novo, o ser humano pode criar novas memórias, ou seja, arquiva este 
conhecimento, experiência ou ideia em sua memória de longa duração. As impressões gravadas na 
memória de longa duração, a partir das experiências vividas, podem ser “evocadas”, trazidas à 
consciência. Outras experiências, informações, vivências, imagens e ideias são esquecidas. 
Sabemos que estes movimentos têm uma participação do sistema límbico no qual se originam nossas 
emoções. A memória é modulada pela emoção. Isto quer dizer que os estados emocionais podem 
“interferir”, facilitando ou reforçando a formação de novas memórias, assim como podem, também, 
enfraquecer ou dificultar a formação de uma nova memória. 
Quanto ao tempo, os tipos de memória são muito importantes para o educador, pois as aprendizagens 
escolares dependem da formação de novas memórias de longa duração. Muitas vezes, no entanto, os 
conteúdos ficam no nível da curta duração e desaparecem rapidamente. O desafio da pedagogia é 
formular metodologias de ensino que transformem esta primeira ação da memória (curta duração) em 
memórias de longa duração. É importante mencionar aqui que temos, também, a possibilidade de formar 
uma memória ultrarrápida que desaparece após a sua utilização, como quando, por exemplo, gravamos 
um número de telefone para discá-lo e, logo em seguida, já o esquecemos. 
Quanto à natureza, temos vários tipos de memória. Temos a memória implícita, a memória explícita e 
a operacional. A memória explícita pode ser semântica ou episódica. 
Para as aprendizagens escolares, precisam ser mobilizadas a memória explicita semântica e a 
memória operacional. 
Para a formação de novas memórias dos conteúdos escolares ao aluno precisa, desde o início da 
escolarização, ser ensinado o que fazer e como para aprender os conhecimentos envolvidos nas 
aprendizagens escolares. O aluno precisa ser capaz de “refazer” o processo da aprendizagem. Refazer 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
13 
 
implica tanto em recapitular o conteúdo ensinado, como em retomar as atividades (humanas) que o 
levaram a “guardar” o conteúdo na memória de longa duração. 
 
Memória Explícita Semântica 
Também chamada de declarativa, a memória explícita semântica inclui as memórias que podem ser 
explicitadas pela linguagem. Este tipo de memória engloba aquilo que pode ser lembrado por meio das 
imagens, símbolos ou sistemas simbólicos. A capacidade da memória declarativa está ligada à 
organização de informações em padrão. 
Pesquisas demonstram que o ser humano se lembra “mais facilmente” daquilo que está organizado 
segundo regras. Isto implica na existência de padrões internos. Todas as linguagens são organizadas por 
padrões: a linguagem das ciências, das várias áreas do conhecimento, a linguagem escrita, a matemática, 
a cartográfica, a linguagem da dança, da música. Toda atividade artística também depende de utilização 
de elementos que se organizam em padrões, que têm regras próprias em cada forma de arte. 
Na escrita, os padrões aparecem nas cinco dimensões da linguagem, embora apareçam, mais 
fortemente, na sintaxe. Por isto, a sintaxe é o elemento forte, o instrumentador da língua escrita. A palavra 
solta é um símbolo, a palavra na construção sintáticasurge como estrutura. Na linguagem oral humana, 
o eixo forte do padrão é o verbo. Há maior resiliência no cérebro para os símbolos que representam a 
ação humana, uma vez que o movimento é o grande recurso na espécie para o desenvolvimento cultural 
e tecnológico, além de ser a matéria bruta primeira da comunicação entre humanos e de expressão das 
emoções. 
As pessoas tendem a memorizar, mais facilmente, aquilo em que elas conseguem aplicar padrões. 
Para as aprendizagens escolares isto é fundamental: o ensino bem sucedido é aquele que 
“instrumentaliza” a pessoa para construir, aplicar, reconhecer e “manipular” padrões. 
 
Memória operacional 
Como o próprio nome diz, a memória operacional se ocupa das operações, ou seja, um sistema de 
ações organizadas, segundo a natureza do comportamento. Por exemplo, está na memória operacional 
o comportamento de andar, de dirigir, de dançar. São comportamentos que se efetuam, muito 
rapidamente, para os quais não há “tempo” para comandos do cérebro. São comportamentos que têm 
uma ordem de movimentos a ser seguida e esta ordem já está “fixada” na memória. 
Na memória operacional estão as conjugações verbais, isto é, os tempos futuro, presente e passado 
do verbo. Assim, a organização da ação no tempo se realiza com a participação deste tipo de memória. 
Este fato tem implicações para as aprendizagens escolares. Com estas descobertas somos levados a 
rever o ensino da sintaxe em português: a gramática é necessária para o aluno, pois fornece estrutura 
para a apropriação e organização da linguagem escrita e a organização das informações em todas as 
matérias. 
 
Imaginação - A Capacidade Imaginativa na Espécie Humana 
Se considerarmos a evolução de nossa espécie, veremos que ela é pautada pela invenção, ou seja, 
pela criação de objetos, de sistemas, de linguagens, tecnologia, teorias, ciência, arte, códigos etc. Toda 
produção cultural é resultante de um processo cumulativo de invenções, pequenas e grandes, que dão 
base para as invenções futuras. 
A comunicação, atividade primordial da espécie, ganha a cada geração novos processos, novas 
tecnologias. O ser humano dedica grande parte de sua criatividade a ampliar e desenvolver meios de 
comunicação e meios de transporte que facilitem os processos comunicativos e que tornem mais ágeis 
os deslocamentos das pessoas. 
A possibilidade de criar depende, na nossa espécie, da imaginação, função psicológica pela qual nós 
somos capazes de unir elementos percebidos e experiências em novas redes de conexão. O 
funcionamento da imaginação e seu desenvolvimento, embora relacionados às outras funções 
psicológicas superiores, têm uma grande autonomia e se manifestam tanto na ação como no ato de 
aprender. 
Desta forma, podemos dizer que para as aprendizagens escolares a imaginação desempenha um 
papel central e deve ser considerada no planejamento, na alocação de tempo das atividades dentro e fora 
da sala de aula, nas situações comuns do cotidiano escolar. Os alunos devem, também, ser 
acompanhados avaliativamente na evolução de sua imaginação. 
 
A Ligação entre Imaginação e Memória 
Vygotsky trata da diferença entre reprodução e criação: ambas atividades têm apoio na memória, mas 
diferem pelo alcance temporal. Reproduzir algo, mentalmente, se apoia na experiência sensível anterior. 
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14 
 
Por exemplo, construo uma imagem mental da casa onde moravam meus avós, pelos elementos 
gravados na memória, mas crio uma imagem mental da casa dos avós de uma personagem em um 
romance a partir dos elementos oferecidos pelo autor. Ou seja, no segundo caso uso a imaginação para 
criar este espaço utilizando, com certeza, elementos percebidos, anteriormente, mas que se combinam 
entre si, de acordo com a relação dialógica estabelecida com o texto no ato da leitura, diferentemente, do 
primeiro caso em que busco a fidedignidade da imagem mental, tendo a casa concreta como referencial. 
 
Vygotsky coloca que a primeira experiência se apoia na análise do passado. Ela é uma reprodução do 
que se viveu, enquanto que no segundo é uma realização do presente projetada no futuro. A criação 
literária dá esta possibilidade de partilhamento na criação, pois possibilita ao leitor a superação do texto 
para a criação das imagens de cada personagem, que é constituída pelos dados oferecidos de sua 
personalidade, de suas ações, de suas formas de pensamento, criação de imagens do contexto. 
A imaginação na realidade não se “desprega” da memória, mas recria com os elementos da memória. 
Imaginar implica, portanto, em se liberar das conexões que estão feitas dos elementos percebidos, para 
“reutilizar” estes elementos em outras configurações. 
Temos aí duas implicações importantes: primeiramente, que a imaginação não é dada na espécie, é 
construída. Segundo, que ela é parte integrante do processo de aprendizagem, porque aprender significa, 
exatamente, ser capaz de estabelecer conexões entre informações, construindo significado. Podemos ver 
que, neste segundo caso, a imaginação é base para o estabelecimento destas novas redes, uma vez que 
ela é a função psicológica que estabelece relações significativas entre elementos que não estavam 
conectados entre si. A imaginação cria condições de aprendizagem. 
Temos assim que a relação entre imaginação e memória tem sentido duplo: a base para o 
funcionamento da imaginação são os elementos que estão contidos na memória e o próprio 
funcionamento da imaginação desenvolve a memória (por meio do processo imaginativo, novas 
mediações semióticas são realizadas, dando à pessoa uma maior complexidade aos sistemas contidos 
na memória de longa duração). 
 
Porque a imaginação é importante na aprendizagem? 
 
1. Ela está na origem da construção do conhecimento que vamos ensinar. 
O conhecimento científico e o conhecimento estético foram produzidos a partir do 
exercício da imaginação humana nos vários períodos históricos. 
 
2. Ela está na origem do conhecimento que será construído pelo aluno. 
A imaginação motiva. Muitos educadores concordarão que a motivação é um fator 
importante para o educando aprender. Motivar implica em mobilização para, interesse em 
envolvimento com o objeto de aprendizagem. 
Esta disponibilidade para aprender envolve, do ponto de vista psicológico, a imaginação. 
 
Por exemplo, podemos motivar o aluno para um fenômeno científico que será estudado com o 
concurso da mobilização da imaginação: como será que a energia elétrica surge na represa? Como será 
que a luz chega à lâmpada? 
Que será que acontece com a semente debaixo da terra? Como será que o computador guarda tanta 
informação? Porque o rio muda de cor? 
Levantar hipóteses para qualquer destas questões implica em ter liberdade de pensamento. Isto é, a 
capacidade imaginativa no ser humano tem como base a liberação da experiência sensível imediata, 
desta forma a pessoa pode lidar, livremente, com o acervo mental que detém de imagens, informações, 
sensações colhidas nas várias experiências de vida, juntamente com as emoções e sentimentos que as 
acompanharam. 
O desenvolvimento humano e a aprendizagem, na escola, envolvem, precisamente, esta dialética de 
receber informações por meio dos sentidos e ter a possibilidade de ir além delas pelas funções mentais. 
 
O Desenvolvimento Humano na Teoria de Piaget 
 
De acordo com a publicação de Marcia Regina Terra16 o estudo do desenvolvimento do ser humano 
constitui uma área do conhecimento da Psicologia em que concentram-se no esforço de compreender o 
 
16 http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/ 
Apostila gerada especialmente para: SANDRA DE OLIVEIRA CAMPOS 046.788.513-30
 
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homem em todos os seus aspectos, englobando fases desde o nascimento até o seu mais completo grau 
de maturidade e estabilidade. Tal esforço, conforme mostra a linha evolutiva da Psicologia, tem culminado 
na elaboração de várias teorias que procuram reconstituir, a partir dediferentes metodologias e pontos 
de vistas, as condições de produção da representação do mundo e de suas vinculações com as visões 
de mundo e de homem dominantes em cada momento histórico da sociedade. 
Assim, dentre essas tantas teorias tem-se a de Jean Piaget, que, como as demais, busca compreender 
o desenvolvimento do ser humano. No entanto, ela se destaca de outras pelo seu caráter inovador quando 
introduz uma 'terceira visão' representada pela linha interacionista que constitui uma tentativa de integrar 
as posições dicotômicas de duas tendências teóricas que permeiam a Psicologia em geral - o 
materialismo mecanicista e o idealismo - ambas marcadas pelo antagonismo inconciliável de seus 
postulados que separam de forma estanque o físico e o psíquico. 
Um outro ponto importante a ser considerado, segundo estudiosos, é o de que o modelo piagetiano 
prima pelo rigor científico de sua produção, ampla e consistente ao longo de 70 anos, que trouxe 
contribuições práticas importantes, principalmente, ao campo da Educação - muito embora, curiosamente 
aliás, a intenção de Piaget não tenha propriamente incluído a ideia de formular uma teoria específica de 
aprendizagem. 
Tendo em vista o objetivo da teoria piagetiana que de acordo com Coll e Gillièron é "compreender 
como o sujeito se constitui enquanto sujeito cognitivo, elaborador de conhecimentos válidos" cabe 
algumas considerações sobre o método piagetiano sobre o desenvolvimento humano. 
 
A Visão Interacionista de Piaget: a relação de interdependência entre o homem e o objeto do 
conhecimento 
Introduzindo uma terceira visão teórica representada pela linha interacionista, as ideias de Piaget 
contrapõem-se, conforme mencionamos mais acima, às visões de duas correntes antagônicas e 
inconciliáveis que permeiam a Psicologia em geral: o objetivismo e o subjetivismo. Ambas as correntes 
são derivadas de duas grandes vertentes da Filosofia (o idealismo e o materialismo mecanicista) que, por 
sua vez, são herdadas do dualismo radical de Descartes que propôs a separação estanque entre corpo 
e alma, id est, entre físico e psíquico, ou seja, para ele havia uma ruptura radical entre o corpo e a alma 
que eram distintos e independentes entre si. 
Assim sendo, a Psicologia objetivista, privilegia o dado externo, afirmando que todo conhecimento 
provém da experiência; e a Psicologia subjetivista, em contraste, calcada no substrato psíquico, entende 
que todo conhecimento é anterior à experiência, reconhecendo, portanto, a primazia do sujeito sobre o 
objeto. 
Desta forma as duas teorias distintas entre si privilegiam cada uma a sua proposta ora o subjetivismo, 
as experiências internas, as vivências e tudo que é inerente ao indivíduo e ora o objetivismo com tudo 
que é externo ao indivíduo não havendo assim um meio termo entre ambas. 
Sendo assim, considerando insuficientes essas duas posições para explicar o processo evolutivo da 
filogenia humana, Piaget formula o conceito de epigênese, argumentando que "o conhecimento não 
procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, 
mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas". 
Quer dizer, o processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é ativada pela 
ação e interação do organismo com o meio ambiente - físico e social - que o rodeia, significando entender 
com isso que as formas primitivas da mente, biologicamente constituídas, são reorganizadas pela psique 
socializada, ou seja, existe uma relação de interdependência entre o sujeito conhecedor e o objeto a 
conhecer. 
Esse processo, por sua vez, se efetua através de um mecanismo auto regulatório que consiste no 
processo de equilibração progressiva do organismo com o meio em que o indivíduo está inserido. 
Deste modo considera-se que as experiências internas, inatas do indivíduo em relação direta com o 
meio externo é o que produz o conhecimento, ou seja, o social em conjunto com o individual é que forma 
a estrutura completa do ser humano e, a cada novo contato com o meio existem reorganizações para que 
se atinja novamente o estado de equilíbrio o indivíduo com o meio que o cerca. 
 
Psicologia Objetivista Psicologia Subjetivista Interacionismo 
Materialismo mecanicista Idealismo Piaget 
Privilegia o dado externo, 
assim todo o conhecimento 
vem da experiências do 
indivíduo. 
Privilegia o psiquismo, para 
ela o conhecimento é anterior 
à experiência, ou seja, é o 
indivíduo que “age” sobre o 
objeto. 
É um “meio termo” entre o objetivismo 
e o subjetivismo. 
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É o meio ambiente e objetos 
que cercam o indivíduo bem 
como suas experiências 
externas que possibilitam o 
conhecimento 
As vivências inatas e 
inerentes ao ser humano que 
possibilitam o conhecimento. 
Nessa visão o processo evolutivo 
humano tem uma origem biológica 
que é ativada pela ação e interação 
do organismo com o meio ambiente - 
físico e social - que o rodeia. 
 
O Processo de Equilibração: a busca pelo pensamento lógico 
Pode-se dizer que o "sujeito epistêmico" protagoniza o papel central do modelo piagetiano, pois a 
grande preocupação da teoria é desvendar os mecanismos processuais do pensamento do homem, 
desde o início da sua vida até a idade adulta. 
Nesse sentido, a compreensão dos mecanismos de constituição do conhecimento, na concepção de 
Piaget, equivale à compreensão dos mecanismos envolvidos na formação do pensamento lógico, 
matemático. Como lembra La Taille, "(...) a lógica representa para Piaget a forma final do equilíbrio das 
ações. Ela é um sistema de operações, isto é, de ações que se tornaram reversíveis e passíveis de serem 
compostas entre si'". 
Com base nisso Piaget sustenta que a gênese do conhecimento está no próprio sujeito, ou seja, o 
pensamento lógico não é inato ou tampouco externo ao organismo mas é fundamentalmente construído 
na interação homem-objeto, assim o desenvolvimento da filogenia humana se dá através de um 
mecanismo auto regulatório que tem como base condições biológicas (que são inatas) e que são ativadas 
pela ação e interação do organismo com o meio ambiente tanto físico quanto social. 
Está implícito nessa ótica de Piaget que o homem é possuidor de uma estrutura biológica que o 
possibilita desenvolver o mental, no entanto, esse fato por si só não assegura o desencadeamento de 
fatores que propiciarão o seu desenvolvimento, haja vista que este só acontecerá a partir da interação do 
sujeito com o objeto a conhecer. Por sua vez, a relação com o objeto, embora essencial, da mesma forma 
também não é uma condição suficiente ao desenvolvimento cognitivo humano, uma vez que para tanto é 
preciso, ainda, o exercício do raciocínio. Por assim dizer, a elaboração do pensamento lógico demanda 
um processo interno de reflexão. Tais aspectos deixam à mostra que, ao tentar descrever a origem da 
constituição do pensamento lógico, Piaget focaliza o processo interno dessa construção. 
Simplificando ao máximo, o desenvolvimento humano, no modelo piagetiano, é explicado segundo o 
pressuposto de que existe uma conjuntura de relações interdependentes entre o sujeito conhecedor e o 
objeto a conhecer. Esses fatores que são complementares envolvem mecanismos bastante complexos e 
intrincados que englobam o entrelaçamento de fatores que são complementares, tais como: o processo 
de maturação do organismo, a experiência com objetos, a vivência social e, sobretudo, a equilibração do 
organismo ao meio. 
O conceito de equilibração torna-se especialmente marcante na teoria de Piaget pois ele representa o 
fundamento que explica todo o processo do desenvolvimento humano. Trata-se de um fenômeno que 
tem, em sua essência, um caráter universal, já que é de igual ocorrência para todos os indivíduos da 
espécie humana mas que pode sofrer variações em função de conteúdos culturais e do meio em que o 
indivíduo está inserido. Nessa linhade raciocínio, o trabalho de Piaget leva em conta a atuação de dois 
elementos básicos ao desenvolvimento humano: os fatores invariantes e os fatores variantes. 
a. Os fatores invariantes: Piaget postula que, ao nascer, o indivíduo recebe como herança uma série 
de estruturas biológicas - sensoriais e neurológicas - que permanecem constantes ao longo da sua vida. 
São essas estruturas biológicas que irão predispor o surgimento de certas estruturas mentais. Em vista 
disso, na linha piagetiana, considera-se que o indivíduo carrega consigo duas marcas inatas que são a 
tendência natural à organização e à adaptação, significando entender, portanto, que, em última instância, 
o 'motor' do comportamento do homem é inerente ao ser. 
b. Os fatores variantes: são representados pelo conceito de esquema que constitui a unidade básica 
de pensamento e ação estrutural do modelo piagetiano, sendo um elemento que se transforma no 
processo de interação com o meio, visando à adaptação do indivíduo ao real que o circunda. Com isso, 
a teoria psicogenética deixa à mostra que a inteligência não é herdada, mas sim que ela é construída no 
processo interativo entre o homem e o meio ambiente (físico e social) em que ele estiver inserido. 
Em síntese, pode-se dizer que, para Piaget, o equilíbrio é o norte que o organismo almeja mas que 
paradoxalmente nunca alcança, haja vista que no processo de interação podem ocorrer desajustes do 
meio ambiente que rompem com o estado de equilíbrio do organismo, eliciando esforços para que a 
adaptação se restabeleça. Essa busca do organismo por novas formas de adaptação envolvem dois 
mecanismos que apesar de distintos são indissociáveis e que se complementam: a assimilação e a 
acomodação. 
A assimilação consiste na tentativa do indivíduo em solucionar uma determinada situação a partir da 
estrutura cognitiva que ele possui naquele momento específico da sua existência. Representa um 
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processo contínuo na medida em que o indivíduo está em constante atividade de interpretação da 
realidade que o rodeia e, consequentemente, tendo que se adaptar a ela. Como o processo de 
assimilação representa sempre uma tentativa de integração de aspectos experienciais aos esquemas 
previamente estruturados, ao entrar em contato com o objeto do conhecimento o indivíduo busca retirar 
dele as informações que lhe interessam deixando outras que não lhe são tão importantes, visando sempre 
a restabelecer a equilibração do organismo. 
A acomodação, por sua vez, consiste na capacidade de modificação da estrutura mental antiga para 
dar conta de dominar um novo objeto do conhecimento. Quer dizer, a acomodação representa "o 
momento da ação do objeto sobre o sujeito" emergindo, portanto, como o elemento complementar das 
interações sujeito-objeto. 
Em síntese, toda experiência é assimilada a uma estrutura de ideias já existentes (esquemas) podendo 
provocar uma transformação nesses esquemas, ou seja, gerando um processo de acomodação. 
Como observa Rappaport, os processos de assimilação e acomodação são complementares e acham-
se presentes durante toda a vida do indivíduo e permitem um estado de adaptação intelectual (...) É muito 
difícil, se não impossível, imaginar uma situação em que possa ocorrer assimilação sem acomodação, 
pois dificilmente um objeto é igual a outro já conhecido, ou uma situação é exatamente igual a outra. 
Vê-se nessa ideia de "equilibração" de Piaget a marca da sua formação como biólogo que o levou a 
traçar um paralelo entre a evolução biológica da espécie e as construções cognitivas. 
Dessa perspectiva, o processo de equilibração pode ser definido como um mecanismo de organização 
de estruturas cognitivas em um sistema coerente que visa a levar o indivíduo a construção de uma forma 
de adaptação à realidade. Haja vista que o "objeto nunca se deixa compreender totalmente", o conceito 
de equilibração sugere algo móvel e dinâmico, na medida em que a constituição do conhecimento coloca 
o indivíduo frente a conflitos cognitivos constantes que movimentam o organismo no sentido de resolvê-
los. 
Em última instância, a concepção do desenvolvimento humano, na linha piagetiana, deixa ver que é 
no contato com o mundo que a matéria bruta do conhecimento é 'arrecadada', pois que é no processo de 
construções sucessivas resultantes da relação sujeito-objeto que o indivíduo vai formar o pensamento 
lógico. 
É bom considerar, ainda, que, na medida em que toda experiência leva em graus diferentes a um 
processo de assimilação e acomodação, trata-se de entender que o mundo das ideias, da cognição, é 
um mundo inferencial. Para avançar no desenvolvimento é preciso que o ambiente promova condições 
para transformações cognitivas, id est, é necessário que se estabeleça um conflito cognitivo que demande 
um esforço do indivíduo para superá-lo a fim de que o equilíbrio do organismo seja restabelecido, e assim 
sucessivamente. 
 No entanto, esse processo de transformação vai depender sempre de como o indivíduo vai elaborar 
e assimilar as suas interações com o meio, isso porque o estado conquistado na equilibração do 
organismo reflete as elaborações possibilitadas pelos níveis de desenvolvimento cognitivo que o 
organismo detém nos diversos estágios da sua vida. 
Deste modo, por toda a vida do indivíduo ele passa por processos de assimilação e acomodação 
buscando atingir o estado de equilibração, porém a conquista desse estado está diretamente relacionada 
com os níveis de desenvolvimento do indivíduo nos diversos estágios de sua vida. 
A esse respeito, para Piaget, os modos de relacionamento com a realidade são divididos em 4 períodos 
distintos, no processo evolutivo da espécie humana que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo 
consegue fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de 
desenvolvimento. São eles: 
 
- 1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos) 
- 2º período: Pré-operatório (2 a 7 anos) 
- 3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos) 
- 4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante) 
 
Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de organização mental que possibilitam 
as diferentes maneiras do indivíduo relacionar-se com a realidade que o rodeia. De uma forma geral, 
todos os indivíduos passam por esses períodos na mesma sequência, porém o início e o término de cada 
uma delas pode sofrer variações em função das características da estrutura biológica de cada indivíduo 
e da riqueza (ou não) dos estímulos proporcionados pelo meio ambiente em que ele estiver inserido. Por 
isso mesmo é que esta forma de divisão nessas faixas etárias é uma referência, e não uma norma rígida. 
 
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Os Estágios Cognitivos Segundo Piaget17 
Piaget, quando descreve a aprendizagem, tem um enfoque diferente do que normalmente se atribui à 
esta palavra. Piaget separa o processo cognitivo inteligente em duas palavras: aprendizagem e 
desenvolvimento. Para Piaget, segundo Macedo, a aprendizagem refere-se à aquisição de uma resposta 
particular, aprendida em função da experiência, obtida de forma sistemática ou não. Enquanto que o 
desenvolvimento seria uma aprendizagem de fato, sendo este o responsável pela formação dos 
conhecimentos. 
 
Sensório-motor 
Para Piaget o universo que circunda a criança é conquistado mediante a percepção e os movimentos 
(como a sucção, o movimento dos olhos, por exemplo). 
Neste estágio, a partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação 
para assimilar mentalmente o meio, é nesse período que a criança começa a discriminar ainda que de 
forma pouco desenvolvida o meio que o cerca. 
Segundo Lopes, as noções de espaço e tempo são construídas pela ação, configurando assim, uma 
inteligência essencialmente prática, ou seja, é no contato direto com o objeto que o bebe começa

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