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O Que é Comer Limpo Navegando Por Uma Tendência Nutricional Controversa

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O Que é “Comer Limpo”? Navegando Por Uma Tendência
Nutricional Controversa
Nossa Pesquisa de Alimentos e Saúde de 2017 revelou uma descoberta desconcertante: a maioria dos
consumidores – quase oito em 10 ou 78% – afirmam que encontram muitas informações conflitantes sobre
o que comer ou o que evitar; mais da metade (56%) afirma que as informações conflitantes os fazem
duvidar das escolhas alimentares que fazem. Inicialmente, essa afirmação pode parecer normal na era da
informação, mas não podemos ignorá-la. Como podemos tomar decisões informadas sobre alimentos se
não podemos separar os fatos da ficção, ou se não concordamos sobre o que é verdade? Essas são
questões importantes que tanto os comunicadores de nutrição quanto os consumidores comuns precisam
considerar.
Um dos tópicos mais controversos em nutrição é o conceito do “comer limpo”. O que é? Onde isso
começou? E se não estivermos comendo limpo…. estamos comendo sujo?
O Que é Comer Limpo?
Estamos há pouco mais de uma década na era do comer limpo, que foi introduzido pela primeira vez em
2007 por um preparador físico canadense que enfatizou a importância de evitar alimentos
processados. Então, em 2009, um cardiologista aposentado promoveu a “desintoxicação natural” do corpo
por meio de uma dieta de eliminação vigorosa e muitos líquidos.
Atualmente, ainda não existe uma definição clara ou regulamentada para o comer limpo. O IFIC tentou
entender melhor o que os consumidores querem dizer quando se trata de “limpo” por meio da Pesquisa de
https://foodinsight.org/2017-food-and-health-survey-a-healthy-perspective-understanding-american-food-values/
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junho de 2021: Do “Parece Químico” ao “Limpo”: Perspectivas do Consumidor sobre Ingredientes
Alimentares. Na pesquisa, verificamos que quase metade dos consumidores se consideram comedores
“limpos”. Quando questionados sobre o que isso significava, um em cada cinco entrevistados – 21%,
classificou “comer alimentos que não são altamente processados” como sua principal definição para o
termo; quase metade – 49%, classifica o termo entre os três primeiros. Outros 14% dos que se
autodenominam comedores limpos definiram o termo como comer alimentos encontrados na seção de
produtos frescos; 13% como comer alimentos orgânicos, 11% como comer alimentos com listas de
ingredientes simples e 9% definiram o termo como comer alimentos com ingredientes que eles consideram
simplesmente “limpos”.
Além disso, a pesquisa constatou que quase dois terços – 63% dos adultos responderam que os
ingredientes de um alimento ou bebida têm pelo menos uma influência moderada sobre o que
compram. Mais especificamente, os americanos preferem escolher ingredientes que pareçam limpos e
evitam ingredientes que pareçam químicos. No entanto, mais de quatro em cada dez entrevistados – 42%
concordaram que adicionar conservantes aos alimentos é uma forma de ajudar a reduzir o desperdício de
alimentos; 21% discordaram e 39% concordam que adicionar um ingrediente a um alimento seria positivo
se estendesse sua vida útil, porém 23% discordaram.
O Risco de Um Movimento Enredado Pela Confusão
O que quer que você escolha rotular – seja comer menos alimentos processados, evitar ingredientes que
você não consegue entender na lista de ingredientes em um produto, preferindo uma dieta apenas de
alimentos in natura, as estatísticas de 2017 não podem ser ignoradas; ainda existe uma abundância de
informações conflitantes sobre as tendências nutricionais, como alimentação saudável na internet, e isso
tem consequências.
A falta de clareza em relação ao comer limpo, juntamente com a tendência desse movimento de rotular
certos alimentos ou ingredientes como “bons” e outros como “ruins”, coloca seus adeptos em um risco
particular que é o de uma obsessão doentia com o que comer.
Já falamos sobre como a pressão para comer de determinada maneira pode causar ansiedade ou
preocupação excessiva com a alimentação, como acontece com a maioria dos planos alimentares
restritivos. Mesmo com a melhor das intenções, o “comer limpo” pode ser confundido com quem pode
consumir a lista mais purista de ingredientes; e, na busca da perfeição, esquecemos que a maioria dos
alimentos foi processada de alguma forma. O que comemos precisa ser compreendido e escolhido no
contexto de nossa dieta total, não isoladamente.
Dessa fascinação por uma alimentação saudável, surgiu um novo tipo de distúrbio – a ortorexia. Embora a
ortorexia ainda não tenha sido oficialmente classificada como transtorno alimentar pelo Manual de
Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM na sigla em inglês), é uma condição séria que, de
acordo com a National Eating Disorders Association, causa uma fixação em uma alimentação adequada ou
saudável. Indivíduos que lutam contra a ortorexia podem experimentar uma fixação em comer “puro” tão
forte que prejudica seu estado físico e psicológico. Lamentavelmente, um estudo constatou que quase
https://foodinsight.org/wp-content/uploads/2021/06/Food-Ingredients-LSI-Survey.May-2021.pdf
https://watermark.silverchair.com/z4w00605001347.pdf?token=AQECAHi208BE49Ooan9kkhW_Ercy7Dm3ZL_9Cf3qfKAc485ysgAAAaowggGmBgkqhkiG9w0BBwagggGXMIIBkwIBADCCAYwGCSqGSIb3DQEHATAeBglghkgBZQMEAS4wEQQM3hh15DYH5cqTRBztAgEQgIIBXVT_1z56RmSJLC8cvZdESzZrtWjhb04Y1l8pODknKJnzUAoZfHr3lRDHBj7v1KAqawgDR_i2tHxkc-vW1uvB2LMsKSKRo_8pRs_-HT4UeviaAcMy3SPELXyR0lLKah1dxL_fp1WgAnWmHe9DhO2yaOd8uO5N8cy81kdnD4C5cw1jhIy40DwvYIowv78143FHKHwBVg8I_qR5ccPEaqWGitq6bMjcNTF__A5c5-Z_y97G984DDkPa8a5Txfy6rqqa-57tYCr3IcA6LbITxa6ntlKIItOuolTyaNQ-rgNs8_8ykbege5PJtkvMTekCGB1NYfmXjXVTqq2Sfi5PSp9wKNOkg2-Hiu8opXYUJfPQd69P7YVdJUhU_OByn__IzKjcW0u5XcJwLtMhxQy-hlHHo0uXXsAMApF6BT_m-gflKWqnza-IBVFKXETJnScSuL9EpUwj069tOD0RrUNqFFg
https://foodinsight.org/process-this/
http://www.psychiatry.org/practice/dsm
https://www.nationaleatingdisorders.org/learn/by-eating-disorder/other/orthorexia
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5623148/
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metade dos profissionais nutricionistas – os especialistas em educação e ciência da nutrição – correm o
risco de ter ortorexia.
Fique Com o Que é Útil, e Deixe de Lado o Que Não é
Então, onde isso nos leva? Na era do comer limpo, como podemos equilibrar o desejo de comer de maneira
saudável sem cruzar a linha da obsessão?
Podemos começar sendo claros sobre o que queremos dizer quando usamos certas frases. Em vez de dizer
“Quero comer comida limpa”, diga “Quero comer mais frutas e hortaliças” ou “Quero aprender mais sobre
sobre os ingredientes dos produtos da minha alimentação que não conheço”. Essas avaliações honestas
podem nos ajudar a entender o que realmente nos deixa confusos ou o que procuramos nos alimentos que
consumimos.
Também podemos lembrar que a comida é apenas uma parte da nossa saúde; uma importante parte, mas
ainda assim, apenas uma parte. Se você pensa na saúde como um grande gráfico em pizza, considere que
se concentrar demais em uma fatia prejudicará a capacidade de reconhecer de maneira saudável o valor
das outras fatias, como saúde emocional, espiritual, mental ou social.
Equilibrar uma alimentação saudável também significa aprender a checar nossas fontes de informação. Se
você encontrar alguma informação sobre um alimento ou ingrediente que o confunda, você não precisa
aceitá-la como um fato; você pode e deve falar com um nutricionista ou outro profissional especialista em
nutrição. Por último, tenha em mente esta dica; fique com o que é útil, e deixe de lado o que não é.

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