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História do SUS e leis orgânicas da saúde

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 Natalia Quintino Dias 
 
História do SUS e leis orgânicas da saúde 
Reforma sanitária – 1970 
Excludente → universal 
Todos deveriam ter acesso à assistência. 
Privatista → participação social 
Os usuários deveriam participar da elaboração e 
fiscalização dos programas e atividades. 
Curativista → preventivo 
Deveríamos passar a nos preocupar com a 
prevenção de doenças e promoção de saúde. 
Centralizado → descentralizado 
Constituição federal de 1988 
Estabeleceu a saúde como direito social: direito de 
todos e dever do Estado. 
Implementou um sistema de saúde nacional, único 
e organizado; 
Formulou os princípios, o modelo de 
financiamento e de gestão desse sistema. 
O Sistema Único de Saúde, entretanto, só foi 
efetivamente fundado e operacionalizado pela Lei 
nº 8.080, em 1990. 
Considera-se a implementação das Leis Orgânicas 
da Saúde como o marco do “nascimento” do SUS. 
Leis orgânicas da saúde 
Lei nº 8.080/1990 
“A saúde é um direito fundamental do ser humano, 
devendo o Estado prover as condições 
indispensáveis ao seu pleno exercício". 
A lei: “Dispõe sobre as condições para a promoção, 
proteção e recuperação da saúde, a organização 
dos serviços correspondentes e dá outras 
providências”. 
Deveres do estado 
-- Reduzir riscos de agravos; 
-- Estabelecer condições para acesso universal, 
promoção, proteção e recuperação; 
-- Não exclui deveres de outros agentes (família, 
empresas, sociedade etc.). 
Objetivos do SUS 
-- Identificar fatores determinantes e 
condicionantes de saúde; 
-- Formular políticas; 
-- Dar assistência (promoção, proteção e 
recuperação). 
Campos de atuação 
• vigilância sanitária; 
• vigilância epidemiológica; 
• saúde do trabalhador; 
• assistência terapêutica; 
• orientação alimentar; 
• proteção do meio ambiente; 
• desenvolvimento científico. 
Princípios do SUS 
1. Universalidade: todos têm acesso aos serviços 
em qualquer nível de assistência. 
2. Integralidade: conjunto articulado de ações e 
serviços curativos e preventivos, individuais e 
coletivos. Basicamente, deve considerar todos os 
aspectos que podem influenciar a saúde de um 
indivíduo. 
3. Autonomia: as pessoas têm autonomia na defesa 
de sua integridade física e moral. 
4. Igualdade: assistência sem preconceitos ou 
privilégios. 
5. Direito à informação: as pessoas têm direito à 
informação sobre sua saúde. 
6. Divulgação de informações: a sociedade tem o 
direito de saber sobre políticas e serviços do 
sistema. 
7. Utilização da epidemiologia para estabelecer 
prioridades: são os dados da própria população 
que devem guiar as ações. 
8. Participação da comunidade: usuários devem 
participar das decisões (mais bem explorado na Lei 
nº 8.142). 
9. Descentralização: esferas estaduais e municipais 
atuam ativamente. 
10. Integração saúde-ambiente-saneamento. 
11. Conjugação de recursos: conjugação entre 
esferas do poder de recursos tecnológicos, 
financeiros, humanos etc. 
12.Resolubilidade. 
13. Evitar duplicidade de meios: evitar meios 
diferentes para alcançar a mesma finalidade. 
14. Atendimento específico para mulheres e 
vítimas de violência. 
Equidade: foi discutido posteriormente. Definido 
como necessidade de tratar os diferentes de forma 
diferente. O objetivo deste princípio é a redução 
das desigualdades, reconhecendo as diferenças 
nas condições de vida e de saúde das pessoas, 
devendo o sistema ser capaz de atender à 
diversidade. 
 
 Natalia Quintino Dias 
 
Princípios doutrinários 
• Universalidade; 
• Integralidade; 
• Equidade. 
Princípios organizativos 
• Participação social; 
• Resolubilidade; 
• Complementariedade do setor privado; 
• Descentralização; 
• Regionalização (garantia do direito à saúde da 
população, reduzindo as desigualdades sociais 
e territoriais por meio da identificação e 
reconhecimento das regiões de saúde); 
• Hierarquização (divisão da assistência em 
níveis de atenção: atenção primária, 
secundária e terciária). 
Da organização, direção e gestão 
União → Ministério da Saúde; 
Estados → secretarias estaduais de saúde; 
Municípios → secretarias municipais de saúde. 
Da competência e das atribuições 
Comuns (união, estados e municípios) 
Controle e avaliação da qualidade da assistência; 
Gestão de recursos; 
Saúde do trabalhador; 
Proteção ao meio ambiente; 
Implementação do Sistema Nacional de Sangue, 
hemocomponentes e hemoderivados; 
Estabelecimento e cumprimento dos padrões 
éticos; 
Fomento ao ensino e à pesquisa. 
União 
Formular políticas sobre meio ambiente, 
saneamento, alimentação e trabalho; 
Definir e coordenar os sistemas de saúde; 
Definir normas sobre meio ambiente, trabalho, 
vigilância epidemiológica e sanitária, qualidade de 
serviços, produtos e profissionais; 
Estabelecer critérios de avaliação; 
Promover a descentralização; 
Elaborar planejamentos futuros; 
Executar vigilância em portos, aeroportos e 
fronteiras; 
A União pode executar ações de vigilância em 
circunstâncias especiais (covid-19, por exemplo). 
A União basicamente ELABORA e DEFINE. 
 
Estados 
Descentralização para municípios; 
Apoio técnico e financeiro aos municípios; 
Coordenar ações de vigilância epidemiológica e 
sanitária, alimentação e saúde do trabalhador; 
Gerir sistemas públicos de alta complexidade; 
Coordenar rede de laboratórios e hemocentros; 
Formular e estabelecer normas em caráter 
suplementar. 
Estados, basicamente, AUXILIAM e COORDENAM. 
Municípios 
Gerir e executar os serviços públicos de saúde; 
Participar do planejamento de ações; 
Executar serviços de vigilância, saneamento, saúde 
do trabalhador, alimentação, nutrição e atenção 
primária; 
Executar políticas de insumos; 
Controlar e fiscalizar o serviço privado. 
Municípios PARTICIPAM e EXECUTAM. 
Lei nº 8.142/1990 
“Dispõe sobre a participação da comunidade na 
gestão do SUS e sobre as transferências 
intergovernamentais de recursos financeiros na 
área da saúde e dá outras providências”. 
2 principais pontos dessa lei: participação da 
comunidade; transferência de recursos. 
Participação da comunidade: Conselho de Saúde; 
Conferências de Saúde. 
Conferências de Saúde 
● Reúnem-se a cada quatro anos; 
● Contam com representação de vários 
segmentos: 
-- 50% dos representantes são usuários do sistema 
de saúde (representação paritária de usuários). 
● Avaliam a situação de saúde; 
● Propõem e formulam políticas de saúde; 
-- São convocadas pelo poder executivo: 
● Extraordinariamente podem ser convocadas 
pelos Conselhos de Saúde. 
Têm conferências nos níveis municipal, estadual e 
nacional. 
Conselhos de saúde 
● contam com representação de vários segmentos: 
-- 50% são usuários do sistema de saúde. 
● reúnem-se mensalmente; 
● formulam estratégias; 
● controlam a execução das políticas de saúde; 
 Natalia Quintino Dias 
 
● têm caráter permanente e deliberativo. 
Têm conselhos nos níveis local, municipal, estadual 
e nacional. 
Conselho Nacional de Saúde 
Representação 
● Conselho Nacional de Secretários de Saúde 
(CONASS); 
● Conselho Nacional de Secretários Municipais de 
Saúde (CONASEMS); 
● 50% de usuários. 
Fundo Nacional de Saúde 
O Fundo Nacional de Saúde foi implementado a 
partir dessa lei. É nesse fundo que fica o dinheiro 
que deve ser usado para: 
● despesas de custeio e capital do Ministério da 
Saúde; 
● investimentos previstos em lei orçamentária; 
● investimentos previstos no Plano Quinquenal 
(plano de governo de Fernando Collor); 
● cobertura de ações e serviços de saúde a serem 
implementados por municípios, Estados e DF: 
-- Repasse regular e automático; 
-- 70% do total deve ser destinado aos municípios; 
-- Municípios podem estabelecer consórcios. 
Critérios para repasse desse valor: 
● Perfil demográfico e epidemiológico da 
população; 
● Características da rede de saúde na área; 
● Desempenho técnico, econômico e financeiro no 
período anterior.Para receberem esses recursos, os Estados, 
municípios e DF devem ter, entre outros: fundo de 
saúde; conselho de saúde; plano para a saúde na 
localidade; relatórios de gestão. 
Sistema de saúde suplementar 
O setor de saúde suplementar é composto por 
operadoras de planos privados de assistência à 
saúde, por uma rede de prestadores de serviços 
(hospitais, clínicas, laboratórios e consultórios) e 
pelos beneficiários de planos de saúde. 
Lei nº 8.080 – em relação aos serviços privados de 
assistência à saúde 
"Art. 20. Os serviços privados de assistência à 
saúde caracterizam-se pela atuação, por iniciativa 
própria, de profissionais liberais, legalmente 
habilitados, e de pessoas jurídicas de direito 
privado na promoção, proteção e recuperação da 
saúde. 
Do funcionamento 
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa 
privada. 
Art. 22. Na prestação de serviços privados de 
assistência à saúde, serão observados os princípios 
éticos e as normas expedidas pelo órgão de direção 
do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às 
condições para seu funcionamento. 
Art. 23. É vedada a participação direta ou indireta 
de empresas ou de capitais estrangeiros na 
assistência à saúde, salvo através de doações de 
organismos internacionais vinculados à 
Organização das Nações Unidas, de entidades de 
cooperação técnica e de financiamento e 
empréstimos. 
§ 1º. Em qualquer caso é obrigatória a autorização 
do órgão de direção nacional do Sistema Único de 
Saúde (SUS), submetendo-se a seu controle as 
atividades que forem desenvolvidas e os 
instrumentos que forem firmados. 
§ 2º. Excetuam-se do disposto neste artigo os 
serviços de saúde mantidos, em finalidade 
lucrativa, por empresas, para atendimento de seus 
empregados e dependentes, sem qualquer ônus 
para a seguridade social". 
Da participação complementar 
"Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem 
insuficientes para garantir a cobertura assistencial 
à população de uma determinada área, o Sistema 
Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços 
ofertados pela iniciativa privada. 
Parágrafo único. A participação complementar dos 
serviços privados será formalizada mediante 
contrato ou convênio, observadas, a respeito, as 
normas de direito público. 
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as 
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos 
terão preferência para participar do Sistema Único 
de Saúde”. 
Marcos regulatórios 
Lei nº 9.961/2000: Criação da Agência Nacional de 
Saúde Suplementar (ANS), autarquia vinculada ao 
Ministério da Saúde para defender o interesse 
público na assistência à saúde suplementar. 
Competências da ANS 
● definição e regulamentação da conceituação de 
doenças e lesões preexistentes, para fins de planos 
e seguros de saúde; 
 Natalia Quintino Dias 
 
● definição de rol de procedimentos de cobertura 
mínima obrigatória; 
● criação de regras para a manutenção do plano de 
saúde para aposentados e demitidos; 
● definição de regras para ressarcimento ao SUS, 
dos eventos cobertos pelos produtos 
comercializados que foram financiados pelo SUS; 
● obrigação de as operadoras prorrogarem 
automaticamente os contratos e planos de saúde, 
sem cobrança de taxas; 
● definição de faixas etárias para fins de reajuste, 
regulamentando preços em função da idade. 
Configurou-se de forma inequívoca a política de 
solidariedade na distribuição de receitas, não só 
entre doentes e sadios, mas também entre as 
diversas faixas etárias conhecida como “pacto 
intergeracional”; 
● definição do atendimento às urgências e 
emergências; 
● regulamentação do atendimento em urgências e 
emergências para os planos e seguros das diversas 
segmentações; 
● regulamentação dos reajustes nos preços dos 
planos de saúde.

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