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Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu - CESUFOZ 
Disciplina: Títulos de Crédito– Professora Cristina Delgado 
 1
CHEQUE 
 
 
 
 
Origem obscura, talvez grega, romana ou belga. Com as características atuais, surgiu no 
século XVIII na Inglaterra: ordens ou fórmulas em branco, destacadas de cadernos 
bancários, que eram distribuídas aos depositantes, para facilitar as retiradas. 
 
Natureza jurídica: questão controvertida. 
.Teoria contratualista: contrato sui generis, semelhante ao contrato de compra e venda de 
moedas. 
.Teoria de cessão: cessão no ato do depósito bancário. 
.Teoria do mandato: o emitente daria a ordem ao sacado de pagar ao beneficiário. 
 
Definição: 
Fran Martins: “É uma ordem de pagamento à vista dada por quem possui provisão em 
mãos do sacado, em favor do próprio ou de terceiros. O sacado, depositário da provisão 
do sacador, ao pagar o cheque, apenas cumpre a obrigação de devolver as importâncias 
que lhe foram confiadas, atendendo, assim, à determinação do depositante.1 Não deve, 
desse modo, em princípio, o cheque ser considerado um verdadeiro título de crédito, já 
que o fator crédito não existe de modo abstrato e sim está ligado à circunstância de 
possuir o sacado, a quem a ordem de pagamento é dada, importâncias que na realidade 
pertencem ao depositante. No entanto o cheque se beneficia de princípios e institutos 
próprios dos títulos de crédito, podendo circular através do endosso. Havendo circulação, 
aparece o elemento crédito, ficando o endossante vinculado à responsabilidade do 
pagamento da importância mencionada no documento. Por essa razão, o cheque tem sido 
considerado um título de crédito impróprio” (grifei). 
 
Legislação: Lei Uniforme sobre Cheques – Convenção de Genebra, de 19.03.1931, 
promulgada pelo Brasil pelo Decreto 57.595/1966, com 24 reservas. Lei 7.357/1985. 
 
 
 
1 Lei 7.357/1985 - art. 4º. O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar autorizado a 
sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito. A infração desses preceitos não 
prejudica a validade do título como cheque. § 1º - A existência de fundos disponíveis é verificada no 
momento da apresentação do cheque para pagamento. § 2º - Consideram-se fundos disponíveis: a) os 
créditos constantes de conta corrente bancária não subordinados a termo; b) o saldo exigível de conta 
corrente contratual; c) a soma proveniente de abertura de crédito. 
 
 
Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu - CESUFOZ 
Disciplina: Títulos de Crédito– Professora Cristina Delgado 
 2
 
 Sacador = emitente, devedor principal. 
Figuras intervenientes Sacado = o banco. 
 Beneficiário = o credor do cheque. 
 
 
Requisitos: 
a) denominação cheque inscrita no contexto do título e na língua em que foi redigido; 
b) ordem incondicional de pagar quantia determinada; 
c) nome do banco ou instituição financeira que deve pagar (sacado); 
d) local do pagamento; 
e) data e local da emissão; 
f) assinatura do emitente (sacador) ou de mandatário com poderes especiais (admite-
se chancela2 ou processo equivalente). 
 
Formas de emissão do cheque: 
1 – Nominativo à ordem: emitido em favor de determinada pessoa e com permissão ao 
beneficiário para transmiti-lo a terceiro, mediante endosso. 
2 – Nominativo com cláusula não à ordem: emitido em favor de determinada pessoa, devendo 
ser pago unicamente ao beneficiário expressamente designado. Sua transferência a terceiro só 
pode ser feita mediante cessão civil, o que faz que seja extinta a sua eficácia executiva. 
3 – Ao portador3: 
a) não designa o beneficiário e é pagável a quem o apresentar ao banco sacado. É transmissível 
pela simples traditio e sua posse legitima a propriedade; 
b) designa o beneficiário, acrescido da expressão ou ao portador; 
c) quando o cheque nominal é endossado em branco pelo beneficiário. 
 
Previsão legal do princípio da autonomia: prevalência da vontade dos coobrigados mesmo 
havendo nulidades. 
Art. 13 As obrigações contraídas no cheque são autônomas e independentes. Parágrafo único - A assinatura 
de pessoa capaz cria obrigações para o signatário, mesmo que o cheque contenha assinatura de pessoas 
incapazes de se obrigar por cheque, ou assinaturas falsas, ou assinaturas de pessoas fictícias, ou 
assinaturas que, por qualquer outra razão, não poderiam obrigar as pessoas que assinaram o cheque, ou 
em nome das quais ele foi assinado. 
 
Avalista: será qualquer pessoa que assinar no anverso do cheque, excetuando-se obviamente o 
emitente. 
Art. 30 O aval é lançado no cheque ou na folha de alongamento. Exprime-se pelas palavras ‘’por aval’’, ou 
fórmula equivalente, com a assinatura do avalista. Considera-se como resultante da simples assinatura do 
avalista, aposta no anverso do cheque, salvo quando se tratar da assinatura do emitente. 
 
Pagamento parcial do cheque: 
direito praticamente desconhecido do público em geral. 
 
Art. 38 O sacado pode exigir, ao pagar o cheque, que este lhe seja entregue quitado pelo portador. Parágrafo 
único. O portador não pode recusar pagamento parcial, e, nesse caso, o sacado pode exigir que esse 
pagamento conste do cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação. 
 
 
2 Chancela: gravura da assinatura ou assinatura mecanizada, registrada em Cartório de Registro de Títulos e 
Documentos. Procedimento padronizado pela Resolução 885/1983, do Banco Central. 
 
3 Lei 8.088/1990, art. 19: Todos os títulos, valores mobiliários e cambiais serão sempre sob a forma 
nominativa, sendo transmissíveis somente por endosso em preto. Lei 9.069/1995, art. 69: A partir de 1º de 
julho de 1994, fica vedada a emissão, pagamento e compensação de cheque de valor superior a R$ 100,00 
(cem reais), sem identificação do beneficiário. Crítica: ambas as leis violaram a Convenção de Genebra, pois 
Tratado Internacional é uma forma de Direito especial que só pode ser revogado através de procedimento 
especial (denúncia). 
 
Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu - CESUFOZ 
Disciplina: Títulos de Crédito– Professora Cristina Delgado 
 3
 
 
Verificação de regularidade do cheque: 
1 - O banco responde pelo pagamento de cheque falso, falsificado ou adulterado, salvo em caso 
de dolo ou culpa do correntista, do endossante ou beneficiário, dos quais poderá reaver o que 
pagou. 
2 – O banco deve verificar a regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das 
assinaturas dos endossantes. 
 
PRAZOS DE VALIDADE 
 
Prazo de apresentação (em guichê ou na câmara de compensação): 
 30 dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; 
 60 dias, quando emitido em outro lugar do país, ou no exterior. 
 
Prescrição (da ação executiva): seis meses da data de expiração do prazo de apresentação. 
 
Ação de locupletamento Ilícito (enriquecimento sem causa). Pressuposto fundamental: 
enriquecimento indevido do emitente e outros obrigados, em detrimento do credor de um 
cheque. 
Aplica-se ao titular do cheque que tenha perdido o prazo para ajuizar ação de execução 
por título extrajudicial (ação cambial). Prescreve em dois anos, contados do dia em que se 
consumar a prescrição da ação executiva. 
Requisitos: 
 Enriquecimento patrimonial do réu; 
 Empobrecimento patrimonial do autor; 
 Nexo causal entre esse enriquecimento e empobrecimento; 
 Falta de justa causa ou motivo. 
 
Diferenças entre 
Sustação4 (oposição): fundada em relevante 
razão de direito; só pode ser feita dentro do 
prazo de apresentação; produz efeito imediato; 
legitimados: emitente e portador legitimado. 
Não cabe ao banco a relevância da oposição. 
Contraordem5 (revogação): realizada pelo 
emitente por escrito; só pode ser feita depois de 
expirado o prazo de apresentação; ato do 
emitente. 
É direito do cliente. 
 
Cheque pós-datado (vulgarmente chamado pré-datado): com data posterior à data em 
que foi efetivamente emitido. Deixa de ser uma ordem, para ser uma promessa depagamento. Para as partes perde as características de cheque e torna-se um documento 
de crédito. Se apresentado ao banco pelo credor antes da data acordada, viola um ajuste 
entre as partes, o que pode ensejar ação de indenização por danos (materiais e/ou 
morais) contra o credor. O banco não poderá ser responsabilizado pelo pagamento, pois 
para a instituição financeira o cheque será sempre uma ordem de pagamento à vista. 
 
 
4 Art. 36 Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o 
pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito. § 1º A 
oposição do emitente e a revogação ou contraordem se excluem reciprocamente. § 2º Não cabe ao sacado 
julgar da relevância da razão invocada pelo oponente. 
5 Art. 35 O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de contraordem dada por aviso 
epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato. Parágrafo único - A 
revogação ou contraordem só produz efeito depois de expirado o prazo de apresentação e, não sendo 
promovida, pode o sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 
desta Lei. 
 
 
Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu - CESUFOZ 
Disciplina: Títulos de Crédito– Professora Cristina Delgado 
 4
Súmula 370, STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada do cheque pré-
datado. 
 
Possíveis prejuízos (morais e materiais) decorrentes da apresentação do cheque antes da 
data combinada: 
a) devolução por falta de provisão de fundos e pagamento de tarifas; 
b) inscrição do emitente nos cadastros negativos (Serasa, Bacen); 
c) recusa de fornecimento de talonário; 
d) utilização do cheque especial com juros elevados; 
e) encerramento da conta; e 
f) mesmo havendo fundos, os recursos em depósito poderiam se destinar a outro 
compromisso. 
 
 
Emissão de cheques sem fundos: 
a) crime tipificado no art. 171. §2º, VI, Código Penal6; 
b) em caso de cheque pós-datado desqualifica-se para estelionato comum, caput do 
art. 171, CP7. 
 
Cheque cruzado: duas linhas paralelas e transversais cortam o cheque, identificando-o 
como título destinado ao depósito em conta corrente. O cruzamento é irretratável. 
 
 
6 Art. 171, CP: Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo 
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco 
anos, e multa. § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: VI - emite cheque, sem suficiente provisão de 
fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. 
 
7 STJ (estelionato comum) 
O paciente entregou cheques a seu irmão e ele utilizou-os na aquisição de mercadorias junto à vítima, um 
comerciante. Sucede que os cheques foram sustados pelo paciente e, após, foram resgatados por seu irmão 
em troca de outros, emitidos por sua filha, sobrinha do paciente, cheques igualmente sustados, o que 
frustrou o pagamento em prejuízo, mais uma vez, da vítima. Ordem de habeas corpus foi impetrada no 
Tribunal de Justiça em favor da sobrinha, ao final concedida por tratar-se de cheques pré-datados entregues 
à vítima para saldar débito preexistente, o que afasta o estelionato. Nesta sede, a Turma, igualmente, 
entendeu conceder a ordem ao paciente e, por extensão, a seu irmão, visto que os cheques em questão 
foram emitidos em garantia de dívida (preexistente o débito), anotando que o paciente sequer era devedor, 
quanto mais que a própria vítima, em depoimento dado em juízo, afirmou tratar-se de cheques pré-datados 
(Súmula 246, STF comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem 
fundos). Precedente citado: RHC 20.600-GO, DJ 25/2/2008. HC 96.132-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado 
em 7/8/2008. 
DOUTRINA (estelionato comum): O cheque pós-datado é exemplo típico do desvirtuamento do cheque como 
ordem de pagamento à vista e, embora não se amolde no tipo penal em análise, pode a conduta, 
dependendo do caso concreto, configurar o estelionato comum, se o agente agiu com o dolo ab initio de 
lesar o sujeito passivo. Luiz Regis Prado 
STF (estelionato comum): O Supremo Tribunal Federal ao julgar uma extradição da Romênia, 
especificamente sobre a matéria em estudo, consignou: De fato, malgrado o cheque pré-datado ou pós-
datado perder a natureza de ordem de pagamento à vista para se transformar em mera promessa ou 
garantia de pagamento, tal situação, como visto, não afasta de modo geral e absoluto a tipificação do delito 
de estelionato. Ao emitir sucessivos cheques destituídos de fundos disponíveis no banco sacado e, ato 
contínuo, revender a mercadoria por preço menor para em seguida evadir-se - para o estrangeiro, frise-se - 
sem pagar as dívidas contraídas, o extraditando demonstrou à saciedade que o emprego destes cheques foi 
apenas o meio que encontrou para materializar o dolo específico de lesar as vítimas, elementos que impõem 
o reconhecimento da incidência - para fim da dupla tipicidade imprescindível à extradição - do caput do art. 
171 do Código Penal. (EXTR n. 1.254 rel. Min. Teori Zavascki, j. em 29/4/2014, DJUe de 29/4/2014)

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