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5 - Duplicata

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Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu - CESUFOZ 
Disciplina: Títulos de Crédito– Professora Cristina Delgado 
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DUPLICATA 
NOTA FISCAL: 
1. Documento obrigatório que comprova compra e venda ou prestação de serviços. 
2. Finalidade: controle de incidência de tributos. 
3. Emissão obrigatória. 
 
FATURA: 
1. Nota de vendedor contendo: número e valor da nota fiscal, quantidade, qualidade e 
descrição da mercadoria. 
2. Prova do contrato de compra e venda mercantil. 
3. Escrito unilateral do vendedor, que acompanha a mercadoria e deverá ser entregue ao 
comprador. 
4. Mercantil: de extração obrigatória para venda a prazo não inferior a trinta dias; de 
prestação de serviços: de extração facultativa. 
5. Convênio com a Fazenda Pública autoriza a inserção da fatura na própria nota fiscal 
(nota fiscal fatura). 
 
DUPLICATA: 
1. Título de crédito de emissão facultativa, que emerge de uma compra e venda mercantil 
ou da prestação de serviços.Emissão facultativa. 
2. Título brasileiro de criação indígena e difusa (Pontes de Miranda).1 
3. Prevista no Código Comercial de 1850, que autorizava duplicação da fatura e aplicação 
das mesmas regras a respeito das letras de câmbio. 
4. Objeto de inúmeras alterações legislativas posteriores. 
5. Legislação aplicável: Lei nº 5.474/1968, com alterações introduzidas pelo Decreto-lei nº 
436/1969. 
6. É um título causal, o que vale dizer: sem que tenha ocorrido a venda ou a prestação de 
serviços, é inexistente2. 
7. Não pode existir duplicata sem emissão anterior de uma fatura. 
 
Requisitos essenciais: 
1. Denominação “duplicata”, data de emissão e número de ordem; 
2. número da fatura; 
3. data certa do vencimento ou declaração de ser duplicata à vista; 
4. nome e domicílio de vendedor e do comprador; 
5. importância a pagar, em algarismos e por extenso; 
6. praça do pagamento; 
7. cláusula à ordem; 
8. declaração do reconhecimento de sua exatidão e da sua obrigação de pagá-la, a 
ser assinada pelo comprador, como aceite cambial; 
9. assinatura do emitente. 
Sacador: vendedor ou prestador de serviços. 
Figuras intervenientes: 
Sacado: comprador ou beneficiário do serviço. 
 
 
1 Há similares posteriores: Portugal extracto de factura, Itália fattura acettata, França borderô, Argentina 
facturas conformadas. 
2 Art. 172, CP - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em 
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e 
multa. 
 
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Observações: 
1 - o vendedor ou prestador de serviço será sempre empresário mercantil (individual ou coletivo) ou 
empresa prestadora de serviços; 
2 – a duplicata poderá ser garantida por avalista. 
 
Vencimentos – a duplicada pode ser passada: 
a) à vista – a ser paga no ato da apresentação; 
b) a dia certo – conterá data certa de vencimento; 
c) falência – produz vencimento antecipado das dívidas do falido; 
d) na recusa ou falta de aceite – a letra considera-se vencida. 
 
Remessa e devolução da duplicata: 
 O vendedor terá 30 dias da emissão, para remeter a duplicata ao comprador 
(diretamente ou através de instituições financeiras). 
 O comprador deverá devolver a duplicata em dez dias, com aceite (assinatura) ou sem 
aceite (com justificação da recusa por declaração escrita). 
 
ACEITE: Sendo um titulo causal, a duplicata só se revestirá de liquidez e certeza, após o aceite do 
comprador, reconhecendo a validade do débito. Antes do aceite não surte efeitos cambiários. A abstração 
decorre do aceite (desprende a duplicata de sua origem). 
1 – Recusa do aceite: o comprador poderá deixar de aceitar a duplicata pelos seguintes 
motivos: 
 a) avaria ou não-recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não 
entregues por sua conta e risco; 
 b) vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, 
devidamente comprovados; 
 c) divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 
2 - Duplicata sem aceite, mas acompanhada de comprovante de entrega da mercadoria enseja 
ação executiva: neste caso a nota de entrega da mercadoria supre o aceite, para efeito de 
ação judicial (execução singular e coletiva). 
3 – Suprimento do aceite: o comprador pode reter a duplicada, com consentimento do 
vendedor. Neste caso deverá comunicar ao credor por escrito. Esta comunicação substitui a 
duplicata no ato do protesto ou na ação executiva de cobrança. 
4 – Retenção indevida ou extravio: nestes casos o credor poderá emitir uma triplicata (duplicata 
da duplicata = triplicata da fatura). 
 
Pagamento: a prova do pagamento é o recibo firmado pelo credor (legítimo portador) ou seu 
representante: 
1 - no verso do título; 
2 - em documento em separado, com referência expressa à duplicata (admite-se autenticação 
mecânica). 
3 – liquidação de cheque, com referência à duplicata no verso. 
4 – O prazo do vencimento pode ser prorrogado, mediante declaração assinada pelo vendedor 
ou endossatário. Os coobrigados deverão anuir ou estarão liberados da obrigação. 
 
Protesto: é declaração solene, de caráter probatório, meio legal de assegurar o direito de 
regresso contra endossantes e avalistas. A duplicata é protestável por: 
a) falta de aceite; 
b) falta de devolução; 
c) falta de pagamento (o protesto por falta de aceite ou de devolução supre o protesto por falta 
de pagamento). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Boleto bancário pode ser usado para propor ação de execução (Fonte: STJ) 
 
Boletos de cobrança bancária e títulos virtuais suprem a ausência física do título cambial e 
podem constituir títulos executivos extrajudiciais. Para isso, eles precisam estar acompanhados 
dos instrumentos de protesto por indicação (sem apresentação da duplicata) e dos 
comprovantes de entrega da mercadoria ou da prestação dos serviços. 
O entendimento é da Terceira Turma do STJ. A tese foi debatida no julgamento de um recurso 
especial interposto pela Pawlowski e Pawlowski Ltda, contra acórdão que julgou válida a 
execução de título extrajudicial ajuizada pela Petrobrás Distribuidora S/A com vistas a receber 
R$ 202 mil pela venda de produtos lubrificantes devidamente entregues. 
A recorrente alega que o Tribunal de Justiça do Paraná não poderia ter aceitado a execução 
com base somente em boleto bancário acompanhado de notas fiscais e de comprovantes de 
entrega das mercadorias, sem indicar as duplicatas mercantis que tiveram origem no negócio 
celebrado entre as partes. 
Segundo o argumento da empresa, uma ação de execução não poderia ser embasada em 
boleto bancário ou título virtual, sendo indispensável a apresentação física do título. Isto porque 
boletos bancários seriam documentos atípicos e apócrifos, que não constam do rol taxativo do 
artigo 5853 do CPCivil, razão pela qual não serviriam para instruir uma execução de título 
extrajudicial. A empresa apontou no recurso ao STJ - responsável pela uniformização da 
jurisprudência no país acerca de lei federal - divergência entre o acórdão contestado e a 
jurisprudência do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. 
O Judiciário catarinense entende que boleto bancário, ainda que acompanhado dos 
instrumentos de protesto e dos comprovantes de entrega de mercadoria, não constitui 
documento hábil para a propositura de ação de execução de título extrajudicial. 
 
Duplicatas virtuais: A ministra Nancy Andrighi (relatora) constatou a divergência e fez 
algumas considerações antes de analisar o mérito do recurso. Lembrou que “a Lei das 
Duplicatas Mercantis (Lei n. 5.474/68) foi editada numa época na qual a criação e posterior 
circulação eletrônica de títulos de crédito eram inconcebíveis”. 
Ela ressaltou que a admissibilidade das duplicatas virtuais ainda é um tema polêmicona 
doutrina. Com base no ensinamento do professor Paulo Salvador Frontini, a ministra afirmou 
que “a prática mercantil aliou-se ao desenvolvimento da tecnologia e desmaterializou a 
duplicata, transformando-a ‘em registros eletromagnéticos, transmitidos por computador pelo 
comerciante ao banco. O banco, por seu turno, faz a cobrança mediante expedição de simples 
aviso ao devedor – os chamados boletos, de tal sorte que o título em si, na sua expressão de 
cártula, surgir se o devedor se mostrar inadimplente’”. 
Nancy Andrighi destacou ainda que o legislador, atento às alterações das práticas comerciais, 
regulamentou os títulos virtuais na Lei n. 9.492/974. Posteriormente, os títulos de crédito virtuais 
ou desmaterializados também foram reconhecidos no artigo 889, parágrafo 3º5, do Código Civil 
de 2002. “Verifica-se assim que as duplicatas virtuais encontram previsão legal, razão pela qual 
é inevitável concluir pela validade do protesto de uma duplicata emitida eletronicamente”, 
concluiu a ministra. Todos os ministros da Turma acompanharam o voto da relatora.” 
 
 
 
 
 
3 Substituído pelo artigo 784, do Código de Processo Civil de 2015. 
4 Lei 9.492/1997 (Define competência, regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títulos e 
outros documentos de dívida e dá outras providências) Art. 39. A reprodução de microfilme ou do 
processamento eletrônico da imagem, do título ou de qualquer documento arquivado no Tabelionato, 
quando autenticado pelo Tabelião de Protesto, por seu Substituto ou Escrevente autorizado, guarda o 
mesmo valor do original, independentemente de restauração judicial. 
5 Art. 889, CC. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que 
confere, e a assinatura do emitente. (...) § 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados 
em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os 
requisitos mínimos previstos neste artigo. 
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