Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DESCRIÇÃO Glândulas hipófise, tireoide e suprarrenal: funções e condições; fatores patológicos associados às alterações e principais achados laboratoriais dos hormônios sexuais, da gravidez, pancreáticos e metabolismo ósseo. Principais marcadores tumorais. PROPÓSITO Conhecer os principais mecanismos de ação e regulação das funções glandulares e seus marcadores séricos, do metabolismo mineral e ósseo, em seus estados basais e com alterações em condições patológicas. Conhecer os métodos usados para o diagnóstico de condições patológicas e apresentar os marcadores tumorais. Tal conhecimento é importante para que o profissional tenha propriedade de suas atividades exercidas no laboratório clínico, sendo capaz de realizá-las com caução e qualidade. PREPARAÇÃO Tenha em mãos um dicionário médico para consultar as doenças relatadas no tema. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever as funções das glândulas hipófise, tireoide e suprarrenal, as condições e fatores patológicos que alteram o seu funcionamento e os métodos de determinação laboratorial desses hormônios MÓDULO 2 Reconhecer as funções dos hormônios sexuais, da gravidez, pancreático e do metabolismo ósseo, as condições e fatores patológicos que alteram o seu funcionamento e os métodos de determinação laboratorial desses hormônios MÓDULO 3 Descrever o perfil dos marcadores tumorais mais comumente determinados no laboratório clínico INTRODUÇÃO A endocrinologia é o estudo das ações fisiológicas e patológicas dos hormônios, que são moléculas biologicamente ativas que influenciam e controlam diferentes funções metabólicas no organismo. Qualquer distúrbio no sistema endócrino que provoque um excesso ou deficiência hormonal pode levar a consequências significativas na fisiologia normal do organismo. Em tal contexto, o laboratório assume importante papel na avaliação dessas moléculas, contribuindo para o acompanhamento e diagnóstico dos distúrbios hormonais. Neste conteúdo, vamos identificar os principais conceitos correlatos às doenças da função glandular, visitando as principais glândulas endócrinas, seus hormônios e suas funções, além dos métodos de dosagem hormonal, bem como suas alterações e marcadores em condições basais e patológicas. Por fim, conheceremos os marcadores tumorais, moléculas presentes no sangue ou em outros líquidos biológicos, cujo aparecimento ou alteração em suas concentrações indiquem a formação ou crescimento de células neoplásicas. Vamos abordar as alterações séricas detectadas nesses marcadores, estudando o comportamento fisiológico e as correlações com a enfermidade apresentada. Vamos juntos? AVISO: orientações sobre unidades de medida ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA javascript:void(0) Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. MÓDULO 1 Descrever as funções das glândulas hipófise, tireoide e suprarrenal, as condições e fatores patológicos que alteram o seu funcionamento e os métodos de determinação laboratorial desses hormônios HIPÓFISE A hipófise, ou glândula pituitária, está localizada na base do cérebro e tem a função de regular o trabalho de outras glândulas, dentre elas a suprarrenal, tireoide, testículos e ovários. É responsável pela produção dos hormônios fundamentais à lactação (prolactina), o hormônio do crescimento (GH), o hormônio antidiurético (ADH) e a ocitocina, crucial para o trabalho de parto. Esses hormônios são responsáveis por controlar diferentes glândulas do nosso corpo. Por este motivo, a hipófise recebe o nome de glândula mestra. Esquema mostrando os hormônios pituitários e sua ação. Como podemos observar na figura, a hipófise é dividida anatomicamente em duas porções: a anterior e a posterior, ambas ligadas ao hipotálamo, que controla a hipófise pelos hormônios que atingem a hipófise anterior, via vasos sanguíneos, e a posterior, a partir de impulsos nervosos. Hipófise (glândula pituitária). Na hipófise, as enfermidades mais comuns são os tumores benignos, denominados adenomas. Além disso, outras doenças resultam de defeitos hereditários, alterações congênitas, traumatismos, sequelas de suprimento sanguíneo ou de tratamentos cirúrgicos, radioterápicos, sendo bastante raros os tumores malignos. Qualquer enfermidade que acometa essa glândula afeta diretamente a produção dos diferentes hormônios hipofisários, o que desregula várias outras glândulas do organismo. HIPÓFISE ANTERIOR OU ADENO-HIPÓFISE Hipófise anterior produz diversos hormônios peptídicos, com destaque para o hormônio estimulante da tireoide (TSH), prolactina (PRL), Hormônio folículo-estimulante (FSH), Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e Hormônio do crescimento (GH). Esses hormônios regulam as principais glândulas endócrinas periféricas e o crescimento e a lactação. Vamos conhecer um pouco mais sobre essa glândula? HORMÔNIO DE CRESCIMENTO (GH) E SOMATOMEDINA C (IGF-1) O GH, ou growing hormone , é o hormônio do crescimento, secretado pela hipófise anterior, responsável por estimular o crescimento corporal durante a infância. Na idade adulta, ele é produzido em pequenas quantidades, pois, caso um adulto o produza em excesso, poderá haver crescimento contínuo dos ossos das mãos, pés e face, levando à perda da simetria e tamanho habituais (acromegalia). Pessoa com acromegalia na face. Comparação de mão normal e acromegalia na mão. Na infância, um excesso de produção do GH leva ao gigantismo. Juntamente ao adrenocorticotrófico, o GH inibe a absorção de glicose pelos tecidos extra-hepáticos, como o tecido adiposo e o músculo esquelético. Os efeitos biológicos do hormônio GH no crescimento de órgãos e tecidos moles é mediado pela produção da somatomedina C ou IGF-1, pelo fígado e tecidos periféricos. Assim, a hipófise libera um hormônio, o GH, que estimula a produção de outro hormônio, o IGF-1, que atua no metabolismo, proliferação, crescimento e diferenciação celular. O GHRH estimula a hipófise a produzir o GH que estimula o fígado a produzir IGF-1. Baixa estatura/nanismo hipofisário. A somatomedina C é um extraordinário marcador dessa a condição tanto para o diagnóstico como na monitoração terapêutica. Além disso, é amplamente dosado para o diagnóstico e acompanhamento de pacientes com tumores hipofisários que produzem elevadas concentrações de GH. A dosagem desse hormônio também é usada na avaliação de crianças com distúrbio de crescimento, como a baixa estatura. Valores baixos de IGF-I confirmam a deficiência de GH. Nos pacientes com nanismo hipofisário, por deficiência do hormônio de crescimento, os valores de IGF-1 estão muito abaixo do normal. A determinação da somatomedina C é realizada a partir de amostras do soro, não sendo necessário preparo ou jejum, pelos métodos de quimiluminescência ou por radioimunoensaio (RIA). SAIBA MAIS A liberação de GH durante o dia apresenta grandes flutuações, sendo difícil avaliar se uma concentração alta é resultado de um aumento de produção desse hormônio ou apenas um pico hormonal normal. Assim, a dosagem basal de GH apresenta valor diagnóstico limitado, não eliminando a necessidade de exames adicionais. PROLACTINA (PRL) A prolactina é o hormônio associado à estimulação das glândulas mamárias na produção do leite materno, na gravidez e durante a amamentação. Ele também atua como regulador da função sexual. É secretado em quantidade que pode apresentar variações, por conta de estímulos como a amamentação, ovulação, alimentação, cópula e tratamento com estrógeno. Esse hormônio é produzido na hipófise anterior, mas também em células e tecidos como fibroblastos da pele, linfócitos, glândula mamária, cérebro, próstata, tecido adiposo e decídua basal da placenta. Teminfluência já conhecida na neurogênese e reparo do sistema nervoso, bem como em resposta à ansiedade e ao estresse. A avaliação sérica da prolactina pode ser realizada durante a gravidez, para avalição da sua produção, e nos homens, para a avaliação da infertilidade e disfunção erétil. Além disso, pode ser empregada no diagnóstico e acompanhamento de tumores hipofisários e na síndrome de galactorreia e/ou amenorreia. javascript:void(0) Prolactina e amamentação. GALACTORREIA Produção de leite fora do período pós-parto ou de lactação, podendo ocorrer também em indivíduos do sexo masculino. Na avaliação tumoral, normalmente apresentam elevadas concentrações. É importante ressaltar que a utilização de medicamentos como neurolépticos, antidepressivos e bloqueadores dos receptores de dopamina aumentam sua concentração. SAIBA MAIS Para determinar a concentração sérica da prolactina, é necessário um jejum de quatro horas e, em alguns casos, repouso de cerca de 30 minutos antes da coleta. O material coletado é o soro, e as dosagens são realizadas por diversos métodos, a exemplo de: RIA, enzimaimunoensaio (ELISA), fluorimetria por tempo resolvido e quimiluminescência. HORMÔNIO FOLÍCULO-ESTIMULANTE (FSH) E HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH) O FSH tem a sua produção controlada pelos hormônios produzidos pelas gônadas (ovários ou testículos), pela própria hipófise e pelo hipotálamo, atuando em retroalimentação, ou sistemas de “feedback”. Nas mulheres, atua para o crescimento e a maturação dos folículos (óvulos) no ciclo menstrual. O FSH dá início à produção de estradiol pelo folículo (desenvolvimento do óvulo) e estimula a secreção de progesterona, e estes ajudam a hipófise a controlar a quantidade de FSH produzida. Nos homens, o FSH estimula os testículos a produzirem espermatozoides, promovendo a produção de proteínas ligantes de andrógenos, mantendo-se em níveis constantes após a puberdade. É indicada a sua dosagem quando há dificuldade para engravidar ou irregularidade menstrual, sintomas de distúrbio hipofisário ou hipotalâmico, doença ovariana ou testicular, e nos casos de criança com puberdade precoce ou atrasada. O LH, semelhante ao FSH, apresenta o controle da produção por um sistema complexo que envolve hormônios produzidos pelas gônadas (ovários ou testículos), a hipófise e o hipotálamo. Eixo hipotálamo-hipófise-gonadal. Nas mulheres, o nível elevado de LH (e FSH) no meio do ciclo menstrual induz a ovulação. Também estimula os ovários a produzirem esteroides, principalmente o estradiol, e este ajuda a hipófise a regular a produção de LH. No período da menopausa, os níveis de LH aumentam. Nos homens, por sua vez, o LH estimula as células de Leydig testiculares a secretarem testosterona, permanecendo em níveis constantes após a puberdade. Gráfico: Atuação do LH e FSH no ciclo menstrual. Extraído de: Shutterstock.com. A dosagem sérica de LH é utilizada para averiguação da ovulação, da puberdade precoce e de casos de hipogonadismo primário. A verificação plasmática do LH e FSH é realizada pelo método de ensaio imunofluorométrico não competitivo com anticorpos, em amostras de soro, urina (única amostra) ou urina de 24 horas. HIPOGONADISMO PRIMÁRIO Termo empregado para descrever doenças nas gônadas (feminina ou masculina) que leva a alteração na produção de hormônios gonadotróficos, desencadeada por infecção nos testículos, como a cachumba, obesidade e traumas. javascript:void(0) Eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. HORMÔNIO ESTIMULANTE DA TIREOIDE (TSH) O hormônio estimulante da tireoide (TSH), também conhecido como tireotropina, é o responsável pela função tireoidiana. A sua produção é regulada pelo hipotálamo que produz o hormônio liberador de tirotrofina (TRH), que circula pelo sangue e que, pelo sistema porta hipotálamo-hipofisário, é conduzido à adeno-hipófise, ligando-se aos receptores específicos, promovendo a síntese e secreção do TSH. A dosagem desse hormônio auxilia o diagnóstico dos distúrbios da tireoide. Estudaremos mais sobre esses hormônios no tópico destinado à glândula tireoide. HORMÔNIO ADRENOCORTICOTRÓFICO (ACTH) O ACTH, ou corticotrofina, é um hormônio hipofisário crítico no diagnóstico de doenças das glândulas suprarrenais e hipófise, como síndrome de Cushing, doença de Addison, tumores nas suprarrenais e hipófise. Sua dosagem é realizada quando há sintomas associados à produção excessiva ou deficiente de cortisol, suspeita de um desequilíbrio hormonal nessas duas glândulas. O ACTH estimula a produção de cortisol nas glândulas suprarrenais, que é um hormônio esteroide importante e regulador do metabolismo da glicose, de proteínas e de lipídios, pois suprime a resposta imunológica e mantém a pressão arterial. A produção de ACTH aumenta quando os níveis de cortisol estão baixos e diminui quando estão altos. Eixo hipotalâmico da hipófise adrenal (HPA). Para a determinação dos níveis séricos de ACTH, as amostras de sangue devem ser coletadas às oito horas da manhã, podendo ser necessário jejum, e dosadas pelo método de ensaio eletroquimioluminométrico. A determinação sérica do cortisol será abordada no tópico de glândulas suprarrenais. SAIBA MAIS Hipopituitarismo é uma doença endócrina marcada pela redução da secreção de um ou mais hormônios secretados da hipófise, mas se ocorre a diminuição da maioria dos hormônios hipofisários, é chamada de pan-hipopituitarismo. HIPÓFISE POSTERIOR A hipófise posterior ou neuro-hipófise secreta os hormônios vasopressina e ocitocina que são produzidos pelo hipotálamo. Vamos conhecê-los? Estrutura do néfron. HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO (HAD) (VASOPRESSINA) Produzido quando há desidratação e diminuição da pressão arterial, que leva os rins a reabsorverem a água, concentrando e reduzindo o volume de urina. O HAD também é chamado de vasopressina, pois aumenta a pressão sanguínea ao induzir uma vasoconstrição moderada sobre as arteríolas, agindo diretamente nos néfrons. O diabetes insípido resulta de falta de produção de HAD pela hipófise ou pela falta de resposta dos rins a ela, reduzindo a capacidade de reabsorção da água, o que pode causar desidratação severa e elevação dos níveis de sódio. A determinação do HAD é feita em amostra de sangue, coletado após jejum de, no mínimo, 12 horas. O paciente deve manter-se deitado, sem qualquer estresse, num ambiente tranquilo, pelo menos uma hora antes da coleta de sangue. OCITOCINA Hormônio do parto e do amor, tem a função de promover as contrações uterinas durante o parto, assim como a lactação e ejeção do leite materno durante a amamentação, e está associado a sentimentos como o amor, união social e bem-estar. É produzido, frequentemente, quando estamos perto de nossos entes queridos e tem relação com a redução dos níveis de cortisol, ligada ao estresse. Ela é medida no plasma congelado, a partir de amostras coletadas sem jejum ou com necessidade de jejum prévio pelo ELISA. Estrutura química da ocitocina. GLÂNDULA TIREOIDE A tireoide é a maior glândula endócrina do organismo e possui dois tipos de células: as foliculares, que produz os hormônios tiroidianos (T3 e T4), que estão relacionados a inúmeras funções corporais (metabolismo, crescimento e desenvolvimento) e as células C, que produzem a calcitonina, importante para o metabolismo ósseo e mineral. A partir de agora vamos conhecer melhor esses hormônios. MECANISMO DE AÇÃO E REGULAÇÃO DA FUNÇÃO TIREOIDIANA Como aprendemos anteriormente, o TSH é produzido pela hipófise após a estimulação do TRH produzido pelo hipotálamo. O TSH, uma vez liberado, interage com receptores das células foliculares tiroidianas, estimulando o cotransporte de sódio e iodeto, a síntese e proteólise de tireoglobulina em tiroxina e triiodotironina, que atuam no controle do metabolismo, sendo responsáveis pelo crescimento, desenvolvimento, maturação sexual dos tecidos, respiração, contração cardíaca, metabolismo de carboidratos, aumento da síntese e degradaçãodos triglicerídeos e colesterol, entre outras funções. A partir da imagem, vemos que a glândula tireoide regula por feedback negativo, ou retroalimentação negativa, a produção dos hormônios pelo hipotálamo e pela hipófise, ou seja, um aumento na concentração plasmática do T3 e T4 sinaliza para a diminuição da produção do TRH e TSH. A glândula tireoide produz, predominantemente, o T4, em relação ao T3, que, por sua vez, é sintetizado pela desiodação (perda de iodo) do T 4. É importante ressaltar que o hormônio T3 apresenta atividade biológica maior (mais ou menos 5x mais) que o T4. A maior parte do T3 e T4 circulantes encontram-se ligados a proteína plasmáticas, como a albumina, pré-albumina e globulina ligadas a proteína T4. Hormônios da tireoide e controle via mecanismos de feedback . DISFUNÇÕES DA TIREOIDE As disfunções na tireoide ocorrem muitas vezes em idosos e devem ser consideradas quando houver ganho de peso, sensação de frio, lentidão, prisão de ventre, distúrbios menstruais, mixedema, bradicardia, casos suspeitos de hipotireoidismo e de hipertireoidismo, quando há diarreia, perda de peso em apetite normal, distúrbios menstruais, palpitações, nervosismo e oftalmopatia. Desordens na glândula tireoide. Falamos em hipotireoidismo e hipertireoidismo, mas você sabe o que é? HIPOTIREOIDISMO Ocorre quando a tireoide produz menos hormônios do que deveria. Pode ser causada pela doença de Hashimoto, doença autoimune, tireoidite silenciosa (hipotireoidismo ou hipotireoidismo temporário), iatrogênica (após a radioterapia/cirurgia, por drogas como lítio/amiodarona). HIPERTIREOIDISMO (TIREOTOXICOSE) É quando a tireoide produz mais hormônios do que deveria. Pode ser causada pela doença de Graves, doença autoimune, bócio difuso, bócio multinodular: nódulos produtores de hormônios tireoidianos, com pouca tendência à remissão; tireoidite subaguda (infecção viral); adenoma tóxico: nódulo solitário produtor de hormônios tireoidianos; iatrogênica: por drogas (lítio/amiodarona) e uso de contraste iodado. DOSAGENS DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS E DO TSH Como mencionado anteriormente, a dosagem sérica do TSH serve para avaliar disfunções na tireoide. Além disso, podemos verificar indiretamente a função hipofisária, uma vez que qualquer alteração em tal glândula leva a alteração nesse hormônio. Nos casos de hipotireoidismo relacionados a hipofunção da tireoide, o TSH encontra-se elevado no sangue, já o inverso acontece no hipertireoidismo. Essas variações acontecem antes da alteração dos níveis plasmáticos de T3 e T4 livres. T4 Permite a avaliação da função da glândula tireoide, auxiliando no diagnóstico do hipotireoidismo ou hipertireoidismo, e na triagem de recém-nascidos para hipotireoidismo, verificado durante o teste do pezinho. T3 É o hormônio auxiliar no diagnóstico do hipertireoidismo, sendo necessária à sua dosagem quando uma pessoa apresenta resultados anormais de TSH ou T4, ou tem sintomas de hipertireoidismo. Tanto o T3 como o T4 podem ser dosados em sua forma total ou livre. Entretanto, é importante ressaltar que, como o T3 e o T4 encontram-se quase totalmente ligados a proteínas plasmáticas, qualquer alteração nestas, como por exemplo, na gravidez e hepatite aguda, afeta diretamente a dosagem de T3 e T4 totais, sendo preferível a avaliação de T3 e T4 livres e o TSH. Para a avaliação plasmática de T3, T4 e TSH são utilizadas amostras de soro, coletadas após jejum de quatro horas, e empregadas algumas metodologias, como RIA, enzimoimunifluorescência ou quimioluminescência. ATENÇÃO Alguns medicamentos podem alterar as provas de função tiroidiana. javascript:void(0) javascript:void(0) Os glicocorticoides em altas concentrações reduzem os níveis séricos de T3 e inibem TSH, a dopamina inibe a secreção do TSH, a Fenitoína e a carbamaxepina inibem a produção de TSH, e o propranolol aumenta os níveis de TSH, pois inibe a conversão de T4 em T3. Por isso, é tão importante perguntar sobre as medicações utilizadas antes da realização do exame! Você já ouviu falar em dosagem de anticorpos antiperoxidase (Anti-TPO), antitireoglibulina (Anti-Tg)? Sabe para que elas servem? Essas dosagens permitem avaliar a presença de doenças tiroidianas autoimunes, como a doenças de graves e tireoidite de Hashimoto. Como essas duas doenças são as causas mais comuns de hipo e hipertireodismo, é muito importante sua verificação para avaliar se essas doenças são responsáveis pela disfunção tireoidiana. SAIBA MAIS T3 reverso (rT3) é sintetizado a partir da conversão do hormônio T4, ocorrendo majoritariamente no fígado, com o objetivo de eliminar o T4 em excesso. Em pessoas saudáveis, a produção de rT3 é normal. No entanto, ele pode estar elevado em situações de estresse, doenças sistêmicas graves, inflamações crônicas, pós-parto, doenças hepáticas e pacientes que façam uso de medicações como corticoides, amiodarona e propranolol. Os três motivos fisiológicos que levam ao aumento da produção de rT3 são: cortisol baixo ou elevado, e os níveis de ferro. Raramente, pode derivar-se de falta de vitamina B12, inflamações crônicas e outros problemas de saúde. CALCITONINA Como já mencionado, além do T4 e T3, a glândula tireoide também é responsável pela produção da calcitonina, um hormônio que auxilia no diagnóstico e monitoramento da hiperplasia de células-C e do câncer de tireoide. Produzida pelas células especiais da tireoide, ou células-C, está relacionada com a regulação dos níveis de cálcio no sangue e inibição da degeneração óssea. Essa dosagem é bastante solicitada para a investigação dos indivíduos em risco para o desenvolvimento da neoplasia medular múltipla tipo 2 (NEM 2). Nos casos de hiperplasia de células-C e no carcinoma medular de tireoide, a calcitonina é produzida em excesso. No entanto, está diminuída após a cirurgia de retirada da tireoide. A dosagem desse hormônio é realizada no soro pelo método de quimiluminescência e o paciente não precisa estar em jejum. Câncer de tireoide. GLÂNDULAS ADRENAIS As glândulas adrenais, localizadas na parte anterior e superior de cada rim, são divididas em córtex e medula e responsáveis pela produção de uma série de hormônios, como demostrado na imagem abaixo. Hormônios da glândula adrenal. MEDULA ADRENAL A medula suprarrenal ou adrenal é responsável pela síntese das catecolaminas, uma monoamina produzida a partir da tirosina e fenilalanina. Nesse grupo de substâncias, fazem parte a epinefrina, norepinefrina e a dopamina. Em resposta ao estresse, as catecolaminas são liberadas na corrente sanguínea, como auxiliares na transmissão dos impulsos nervosos no cérebro, disparando a liberação de ácidos graxos e glicose para conversão em energia, dilatando bronquíolos e pupilas. A norepinefrina promove vasoconstrição, aumentando a pressão arterial; a epinefrina eleva a frequência cardíaca e o metabolismo. Resposta do organismo ao estresse. Após atuações efetoras, esses hormônios são metabolizados em compostos inativos, a dopamina (responsável pelo controle motor, prazer, cognição etc.) é convertida em ácido homovanílico (HVA), a norepinefrina é metabolizada em normetanefrina e ácido vanilmandélico (VMA), e, por fim, a epinefrina se torna metanefrina e VMA. SAIBA MAIS A adrenalina e a noradrenalina são quase sempre liberadas pela medula adrenal como parte da ativação generalizada do sistema nervoso simpático, conseguindo atingir locais do corpo que não são inervados pelas fibras simpáticas. As catecolaminas e seus metabólitos são normalmente encontrados em pequenas quantidades flutuantes no sangue e na urina e conhecer suas dosagens é muito importante: METABÓLITOS CATECOLAMINAS ÁCIDOS VANILMANDÉLICO (VMA) E HOMOVANÍLICO METABÓLITOS A dosagem do metabólito metanefrina é usada para auxiliar o diagnóstico ou exclusão do feocromocitoma, um tumor raro que pode produzir grandes quantidades de catecolaminas. Pacientes com esse tumor apresentam concentrações significativamenteaumentadas de metanefrina e normetanefrina, tanto no sangue quanto na urina, e podem apresentar o aumento da hipertensão arterial persistente ou episódica, dores de cabeça, aumento da frequência cardíaca e sudorese. O exame para dosagem de metanefrinas livres no plasma mede a quantidade de metanefrina e normetanefrina no sangue. CATECOLAMINAS A dosagem das catecolaminas permite a confirmação ou exclusão do diagnóstico da feocromocitoma e de outros tumores neuroendócrinos. As catecolaminas podem ser dosadas a partir de amostras como o sangue e/ou urina pelo teste de supressão com clonidina, uma substância que atua inibindo a liberação destas moléculas. Esse teste permite avaliar se as catecolaminas são produzidas de forma normal ou pelas células do tumor, pois, na feocromocitoma, a liberação de catecolaminas é autônoma e intermitente, não ocorrendo supressão após a ingestão de clonidina. ÁCIDOS VANILMANDÉLICO (VMA) E HOMOVANÍLICO São também empregados no diagnóstico ou exclusão de feocromocitomas e outros tumores neuroendócrinos. Na presença desses tumores, há grandes concentrações dos hormônios (dopamina e noradrenalina) e seus metabólitos, tanto no sangue quanto na urina. CÓRTEX SUPRARRENAL O córtex da suprarrenal é responsável pela produção dos hormônios cortisol, aldosterona e andrógenos adrenais. Vamos estudar agora o cortisol e a aldosterona. É importante destacar que os andrógenos adrenais são responsáveis pela produção do estrogênio e testosterona que serão estudados de forma separada. Cortisol Como mencionado anteriormente, o cortisol, estimulado pelo ACTH liberado pela hipófise, é responsável por uma série de funções metabólicas, conforme ilustrado a seguir: O papel do cortisol no organismo humano. A dosagem do cortisol é utilizada para o diagnóstico da síndrome de Cushing (hipercortisolismo), na qual há excesso na liberação do cortisol. Também é importante para o diagnóstico da doença de Addison, condição que apresenta uma produção excessiva de ACHT e deficiente do cortisol (hipocortisolismo). SAIBA MAIS O hipercortisolismo pode causar aumento da pressão arterial, hiperglicemia, obesidade, pele frágil, estrias roxas no abdômen, fraqueza muscular e osteoporose, além de promover nas mulheres períodos menstruais irregulares e aumento de pelos faciais; nas crianças, pode haver atraso no desenvolvimento e baixa estatura. Já o hipocortisolismo, ou deficiência de cortisol, acarreta sintomas como a dificuldade em acordar pela manhã, cansaço sem motivo, oscilações nos níveis de energia ao longo do dia, apatia, além de dificuldade de concentração. Fatores exógenos ou endógenos, como calor, frio, infecção, trauma, estresse, exercícios, obesidade e doenças debilitantes podem influenciar as concentrações de cortisol. Ele é secretado num padrão diário com pico por volta das oito horas e atenuando à noite, chamado de ritmo circadiano. A determinação do cortisol plasmático é feita pelo método colorimétrico, em amostras coletadas no período da manhã após a ingestão de dexametasona 1,0 a 2,0mg, por via oral, entre 23 horas na noite anterior ou à meia-noite. No plasma, a maior concentração de cortisol está ligada a proteínas plasmáticas e apenas 1% dele é secretado de forma intacta na urina e, assim, a dosagem de cortisol urinário livre (CLU) reflete a concentração de cortisol livre, que é biologicamente ativo. Para isso, pode ser utilizada urina de 24 horas ou de uma única amostra coletada pela manhã. A excreção urinária de 24 horas de cortisol na urina é o índice mais direto e confiável de secreção cortical. Ritmo circadiano. Aldosterona A aldosterona estimula a retenção de sódio e a excreção de potássio pelos rins, com papel fundamental na manutenção das concentrações de sódio e potássio normais no sangue e no controle do volume sanguíneo e da pressão arterial. Esse hormônio está integrado no sistema renina- angiotensina-aldosterona, que consiste em uma série de reações envolvidas no controle da pressão arterial e no volume de líquido extracelular, conforme observamos na figura a seguir: Sistema renina-angiotensina-aldosterona. A avaliação plasmática desse hormônio permite verificar a produção insuficiente ou comprometimento do funcionamento da aldosterona (hipoaldosteronismo) ou o aumento da sua produção. O hiperaldosteronismo (Síndrome de Conn), ocasiona baixa concentração plasmática de potássio e o aumento na pressão arterial pelo aumento da produção de aldosterona. Ele pode ser primário, ocasionado por um tumor na glândula suprarrenal, ou secundário, pelo aumento da produção de renina. Para a determinação da aldosterona são coletadas amostras de sangue venoso, urina de 24 horas, ou sangue das veias renais ou adrenais, e o paciente deve ficar de pé ou deitado por um determinado período (por exemplo, 15 a 30 minutos) antes da coleta. HORMÔNIOS X DOPING Neste vídeo, a especialista aborda a questão do doping e a detecção de hormônios e quando podemos considerar ou não que se trata de um caso de doping. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Reconhecer as funções dos hormônios sexuais, da gravidez, pancreático e do metabolismo ósseo, as condições e fatores patológicos que alteram o seu funcionamento e os métodos de determinação laboratorial desses hormônios ANDROGÊNIOS São hormônios denominados esteroides, que atuam especialmente para o desenvolvimento e manutenção das características masculinas e da função reprodutiva, mas também são produzidos por mulheres. Também colaboram com a fisiologia dos ossos e do sistema musculoesquelético. Como são responsáveis pelas características sexuais, são chamados de hormônios sexuais. Esses hormônios são produzidos nas gônadas, suprarrenal e placenta a partir do colesterol, após estímulo do hipotálamo, que, ao liberar GnHR, ativa a hipófise para produzir FSH e LH. O esquema a seguir mostra de forma resumida os hormônios esteroidais: Síntese dos hormônios a partir do colesterol. A dosagem desses hormônios é importante para avaliar diferentes condições patológicas, avaliação da maturação sexual e da fertilidade. Para entender melhor, vamos estudar os principais hormônios sexuais. TESTOSTERONA TOTAL E LIVRE A testosterona, produzida pelas células de Leydig e estimuladas pela LH, é o hormônio responsável pelo desenvolvimento dos caracteres secundários masculinos, como a presença de barba, engrossamento da voz e aumento da massa muscular. Além disso, estimula o crescimento dos órgãos sexuais masculinos, a produção de espermatozoides e a função erétil, estando atrelado a fertilidade masculina. Entretanto, esse hormônio também é produzido (ainda que em valores diminutos) pelas mulheres, nos ovários e na suprarrenal, e apresenta função de auxiliar o processo de reprodução. Efeitos da testosterona no corpo. A produção de testosterona no homem apresenta um pico na adolescência, mas, ao longo dos anos, diminui gradativamente devido ao lento declínio da função gonadal, conforme podemos observar no esquema a seguir: Níveis de testosterona no homem. A dosagem da testosterona sérica é importante para o diagnóstico de disfunções das gônadas e da glândula adrenal, e na avaliação do desenvolvimento puberal. A maior fração desse hormônio circula no plasma, ligada à albumina e à globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), e a testosterona livre corresponde a apenas 1-3% de sua concentração total. Assim, qualquer alteração na concentração das proteínas plasmáticas, como hepatite aguda, afeta a concentração de testosterona total, sendo mais interessante a dosagem da fração livre. SAIBA MAIS Estudos atuais mostram que a fração livre e a ligada à albumina exercem a ação biológica desse hormônio. A ligação da testosterona com albumina é mais fraca em relação a ligação com SHBG, assim, apenas a testosterona livre e ligada à albumina é capaz de ligar-se aos receptores desse hormônio nas células, sendo essas duas formas consideradas como testosterona biodisponível.A fração total pode ser dosada no soro ou plasma por RIA ou quimiluminescência, a fração livre, por diálise de equilíbrio e a testosterona biodisponível, após precipitação com sulfato de amônio. É importante ressaltar que esses métodos são caros, e a fração livre pode ser calculada por uma equação tendo como base as dosagens de SHBG (dosada pelo RIA) e testosterona total. A testosterona livre, fração da testosterona que é biodisponível, é um marcador mais exato do hipogonadismo. Estrutura química da androstenediona. ANDROSTENEDIONA Esse é um hormônio de natureza esteroide, sendo um dos mais extraordinários precursores da testosterona e da estrona, e está comumente elevada em casos de hirsutismo e virilização. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Diferente de outros andrógenos suprarrenais, origina-se nas suprarrenais e nos ovários. Os níveis séricos se elevam constantemente a partir do sétimo ano de vida, e diminuem gradualmente após os 30 anos. Possui oscilação diurna, aumentada de manhã, variando durante o período menstrual, e mais elevada perto do meio do ciclo, também aumentada durante a gravidez. A determinação da androstenediona é realizada no sangue total, pelo método da quimiluminescência. ESTRONA É um hormônio estrogênico secretado pelos ovários e é o principal estrogênio circulante após a menopausa. HIRSUTISMO Hirsutismo é um aumento da quantidade de pelos na mulher em locais comuns ao homem. VIRILIZAÇÃO Virilização é o surgimento de características masculinas exageradas, normalmente em mulheres, frequentemente causado pela superprodução de andrógenos. ATENÇÃO Baixas taxas séricas podem indicar doença de Addison. Índices elevados desse hormônio estão ligados à hiperplasia adrenal congênita por deficiência da enzima 21-hidroxilase, síndrome do ovário policístico, tumores virilizantes, síndrome de Stein-Leventhal, hiperplasia ovariana estromal, síndrome de Cushing, tumores ectópicos produtores de ACTH. ESTROGÊNIOS E PROGESTERONA Os estrogênios e a progesterona são os hormônios esteroides sexuais femininos. Formados a partir do colesterol em múltiplos tecidos endócrinos, ligam-se a proteínas carreadoras e são transportados pelo sangue até suas células-alvo. Afetam o desenvolvimento e o comportamento sexual, além de várias funções reprodutivas e não reprodutivas, atuando em receptores celulares no núcleo que causam a modificação da expressão de genes específicos. O estrogênio, na verdade, agrupa muitos compostos químicos que se diferenciam entre si na estrutura química e nas propriedades gerais, porém todos demonstram a capacidade de estimular o desenvolvimento e a manutenção das características sexuais femininas. Os principais são estradiol e estriol, que são produzidos pelos ovários, placenta e, ainda, podem ser derivados da reação de aromatização dos androgênios nos tecidos periféricos. ESTRADIOL (E2) Também denominado 17-beta-estradiol é o hormônio sexual mais ativo e importante na mulher em estágio reprodutivo, encontrado em níveis baixos no hipogonadismo primário e secundário. Geralmente, é dosado nos casos de amenorreia e monitoração do desenvolvimento folicular, durante indução da ovulação. Também pode ser secretado pelas glândulas adrenais, testículos e pela conversão periférica da testosterona. Índices elevados são detectados nos tumores ovarianos, tumores feminilizantes adrenais, puberdade precoce feminina, doença hepática e ginecomastia (homens). Como as dosagens do estradiol podem apresentar enorme variação entre diferentes laboratórios, sugere-se seu controle em um único laboratório. A determinação da concentração plasmática é feita em amostra de sangue, após jejum de quatro horas, pelo método do RIA ou quimiluminescência. ESTRIOL (E3) É um estrogênio de baixa atividade produzido pelas células trofoblásticas da placenta. Anatomia da placenta humana. Suas indicações para dosagem se fazem necessárias nas seguintes situações: gravidez para a triagem de síndrome de Down e trissomia do cromossomo 18 e 13, e suspeita de diversas síndromes genéticas com defeitos de fechamento do tubo neural. Cariótipo da síndrome de Down (note a trissomia do cromossomo 21). Seu aumento ocorre no primeiro trimestre de gestação, decaindo a partir da 40ª semana de gestação e sendo útil entre a 15ª e a 22ª. Encontra-se diminuído nos casos de qualquer defeito do tubo neural (até mesmo a anencefalia), bem como no retardo de crescimento intrauterino e doença hipertensiva da gravidez; condições de uso de diuréticos, corticosteroides, penicilinas, cáscara-sagrada, sene, fenolftaleína, anemia, hepatopatia e altitudes elevadas também podem baixar seus níveis séricos. Aumentos do estriol são notados na hiperplasia adrenal congênita. A avaliação da sua concentração plasmática é feita em amostras de sangue, coletadas após o jejum obrigatório, sendo dosado pelo método de RIA ou quimiluminescência. Pacientes devem informar se estão grávidas e o tempo de gestação. PROGESTERONA Causa do aumento e diminuição da progesterona. É o principal hormônio que afeta o desenvolvimento sexual durante a puberdade, compreendido na reprodução feminina. Como ensaio laboratorial, auxilia bastante no diagnóstico de causas de infertilidade, indicando quando e se a ovulação ocorre e/ou monitorando uma ovulação induzida, identificando gravidez ectópica ou aborto espontâneo, monitorando gravidez de alto risco e acompanhando a reposição hormonal de progesterona (do início da gravidez). A determinação da progesterona é realizada com amostras de sangue, coletadas após jejum mínimo de três horas, pelo método do RIA ou quimiluminescência. HORMÔNIOS DA GRAVIDEZ Durante a gravidez, a mulher sofre várias alterações endócrinas, para implementação da placenta e manutenção da vida do feto. A placenta é responsável pela síntese dos hormônios esteroidais (que estudamos) e dos hormônios peptídicos, como a gonadotrofina coriônica humana (hCG) e lactogênio placentário humano (hPL). Você certamente já conhece o exame de βhCG para avaliar uma possível gravidez, mas sabe para que dosamos o hPL? Vamos entender? GONADOTROFINA CORIÔNICA HUMANA (HCG) A gonadotrofina coriônica humana (hCG) é formada pela combinação não covalente de duas subunidades, alfa (αhCG) e beta (βhCG). Essas subunidades são sintetizadas em separado pelo tecido trofoblástico normal e células hipofisárias e, em seguida, glicosiladas em várias etapas, o que resulta na secreção plasmática de moléculas heterogêneas, são elas: hCG intacta, as subunidades nas formas livres e as variantes hCG hiperglicosilada (H-hCG), hCG clivada (N-hCG) e fragmento- núcleo de bhCG (CF-bhCG). Na gravidez, esse hormônio é sintetizado pela placenta e liberado nas formas intactas e nas subunidades alfa e beta, estimulando a produção dos hormônios esteroidais, a manutenção do corpo lúteo durante as dez primeiras semanas e evitando a rejeição fetal. Sua produção começa no momento da implementação e pode ser detectado no plasma a partir de 8-10 dias de gestação, permanecendo alto até dois meses e meio, conforme ilustra a imagem abaixo. Modificações hormonais durante a gravidez. A hCG e suas variantes podem ser encontradas no soro, urina e líquido amniótico de grávidas; soro, urina e vesículas em pacientes com coriocarcinoma e em fluidos biológicos de mulheres (não grávidas) e homens saudáveis ou com tumores de variada origem embrionária. Sendo aplicadas para a detecção precoce da gravidez ectópica, na avaliação do risco do aborto, anomalias cromossômicas êmbrio-fetais, pré-eclâmpsia ou crescimento intrauterino restrito. Na ausência de gravidez, são importantes marcadores laboratoriais de tumores com diferentes tipos histológicos e seguimento após a terapia inicial. Nos homens, são indicativos de câncer nos testículos. A determinação de hCG é feita a partir de amostras de urina ou de sangue, sem necessidade de jejum, dosado pelo método fluorimétrico automatizado, por ensaio imunocromatográficoe imunoenzimático. ATENÇÃO Como a subunidade alfa é semelhante aos hormônios LH e FSH e a beta está presente apenas na hCG, sua detecção é mais específica e sensível, por isso, o exame de βhCG é tão famoso! LACTOGÊNIO PLACENTÁRIO HUMANO (HPL) Esse hormônio, produzido pela placenta, com estrutura química bastante similar à do GH, à da prolactina e da somatotrofina hipofisária, é encontrado no plasma da gestante a partir da 4ª semana, e é muito importante na preparação das mamas para a amamentação. Além disso, estimula a lipólise, aumentando os níveis de ácidos graxos livres, a gliconeogênese e aumenta a insulina plasmática, o que disponibiliza para o feto uma maior concentração de glicose e nutrientes para o seu crescimento. Ele é dosado no plasma congelado pelo método de ELISA. DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO E SÍNDROMES HEREDITÁRIAS PELA DOSAGEM DE HORMÔNIOS Neste vídeo, saiba mais sobre os hormônios utilizados para o diagnóstico da gestação e de síndromes hereditárias. PARATIREOIDE E METABOLISMO ÓSSEO Durante a vida, o tecido ósseo encontra-se em constante remodelamento, pela atividade osteoblástica, responsável pela síntese de matriz orgânica e mineralização óssea e atividade osteoclástica, que produz enzimas proteolíticas que hidrolisam essa matriz. O remodelamento ósseo regula a concentração de cálcio e fósforo no sangue e é controlado pelo paratormônio (PTH) e calcitonina, conforme observamos na imagem a seguir. Mecanismo de homeostasia do cálcio. Como estudamos a calcitonina quando visitamos a glândula tireoide, vamos aprender sobre a importância da dosagem do paratormônio. Além disso, vamos entender a importância da dosagem da osteocalcina, uma proteína produzida pelos osteocblastos, vamos lá? PARATORMÔNIO O paratormônio é um hormônio produzido pelas glândulas paratireoides que ajuda a manter os níveis séricos de cálcio. Ele é controlado via mecanismo de feedback pelo próprio PTH, pela Vitamina D, pelo fósforo (fosfatos), magnésio e cálcio. É dosado quando se deseja determinar a causa do desequilíbrio nos níveis do cálcio, avaliando a função dessas glândulas. Usado largamente a fim de diagnosticar e diferenciar o hiperparatireoidismo primário, secundário e terciário. No quadro a seguir, conseguimos verificar algumas características dessas desordens. É importante ressaltar que, além do PTH, devemos dosar cálcio sérico. Hiperparatireoidismo primário Hiperparatireoidismo secundário Hiperparatireoidismo terciário Defeito Produção excessiva de PTH em uma ou mais Quando a alta produção de PTH é devida à hiperplasia das Evolução do hiperparatireoidismo secundário para um glândulas da paratireoide. paratireoides, em consequência de hipocalcemia, devido a insuficiência renal crônica. estado de evolução autônoma de PTH. PTH Elevado Elevado Elevado Cálcio Elevado Reduzido Elevado Fósforo Reduzido ou normal Reduzido, normal ou elevado Reduzido ou normal Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Característica do Hiperparatireoidismo. Elaborado por: Mila Muraro de Almeida. Essa avaliação também é empregada no diagnóstico de hipoparatireoidismo. Nesses casos, há uma diminuição dos níveis de PTH e cálcio. Além disso, quando se realiza o tratamento cirúrgico para o hiperparatireoidismo, o PTH deve ser dosado para confirmar se a glândula ou glândulas retiradas eram as responsáveis pela produção excessiva desse hormônio. O PTH é um peptídeo de meia-vida biológica bastante curta e extremamente frágil. A coleta requer condições especiais, que incluem refrigeração imediata (2°C-8°C), centrifugação, rápida separação e congelamento do soro. Caso essas condições não sejam seguidas, podem ser obtidos resultados falsamente baixos. A determinação é feita em amostra de soro pelo método da quimiluminescência. Como as taxas de PTH variam durante o dia, as amostras deverão ser colhidas por volta das 8 horas da manhã. SAIBA MAIS Para a realização do diagnóstico diferencial das hipercalcemias, é feita a dosagem do paratormônio relacionado à proteína (PTH-rP), pois ela é produzida e liberada por tecidos neoplásicos, como o carcinoma de células escamosas do pulmão, provocando um pseudo-hiperparatireoidismo, com hipercalcemia grave e níveis baixos ou indetectáveis de PTH. Sua determinação é feita por radioimunoensaio em amostra de sangue. OSTEOCALCINA A osteocalcina, ou BPG, é uma proteína da matriz óssea produzida exclusivamente pelos osteoblastos durante o processo de síntese da matriz óssea. Além disso, a BPG está ligada também a diversas ações hormonais associada à homeostase de glicose e metabolismo energético, atuando nas células β-pancreáticas e no tecido adiposo. A isoforma hormonalmente ativa é a decarboxilada, responsável por estimular a secreção e sensibilidade à insulina, nos adipócitos e músculos. A insulina e a leptina agem nos ossos e modulam a secreção da osteocalcina, fazendo com que o esqueleto se torne um órgão endócrino. SAIBA MAIS A osteocalcina é a principal proteína não-colágena presente no osso e funciona como marcador de formação óssea, sendo importante sua dosagem para o melhor controle do processo de remodelação óssea, como nos tratamentos da osteoporose. Ela está elevada na Doença de Paget, hiperparatireoidismo primário e insuficiência renal. A determinação da BGP é feita pelo método eletroquimioluminescência em amostras de soro obtidos após jejum de oito horas, pois a lipemia afeta a dosagem dessa substância. HORMÔNIOS PANCREÁTICOS INSULINA A dosagem desse analito hormonal serve para avaliar a produção de insulina, diagnosticar insulinoma e investigar a causa de hipoglicemia. Esse hormônio é sintetizado e armazenado nas células β- pancreáticas, sendo crucial para transporte e armazenamento da glicose nas células, e regulando o nível sérico de glicose e controle do metabolismo de lipídios. Níveis de glicose elevam-se após a ingestão de alimentos e promovem a liberação de insulina, permitindo que a glicose entre nas células para a produção de energia. Também estimula o armazenamento da glicose em excesso no fígado como glicogênio, e no tecido adiposo, como ácidos graxos. Sem esse hormônio, a glicose não atingiria a maioria das células do corpo. Hormônios pancreáticos e insulina. ATENÇÃO A falta de glicose nas células e em demasia na circulação pode causar alterações do metabolismo, como doença renal, doença cardiovascular e problemas neurológicos e visuais; diante disso, o diabetes, associado à diminuição da função da insulina, pode causar problemas que envolvem risco de vida. Pode ser solicitada a sua dosagem quando há hipoglicemia documentada, sintomas sugestivos de liberação ou utilização inadequada da insulina pelo corpo, monitorando pacientes diabéticos e identificando a resistência à insulina. Sua determinação é feita em amostra de sangue, com oito horas de jejum, ou com um jejum mais longo, conforme determinação médica, pelo método de radioimunoensaio com duplo anticorpo. PRÓ-INSULINA E PEPTÍDEO C A insulina é sintetizada nas células β das ilhotas pancreáticas, sendo formada por duas cadeias de polipeptídeos ― A e B ― ligadas por pontes de dissulfeto. No entanto, a insulina é, primeiramente, produzida pelo pâncreas como pré-pró-insulina. Ainda nas células pancreáticas, no retículo endoplasmático rugoso, um pequeno resíduo peptídico de sinalização é clivado e a pró-insulina é formada, apresentando as duas cadeias A e B conectadas pelo peptídeo C. Após ser enviada para o complexo de Golgi, a pró-insulina é clivada por enzimas que liberam o peptídeo-C, e as duas cadeias ficam ligadas por pontes dissulfeto. Então, a molécula madura de insulina é formada, empacotada em grânulos maduros, para ser liberada na circulação. Normalmente, uma pequena concentração escapa para a corrente sanguínea (2-3%), antes da conversão da insulina. A determinação de pró-insulina reflete a produção de insulina no pâncreas. Emqualquer aumento na estimulação das células β, como na obesidade, na resistência periférica à insulina, ocorre um aumento sérico da pró-insulina. Além disso, ela é empregada no diagnóstico de insulinomas, nos quais a secreção dessa molécula é muito maior. Insulina e Pro-insulina. A determinação da pró-insulina é feita em amostras de sangue (soro), coletadas após jejum de oito a dez horas, pelo método de quimiluminescência. O paciente não pode fazer atividade física e as medicações para o tratamento da diabetes devem ser, preferencialmente, suspensas, mas recomenda-se seguir a orientação médica. Assim como a pró-insulina, o peptídeo C é usado a fim de monitorar a produção de insulina pelo pâncreas. Como mencionado anteriormente, o peptídeo C é uma cadeia curta de aminoácidos, sintetizada quando a pró-insulina, molécula inativa, se divide para formar insulina. Esse peptídeo é liberado para a corrente sanguínea, não apresentando atividade biológica, mas meia vida alta, e sendo excretado pelos rins. Sua dosagem é empregada quando houver suspeita de resistência à insulina, nos casos de o paciente ter hipoglicemia, para a investigação da produção da insulina em um paciente com diabetes e para estabelecer a melhor hora de administração da insulina. Ela é feita em amostra de sangue ou urina de 24 horas pelo método de quimiluminescência. Para as amostras de sangue, é obrigatório o jejum de oito a dez horas. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Descrever o perfil dos marcadores tumorais mais comumente determinados no laboratório clínico MARCADORES TUMORAIS Os marcadores tumorais são macromoléculas presentes no tumor, no sangue ou em outros fluidos biológicos, cujo presença ou alterações estão relacionados com a formação e o desenvolvimento de células neoplásicas. São normalmente substâncias (proteínas, glicoproteínas, receptores celulares etc.) normais ou anormais e até mesmo mutações genéticas, induzidas pelas células cancerígenas, que aumentam sua expressão ou, então, passam a ser detectadas na presença das neoplasias. Formação e desenvolvimento das células cancerosas Elas são dosadas no sangue e nos demais líquidos corpóreos por diferentes metodologias e auxiliam na avaliação do prognóstico, na resposta terapêutica em casos de recidiva ou doença residual. Quando dosados direto dos tumores, podem ser úteis para indicar o estadiamento, estimar o prognóstico e o tipo de tratamento, e, nesse caso são dosados a partir de testes imuno-histoquímicos. A partir de agora, vamos conhecer os principais marcadores tumorais. Vamos juntos? ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA) Este marcador tumoral é considerado como um dos que apresentam maior utilidade clínica, sendo produzido no interior dos ductos prostáticos, abundante no líquido seminal e cuja função tem sido associada a liquefazer o coágulo seminal, após a ejaculação. Normalmente, o PSA encontra-se em concentrações muito baixas na corrente sanguínea, sendo a maior concentração ligada à alfa-1- antiquimotripsina (ACT) e alfa-2-macroglobulina, inibidores das serina-proteases, de modo que apenas uma pequena fração encontra-se livre na forma circulante. ATENÇÃO A hiperplasia benigna prostática leva a um aumento do PSA. Assim, a dosagem de PSA é específica do tecido prostático, mas não específica para uma neoplasia. Desta forma, para o diagnóstico devemos correlacionar os valores encontrados com os dados clínicos (toque retal) para confirmar a neoplasia. Sua avaliação plasmática é bastante indicada como auxiliar no diagnóstico do câncer de próstata, elevando a sua sensibilidade quando realizado junto ao exame de toque retal, e com um valor preditivo positivo de 20% com valores levemente elevados (entre 4,0ng/mL e 10,0ng/mL), e de 60% quando se detectam índices maiores do que 10ng/mL. Diagrama da ilustração do câncer de próstata. A avaliação do PSA é muito importante para o estadiamento do paciente com carcinoma de próstata; no entanto, exceto para valores extremos, esse marcador não é suficientemente preciso para indicar sozinho o estadiamento da doença. Os valores séricos variam severamente nas diferentes faixas etárias, e os pontos de corte podem oscilar de 2,5 a 4,0ng/mL para a indicação de biópsia e 5,0ng/mL para aqueles com idade superior a 50 anos, empregando como valores de referência (VR) de 2,5ng/mL para homens até 50 anos. Ao longo dos anos, para melhorar o diagnóstico do câncer de próstata, foram introduzidos novos parâmetros utilizando-se isoformas do PSA, nível sérico, volume prostático, ajuste pela idade e cinética de elevação. EXEMPLO A relação PSA livre sobre PSA total acrescenta especificidade ao diagnóstico de câncer de próstata, pois pacientes com hiperplasia benigna da próstata produzem mais PSA encontrados na forma livre do que os com processos neoplásicos. Dessa forma, a relação PSA livre/total é menor em casos de adenocarcinoma. Para entender mais sobre a dosagem do PSA, não deixe de visitar o Explore +! Α-FETOPROTEÍNA/ALFAFETOPROTEÍNA (AFP) A síntese dessa proteína, abundante no soro fetal, ocorre no fígado, saco vitelino e intestino do feto. Ela está associada ao transporte plasmático e de manutenção da pressão oncótica. No adulto, as taxas séricas estão entre 5ng/mL e 15ng/mL, e níveis acima de 500ng/mL são altamente sugestivos de malignidade, e, quando superam 1000ng/mL, são indicativos de presença de neoplasia. Esse marcador pode estar elevado em casos de tumores gastrintestinais, hepatite, cirrose, hepatocarcinoma e tumores intestinais. Abaixo, ilustramos os estágios da lesão hepática. Estágio 1 - Fígado saudável. Estágio 2 – Fígado gorduroso. Estágio 3 – Fibrose hepática. Estágio 4 – Cirrose hepática. Estágio 5 - Câncer no fígado. Como a AFP é utilizada para detectar vários tumores, outros exames devem ser solicitados para confirmar o local de desenvolvimento da doença. Nos tumores de intestino, sua dosagem é contraindicada para rastreamento da doença, mas é amplamente adotado na monitorização da terapia para o carcinoma de testículo. A sua detecção indica persistência da doença e a sua concentração sérica ajuda no cálculo da estimativa do tempo de crescimento tumoral. Carcinoma de testículo. SAIBA MAIS A AFP também pode ser coadjuvante como teste de gravidez, pois detecta gravidez normal após sete dias de implantação embrionária. ENOLASE NEURÔNIO-ESPECÍFICA (NSE) Este marcador tumoral é, de fato, uma enzima catalisadora da via glicolítica anaeróbia, estando distribuída em todos os tecidos do corpo, que é empregada para o diagnóstico e no tratamento dos tumores neuroendócrinos. Além disso, tem importância no diagnóstico de carcinoma de pulmão, normalmente muito mais elevado na doença disseminada do que na localizada. Carcinoma de pulmão. A dosagem desse marcador apresenta grande sensibilidade, ligada ao estágio da doença, e funciona como monitor terapêutico da resposta do paciente à quimioterapia, em que suas taxas podem aumentar ou diminuir, conforme a resposta ao tratamento e a fim de prever a recidiva da doença. CALCITONINA Como já aprendemos, a calcitonina é produzida pela glândula tireoide, além do T3 e T4, após estimulação com o TSH hipofisário. Esse hormônio é produzido pelas células C parafoliculares, sendo estimulado pelo cálcio, e funciona, fisiologicamente, como um antagonista do paratormônio, inibindo a reabsorção óssea pelo controle do número e atividade dos osteoblastos. Apresenta como VR 19pg/mL (homens) e 14pg/mL (mulheres). A sua dosagem é empregada no acompanhamento e rastreio dos casos de carcinoma medular da tireoide, e apresenta uma sensibilidade de 90% nos indivíduos com história familiar e/ou síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo II. A calcitonina pode se tornar aumentada em pacientes com altos índices de reposição óssea por causa de metástases esqueléticas. SAIBA MAIS Elevações nas taxas desse marcador também podem ser devidas a: anemia perniciosa, insuficiência renalcrônica, cirrose alcoólica, hiperparatireoidismo, doença de Paget e síndrome de Zollinger-Ellison. HORMÔNIO CORIÔNICO GONADOTRÓFICO (HCG) Esse marcador tumoral também é utilizado como como teste indicativo de gravidez, como mencionado anteriormente. A fração β (β -HCG) é bastante utilizada para diagnóstico, monitorização e prognóstico de tumores de testículo e ovário, encontrando-se elevada no coriocarcinoma. ANTÍGENO CARCINOEMBRIONÁRIO (CEA) Inicialmente, o CEA foi descrito como um marcador de adenocarcinoma de cólon e reto, e em cólon fetal, entretanto, estava ausente no tecido colônico de um adulto saudável. No entanto, sabemos, atualmente, que ele é produzido pelas células da mucosa gastrintestinal, sendo parte da família das imunoglobulinas e apresentando uma maior produção em fumantes (VR = 7ng/mL) quando comparados a não fumantes (VR = 3,5ng/mL). Nas neoplasias malignas, altos níveis de CEA são encontrados em 9% dos teratomas de testículo, e em cerca de 85% dos casos de carcinoma colorretal metastático, além de câncer de pulmão, pâncreas, trato gastrintestinal, trato biliar, tireoide, cérvice e mama, e em distúrbios como a cirrose alcoólica, doença de Crohn, doenças hepáticas e intestinais, bronquite, tabagismo e insuficiência renal. Assim, é útil para a detecção de malignidade em estágio inicial, e níveis em elevação podem indicar recidiva. Câncer de cólon. SAIBA MAIS O CEA pode ser encontrado também em outras neoplasias, como pulmão, pâncreas, trato biliar, tireoide e mama. ANTÍGENO TUMORAL DA BEXIGA (BTA) Essa proteína é sintetizada por diversas células tumorais nas vias urinárias, sendo utilizadas para o rastreio de câncer de bexiga. Ela raramente é expressa em células normais, mas pode estar presente em pacientes com litíase urinária, irritação da bexiga e uso de sonda vesical. Câncer de bexiga. CA15.3 (ANTÍGENO DO CÂNCER 15.3) O CA15.3 é marcador tumoral do câncer de mama. Esse é um antígeno do tipo glicoproteína secretado pelas células epiteliais glandulares, com VR de 25U/mL. Na maioria dos casos, já são observados nos estágios iniciais da doença aumento na concentração plasmática do CA15.3. Ele é empregado também no prognóstico da doença, uma vez que valores muito elevados tem relação com a menor sobrevida dos pacientes, e a diminuição é associada à regressão em cerca de 80% dos pacientes. O CA 15.3 pode estar aumentado em outras condições, são elas: câncer de ovário, pulmão, colo uterino, hepatocarcinoma e linfomas, além de enfermidades variadas, como hepatite crônica, tuberculose, sarcoidose e lúpus eritematoso sistêmico. Assim, sua especificidade e sensibilidade relativamente baixas fazem com que essa dosagem sozinha não seja utilizada como ferramenta de diagnóstico, rastreamento, estadiamento ou acompanhamento após tratamento primário do câncer de mama. CA-125 (ANTÍGENO DO CÂNCER 125) Esse marcador tumoral é uma glicoproteína empregada como uma das ferramentas para o diagnóstico do câncer de ovário, na avaliação da resposta ao tratamento e presença de recaídas do câncer epitelial de ovário, pois sua elevação plasmática ocorre de 2 a 12 meses de qualquer evidência clínica de recorrência da doença. Seu VR é de 35U/mL e além de importante para o diagnóstico, prognóstico e avaliação de recaídas nos tumores ovarianos, sua dosagem auxilia na avaliação do estadiamento da doença. Há muitas situações clínicas nas quais esse marcador se mostra alterado, são elas: cirrose, cistos de ovário, endometriose, hepatite, pancreatite, carcinoma gástrico, câncer de mama e linfoma não Hodgkin. Câncer epitelial de ovário. CA19.9 (ANTÍGENO DO CÂNCER 19.9) CA 19.9 é carboidrato de superfície celular, denominado antígeno de Lewis, que é excretado superficialmente pela célula cancerosa, alcançando a circulação, e, assim, pode ser detectado. Normalmente, o VR tido como normal é de 37U/mL. Esse marcador auxilia a avaliação do estadiamento da doença e acompanhamento da resposta terapêutica dos cânceres de pâncreas e demais tumores do trato biliar e do câncer colorretal. No entanto, sua sensibilidade pode ser variada, de acordo com o local do tumor: pâncreas: 70% a 94%; vesícula biliar: 60% a 79%; hepatocelular: 30% a 50%; gástrico: 40% a 60%; e colorretal: 30% a 40%. Pode ser um marcador positivo para o câncer do ovário, de mama, de pulmão e de cabeça e pescoço, ainda que raramente elevado nesses casos. SAIBA MAIS Outras enfermidades como a cirrose hepática, pancreatite, doença inflamatória intestinal e doenças autoimunes podem elevar o CA 19.9. Atualmente, é um dos marcadores tumorais com sensibilidade mais elevada e especificidade no diagnóstico diferencial do câncer de pâncreas e de vesícula, com quase 80% de sensibilidade e especificidade, se maior do que 20U/mL. Aplicável na avaliação da resposta à quimioterapia no câncer de pâncreas. Câncer de pâncreas. CA72.4 (TAG 72) O CA 72.4 é altamente sensível para o câncer, mas sem ser órgão-específico, não sendo utilizado para um tipo específico de neoplasias. Por exemplo, seus níveis encontram-se elevados em 55% dos casos de câncer de cólon, 50% dos casos câncer de estômago, 45% para pâncreas e trato biliar e 63% para carcinoma mucinoso de ovário. O VR é 6U/mL, sendo utilizado frequentemente no controle de remissão e recidiva de carcinomas de trato gastrintestinal (gástrico, cólon, pâncreas e trato biliar). Cerca de metade dos pacientes com câncer gástrico apresentam níveis elevados de CA 72.4, tornando-o, portanto, mais sensível do que o CEA e o CA 19.9 nessa enfermidade. Câncer de mama. CA27.29 (ANTÍGENO DO CÂNCER 27.29) Esse antígeno não tem sensibilidade e especificidade satisfatórias para ser aproveitado para o diagnóstico de câncer. Entretanto, é um marcador tumoral disponível para a detecção de recorrência de câncer mamário, com sensibilidade de 58% e especificidade de 98%, considerando um VR de até 38U/mL. Diante disso, a sua indicação fica limitada ao segmento de pacientes com diagnóstico de câncer de mama, com maior vantagem em permitir a detecção precoce de recorrências, viabilizando tempo aceitável para decisões terapêuticas adequadas. CA50 (ANTÍGENO DO CÂNCER 50) Uma glicoproteína utilizada como marcador tumoral em uma variedade de carcinomas epiteliais (câncer gastrintestinal e de pâncreas). A maioria dos pacientes com câncer de pâncreas e pacientes com câncer colorretal em estágios mais avançados também apresenta elevação plasmática desse marcador. MCA (ANTÍGENO MUCOIDE ASSOCIADO AO CARCINOMA) O MCA é um marcador de natureza glicoproteica usado para monitorar o carcinoma de mama. Seu VR é de 11U/mL, mas não há indicação para o diagnóstico de doença. Valores aumentados desse marcador também são encontrados nas doenças benignas de mama, tumores de ovário, de colo uterino, endométrio e próstata. CROMOGRANINA A (SECRETOGRANINA I) É um grupo de proteínas comuns em diversos tecidos neuroendócrinos, sendo empregado em diferentes neoplasias que acometem o sistema endócrino, como feocromocitoma, síndrome carcinoide, carcinoma medular da tireoide, adenoma hipofisário, carcinoma das células das ilhotas pancreáticas, carcinoma pulmonar de células pequenas e neoplasia endócrina múltipla. O intervalo dos valores de referência séricos é de 10ng/mL a 50ng/mL. Câncer de tireoide. NMP 22 (PROTEÍNA DA MATRIZ NUCLEAR) Esse marcador é uma proteína da matriz nuclear com importante função de regulação do ciclo celular. Assim, fica fácil entendermos que pacientes com recidiva de tumor ou com a doença invasiva apresentarão índices mais elevados deste marcador tumoral. Empregado para câncer de bexiga e avaliado em amostras de urina. CATEPSINA D O marcador catepsina D é uma endoprotease lisossomal ácida, distribuída em todas as células, bastante analisada em câncer de mama. Sua atuação na carcinogênese parece estar associada à estimulação da síntese de DNA e mitose, durante a regeneração dos tecidos e facilitar a dispersão dascélulas cancerígenas pelo corpo, devido ao seu poder proteolítico, permitindo e facilitando o início e a progressão da metástase. Dessa forma, o aumento da concentração plasmática desse marcador tem associação direta com a capacidade invasiva tumoral e metástases para linfonodos axilares, e ligação com o pior prognóstico de câncer de mama. Metástase. P53 Você, certamente, já escutou que a proteína p53 é sintetizada pelo gene de mesmo nome, que funciona como supressor tumoral. Essa proteína atua impedindo a divisão celular de células danificadas e estimulando o reparo e indução da apoptose nas células com danos ao DNA. Já é conhecido que vários tumores apresentam mutações nos genes que codificam a p53, levando a perda de função dessa proteína. A detecção dessas mutações nos genes é medida diretamente pelos ensaios de biologia molecular ou, indiretamente, pelos ensaios de imuno-histoquímica e pela dosagem da proteína, sendo relacionadas com os piores prognósticos e a presença de tumores mais agressivos. Β2-MICROGLOBULINA A A β2-Microglobulina é um glicoproteína presente em todas as células nucleadas e em pequenas concentrações no soro 2,0µg/mL (até 60 anos) e 2,6µg/mL (após os 60 anos de idade). Uma elevação nas concentrações plasmáticas deste marcador está presente em pacientes com linfomas não Hodgkin e mieloma múltiplo. Além disso, no mieloma múltiplo ele é o mais importante fator de prognóstico. ATENÇÃO Como percebemos, esses marcadores podem, muitas vezes, estar aumentados em diferentes tipos de neoplasias, e sozinhos não indicam a presença de câncer, sendo necessários exames adicionais e complementares para auxiliar o diagnóstico, como biopsias e diagnóstico de imagem. CÂNCER DE MAMA: UMA QUESTÃO DE SAÚDE PARA HOMENS E MULHERES Assista a este vídeo em que a especialista trata do câncer de mama, os seus principais marcadores tumorais e o diagnóstico empregado nesta neoplasia. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A homeostase em animais é mantida por dois sistemas de controle: o neural e o endócrino. O controle endócrino é feito a partir da produção de hormônios pelas diferentes glândulas existentes no corpo humano. Vimos, ao longo deste conteúdo, que os hormônios exercem efeitos impressionantes nos processos de reprodução, desenvolvimento e metabólicos, mas que, em algumas condições de baixa ou alta produção, podem desencadear diferentes doenças e o desequilíbrio dessa homeostase. Além disso, aprendemos que os marcadores tumorais são bons indicadores para o diagnóstico, prognóstico, monitoramento e critério para cura de alguns tipos de neoplasias. Pacientes que, inicialmente, possuem um marcador tumoral em nível aumentado, que se normaliza com tratamento, têm uma resposta favorável. Porém, quando persistentemente elevado, está ligado à alta probabilidade de recorrência ou doença progressiva, altamente suspeito de metástase. Esses analitos laboratoriais são críticos na avaliação do processo de saúde-doença do indivíduo, sendo exames fundamentais em uma série de processos patológicos, ou mesmo indicativos de momentos únicos, como a transição para a adolescência ou gravidez. PODCAST Antes de finalizarmos, ouça este podcast em que a especialista trata sobre o processo de diagnóstico do câncer de próstata. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS CHAMHUM, J. R., et al . Marcadores tumorais: revisão de literatura. In : Revista Brasileira de Cancerologia, vol. 53, n. 3, p. 305-316, 2007. Consultado na internet em: 23 jun. 2021. DALPAI, D.; BARSCHAK, A. G. Bioquímica médica para iniciantes. Porto Alegre: UFCSPA, 2018. NUNES, M. T. Hormônios tiroideanos: mecanismo de ação e importância biológica. In : Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, vol. 47 n. 6, São Paulo, 2003. Consultado na internet em: 23 jun. 2021. MEDEIROS, S. F.; NORMAN, R. J. Formas moleculares da gonadotrofina coriônica humana: características, ensaios e uso clínico. In : Revista Brasileira de Ginecologia Obstetrícia, vol. 28, n. 4, p. 251-63, 2006. Consultado na internet em: 23 jun. 2021. EXPLORE+ Veja como o canal do YouTube TV Oncoguia aborda os marcadores tumorais, sob o ponto de vista do câncer de pulmão, no vídeo intitulado Marcadores tumorais para o câncer de pulmão . Um outro vídeo interessante sobre a relevância do estudo desses marcadores está no mesmo canal, com o nome de O que é CA 125 . Para conhecer mais sobre a gonadotrofina coriônica humana, leia o artigo Formas moleculares da gonadotrofina coriônica humana: características, ensaios e uso clínico , de MEDEIROS & NORMAN (2006). Para conhecer mais sobre o diagnóstico da deficiência de GH, leia os artigos: Diagnóstico da deficiência de hormônio de crescimento, a rigor de IGF-1 , de JÚNIOR e colaboradores (2002), e Ensaios para a medida de hormônio do crescimento (GH) e IGF-I: aspectos metodológicos e suas implicações no diagnóstico e seguimento da acromegalia , de CASAGRANDE & CZEPIELEWSKI (2007). Para explorar a função tiroidiana e os principais testes de diagnóstico, leia Função tiroidiana: principais testes laboratoriais e aplicações diagnósticas, de LOPES (2002). Leia o capítulo de REIS & CASSINI, intitulado Antígeno prostático específico (PSA) , que aborda os novos parâmetros para dosagem de PSA. CONTEUDISTA Mila Muraro de Almeida
Compartilhar