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Direito contratual bancário
Aula 4: O código de defesa do consumidor e as instituições
bancárias
Apresentação
Nesta aula, você estudará as características dos contratos bancários analisando seus elementos típicos, congregando
com as notas características dos tipos contratuais. Compreenderá a importância dos contratos como fomento da
economia mundial, sua exteriorização e força vinculante.
Você veri�cará a massi�cação dos contratos através dos contratos de adesões e sua importância para o universo jurídico,
bem como princípios pertinentes à interpretação dos contratos e sua força normativa à luz da sistemática em vigor.
Outra questão deveras importante cinge-se aos prazos prescricionais para se hostilizar a avença em juízo, qual seja, a
recente interpretação dada ao artigo 205 do Código Civil. Assim, você terá a oportunidade de compreender, para cada
contrato, qual será o prazo prescricional a ser observado quando de sua execução.
Você também entenderá a importância do Código de Defesa do Consumidor e a sua incidência nas relações ungidas sob
sua vigência, assim como a relevância na modi�cação do centro de imputação das responsabilidades após o advento da
Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, bem como perceberá a importância da incidência do princípio da boa-fé
pragmaticamente em todas as relações contratuais.
Objetivos
Identi�car a natureza jurídica dos contratos bancários, incluindo-os sob o vértice dos contratos de adesões;
Compor os contratos bancários nas relações adjetivadas pelo Código de Defesa do Consumidor;
Decodi�car a importância do princípio da boa-fé nas relações contratuais, bem como sua utilização quando de sua
interpretação.
 Características dos contratos bancários
Todo contrato bancário é oneroso. Cumpre ter em tela que os contratos bancários são mais uma espécie dos contratos
mercantis.
Outrossim, considerando que todo contrato mercantil é oneroso e, destarte, com manifesto propósito de lucro, os contratos
bancários como sendo espécie dos contratos mercantis seguem a mesma lógica mercantil, e nem poderia ser diferente.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
A matéria-prima dos contratos bancários é o crédito. Seu elemento nuclear
consiste na forma pela qual e em quais condições o crédito será ofertado ao
tomador do empréstimo. Neste modal é que residirá a grande distinção
entre os demais contratos bancários.
As partes celebram o contrato não pelo simples propósito de contratar, mas porque cada qual vê no contrato um propósito que
lhe redundará em manifesta vantagem.
Desse modo, da mesma forma que para a aquisição da
casa própria o tomador do empréstimo está disposto a
arcar com os encargos da operação quanto às taxas de
juros, na medida em que poderá desde já usufruir de uma
moradia, de outro lado, a instituição �nanceira está disposta
a conceder as condições �nanceiras para que esta operação
ultime, mediante remuneração direta pela disponibilização
de tais recursos.
Portanto, cada qual acredita que será através do contrato
que o propósito almejado antes da contratação será
alcançado.
Como vimos em nosso exemplo anterior:
Tomador do empréstimo

Objetiva a aquisição da casa própria.

Instituição financeira

Objetiva o retorno de seu capital ao �nal da
avença, com o acréscimo de uma parcela
de lucro, calculado não apenas sobre o
aporte �nanceiro envolvido na operação,
mas, sobretudo, no prazo esperado para o
retorno do investimento e nos riscos da
operação.
Neste ponto, reside a grande discussão envolvendo as taxas de juros.
É cediço que o contrato, principalmente durante o liberalismo econômico, assume deveras importância, principalmente na
sociedade de consumo, pois será através dele que as partes conseguirão almejar o �m esperado após a contratação, que,
alhures, não seria alcançado sem o contrato.
Dessume-se do exposto que o contrato, senão o mais importante instrumento catalizador de riquezas, é um dos mais
importantes meios para a obtenção dessa máxima.
Em sua essência, os contratos bancários são o elo propulsor da
economia contemporânea. Não se consegue imaginar dentro de
nossa lógica de mercado alguém que tenha sobrevivido sem que
tenha realizado alguma espécie de contrato e, deveras, bancário.
Contemporaneamente, os bancos alimentam e arrefecem nossa economia, quer seja na movimentação de recursos, guarda de
valores, pagamento de obrigações etc. Repise-se à exaustão, não se concebe um sistema econômico pelo qual não se logre de
forma exitosa a participação das instituições �nanceiras.
Em contrapartida, os bancos são, em ultima instância, agentes mediadores do crédito, recebem seus recursos das mais
variadas formas, quer seja �duciariamente, quando investidores conferem recursos para resgatá-los em momento posterior
mediante remuneração, quer seja mediante as taxas de juros adimplidas por outras obrigações mutuadas aos terceiros.
Em todos os casos, os préstimos são sempre geridos mediante concessão do crédito com o acréscimo de juros calculados,
não apenas sobre o retorno dos investimentos protraídos do tempo, como também com o acréscimo do risco do negócio e o
lucro.
Assim, essa mediação orgânica dos bancos vem a reboque de sua principal função, que é, ao mesmo tempo, o �m e o
propósito das referidas operações.
O empréstimo é a �gura mais típica dos contratos bancários, mas não a única. Pense-se na hipótese de locação de cofres e na
guarda de bens, nada obstante estas operações serem acessórias, em se comparando com sua função principal, qual seja, o
mútuo feneratício.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
 Natureza jurídica dos contratos bancários
É sem sombra de dúvidas que os contratos bancários são típicos contratos de adesão.
Seus instrumentos são propostas uniformes e
padronizadas, deixando para serem completadas
informações atinentes às operações, mas que em nada
in�uem substancialmente para as execuções da avença, a
exemplo dos prazos, taxas de juros, datas de vencimentos,
entre outras que, repise-se, quando alteradas, não
modi�cam em substância o quanto se pretende contratar.
É, portanto, um contrato de adesão, pois uma das partes, o
tomador do empréstimo, não possui gerência quanto às
principais cláusulas de execução do contrato, cabendo
apenas a escolha quanto às informações que, em
substância, não interferem em sua essência.
A par dessas circunstâncias, os contratos de adesões
exprimem maiores cuidados do judiciário quando de sua
interpretação, pois que, justamente, pelo fato de se obstar o
discernimento de uma das partes, para as elaborações de
suas cláusulas a coloca em grau de vulnerabilidade e, por
tais razões, a atenção se volta para as atividades
recobradas em cláusulas de adesão.
De um modo geral, a atividade de inteleção do tomador do
empréstimo quando da contratação e de suas cláusulas de
nada importa. Por tais razões, raramente alguém se presta a
ler as cláusulas e condições do negócio, que já vêm
formatadas, impressas e dispostas a serem rubricadas em
bloco.
Ainda que se preste a lê-las, não raras vezes as malogradas cláusulas são ignóbeis e prolixas, elaboradas propositalmente para
o distanciamento intelectual de uma pessoa de conhecimento meridiano.
Ainda que superada esta etapa, de que adiantaria o conhecimento
aprofundado das referidas cláusulas e sua compreensão quanto ao
real alcance diagnóstico de suas consequências se, mesmo que
pretendam, as partes não possuem gerência para as alterações de
suas condições e cláusulas?
Em conclusão, o aderente recebe o contrato e, grosso modo, possui apenas duas opções, aceitar os termos da forma como
estatuída ou não contratar.
Assim, considerando que a manifestação de vontades está alijada, o grau de vulnerabilidade máxima se eleva, recobrando,
outrossim, maior protagonismo do judiciário quando da interpretação dos contratos de adesões.
A vulnerabilidade somente cresce se considerarmos que todos os demais agentes econômicos se valem dosmesmos
recursos quando de suas contratações, pulverizando as opções mercadológicas quando da contratação.
 Relativização do princípio do pacta sunt servanda
 Clique no botão acima.
Relativização do princípio do pacta sunt servanda
Em oportunidade, o ministro Luis Felipe Salomão, através da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça,
discorrendo acerca da relativização do princípio do pacta sunt servanda, assentou que:
Assim, essas normas impessoais trazidas no corpo do contrato traduzem de forma inequívoca a vulnerabilidade do
contratante, pois que, quem, senão em manifesta desvantagem econômica e �nanceira, estaria a contratar quando os
termos do contrato não lhe favorecem? Portanto, nesse intervalo entre a contratação e sua interpretação, passa-se a
exigir maior participação do judiciário, para não raras vezes relativizar o princípio do pacta sunt servanda (SALOMÃO).
CONTRATOS E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. REVISÃO DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS. CDC. POSSIBILIDADE MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DO PACTA SUNT SERVANDA. LEASING. DEVOLUÇÃO
DO BEM ARRENDADO. RESTITUIÇÃO DO VRG PAGO ANTECIPADAMENTE. POSSIBILIDADE. ALEGAÇÕES RECURSAIS
DESASSOCIADAS DOS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO RECORRIDO. SÚMULA 284/STF. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
SÚMULA 7/STJ. 1. A jurisprudência do STJ se posiciona �rme no sentido de que a revisão das cláusulas contratuais
pelo Poder Judiciário é permitida, mormente diante dos princípios da boa-fé objetiva, da função social dos contratos e
do dirigismo contratual, devendo ser mitigada a força exorbitante que se atribuía ao princípio do pacta sunt servanda.
Precedentes. 2. Com a resolução do contrato de arrendamento mercantil por inadimplemento do arrendatário e a
consequente reintegração do bem na posse da arrendadora, faz-se devido o cumprimento das parcelas vencidas e em
aberto até a retomada do bem pelo arrendatário, ressalvando seu direito quanto à devolução ou compensação em seu
favor dos valores pagos antecipadamente a título de VRG. A diluição do valor residual ao longo do prazo contratual,
cuja cobrança é feita juntamente com as parcelas das contraprestações, não impede que o arrendatário, por sua livre
opção e interesse, desista da compra do bem objeto do contrato de leasing. Retomada a posse direta do bem pela
arrendadora, extingue-se a possibilidade de o arrendatário exercer a opção da compra; por conseguinte, o valor
residual, que antecipadamente vinha sendo pago para essa �nalidade, deve ser devolvido. Precedentes. 3. A alegação
de que o acórdão recorrido procedera à alteração no indexador pactuado no contrato de arrendamento mercantil
mostra-se completamente desassociada das questões tratadas e decididas pelo acórdão, caracterizando
fundamentação de�ciente e, por conseguinte, óbice à exata compreensão da controvérsia, o qual atrai, de forma
inexorável, a dicção da Súmula 284/STF. 5. É pací�co no STJ o entendimento segundo o qual a veri�cação do grau de
sucumbência de cada parte, para �ns de aplicação da norma contida no parágrafo único do art. 21 do CPC, enseja
incursão à seara fático-probatória dos autos, vedada pela Súmula 7 desta Corte. 6. Agravo regimental não provido.
(AGRG. no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.383.974 - SC).
(STJ, s/d).
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas que gerem dúvida quanto à sua interpretação, será adotada
a mais favorável ao aderente. Parágrafo único. Nos contratos não atingidos pelo disposto no caput, exceto se houver
disposição especí�ca em lei, a dúvida na interpretação bene�cia a parte que não redigiu a cláusula controvertida.
(BRASIL, s/a, s/d).
Ainda, sob o enfoque da natureza jurídica dos contratos, podemos conceituá-los como sendo:

1
Típicos
Seriam os contratos típicos aqueles cuja normatividade traz os
pressupostos de sua constituição. Possuem uma forma típica
em lei.

2
Atípicos
São aqueles que não apresentam formas de�nidas em lei, não
existindo nenhum tecido normativo estabelecendo suas
nuances.
Apenas para redarguirmos, podemos concluir que os contratos de arrendamento mercantil e de alienação �duciária são
contratos típicos, conquanto trazem em seu ímpeto contornos normativos estatuídos em leis especiais, cuja inobservância
poderá coadunar com a inexistência do vínculo a que se pretendia formar.
Em termos práticos, os contratos atípicos possuem como característica a
fusão de vários contratos típicos ou a combinação de partes desses
contratos e devem ser interpretados à luz de seus propósitos nucleares.
Dessa feita, nesses contratos a importância do preâmbulo
assume maior relevância quando de sua interpretação pelo
juiz, conquanto que apresenta o mote do que se pretendeu
contratar, para em seguida se inferir a responsabilidade do
agente recalcitrante.
Cumpre ter em tela que, em qualquer dos casos, quer seja
contrato típico ou atípico, a interpretação e a execução dos
referidos instrumentos obedecerá às mesmas regras e
princípios, salvo as peculiaridades de cada caso.
Uma questão de salutar importância cinge-se quanto ao
prazo prescricional para se discutir a avença em juízo.
Desse modo, podemos concluir que, quando o contrato for
típico, a regra a ser esquadrinhada será a contida em seu
regulamento.
Nada obstante, se, ainda assim, a norma permanecer omissa, deveremos aplicar a mesma regra deferida para os contratos
atípicos, pelos quais o prazo prescricional será o de dez anos, consoante entendimento entabulado pelo Superior Tribunal de
Justiça.
Em análise à jurisprudência, é certo que, desde a vigência do Código Civil de 2002, preponderou o entendimento de que o prazo
prescricional disposto no artigo 206, § 3º, V do Código Civil haveria por incidir somente para as hipóteses de responsabilidade
civil aquiliana e, destarte, o artigo 205 do mesmo diploma teria sua incidência de forma subsidiária, neste especial, para a
responsabilidade civil contratual.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
 Jurisprudência - responsabilidade civil contratual
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Jurisprudência - responsabilidade civil contratual
Ipso facto para uniformizar nossa jurisprudência, o Superior Tribunal de Justiça, através de sua Corte Especial, em 15
de maio de 2019, nos autos dos Embargos de Divergência RESP. nº 1.281.594- SP (2011/0211890-7), sedimentou
entendimento de que a expressão "reparação civil" empregada pelo seu art. 206, § 3º, V, refere-se unicamente à
responsabilidade civil aquiliana. Assim, a pretensão decorrente da responsabilidade civil contratual estará subsumida à
regra geral do art. 205 do Código Civil, qual seja, decenal, in verbis:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. DISSENSO CARACTERIZADO.
PRAZO PRESCRICIONAL INCIDENTE SOBRE A PRETENSÃO DECORRENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL
CONTRATUAL. INAPLICABILIDADE DO ART. 206, § 3º, V, DO CÓDIGO CIVIL. SUBSUNÇÃO À REGRA GERAL DO ART. 205,
DO CÓDIGO CIVIL, SALVO EXISTÊNCIA DE PREVISÃO EXPRESSA DE PRAZO DIFERENCIADO. CASO CONCRETO QUE
SE SUJEITA AO DISPOSTO NO ART. 205 DO DIPLOMA CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PROVIDOS. I- Segundo a
jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, os embargos de divergência têm como �nalidade precípua a
uniformização de teses jurídicas divergentes, o que, in casu, consiste em de�nir o prazo prescricional incidente sobre
os casos de responsabilidade civil contratual. II- A prescrição, enquanto corolário da segurança jurídica, constitui, de
certo modo, regra restritiva de direitos, não podendo assim comportar interpretação ampliativa das balizas �xadas
pelo legislador. III- A unidade lógica do Código Civil permite extrair que a expressão "reparação civil" empregada pelo
seu art. 206, § 3º, V, refere-se unicamente à responsabilidade civil aquiliana, de modo a não atingir o presente caso,
fundado na responsabilidade civil contratual. IV- Corrobora com tal conclusão a bipartição existente entre a
responsabilidade civil contratual e extracontratual, advinda da distinçãoontológica, estrutural e funcional entre ambas,
que obsta o tratamento isonômico. V- O caráter secundário assumido pelas perdas e danos advindos do
inadimplemento contratual, impõe seguir a sorte do principal (obrigação anteriormente assumida). Dessa forma,
enquanto não prescrita a pretensão central alusiva à execução da obrigação contratual, sujeita ao prazo de 10 anos
(caso não exista previsão de prazo diferenciado), não pode estar fulminado pela prescrição o provimento acessório
relativo à responsabilidade civil atrelada ao descumprimento do pactuado. VI- Versando o presente caso sobre
responsabilidade civil decorrente de possível descumprimento de contrato de compra e venda e prestação de serviço
entre empresas, está sujeito à prescrição decenal (art. 205, do Código Civil). EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PROVIDOS.
(BRASIL, 2011)
Para aquilo que nos ocupa, podemos concluir que os prazos prescricionais para a discussão judicial deverão
rigorosamente obedecer a duas regras distintas, pelas quais a incidência de uma naturalmente excluirá a outra.
Desta forma, em se tratando de contratos típicos, obedeceremos às regras trazidas em seu corpo normativo. Em
sendo omissa, aplicaremos as regras tangenciadas aos contratos atípicos, qual seja, o prazo prescricional decenal,
trazido por ocasião do artigo 205 do Código Civil.
 Atividade
1. A força vinculante dos contratos é um dos princípios norteadores do Direito Contratual, encontrando seu elemento nuclear no
princípio do pacta sunt servanda. Assinale a alternativa correta:
a) Em hipótese alguma poderá o Estado interferir em uma relação privada, prevalecendo o princípio da intervenção mínima do Estado.
b) É defesa ao juiz a possibilidade de interferir em uma relação contratual já consolidada.
c) O princípio do pacta sunt servanda poderá ser relativizado para favorecer o consumidor quando contatada sua vulnerabilidade.
d) A intervenção do Estado, quando instado a interpretar um contrato, ficará adstrita apenas às questões de ordem pública, que possam
ser reconhecidas de ofício pelo juiz.
e) O princípio do pacta sunt servanda poderá ser relativizado para favorecer o consumidor somente quando se tratar de contrato de
adesão.
2. Sobre os contratos bancários, assinale a alternativa incorreta:
a) Serão sempre onerosos.
b) São uma espécie de contrato mercantil.
c) Em geral, são contratos de adesão.
d) Podem ser celebrados entre pessoas jurídicas.
e) Poderão ser gratuitos.
 Os contratos bancários à luz do Código de Defesa do Consumidor
Pelo quanto exposto, �ca a toda evidência que os contratos bancários são contratos de adesões e, haja vista a supressão da
manifestação de vontades do aderente quando da contratação, não podemos negar que, nestas espécies de contratos, aliados
ao poder econômico que detém as casas bancárias, estas são, não raras vezes, levadas a abusar de sua superioridade
econômica, quer seja impingindo cláusulas leoninas, quer seja estabelecendo obrigações iníquas ou abusivas. Em todos os
casos, a incúria que se veri�ca nestas espécies de contratação se sobreleva.
São, portanto, os contratos de adesões o terreno fértil para a proliferação de cláusulas desleais e ignóbeis, agregue-se a este
fato a circunstância de que o objeto desses contratos em geral é a moeda, re�etindo de outro lado a servidão que se impõe
nestas espécies de contratações.
A vulnerabilidade do consumidor será patente, quando a relação
contratual se divorciar da boa-fé objetiva, e o ambiente propício para
que essa vulnerabilidade se manifeste será através dos contratos de
adesões, pois não se a�gura razoável que alguém pactue algo
manifestamente a seu desfavor, senão por se encontrar em elevado
grau de vulnerabilidade, e essa vulnerabilidade será fruto de um
dé�cit informacional.
Deveras, se o consumidor conhecesse todas as informações atinentes ao produto, tais como os critérios para a �xação das
taxas, multas contratuais, os juros e demais valores embutidos sobre os cálculos, essas informações com toda certeza
in�uenciariam a relação de consumo e não raras vezes inibiria a própria formação contratual.
Destarte, a obrigatoriedade de informações verossímeis nas
relações contratuais não agrada quem arti�cialmente
manipula dados com �ns de favorecimento pessoal pela
exploração da ignorância para vilipendiar direitos alheios.
Se o crédito representa para a sociedade contemporânea
seu mais importante elemento, daí concluirmos que dada
sua essencialidade, sua oferta deveria ser realizada de
forma mais meticulosa, e sob determinadas condições, e
mediante análise técnica e crítica, principalmente sob o
impacto que o endividamento poderá acarretar a seu
tomador.
Em 11.03.98, no IV Congresso Brasileiro de Direito do Consumidor, realizado em Gramado, RS, no Painel sobre Serviços
Bancários e Financeiros, foi aprovada, por unanimidade, a seguinte conclusão:
"5. As instituições financeiras, ao prestarem os serviços atinentes ao crédito, manipulam
interesses públicos relevantes e devem agir com a maior diligência, cumprindo com as
funções inerentes ao crédito (captação de poupança e financiamento à produção), de
molde a não causar danos.
6. Responde o banqueiro pelos danos causados a terceiros, com base no art. 159 do
Código Civil (atual art. 186 do CC), quando, por falta de observância de normas de
conduta consistente em: a) prévia verificação da capacidade de pagamento e, ou, b)
proceder estudo de viabilidade econômica da empresa ou do empreendimento
financiado, vier a conceder crédito à pessoa em estado de insolvência."
- (IV CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO DO CONSUMIDOR, 1998)
Em verdade, hodiernamente, existe certa banalização quando da oferta do crédito e esse produto (o crédito), não obstante sua
essencialidade, é apresentado ao consumidor da mesma forma e com as mesmas facilidades que se oferta uma pizza.
O Código de Defesa do Consumidor e todos os seus princípios são aplicáveis aos contratos bancários, atendendo, assim, ao
comando constitucional de nossa Carta Política de 1988, na qual a inclusão dos direitos do consumidor realizou-se como
direito fundamental, referendado pela doutrina, como sendo parte dos Direitos Humanos de Nova Geração ou Nova Dimensão,
rechaçada, precipuamente, após o julgamento da ADIN 2.591.
Vejamos a seguir como se desenrolou o julgamento.
Proposta
A ADIN 2.591 foi proposta perante o Supremo Tribunal Federal em 26 de dezembro
de 2001, pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF). O
julgamento se iniciou em 17 de abril de 2002. Em termos legais, foi arguida a
inconstitucionalidade da expressão �nal contida no art. 3º, § 2º do Código de
Defesa do Consumidor, inclusive as de natureza bancária, �nanceira, de crédito e
securitária.
Carlos Velloso
Ex-ministro do STF (1990 – 2006)
Votação
Néri da Silveira
Ex-ministro do STF (1981 – 2002)
Em votação, o ministro relator Carlos Velloso e o ministro Néri da Silveira
pugnaram pela incidência do CDC às operações bancárias, ressalvada a �xação
em 12% (doze por cento) ao ano. À necessidade de edição de lei complementar,
em ato contínuo, o Senhor Ministro Nelson Jobim fez pedido de vista aos autos.
Na sequência do julgamento, em fevereiro de 2006, o ministro Nelson Jobim,
empossado presidente do STF, acompanhou o voto do relator, no sentido de
manter a incidência do CDC às operações bancárias. Todavia, o julgamento foi
novamente interrompido a requerimento do ministro Eros Grau, quando em
oportunidade apresentaria seu voto.
Nelson Jobim
Ex-ministro do STF (1997 – 2006)
Ellen Gracie
Ex-ministra do STF (2000 – 2011)
Em 04 de maio de 2006, em seu escrutino, pronunciou-se pela improcedência da
ação, sendo acompanhado pelos ministros Joaquim Barbosa, Carlos Britto e
Sepúlveda Pertence, quando novo requerimento de vista foi realizado pelo ministro
Cezar Peluso, retornando o julgamento em 07 de junho de 2006, com os votos dos
ministros Cezar Peluso e a então presidente do STF, Senhora Ministra Ellen Gracie.
Decisão
Em decisão unânime,o Plenário do Supremo Tribunal Federal foi no sentido de fazer-se incidir o CDC às operações bancárias, e
ao Senhor Ministro Eros Grau, incumbiu-se a redação do acórdão, que em ementa, assentou a tese a seguir.
 Tese do Senhor Ministro Eros Grau
 Clique no botão acima.
Tese do Senhor Ministro Eros Grau
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5º, XXXII, DA CB/88. ART. 170, V, DA CB/88. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.
SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, EXCLUÍDAS DE SUA ABRANGÊNCIA A DEFINIÇÃO DO
CUSTO DAS OPERAÇÕES ATIVAS E A REMUNERAÇÃO DAS OPERAÇÕES PASSIVAS PRATICADAS NA EXPLORAÇÃO DA
INTERMEDIAÇÃO DE DINHEIRO NA ECONOMIA [ART. 3º, § 2º, DO CDC]. MOEDA E TAXA DE JUROS. DEVER-PODER DO
BANCO CENTRAL DO BRASIL. SUJEIÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. 1. As instituições �nanceiras estão, todas elas, alcançadas
pela incidência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor. 2. "Consumidor", para os efeitos do
Código de Defesa do Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário �nal, atividade
bancária, �nanceira e de crédito. 3. O preceito veiculado pelo art. 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor deve ser
interpretado em coerência com a Constituição, o que importa em que o custo das operações ativas e a remuneração
das operações passivas praticadas por instituições �nanceiras na exploração da intermediação de dinheiro na
economia estejam excluídas da sua abrangência. 4. Ao Conselho Monetário Nacional incumbe a �xação, desde a
perspectiva macroeconômica, da taxa base de juros praticável no mercado �nanceiro. 5. O Banco Central do Brasil está
vinculado pelo dever-poder de �scalizar as instituições �nanceiras, em especial na estipulação contratual das taxas de
juros por elas praticadas no desempenho da intermediação de dinheiro na economia.
6. Ação direta julgada improcedente, afastando-se a exegese que submete às normas do Código de Defesa do
Consumidor [Lei nº 8.078/90] a de�nição do custo das operações ativas e da remuneração das operações passivas
praticadas por instituições �nanceiras no desempenho da intermediação de dinheiro na economia, sem prejuízo do
controle, pelo Banco Central do Brasil, e do controle e revisão, pelo Poder Judiciário, nos termos do disposto no Código
Civil, em cada caso, de eventual abusividade, onerosidade excessiva ou outras distorções na composição contratual da
taxa de juros. ART. 192, DA CB/88. NORMA-OBJETIVO. EXIGÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR EXCLUSIVAMENTE PARA
A REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO. 7. O preceito veiculado pelo art. 192 da Constituição do Brasil
consubstancia norma-objetivo que estabelece os �ns a serem perseguidos pelo sistema �nanceiro nacional, a
promoção do desenvolvimento equilibrado do País e a realização dos interesses da coletividade. 8. A exigência de lei
complementar veiculada pelo art. 192 da Constituição abrange exclusivamente a regulamentação da estrutura do
sistema �nanceiro. CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL. ART. 4º, VIII, DA LEI N. 4.595/64. CAPACIDADE NORMATIVA
ATINENTE À CONSTITUIÇÃO, FUNCIONAMENTO E FISCALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ILEGALIDADE
DE RESOLUÇÕES QUE EXCEDEM ESSA MATÉRIA. 9. O Conselho Monetário Nacional é titular de capacidade normativa
--- a chamada capacidade normativa de conjuntura --- no exercício da qual lhe incumbe regular, além da constituição e
�scalização, o funcionamento das instituições �nanceiras, isto é, o desempenho de suas atividades no plano do
sistema �nanceiro. 10. Tudo o quanto exceda esse desempenho não pode ser objeto de regulação por ato normativo
produzido pelo Conselho Monetário Nacional. 11. A produção de atos normativos pelo Conselho Monetário Nacional,
quando não respeitem ao funcionamento das instituições �nanceiras, é abusiva, consubstanciando afronta à
legalidade. (STF - ADI: 2591 DF, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento: 07/06/2006, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-02 PP-00142).
Na prática, as casas bancárias encontram na boa-fé objetiva um grande limitador de suas operações. Assim, a Confederação
Nacional do Sistema Financeiro– CONSIF impetrou a ADI 2591–1 contra o artigo 3º, § 2º do CDC. Seus inescrupulosos
mentores alegavam que não poderia o CDC ser aplicável às operações bancárias �nanceiras de crédito e securitárias.
A CONSIF justi�cou tal pedido pelo fato de o Superior
Tribunal de Justiça estar interpretando os contratos a favor
do consumidor e coibindo seus abusos.
Malgrado seus argumentos, os bancos requereram a
suspensão imediata do Código de Defesa do Consumidor,
conquanto que as decisões emitidas pelo STJ os estariam
prejudicando, como se a causa para o deferimento de ações
favoráveis ao consumidor não estivesse centrada em
práticas abusivas.
Repise-se à exaustão, o Código de Defesa do Consumidor estava atrapalhando tudo, pois que limita os abusos, obriga que os
contratos sejam claros, inverte regras processuais em favor do consumidor, impede que os consumidores sejam expostos a
humilhações na cobrança de débitos, diz que os bancos devem agir com boa-fé e estabelece como quadrante a
responsabilidade objetiva.
Outrossim, o STJ, através da súmula 297, consolidou o entendimento de que
o CDC se aplica às instituições �nanceiras, dando concretude ao art. 3º, § 2º
do Código de Defesa do Consumidor, in verbis: “O Código de Defesa do
Consumidor é aplicável às instituições �nanceiras”. (STJ, 1992)
Nesse diapasão, colecionamos sodalício encampado pelo arresto vergastado pela Quarta Turma do STJ, cujo relato
desprendeu-se da lavra do ministro Aldir Passarinho Junior, nos autos do ARGR. no RECURSO ESPECIAL Nº 794.526– M.:
 RECURSO ESPECIAL Nº 794.526– M.
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RECURSO ESPECIAL Nº 794.526– M.
CIVIL. CONTRATO BANCÁRIO. EXECUÇÃO. CÉDULA RURAL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA.
SÚMULA N. 297/STJ. MULTA MORATÓRIA. REDUÇÃO PARA 2%. SÚMULA N. 285 e 7/STJ. I. Nos termos da Súmula
297/STJ, aplica-se o Código de Defesa do Consumidor às instituições �nanceiras. II. A jurisprudência desta Corte tem
admitido a incidência da Lei nº 8.078/90 também aos contratos de cédula de crédito rural. Precedentes: AgRg-REsp n.
292.571/MG, Rel. Min. Castro Filho, DJ 06.05.2002 p. 286; REsp n. 337.957/RS, de minha relatoria, DJ 10.02.2003 p.
214; REsp n. 586.634/MT, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 17.12.2004 p. 531; AgRg. no REsp 671866/SP,
Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 09.05.2005 p. 402; AgRg no AG 431239/GO, Rel. Min. Antônio de Pádua
Ribeiro, DJ 01.02.2005 p. 538. III. Redução da multa moratória para 2% (Súmula n. 285/STJ). IV. Agravo improvido.
No mesmo sentido:
PROCESSO CIVIL- RECURSO ESPECIAL- AGRAVO REGIMENTAL- CONTRATO BANCÁRIO- ABERTURA DE CRÉDITO EM
CONTA CORRENTE- VIOLAÇÃO AO ART. 965, CC- AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO- SÚMULA 356/STF-
APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC) AOS CONTRATOS DE MÚTUO- SÚMULA 297/STJ-
CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS- CONTRATO ANTERIOR À EDIÇÃO DA MP 2.170-36- IMPOSSIBILIDADE-
DESPROVIMENTO. 1 - Não enseja interposição de Recurso Especial matéria (ART. 965, CC) não ventilada no v. julgado
atacado e sobre a qual a parte não opôs os Embargos Declaratórios competentes, estando ausente o
prequestionamento. Aplicação da Súmula 356/STF. Precedentes (AgRg Ag nºs 616.047/PR e 613.700/RS, dentre
inúmeros outros). 2- Esta Corte já paci�cou o entendimento no sentido da aplicabilidade do Código de Defesa do
Consumidor aos contratos de mútuo (Súmula 297/STJ).
Precedentes (AgRg REsp 630.957/RS e REsp 505.152/RS). 3- Igualmente consolidado que, nos contratos �rmados por
instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, anteriormente à edição da MP 1.963-17/2000, de 31 de março
de 2000 (atualmente reeditada sob o nº 2.170-36/2001), ainda que expressamente pactuada, é vedada a capitalização
dos juros, somente admitida nos casos previstos em lei, quais sejam, nas cédulas de crédito rural, comercial e
industrial, inocorrentes, na presente hipótese(art. 4º do Decreto n. 22.626/33 e Súmula nº 121-STF). In casu, conforme
asseverado na contestação, o contrato de abertura de crédito foi �rmado em 09 de maio de 1996, o que impossibilita a
aplicabilidade do disposto na citada medida provisória. Precedentes (AgRg REsp nºs 702.524/RS e 523.007/RS). 4-
Agravo Regimental desprovido. (AgRg no Ag 511.316/SE, 4ª T., J. 11.10.2005, DJU 21.11.2003).
(STJ, 2005).
Atenção
Evidentemente, a incidência do Código de Defesa do Consumidor cinge sua atuação quando estivermos
diante de uma relação de consumo. Nada obstante, não havendo consumidor em uma das extremidades,
não haverá a incidência do CDC na relação. Basta pensar em uma relação de crédito realizada entre duas
instituições �nanceiras, pela qual o empréstimo não é tomado para seu objetivo social.
 Atividade
3. (MAGISTRATURA-PB/2015) Acerca da interpretação dos negócios jurídicos e do princípio da boa-fé objetiva, assinale a
opção correta:
a) A boa-fé objetiva limita os direitos subjetivos e constitui fonte de obrigação aos contratantes, de forma a estabelecer deveres implícitos
que não estão previstos expressamente no contrato.
b) Os negócios jurídicos que estabeleçam benefício devem ter interpretação ampla.
c) De acordo com o Código Civil de 2002, não é permitido que o silêncio de um dos participantes seja interpretado como caracterizador
de concordância com o negócio.
d) A boa-fé objetiva importa para a interpretação dos contratos, mas não pode ser fundamento para relativização da força obrigatória das
avenças.
e) O negócio jurídico celebrado com reserva mental de um dos contratantes, com ou sem conhecimento do outro, deve ser considerado
inexistente.
4. No que tange à responsabilidade civil das instituições �nanceiras, assinale a alternativa correta:
a) Será sempre objetiva, independentemente das partes ou do propósito da operação.
b) Será sempre objetiva quando se tratar de uma autêntica relação de consumo.
c) Será objetiva somente quando de um lado da relação contratual se encontrar uma pessoa física.
d) Será subjetiva quando se tratar de uma autêntica relação de consumo.
e) Será subjetiva somente quando de um lado da relação contratual se encontrar uma pessoa física.
 Responsabilidade civil dos bancos
Uma das principais inovações trazidas por ocasião do Código de Defesa do Consumidor foi, sem dúvida, a possibilidade de
responsabilidade civil objetiva nas relações consumeristas.
A responsabilidade civil antes do advento do Código de Defesa do Consumidor era preponderantemente subjetiva, ou seja,
exigia-se, além do efetivo prejuízo do nexo causal, o elemento anímico, qual seja, a culpa do agente causador do dano.
Em termos práticos, a consequência era que a propositura de uma demanda por �ns de responsabilidade civil subjetiva era
preponderantemente di�cultosa, haja vista a necessidade de conseguir demonstrar a culpa do agente que agiu com desídia.
Outrossim, o sucesso de várias ações lastreadas em uma relação de consumo estava fadado ao fracasso, conquanto que a
parte hipossu�ciente e, deveras, mais fragilizada, não conseguia frequentemente demonstrar ipso facto seu direito, haja vista a
di�culdade de demonstração da culpa do agente que agiu com incúria.
Conseguintemente, nada obstante o consumidor estar sendo lesado com frequência, não promovia suas demandas em juízo,
posto não dispor na ocasião de documentos que viessem a propiciar o seu ingresso em juízo de forma exitosa.

Consumidor
 
Instituições financeiras
Diametralmente, em sentido oposto, os fornecedores de serviços (inclua-se aqui as casas bancárias), fabricantes, vendedores e
demais integrantes da cadeia de consumo não se esforçavam para o aprimoramento de seu produto ou serviço, pois sabiam
que, de giro, o consumidor não dispunha de condições elementares para a propositura de demandas que viessem objetivar a
reparação por danos experimentados por ocasião do consumo.
Nesse diapasão, para encerrar manifesto legado de maledicências ao império de indultos cumpridos pela imperfeição da lei ao
menoscabo do consumidor, nosso legislador cumpriu imperiosa ordem constitucional quando estatuiu no Código de Defesa do
Consumidor a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Entre as inovações do novel diploma legal, está o deslocamento das
atenuantes da responsabilidade civil, rompendo com o antigo sistema de responsabilidades impingidas pela velha e arcaica
escola rudimentar do Direito.
Pela atual ordenança legislativa, o centro de imputabilidade da responsabilidade civil é deslocado para encetar outras relações
que não seriam acobertadas pelo antigo modelo de responsabilidade civil, haja vista a impossibilidade de se produzir o material
probatório destinado ao convencimento do magistrado.
Com o deslocamento do centro de imputação da responsabilidade para o agente desidioso, sem a discussão acerca do
elemento anímico, cumpre a este a demonstração de que aquilo que se lhe imputa não teria sido pelo mesmo praticado ou, ao
revés, o consumidor teria concorrido com o dano direta ou indiretamente.
Com efeito, após o advento do CDC, cumpre ao agente econômico, e repise-
se, é ele quem detém a posse do conhecimento e das informações atinentes
às operações a que lhe são imputadas, a demonstração de que não agiu com
culpa no desempenho de suas atribuições.
Destarte, com a inversão do ônus da prova e com a
responsabilidade civil objetiva, cumpre nosso legislador
importante papel na aplicação da lei, outorgando com
justeza aquelas relações angulares, pelas quais di�cilmente
o consumidor conseguiria lograr êxito em sua demanda,
haja vista a impossibilidade de produzir prova das quais não
detinha o conhecimento nem informações que, alhures,
estavam na contingência dos conhecimentos técnicos do
agentes que controlavam os processos de fabrico e
serviços.
A outro giro, a forma de interpretação dos contratos também é relativizada para se exprimir o melhor sentido que se possa
atribuir à avença, de molde a ampliar em grau a proteção ao consumidor de forma exponencial.
Quanto à interpretação dos contratos bancários, o Código de Defesa do Consumidor, por meio do artigo 51, assevera que:
"Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV- Estabeleçam obrigações consideradas
iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade."
- (BRASIL, 1990)
Por seu turno, o Decreto nº 2.181, de 20 de março de 1997, que dispõe organização do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor, em seu inciso VI, artigo 12, reza que:
"Art. 12. São consideradas práticas infrativas: (...) VI- Exigir do consumidor vantagem
manifestamente excessiva."
- (BRASIL, 1997)
A esmiúce do exposto, a mesma redação vem consolidada no inciso V, artigo 29 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990,
cujo teor:
"Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas: (...) V- Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva."
- (BRASIL, 1990)
No mesmo sentido, a Lei 7.492, de 16 de junho de 1986, que de�ne os crimes contra o sistema �nanceiro nacional, tipi�ca
como crime exigências sobre operações de crédito em desacordo com a legislação. Nesse viés, estabelece em seu artigo 8º
que:
"Art. 8º- Exigir, em desacordo com a legislação, juro, comissão ou qualquer tipo de
remuneração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou
fiscal ou de consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores
mobiliários: Pena- Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa."
- (BRASIL, 1986)
Pelo quanto até então exposto, percebemos que o microssistema engendrado através da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de
1990, indubitavelmente remaneja o centro de imputação de responsabilidade para aquele que detém com muito mais facilidade
informações técnicas das operações, principalmente se observarmos que detém, juntamente com seuspro�ssionais, muito
mais facilidades para elidir o quanto se pleiteia a seu desfavor do que o consumidor.
Aliado à possibilidade de inversão ao ônus da prova, bem como com a democratização de acesso à justiça, através dos
juizados especiais, nossa legislação vem cumprindo com rigor o quanto se requer em nossa Carta Política de 1988.
Assim, considerando que nas relações bancárias os contratos são de adesões, espaço fértil para a proliferação das maiores
barbáries engendradas em desfavor do consumidor, o viés da balança vem sob a equação da lei consumerista, de molde a
equilibrar as relações antes sucateadas pelo desequilíbrio das relações, outorgando às instituições �nanceiras
responsabilidade civil objetiva que, a prima facie, somente poderá ser elidida se o agente �nanceiro demonstrar que não agiu
com incúria no desenvolvimento de suas atribuições.
 A boa-fé como elemento limitador do oportunismo
Quem detém o poder econômico não raras vezes é levado a abusar de sua superioridade �nanceira, e este fator se contrapõe
às legítimas expectativas de quem contrata, pois, aprioristicamente, não seria fecundo que cada contratante, quando da
avença, objetivasse a prática de atos lesivos ao seu contraposto.
Dessa feita, pressupõe-se que, quando da contratação, as partes guardem estreita obediência aos princípios da boa-fé, e é lícito
concluir que a contratação objetiva não apenas o cumprimento de sua função social, mas, sobretudo, de seus �ns econômicos.
A boa-fé é o intercâmbio do dinamismo que se impõe às relações
contratuais, de molde a uma parte não frustrar as legítimas
expectativas que se pode esperar quando da contratação, e ela deve
se fazer sentir no momento que antecede a avença, bem como após a
contratação.
Espera-se que os agentes sempre diligenciem em favor da consecução do contrato. A inobservância desse preceito enseja
responsabilidade pela parte recalcitrante e consequente dever de indenizar a parte inocente.
É, pois, o princípio da boa-fé, plasmado à órbita constitucional, nada obstante sua previsão em sede de norma
infraconstitucional, alojada nos artigos 113 e 422, ambos do Código Civil.
"Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do
lugar de sua celebração.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé."
- (BRASIL, 2002)
Se há o resguardo da boa-fé e demais consectários legais, a esmiúce da função social do contrato, da proibição de
comportamento contraditório (venire contra factum proprium), e outros sem-número de princípios que regem as relações
contratuais, é porque, sem eles, o mercado não teria um desempenho satisfatório.
Assim, em revista às experimentações até aqui colecionadas, à luz do quanto exposto, a única conclusão crível é no sentido de
se aquinhoar ao princípio da boa-fé à latitude de máxima envergadura, conquanto que todos os demais princípios dele
decorrem.
Portanto, as instituições �nanceiras, quando oferecem o crédito aos tomadores dos serviços bancários, devem, antes de tudo,
guardar estreita obediência ao princípio da boa-fé na latitude de suas operações, principalmente como mote orientador de suas
condutas.
Portanto, a boa-fé imersa no ambiente contratual confere
credibilidade a todos os protagonistas da relação, ungida na
mais nobre con�ança, e serve para menorizar os efeitos da
recalcitrância e da maledicência que, com toda certeza,
somente serviria para poluir o eterno jogo da mercancia,
pois que não se pode conferir segurança em um ambiente
inóspito à con�ança. Alhures, a palavra crédito deriva de
credere, que em latim signi�ca con�ança.
Sem con�ança não existe cumplicidade e nenhum mercado pode sobreviver
sem con�ança. É a boa-fé o elemento que anima e confere estabilidade às
relações contratuais, portanto, a sua inobservância nos permite concluir que
o judiciário estaria autorizado a restituir as partes ao momento anterior em
que sua recalcitrância é observada.
 Atividade
5. Acerca dos critérios interpretativos de uma relação contratual, podemos a�rmar que:
a) A interpretação do contrato sempre tenderá em favor da parte mais vulnerável.
b) A interpretação contratual deverá ser com base na finalidade econômica que se espera do contrato.
c) A interpretação contratual deverá ter como referência o propósito individual dos agentes quando da contratação.
d) A interpretação do contrato sempre que possível privilegiará aquela que mantiver o contrato em vigor, nas cláusulas que não
ofenderem o sistema jurídico.
e) A interpretação do contrato sempre tenderá em favor da parte menos vulnerável.
NotasReferências
ABRÃO, Nelson. Direito Bancário. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
Código Civil- Legislação Saraiva de Bolso. 3. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2019.
MAXIMILIAN, Paulo. Contratos Bancários. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
RIZZARDO, Arnaldo. Contratos de Crédito Bancário. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
Próxima aula
A natureza jurídica dos contratos bancários, em espécie, individualmente considerados em sua estrutura e importância
para as consolidações das operações bancárias;
O marco da revolução bancária com o advento de novas tecnologias, a esmiúce das operações realizadas através dos
cartões de créditos.
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