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EXMO. SR DR. JUIZ DO TRABALHO DA XXª VARA DO TRABALHO DE COMARCA
Processo nº 00000000000000000000
FULANO DE TAL, profissão, estado civil, RG, CPF, endereço completo, endereço eletrônico, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, ajuizado por FULANO DE TAL, CPF: por intermédio de sua advogada (procuração em anexa), vem, respeitosamente, à presença de V. Exa. Oferecer a sua CONTESTAÇÃO, nas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:
1. DAS NOTIFICAÇÕES
Cabe ressaltar, que nos termos da Súmula 427/TST, todas as notificações e intimações (com exceção das de cunho pessoal) à Reclamada no presente processo, deverão ser realizadas EXCLUSIVAMENTE em nome de ADVOGADO OAB/UF, com escritório estabelecido ENDEREÇO o que expressamente se requer, sob pena de nulidade processual.
2. DOS FATOS
A Reclamante conta que foi contratada pela Reclamada para exercer o cargo de auxiliar, pelo período de XXXX A XXXX, quando foi dispensada sem motivo justo, recebendo em média o valor de R$0000 (valor por extenso) por mês.
Alega ainda que a Reclamada, agindo de má-fé, sonegando direitos da autora, não efetuou o registro em sua CTPS e deixou de pagar direitos trabalhistas básicos.
3. MÉRITO DA CONTESTAÇÃO
A Reclamada impugna todos os fatos articulados na inicial, esperando a IMPROCEDÊNCIA DA RECLAMAÇÃO PROPOSTA, pelos seguintes motivos:
 4. DAS PROVAS TRAZIDAS AOS AUTOS
As provas são indispensáveis para a comprovação dos argumentos ventilados e sua ausência é motivo para improcedência da ação.
Nos termos do art. 320 do CPC
“A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.”
Nesse mesmo sentido é disposto no art. 373 CPC:
“O ônus da prova incumbe:
I – ao autor, quando ao fato constitutivo de seu direito;”
No presente caso, narra a autora que teria laborado para a ré no período de xxxx A xxxx, no entanto não traz qualquer prova para evidenciar o alegado.
É dever da autora instruir a inicial com as provas de seus argumentos, o que não ocorre no presente caso, devendo levar à imediata improcedência da ação.
Os documentos juntados à inicial tratam-se de provas insuficientes a comprovar o alegado, apenas Convenções Coletivas de Trabalho, que nada provam os fatos narrados pela Reclamante. Portanto, considerando que é dever da autora, nos termos no art. 320 CPC, instruir a inicial com os documentos indispensáveis à propositura da ação, requer a total improcedência da ação.
5. DA NÃO EXISTÊNCIA DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO
A Reclamante alega que laborava sob o cargo de “Auxiliar” e que durante todo o período reclamado exerceu as mesmas funções, caracterizando-se assim vínculo empregatício.
A alegação não merece prosperar, pois em nenhum momento a Reclamante tinha os requisitos básicos para ser considerada empregada, os quais estão elencados nos art. 2º e 3º da CLT:
“Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Art. 3º - Considera-se empregado, toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.”
A Reclamante prestava serviços eventuais para a Reclamada em sua empresa de lembranças personalizadas, auxiliando quando necessário, desempenhava um papel de “freelancer”, ou seja, para trabalhos esporádicos, sem qualquer subordinação ou pessoalidade.
Arion Sayão Romita, ao doutrinar sobre o tema, leciona:
“(...) são lícitas as modalidades de contrato das quais não derivam prejuízo para o trabalhador nem fraude à legislação previdenciária. A mera exteriorização de serviços refletida em subcontratação de serviços e em interposição de empresas não pode ser acoimada de ilegal (...) (in Globalização da economia e direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1997, p. 51).”
A Reclamante não produziu qualquer prova a sustentar a relação de emprego alegada, uma vez que as atividades narradas não cumpriram os requisitos necessário para reconhecimento do vínculo empregatício previstos no art. 3º da CLT, em clara configuração da terceirização, a saber:
Ausência de subordinação – a Reclamante não dispunha de qualquer subordinação junto a esta Reclamada, nem técnica, nem econômica e tão pouco jurídica, uma vez que tinha total autonomia de seus horários e método na realização dos trabalhos.
Onerosidade variável – a Reclamante era remunerada de acordo com as atividades realizadas, sem qualquer periodicidade ou metas definidas, como se pode perceber nos comprovantes abaixo: ANEXAR PRINTS DE PROVAS
Autonomia – a Reclamante não dispunha de qualquer subordinação junto à Reclamada, pelo contrário, definia sua rotina e recebia com base em tarefas realizadas. Prova disso são as mensagens anexadas:
Sem pessoalidade – os serviços eram executados pela Reclamante, mas periodicamente também eram executados por outros profissionais, também freelancer, evidenciando a completa ausência de vínculo pessoal com a Reclamante;
Sem habitualidade – a Reclamante prestava seus serviços sem qualquer periodicidade, com horários aleatórios, sem qualquer limite imposto pela Reclamada. A Reclamante tinha total autonomia para gerenciar seus horários, prazos e métodos de trabalho, como pode-se comprovar nos prints acima;
Cabe destacar, que a simples existência de algum dos elementos acima, não é o suficiente para caracterizar vínculo, conforme destaca a doutrina especializada sobre o tema:
"(...) para a formação de uma relação de emprego se fazem necessários graus intensos de subordinação, pessoalidade e habitualidade, enquanto, para a terceirização, devem ser mantidos graus moderados dessas características. Repete-se a expressão grau moderado ou grau médio, porque a terceirização não oferece, de fato, um desprendimento total do empregado em relação ao beneficiário dos serviços, mas uma ligação que deve ficar a meio caminho entre a intimidade completa e o estranhamento absoluto." (SILVA, Homero Batista Mateus da. Curso de Direito do Trabalho Aplicado. Vol 1. Editora RT, 2017. versão ebook, Cap. 12).”
Portanto, perfeitamente legal a contratação do freelancer, inexistindo qualquer vínculo de emprego, conforme precedentes sobre o tema:
“VÍNCULO DE EMPREGO. FREELANCER. Para a configuração do vínculo de emprego faz-se necessário o preenchimento dos requisitos previstos no art. 3º da CLT, ou seja, o trabalho realizado por pessoa física, com pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação jurídica. A ausência de qualquer deles inviabiliza um tal reconhecimento, notadamente a subordinação jurídica, elemento essencial na diferenciação entre a relação de emprego e o trabalho autônomo. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010898-31.2019.5.03.0153 (RO); Disponibilização: 08/05/2020; Órgão Julgador: Terceira Turma; Relator: Marcus Moura Ferreira).
 GARÇOM FREELANCER. VÍNCULO DE EMPREGO NÃO RECONHECIDO. Ausentes os elementos caracterizadores do vínculo de emprego, como a não eventualidade, a pessoalidade e a subordinação, não se reconhece o vínculo de emprego entre garçom freelancer e a tomadora dosserviços. (TRT12 - ROT - 0000375-90.2018.5.12.0040, Rel. JOSE ERNESTO MANZI, 3ª Câmara, Data de Assinatura: 22/04/2020).
 GARÇON FREELANCER. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE EMPREGO. Comprovado nos autos que o Reclamante, garçon freelancer, trabalhava no estabelecimento comercial explorado pela ré, apenas em sextas-feiras e finais de semana, sem regularidade de comparecimento, recebendo pela diária do dia trabalhado, mais gorjetas, com liberdade para não comparecer ao trabalho, sem sofrer punição do tomador de serviços, não há que se cogitar de relação de emprego entre as partes litigantes. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0011298-04.2016.5.03.0136 (RO); Disponibilização: 14/11/2019, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 2847; Órgão Julgador: Nona Turma; Relator: Rodrigo Ribeiro Bueno).”
Resta claro, portanto, a ausência dos requisitos necessários para o reconhecimento do vínculo empregatício, não merece prosperar a pretensão de declaração de vínculo de emprego requerida.
6. DO AVISO PRÉVIO
Nos termos do Art. 487 da CLT:
"não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa."
Ocorre que tal previsão legal aplica-se exclusivamente aos casos da existência do vínculo de emprego, não existente no presente caso:
“VÍNCULO DE EMPREGO INEXISTENTE. O vínculo de emprego caracteriza-se pela presença da subordinação jurídica, pessoalidade do trabalhador, onerosidade e não eventualidade, nos termos dos arts. 2º e 3º, da CLT; estando ausente qualquer um desses pressupostos, não há vínculo de emprego. (TRT-11 00006866620165110012, Relator: SOLANGE MARIA SANTIAGO MORAIS, Gabinete da Desembargadora Solange Maria Santiago Morais).”
Assim, como disposto, não há que se falar em aviso prévio diante do não reconhecimento do vínculo empregatício.
7. DO 13º E FÉRIAS
O 13º salário e as férias remuneradas são direito de todo trabalhador que tem um CONTRATO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO, o que não é o caso em tela, conforme já demonstrado anteriormente em tópico próprio de vínculo empregatício.
Portanto, pugna-se pela improcedência do pagamento do 13º e Férias.
8. DO NÃO CABIMENTO DAS MULTAS DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT
A CLT expressamente ao dispor sobre o cabimento de multas pelo não pagamento de verbas incontroversas dispõe:
Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento".
(...)
Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.
(...)
§ 8º Sem prejuízo da aplicação da multa prevista no inciso II do caput do art. 634-A, a inobservância ao disposto no § 6º sujeitará o infrator ao pagamento da multa em favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, exceto quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora.”
Ou seja, tais multas são cabíveis quando o valor requerido pelo Reclamante é incontroverso, o que não é o caso, uma vez que se discute exatamente o cabimento ou não dos valores cobrados.
Desta forma, não há que se falar em multa dos Arts. 467 e 477 por se tratarem de verbas controvertidas, conforme precedentes sobre o tema:
“MULTAS DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT. Por seu turno, postula o Recorrente a condenação da Reclamada ao pagamento das multas dos artigos 467 e 477 da CLT. A multa do art. 467 da CLT, por se tratar de penalidade, deve ser interpretada de forma restritiva. O direito à multa do art. 467 da CLT surge com a falta de pagamento do valor incontroverso quando da realização da primeira audiência. No caso dos autos, não há que se falar em sua aplicação, eis que não havia verbas incontroversas a serem quitadas, havendo inclusive controvérsia entre as partes quanto à modalidade da rescisão contratual. A multa do artigo 477 é indevida ante à inteligência do disposto na OJ nº 351 da SDI-I do TST, a qual foi cancelada, mas permanece a ideia central. A multa é indeferida pelo fato de o litígio estar sob o crivo da apreciação judicial, aplicando-se a Súmula nº 33 desse Regional (Resolução TP nº 04/2015 - DOELETRÔNICO de 13 e 14/07/2015) (...) (TRT-2, 1000993-66.2017.5.02.0384, Rel. FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO - 14ª Turma - DOE 26/11/2018)
 MULTA DO ART. 467 DA CLT Não procede o inconformismo. Diante da inexistência de verbas incontroversas, não há que se falar em multa do art. 467 da CLT, considerando-se, sobretudo, o disposto na Súmula 74 deste Regional: 74 - Multa do art. 467 da CLT. Reconhecimento judicial de vínculo empregatício. Indevida. (Res. TP nº 03/2017 - DOEletrônico 12/05/2017) A presença de controvérsia em torno do vínculo empregatício é suficiente para afastar a multa prevista no art. 467 da CLT DANOS MORAIS Correta a sentença. O fato de as rés não terem cumprido com suas obrigações contratuais não pode ensejar, por si só, a indenização por danos morais, mas, sim, materiais e, não havendo prova de que houve invasão na esfera moral do autor, mantenho a improcedência do pedido. (TRT-2, 1000702-48.2017.5.02.0002, Rel. ANA CRISTINA LOBO PETINATI - 5ª Turma - DOE 21/08/2018).”
Motivos pelos quais devem conduzir ao indeferimento do pleito.
9. DO FGTS
Diferentemente do alegado na inicial, não procede o pedido de pagamento de multa do FGTS, pois esse benefício só é concedido para trabalhadores com vínculo empregatício, o que não é o caso em tela.
Assim, pela ausência de vínculo empregatício, o requerimento de multa de 40% do saldo do FGTS é totalmente descabido.
10. DO SEGURO DESEMPREGO
Como já foi exaustivamente explicado nessa contestação, não há que se falar em pagamento do seguro desemprego, uma vez que a Reclamante não possuía vínculo empregatício com a Reclamada
11. DO REPOUSO SEMANAL REMUNERADO
Alega a Reclamante que não foi remunerada no repouso semanal. Ocorre que tala benefício faz jus aos trabalhadores com vínculo empregatício, que, mais uma vez, não é o caso discutido por ora.
Portanto, requer a impugnação da solicitação do repouso semanal remunerado.
12. DIFERENÇAS SALARIAIS
Ocorre que diferentemente do que foi alegado na inicial, a Reclamante atuava exclusivamente como freelancer, ou seja, não exercia qualquer atividade compatível com a categoria indicada, nem tinha qualquer vínculo empregatício.
Para fazer jus ao piso salarial a Reclamante precisaria ser funcionária com vínculo empregatício, o que não ocorre no presente caso.
Portanto, diante da nítida incompatibilidade entre as atividades exercidas pela Reclamante e as atividades inerentes à categoria, não são devidas diferenças salariais, conforme precedentes sobre o tema:
“DIFERENÇAS SALARIAIS. PISO NORMATIVO. A empregada que exerce a função de recepcionista em empresa da construção civil não se enquadra na categoria dos empregados a que a norma qualifica como" profissionais "e para os quais estabelece piso salarial mais elevado. Integra a autora a denominada" categoria geral "cujo patamar salarial foi observado. (TRT-4, RO 00205019620165040512, Relator (a):Maria Cristina Schaan Ferreira, 6ª Turma, Publicado em: 06/07/2017, #16327463).”
13. DO VALE TRANSPORTE
A Reclamante alega que nunca recebeu, a título de vale transporte, qualquer quantia para efetuar seus deslocamentos até o local de trabalho da Reclamada.
Por muitas vezes a Reclamada foi até um ponto de encontro, definido entre ambas, para dar carona à Reclamante.
E, sem medo de parecer repetitiva, por não ter vínculo empregatício, esse benefício não é devido, devendo ser impugnado na sua totalidade.
14. DA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS
As verbas rescisórias são direitos de todo colaborador que encerra o seu contratode trabalho com uma empresa. Esses direitos são pagos conforme o tipo de desligamento, sendo que, em alguns casos, o funcionário recebe todas as verbas e, em outras situações, apenas duas ou três.
No presente caso, não há que se falar em verbas rescisórias, uma vez que a Reclamante não tinha vínculo empregatício algum com a Reclamada.
Portanto, requer o indeferimento das verbas rescisórias.
15. DAS HORAS EXTRAS
Nos termos de clara redação da CLT, em seu Art. 58:
" A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. "
A Reclamante trabalhava de forma freelancer, não constituindo carga horária obrigatória para desempenhar seu labor. Podia trabalhar duas, três horas ao dia, bem como até as oito horas diárias permitidas em Lei.
Não há nenhuma prova na inicial que comprove as horas extras, bem como que a Reclamada trabalhava além do horário combinado entre ambas.
Requer a improcedência do pagamento das horas extras.
16. DA SUPRESSÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA
Mais uma vez, reitera-se que a Reclamante não tinha vínculo empregatício com a Reclamada e isso por si só já aduz não ter direito ao intervalo intrajornada.
Por ser freelancer a Reclamante fazia seu próprio horário, independentemente das necessidades da Reclamada, como já exposto acima.
Portanto, não faz jus às verbas alegadas, sendo improcedente.
17. DANO MORAL
A Reclamante requer indenização por danos morais por atrasos salariais, ausência de registro e ausência de pagamento das verbas rescisórias básicas.
Ocorre que tal pleito é devido somente quando diante de uma ilicitude ou erro de conduta por parte do empregador.
O dano moral não pode ser banalizado, se configura exclusivamente nos casos em que dignidade moral da pessoa é atingida, conforme leciona o STJ sobre o tema:
"Portanto, dano moral é todo prejuízo que o sujeito de direito vem a sofrer por meio de violação a bem jurídico específico. É toda ofensa aos valores da pessoa humana, capaz de atingir os componentes da personalidade e do prestígio social. 4. O dano moral não se revela na dor, no padecimento, que são, na verdade, sua consequência, seu resultado. O dano é fato que antecede os sentimentos de aflição e angústia experimentados pela vítima, não estando necessariamente vinculado a alguma reação psíquica da vítima."(STJ, 4.ª T., REsp 1245550-MG, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 17.3.2015, DJUE 16.4.2015).”
Portanto, o simples fato de a Reclamante não manter vínculo empregatício, está longe de ser causador de dano moral, afinal não há qualquer ofensa ao íntimo ou à personalidade do trabalhador.
Requer a impugnação do pagamento de danos morais.
18. MULTA CONVENCIONAL
Alega a Reclamante que teria direito à multa convencional por mês de infração.
Fica demonstrado aqui nesse tópico o ensejo da Reclamada em conseguir indenização a qualquer custo, beirando ao locupletamento.
Em nenhum momento a Reclamada deixou de pagar quaisquer custos referente ao trabalho desempenhado pela Reclamante. Fazendo, inclusive, muito mais que muitos empresários, ao dar carona para ir e voltar do local de trabalho, tendo que muitas vezes sair do seu caminho para ir até o local combinado entre ambas.
Por isso deve ser impugnada a solicitação de multa convencional.
19. DOS DESCONTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS
Em nenhum momento a Reclamada pode ser responsabilizada pelo não recolhimento dos encargos fiscais e previdenciários, uma vez que trata-se de contrato de trabalho freelancer, ou seja sem vínculo empregatício, tecla esta, mais que batida e provada nessa peça processual.
Pelo indeferimento dos descontos fiscais e previdenciários.
20. DA NÃO CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Pelo que se depreende da documentação juntada à inicial, a autora declarou ser pobre nos termos da Lei para auferir os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita.
A Lei 13.467/17 que instituiu a Reforma Trabalhista, ao dar nova redação ao art. 790 da CLT, trouxe critérios mais objetivos à concessão da gratuidade de justiça:
“§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
§ 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.
Ou seja, o benefício da justiça gratuita somente será concedido quando evidenciado que o salário é igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do RGPS ou diante da demonstração de insuficiência de recursos para pagamento das custas do processo.”
A simples menção à Súmula 463 TST, também não é comprovação para garantia da gratuidade de justiça, senão vejamos:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO RECLAMADO - CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA À RECLAMANTE - SÚMULA 463, I, DO TST FRENTE AO ART. 790, §§ 3º E 4º, DA CLT - TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Diante da transcendência jurídica da causa e da possível violação do art. 790, § 3º, da CLT, dá-se provimento ao agravo de instrumento do Demandado para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento provido. B) RECURSO DE REVISTA DO RECLAMADO - GRATUIDADE DE JUSTIÇA - SALÁRIO SUPERIOR A 40% DO TETO DOS BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - NECESSIDADE DE PROVA DA INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA ALEGADA - CLT, ART. 790, §§ 3º E 4º - SÚMULA 463, I, DO TST SUPERADA PELA LEI 13.467/17 - TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA - PROVIMENTO.
1. Nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT, constitui transcendência jurídica da causa a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação trabalhista.
2. O debate jurídico que emerge do presente processo diz respeito à interpretação do art. 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com a redação dada pela Lei 13.467/17, que estabelece novas regras para a concessão da gratuidade de justiça no Processo do Trabalho, questão que exige fixação de entendimento pelo TST, uma vez que a Súmula 463, I, desta Corte, que trata da matéria, albergava interpretação do ordenamento jurídico vigente antes da reforma trabalhista de 2017.
3. Ora, o referido verbete sumulado estava calcado na redação anterior do § 3º do art. 790 da CLT, que previa a mera declaração de insuficiência econômica para isentar das custas processuais. Com a Lei 13.467/17, se o trabalhador percebe salário superior a 40% do teto dos benefícios da previdência social, há necessidade de comprovação da insuficiência econômica ( CLT, art. 790, §§ 3º e 4º). A mudança foi clara e a súmula restou superada pela reforma laboral.
4. Por outro lado, o art. 5º, XXXV e LXXIV, da CF, trata do acesso à justiça e da assistência judiciária gratuita de forma genérica, sendo que à lei processual cabe dispor sobre os modos e condições em que se dará esse acesso e essa gratuidade, tal como o fez. Nesse sentido, exigir a comprovação da hipossuficiência econômica de quem ganha acima do teto legal não atenta contra o acesso à justiça nem nega a assistência judicial do Estado. Pelo contrário, o que não se pode admitir é que o Estado arque com os custos da prestação jurisdicional de quem pode pagar pelo acionamento da Justiça, em detrimento daqueles que efetivamente não dispõem de condições para demandar em juízo sem o comprometimento do próprio sustento ou do de sua família.
5. Assim, diante da mudança legislativa, não se pode pretender que o verbete sumulado superado continue disciplinando a concessão da gratuidade de justiça, transformando alegação em fato provado, invertendo presunção e onerando o Estado com o patrocínio de quem não faz jus ao benefício, em detrimento daqueles que o merecem. Nem se diga ser difícil provar a insuficiência econômica, bastando elencar documentalmente os encargos que se tem, que superama capacidade de sustento próprio e familiar, comparados aos gastos que se terá com o acionamento da Justiça.
6. In casu , o TRT concedeu à Autora os benefícios da justiça gratuita por reputar suficiente a simples declaração de hipossuficiência firmada pela Obreira.
7. Assim decidindo, o Regional violou o art. 790, § 3º, da CLT, razão pela qual a reforma da decisão recorrida é medida que se impõe, para excluir a gratuidade de justiça conferida à Reclamante, à mingua de comprovação da condição de miserabilidade declarada pela Parte. Recurso de revista provido.”
No presente caso, não há qualquer prova dos requisitos acima elencados, além de uma declaração de hipossuficiência. Não foi acostado nenhum comprovante de renda, holerites atuais, declaração de imposto de renda, que comprovem a hipossuficiência alegada e que não está recebendo nenhuma remuneração igual ou inferior a 40% do limite máximo.
Alega ainda a inconstitucionalidade do art. 790 § 3º da CLT com o argumento que “o legislador não impôs limites para a concessão do benefício da justiça gratuita, não pode a controvertida Lei nº 13.467/2017 assim ter a pretensão de fazer.”
Essa alegação não merece prosperar, uma vez que tal artigo foi instituído na chamada Reforma Trabalhista, com o intuito de evitar que pessoas que não teriam direito à justiça gratuita o conseguisse, onerando assim nosso Sistema Judiciário.
Portanto a concessão da gratuidade de justiça não deve prosperar.
21. DOS HONORÁRIO SUCUMBENCIAIS
Requer a condenação da parte contrária ao pagamento, nos termos do art. 791-A da CLT ao pagamento de honorários sucumbenciais aos patronos da parte ré no importe 15% (quinze por cento) do valor da condenação.
22. DA CONDENAÇÃO DA PARTE AUTORA AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
Pugna a Reclamante o não pagamento das verbas sucumbenciais por ter justiça gratuita. Esse pedido ainda não foi confirmado pelo magistrado, e nem deve prosperar, pelas causas já expostas no tópico acima.
Pede também a suspensão da aplicação do art. 98 § 3º. Tal argumento não deve ser aceito, pois verba sucumbencial é verba alimentar, que não devem deixar de ser cumpridas pela parte sucumbente, ainda que tenha obtido em juízo, mesmo que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa.
A Reclamante ainda requer a não incidência da sucumbência recíproca com argumento de Enunciado da 2ª Jornada ANAMATRA.
Pois bem, A 4ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho, na Decisão de nº 425-24.2018.5.12.0006, de 16 de setembro de 2020, reconheceu a existência de transcendência jurídica de recurso de revista que questiona a aplicação do artigo 791-A, parágrafo 3º, da CLT, em reclamação trabalhista ajuizada após a reforma trabalhista (Lei 13.467/2017).
Na prática, a decisão do TST afasta a hipótese de que o trabalhador não irá pagar honorários caso o pedido formulado em sua reclamação trabalhista seja julgado parcialmente procedente.
"Fixa-se o entendimento no sentido de que, se a reclamação trabalhista foi ajuizada após a vigência da Lei nº 13.467/2017, como no presente caso, deve ser aplicado o disposto no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, sujeitando-se a parte Reclamante à condenação em honorários de sucumbência, mesmo sendo beneficiária da gratuidade de justiça. Sendo assim, se o Reclamante é sucumbente em parte dos pedidos disposto na petição inicial, ele está sujeito ao pagamento de honorários advocatícios aos advogados da parte Reclamada", diz trecho da decisão.
Nesse sentido, com essa decisão, se o autor de um processo formular uma pretensão no valor de R$10 mil e tiver ganho de causa de R$ 3 mil, terá que arcar com a verba honorária sucumbencial pela diferença de R$ 7 mil, calculada entre 5% e 15%.
Com isso, a alegação de não incidência de sucumbência recíproca não deve ser acatada.
23. INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR
Quanto à aplicação da indenização suplementar, a jurisprudência pátria nos traz que a condenação no pagamento de indenização suplementar afronta a decisão proferida pelo E. STF nas ADCs 58 e 59 e nas ADIs 5.867 e 6.021, porquanto a decisão de aplicar a SELIC envolve juros e atualização monetária. Aliás, considerando algumas decisões judiciais neste sentido, inúmeras Reclamações foram apresentadas no E. Supremo Tribunal Federal que, ao decidir, rechaçou a pretensão de condenação da aludida compensação.
“EMENTA. INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR. ART. 404 DO CPC. Ao condenar a parte Reclamada no pagamento de indenização suplementar a Origem teve a intenção de compensar o autor da perda sofrida em razão da aplicação da taxa SELIC e não incidência dos juros de mora de 1% ao mês, em clara tentativa de burlar as decisões proferidas pelo E. Supremo Tribunal Federal nas ADCs 58 e 59 e nas ADIs 5.867 e 6.021, de caráter vinculante e aplicação obrigatória (art. 102, § 2º, da CF, art. 927, I, do CPC). Recurso que se dá provimento para excluir da condenação o pagamento de indenização suplementar na forma do art. 404 do CPC.(TRT-2 10013558220205020313 SP, Relator: MARIA JOSE BIGHETTI ORDONO, 1ª Turma - Cadeira 2, Data de Publicação: 11/05/2022).”
Desde modo, requer a improcedência da indenização suplementar.
24. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A autora requer que sejam acostados aos autos os comprovantes de pagamentos efetuados em favor desta. Acontece que por se tratar de empresa familiar e de pequeno porte, a maioria dos pagamentos eram feitos em espécie.
Como a Reclamada acreditava na boa-fé da Reclamante, nunca pediu para assinar um recibo de quitação de verbas, muito menos qualquer outro tipo de comprovação de pagamento. Em busca de provas, um ou outro pagamento, a Reclamada conseguiu obter através de extratos bancários, já acostados nesses autos, mas que aqui se inserem novamente: ANEXAR PRINTS DOS COMPROVANTES DE DEPÓSITO
A Reclamada é proprietária de empresa familiar, enquadrada como micro empresa. Nunca teve a intenção de lesar quaisquer dos seus colaboradores, prezando sempre pela harmonia e boa-fé de todos.
25. PEDIDOS
Diante ao exposto, requer-se:
1. o acolhimento na íntegra destas razões, para fins de julgar totalmente improcedente a reclamação trabalhista proposta;
2. indeferimento das provas apresentadas;
3. confirmação da inexistência de vínculo empregatício;
4. improcedência no pedido de pagamento de aviso prévio;
5. improcedência no pedido de pagamento de do 13º salário e férias;
6. não aplicação da multa dos art. 467 e art. 477 da CLT;
7. improcedência no pedido de pagamento do FGTS;
8. improcedência no pedido de pagamento do seguro desemprego;
9. improcedência no pedido de pagamento do repouso semanal remunerado;
10. improcedência no pedido de pagamento de diferenças salariais;
11. improcedência no pedido de pagamento de vale transporte;
12. improcedência no pedido de pagamento de verbas rescisórias;
13. improcedência no pedido de pagamento de horas extras;
14. improcedência no pedido de pagamento de intervalo intrajornada;
15. indeferimento da existência de dano moral;
16. improcedência no pedido de pagamento da multa convencional;
17. improcedência no pedido de pagamento de encargos fiscais e previdenciários;
18. não concessão da justiça gratuita;
19. que seja declarada a constitucionalidade do art. 790, § 3º da CLT;
20. seja condenada a parte autora ao pagamento de verbas sucumbenciais;
21. pagamento de verbas sucumbenciais recíprocas;
22. improcedência no pedido de pagamento de indenização suplementar;
23. condenação da Reclamante por litigância de má-fé.
Ainda solicita provar através de testemunhas o alegado em questão e outras provas que se fizerem necessário.
Requer, por fim, mais uma vez a improcedência da reclamação trabalhista.
Nestes termos pede deferimento.
Cidade, data
ADVOGADO (A)
OAB/UF XXXX