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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA 10ª VARA DO TRABALHO DE MANAUS/AM
Processo nº: 00000000-00.0000.0.00.0000
THIAGO FIGUEIREDO, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, por meio de seu advogado que a esta subscreve, nos autos da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA que move em face de COSMOS FUTEBOL CLUBE – SAF e PEDRO MACHADO, vem respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, irresignado com a sentença que indeferiu a apreensão do passaporte do sócio, vem, tempestivamente, com fulcro no artigo 897, a, da CLT, interpor o presente
AGRAVO DE PETIÇÃO
Requerendo seja recebido e, após instar a parte contrária para contrarrazoar, seja remetido para julgamento na instância superior.
Nestes termos, pede deferimento
Local, data (dd/mm/aaaa)
Assinatura do advogado/OAB
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 11ª REGIÃO
RAZÕES DE AGRAVO DE PETIÇÃO
Agravante: THIAGO FIGUEIREDO
Agravado: COSMOS FUTEBOL CLUBE – SAF e PEDRO MACHADO
Origem: 10ª VARA DO TRABALHO DE MANAUS/AM
Processo: 0000000-00.0000.0.00.0000
Egrégio Tribunal,
Colenda Turma,
Eméritos Julgadores
I - SÍNTESE DOS FATOS
Ao julgar o litígio o juízo a quo condenou o (a) agravado ao pagamento das horas extras que extrapolarem a 8ª diária e/ou a 44ª semanal, considerando a jornada média de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, com uma hora de intervalo para descanso, com o adicional legal de 50% e os devidos reflexos em aviso-prévio, férias + 1/3, décimo terceiro salário, depósitos do FGTS e multa de 40% sobre o saldo do FGTS.
O juízo reconheceu a existência da sucessão trabalhista e do grupo econômico, bem como, condenou o (a) recorrente ao pagamento de honorários advocatícios em proveito do (a) advogado (a) do reclamante em 15% do valor a ser apurado em liquidação de sentença.
A procedência dos pedidos do reclamante motivou a interposição do Recurso Ordinário pela parte reclamada. Ocorre que no atual estágio, já houve a publicação do acórdão por parte do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, que negou provimento ao Recurso Ordinário, ou seja, manteve integralmente a condenação dos reclamados. Diante de tal decisão, os reclamados optaram por não interpor Recurso de Revista, operando-se o trânsito em julgado.
Os autos retornaram para a 10ª Vara do Trabalho de Manaus/AM, na qual Thiago Figueiredo requereu o início da execução. Foi, então, concedido prazo de 8 (oito) dias para a apresentação de cálculos de liquidação, nos termos do art. 879, § 1º-B, da CLT. Em seguida, foi dado prazo comum de 8 (oito) dias para que uma parte faça a impugnação dos cálculos da outra, conforme dispõe o art. 879, § 2º, da CLT.
Diante da enorme diferença entre os valores apurados, o juízo determinou a realização de perícia contábil. O perito apresentou cálculos no importe bruto de R$132.126,13 (cento e trinta e dois mil, cento e vinte e seis reais e treze centavos), que foi homologado.
Os reclamados foram intimados para pagamento, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, nos termos do art. 880 da CLT, mas se quedaram inertes. Houve tentativa de bloqueio de contas bancárias e bens em nome dos executados, mas nada foi encontrado.
Com a informação de que os reclamados encerram suas atividades em virtude da enorme dívida acumulada com outros empregados e fornecedores, foi realizado o Incidente de Desconsideração da Personalidade jurídica, julgado procedente, e com a consequente inclusão no polo passivo da execução do sócio Pedro Machado. Entretanto, a execução também restou frustrada em relação a ele.
Porém, um fato curioso que chama atenção, foi a sequência de postagens em redes sociais em que o sócio Pedro Machado ostenta uma vida de luxo, regada a muitos vinhos caros, viagens e carros importados. A vida publicada não é condizente com a inexistência de bens em seu nome e de recursos financeiros em sua conta bancária, conforme prints da rede social do sr. Pedro Machado que seguem em anexo, todos devidamente autenticados de forma eletrônica, de forma a garantir sua integridade, autenticidade e também a higidez da cadeia de custódia.
Diante desse cenário, foi requerida à 10ª Vara do Trabalho de Manaus/AM a apreensão do passaporte do sócio Pedro Machado. Entretanto, foi proferida sentença indeferindo o pedido, sob o seguinte fundamento:
“A aplicação do art. 139, IV, do Código de Processo Civil deve observar os princípios inerentes ao devido processo legal ( CF, art. 5º, LIV), de modo a não ser utilizado para justificar medidas discricionárias e que restrinjam direitos individuais das partes. Tal previsão deve ser interpretada levando-se em consideração o art. 8º do CPC, segundo o qual, ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, devendo ainda resguardar e promover a dignidade da pessoa humana, observando a proporcionalidade, a razoabilidade e a legalidade.
De igual maneira, o princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF), que exige a existência de um regramento processual prévio e previsto em lei, de maneira a obstaculizar qualquer arbitrariedade do magistrado, deve servir de baliza interpretativa do art. 139, IV, do CPC.
Ademais, deve-se ter em consideração que as medidas autorizadas no diploma processual civil (art. 139, IV) têm como finalidade assegurar o cumprimento de ordem judicial, o que demonstra que a medida a ser implementada no processo deve ser dotada de utilidade para execução, sendo que a apreensão do passaporte do executado não revela a atração de qualquer proveito para a execução.
O fato de existem posts em redes sociais que demonstram vida de luxo do executado não modifica o deslinde da controvérsia, ante a ausência de amparo legal para a medida pretendida.
Diante do acima exposto, por considerar que a medida requerida pelo exequente extrapola os limites da proporcionalidade e razoabilidade, bem como afeta o princípio do devido processo legal e não revela utilidade para a execução, INDEFIRO o requerimento de apreensão do passaporte.”
Insatisfeito com a decisão judicial que indeferiu o pedido de apreensão do passaporte, o reclamante interpõe o presente recurso com pedido de reversão.
II – DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE
A doutrina e a jurisprudência têm entendido ser admissível o recurso de Agravo de Petição para atacar decisões que envolvem matéria de ordem pública e também contra qualquer decisão do juiz na execução, exatamente no caso dos autos.
Nos termos do artigo 897, a, da CLT, é cabível Agravo de Petição de decisões do Juiz ou do Presidente, em execuções trabalhistas, hipótese dos autos. Portanto, demonstrado o cabimento do presente recurso.
Ainda, nos moldes do artigo 897, § 1º da CLT, é requisito essencial para o Agravo de Petição a delimitação da matéria e dos valores impugnados. Sobre a matéria, o presente recurso versa exclusivamente sobre o indeferimento da apreensão do passaporte do sócio.
Ademais, demonstra-se a tempestividade do presente recurso, uma vez que a ciência da decisão foi tomada em dd/mm/aaaa, findando o prazo recursal de 8 (oito) dias úteis somente em dd/mm/aaaa.
Diante dos pressupostos processuais preenchidos, requer o devido processamento do recurso e o seu provimento, como será demonstrado abaixo.
III – DO MÉRITO
A execução trabalhista deve recair sobre o patrimônio do devedor. A penhora de bens, portanto, deve seguir a ordem estabelecida no art. 835 do CPC, aplicável ao Direito Processual do Trabalho por força da previsão contida no art. 769 da CLT.
No caso em tela, o exequente já tentou a penhora de todos os bens possível, sem obter êxito. Assim, persiste a dívida sem qualquer pagamento, enquanto o executado ostenta vida de luxo nas redes sociais.
Nesse contexto, foi requerida a apreensão do passaporte do devedor Pedro Machado, com amparo no art. 139, inciso IV, do CPC, aplicável ao Processo do Trabalho, que assim prevê:
“Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
(...)
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordemjudicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária”
Acerca da temática, o Supremo Tribunal Federal (STF) preferiu importante decisao em 9/2/2023, assegurando a constitucionalidade da invocada previsão do CPC. A decisão aduz que não podem ser violados os direitos fundamentais do devedor e deve-se observar os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
e do tema, é necessária a leitura do acórdão proferido pelo egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, nos autos do processo nº 0010734-95.2018.5.18.0052, publicada no DEJT em 22/3/2023:
"MEDIDAS ATÍPICAS DE EXECUÇÃO. ART. 139, IV, DO CPC/2015. ADIn 5941. TESE FIXADA PELO STF.”
Medidas atípicas previstas no Código de Processo Civil conducentes à efetivação dos julgados são constitucionais, respeitados os artigos 1º, 8º e 805 do ordenamento processual e os direitos fundamentais da pessoa humana."Como se extrai da tese fixada pelo STF no julgamento da ADI 5941, as medidas atípicas de execução previstas no art. 139, IV, do CPC, tais como apreensão da CNH e do passaporte, bloqueio de cartões de crédito, entre outras, são constitucionais e perfeitamente aplicável ao processo do trabalho, desde que em consonância os valores e as normas fundamentais estabelecidos na CFB/88, atendendo aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência, o que somente se monstra possível com a análise, caso a caso. Desse modo, cabe ao juiz analisar, no caso concreto, a viabilidade da adoção de medidas atípicas em busca da efetividade jurisdicional.
(TRT-18 - AP: 00107349520185180052, Relator: ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS, 3ª TURMA)”
Embora não se ignore que há permissivo legal para doção de medidas atípicas, com o objetivo de garantir a prestação jurisdicional, a teor do artigo 139, inciso IV, do CPC, deve ser entendido que que tal dispositivo não pode ser interpretado de forma isolada, sendo necessário sopesá-lo com as regras e os princípios infra e constitucionais que norteiam o ordenamento jurídico.
Dessa maneira, a utilização de medidas executórias atípicas exige o necessário temperamento. Não se compactua com pena ou punição indefinida ao executado, como no caso, discrepando da previsão inserta no artigo 139, III, do CPC/2015, segundo o qual a atipicidade dos meios executivos deve possuir caráter coercitivo, como forma de forçar o devedor a cumprir sua obrigação.
No caso em tela, é válida a aplicação do art. 139, inciso IV, do Código de Processo Civil à situação sob exame, haja vista que já foram esgotadas todas as medidas de busca de patrimônio do devedor, sem qualquer sucesso.
Ademais, a apreensão do passaporte não viola direito fundamental de Pedro Machado, afigurando-se como medida razoável e proporcional para forçá-lo a pagar o valor devido. Aliado a tudo isso, o fato de ostentar vida luxuosa em rede social demonstra a pertinência da medida requerida.
Não resta dúvida de que o devedor está ocultando patrimônio para se escusar do cumprimento dessa execução.
IV – PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se que seja provido o presente agravo de petição, em virtude dos fatos devidamente delineados na presente petição.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data (dd/mm/aaaa)
Assinatura do advogado/OAB.

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