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Aula 01 A Formação do Pensamento de Marx Karl Marx (1818-1883) foi um dos mais importantes pensadores do século XIX. Ele nasceu em Trier, na província Renânia, em 1818, e faleceu em Londres, na Inglaterra, em 1883 durante seu exílio londrino. Ao lado de Friedrich Engels, Marx fundou as bases do marxismo, amplo movimento de ideias que se estende desde o conhecimento filosófico até a política, tendo desempenhado um importante papel na construção da Ciência Econômica. Como todos os grandes gênios, Marx foi capaz de formular um sistema intelectual completo e integrado que abrangia concepções bem elaboradas sobre ontologia e epistemologia, a natureza humana, a natureza da sociedade (relação entre infraestrutura e superestrutura), a relação entre o indivíduo e o todo social (os indivíduos não são meros suportes de suas relações sociais, mas também são sujeitos delas, pois o homem é quem faz a sua história, embora não a faça como quer) e a natureza do processo histórico social (materialismo histórico e dialético). DE TRIER AO MANIFESTO COMUNISTA O LUGAR: TRIER, RENÂNIA ● PROVÍNCIA DA PRÚSSIA, COLÔNIA, LIMITE COM A FRANÇA: ○ 1806, dissolução do Sacro Império Romano-Germânico pelas invasões napoleônicas; ○ Renânia foi a primeira a modernizar devido à ocupação napoleônica; ○ Núcleos de moderna industrialização fabril; ○ Vigência do Código Civil napoleônico; ○ Abolição do dízimo, da corveia e da servidão; ○ Emancipação dos camponeses renanos da servidão da gleba; ○ Poucos resquícios das antigas instituições feudais; ○ Congresso de Viena em 1815; ○ Confederação Alemã ou Germânica (liderada por Prússia e a Áustria); ○ 39 províncias reunidas na Dieta de Frankfurt (um congresso de delegados). A FAMÍLIA MARX ● CLASSE MÉDIA DE ORIGEM JUDAICA: ○ Henriette Pressburg (mãe) e Hirschel (Heinrich) Marx (pai); ○ Advogado, jurista e conselheiro da Justiça; ○ Inclinações liberais, seculares e laicistas; ○ Edito de 1816: proibição do acesso de judeus alemães a funções públicas; ○ Submissão a imposições legais de caráter antissemita; ○ Conversão do judaísmo ao cristianismo. ○ Em 1843, casou-se com Jenny von Westphalen, a amada esposa de Marx de origem aristocrática (filha do Barão von Westphalen). A FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA ● DIREITO (final dos anos 1830): ○ Universidade de Bonn e na Universidade de Berlim. ○ Disse em 1859: “O meu estudo universitário foi o da jurisprudência, o qual no entanto só prossegui como disciplina subordinada a par de filosofia e história”. ● FILOSOFIA (anos 1840): ○ na Universidade de Berlim; ○ ambiente universitário alemão sofria grande influência do pensamento hegeliano; ○ Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831): ○ supremo mentor ideológico no ambiente universitário, um dos fundadores do sistema filosófico conhecido por Idealismo Absoluto; ○ Sociedade civil: o reino da miséria física e moral do homem; ○ Estado: dotaria de racionalidade, tornando um espaço de realização humana; ○ o Estado, a Religião e a Igreja eram as manifestações da Razão divina. A FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA ● VERTENTES DO LEGADO HEGELIANO: ○ direita hegeliana: ■ elementos conservadores do sistema filosófico hegeliano em defesa ao status quo do Estado Prussiano. ○ esquerda hegeliana: ■ enfatizava o método dialético hegeliano na análise histórica; ■ jovens contestadores intelectuais que criticavam o status quo alemão. ● Ludwig Feuerbach (1804-1872): aglutinou o pensamento hegeliano de esquerda a partir da publicação de A Essência do Cristianismo (1841); ■ crítica consistente da filosofia da religião e da dialética hegelianas; ■ Alienação religiosa: o homem se aliena ao atribuir a entidades divinas qualidades e poderes que pertencem a si próprio. ■ concepção materialista e naturalista do homem em oposição à concepção idealista de Hegel. A FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA ● Nos de 1840, Marx passa a compor o grupo dos hegelianos de esquerda; ● 1841: defendeu sua tese Diferença entre a Filosofia da Natureza de Demócrito e Epicuro (filósofos gregos materialistas); ● Em 1840: a ascensão de Frederico Guilherme IV ao reinado da Prússia; ● reativação de uma política conservadora, uma orientação opressiva da Prússia em relação ao conjunto da Confederação Alemã; ● projeto político: apagar os vestígios do pensamento hegeliano no ambiente universitário alemão; ● Friedrich Schelling, importante opositor de Hegel, foi nomeado ao cargo de reitor da Universidade de Berlim em 1841; ● afastamento e expulsão do grupo de jovens professores hegelianos de esquerda da vida universitária alemã; ● impossibilitou Marx de se tornar professor universitário. JORNALISMO CRÍTICO ● 1842: de Berlim para a Colônia (capital da Renânia); ● 1842-1843: Redator-Chefe na Gazeta Renana: ○ jornal financiado pela burguesia renana de orientação liberal; ○ o intuito do diário era levar ao público a crítica ao reinado do monarca prussiano; ○ neste jornal, Marx teve contato mais direto com os problemas sociais, políticos e econômicos de sua época e de sua sociedade; ○ frequentemente em atritos com a censura prussiana; ● Em 1843, a burguesia renana começou a se aproximar de Frederico Guilherme IV; ● Marx, por questões éticas, seguiu em defesa dos mais fracos. O INTERESSE PELA QUESTÃO SOCIAL ● Legislação sobre o roubo da madeira: ● Tradição camponesa secular de recolhimento de lenha e de madeira em bosques e florestas (áreas comuns), um direito fundado nos costumes, um direito consuetudinário; ● Séc. XIX: subordinação das florestas do território alemão ao regime de propriedade privada capitalista. ○ 1842: Decreto Imperial que caracterizava o recolhimento de lenha como roubo; ○ Criminalização da coleta de madeira nos bosques e florestas; ● Penalidade: o “ladrão” prestaria trabalho para compensar as perdas do proprietário de terra; ● O Estado deveria ser a encarnação do interesse geral (concepção ideal); ● O Estado agia somente no interesse da propriedade privada; ● Violação de direitos e princípios humanos (penalização da tradição); ● Apropriação privada, monopolizadora, de um bem comum. LANÇADO EM 2017, DIRIGIDO POR RAOUL PECK E ESTRELADO POR AUGUST DIEHL http://www.youtube.com/watch?v=2M5vo2n6G7Y&t=47 EXÍLIOS: PARIS (1843-1845) ● Em 1843: a aliança entre a burguesia liberal e o Estado Prussiano. ○ corte de verbas à Gazeta Renana; ○ perseguição a Marx que partiu para o exílio em Paris (França) ● O Exílio em Paris (1843-1845) ○ funda com outros hegelianos de esquerda os Anais Franco-Alemães (Arnold Ruge): ○ canal de divulgação das reflexões filosóficas e políticas da esquerda hegeliana; ○ dar vazão à produção teórica e política da oposição democrática radical ao absolutismo prussiano; ○ único número duplo em 1844; ○ Marx: Crítica da Filosofia do Direito de Hegel e Sobre a Questão Judaica; EXÍLIOS: PARIS (1843-1845) ● Crítica da Filosofia do Direito de Hegel (1844): ○ análise da Filosofia do Direito de Hegel, onde faz a crítica do Estado real; ○ massa de indivíduos que são produtores diretos, mas nada possuem, constitui a condição indispensável para a existência da sociedade burguesa; ○ propriedade privada: a fonte de toda injustiça; ○ mas, por outro, ainda não aceita o comunismo; ○ estuda Rousseau, Montesquieu, Maquiavel e, em especial, os historiadores da Revolução Francesa; ○ o conduzem ao estudo do socialismo francês; ○ ponto de inflexão na evolução política do pensamento de Marx. EXÍLIOS: PARIS (1843-1845) ● Engels: Esboço de uma Crítica da Economia Política (1844): ○ o princípio do Esboço é uma dura crítica às doutrinas mercantilista e do liberalismo econômico (laissez-faire); ○ revela que a livre troca no mercado está baseada no monopólio do capital e da terra e vincula a crítica da propriedade privada à crítica do capitalismo; ○ enfatiza o caráter ideológico da economia política; ○ no Esboço, descreve as consequências da grande indústria para os trabalhadores; ○ percebe que na sociedade burguesa, existe uma divisão entre oCapital e o Trabalho cuja origem é a propriedade privada; ○ uma divisão em classes antagônicas (capitalistas e trabalhadores); ○ Esboço é a primeira obra econômica do marxismo clássico; ○ provavelmente, o primeiro contato de Marx com a discussão econômica; ○ Marx percebe que a discussão da economia política tornou-se indispensável. EXÍLIOS: PARIS (1843-1845) ● Marx escreveu os Manuscritos Econômico-Filosóficos (1844): ○ uma crítica incisiva ao idealismo hegeliano; ○ reteve o princípio dialético de Hegel caminhando para a criação da dialética materialista; ○ rejeita a teoria do valor-trabalho por entendê-la como inadequada para fundamentar a ciência da economia política; ○ o desapossamento do proletariado como o princípio explicativo da propriedade privada capitalista; ○ conceito de alienação metamorfoseado ao entendê-lo como um processo da vida econômica; ○ a essência humana dos operários se objetivava nos produtos do seu trabalho que eram convertidos em capital; ○ à medida que crescia a alienação de novos produtos do trabalho, o capital dominava cada vez mais. OBRAS DE MARX MENCIONADAS. EXÍLIOS: PARIS (1843-1845) ● Nascimento da relação de amizade e colaboração intelectual entre Marx e Engels; ● Marx e Engels: A Sagrada Família (1845): ○ assinala o rompimento com a esquerda hegeliana; ○ tom sarcástico direcionado aos irmãos Bruno, Edgar e Egbert Bauer; ○ a esquerda hegeliana depositava as esperanças de renovação da Alemanha nas camadas cultas (capazes de alcançar uma consciência crítica); ○ a capacidade de renovação estava investida nos trabalhadores (consciências socialista); ○ oferece uma ampla exposição da história do materialismo; ○ apreciação positiva da crítica da sociedade burguesa empreendida por Proudhon; EXÍLIOS: BRUXELAS (1845-1848) ● a produção crítica de Marx provocou o governo prussiano a pressionar o ministro francês Guizot; ● perseguição e expulsão de Marx da França sob a acusação de atividades subversivas; ● 1845: Exílio em Bruxelas, na Bélgica. ● Marx e Engels: A Ideologia Alemã (1846): ○ encerra a primeira formulação da concepção materialista da história; ○ marca o corte epistemológico na evolução do pensamento dos fundadores do marxismo; ○ rompimento com Feuerbach: caráter abstrato de sua antropologia filosófica ○ alienação estava desligada do desenvolvimento do homem a partir de suas condições reais de existência; ○ superação da antropologia feuerbachiana; EXÍLIOS: BRUXELAS (1845-1848) ● Marx e Engels: A Ideologia Alemã (1846): ○ visão feuerbachiana: homem era um ser genérico, natural, supra-histórico, e não ser social determinado historicamente; ○ o humanismo de Feuerbach era referente a um homem abstrato e a-histórico; ○ materialismo feuerbachiano sofria de um caráter contemplativo; ○ a partir da vida material, concreta, do desenvolvimento das forças produtivas e das relações sociais é que se entende a alienação do homem; ○ o homem alienado é membro de uma sociedade desumanizada e imperfeita e que não goza de toda sua dignidade humana; ○ o trabalho é trabalho alienado, o fruto do trabalho é alheio ao produtor direto; ○ a concepção humanista e naturalista feuerbachiana estava desligada da política e da história. ESTUDO DOS ECONOMISTAS ● Desde 1844 havia iniciado seus estudos econômicos; ● nos ricardianos de esquerda, Hodgskin, Ravenstone, Thompson, Bray e Edmonds, descobriu a leitura socialista de Ricardo; ○ interpretaram a teoria ricardiana do valor-trabalho e da distribuição do ○ produto social; ○ demonstraram que a exploração do proletariado constituía o eixo do sistema econômico da sociedade burguesa ● Proudhon: Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da Miséria (1846): ○ ataque à luta dos operários por objetivos políticos e reivindicações salariais; ○ defesa do intercâmbio harmônico entre pequenos produtores e da instituição de “bancos do povo”. ESTUDO DOS ECONOMISTAS ● Marx: Miséria da Filosofia (1847): ○ crítica devastadora a Proudhon ao socialismo utópico em geral; ○ marca a total aceitação de Marx da teoria do valor-trabalho na formulação ricardiana; ○ com base nos ricardianos de esquerda (tendência socialista); ○ aceita as teses de Ricardo sobre o dinheiro e sobre a renda da terra, a serem criticadas por ele mais tarde; ○ o casamento entre o materialismo histórico e o fundamento da economia política; ○ proposição de uma tática de reivindicações salariais para o movimento operário. O MANIFESTO DE 1848 ● Liga dos Comunistas: uma organização de emigrados alemães; ● tarefa de redigir um manifesto; ● Manifesto do Partido Comunista (1848): ○ em sua origem um pequeno panfleto, alcançou ampla difusão e sobrevivência duradoura ○ tornou-se um dos documentos políticos mais importantes de todos os tempos; ○ condensação do labor teórico em estratégia e tática políticas; ○ um marco na história do movimento operário mundial OBRAS DE MARX E ENGELS MENCIONADAS. http://www.youtube.com/watch?v=2M5vo2n6G7Y&t=6511 AS REVOLUÇÕES DE 1848 ● Em 1848: ○ crise econômica de 1847-1848; ○ intolerância aos regimes autocráticos; ○ vazio de representação política das classes médias; ○ eclosão de uma onda revolucionária no Ocidente europeu; ○ derrocada da monarquia de Luís Filipe na França; ○ insurreições na na Alemanha, Hungria, Áustria, Itália e Bélgica ○ a pressão das massas forçou a monarquia prussiana ■ prometer uma constituição; ■ instalar uma assembleia parlamentar em Frankfurt. ○ Marx e Engels regressaram à Alemanha. AS REVOLUÇÕES DE 1848 ● Em 1848: ○ Marx fundou e dirigiu o diário Nova Gazeta Renana; ○ promovia a defesa da perspectiva proletária socialista no decurso de uma revolução democrático-burguesa; ○ uma publicação dedicada à crítica ao Estado Prussiano, com artigos de Marx, Engels e outros editores que incentivavam a luta dos comunistas contra o reinado de Frederico Guilherme IV; ○ porém, as agitações operárias de 1848 começaram a preocupar a burguesia alemã; ○ a burguesia alemã abandonou seus aliados, pequenos burgueses democratas e operários, restaurando suas relações com a nobreza; ○ as revoluções na Alemanha passam a ser frustradas; ○ Em 1849, Marx seguiu para o exílio em Londres. Fim da Parte I Aula 01 A Formação do Pensamento de Marx O EXÍLIO EM LONDRES E O CAPITAL EXÍLIOS: LONDRES (1849-1883) ● elaborar a crítica da economia política; ● desenvolver sua teoria econômica alternativa; ● Londres era o melhor ponto de observação do funcionamento do modo de produção capitalista; ● no British Museum, Marx consultou um acervo bibliográfico de incomparável riqueza; ● as condições materiais de vida de sua família eram muito precárias; ● impedia sua dedicação integral às pesquisas econômicas; ● trabalhos de colaboração jornalística, a correspondência política para um jornal de Nova York; ● a ajuda material de Engels garantiu ajuda financeira à Marx e a continuidade das investigações econômicas. EXÍLIOS: LONDRES (1849-1883) ● No prefácio de Para a Crítica da Economia Política, Marx descreve o contexto em que ele retoma o estudo da economia política a partir de 1850. “A enorme quantidade de material sobre a história da economia política que se encontra acumulada no Museu Britânico, a situação favorável de Londres como ponto de observação da sociedade burguesa e, finalmente, o novo estágio de desenvolvimento em que esta parecia entrar com a descoberta do ouro na Califórnia e Austrália determinaram-me a começar tudo de novo [o estudo da economia], e estudar criticamente até o fim todo o material” (MARX, 2005, p. 54) EXÍLIOS: LONDRES (1849-1883) ● Documentação marxiana levantada por Roman Rosdolsky, do período de 1857 e 1868: ○ catorze esboços e notas de planos da obra que vai culminar em O Capital; ○ plano inicial de 6 livros: 1) o capital; 2) a propriedade territorial; 3) o trabalho assalariado; 4) o Estado; 5) o comércio internacional; 6) o mercado mundial e as crises; ○ livro adicional: história das doutrinaseconômicas; ● Esboços dos fundamentos da crítica da economia política, Grundrisse (1857-1858): ○ um rascunho de extraordinária relevância; ○ informações de natureza metodológica. EXÍLIOS: LONDRES (1849-1883) ● Grundrisse (1857-1858): ○ aborda as formas que antecedem a separação entre o produtor direto e a propriedade dos meios de produção; ○ separação: ■ condição prévia e indispensável para o advento do modo de produção capitalista; ■ permite que o produtor direto se disponha ao assalariamento regular; ■ permite que a exploração da força de trabalho assalariada seja a condição básica da acumulação do capital; ○ o surgimento do modo de produção capitalista tinha data recente e não era expressão de uma racionalidade supra-histórica, de leis naturais inalteráveis; EXÍLIOS: LONDRES (1849-1883) ● Grundrisse (1857-1858): ○ traz dois longos capítulos, dedicados ao dinheiro e ao capital; ○ quanto à questão do dinheiro, Marx ainda se mostra vinculado a alguns aspectos da teoria ricardiana; ○ traz numerosas explicitações metodológicas, pouco encontradas em O Capital; ● Para a crítica da economia política (1859): ○ famoso Prefácio de 1859; ○ esboço ou uma síntese do curso de seus estudos sobre economia política. ● O Capital, Livro I (1867): EXÍLIOS: LONDRES (1849-1883) 1867 2020 EXÍLIOS: LONDRES (1849-1883) ● O Capital, Livro I (1867); ● Fatores que atrasaram a publicação dos outros livros d’O Capital: ● debilitado por doenças crônicas agravadas; 1864 a 1873, nas articulações e campanhas da Associação Internacional dos Trabalhadores (a Primeira Internacional); ● Em 1871, chefiou a solidariedade internacional à Comuna de Paris e escreveu A guerra civil na França; ● Em 1875, escreveu Crítica do Programa de Gotha; ● morte de Jenny em 1882; ● abatido pela morte da esposa e de uma das filhas, faleceu em 1883 ● Ficou a cargo de Engels a edição e a co-autoria dos Livro II (1885), que trata da circulação, e Livro III (1894) que trata da totalidade capitalista. ● Karl Kautsky editou e publicou, entre 1905 e 1910, Teorias da mais-valia. O CAPITAL ● LIVRO I: ○ o capital é colocado em sua relação direta de exploração da força de trabalho assalariada; ○ o locus de análise é a esfera da produção, onde se dá o processo de criação e acumulação da mais-valia; ○ foco no capital industrial. ● LIVRO II: ○ tema é a circulação e a reprodução do capital social total; ○ aqui, o capital é plural, múltiplo, mas circula e se reproduz como se fosse um só capital social ● LIVRO III: ○ os capitais se diferenciam, se individualizam; ○ se movimentam de forma global em concorrência entre si; ○ aparecem os temas da formação da taxa geral de lucro e da transformação do valor em preço de produção; ○ os capitais individuais apropriam-se de formas distintas da mais-valia: lucro industrial, lucro comercial, juros, cabendo à propriedade territorial a renda da terra. O CAPITAL ● LIVRO I: ○ o processo de produção capitalista é considerado apenas enquanto processo imediato de produção que não abrange a vida toda do capital. ● LIVRO II: ○ o processo de circulação é analisado como o agente mediador do processo social de reprodução. ● LIVRO III: ○ a produção capitalista continua sendo analisada como um todo, mas passa a ser descrita nas suas formas concretas oriundas do processo de movimento do capital. LIVRO I mercadoria mais-valia valor capital em geral teoria do valor-trabalho LIVRO III capital lucro preço de produção concorrência entre capitais teoria da formação do preço O CAPITAL O CAPITAL ● é uma obra inacabada, pois em vida só conseguiu publicar o Livro I, que trata do processo de produção capitalista; ● nele, Marx busca compreender a natureza do capital, sua dinâmica, suas leis de desenvolvimento, sua reprodução e também sua gênese; ● nele, Marx se coloca o desafio de revelar a lógica por trás da sociedade burguesa e o faz discutindo dialeticamente o capital enquanto relação social; ● capital que se exprime pela autoexpansão do valor e se fundamenta na exploração do trabalho; ● para investigar o capital, Marx se vale tanto do método dialético quanto da análise histórica, mais precisamente, da concepção materialista da história; ● em O Capital, olha para o capitalismo não como um sistema econômico que é válido em qualquer momento histórico, mas sim como um modo de produção particular, histórico e que foi antecedido pelo o que ele chama de modos de produção pré-capitalistas. CRÍTICA À ECONOMIA CLÁSSICA ● Contradições presentes nas visões de Adam Smith e David Ricardo; ● Smith: ○ a harmonia social prevalecia devido à ação da mão invisível; ○ os conflitos de classe eram aparentes e superficiais ○ porém, se o trabalho era a única fonte original de valor, significa que os trabalhadores tiveram de dividir o produto de seu trabalho com duas classes. ● Ricardo: ○ a livre concorrência agia harmonizando o interesse de todos; ○ mas, em sua teoria do valor trabalho, evidencia o conflito entre os capitalistas e os proprietários de terra; ● A teoria econômica de Marx era: ○ uma extensão, um refinamento e uma elaboração mais detalhada das ideias de Smith e Ricardo; ○ por outro lado, era um crítico antagonista da Economia Política Clássica. CRÍTICA À VISÃO A-HISTÓRICA ● Crítica à falta de perspectiva histórica na Economia Clássica; ● Menos a Smith: ○ entendia o desenvolvimento econômico e social em 4 estágios; ○ 1. a caça, 2. o pastoreio, 3. a agricultura e 4. o comércio. ● Mais a Ricardo: ○ visão universal do capitalismo; ○ as relações de propriedade, a distribuição da riqueza e do poder e as relações de classe do capitalismo eram eternas, imutáveis e naturais. ● Economistas burgueses: ○ todos os fenômenos econômicos se reduziam a atos de troca e venda de mercadorias; ○ centro da análise: a esfera da circulação do dinheiro e de mercadorias; ○ o mercado é o espaço onde reina a igualdade, onde prevalece a liberdade humana; ○ o mercado é um o sistema onde os atos motivados pelo interesse próprio levam ao bem-estar geral da sociedade, para um todo harmonioso. CRÍTICA À VISÃO A-HISTÓRICA ● Para Marx: ○ a produção é uma atividade social que assume diferentes modos a partir da forma vigente de organização social e das correspondentes técnicas de produção; ○ o modo de produção capitalista era historicamente determinado. ○ o capitalismo é uma forma histórica específica de produção da vida material; ○ no capitalismo o capital tem o poder de gerar lucros para uma classe social especial; ○ só no capitalismo o capital é a fonte de renda e de poder da classe social dominante, a classe capitalista; ○ para cada modo de produção correspondia uma forma de propriedade; ○ no capitalismo a propriedade é privada e a distribuição é desigual entre as classes; ○ a propriedade privada capitalista é baseada na apropriação do trabalho alheio; MÉTODO E ESTRUTURA D’O CAPITAL ● Em O Capital, Marx: ○ o mundo real só passa a ser realidade efetiva quando for realidade do pensamento; ○ as leis do capital são as leis básicas de organização e desenvolvimento da sociedade burguesa; ○ o objetivo é desvendar as leis do nascimento, desenvolvimento e morte do modo de produção capitalista; ○ formulou as leis econômicas como leis tendenciais; ○ leis determinantes do curso dos fenômenos em meio a fatores contrapostos; ○ o jogo das categorias na obra marxiana se dá a partir das contradições internas dos fenômenos, da unidade dos contrários; MÉTODO E ESTRUTURA D’O CAPITAL ● Método de análise em Marx: ○ parte das abstrações feitas pelo pensamento e retorna ao todo concreto reconstruído pelo pensamento; ○ mas o simples conhecimento abstrato torna-se insuficiente para revelar a essência do objeto da Economia Política; ○ a abstração é somente um meio do conhecimento; ○ as partes, que são abstraídas da totalidade pelo conhecimento, devem ser rearticuladas ao todo concreto; ○ para Marx o método cientificamente exato é o que vai do abstrato (o simples,o particular) ao concreto (reconstrução do todo); ○ para Marx a teoria é o conhecimento do objeto, de sua essência (sua estrutura e sua dinâmica); é a reprodução ideal do movimento real do objeto no pensamento do pesquisador. MÉTODO E ESTRUTURA D’O CAPITAL ● Método de análise em Marx: ○ o conhecimento teórico é o movimento real do objeto transposto para o plano ideal; ○ Marx tem uma visão unitária e dialética do processo de conhecimento; ○ o conhecimento teórico deve percorrer o caminho do abstrato para o concreto; ○ supera a clássica oposição entre conhecimento indutivo e conhecimento dedutivo; ○ não existem fatos puros, eles devem ser filtrados, devem passar por processos de elaboração mental (indução para a dedução); ○ a dedução não é simples análise de conceitos, mas envolve também a criação de novos conhecimentos; ○ os conceitos não estão descolados de uma realidade; MÉTODO E ESTRUTURA D’O CAPITAL ● Método de análise em Marx: ○ o método científico que vai do abstrato ao concreto consiste no método que vai da análise (dedução) para a síntese (indução) e retorna da síntese (indução) para a análise (dedução); ○ o objeto de pesquisa em uma existência objetiva que independe da consciência do pesquisador; ○ objeto de pesquisa de Marx é a sociedade burguesa, um sistema de relações construído pelos homens; ○ Marx era o sujeito implicado no seu objeto de estudo, o que não anulou a objetividade do conhecimento teórico do objeto de pesquisa. ○ Para ele, investigação e exposição são dois momentos inseparáveis da construção do conhecimento científico. MÉTODO E ESTRUTURA D’O CAPITAL ● Investigação: estágio de domínio máximo do material fatual, dos fenômenos analisados; ○ apropriação em seus detalhes da matéria investigada; ○ da análise de suas diversas formas de desenvolvimento; ○ da descoberta dos seus nexos internos. ● Exposição: reprodução ideal da vida da matéria; ○ suas diversas partes precisam se articular de maneira a constituírem uma totalidade orgânica; ○ modo lógico, e não histórico; ○ as categorias surgem não conforme sua sucessão histórica real; ○ surgem de acordo com o seu encadeamento lógico, em outras palavras, conforme as relações internas de ○ suas determinações essenciais, no quadro da sociedade burguesa; ○ a forma organizacional apropriada do conhecimento, a superação do historicismo (sucessão única e singular de acontecimentos ou fatos sociais). MÉTODO E ESTRUTURA D’O CAPITAL ● A exposição lógica supera, mas não suprime a exposição histórica: ○ o lógico é o fio orientador da exposição; ○ porém, o histórico é a condição de contraprova; ○ procedimentos historiográficos são aplicados na passagem da abstração para as concretizações fatuais; ○ tratamento histórico é imprescindível nos processos de gênese e transição; ○ capítulos expostos seguindo o modo histórico: ■ a luta em torno da definição da jornada de trabalho; ■ a passagem da manufatura para a grande indústria capitalista (formação da moderna indústria fabril); ■ acumulação primitiva do capital. CADEIA DIALÉTICA DE ARGUMENTAÇÃO CADEIA DIALÉTICA DE ARGUMENTAÇÃO CADEIA DIALÉTICA DE ARGUMENTAÇÃO TEXTOS DE REFERÊNCIA Jacob GORENDER. Apresentação. Ernest MANDEL. Da Crítica da Propriedade Privada à Crítica do Capitalismo (Cap. 1). ATÉ A PRÓXIMA AULA!!!
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