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2 AVALIAÇÃO DE ECONOMIA POLÍTICA II

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DISCIPLINA: ECONOMIA POLÍTICA II
PROFESSOR(A): CLEIDIANNE N. S. CRISPIM
ALUNO(A): ALCINDO GOMES DE MORAES NETO NOTA: _________
MATRÍCULA: 201905340023 DATA: 10 de janeiro de 2021.
2ª AVALIAÇÃO DE ECONOMIA POLÍTICA II
ORIENTAÇÕES:
1. O prazo de resolução e entrega desta prova é das 08hs do dia 10/02/2021 até as 12hs do dia 11/02/2021;
2. Envie as questões e a resolução das mesmas de volta pela sala do Classroom; 
3. Esta avaliação vale 10,0 pontos, mas tem peso de 35% na nota final.
QUESTÕES:
Questão 01. O processo cíclico do capital é constituído por 3 ciclos: o ciclo do capital monetário, o ciclo do capital produtivo e ciclo do capital-mercadoria. Tendo isso em consideração, explique qual destes ciclos serve de referência para Marx na análise do capital fixo e circulante. Além disso, explique: i) qual a peculiaridade do capital fixo? ii) em que consiste a contradição entre fixidez e movimento presente nele? e iii) como se forma a reserva monetária a partir da rotação do capital fixo e como ela é denominada por Marx? (2,5 pts.)
Ao discutir as metamorfoses do capital e o seu processo cíclico, nesse sentido, Marx coloca como objetivo de tal discussão apresentar e ampliar a definição de capital, no qual consiste em relação social e valor em processo que se auto expande. Nesse processo cíclico o capital só pode se valorizar a partir das mudanças de formas, além de passar por um processo de ampliação é fundamental também a realização de valor e mais valor. Sendo assim, é importante ainda pontuar que há uma distinção entre capital fixo e circulante para capital fixo e capital variável, 
No estudo da rotação do capital, o ciclo do capital-mercadoria se torna irrelevante, pois, já começa como valor incrementado e não valor adiantado de capital. Apenas os ciclos do capital monetário (D...D’) e do capital produtivo (P…P) é que servem ao estudo do tempo de rotação, tanto D...D’ quanto P...P tem como objetivo a valorização do dinheiro adiantado ou desembolsado no início. A análise da influência da rotação do capital sobre a formação do produto exige o estudo do ciclo do capital produtivo. Já a análise da sua influência sobre a criação de mais-valor pede o estudo do ciclo do capital monetário. Dessa forma, o ciclo do capital produtivo é àquele qual Marx utiliza de referência para a análise do capital fixo e circulante.
A peculiaridade do capital fixo reside na medida em que seu valor é transferido para as mercadorias produzidas, circula gradualmente, de modo fracionário, circula por várias rotações. Logo, ao observar em detalhes a transferência de valor, são os meios de trabalho que o valor circula gradualmente durante varias rotações. 
Revela-se então, nesse duplo aspecto, a peculiaridade do capital fixo, pois conforme que se acontecem os processos de produção, a parte do valor de capital presente nos dos meios de trabalho e que assume a forma de P vai gradativamente diminuindo, porque com o passar do tempo os meios de trabalho vão perdendo o seu valor e depois de algum tempo eles tem que serem substituídos por novos exemplares, e pari passu que a parte que assume a forma D’, que é a parte transferida a cada processo de produção, vai gradativamente aumentando, pois a tendencia natural é essa, cada vez mais se transfere uma nova parte de valor dos meios de trabalho que vai assumir a forma M’ para posteriormente assumir a forma D’. Enquanto, aquela parcela que permanece fixada a produção diminui gradativamente ao longo do tempo da feita que há sempre transferência de valor. 
Embora seja capital fixo, existe dentro dele uma contradição entre fixidez e movimento. São inúmeras as formas móveis e imóveis de capital fixo; a imobilidade física de uma instalação fabril, de um edifício, de um porto, de um aeroporto, de uma ferrovia; porque todas essas estruturas estão fixadas e imóveis na terra, essa imobilidade está ligada a mobilidade física, por exemplo; um avião que é caracterizado pela capacidade de deslocamento e movimento, enquanto o aeroporto é imóvel, além de um trem e a ferrovia que são capitais fixo como as duas estruturas anteriores, contudo, um tem a possibilidade de se mover no espaço e o outro não. A imobilidade não confere um caráter de capital fixo, e a mobilidade não impede o capital produtivo desse caráter, pois não é a mobilidade ou imobilidade o critério que vai definir o que é ou não capital fixo ou capital circulante.
A reserva monetária do capital fixo é chamada de fundo de amortização, se trata de uma reserva em dinheiro que periodicamente vai sendo acrescida a partir da transferência paulatina do valor do capital fixo para o produto que está sendo criado, com o objetivo de renovação do capital fixo quando este tiver se esgotado. A formação do fundo de amortização exige que haja o entesouramento do dinheiro por período mais ou menos longo, nas mãos de um mesmo capitalista e no momento da reposição do capital fixo, toda a reserva em dinheiro se converta em meio de circulação, possibilitando a compra de novo capital fixo. Sendo assim, somente quando o capital fixo tiver se esgotado e seu valor tiver sido inteiramente convertido em dinheiro é que haverá a reposição em espécie dos elementos do capital fixo.
Questão 02. Qual a influência do tempo de rotação no capital desembolsado? (0,5 pts.)
Importante pontuar de início, o tempo de rotação do capital circulante difere do tempo de rotação do capital fixo, além disso, os diferentes elementos do capital fixo possuem tempos de rotação diferentes. Mas do que se deve a importância desta divergência de tempo de rotação? Primeiro, devido à sua existência, ou seja, é necessário que se apreenda a rotação média das diversas partes do capital e está rotação média foi o que Marx chamou de rotação total do capital desembolsado. Seguidamente, a rotação total do capital desembolsado sempre será menor que o tempo necessário para que todas as suas partes integrantes girem na realidade.
Ademais, O ciclo do capital monetário (D… D’) é o único capaz de expressar a homogeneidade de rotação do capital fixo, pois só ele expressa o valor do capital desembolsado e, posteriormente, reconvertido em dinheiro, sendo que apenas ele permite o cálculo da rotação total do capital produtivo.
Diante do exposto, é possível compreender a influência do tempo de rotação no capital desembolsado. A grandeza, que é a magnitude do capital desembolsado (C) é definida a partir da relação entre o tempo de rotação de um capital (r) e sua velocidade de rotação, o número de rotações que ele realiza no ano (n). Logo, quanto menor ou maior o tempo de rotação e maior ou menor o número de rotações, menor ou maior será a grandeza do capital a ser adiantado pelo capitalista.
Questão 03. De que modo a maior ou menor dimensão do período de trabalho pode afetar a parcela do capital desembolsado destinado à aquisição dos elementos do capital circulante? (1,5 pts.)
Nota-se, o interesse dos capitalistas para que haja a redução dos tempos de duração dos componentes do tempo de rotação (r), ou seja, do tempo de curso (tc) e do tempo de produção (tp) e, dentro deste, do tempo de trabalho. Sendo o tempo de trabalho um desses elementos que precisam ter o seu tempo de duração reduzido. 
Marx vai afirmar que o período de trabalho consiste no somatório de dias de trabalho sucessivos e ligados entre si que são necessários para que o capital passe da forma de capital produtivo (P) para a forma de capital-mercadoria (M’). Quais modos podemos reduzir esse período? Pode ser pelo prolongamento da jornada de trabalho diária; pela intensificação da jornada de trabalho; pelo aumento do número de operários (pelo aumento de turnos em cada dia ou pelo aumento do número de operários num mesmo turno, exigindo investimento adicional de capital fixo) e pela elevação da produtividade do trabalho (inovações tecnológicas e/ou organizacionais ou, ainda de técnicas, etc.).
Com o aumento dadimensão do período de trabalho, em menos dias o capital vai permanecer na esfera da produção e sob a influência do processo de trabalho, como aumenta o período que os meios de trabalho e produção irão sofrer interferência do próprio processo de trabalho para que haja processo de criação de valor de uso, reduzindo o tempo para que esse capital mercadoria fique pronto para ser realizado na circulação. Por fim, quanto mais rotações ocorrem durante o ano, menor a magnitude do capital desembolsado e mais rápido é o processo de realização do capital mercadoria e o retorno a sua forma dinheiro.
Questão 04. Explique qual o impacto do aperfeiçoamento dos meios de transporte e comunicação sobre o tempo de curso e, mais especificamente, sobre o capital-mercadoria. (1,5 pts.)
Segundo Marx, quanto mais o tempo de curso do capital se aproximar de zero, tanto maior se torna a sua autovalorização. O que isso quer dizer? os capitalistas possuem interesse em reduzir o tempo em que o capital permanece na esfera da circulação com o objetivo de que seja retomado, o quanto antes, o processo de produção de mercadorias e de valorização do capital. 
Dessa forma, o aperfeiçoamento dos meios de transporte e comunicação, se colocam como o método mais eficiente para a redução do tempo de curso. Assim sendo, o tempo de curso pode ser apressado, em especial, a partir do incremento dos meios de transportes e do aumento dos gastos improdutivos, tal como em publicidade e propaganda.
Questão 05. Explique qual dos ciclos do capital serve de referência para Marx na análise da influência da rotação sobre o capital variável e sobre a criação e circulação do mais-valor. Em relação a este tema, explique: i) o que garante a continuidade da produção durante o tempo de curso; ii) como se estabelece a diferença na criação do mais-valor entre um capital que é adiantado uma única vez no ano e um capital que rotaciona 10 vezes no ano; iii) qual a origem do dinheiro necessário para a realização do mais-valor contido no capital-mercadoria. (4,0 pts.)
Marx se questiona, partindo do pressuposto que é necessário no âmbito do funcionamento da produção capitalista, uma parte do capital deve estar dentro da esfera da circulação e outra parte na esfera da produção, a respeito da possibilidade de garantir a não interrupção ou a continuidade da produção durante do tempo de curso do capital. Dessa forma, é necessário retomar o ciclo do capital monetário, aquele que se inicia pela forma do capital monetário, a forma dinheiro, sua conclusão é o mais dinheiro, ou seja, o valor incrementado, revelando-se o motivo fulcral do capitalista, que é investir dinheiro para no final se obter mais dinheiro. Esse ciclo se inicia pelo capital adiantado, seguindo pela conversão do dinheiro em mercadorias que irão servir como elementos do processo produtivo, depois a transição de M a P, como a constituição de capital fixo e capital circulante (podendo ser capital circulante constante e variável), na sequencia passagem do capital produtivo e processo de realização de mercadorias e por fim o retorno a forma dinheiro imbuída de mais valor.
Continuando, para pensarmos sobre aquilo que garante a continuidade da produção durante o tempo de curso, é fundamental marcar que o tempo de rotação é igual ao somatório de tempo de produção e tempo de curso, sendo que, neste último, no tempo de curso, o capital adicional (que é diferente do capital desembolsado) é requerido para que a produção siga continuando sem interrupções. Logo, tem-se a resposta preliminar sobre a indagação feita por Marx na discussão no âmbito da rotação e posteriormente na criação e circulação do mais valor. O capital adicional é requerido para a continuidade da produção preenche os espaços deixados pelo tempo de curso no processo de trabalho. Assim, o capital adicional, visa proteger a produção das intempéries ou interrupções causadas pelo tempo de curso.
			O capital adiantado é aquele que se distribui para a reposição de capital circulante, sendo que parte dele vai assumir a forma de estoque produtivo e outra parte a forma-dinheiro para o pagamento dos salários. Contudo, parte do capital liberado deve assumir a forma de capital monetário, e sob esta forma, o capital liberado deve ser no mínimo, à parte variável do capital circulante e no máximo, à totalidade do capital liberado. Este capital monetário é liberado pelo mecanismo de movimentação da rotação e, segundo Marx, no capitulo 15 de O Capital, também assume um importante papel com o desenvolvimento do sistema de crédito.
Marx tem como objetivo comprovar como tempos de rotação distintos impactam o capital variável e a criação de mais-valor, nesse intento, ele expõe um exemplo utilizado ao longo de todo o capítulo, para o qual 1 ano corresponde a 50 semanas. Revelando dois capitais possuidores de tempos de rotação distintos e considera que o tempo de circulação ou produção de 1 ano para ambos possui 50 semanas. No caso do capital A, vai ter como capital variável adiantado £500, com mais-valor anual igual a £5.000 (10 x 500) e um tempo de rotação igual a 5 semanas. Já o capital B vai ter de capital variável adiantado £5.000, tempo de rotação de 50 semanas e um mais-valor anual = £5.000 (1 x 5.000). Ambos irão ter a mesma taxa semanal de exploração de 100%. 
No objetivo de observar o que vai estabelecer a diferença na criação do mais-valor entre um capital que é adiantado uma única vez no ano e um capital que rotaciona 10 vezes no ano, se utiliza a taxa anual do mais-valor. Ela indica a proporção existente entre a massa total de mais-valor produzida durante o ano (m x n) e a soma de valor do capital variável adiantado (v). Sendo denotada pela formula; Taxa Anual do Mais-Valor = m x n/v
No caso do capital A, sua taxa do mais-valor anual é de 1.000%, e no caso do capital B, a taxa do mais-valor anual é igual a 100%, essa diferença se dar pelo tempo de rotação, pois influencia o adiantamento do capital e como o capital A rotaciona em menos tempo, significa que ele vai necessitar de menor valor de capital e o capital B que precisa de um tempo 10 vezes maior para rotacionar, logo, o valor do capital adiantado também será 10 vezes maior. Esta diferença não se restringe apenas a isso, mas também impacta a taxa anual de mais valor, tendo o capital A uma taxa de mais valor anual 10 vezes maior. 
A origem, o surgimento do mais valor se dar durante o processo de produção capitalista que está vinculador ao consumo produtivo do capital variável, não é da circulação que o mais valor surge, pois é criado a partir do capital variável, nesse sentido, o capital efetivamente aplicado no processo de trabalho é que cria mais-valor. Portanto, o capital efetivamente aplicado no processo de trabalho é que cria mais-valor.

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