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EA D 5 Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras 1. OBJETIVOS • Identificar o conceito de carreira e a sua significância no contexto empresarial. • Reconhecer o desafio de escolher uma carreira para os jovens e a reflexão dela no contexto profissional. • Explicar a relevância de estabelecer o plano de carreira e as suas vantagens para as instituições. • Reconhecer os instrumentos necessários para a implanta- ção do plano de carreira nas organizações e as etapas que as pessoas alcançam em sua vida profissional. • Identificar o que a organização e os empregados esperam da construção de um plano de carreira. • Descrever os tipos ou modelos de gestão de carreira en- contrados na literatura disponível sobre o assunto. © Gestão de Pessoas138 2. CONTEÚDOS • Definição de carreira. • Carreira para as pessoas. • Planejamento de carreira para as instituições. • Implantação do plano de carreira. • Necessidades da organização e dos empregados. • Modelos de gestão de carreira. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli- citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema dos Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 2) Compare os conceitos do significado da carreira profis- sional para os indivíduos com a implementação do plano de carreira para as empresas. Ademais, relacione os be- nefícios, as vantagens e as desvantagens, especialmen- te, do processo motivacional das pessoas. 3) Faça uma leitura da bibliografia indicada e pesquise os textos sugeridos ao final desta unidade. Além disso, pes- quise se as empresas de grande porte possuem plano de carreira e como ele é desenvolvido. Se quiser ampliar ainda mais os seus horizontes de conhecimento, pesqui- se sobre o plano de carreira dos funcionários públicos e compare-o aos da iniciativa privada. 4) Como base para seus estudos, é importante rever os conceitos de recursos humanos, profissão, talentos, mo- tivação, treinamento, recrutamento e seleção. 5) Você verá uma entrevista de Antonio Cezar Peron sobre a importância da escolha correta da carreira. Ele possui mestrado em Serviço Social pela Faculdade de História, Claretiano - Centro Universitário 139© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras Direito e Serviço Social de Franca (2002), com a disserta- ção O trabalho do professor na sala de aula: uma articu- lação entre o saber de si, do seu trabalho e da instituição que o emprega. 6) Ao ler o texto de Alain Belda, você irá se deparar com o termo benchmarking, que se refere ao processo por meio do qual uma empresa adota e/ou aperfeiçoa os melhores desempenhos de outras empresas em deter- minada atividade. 7) Para aprender uma reflexão diferente sobre o desenvol- vimento na carreira, faça uma pesquisa no site <http:// www.ead.fea.usp.br/Semead/10semead/sistema/resul- tado/an_resumo.asp?cod_trabalho=399>, acesso em: 25 jul. 2012. Nele, você encontra, na íntegra, o artigo "Programas de trainees no mercado de trabalho nacio- nal: apresentação de resultados de pesquisa", em que poderá conhecer os resultados da pesquisa sobre as ca- racterísticas do programa de trainee, bem como a exi- gência das competências dos candidatos para ingressar na carreira de futuros líderes da organização, com as etapas da carreira profissional. Veja, a seguir, um resu- mo desse artigo: Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados da pesquisa realizada pela parceria entre a Fundação Instituto de Administra- ção (FIA), Revista Exame e a Companhia de Talentos, a qual bus- cou mapear características e práticas dos Programas de Trainees na visão da área de Recursos Humanos, a fim de aprofundar conhe- cimentos em tema que ganha visibilidade no mercado para pro- fissionais qualificados. Esses programas têm por objetivo atrair in- divíduos recém-egressos do ensino superior de alto potencial para estimular, desenvolver e reter os futuros líderes da organização. As 50 empresas que retornaram questionários válidos avaliaram suas práticas relacionadas às características do programa e aos proces- sos de captação, avaliação de desempenho, desenvolvimento, car- reira, gestão de turnover e remuneração. Metade dos Programas de Trainees pesquisados foram lançados nos últimos 5 anos, exi- gem profissionais de alto nível, refletindo essa demanda em seus processos de seleção, e realizam práticas de desenvolvimento e carreira atraentes para os indivíduos, além de oferecer remunera- ção agressiva, mantendo altos níveis de retenção nesse corpo de colaboradores (MARTINS, 2012). © Gestão de Pessoas140 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Olá! Nesta unidade, vamos estudar o conceito de carreira, bem como a sua relevância para o indivíduo e para as organiza- ções. Escolher uma carreira ou profissão não é tão simples como, por exemplo, fazer a opção pelo prato preferido. Essa escolha está acima da preferência, do ganho econômico e do prestígio, já que é preciso "amar" as atividades que irá desenvolver. Dessa forma, optar por um ofício significa estar em harmonia constante com o seu trabalho e com a sua vida pessoal. Consequentemente, a profissão escolhida será uma carreira que o indivíduo irá seguir, na maioria das vezes, por toda a sua vida. Logo, ele precisa saber das vantagens e desvantagens, dos desafios, da possibilidade de crescimento e dos possíveis horizon- tes que serão desenhados em sua caminhada profissional. Contudo, o estudo do planejamento da carreira não é obriga- ção nem interesse apenas do indivíduo. A empresa precisa acompa- nhar a evolução de seus funcionários ao longo de sua relação de tra- balho, permitindo o crescimento pessoal e profissional de cada um. É com base nessas afirmações que propomos a você a se- guinte reflexão inicial: Quais são os maiores desafios para as empresas no contex- to atual: o fluxo de caixa, o avanço tecnológico, o planejamento estratégico ou os produtos e serviços inovadores? É notório que todas essas ações são, indubitavelmente, relevantes na condução das organizações. Todavia, elas se submetem no momento em que são comparadas ao fator humano. O talento das pessoas é o requisito mais importante de uma instituição, pois, sem ele, nada conseguiremos obter, especial- mente manter os resultados satisfatórios que conservam as or- ganizações lucrativas e sustentáveis. A gestão de carreira auxilia Claretiano - Centro Universitário 141© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras a empresa e os funcionários para que a relação de emprego seja mais motivada, dinâmica e interessante. O desafio de construir uma carreira de sucesso é, em primei- ra instância, exclusivamente, do indivíduo; contudo, a relevância do ser humano em evoluir na vida profissional passa a ser, tam- bém, responsabilidade da empresa, a qual irá proporcionar e esta- belecer os mecanismos que norteiam a implantação, a execução e o controle do planejamento de carreira. A integração dos objetivos dos colaboradores e da organi- zação é definida por um sistema composto pelas funções relacio- nadas ao cargo, mostrando as competências, as habilidades e os comportamentos adequados dos ocupantes (DUTRA, 1996). Os parâmetros de controle mostram o desempenho de cada colabo- rador, e o resultado deve ser comunicado ao ocupante do cargo para que ele e a empresa possam medir o alcance obtido, resultan- do em um projeto transparente e eficaz. Você deve estar se perguntando: "Mas qual será o modelo ideal de gestão de carreira? Qual é aquele mais adequado para a minha organização implantar? O planejamento de carreira é ne- cessário?". Vamos estudar, nesta unidade, os mecanismos essenciais para a implantação do plano de carreira existentes na literatura específica de Administração. Todavia, é importante salientar que o plano de carreira deve ser adequadoao segmento de atuação e à estrutura organizacional da instituição em pauta. 5. DEFINIÇÃO DE CARREIRA Desde os tempos de escola básica, o jovem já começa a ter uma preocupação: "O que vou ser quando crescer, quando for adulto? Médico, engenheiro, advogado ou outra profissão?". As perspectivas são muitas, e esse cenário gera ansiedade e expecta- tivas diversas no indivíduo. © Gestão de Pessoas142 A partir do Ensino Médio, com, aproximadamente, 15 anos, muitos jovens possuem uma opção de escolha, que pode ser por afinidade, por influência dos pais ou dos amigos ou pela divulgação da mídia. Para tanto, há testes vocacionais, programas de incenti- vo ou investigação de habilidades e acompanhamento psicológico que visam garantir o equilíbrio do jovem indivíduo na escolha de sua futura profissão. Há, também, universidades públicas e privadas que ofere- cem programas de avaliação continuada, os quais garantem 50% das vagas disponíveis aos melhores colocados nesse processo de seleção. Para exemplificar, podemos citar o Programa de Avaliação Seriada do CESPUnB – Universidade de Brasília (PAS) e o Programa Alternativo de Ingresso ao Ensino Superior – Universidade Federal de Uberlândia (PAIES). A cada ano, são lançados novos modelos de formação superior e, dessa maneira, novas carreiras são criadas, gerando amplitude de escolha e de opções. Se olharmos para o futuro e fizermos a nós mesmos pergun- tas como: "Qual profissão eu gostaria de escolher?"; "Onde que- ro estar?"; "Daqui a cinco anos, o que estarei fazendo?", muitas respostas serão obtidas, porém existem pessoas que não têm a menor ideia do que desejam ser no futuro (XAVIER, 2006). Estamos vendo, neste tópico, os anseios dos jovens quanto à escolha de uma profissão e de uma carreira, bem como os meios e métodos que os auxiliam nessa escolha. Mas, antes de prosseguir- mos em nossos estudos, reflita sobre seguinte questão: O que é carreira? Em resposta a ela, DeCenzo e Robbins (2001, p. 150) expli- cam que o termo "carreira" tem vários significados, entre os quais: progresso profissional – "Ele está aprimorando sua carreira"; pro- fissão – "João escolheu a Engenharia Mecânica como carreira"; ou estabilidade de emprego gerada por uma integração no serviço público – "Meu filho foi aprovado e tomou posse no Banco Cen- tral". Claretiano - Centro Universitário 143© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras DeCenzo e Robbins (2001) pontuam, ainda, que carreira é o padrão de expectativa relacionado ao desenvolvimento do tra- balho do indivíduo durante toda a sua vida profissional. Seguindo o raciocínio dos autores, podemos concluir que todos nós temos uma carreira ou aspiramos a encontrá-la, segui-la e defini-la em nossas vidas. A carreira não é baseada, exclusivamente, em uma formação superior, como afirmam London e Stumph (apud DUTRA, 1996). Ela se forma em sequências de posições ocupadas e de trabalhos realizados durante a vida de uma pessoa, ou seja, a carreira é um caminho que o indivíduo irá percorrer em sua trajetória profissio- nal. Para Dutra (1996), a definição da palavra "carreira" é com- plexa, pois podemos usá-la para nos referirmos à mobilidade ocu- pacional, ou seja, à evolução, por exemplo, de um profissional de vendas: do cargo de auxiliar até alcançar um cargo de confiança. Também existe a possibilidade de definir carreira como profissão, como, por exemplo, a carreira acadêmica. Tanto no primeiro quan- to no segundo caso, carreira apresenta a ideia de um caminho a ser trilhado. Apresentando uma definição mais reflexiva, Xavier (2006) mostra que carreira é a combinação entre trabalho e sucesso, por- que a pessoa tem de se sentir útil para a sociedade, gostar do que faz, ter eficiência no trabalho, realizar-se economicamente, alcan- çar crescimento profissional e manter equilíbrio e harmonia na vida profissional, afetiva e social. A riqueza não basta Quanto aos que, orgulhosos de suas riquezas, nenhuma necessi- dade pensavam ter de instrução e imaginavam bastar serem ricos para realizar todos os seus desígnios e fazer-se honrar dos homens, chamava-os à razão dizendo-lhes ser estupidez acreditar que sem estudo se possa distinguir o útil do nocivo. Estupidez, quando não se departe o útil do prejudicial, crer-se capaz de alguma coisa útil por ter-se dinheiro para comprar o que quiser. Estupidez, quando nada sabemos fazer, julgarmos poder ser felizes e viver honesta- © Gestão de Pessoas144 mente. Estupidez, quando nada sabendo, presumirmos que a ri- queza nos faça passar por sábios ou que, inúteis, nos granjeie esti- ma (XENOFONTE apud XAVIER, 2006, p. 4). A carreira é o processo pelo qual há o desenvolvimento pro- fissional por meio da identificação de áreas ocupacionais e da se- leção de cargos que possam satisfazer os talentos humanos (MON- TANA; CHARNOV, 2003). Se partirmos desse princípio, a profissão de pedreiro ou até mesmo a de auxiliar de pedreiro podem ser consideradas carreiras. Acontece que, pelos mais variados motivos, as pessoas ocupantes dos cargos mais modestos não desenvolvem uma trajetória de esca- la em suas carreiras. Dentre esses motivos, podemos citar a dificul- dade de frequentar a escola, a falta de apoio e incentivo da família, a própria falta de interesse, a falta de oportunidades e outros. Contudo, a prática profissional em qualquer atividade não deixa de ser uma carreira. Temos vários exemplos de pessoas que não frequentaram a escola e desenvolveram carreiras de sucesso no mundo do futebol, do basquete e do vôlei. Isso sem mencionar os artistas de televisão, os atores de teatro e de cinema e os em- presários. Evidentemente, as pessoas que se planejam para sua car- reira têm mais chances de obter sucesso do que aquelas sem o devido preparo. Há certo ditado popular, sobre o qual precisamos refletir todos os dias, que diz: "o sucesso é quando a oportunidade encontra o preparo". O cenário atual apresenta um mundo capitalista, no qual inú- meras organizações oferecem produtos e serviços para os agentes econômicos, que somos nós, os consumidores, dispostos a adqui- rir algo capaz de preencher a nossa ansiedade, necessidade ou ex- pectativa. Para isso, existem as organizações, que são um conjunto de indivíduos capazes, profissionais, estruturados, com intuito de produzir resultados suficientes para encantar os indivíduos que comprarão os seus produtos, projetos ou serviços. Claretiano - Centro Universitário 145© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras Quando a empresa possui profissionais habilitados, colabo- rativos de padrão de resultados, a sua chance de vencer a concor- rência e obter posição de destaque no contexto mercadológico é muito mais certa do que a chance das empresas que não se pre- ocupam com a formação, o treinamento ou a capacitação de seu pessoal. Nesse caso, podemos afirmar que os seus funcionários estão desenvolvendo uma carreira de sucesso, pois estão colaborando efetivamente no resultado brilhante conquistado pela empresa. Consequentemente, o sucesso na carreira e a produção de resul- tados da organização estão diretamente correlacionados. Por outro lado, a evolução da sociedade desperta nas pes- soas necessidades nem sempre passíveis de controle; por isso, o estudo deve contemplar fatores de imprevisibilidade, uma vez que a carreira é tratada como uma série de etapas e transformações que varia de acordo com as intervenções oriundas do indivíduo e, também, do ambiente em que ele habita. As organizações são dependentes do trabalho das pessoas; estas, por sua vez, necessitam do trabalho e das oportunidades de desenvolvimento de carreira que são oferecidas pelas organiza- ções (DUTRA, 2010). Para Schein (apud DUTRA, 2010), possuir um emprego signi- fica muito mais do que trabalhar, já que existe a tendência do fator segurança estar mais relacionado às qualificações pessoais e aos comportamentos sobre a própria carreira do que às possibilidades vinculadasao empregador. Em função disso, Hall (apud DUTRA, 2010) descreve no Qua- dro 1 a seguir os significados do termo "carreira", de acordo com a forma popular ou com a ciência comportamental. Observe: © Gestão de Pessoas146 Quadro 1 Significados do termo "carreira". CONOTAÇÕES DE CARREIRA SIGNIFICADO Carreira como avanço É a visão que povoa o pensamento das pessoas sobre carreira. A mobilidade é vertical em uma hierarquia organizacional com sequência de promoções e movimentos para cima. Carreira como profissão Uma maneira também popular, mas menos comum de enxergar a carreira, é a de que certas ocupações representam carreiras e outras, não. Nesse ponto de vista, seriam consideradas carreiras apenas as ocupações que, periodicamente, são submetidas a movimentos progressivos de status, enquanto os trabalhos que, normalmente, não conduzem a um avanço progressivo não são relacionados à construção de uma carreira. Carreira como a sequência de trabalhos durante a vida Para os estudiosos que tratam do assunto da ciência comportamental, essa definição de carreira é a mais relevante, pois não há julgamento de valor sobre o tipo de ocupação ao considerar que a carreira de uma pessoa é toda a sua história ou o conjunto de posições ocupadas, não sendo levados em consideração os níveis ou o tipo de atividade. De acordo com esses princípios, as pessoas que possuem histórias de trabalho também têm carreira. Carreira como a sequência de experiências relativas a funções ao longo da vida Essa definição também é importante para os escritores estudiosos da ciência comportamental, pois a carreira representa a maneira como a pessoa experimenta a sequência de trabalhos e de atividades que formam a sua história de trabalho. Fonte: Hall (apud DUTRA, 2002). Entretanto, a carreira também pode ser desenvolvida por um profissional autônomo, empresário ou prestador de serviços. Talvez não seja aquele emprego formal que será o sucesso de uma vida. Atualmente, a estabilidade de emprego não está pautada na- quele perfil de funcionário com mais "tempo de casa" ou experi- Claretiano - Centro Universitário 147© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras ência, mas, sim, na competência, perfil exigido pelas organizações, pois profissionais talentosos produzem efeitos satisfatórios para elas. Mas o que vem a ser competência? Os profissionais de recursos humanos definem a competên- cia como o conjunto de habilidades, conhecimentos e atitudes que afeta a maior parte do trabalho de uma pessoa (FLEURY; FLEURY, 2000). Esse conjunto está relacionado ao desempenho do indiví- duo no trabalho, visto que a competência poderá ser comparada com parâmetros previamente estabelecidos. O desenvolvimento de competências está, dessa forma, totalmente relacionado ao su- cesso da carreira, pois as duas ações auxiliam a organização na consecução dos objetivos e promovem uma ascensão na carreira das pessoas. Rocha-Pinto (2005) descreve que, nas últimas décadas, mui- tos estudiosos têm o desafio de conceituar o que é competência. Nas organizações, esse termo está relacionado à sigla CHA (Conhe- cimentos, Habilidades e Atitudes). Vejamos alguns exemplos: • Conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que afeta a maior parte do trabalho de uma pessoa e que se relaciona ao desempenho no trabalho. • Características humanas relacionadas à eficiência e à efi- cácia. • Capacidade de resolver um problema em uma situação dada. A competência baseia-se na obtenção dos resulta- dos organizacionais. Portanto, as pessoas que desejam obter sucesso em sua car- reira devem possuir, segundo os estudiosos e os profissionais da área de recursos humanos, boa formação acadêmica e cultural, habilidade técnica e pessoal, flexibilidade para mudanças, vontade de aceitar desafios e perfil empreendedor. © Gestão de Pessoas148 Para atender às exigências do contexto organizacional, o de- senvolvimento de competências torna-se relevante para que as pessoas sejam capacitadas e atinjam os resultados propostos. Na Unidade 3, estudamos como o desempenho individual é importante na evolução das carreiras. Agora, se o desempenho profissional está vinculado à competência, as pessoas não preci- sam saber apenas fazer as suas atividades, mas também se trans- formar em bons profissionais. Por exemplo, não podemos confirmar que o motorista de ônibus competente é aquele que dirige muito bem, que cuida bem do carro, que verifica o motor, a limpeza e a lubrificação, que não dá "trancos", que executa os procedimentos de direção defensiva etc. O motorista competente é aquele que possui a visão do todo e da sua atuação na organização para que ela alcance o melhor re- sultado possível, gerando uma prestação de serviços de qualidade. Assim como outros profissionais que desejam ser competen- tes, o motorista, além de possuir bons conhecimentos técnicos, te- óricos e práticos, precisa, incondicionalmente, estar sempre aber- to às mudanças, ter flexibilidade e, também, ser criativo. Amanhã sempre será um novo dia; dessa forma, o profissional deve alimen- tar a sua postura de trabalho com bastante iniciativa, além de agir com ousadia e coragem diante dos desafios da organização e da sociedade. Acima de todos os recursos de alta tecnologia, máquinas, equipamentos de última geração, infraestrutura, materiais, capital ou patrimônio, o recurso humano aparece em destaque, porque é ele que faz a diferença, que inova. Os profissionais que obtiveram sucesso em suas carreiras sabem que as empresas e o mercado buscam profissionais com perfil empreendedor, boa formação cul- tural e facilidade para trabalhar em equipe. Assim, para que alcan- cem o êxito pretendido, os profissionais devem planejar, praticar e controlar suas carreiras. Claretiano - Centro Universitário 149© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras 6. CARREIRA PARA AS PESSOAS Foi destacado, no item anterior, que, desde a infância até a adolescência, o indivíduo almeja ser "alguém" profissionalmen- te. Desse modo, a carreira de uma pessoa significa o espelho, a apresentação social dela para os colegas, amigos, família, para si mesmo e para o mercado, pois a evolução de uma carreira é extre- mamente relevante para todas as pessoas. O desafio de optar por uma carreira é bastante complexo, porque envolve diversos fatores, tais como: empregabilidade, re- compensa econômico-financeira, ambiente de trabalho, qualidade de vida, motivação e satisfação do indivíduo na trajetória profis- sional. As expectativas quanto ao desenvolvimento de uma carreira são tantas que o sucesso dela não pode ser mensurado apenas pela remuneração ou pelo cargo de destaque ocupado pela pessoa na organização. Existe a necessidade de agregar à carreira o uso das habilidades e aptidões para enfrentar desafios com grandes amplitudes; além disso, esse trabalho deve produzir interesse ao executante (DECENZO; ROBBINS, 2001). No estágio atual da civilização, a contemplação de uma car- reira individual envolve uma série de fatores, símbolos de sucesso ou progresso profissional, tais como: uma sala mais confortável a cada promoção, conceituação ocupacional da carreira (engenheiro é uma carreira, pedreiro é uma ocupação) e articulação a longo prazo em uma determinada carreira, além dos aspectos culturais e comportamentais envolvidos com o indivíduo (DECENZO; ROB- BINS, 2001). Consequentemente, os parâmetros de experiência obtidos pelo indivíduo em sua ocupação profissional, juntamente com os conhecimentos absorvidos na escola, na empresa e em entidades de ensino especializado, auxiliarão na definição da carreira de uma pessoa. © Gestão de Pessoas150 De acordo com Gil (2008), os profissionais de sucesso inves- tem constantemente em seu aprimoramento, porque têm consci- ência de sua responsabilidade individual em relação ao futuro pro- missor ou ao fracasso de sua carreira. Acima do sistema racional das organizações, nasquais há uma estrutura organizacional, há, também, a organização informal, instituída pelas pessoas, que são dotadas de emoções. Em função disso, os valores externos recebi- dos pelo indivíduo vão colaborar de forma crucial em seu desen- volvimento profissional nas organizações. É pensando na formação dos jovens que, por exemplo, as universidades oferecem o seu guia de profissões, cuja intenção é permitir a consulta de seus principais cursos, da grade curricular, da expectativa do mercado de trabalho, do campo de atuação e da duração do curso. Com base nos guias de profissões, o ingressante começa a ter uma ideia de sua provável profissão no futuro e, assim, come- ça o processo de escolha. Grande parte das universidades publica um catálogo anualmente com o objetivo de fornecer subsídios aos estudantes para que estes, com o auxílio de seus entes queridos e professores, tenham uma orientação na relevante tarefa de optar por uma carreira profissional. A intenção é expor as suas formas de profissionalização de um ponto de vista holístico e contribuir para que o estudante tenha um relacionamento integrador com a faculdade. O Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), após 40 anos de existência, publicou, em 2002, o seu Guia de Profissões com o intuito de prover aos estudantes um painel de cenários das pro- fissões em alta e das áreas mais promissoras do mercado de tra- balho. Também foram consideradas a realidade e as perspectivas de cada curso ou área por meio de entrevistas com entidades de classe e educadores das respectivas especialidades, tudo tempe- rado com depoimentos da vivência de quem teve sucesso em seu campo de atuação (BERTELLI, 2002). Claretiano - Centro Universitário 151© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras O livro foi elaborado por meio de uma criteriosa pesquisa, e os dados coletados foram analisados por uma equipe de pro- fissionais gabaritados. Aliás, um resultado mostrou a tendência do cenário de recrutamento de talentos humanos: a exigência do mercado de trabalho por jovens que anseiam por uma carreira bri- lhante nas organizações que desejam ser primeiras colocadas no "top of mind". A escolha correta da carreira é tão importante que algumas instituições de ensino efetuam testes vocacionais com os seus alu- nos egressos do Ensino Médio. Em virtude da complexidade do processo de escolha, uma escola da cidade de Franca pratica uma inovação relevante: a atuação de um psicólogo para fazer não ape- nas o teste psicológico, mas também o acompanhamento vocacio- nal. Por isso, descrevemos, a seguir, na íntegra, uma entrevista elaborada por nós com o Professor Mestre Antonio Cezar Peron. Entrevista com o Professor Peron ––––––––––––––––––––––– Entrevistador: Professor Peron, quantos anos o senhor tem de formação na área e qual a sua experiência na formação de jovens? Professor Peron: Tenho 23 anos de formado em Psicologia e em Psicanálise e, nesse tempo, sempre trabalhei com jovens. Entrevistador: Quais foram as principais difi culdades que o senhor enfrentou no início dessa atividade, ou seja, acompanhar jovens pré-vestibulandos? Professor Peron: Cada vez mais, os jovens estão sedentos para que um "outro" faça as escolhas por eles. Querem o imediato e o fácil, mas o certeiro e o ver- dadeiro... Isso é da ordem do impossível. Veem o "Teste Vocacional" como um "Viagra e o Prozac". Entrevistador: O que é mais difícil para o jovem: escolher uma nova carreira ou ter de se mudar para longe da família? Professor Peron: Na ordem do ideal, seria escolher uma carreira mais adequa- da possível e com a família. Os jovens são mais conservadores do que se pensa. A maior parte faz uma escolha na qual não se distancia da família. Entrevistador: Quais são os pontos fundamentais de seu trabalho? Professor Peron: É colocar o jovem a pensar sobre a sua estrutura e, depois, haver-se com a condição de sujeito faltante que é. É preciso "gestar" a escolha... É uma aposta, e eles têm de ser bons apostadores. A escolha passa por diversos aspectos, todos eles parciais. Entrevistador: Quais são as expectativas dos jovens com relação às suas car- reiras e qual a melhor forma de eles lidarem com as tais? © Gestão de Pessoas152 Professor Peron: São como esperados, contraditórios. Ao mesmo tempo em que projetam um sucesso fenomenal, acabam se deparando com os empecilhos do pessimismo de muitos. É preciso ter uma posição mais elaborada em relação ao que veem na realidade, aos discursos reinantes, ponderando sempre o que há de vantagens e desvantagens na escolha a se fazer. Querer ganhar dinheiro, ter muito status e ser feliz é o ideal. Qual é o possível para cada um? Entrevistador: Até quando os pais devem interferir na escolha da profi ssão dos seus fi lhos? Qual o papel dos pais nesse contexto? Professor Peron: Os pais não devem se furtar à função de oferecer referenciais aos fi lhos. O único cuidado é que não devem fazer da escolha dos fi lhos um ele- mento compensador de suas frustrações. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Administração individual da carreira O aspecto mais relevante na carreira de uma pessoa é ela mesma. O indivíduo busca a sua formação, a profissionalização, aprimora suas habilidades, muda suas atitudes e ganha compe- tência, procurando emprego e empregabilidade. A oferta de bons empregos nas organizações faz com que as pessoas acumulem co- nhecimentos ao longo da sua vida e conquistem o desenvolvimen- to profissional. Ninguém é mais responsável pela carreira do que a própria pessoa; por isso, é necessário desenvolver um referencial próprio nas escolhas profissionais para obter conhecimento dos parâmetros externos, que, segundo Martins (2001), estão dividi- dos em três níveis: • Família: influencia a escolha em primeira instância, dire- ta ou indiretamente. Essa influência pode ser positiva ou negativa, motivadora ou impeditiva, depende da forma como a família transmite ou da maneira como o descen- dente acata. • Sociedade: influencia as opções pelas características do habitat onde convive, de acordo com o clima e com a con- vivência do meio, e, também, pelas interferências diretas do grupo, que define as essências, os costumes, o prestí- gio e a ocupação profissional de destaque. • Cultura: é intangível; por isso, tem caráter invisível, po- rém é de extrema influência, afinal, afeta o indivíduo por Claretiano - Centro Universitário 153© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras meio de diversos "juízos de valor", emitidos pelo signifi- cado atribuído às opções de carreira disponíveis no com- plexo organizacional. Outro aspecto importante na escolha da carreira é conside- rar as tendências de transformações na economia e o que elas po- dem causar de impacto nas carreiras. Essas mudanças podem ser de dois tipos: as conjunturais e as estruturais (XAVIER, 2006). • Mudanças conjunturais: decorrem das interações ime- diatas entre os agentes econômicos operantes: organiza- ções, clientes, empregados e governo. Por isso, contem- pla o nível de emprego e renda. Por sua caracterização, são passageiras, de curto prazo. Por exemplo: a desvalo- rização do dólar diante do real. Em função disso, quem exporta teve a redução no preço do produto, e os impor- tadores compram produtos mais baratos. • Mudanças estruturais: aquelas que vieram para ficar; por isso, são mais profundas, oriundas de forças maiores, como a tecnologia, a evolução da sociedade, as diretrizes e os planos políticos e econômicos. Por exemplo: os cor- tadores de cana, que utilizam o método manual, perde- ram seus empregos para os equipamentos automáticos de corte de cana, isto é, para as colheitadeiras de cana. Esse é um tipo de emprego que não tem volta, porque o avanço tecnológico alterou o processo de colheita. Desse modo, é extremamente importante que o indivíduo acompanhe as mudanças estruturais que vêm ocorrendo nas úl- timas décadas para continuar o desenvolvimento de sua carreira.De acordo com Xavier (2006), as principais mudanças que vêm afe- tando o mercado de trabalho são: a) Globalização: caracterizada pelo trânsito internacional de produtos, serviços e recursos, gerando oportunida- des e ameaças. Fusões, aquisições e incorporações são a marca registrada do processo de globalização. Grandes corporações adquirem outras empresas tanto menores © Gestão de Pessoas154 quanto grandes. Os preços são fixados pelo padrão in- ternacional, e as oportunidades de emprego são ofere- cidas tanto para as pessoas de uma nação como para outras pessoas de nação diferente. b) Trade-off: essa expressão significa "deslocamento de forças de produção". Por exemplo, as empresas cres- cem, produzem mais e empregam cada vez menos; con- sequentemente, as pessoas que perdem seus empregos vão trabalhar no setor de serviços. c) Concentração de negócios: para combater a concorrên- cia, as organizações juntam-se, ou as mais poderosas ad- quirem os concorrentes; por isso, há uma concentração. Dessa estratégia, pode surgir a ocupação de cargos mais relevantes ou, também, a ameaça da perda do emprego. d) Reposicionamento: as organizações passam por ajustes em sua participação no mercado para que possam so- breviver. As principais ações são tangíveis, ocorrendo na geração de novos produtos ou na exclusão de alguns que elas podem julgar inconvenientes; por isso, as organiza- ções reformulam-se ou remodelam-se. Nessa ocasião, os profissionais tendem a se adequar conforme o posi- cionamento dirigido pela organização. e) Níveis de exigência crescente: os clientes, amparados pelas leis de proteção ao consumidor e estimulados pela grande variação de ofertas de produtos e serviços, ava- liam as empresas de forma constante, são mais exigen- tes e fazem com que elas ofereçam a contraprestação com maior qualidade e preço. Nesse contexto, o profis- sional também passa a ser avaliado de forma mais crite- riosa; por isso, ele precisa se qualificar para atender às novas expectativas. f) Margens e preços em queda: a concorrência reduz os preços. Quando os preços são mais competitivos, as em- presas transferem os seus ganhos para aprimorar a pro- dutividade, ou seja, para reduzir custos. Os salários tam- bém são afetados por esse processo e, em decorrência disso, os profissionais mais realistas e flexíveis percebem que a sua remuneração está acima do padrão de merca- do e mantêm-se abertos a renegociá-lo. Claretiano - Centro Universitário 155© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras 7. PLANEJAMENTO DE CARREIRA PARA AS INSTITUI ÇÕES Antes de iniciarmos este tópico, reflita sobre a seguinte questão: • Sendo a carreira um processo individual, aparentemente, ela interessa somente ao indivíduo? Para responder a essa questão, vamos buscar aparato no pensamento das organizações mecanicistas (Teoria Clássica, Cien- tífica e Burocrática), que julgavam ser o homem um indivíduo mo- vido, exclusivamente, pelo ganho econômico, chamado de homo economicus, ou no pensamento das organizações orgânicas (Teo- ria das Relações Humanas, Comportamental, Sistêmica), as quais já caracterizam o homem como um ser que trabalha por prazer e interesse, aspirando a suprir suas necessidades econômicas, físi- cas, psíquicas e sociais, chamado de homo social. Muitas organizações, por serem instituições desenvolvidas, em sua essência, por estruturas formais e burocráticas, ainda pen- sam e agem como uma organização mecânica, desprezando total- mente os anseios, as metas e a visão a longo prazo de seu mais precioso recurso: o humano. Em função desses pensamentos, existem os conflitos gene- ralizados entre empregador e empregado. O primeiro diz: "meus funcionários não têm iniciativa", "não procuram se aprimorar"; en- quanto o segundo rebate, dizendo: "do que adianta eu buscar novos conhecimentos se não serão valorizados pela empresa", "a empresa não oferece e nem apoia o meu desenvolvimento profissional". As duas partes, sem perceber, travam uma batalha e criam circunstâncias maléficas para o planejamento de uma carreira, dei- xando de beneficiar tanto o empregado como o empregador. Um plano de carreira bem instituído será relevante para a organização alcançar êxito na gestão de recursos humanos, condição elemen- tar para obter excelente padrão de resultados. © Gestão de Pessoas156 Por outro lado, os empregados poderão sentir-se mais va- lorizados, aumentando a sua satisfação pelo trabalho, por meio de um processo transparente que reconheça e estabeleça prêmios por um desenvolvimento profissional. Consequentemente, a sa- tisfação de um indivíduo é pré-requisito para a obtenção de outro processo relevante no ambiente de trabalho: a motivação. O planejamento de carreira articulado trará diversos resulta- dos positivos para a organização, entre eles: a garantia da perma- nência do talento humano na empresa, desde que sua aspiração seja atendida compreendendo as exigências empresariais; o au- mento da probabilidade de a organização atrair e manter pesso- as de talento, reduzindo a rotatividade de emprego; o estímulo à diversidade de ocupantes dos cargos mais altos, pois promove o crescimento e o desenvolvimento sem preconceitos de raça, cor, religião ou sexo; o aumento da aspiração e a expectativa de evolu- ção dos funcionários; a melhora do clima organizacional, já que as organizações estão preocupadas com o bem-estar dos funcioná- rios a longo prazo, o que os estimula a produzir uma reação proa- tiva (DECENZO; ROBBINS, 2001). O propósito de o planejamento de carreira ser não somente uma ferramenta de desenvolvimento profissional para o indivíduo, mas também um mecanismo de motivação é confirmado na entre- vista de Alain Belda, um administrador de empresas formado pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, que é apresentada no tó- pico Textos complementares, ao final desta unidade. Marroquino naturalizado brasileiro, Belda é, atualmente, o presidente mundial da Alcoa. Aliás, o empresário apresenta outro princípio de planeja- mento de carreira importante para o nosso estudo. 8. IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE CARREIRA Neste tópico, convidamos você para uma breve reflexão so- bre as relações de trabalho na sociedade atual. Nós sabemos que é por meio do trabalho que os indivíduos trazem o sustento para Claretiano - Centro Universitário 157© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras a sua família e adquirem os bens necessários para satisfazerem as suas necessidades e seus prazeres. É por meio do trabalho que as pessoas podem manifestar a sua competência e o seu dom, além de garantir a cidadania e o prazer de ser útil construindo algo. É no ambiente de trabalho que o indivíduo passa a maior parte de sua vida. Desde o final do século 19 até meados do século 20, quando surgiram os primeiros estudos sobre a importância de considerarmos os recursos humanos como forma estratégica mais intensa do que apenas como um simples mecanismo no processo organizacional, a relação de trabalho passou a ser tratada em cará- ter mais humanístico. Os meios mecanicistas, consolidados pelas Escolas de Admi- nistração Científica, Clássica e Burocrática, cedem lugar aos meios orgânicos, trazidos pelos estudos do comportamento humano na organização. Os meios orgânicos contemplam a participação mais intensa das pessoas nas decisões da organização, consideram que o ser humano trabalha porque gosta, estimulam o trabalho em equipe e afirmam que o indivíduo precisa satisfazer as suas neces- sidades para ser motivado. O que mudou para que as pessoas sejam tratadas com uma atenção diferenciada nas organizações? Basta fazer uma compara- ção com o século passado. A era da eletricidade e do vapor fez com que as mudanças ocorressem em apenas uma década. Hoje, elas ocorrem em segundos; por isso, a velocidade das mudanças é uma dimensão relevante no desenho do mundo moderno (VERGARA, 1999). Para compreender melhor onde estamos situados e a inter- ferência em nossacarreira profissional, vamos retomar a evolução da sociedade dividindo-a em três etapas: a era da agricultura, a era industrial e a era da informação (VERGARA, 1999). • A era da agricultura: a natureza trazia o nosso sustento, o ar que respirávamos, a água que nos satisfazia a sede e os alimentos para que cumpríssemos nossas necessida- © Gestão de Pessoas158 des físicas; todos eles eram procedentes do ambiente em que habitávamos. Nossos antepassados remotos apren- deram não somente a explorar a natureza, mas também a cultivá-la a fim de produzir mais e com maior qualidade e diversidade. Por muito tempo, a agricultura foi a base da formação da sociedade, embora haja registros de pequenas fábricas na Antiguidade, especificamente na região da Grécia e, também, de Roma, porém nada que se compare à socie- dade industrial. A energia usada na sociedade agrícola era procedente das pessoas, dos animais, do vento, do sol e da água. Pelo estilo de produção e processo, as atividades predo- minantes eram braçais, e poucas pessoas utilizavam o raciocínio mental em detrimento da ação operacional. O processo de profissionalização na carreira era pratica- mente nulo. • A era industrial: o cenário industrial trouxe consigo as chaminés e as linhas de montagem e colocou o trator nas fazendas, a máquina de escrever no escritório e os ele- trodomésticos nas residências. Trouxe, ainda, os sistemas de transportes – rodoviário, ferroviário, aquaviário e aé- reo –, além de outros equipamentos que forneceram um novo método de vida para a sociedade. Os lavradores, os empregados da área rural, migraram para os centros urbanos, buscando, nas organizações in- dustriais, obter melhores remunerações e desenvolver uma carreira profissional. A era industrial também trouxe frustrações, como as horas de trabalho intermináveis, as perseguições no ambiente interno das empresas, o alto índice de acidentes de trabalho e os ambientes insalubres e penosos. Além disso, os grandes centros urbanos tive- ram problemas com a infraestrutura: saneamento básico, água potável, transportes, educação e segurança. Claretiano - Centro Universitário 159© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras A era industrial, gerada por meio de carvão, ferro, aço e eletricidade, construiu, também, um conjunto de estudos que fragmentou as habilidades e as competências dos seres humanos (ROFFLER apud VERGARA, 1999). Muitos estudiosos chamaram esse método de divisão e especia- lização do trabalho de "Prática do Reducionismo". Esse modelo de gestão tratava as pessoas meramente como recursos, assim como outro qualquer, e os planos de car- reira existentes eram focados, basicamente, na eficiência do funcionário. • A era da informação: a sociedade da informação transfe- riu o poder da força muscular para o intelectual. As pes- soas, por sua vez, procuraram a formação, o estudo, os cursos de Extensão Universitária, sobretudo aqueles que fornecem subsídios para o desenvolvimento profissional. Foi por meio da sociedade contemporânea, principal- mente nas duas últimas décadas, que as empresas dei- xaram de lado o antigo processo de recrutar e selecionar pessoas pelo Q. I. (Quociente de Inteligência) e passaram a avaliar, nos candidatos, a sua competência. Por outro lado, a mudança de consideração para recru- tar e selecionar pessoas exige dos candidatos formação mais sólida, conhecimentos gerais aguçados, capacidade de comunicação, flexibilidade para mudança, bom rela- cionamento pessoal, facilidade para trabalhar em equipe e outros predicados que visam à contratação de pessoas preparadas para serem futuros talentos humanos capazes de gerar resultados e competitividade às organizações. A outra face da era da informação é o desemprego estru- tural. Segundo Xavier (2006), existe uma afirmação bom- bástica de que os empregos irão desaparecer em função das mudanças do mundo econômico. Todavia, extinguir um processo de contraprestação de serviços, principal- mente se partirmos do princípio do trabalho em equipe, © Gestão de Pessoas160 do significado de organização e de outros quesitos favo- ráveis à contratação de pessoas, tornará o clima organiza- cional péssimo nos ambientes de trabalhos, e isso afetará diretamente o processo motivacional dos indivíduos. A relação de emprego mudou bastante, a quantidade de funções do empregado também, e as instituições exigem de seus funcionários um perfil multifuncional, em que os requisitos do cargo deixaram de ser mais específicos para caminhar na tendência generalista. Por isso, as caracterís- ticas do emprego podem mudar, porém ele deverá con- tinuar sendo a fonte de renda da maioria da população e uma opção de carreira. Dessa forma, uma boa gestão da carreira requer o aproveitamento máximo da evolução da carreira profissional no ambiente da empresa (XAVIER, 2006). Mas, concluindo nossa reflexão inicial, se o ser humano é um recurso tão precioso para as organizações, o que elas estão fazen- do para atrair e manter talentos? Entre os mais variados pacotes de ofertas para atrair, contratar e manter pessoas talentosas (re- muneração, benefícios, treinamento, cursos externos, participa- ção em congressos etc.), as empresas instituem como estratégia de recursos humanos o planejamento de carreira, que se configura em etapas, escalas, avaliação e acompanhamento dos funcioná- rios por toda a sua permanência na empresa, estabelecendo o car- go pelo qual foi contratado e até onde ele pode chegar tanto em ascensão profissional como em ganhos econômicos. Todavia, esses planos não podem ser apenas projetados e implantados aleatoriamente. É necessário que a organização estu- de as bases exigidas na implantação do plano de carreira, garan- tindo a sua excelência junto aos empregados e aos empregadores. Araújo (2006) alerta que o sucesso do plano de carreira é alcança- do quando analisamos com muito cuidado os prerrequisitos para a sua implantação, adaptando-os ao ambiente empresarial em que está inserido. Claretiano - Centro Universitário 161© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras Na opinião de Lacombe (2005), as empresas podem colabo- rar com o seu pessoal, auxiliando-o a planejar o seu futuro pro- fissional. O papel da empresa é definir as responsabilidades dos funcionários, conforme suas habilidades e seus interesses, partin- do do princípio de que as atividades devem estar profundamente relacionadas aos interesses vitais de cada um deles. Outro processo interessante para planejar a implantação do plano de carreira é considerar a sua trajetória em estágios ou de- graus (DECENZO; ROBBINS, 2001), isto é, como a evolução do pro- cesso desde o ponto inicial, passando pelas fases de crescimento, de ascensão, até alcançar um patamar de término, acontecimento que se torna natural na vida profissional de qualquer ser humano. Um ponto que merece reflexão é: quando somos crianças, temos a expectativa de ser "alguém" na vida, de ter uma profissão, de ganhar dinheiro, de comprar carro e casa e de viajar pelo mun- do, conhecendo novos lugares e pessoas. Nossos pais e parentes estimulam e, até mesmo, influenciam os sonhos que vamos cons- truindo. Ao frequentarmos a escola, o critério de dificuldade de aprendizado vai crescendo gradativamente. Isso, de certa forma, começa a nos causar dúvidas, ansiedades e temor do futuro. De repente, aquela profissão que tanto almejávamos na in- fância cede espaço para outra de maior afinidade, conveniência e facilidade, despertando-nos vários questionamentos, como: "será que planejei corretamente o que serei no futuro?". Ao analisar essa pergunta, percebemos que grande parte do futuro profissio- nal depende do próprio indivíduo. Portanto, o planejamento correto, o estudo, o aperfeiçoa- mento e a profissão são responsabilidades pessoais. A empresa as- sume apenas um papel de coadjuvante ao instituir planos e seguir tanto o resultado como a evolução. © Gestão de Pessoas162 Boa partedos indivíduos inicia sua carreira ao frequentar os primeiros anos de escola, faz a escolha profissional durante o Ensino Médio (principalmente aqueles profissionais que fazem a opção por escola técnica), depois cursa o Ensino Superior quando ingressa no mercado de trabalho e, conforme a evolução de sua carreira, continua frequentando cursos de Especialização e de Ex- tensão Universitária para suprir a necessidade de desenvolvimen- to e aprimoramento teórico, prático e profissional. Esse processo é uma boa saída para quem deseja ingressar o quanto antes no mercado de trabalho. O indivíduo começa a ter remuneração, adquire responsabilidade e autonomia econômica e financeira, aprende uma profissão e, dessa forma, constrói riqueza e prosperidade. Para enfrentar o desafio de conciliar estudo e tra- balho, as pessoas precisam apenas possuir bastante determinação e disciplina. No Quadro 2, apresentamos os cinco estágios básicos da vida profissional de uma pessoa. Quadro 2 Estágios da carreira. ESTÁGIOS CARACTERÍSTICAS Exploração É o período de transição da escola para o trabalho. É influenciado pelos parentes, amigos, colegas de classe e veículos de comunicação. O indivíduo toma conhecimento das profissões que existem e é atraído por aquelas que podem gerar rentabilidade econômica e prazer. Consolidação Inicia-se pela inserção da pessoa em seu primeiro emprego, que pode ser promissor ou frustrante dependendo do ambiente de trabalho, do cargo, das atividades exercidas e do relacionamento com colegas de trabalho e superiores hierárquicos. O sucesso ou fracasso está ligado diretamente às oportunidades que surgirem em relação às competências e às habilidades do indivíduo. Claretiano - Centro Universitário 163© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras ESTÁGIOS CARACTERÍSTICAS Meio de carreira Em virtude de o indivíduo já estar na meia-idade, a variação desse período está baseada em três aspectos: no primeiro, a pessoa ainda pode aspirar ao crescimento profissional; no segundo, o funcionário estabelece outra prioridade, também nivelando o trabalho e a qualidade de vida, sem perder a sua produtividade e empenho no trabalho; o terceiro aspecto é mais perigoso, pois o empregado começa a apresentar sintomas de desmotivação e acomodação. Final de carreira Aqueles que se prepararam e conseguiram um bom desempenho no meio da carreira alcançam um final de carreira de conquistas e são alvos de pedidos de conselhos, indicações e relatos de experiência. Mas, para os indivíduos que, no meio da carreira, já estavam desmotivados, a aposentadoria torna-se o alvo mais desejado. Declínio Parece quase impossível imaginar, mas esse período é o mais difícil para as pessoas que alcançaram o sucesso nos estágios anteriores, porque elas podem sentir falta do que representaram para a empresa e para a sociedade. Por outro lado, aqueles indivíduos desmotivados finalmente podem descansar e estão livres daquelas atividades que eram um tormento. Fonte: Adaptado de DeCenzo e Robbins (2001, p. 215). Na opinião de Araújo (2006), a evolução do desenvolvimen- to de carreira está dividida em uma sequência de etapas, mais pre- cisamente em seis escalas, a saber: a) Exploração: é o momento de a pessoa escolher a pro- fissão e traçar um objetivo. É importante possuir boa quantidade de informações para minimizar os erros de optar por uma atividade que não irá satisfazer as suas necessidades e pretensões. b) Preparação: de posse das informações, surge a neces- sidade de se afirmar que o objetivo será alcançado. A pessoa pode ser indecisa ou ter facilidade para tomar decisões baseadas em evidências objetivas. c) Entrada: constitui-se no processo de integração inicial, e as pessoas precisam estar preparadas para enfrentar as diversidades, as variáveis e os desafios que surgirão no caminho da longa carreira profissional. d) Estabelecimento: encerrada a etapa de integração, o indivíduo já é parte integrante do grupo social da em- presa. Nesta etapa, é importante a plena combinação © Gestão de Pessoas164 com a cultura organizacional das instituições, fato que irá acelerar o processo de acomodação da pessoa junto ao ambiente empresarial. e) Avanço: é neste momento que a pessoa desenvolve a plena visão de aprimorar os seus conhecimentos teóri- cos e profissionais, selecionando os ensinamentos, os cursos, as especializações e os treinamentos a fim de agregar valores essenciais na sua carreira profissional. f) Estabilização: quando as oportunidades de avanço se esgotam, é hora de se empenhar em conhecer novas tecnologias e novos aprendizados para se candidatar a novos horizontes. A necessidade de mudança é perce- bida pelo indivíduo a partir do momento em que este sente a dificuldade de ascender na carreira. De acordo com Xavier (2006), existem cinco pontos princi- pais que afetam o desenvolvimento de uma carreira na organiza- ção. Vamos descrevê-los e comentá-los a seguir. Acompanhe. I. A evolução da empresa: se é verdade que haverá espaços para diferentes tipos de empresa, também é verdade que nem todas as organizações hoje existentes estarão vivas e pujantes nas próximas décadas. A evolução da empresa tem impacto imediato sobre a carreira de um profissional. Se ela tende a crescer ou pelo menos a manter a estabilidade e o dinamismo, cria oportunidades para o desenvolvimento do profissional. Se, por um lado, a empresa entrar em ciclo declinante, o melhor dos esforços e o maior dos talentos poderão não ser suficientes para um avanço adequado do profissional. Algumas perguntas sobre a empresa com a qual se deseja formar um vínculo são então, sempre pertinentes (XAVIER, 2006, p. 90). Nesse primeiro ponto, o autor diz que é preciso analisar a empresa em seu contexto mercadológico e econômico. A principal questão é verificar se o segmento de atuação irá crescer ou retrair e se a empresa tem capacidade para acompanhar as tendências do mercado. O ponto de vista de análise do profissional, nesse caso, está vinculado à análise dos processos internos da empresa, da gestão de talentos humanos e das expectativas de crescimento na carreira. Claretiano - Centro Universitário 165© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras II. A cultura da empresa: qual é o perfil do profissional? Qualquer que seja esse perfil levará ao melhor ou ao pior desempenho, de- pendendo da cultura da empresa. Há empresas, por exemplo, com cultura extremamente competitiva, que incentivam uma espécie de guerra interna. Um profissional avesso à competição terá dificul- dade de desempenhar bem suas funções nesse ambiente. A cultura é o modo de sentir, pensar e agir de uma comunidade: sentimentos dominantes, idéias, e explicações sobre o mundo que cerca a em- presa, sobre o trabalho, sobre o profissional, comportamentos do- minantes. Quando há sintonia com a cultura, o profissional obtém mais sucesso; quando não há sintonia, seguramente ele terá sérios problemas (XAVIER, 2006, p. 90). Aqui, o autor releva a importância da cultura. Por ser um as- pecto intangível, a avaliação da cultura pode parecer, inicialmente, um tanto complexa, já que, em nenhuma empresa, vemos escri- to o que, como e qual é a cultura predominante; entretanto, as principais observações que devem ser consideradas refletem as características apresentadas no tocante à ética, à responsabilidade social, ao pensamento reinante dos dirigentes e dos funcionários e aos sentimentos das pessoas. É necessário compatibilizar a cultura da empresa aos nossos modos de vida, aos nossos princípios, às nossas afinidades e aos nossos sentimentos para que possamos decidir se é possível ou não conduzir uma carreira em determinada empresa. III. Competências requeridas: em função do ramo em que atua, da estratégia que adota, de seus recursos, entre outros aspectos, cada empresa requer um perfil de competências. Há empresas para as quais a iniciativa é a competência mais relevante, enquanto,em outras, a observância das normas e a disciplina poderão ser o que mais se valoriza. Ora, se o profissional tem as competências reque- ridas pela empresa e seu estágio de desenvolvimento, terá muito mais probabilidade de evoluir positivamente (XAVIER, 2006, p. 91). Estamos na era da informação; para alguns autores, a era da competência. Em um ambiente em que não se permitem mais pes- soas incompetentes, egoístas, individualistas e que não sabem tra- balhar em equipe, os requisitos para preencher o cargo, que, em tempos de outrora, eram galgados, simplesmente, pela inteligência e pela formação da pessoa, são, hoje, completamente diferentes. © Gestão de Pessoas166 Então, é preciso que o funcionário faça uma avaliação da em- presa e de seu perfil para verificar se possui tais requisitos, como pode ampliá-los e se o poderão ajudar em uma possível promoção interna de sua carreira no futuro. IV. Tempo: carreiras meteóricas não costumam ser sólidas. Quan- do alguém sobe muito rapidamente em uma organização, em boa parte das vezes essa subida excepcional foi causada por fatores que tendem a não se sustentar. Por exemplo, um profissional com exce- lente capacidade de persuasão foi admitido em uma empresa que passava por um momento de indefinição, buscando rumos. Nesse contexto, a argumentação clara e eficaz do profissional e sua firme- za levaram-no a ganhar importância rapidamente e logo ele estava influenciando de maneira decisiva os dirigentes. De repente, come- çam a aparecer aqui e ali algumas conseqüências não tão positivas dessa influência: erros, conflitos, dificuldades, decepções. Daí se percebeu que a retórica do profissional não tinha sustentação na real qualidade de suas recomendações, pois eram ideias convin- centes, mas erradas. Percebeu-se também que a indefinição e a vulnerabilidade transitória da empresa é que tinham feito aflorar aquela liderança negativa. Conseqüência: o profissional foi desliga- do da empresa (XAVIER, 2006, p. 91). Temos o costume de dizer aos nossos alunos que o tempo é imperdoável. Não devemos amargar o passado nem esquecê-lo. O passado é uma história; portanto, devemos usá-lo a nosso favor. Aprender com os erros e aprimorar os acertos formam a arquite- tura de um plano de carreira promissor. Devemos buscar sempre a estabilidade adequada ao ramo, à empresa e à área de atuação, porque profissionais do ramo com uma sólida experiência têm mais chance de crescimento. Contudo, a estabilidade não pode ser confundida com a es- tagnação ou com a acomodação. A estabilidade deve ser encarada como evolução, aprendizado, comprometimento com a atividade, a função e o cargo ocupado no sentido de desenvolvimento profis- sional. O profissional que não define o seu escopo e "pula de galho em galho" não é uma boa alternativa para ser contratado. V. Alianças: por fim, as alianças também têm peso decisivo sobre o desenvolvimento na carreira dentro de uma empresa, longe de ser um movimento de participar de "panelinhas" e "feudos", quando a empresa os tem, a formação de alianças deve ser baseada em pro- Claretiano - Centro Universitário 167© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras cesso de eficiência e em melhora do desempenho organizacional. Independentemente de eventuais "panelinhas", se o profissional oferece genuíno apoio aos programas legítimos de outras áreas, vincula-se aos esforços de melhoria, mantém uma postura politi- camente correta, busca a boa comunicação com todos, ele tende a formar alianças profissionais sólidas, que permitem e sustentam seu crescimento ao longo do tempo (XAVIER, 2006, p. 92). É na empresa que passamos boa parte de nossas vidas e nos- sos colegas de trabalho também. A "política da boa vizinhança" deve reinar no ambiente da empresa; além da qualificação técni- ca, devemos desenvolver a habilidade de relacionamento pessoal, formando vínculos entre os nossos colegas de trabalho e os objeti- vos gerais da organização. A implantação do plano de carreira é importante tanto para a empresa como para os empregados. A organização, por sua vez, precisa manter, em seu departamento de recursos humanos, um banco de talentos para atender às demandas de substituição de funcionários, a fim de resguardar a eficiência e a eficácia de seus processos, porque, a qualquer momento, pode necessitar de fun- cionários com qualidade para ocupar cargos em ascensão (CARVA- LHO; NASCIMENTO, 1999). Para formar um banco de dados de talentos humanos, a primeira providência é elaborar o levantamento completo do po- tencial profissional de todos os colaboradores da empresa. Vamos tomar como exemplo o Quadro 3. Quadro 3 Modelo de ficha de desenvolvimento de carreira. Dados preliminares Nome completo: Data de admissão: Data de nascimento: Departamento: Cargo: © Gestão de Pessoas168 Experiências profissionais anteriores Descrever as empresas em que trabalhou e quais as principais atividades desenvolvidas, os projetos realizados e os resultados obtidos: _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Treinamentos, cursos de capacitação e cursos de extensão de conhecimentos que concluiu Relacionar os treinamentos internos e externos de que participou: _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Conceito funcional Capacidade de adaptação a novas situações e desafios de trabalho: Interesse espontâneo pelo trabalho que executa: Qualidade e produtividade no trabalho realizado: Responsabilidade profissional: Nível de cooperação: Claretiano - Centro Universitário 169© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras Conceito do funcionário junto ao seu grupo de trabalho O funcionário se identifica com os seus colegas? _____ Em caso negativo, por quê? Em caso positivo, suas sugestões e opiniões são ouvidas e, conforme o caso e a situação, acatadas espontaneamente pelo grupo? Qual o tipo de relacionamento com o seu gerente imediato? Potencial de gerência e liderança O funcionário possui requisitos básicos profissionais, capacidade técnica e administrativa para o pleno exercício de suas atribuições? Em qual deles é mais ativo e comprometido? Entre os atributos da liderança, por ordem de importância, assinalar aqueles em que o funcionáriomais se destaca: Qualidades morais: caráter, lealdade, fé, entusiasmo, respeito pela personalidade alheia ( ). Senso de determinação e direção ( ). Habilidade educativa ( ). Habilidade para se comunicar ( ). Capacidade para diagnosticar situações humanas ( ). Capacidade para delegar atribuições ( ). Capacidade para assumir responsabilidades ( ). Capacidade de cooperação ( ). Fonte: Carvalho; Nascimento (1999, p. 236). Em um cenário altamente competitivo, gerado não somente pelas empresas, mas também pelos recursos humanos na busca de colocação no mercado, de crescimento profissional e de ma- nutenção da empregabilidade, o preparo do indivíduo torna-se importante para vencer os desafios que o mercado de trabalho apresenta. © Gestão de Pessoas170 9. NECESSIDADES DA ORGANIZAÇÃO E DOS EMPRE GADOS Muitas pessoas e organizações pensam que o planejamen- to de carreira está ultrapassado e que, no contexto organizacional do mundo moderno, não tem cabimento criar e manter planos de carreira. Isso porque não há mais estabilidade, segundo a Con- solidação das Leis Trabalhistas (CLT), desde que as empresas que pertencem ao regime celetista foram obrigadas a fazer opção pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). As relações de trabalho são expandidas para além do am- biente interno, envolvendo os sindicatos, o Ministério do Trabalho e Emprego, a Previdência Social, a Caixa Econômica Federal (onde é depositado o FGTS), além de outros órgãos de proteção ao traba- lho da criança, do adolescente, da mulher e do idoso. Cumprir religiosamente todos os aspectos legais referentes aos direitos dos trabalhadores, há muito tempo, deixou de ser um fator motivacional, pois essa postura visa somente ao atendimento dos prerrequisitos, ou seja, visa a atingir os preceitos legais e com- pulsórios da relação de trabalho. Com efeito, quando a empresa remunera adequadamente os seus funcionários, concede um pa- cote de benefícios e outras formas de composição de assistência, mas não garante, plenamente, a motivação de seus empregados. É necessário que as empresas desenvolvam políticas de re- cursos humanos adequadas à relação de trabalho com os seus fun- cionários, abrangendo e considerando os requisitos do sindicato. Todavia, as organizações devem adquirir maturidade e competên- cia para negociar as reivindicações com os líderes sindicais, visto que nem tudo que é reivindicado pode ser acatado facilmente. No início dos anos 1970, não existia um cenário desenha- do para a análise das carreiras nos estudos das instituições e da Administração. Isso ocorria pela falta de interesse em associar a carreira profissional ao desenvolvimento do trabalho nas organiza- Claretiano - Centro Universitário 171© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras ções para construir uma teoria relevante e executar pesquisas que pudessem comparar a carreira e a evolução das pessoas (DUTRA, 2010). A partir dos anos 1980, surgiram grupos de interesse que passaram a gerar produção acadêmica sobre os temas envolvidos no assunto "carreira". Nessa época, o desenvolvimento da teoria e da pesquisa estava voltado ao planejamento de recursos huma- nos, e isso permitiu que fossem aplicados planos de carreira dife- rentes dos tradicionais, beneficiando, também, as mulheres e as minorias. Na década de 1990, apareceu a proposta de que a carrei- ra deveria ser gerenciada pela pessoa e não pela organização. A sociedade e as culturas organizacionais haviam mudado, gerando nas pessoas a intenção de não possuir expectativas profissionais exclusivas para uma organização somente. Consequentemente, as pessoas mudaram a meta de suas profissões, o que era progredir na carreira apenas pela recompensa financeira mudou para o sig- nificado da profissão, ou seja, o retorno da satisfação passou a ser relevante (HALL apud DUTRA, 2010). Finalmente, nos anos 2000, em função do downsizing e do outplacement, nota-se a ampliação do autoemprego, dos contra- tos independentes, dos consultores privados, da fomentação do empreendedorismo e de outras formas de prestação de serviço de mão de obra. Com essas práticas, as carreiras não se transforma- ram, totalmente, em sem fronteiras, mas compreende-se que as fronteiras se tornaram mais transparentes, pois o movimento do profissional se modificou para um perfil natural e essencial (DU- TRA, 2010). No Brasil, os principais estudos sobre as carreiras estão mar- cados pelas seguintes publicações: Administração de Carreiras, de Dutra (1996); Gestão de carreiras na era do conhecimento, de Martins (2001); Gestão de carreiras, de Costa e Balassiano (apud DUTRA, 2010); e, lançado recentemente, Gestão de carreira nas © Gestão de Pessoas172 empresas contemporâneas, de Dutra (2010), livro no qual o autor apresenta uma síntese da evolução das teorias de carreira. Essa síntese é demonstrada no Quadro 4. Quadro 4 Síntese da evolução das teorias de carreira. DÉCADA PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS Anos 70 Observações de estudantes sustentaram novas iniciativas e surgiram três livros-chave que ajudaram a consolidar o foco em carreiras: Career organizations; Career dynamics e Organizational careers. Anos 80 Eventos e reuniões foram promovidos consolidando grupos de interesse que passaram a gerar produção acadêmica, confirmando teorias e a formação de paradigmas voltados predominantemente às carreiras organizacionais. O Handbook of career theory foi editado colaborando para a consolidação do campo de estudo de carreira. Anos 90 A obra The boundary less foi editada, consolidando a concepção de carreiras sem fronteiras. A discussão sobre a carreira proteana ganhou mais sentido que quando foi proposta, nos anos 1970. As questões que dirigiam os estudos sobre carreira passam a ter mais foco em significado que em dinheiro, em propósito que em poder, em identidade que em ego, em aprendizado que em talento. Foi lançado no Brasil o primeiro livro sobre administração de carreiras. Anos 2000 A atenção das teorias de carreira passou a considerar de forma concreta a perda de fronteiras. Foi lançado o livro The opt-out revolution, que considera as questões de gênero nas carreiras e propõe a abordagem de carreira caleidoscópica. O Handbook of career studies foi organizado com a proposta de suprir lacunas de integração entre as várias disciplinas que tratam do assunto e atender à necessidade de reflexão sobre os múltiplos paradigmas ligados ao tema. No Brasil, a publicação do livro Gestão de carreira critica a réplica de preceitos originados em material publicado no exterior e sistematiza reflexões e pesquisas que tenham validade no contexto brasileiro. São também publicados estudos que mostram a necessidade de que a gestão de carreira das empresas seja adaptada à nova realidade onde carreira não é mais sinônimo de cargo. Fonte: Dutra (2010, p. 12). Claretiano - Centro Universitário 173© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras Contudo, as organizações não devem adotar uma postura in- flexível para não criar um ambiente de revolta e descontentamen- to. O grupo descontente cria um clima organizacional péssimo, gerando uma cultura organizacional ruim, cheia de revolta e ódio. Nesse tipo de ambiente, predomina a desconfiança, o egoísmo, o individualismo e a desmotivação (CHIAVENATO, 2006). Em organizações experientes na relação de trabalho, as rei- vindicações dos trabalhadores são tratadas considerando-se as prioridades de ambas as partes, empregado e empregador, em que a participação e a reciprocidade são predominantes sobre as opiniões pessoais. A empresa não é apenas transformadora de re- cursos em produtos e serviços. Ela é um organismo social e, por isso, precisa considerar os seus empregados como indivíduos so- ciais e não apenas como fatores de produção. É importante salientar que as organizações estão constante- mente à procura de talentos humanos capazes de entregar resul- tados no menor tempopossível. Os empregados, portanto, preci- sam dar a sua contribuição gerando resultados para as empresas e, dessa forma, conquistando as oportunidades necessárias para o seu desenvolvimento profissional. 10. MODELOS DE GESTÃO DE CARREIRA Entre os modelos de gestão de carreira, há o plano de carreira em Y. Exclusivo para funções técnicas, possui como princípio básico a flexibilidade de ascensão profissional do empregado por meio de funções técnicas ou de funções gerenciais (LACOMBE, 2005). A aplicação desse plano permite uma grande vantagem para a gestão de talentos humanos, pois os bons técnicos nem sempre se- rão bons gestores. A implantação do plano é estabelecida por ascen- são até um patamar específico, e, a partir daí, a carreira bifurca-se em cargos técnicos de alto gabarito ou em cargos gerenciais depen- dendo do perfil do indivíduo, conforme ilustra a Figura 1. © Gestão de Pessoas174 Gerente de Produção Supervisor de Produção Encarregado de Produção Técnico de Produção Júnior Técnico de Produção Pleno Técnico de Produção Sênior Estagiário Técnico Assistente Técnico de Produção Fonte: adaptado de Lacombe (2005). Figura 1 Carreira em Y. Note que o funcionário de nível técnico inicia a sua carreira como estagiário, complementando os seus estudos e, portanto, podendo assimilar os conhecimentos práticos e compará-los aos teóricos. No cargo superior, assume a função de assistente técnico, já com a incumbência de realizar atividades de suporte ao setor de produção. Conforme a sua habilidade, competência, interesse, perfil e capacidade de liderança, ele pode fazer a opção, juntamente com Claretiano - Centro Universitário 175© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras seus superiores, acompanhados do setor de recursos humanos, por seguir uma carreira técnica de alto gabarito ou por seguir uma carreira gerencial. Essa é a flexibilidade que a carreira em Y permite às pessoas, pois algumas possuem a tendência natural de serem criativas e inovadoras, e outras têm o perfil de assumir cargos em que atuam como gestoras e tomadoras de decisões estratégicas para as orga- nizações. Outro plano de carreira é o de Estrutura, definido por Dutra (1996) em três tipos básicos: • Estruturas em linha: é o crescimento vertical do indivíduo na organização. O empregado inicia sua carreira como es- tagiário de produção; depois, é efetivado, ocupando o cargo de técnico de produção e, em seguida, de encar- regado de produção, além de outros cargos na sequência hierárquica. A grande desvantagem que marca esse tipo de plano é a rigidez, impossibilitando alternativas para os empregados. • Estruturas em redes: nessa estrutura, as pessoas têm al- ternativas de escolha referentes aos cargos que elas po- derão ocupar futuramente dependendo de seu desempe- nho e da necessidade da organização, porém os cargos à disposição são previamente designados pela empresa, limitando a escolha dos empregados. • Estruturas paralelas: trata-se da carreira em Y, menciona- da anteriormente. Não temos a intenção de afirmar que esses planos de carrei- ra são os mais importantes, porém são os mais utilizados. O impor- tante é que o plano escolhido esteja contemplando a necessidade da organização e, também, as aspirações dos funcionários. © Gestão de Pessoas176 11. TEXTOS COMPLEMENTARES Os textos a seguir apresentam o ponto de vista de importan- tes nomes da área sobre o planejamento de carreiras e tem como objetivo aprofundar o tema abordado ao longo da unidade. Investir em talentos é acreditar nas pessoas –––––––––––––– Alain Belda nasceu no Marrocos e se naturalizou brasileiro. Há 30 anos, dá expe- diente na Alcoa, a maior fabricante mundial de alumínio. O ex-trainee, é, hoje, o presidente mundial da empresa, que só no ano passado vendeu US$ 23 bilhões. Em uma entrevista para a revista Exame, Belda afi rma que "adoraria ser brilhan- te e analítico, infelizmente não sou nada disso". Independente de sua modéstia, sob sua gestão, as vendas da subsidiária bra- sileira da Alcoa passaram de US$ 90 milhões para US$ 1 bilhão, na década de 1980. Desde que assumiu a presidência mundial, há pouco mais de quatro anos, o lucro cresceu 84%. Alain Belda também foi eleito, em janeiro do ano passado, presidente do conselho de administração, no lugar de Paul O’Neill, atual secre- tário do Tesouro americano. Tem mais. Só nos últimos três anos, Belda conseguiu eliminar US$ 1 bilhão em custos, com um sistema que alinha a produção à demanda. O executivo é, tam- bém, o primeiro a reconhecer que a Alcoa ainda tem pontos fracos: precisa, antes de qualquer coisa, ser mais focada no cliente. Além de caçador de resultados, Belda é considerado um fomentador de talentos. Foi ele quem ajudou a formar, no Brasil, uma série de executivos reconhecidos. "A gente dá oportunidade, joga as pessoas na piscina e vê se elas sabem nadar", diz. Seu método de trabalho obriga que ele se envolva diretamente nas entre- vistas de candidatos aos cargos mais importantes da empresa. Belda também eliminou o organograma e o plano de carreiras da Alcoa. No lugar deles, instituiu o que chama de "humanograma". Líder que inspira confi ança Defi nir o papel de um líder, atualmente, não é tarefa das mais fáceis. Mas Alain Belda tira de letra. "Acredito em criar condições, em colocar as expectativas lá em cima e ter coragem de ir buscá-las. E também em confi ar nas pessoas que vão junto, porque não há líder sem liderados", explica. "Além disso, eles são liderados não porque você tem um cargo, mas porque eles confi am em você. É preciso ganhar essa confi ança. Por outro lado, você pode criar condições, mas o aproveitamento das oportunidades depende das pessoas. Isso você não pode fazer por elas. Jogo as pessoas na piscina e vejo se elas sabem nadar ou não. Quem tem ambição e vê a oportunidade mergulha", conclui o executivo. De acordo com ele, a Alcoa não tem plano de carreira. Na empresa, cada um faz o seu plano individual. Ele diz que nunca viu algum deles funcionar. "Acredito Claretiano - Centro Universitário 177© U5 - Importância do Planejamento e da Evolução das Carreiras mais em delegar, abrir espaço, mostrar o caminho e deixar que as pessoas fa- çam sua carreira. Ninguém fez a minha por mim". Para ele, o mundo está acelerando. Conhecimento e tecnologia estão disponí- veis para mais gente. Antigamente, o chefe detinha uma informação e ela era, na realidade, seu controle. De acordo com Belda, hoje não é mais assim, a infor- mação deve estar disponível para todos na empresa. Com isso, o chefe passou a ser um facilitador, a auxiliar as pessoas a encontrar as coisas, a usar as ferra- mentas, a se comunicar, mais líder de time e de pessoas. "Hoje, o líder precisa ver mais o que acontece fora para trazer a informação para dentro. Também precisa saber profundamente o que o outro está fazendo para poder ajudá-lo numa hora de aperto. Se você está com problemas, eu tenho de sentar e resolver junto. Não basta mandar fazer". Corpo e alma Como líder, há coisas que Belda não tolera. Uma delas é a falta de compromisso. Ele acha que toda pessoa precisa se comprometer com o que faz, não da boca para fora, mas de corpo e alma. "Precisa viver os valores da empresa integralmente, 24 horas por dia. Porque se você é líder, se você é chefe, as pessoas se miram no seu exemplo. Humildade também é importante. Esse negócio de arrotar posição eu não aceito. Uma coisa que mata um funcionário na Alcoa é a arrogância. Somos todos funcionários. Fui eleito presidente da empresa por cinco minutos. Se não fi zer as coisas direito, amanhã posso não ser nada, só eu mesmo", explica. E como o assunto é liderança, Belda também tem seus "gurus" preferidos. "Gos- to muito do Peter Drucker, que há 20 anos já estava escrevendo sobre o que está acontecendo hoje. Talvez seja a melhor cabeça na conceituação do gerencia- mento e do que é um homem dentro de um sistema social". Outros líderes também são citados. "Muita
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