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MÓDULO DO CURSO DE LICENCIATURA EM 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 
2º Ano 
Disciplina: FINANÇAS PÚBLICAS 
Código: ISCED22-FINPCFE001 
Total Horas/2o Semestre: 125 
Créditos (SNATCA): 6 
Número de Temas: 4 
 
 
STITUTO SUPER 
 
 
 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA- ISCED 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
i 
 
Direitos de autor (Copyright) 
Este módulo é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED), 
e contém reservado todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total 
deste módulo, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto 
Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED). 
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos 
judiciais em vigor no país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) 
Direcção Académica 
Rua Dr. Almeida Lacerda, No212 Ponta - Gêa 
Beira - Moçambique 
Telefone: +258 23323501 
Cel: +258 823055839 
Fax: 23323501 
E-mail: isced@isced.ac.mz 
Website: www.isced.ac.mz 
 
mailto:isced@isced.ac.mz
http://www.isced.ac.mz/
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
ii 
 
Agradecimentos 
O Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) e o autor do presente 
módulo agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração 
deste módulo, designadamente, a Direcção Académica do ISCED, pela coordenação; A 
Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED, pelo design; Ao Instituto Africano de Promoção 
da Educação a Distância, pelo financiamento e logística. Agradece também ao Dr., pela 
revisão do módulo. 
 
 
 
 
 
Elaborado Por: Gil Chiboleca, Pós-graduado em Género e Políticas Públicas pela Faculdade 
Latino Americana de Ciências Sociais (FLACSO), e Licenciado em Economia pela Universidade 
Eduardo Mondlane. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
iii 
 
ÍNDICE 
VISÃO GERAL 5 
Bem-vindo ao Módulo de FINANÇAS PÚBLICAS ............................................................. 5 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 5 
OBJECTIVOS DO MÓDULO ............................................................................................... 6 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 6 
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 7 
Ícones de actividade ......................................................................................................... 9 
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 9 
Precisa de apoio? ............................................................................................................ 11 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 12 
Avaliação ......................................................................................................................... 13 
TEMA I: INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS PÚBLICAS 15 
UNIDADE TEMÁTICA I: GENERALIDADES SOBRE AS FINANÇAS PÚBLICAS .................... 15 
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 15 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 25 
Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 28 
UNIDADE TEMÁTICA II: ESTUDO DO SISTEMA FISCAL ................................................... 29 
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 29 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 40 
Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 42 
Exercícios INTEGRADOS DE AVALIAÇÃO ......................................................................... 43 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 45 
TEMA II: ECONOMIA DO BEM-ESTAR 46 
UNIDADE TEMÁTICA I: FUNDAMENTOS PARA A INTERVENÇÃO PÚBLICA .................... 46 
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 46 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 56 
Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 58 
UNIDADE TEMÁTICA II: FALHAS DE MERCADO.............................................................. 59 
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 59 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 67 
Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 70 
Exercícios INTEGRADOS DE AVALIAÇÃO ......................................................................... 71 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 73 
TEMA III: ORÇAMENTO DO ESTADO 74 
UNIDADE TEMÁTICA I: ORIGEM, CONCEITO E FUNÇÕES DO ORÇAMENTO .................. 74 
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 74 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 93 
Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 96 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
iv 
 
UNIDADE TEMÁTICA II: EXECUÇÃO, FISCALIZAÇÃO E CONTROLO DO ORÇAMENTO DO 
ESTADO. A CONTA GERAL DO ESTADO ........................................................................... 97 
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 97 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 115 
Exercícios de AVALIAÇÃO .............................................................................................. 118 
Exercícios INTEGRADOS DE AVALIAÇÃO ....................................................................... 119 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 121 
TEMA IV: DÍVIDA PÚBLICA 122 
UNIDADE TEMÁTICA I: GENERALIDADES SOBRE A DÍVIDA PÚBLICA ........................... 122 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 122 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 130 
Exercícios de AVALIAÇÃO .............................................................................................. 131 
Exercícios – PREPARAÇÃO PARA O EXAME ................................................................... 132 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................137 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
5 
 
 
VISÃO GERAL 
Bem-vindo ao Módulo de FINANÇAS PÚBLICAS 
INTRODUÇÃO 
Nas últimas décadas, o debate político-económico, quer para os países 
desenvolvidos, quer para os países em vias de desenvolvimento, como 
é o caso de Moçambique, tem girado em torno da necessidade da 
implementação de regras e procedimentos eficazes para a gestão de 
Finanças Públicas. Este debate, embora deveras controversa, engendra 
consenso sobre a necessidade de fortalecimento do Sistema de 
Administração Fiscal na arrecadação de receitas compatíveis com as 
necessidades financeiras do Estado para consecução dos seus 
objectivos de política económica e social. 
Neste contexto, o estudo de Finanças Públicas, no actual contexto da 
crescente escassez de recursos, constitui um grande desafio e reveste-
se de capital importância na medida em que fornece ferramentas 
analíticas e metodológicas para uma alocação racional de recursos 
públicos com vista a atender as necessidades colectivas. Ademais, esta 
escassez de recursos tem constituído uma das principais limitantes 
para a implementação das actividades planificadas pelas entidades 
públicas. 
Numa altura em que no país, está em curso, a implementação do novo 
Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE) como parte 
integrante da “Estratégia Global de Reforma do Sector Público”, o 
módulo de Finanças Públicas, permite combinar análise teórica com o 
estudo empírico da realidade moçambicana, o que proporciona aos 
estudantes, instrumentos necessários ao esclarecimento das políticas 
públicas que terão de ser consideradas. Por outro lado, o módulo 
permite ao estudante perceber o processo de arrecadação de receitas 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
6 
 
e da realização de despesas públicas no quadro do SISTAFE. 
Nestes termos, será levada a cabo uma formação aplicada ao 
funcionalismo público pautada, sobretudo, pela observância dos 
princípios de practicidade e operacionalidade, com vista a dotar os 
estudantes de ferramentas necessárias para análise e compreensão da 
actividade Financeira do Estado no processo de desenvolvimento 
económico e social sustentável. 
OBJECTIVOS DO MÓDULO 
Objectivos Gerais 
 
Este módulo, em termos gerais, tem como objectivos: 
 Providenciar aos estudantes uma visão geral de Finanças 
Públicas. 
 Fornecer aos estudantes uma visão holística sobre a gestão de 
Finanças Públicas em Moçambique tomando em consideração 
o novo quadro do Sistema de Administração Financeira do 
Estado (SISTAFE). 
 
No fim deste módulo o estudante deve ser capaz de: 
 
Objectivos Específicos 
 Apresentar o conceito e as finalidades de Finanças Públicas 
 Identificar os princípios teóricos de tributação 
 Classificar o sistema tributário moçambicano 
 Descrever o processo de formulação, de execução, de 
controlo e fiscalização do Orçamento do Estado. 
 Descrever o papel do SISTAFE na macro-gestão financeira 
do Estado. 
 
 
Quem deveria estudar este módulo 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
7 
 
Este Módulo foi concebido especificamente para estudantes do 2º ano 
do curso de licenciatura em Administração Pública do ISCED. Contudo, 
dependendo do interesse de outros leitores, o manual pode ser usado 
como um recurso adicional para consulta e informação. 
Como está estruturado este módulo 
Este módulo de Finanças Públicas, para estudantes do 2º ano do curso 
de licenciatura em Administração Pública, à semelhança dos restantes 
do ISCED, está estruturado como se segue: 
 
Páginas introdutórias 
 Um índice. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta 
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como 
componente de habilidades de estudos. 
 
Conteúdos da disciplina/módulo 
Este módulo está estruturado em temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente 
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. 
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são 
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só 
depois é que aparecem os exercícios de avaliação. 
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: puros 
exercícios teóricos/práticos. 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
8 
 
Outros recursos 
A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, 
num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio 
de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, 
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu 
módulo para você explorar. Para tal, o ISCED disponibiliza na 
biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos 
relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-
ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico 
disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma Digital 
Moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus 
estudos. 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
As tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no 
final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos 
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: 
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas as respostas. 
As tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-
avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau 
crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a 
seguir as outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos 
trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para 
efeitos de correcção e atribuição da nota. Também constará do 
exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os 
exercícios de avaliação é uma grande vantagem. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
9 
 
 
Comentários e sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
pedagógicos, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. 
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de 
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser 
melhorado. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste módulo irá encontrar uma série de ícones nas margens 
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do 
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de 
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, 
etc. 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. 
Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar 
a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, 
dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se 
conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante 
saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões 
com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo 
dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
10 
 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação 
crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar sea sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de 
estudo de caso, se existirem. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido no 
início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo 
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo 
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de 
manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor 
com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de 
intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado 
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto 
da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que 
já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e 
estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar 
o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada 
tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se 
descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo 
não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades 
obrigatórias. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
11 
 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da 
aprendizagem. O estudante que acumula um elevado volume de 
trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, cria interferência 
entre os conhecimentos, perde a sequência lógica, por fim ao perceber 
que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e 
desespero, por se achar injustamente incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de 
alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobretudo, estude 
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que 
está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana. Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto 
tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma 
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o 
curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a 
matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a 
estudar e pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, 
datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar 
comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura 
para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e 
não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que 
surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
12 
 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como 
falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros 
ortográficos, fraca visibilidade, páginas trocadas ou invertidas, etc. 
Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao 
estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, Sms, E-mail, se 
tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino à Distância (EAD), onde o recurso às TIC’s se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – 
CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, 
tem a oportunidade de interagir fisicamente com Staff do seu CR, com 
tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para 
acompanhar as suas sessões presenciais. Neste período pode 
apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou 
administrativa. 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do 
tempo de estudos a distância, é de muita importância, na medida em 
que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com 
relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de 
apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater 
assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes 
nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
13 
 
semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo 
conta e é decisiva para ser admitido ao Exame Final da 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
O plágio1é uma violação do direito intelectual do (s) autor (es). Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, 
sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade científica e 
o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos 
trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
Avaliação 
Muitos perguntam: Como é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma 
avaliação mais fiável e consistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um 
mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos 
do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um 
máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do 
estudante consta detalhada do regulamentado de avaliação. 
 
1Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
14 
 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, têm peso de 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos Exames. 
Os Exames são realizados no final da cadeira disciplina/modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os Exames têm peso no 
mínimo de 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui o módulo. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão do módulo. 
Neste módulo o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (Exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização dasavaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a 
identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos 
direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação do ISCED. 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
15 
 
TEMA I: INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS PÚBLICAS 
UNIDADE TEMÁTICA I: GENERALIDADES SOBRE AS 
FINANÇAS PÚBLICAS 
INTRODUÇÃO 
A noção de finanças está intimamente ligada à ideia de dinheiro. Com 
o desenvolvimento da humanidade a questão das finanças ganhou 
proeminência tal que hoje discute-se as finanças como ciência que visa 
estudar os aspectos da Economia, onde o processo económico se 
caracteriza por quatro estágios a saber: produção, distribuição, troca e 
consumo. 
O estudo das finanças públicas é importante, pois permite a 
compreensão de actividade financeira do Estado que visa atender as 
necessidades colectivas ou alcançar outro tipo de objectivos 
económicos, políticos e sociais e que se concretiza na arrecadação de 
receitas e na realização de despesas. 
A presente unidade pretende trazer aos estudantes uma visão 
holística sobre as finanças públicas, partindo da sua conceptualização, 
olhando para os sentidos orgânico, o sentido subjectivo e o sentido 
objectivo; iremos também apresentar as diferenças entre as finanças 
privadas das finanças públicas; e as finanças intervencionistas das 
finanças neutras. Por fim, de forma sumária iremos descrever as 
funções do Estado na economia. 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
16 
 
 
Objectivos 
Específicos 
Ao completar esta unidade, espera-se que você seja capaz de: 
 
 Apresentar o conceito e as finalidades de finanças públicas; 
 Explicar a diferença entre finanças privadas e finanças públicas; 
finanças positivas e finanças normativas; 
 Caracterizar as finanças públicas clássicas e intervencionistas. 
 Descrever as funções do Estado na economia 
 
1.1 Conceito de Finanças Públicas 
A palavra latina finis é apontada como sendo a raiz etimológica do 
termo finanças através duma evolução pelo qual, nos séculos XII e XIV, 
surgiram as expressões finatio e financia que exprimiam as ideias de 
débito e da prestação. 
Entende-se também que da França, onde designava, no século XV, o 
conjunto dos meios económicos postos á disposição de uma 
organização política para a realização dos seus fins próprios, terá vindo 
a generalização do vocábulo. 
As finanças públicas são cruciais em qualquer país. Elas não são só se 
preocupam com a problemática de geração de recursos, mas também 
a aplicação destes recursos pelos diferentes objectivos e actividades 
prosseguidos pelo governo. 
As entidades públicas, ao satisfazerem as necessidades que lhes estão 
confiadas, utilizam bens económicos, desenvolvendo uma actividade 
de natureza económica. Ora fala-se em fenómeno financeiro para 
procurar exprimir justamente essa utilização de meios próprios para a 
satisfação de necessidades comuns. 
Assim, as Finanças Públicas referem-se a um processo de “aquisição e 
utilização de meios financeiros pelas entidades públicas. Por outras 
palavras, dizem respeito às receitas e despesas do Estado, dos 
municípios e das entidades paraestaduais” (Wandschneider, 1999). Em 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
17 
 
outras palavras, as Finanças Públicas “trata dos gastos do sector 
público e das formas de financiamento desses gastos” (Hyman, 2002). 
Da conceptualização de Wandschneider, podemos aferir que as 
finanças públicas têm como objecto – o estudo da aquisição e 
utilização de meios financeiros pelas colectividades públicas. 
A expressão finanças públicas envolve três acepções, designadamente 
(Waty, 2004): 
I. Orgânica. Neste sentido, a expressão finanças públicas significa 
instituição do Estado competente para captar e/ou gerir 
recursos financeiros do Estado. 
 
II. Objectiva. A expressão significa actividade de obtenção e 
afectação de recursos públicos para satisfação das 
necessidades colectivas. 
 
III. Subjectiva. Referindo-se à disciplina ou ramo de conhecimento 
económico que estuda os princípios e leis que regem a 
actividade do Estado. É esta acepção que corresponde o nosso 
enfoque no estudo de Finanças Públicas. 
 
a) Mas porquê existem as finanças públicas? 
As finanças públicas existem porque há necessidade do Estado realizar 
despesas, e para o efeito, precisa cobrar receitas: 
 O Estado tem como finalidade a realização de fins públicos, tais 
como a segurança, a ordem públicas, a defesa nacional, saúde, 
educação, a existência de infra-estruturas económicas e sociais 
e a estabilidade macroeconómica. 
 Tem também como objectivo atingir certos objectivos de 
política económica e social, como a redução da pobreza, a 
redistribuição do rendimento e o desenvolvimento económico. 
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18 
 
Para alcançar estes objectivos, o Estado necessita de arrecadar 
receitas. Para tal, o Estado usa instrumentos tais como os impostos, as 
taxas, as receitas patrimoniais, os donativos e os empréstimos 
públicos. 
Todo este exercício insere-se no âmbito da actividade financeira do 
Estado, entendida como aquela que visa satisfazer necessidades 
colectivas ou alcançar outro tipo de objectivos económicos, políticos e 
sociais e que se concretiza na arrecadação de receitas e na realização 
de despesas. 
 
1.2 Objectivos e Finalidades de Finanças Públicas 
 
As finanças públicas têm como objectivos: 
 
 Arrecadar receitas públicas para satisfazer necessidades 
colectivas tais como a segurança e ordem públicas, defesa 
nacional, administração da justiça, o acesso a educação e 
saúde, estabilidade macroeconómica; 
 Atingir certos objectivos de política económica e social, como a 
redução da pobreza, a redistribuição do rendimento e o 
desenvolvimento económico. 
 
No tocante as finalidades de finanças públicas podemos destacar as 
seguintes: 
 
 Identificar e avaliar os instrumentos e os efeitos das políticas 
do governo. 
 Examinar os efeitos e as consequências das diferentes formas 
de tributação e das despesas sobre os agentes económicos 
(indivíduos, instituições, etc.) da sociedade e da economia no 
geral. 
 Analisar a eficácia das políticas implementadas pelo governo 
para atingir certos objectivos e, consequentemente, para o 
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19 
 
desenvolvimento de procedimentos e técnicas com vista a 
aumentar a eficácia das políticas. 
 
1.3 Finanças Públicas e Finanças Privadas 
O Estado tem as suas finanças, sem dúvida; mas também têm as suas 
finanças os particulares. Há, assim, finanças públicas e finanças 
privadas. Mas qual é a diferença entre elas? 
Nas finanças públicas, os impostos constituem um meio de 
financiamento específico do Estado, que não se encontra ao dispor de 
nenhuma empresa privada. 
Nas finanças privadas, as empresas obtêm as suas receitas através dos 
preços que cobram pela venda de bens ou pela prestação de serviços. 
O Estado também vende bens e serviços, mas as receitas dai 
resultantes são secundárias se comparadas com aquelas que são 
geradas pela arrecadação de impostos. 
Por outro lado, a possibilidade do Estado recorrer aos impostos 
implica que nas finanças públicas, ao contrário do que sucede nas 
finanças privadas, não são as receitas que determinam as despesas. 
Ou seja, as despesas do Estado não estão subordinadas às suas 
receitas: o Estado pode cobrar receitas na medidadas despesas que se 
propõe realizar. 
Tem-se, até, contraposto as finanças privadas às finanças públicas, 
dizendo que, nas finanças privadas, são as receitas que determinam as 
despesas, enquanto, nas finanças públicas, são as despesas que 
determinam as receitas; dizendo em outras palavras, que nas finanças 
privadas o montante das despesas é função das receitas, e nas 
finanças publicas o montante das receitas é função das despesas. 
Por último, o Estado procura satisfazer necessidades colectivas e 
atingir outros fins com a realização de despesas e a cobrança de 
receitas. As empresas privadas, por seu turno, têm como objectivo a 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
20 
 
maximização do seu lucro, através da minimização das despesas e 
maximização das receitas. 
 
1.4 Finanças Clássicas e Finanças Intervencionistas 
As diferentes formas de abordar o papel do Estado têm uma tradução 
concreta na forma como é encarado o fenómeno financeiro. Assim, os 
defensores do Estado mínimo apoiam certas características associadas 
as finanças públicas clássicas (neutras). Aqueles que apoiam a ideia de 
um Estado de bem-estar (ou protector) apelam a um carácter mais 
intervencionista do Estado. Esta distinção permite-nos compreender 
melhor a evolução das finanças públicas ao longo do tempo. 
 
1.4.1 Finanças Clássicas (neutras) 
As Finanças Clássicas ou Neutras - correspondem ao período do 
liberalismo económico (Séc. XIX ao início do Séc. XX). Está ligada à 
concepção de Estado defendida por economistas clássicos, com 
destaque para Adam Smith, Jean – Baptiste Say, David Ricardo. Estes 
pensadores defendiam um Estado mínimo e pouco interventivo, o qual 
se deveria limitar a garantir a defesa e segurança dos cidadãos, manter 
a ordem, administrar a justiça e proteger os direitos de propriedade. 
 
Entende-se por finanças neutras, aquelas onde a actividade financeira 
do Estado não modifica as posições relativas dos particulares, e que, 
portanto, tiram a cada indivíduo, através da cobrança de impostos, 
tanta utilidade quanta a que lhe restituem através da prestação de 
bens públicos. 
 
Para os pensadores clássicos, o Estado não se deveria imiscuir em 
questões como a distribuição do rendimento ou a produção de bens e 
serviços. Pretendia-se que fosse o mercado a decidir qual a afectação 
e distribuição de recursos na sociedade. Qualquer interferência estatal 
na iniciativa privada e no livre jogo do 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
21 
 
mercado seria prejudicial ao bem-estar dos cidadãos e a prosperidade 
de uma nação. O Estado devia apenas cingir-se na construção de 
algumas infra-estruturais, defesa nacional e outros serviços de 
administração. 
 
Na práctica, com base nestes princípios, as finanças públicas clássicas, 
traduziam-se num volume mínimo de despesas e de receitas públicas, 
e num reduzido peso do sector público na economia. As finanças 
públicas deveriam estar sempre equilibradas, ou seja, o Estado apenas 
deveria recorrer ao endividamento público em situações excepcionais, 
como sejam o caso de uma guerra ou catástrofe natural. Face à fraca 
expressão do património público, os impostos assumem-se como a 
receita típica do período liberal (clássico). Em suma, as finanças 
neutras, ou clássicas, caracterizavam-se por uma extrema simplicidade 
e passividade. 
 
A partir de finais do século XIX, as finanças públicas começam a perder 
a sua neutralidade e a tornarem-se mais intervencionistas. Nesta 
altura ganharam força teorias de que assentavam numa maior 
intervenção do Estado na economia. 
 
 
1.4.2 Finanças Públicas Intervencionistas 
 
As Finanças Intervencionistas (activas) – têm a sua génese nas teorias 
de John Maynard Keynes dos anos 30 do Séc. XX que defendia políticas 
económicas com vista a construção de um Estado de “Bem Estar 
Social” – Well Faire State. 
 
Entende-se por finanças intervencionistas, aquelas onde a actividade 
financeira do Estado afecta as posições relativas dos particulares. Pois 
é através destas que o Estado intervém na economia para atingir 
certos objectivos de política económica. 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
22 
 
Deste modo, as finanças públicas, tornaram-se activas e funcionais, ou 
seja, as receitas e as despesas públicas passaram a ser definidas em 
função dos objectivos que se pretende alcançar: redistribuição do 
rendimento e redução da pobreza, combate a depressões económicas, 
desenvolvimento económico, etc. 
 
Assim, as despesas sociais ganham importância, os subsídios aos 
preços e aos produtores tornam-se frequentes, o património público e 
as receitas patrimoniais adquirem maior expressão, os impostos, 
aumentam o seu peso. O princípio de equilíbrio orçamental clássico é 
abandonado, passando o estado recorrer com frequência ao crédito. 
Portanto, as finanças públicas perdem a sua passividade e simplicidade 
– tornam-se activas e complexas. 
 
Em suma, as finanças intervencionistas são compatíveis com 
orçamentos deficitários, com uma dimensão significativa do sector 
público, onde o peso das despesas sociais é significativo. 
 
1.5 Finanças Positivas e Finanças Normativas 
O estudo de finanças do Estado só pode ser devidamente 
compreendido quando analisado em função das metas e fins que 
aquele se propõe atingir. Neste contexto, o estudo de finanças 
públicas pode ser feito sob duas vertentes distintas. 
Quando se olha para as finanças públicas na perspectiva de se medir e 
avaliar as consequências, em certas variáveis objectivo, de alterações 
em uma ou mais variáveis instrumentais ou estruturais, estamos no 
campo das finanças positivas. As finanças positivas fazem a teoria da 
realidade, observando e explicando as uniformidades do 
comportamento do Estado. 
Por exemplo, a avaliação (quantificação) do impacto de uma redução 
na taxa do imposto de circulação na inflação ou nas receitas públicas é 
do domínio de finanças positivas. Também o são a análise da evolução 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
23 
 
das receitas fiscais ou o estudo das características de um dado sistema 
fiscal. 
Por seu lado, as finanças normativas - produzem juízos de valor, quer 
acerca da situação actual de uma dada sociedade quer acerca de 
adopção de uma política pública na sua dupla componente de 
avaliação dos instrumentos utilizados e da valoração das suas 
consequências previsíveis. Portanto, as finanças normativas enunciam 
as regras, as normas, a que o Estado deve subordinar-se para o melhor 
alcance dos fins. Essas regras ou normas constituem a política 
financeira do Estado. 
A titulo de exemplo, uma discussão sobre quais as despesas públicas 
que têm maior impacto na redução da pobreza (por exemplo, a 
reabilitação de uma estrada secundária ou terciária; a ampliação da 
rede de água rural, a construção de um posto de saúde). Esta 
discussão situa-se na esfera das finanças normativas. 
Resumindo, as finanças positivas pretendem explicar o que existe ou 
que se prevê que aconteça, enquanto que as finanças normativas 
pretendem avaliar as consequências das políticas e fazer 
recomendações. 
 
1.6 Funções do Estado na Economia 
 
Embora os economistas estejam muitas vezes em desacordo acerca 
das questões de índole normativa, estão no essencial de acordo acerca 
das funções que o Estado deve desempenhar. Na óptica de Musgrave, 
as funções do Estado na economia, desdobram-se em três, 
designadamente: 
 Alocação ou correcção da afectação de recursos (função 
alocativa); 
 Redistribuição da riqueza e do rendimento (função 
redistributiva); e 
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24 Estabilização económica (função estabilizadora). 
 
1.6.1 Função Alocativa 
 
Na função alocativa o Estado está preocupado com alocação eficiente 
dos recursos na economia. Isto porque nem sempre o mecanismo de 
mercado (através da interacção entre a oferta e a procura de um 
determinado bem) leva a alocações de recursos por parte da iniciativa 
privada. Deste modo, o Estado intervém através de provisão de bens e 
serviços públicos que, sendo desejados pelos cidadãos, não encontram 
provisão através do funcionamento do mercado. 
 
Para além de provisão de bens e serviços, o Estado pode corrigir falhas 
de mercado (externalidades negativas) através de tributação dos 
agentes económicos ou concessão de subsídios aos consumidores 
“penalizados” pelo mercado. Ainda nesta função, o Estado pode por 
meio da regulação promover a concorrência e evitar a prática de 
preços de monopólios ou oligopólios. 
 
1.6.2 Função Redistributiva 
 
Na função redistributiva o Estado busca a melhoria da redistribuição 
dos rendimentos e da riqueza. Os mecanismos de mercado privilegiam 
a eficiência, o que não garante que a sociedade está disposta a aceitar 
 essa distribuição da renda. Nesse caso, a correcção das desigualdades 
na repartição dos rendimentos e da riqueza deve ser efectuada 
mediante a intervenção do Estado. Um dos processos mais utilizados 
consiste em utilizar os impostos e os gastos do governo para tal 
finalidade. De um lado aumentando a progressividade dos impostos 
(quem ganha mais, paga mais) e de outro lado aumentando os gastos 
governamentais com transferências que beneficia directa ou 
indirectamente (mediante manutenção de serviços gratuitos: saúde, 
educação, ou transferência de rendimentos como programa subsidio 
social básico, caso de Moçambique). 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
25 
 
1.6.3 Função Estabilizadora 
 
A função estabilização económica coloca-se ao nível macroeconómico 
de contribuir para um crescimento sustentado da economia, para 
níveis de emprego elevados, para uma estabilidade de preços e para 
um equilíbrio de contas externas (balança de pagamentos). O livre 
funcionamento do mercado não leva necessariamente a situações de 
pleno emprego e que a política orçamental poderá levar a níveis 
desejados de crescimento económico e de emprego. A utilização da 
política orçamental com vista a alcançar certos objectivos de natureza 
macroeconómica está precisamente relacionada com a função de 
estabilização do sector público. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Marque com V as afirmações verdadeiras e com F as afirmações 
falsas. 
 
1. A palavra latina finis é apontada como sendo a raiz etimológica 
do termo finanças através duma evolução pelo qual, nos 
séculos XII e XIV. Modernamente, as finanças públicas referem-
se: 
a) A utilização de meios financeiros próprios para a satisfação de 
necessidades colectivas e individuais. 
b) Ao processo de aquisição e utilização de meios financeiros 
pelas entidades públicas. 
c) A arrecadação de receitas e realização de despesas. 
d) Receitas públicas e despesas públicas. 
 
2. Segundo Waty (2004), a expressão “finanças públicas” envolve 
as seguintes acepções: 
a) Funcional, orgânica e objectiva. 
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26 
 
b) Económica, orgânica e subjectiva. 
c) Orgânica, objectiva e subjectiva. 
d) Territorial, funcional e objectiva. 
 
3. As Finanças públicas têm como objectivos: 
a) Reduzir distorções na alocação de recursos provocado pelas 
falhas de mercado. 
b) Cobrar receitas para satisfazer necessidades colectivas. 
c) Atingir objectivos de política económica e social (crescimento e 
desenvolvimento económico, etc.). 
d) Redistribuir a riqueza através da aplicação da política fiscal. 
 
4. O Estado tem as suas finanças, sem dúvida; mas também têm 
as suas finanças os particulares. A grande diferença entre 
finanças publicas e finanças privadas reside no facto de: 
a) As finanças privadas as empresas terem a prerrogativa de 
cobrar impostos; 
b) Nas finanças públicas as receitas determinaram o volume de 
despesas; 
c) As empresas privadas poderem recorrer ao empréstimo 
bancário; 
d) Os impostos constituírem o meio de financiamento específico 
para o Estado. 
 
5. O estudo de finanças públicas, em função das metas e fins que 
pretende atingir, pode ser analisado sob dois ângulos, 
designadamente: 
a) Finanças normativas e intervencionistas; 
b) Finanças intervencionistas e positivas; 
c) Finanças positivas e normativas; 
d) Finanças clássicas e intervencionistas. 
 
6. Os autores que defendem as finanças clássicas consideram: 
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27 
 
a) Que a despesa pública deve ser financiada sobretudo pelos 
impostos. 
b) Que o peso do Estado na economia deve ser grande. 
c) Que a distribuição do rendimento seja justa. 
d) Que o orçamento do Estado pode não estar equilibrado 
 
7. As finanças normativas diferem das finanças positivas pelo facto 
de: 
a) As finanças positivas produzirem juízos de valor e as finanças 
normativas formular normas, regulamentos, e leis. 
b) As finanças normativas explicarem o que existe ou que se 
prevê que aconteça e as finanças positivas avaliar as 
consequências das políticas e fazer recomendações. 
c) As finanças normativas emitirem juízos de valor e as finanças 
positivas fazem a teoria da realidade, observando e explicando 
as uniformidades do comportamento do Estado. 
d) Tanto as finanças normativas assim como finanças positivas 
emitem juízos de valor. 
 
8. Na óptica de Musgrave, as funções do Estado na economia, 
desdobram-se em três, nomeadamente: 
a) Função alocativa, redistributiva e fiscalizadora 
b) Função promotora, fiscalizadora e estabilizadora 
c) Função alocativa, redistributiva e estabilizadora 
d) Função alocativa, reguladora e fiscalizadora. 
 
9. A necessidade de intervenção do Estado na economia prende 
com a constatação de que o mecanismo de mercado não 
cumpre adequadamente algumas funções. Dentre as opções 
abaixo aponte aquela que correcta esta associada a função 
alocativa do Estado: 
a) A função alocativa está associada ao fornecimento de bens e 
serviços que são oferecidos adequadamente pelo mercado. 
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28 
 
b) O sistema de preços não consegue se auto-regular e, por isso, o 
Estado deve actuar visando estabilizar tanto a produção 
quanto o crescimento de preços. 
c) A função alocativa é aquela que provoca a transferência de 
recursos entre grupos da sociedade (entre classes de renda, 
entre trabalhadores e empresários). 
d) A função alocativa diz respeito às políticas relacionadas à 
formação de capital, objectivando o crescimento económico de 
longo prazo. 
 
10. Na perspectiva dos pensadores clássicos, o papel do Estado na 
economia devia apenas cingir-se na: 
a) Redistribuição do rendimento 
b) Produção de bens e serviços 
c) Correcção das falhas de mercado 
d) Construção de algumas infra-estruturas, defesa nacional e 
outros serviços de administração. 
 
 
Exercícios de AVALIAÇÃO 
Caro estudante, responda de forma clara e sucinta as questões que 
se seguem. 
 
1. A Finanças Públicas “trata dos gastos do sector público e das 
formas de financiamento desses gastos” (Hyman, 2002). 
Explique a necessidade da existência de finanças públicas. 
 
2. As finanças do Estado (públicas) podem ser do tipo neutro ou 
intervencionista. Esta distinção permite-nos compreender 
melhor a evolução das finanças públicas ao longo do tempo. 
Explique de forma sucinta as concepções teóricas subjacentes 
as finanças neutras e intervencionistas. 
 
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29 
 
3. Que implicações as concepções acima apresentadas trazem as 
finanças neutras e intervencionistas? 
 
4. Apresente de forma clara e breve a diferença entre finanças 
positivas e finanças normativas. 
 
5. A tese de que o mecanismo de mercado nem sempre conduz a 
uma alocação eficiente de recursos constitui um dos grandes 
argumentos para a intervenção do Estado na economia. 
Indique e explique as funções do Estado na economia, segundo 
Musgrave. 
 
 
 
UNIDADE TEMÁTICA II: ESTUDO DO SISTEMA FISCAL 
INTRODUÇÃO 
A análise da evolução dos sistemas fiscais dos vários países evidencia a 
existência ao longo do tempo diferentes “modelos de tributação” e 
grande diversidade e figuras tributárias. E isto, tanto quando se 
consideram as autoridades públicas no seu conjunto, como quando se 
retêm em separado os diferentes níveis de governo. 
As razões para tal decorrem de múltiplos factores. Assim, para além 
das influências e opções de ordem histórica e política, é necessário ter 
presente que os sistemas fiscais são eles próprios reflexo das 
estruturas sócio-económicas sobre que incidem e modelam, evoluindo 
em função das características das mesmas e do grau de 
desenvolvimento dos países. 
Na presente unidade iremos abordar o sistema fiscal onde 
debruçaremo-nos sobre as características desejáveis de um sistema 
fiscal. Ainda nesta unidade iremos discutir os princípios de tributação 
dos momentos da cobrança dos 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
30 
 
impostos; por fim abordaremos o sistema tributário moçambicano. 
 
 
Objectivos 
Específicos 
Ao completar esta unidade, espera-se que você seja capaz de: 
 
 Descrever as características desejáveis de um sistema fiscal; 
 Enunciar os princípios teóricos da tributação; 
 Classificar as receitas públicas; 
 Descrever o sistema tributário moçambicano. 
 
2.1 Características Desejáveis de um Sistema Fiscal 
Sistema fiscal – é um conjunto de impostos vigente num determinado 
país ou espaço geográfico. Entende – se por imposto - uma prestação 
pecuniária com carácter coercivo (tem carácter obrigatório, força de 
lei) e unilateral (não constitui uma contrapartida de um serviço 
prestado pelo Estado), sem carácter de sanção, exigida pelo Estado 
para a realização de fins públicos. 
De um ponto de vista normativo, isto é, do conjunto de características 
que idealmente um sistema fiscal deveria respeitar, Pereira et al 
(2009), apontam como integrantes de um “bom sistema fiscal” os 
seguintes requisitos: 
I. Equidade – A distribuição da carga fiscal entre os indivíduos 
deve ser equitativa e não arbitrária, devendo cada um suportar 
uma parcela considerada justa dos encargos com a actividade 
pública. 
II. Eficiência – Os impostos devem ser escolhidos de modo a 
minimizarem as interferências com decisões eficientes dos 
agentes económicos tomadas em mercados competitivos. Um 
sistema tributário eficiente é aquele que não deve 
desincentivar a actividade dos agentes económicos ou 
detentores da riqueza, nem piorar o seu bem-estar. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
31 
 
III. Flexibilidade – A estrutura dos impostos deve ser concebida de 
modo a constituir um instrumento eficaz de estabilização 
automática da conjuntura. Os impostos são conhecidos como 
estabilizadores automáticos, no sentido de que eles, quando 
devidamente concebidos, têm a flexibilidade para reagirem por 
forma a evitar efeitos indesejados das flutuações conjunturais. 
IV. Transparência – As regras tributarias devem ser, tanto quanto 
possível, estáveis e de fácil compreensão para os contribuintes, 
e permitir a responsabilização politica dos governos pelas 
medidas fiscais tomadas. 
V. Baixo custo de funcionamento – Os custos associados à 
administração e cumprimento do sistema de impostos e regras 
fiscais devem ser tão baixos quanto o permitam os restantes 
objectivos de política fiscal. 
VI. Eficácia financeira – As receitas geradas por um sistema fiscal 
devem ser adequadas e suficientes para fazer face às 
necessidades financeiras e objectivos da política orçamental. 
Apresentados estes seis requisitos, torna-se compreensível que face às 
suas características e exigências, as estruturas fiscais concretas se 
possam afastar, na prática, em maior ou menor grau, de alguns desses 
princípios, nomeadamente por que concebidas e limitadas por um 
conjunto de influências de carácter económico, social e político, não 
raramente conflituantes. 
 
2.2 Princípios Teóricos da Tributação 
A teoria da tributação baseia-se em dois princípios fundamentais que 
devem tornar o sistema harmonioso. Esses princípios são: a 
neutralidade e a equidade. 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
32 
 
2.2.1 Princípio de neutralidade 
De acordo com este princípio, o sistema tributário deve interferir o 
mínimo possível na alocação dos recursos disponíveis na economia, 
por parte do sector privado. Este princípio tem como objectivo manter 
inalterado o comportamento do sector privado no que toca às 
decisões de produção e consumo. 
 
2.2.2 Princípio de equidade 
Este princípio estabelece que todo o sistema tributário deve ser 
“justo”. Para tal, é preciso estabelecer um tratamento, em termos de 
contribuição, para contribuintes em situação de desigualdade 
(equidade vertical). Em contrapartida, devem merecer o mesmo 
tratamento, contribuintes em idêntica situação (equidade horizontal). 
Ao aplicar este princípio, surgem dois critérios básicos que 
caracterizam essa finalidade de justiça social: princípio do benefício e 
o princípio da capacidade de pagamento. 
b) O critério do benefício, que propõe atribuir a cada indivíduo um 
ónus tributário (contribuição) equivalente aos benefícios que 
ele usufrui dos programas governamentais; e 
c) O critério da capacidade contributiva, que advoga a repartição 
do ónus tributário em função das respectivas capacidades 
individuais de tributação. Se a questão é pacífica quanto aos 
indivíduos iguais, ou seja quanto à equidade horizontal, o 
mesmo não ocorre quanto aos indivíduos diferentes. Como se 
pode diferenciar os desiguais? Deve o montante da 
contribuição variar de forma absoluta, proporcional ou mais 
que proporcional à variação da renda? Daqui emerge a ideia 
dos chamados impostos proporcionais, progressivos e 
regressivos. 
 
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33 
 
2.3 Classificação dos impostos 
Do ponto vista da distribuição da carga tributária os impostos podem 
ser: 
a) Proporcional – O Estado fixa uma fracção constante da matéria 
colectável, a qualquer que seja o valor do rendimento (Ex. uma 
taxa fixa de 10% sobre o rendimento); 
b) Progressivo – O Estado pode também exigir uma fracção 
crescente da matéria colectável, a medida que o rendimento 
vai aumentar; 
c) Regressivo – O Estado pode fixar uma fracção decrescente da 
matéria colectável, a medida que o rendimento vai aumentar. 
 
Do ponto de vista de incidência: 
a) Imposto directo – aqueles que incidem sobre o rendimento (ex: 
Imposto Sobre Rendimentos de Pessoas Singulares – IRPS; 
Imposto Sobre Rendimentos de Pessoas Colectivas - IRPC); 
b) Imposto indirecto – aqueles que incidem sobre a despesa (ex: 
IVA, ICE, imposto de selo, imposto sobre veículos, etc.). 
 
Do ponto de vista da base de incidência: 
a) Renda – imposto que incide sobre a renda gerada na economia 
(Ex: IRPS). 
b) Património – imposto que incide pelas simples posse de imóvel 
(Ex. imposto predial autárquico). 
c) Vendas – imposto que incide sobre as vendas de mercadorias e 
serviços. 
 
 
 
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34 
 
2.4 Momentos da Técnica Tributária 
Técnica tributária refere-se a um processo júridico-financeiro 
mediante o qual se define a forma como se reparte o sacrifício fiscal 
por todos os membros da sociedade e qual é, em concreto, o sacrifício 
fiscal de cada contribuinte até a efectiva cobrança da receita do 
Estado. 
A técnica tributária apresenta 5 fases nomeadamente: 
(I) Incidência fiscal; (II) Determinação da matéria colectável; (III) 
Fixação da taxa; (IV) Liquidação do imposto e (V) Cobrança. 
I. Incidência Fiscal – consiste na determinação das situações em 
que é devido o imposto. A incidência fiscal pode ser do ponto 
de vista pessoal, real (património ou rendimento). 
II. Determinação da matéria colectável – consiste na 
determinação de processos ou métodos de avaliação da 
matéria colectável a serem usados. 
III. Fixação da taxa – definido o método a usar para avaliar a 
matéria colectável, é necessário fixar a taxa, isto é qual ou 
quais dentre os vários métodos serão usados para o 
estabelecimento do montante do imposto. 
IV. Liquidação do Imposto – consiste na determinação concreta do 
imposto devido (colecta), pela aplicação da taxa a matéria 
colectável. 
V. Cobrança – definido o montante do imposto é necessário 
cobrar, ou seja quando e como o contribuinte vai pagar o 
imposto. 
 
2.5 Receitas Públicas 
Constituem receitas públicas “todos os recursos monetários ou em 
espécie, seja qual for a sua fonte ou natureza, postos à disposição do 
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35 
 
Estado, com ressalva daquelas em que o Estado seja mero depositário 
temporário” (Artigo 14 – Lei 09/2002 – SISTAFE). 
 
Segundo Pereira et al (2009), as receitas públicas abrangem todas as 
somas em dinheiro ou recurso equivalente, cujo beneficiário é o 
Estado ou uma outra entidade pública administrativa, e que têm como 
finalidade principal satisfazer as necessidades financeiras e outros fins 
públicos relevantes. 
 
 
2.5.1 Tipologia e Estrutura das Receitas Públicas 
 
Existem várias modalidades de receita pública, cuja apresentação sob 
varias perspectivas ou critérios se torna útil, pois que permitem 
evidenciar algumas das suas características distintas. Assim, a receita 
pública pode ser classificada obedecendo os seguintes critérios: 
 
i. Natureza económica – receitas correntes e receitas de capital. 
ii. Efectividade – receitas efectivas ou com carácter definitivo e 
aumentam o património do Estado (Ex: taxas, impostos, etc); e 
receitas não-efectivas, que ao contrário devem ser devolvidas 
(não aumentam o património do Estado – ex: empréstimos); 
iii. Coercividade – de carácter obrigatório ou 
“facultativo”/voluntário de que se reveste o seu pagamento; 
iv. Captação – receitas próprias ou de transferência. 
 
Assim, segundo Pereira et al (2009:214), aplicando estes quatro 
critérios à realidade concreta, podemos classificar e caracterizar seis 
modalidades de receitas públicas: 
 
 
1. Receitas fiscais (impostos). Prestações pecuniárias de natureza 
corrente, definitivas com carácter coercivo e unilateral, porque 
sem contrapartida imediata e directa para quem as 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
36 
 
paga/suporta (ex. IRPS, IVA). 
 
2. Receitas para-fiscais (contribuições sociais). Estas receitas são, 
tal como os impostos, pagamentos de natureza obrigatória e 
de carácter corrente, mas se diferenciando na medida em que 
têm como contrapartida uma prestação social futura em favor 
do respectivo beneficiário. Um exemplo deste tipo de receitas 
são as contribuições da segurança social pagas pelos 
trabalhadores com os respectivos empregadores calculadas 
com base na remuneração dos trabalhadores. 
 
3. Receitas patrimoniais. São receitas efectivas provenientes do 
património mobiliário e imobiliário do Estado, podendo 
assumir carácter corrente ou extraordinário (ex. 
Rendimentos/juros de depósitos, rendas de edifícios, 
dividendos recebidos de empresas públicas, produto de 
alienação de imóveis, de venda de participações). 
 
4. Taxas, licenças e tarifas/”preços”. São prestações pecuniárias, 
efectivas de carácter corrente e de natureza bilateral, porque 
pressupõem uma contraprestação específica (benefício ou não 
para quem paga) por parte do serviço público que a cobra, 
como nos casos, respectivamente de autorização de exercício 
de uma actividade comercial, pagamento de taxa de portagem, 
emissão de passaportes, certificados escolares). As taxas e 
tarifas devem respeitar o princípio de proporcionalidade entre 
o valor pago e o serviço obtido. 
 
5. Multas, penalidades e coimas. São pagamentos efectuados 
pelos particulares ao Estado e outros entes públicos, que têm a 
natureza de penalização/compensação por infracção a um 
regulamento ou outra disposição legal (ex. Multa pela 
infracção do código de estrada, atraso no cumprimento de uma 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
37 
 
obrigação fiscal). 
 
6. Receitas creditícias ou empréstimos. São receitas resultantes da 
contracção de dívidas por parte do Estado junto dos 
particulares e demais entidades financiadoras (nacionais e 
estrangeiras), normalmente de subscrição voluntária e de 
natureza não-efectiva porque implicando o posterior 
reembolso (amortização) do capital mutuado. 
 
Nota Importante: Na estrutura das fontes de financiamento público, a 
mais importante na maior parte dos países é constituída pelas receitas 
fiscais, o que decorre não só das próprias características dos serviços 
públicos que com elas se visam financiar, como da sua natureza de 
“instrumento” de política económica usado pelos governos na 
prossecução, de objectivos redistributivos. 
 
2.6 Sistema Tributário de Moçambique 
 
O sistema tributário de Moçambique assenta em critérios de justiça 
social e o regime jurídico-fiscal, seguindo os princípios de legalidade 
tributária, de equidade, da eficiência e da simplicidade do sistema 
tributário. 
O sistema tributário integra impostos nacionais e autárquicos. Os 
impostos nacionais classificam em directos e indirectos. Os impostos 
directos incidem sobre o rendimento (ex: IRPS, IRPC), ao contrário dos 
indirectos que incidem sobre a despesa (ex: IVA, ICE, imposto de selo, 
imposto sobre veículos, etc.). 
 
2.6.1 Objectivos da Política Tributária em Moçambique 
A política tributária em Moçambique tem como objectivos: 
 Assegurar a eficácia, eficiência e equidade na aplicação das 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
38 
 
políticas tributárias e aduaneiras; 
 Garantir a comodidade no cumprimento das obrigações fiscais; 
 Detectar irregularidades e evasão fiscal, (artigo 3 da Lei nº 
1/2006 de 22 de Março). 
 
2.6.2 Fins da tributação em Moçambique 
Em Moçambique a tributação tem como fins: 
 Satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras 
entidades públicas; 
 Promover da justiça social, igualdade de oportunidades e a 
redistribuição da riqueza e do rendimento; 
 Respeitar os princípios da generalidade, da igualdade, 
legalidade, da não retroactividade, da justiça material e da 
eficácia e simplicidade do sistema tributário, (artigo 2 da Lei n° 
1/2006 de 22 de Março). 
 
2.6.3 Atribuições do Sistema Tributário em Moçambique 
O sistema tributário moçambicano tem como atribuições: 
 Executar a política tributária e aduaneira, dirigindo e 
controlando o funcionamento dos seus serviços; 
 Planificar e controlar as suas actividades e o sistema de 
informação; 
 Formar e planificar os recursos humanos; e 
 Elaborar estudos e apoiar na concepção de políticas tributária e 
aduaneira. 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo:FINANÇAS PÚBLICAS 
39 
 
 
2.6.4 Sistema Tributário Autárquico 
 
Denomina-se Autarquia ou Municípios – as cidades e vilas geridas 
autonomamente por órgãos próprios, dirigidos por um presidente – 
presidente do Conselho Municipal ou Povoação, também denominado 
autarca. 
As autarquias são criadas por lei para executar, de forma 
descentralizada as actividades de administração pública; sendo 
dotadas de autonomia financeira, administrativa e patrimonial, isto é, 
elas possuem o seu património e receitas próprias, sendo tuteladas 
pelo Estado. 
Sendo parte integrante do sistema tributário vigente no país, o 
Sistema Tributário Autárquico, aplica-se aos residentes das Autarquias 
sujeitos aos impostos e taxas aprovados pela Lei nº1/2008 de 16 de 
Janeiro, que define o regime financeiro, orçamental e patrimonial das 
Autarquias locais, bem como, o próprio sistema tributário. 
Assim, o Sistema Tributário Autárquico compreende impostos e taxas, 
cuja aplicação é regido pelos Códigos Tributário Autárquico e de 
Posturas aprovados pelo Conselho de Ministros. Constituem impostos 
e taxas do sistema tributário autárquico os seguintes: 
 Imposto Pessoal Autárquico; 
 Imposto Predial Autárquico; 
 Imposto Autárquico de Veículos; 
 Imposto Autárquico de Sisa; 
 Contribuição de Melhorias; 
 Taxas por Licenças Concedidas e por Actividade Económica e; 
 Tarifas pela Prestação de Serviços. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
40 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Marque V as afirmações verdadeiras e F as afirmações falsas. 
1. Na perspectiva de Pereira et al (2009), um “ bom sistema 
fiscal” deve apresentar os seguintes requisitos: 
a) Equidade, neutralidade, eficiência, eficácia, regularidade 
financeira e economia. 
b) Flexibilidade, eficiência, eficácia, economia e regularidade 
financeira. 
c) Transparência, efectivo, completo, isenção, regular e estável 
d) Equidade, eficiência, flexibilidade, transparência, baixo custo 
de funcionamento e eficácia financeira. 
 
2. A teoria da tributação baseia-se em dois princípios 
fundamentais: 
a) Harmonia e eficiência 
b) Equidade e eficácia 
c) Neutralidade e equidade 
 
3. Todo o sistema tributário deve ser “justo”. Este tese é 
estabelecido pelo seguinte princípio: 
a) Eficiência. 
b) Eficácia. 
c) Equidade. 
d) Neutralidade. 
 
4. Ao aplicar-se o princípio de equidade, surgem dois critérios 
básicos que caracterizavam essa finalidade de justiça social: 
a) Critério de equidade e benefício. 
b) Critério de benefício e economia. 
c) Critério de benefício e capacidade contributiva. 
d) Critério de capacidade contributiva e eficiência. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
41 
 
 
5. Cada indivíduo deve ser tributado mediante os benefícios que 
ele usufrui dos programas governamentais. Este postulado 
enquadra-se no seguinte critério básico: 
a) Beneficio. 
b) Equidade. 
c) Eficiência. 
d) Capacidade contributiva. 
 
6. Do ponto de vista da distribuição da carga tributária os 
impostos podem ser: 
a) Proporcional, progressivo e efectivo. 
b) Regressivo, efectivo e completo. 
c) Proporcional, progressivo e regressivo. 
d) Equitativo, proporcional e progressivo. 
 
7. Do ponto de vista de incidência podem ser: 
a) Imposto directo e indirecto. 
b) Imposto proporcional e directo. 
c) Imposto fixo e indirecto. 
d) Nenhuma das afirmações. 
 
8. A técnica tributária apresenta 5 fases, designadamente: 
a) Incidência fiscal, determinação da matéria colectável, fixação 
da taxa, liquidação do imposto e cobrança. 
b) Incidência fiscal, avaliação da taxa, fixação da taxa, liquidação 
do imposto e cobrança. 
c) Avaliação da taxa, determinação da matéria colectável, 
liquidação do imposto, fixação da taxa e cobrança. 
d) Incidência fiscal, liquidação do imposto, cobrança, avaliação 
fiscal e fixação da taxa. 
 
9. A receita publica pode ser classificada obedecendo os 
seguintes criterios: 
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42 
 
a) Natureza económica, regularidade financeira, eficiência e 
eficácia. 
b) Natureza económica, efectividade, coercividade e eficácia. 
c) Natureza económica, efectividade, coercividade e captação. 
d) Captação, eficiência, flexibilidade e efectividade. 
 
10. Em Moçambique a tributação tem como um dos grandes fins: 
a) Satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras 
entidades públicas. 
b) Garantir a segurança e ordem públicas. 
c) Arrecadar receitas e realizar despesas. 
d) Financiar o sector privado criando um bom ambiente de 
negócios. 
 
 
 
Exercícios de AVALIAÇÃO 
Caro estudante, responda de forma clara e objectiva as questões que 
se seguem. 
 
1. O sistema fiscal compreende um conjunto de impostos num 
determinado país ou espaço geográfico. Do ponto de vista 
normativo, existe um conjunto de requisitos/elementos que 
um “bom sistema fiscal” deve integrar. 
a) Enumere os requisitos que um “bom sistema fiscal”deve 
integrar segundo Pereira et al (2009). 
b) Descreve três requisitos de um “bom sistema fiscal”a sua 
escolha. 
 
2. A teoria da tributação baseia-se em dois princípios principais 
que devem tornar o sistema harmonioso. 
a) Indique e descreve tais princípios. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
43 
 
b) Ao aplicar-se um dos princípios da teoria da tributação surgem 
dois criterios básicos que caracterizam a finalidade da justiça 
social patente em um dos princípios. Indique e descreve tais 
critérios. 
 
3. O imposto constitui uma prestação pecuniária, coactiva, 
unilateral, sem carácter de sanção, exigida pelo Estado para 
atender fins públicos. Classifique os impostos do ponto de vista 
da distribuição, incidência e base de incidência. 
 
4. A Técnica tributária refere-se a um processo júridico-financeiro 
mediante o qual se define a forma como se reparte o sacrifício 
fiscal por todos os membros da sociedade. Enumere as fases da 
técnica tributária e descreve as duas últimas fases. 
 
5. No estudo das receitas públicas, Pereira et al (2009), classifica e 
caracteriza seis modalidades de receitas públicas. Apresente e 
classifique tais modalidades. 
 
Exercícios INTEGRADOS DE AVALIAÇÃO 
 
Marque V as afirmações verdadeiras e F as afirmações falsas. 
 
1. Quando falamos de finanças públicas referimo-nos: 
e) A utilização de meios financeiros próprios para a satisfação de 
necessidades colectivas e individuais. 
f) Ao processo de aquisição e utilização de meios financeiros 
pelas entidades públicas. 
g) A arrecadação de receitas e realização de despesas. 
h) Receitas públicas e despesas públicas. 
 
2. As finanças públicas têm como objectivos: 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
44 
 
e) Reduzir distorções do mercado na alocação de recursos. 
f) Cobrar receitas para satisfazer necessidades colectivas. 
g) Atingir objectivos de política económica e social (crescimento e 
desenvolvimento económico, etc.). 
h) Redistribuir a riqueza através da aplicação da política fiscal 
 
3. Na óptica de Musgrave, as funções do Estado na economia, 
desdobram-se em três, nomeadamente: 
e) Função alocativa, redistributiva e fiscalizadora 
f) Função promotora, fiscalizadora e estabilizadora 
g) Função alocativa, redistributiva e estabilizadora 
h) Função alocativa, reguladora e fiscalizadora. 
 
4. A teoria da tributação baseia-se em dois princípios 
fundamentais: 
d) Harmonia e eficiência 
e) Equidade e eficácia 
f) Neutralidade e equidade 
g) Eficácia e eficiência 
 
5. Ao aplicar-se o princípio de equidade, surgem dois critérios 
básicos que caracterizavam essa finalidade de justiça social: 
e) Critério de equidade e benefício. 
f) Critério de benefícioe economia. 
g) Critério de benefício e capacidade contributiva. 
h) Critério de capacidade contributiva e eficiência. 
 
 
 
 
 
 
 
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45 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 Do Amaral, J.F., Louça, F., Ferreira, C., Fontaínha, E., Caetano, 
G., Santos, S. (2002). Introdução à Macroeconomia, Escolar 
Editora, Cap.3, pp. 57-66. 
 Pereira, P.T., Afonso, A., Arcanjo, M., Santos, J.C.G. (2009). 
Economia e Finanças Públicas, 3ª Edição. Escolar Editora, pp. 3-
37. 
 Ribeiro, J.J. Teixeira. (1997). Lições de Finanças Públicas, 5ª 
Edição, refundida e actualizada. Coimbra Editora, pp. 29-45. 
 Sousa Franco, A.L. (1996). Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, Vol.1, p.3; pp. 50-68. 
 Wandschneider, T. S. (1998-99). Apontamentos de Finanças 
Públicas. Universidade Eduardo Mondlane (UEM), pp. 1-8. 
 Waty, T.A. (2004). Introdução ao Direito Fiscal. W&W Editora, 
Lda. Maputo, pp.2-4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
46 
 
TEMA II: ECONOMIA DO BEM-ESTAR 
UNIDADE TEMÁTICA I: FUNDAMENTOS PARA A 
INTERVENÇÃO PÚBLICA 
INTRODUÇÃO 
A evolução do pensamento económico foi marcada por momentos de 
debate aceso em torno da intervenção do Estado na economia. Por 
um longo período o Estado foi atribuído um papel minimalista na 
economia dando-se primazia ao mecanismo de mercado na alocação 
de recursos. A partir dos anos 30 do século XX o papel do Estado 
evolui, em parte, como consequência da grande crise económica que 
se verificou na década de 30 que demonstrou que ao Estado cabe, e 
muitas das vezes só a ele cabe, muitos papéis na economia. 
Ademais, a ocorrência das falhas do mercado (bens públicos, 
externalidades, poder do mercado e assimetrias de informação) 
consubstanciadas na desigual distribuição de recursos e de 
oportunidades de acesso à riqueza, entre outras formas, 
fundamentam o consenso sobre a necessidade da intervenção pública 
na economia por razões de equidade e de eficiência. 
Nesta unidade iremos apresentar os fundamentos que norteiam a 
intervenção pública na economia. E para fazer jus ao tema, vamos dar 
especial atenção aos dois teoremas fundamentais da economia do 
bem-estar, e por fim, sem entrar em aspectos de demonstrações 
matemáticas, apresentaremos as teorias do bem-estar. 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
47 
 
 
Objectivos 
Específicos 
Ao completar esta unidade, espera-se que você seja capaz de: 
 
 Explicar os objectivos da intervenção pública na economia; 
 Enunciar os dois teoremas fundamentais da economia do bem-
estar; 
 Identificar as teorias do bem-estar. 
 
 
1.1 Objectivos da Intervenção Pública 
 
Existem vários objectivos que norteiam a intervenção pública na 
economia. Mas uma classificação clássica evidencia dois, 
designadamente, a promoção da: 
 Eficiência, e da 
 Equidade. 
 
 (a) Promoção da Eficiência 
A eficiência, no seu sentido económico mais simples, significa 
utilização dos recursos económicos que produzem o nível máximo de 
satisfação possível, sendo dados os factores de produção e a 
tecnologia. De acordo com Vilfredo Pareto, a eficiência – significa 
afectar os recursos económicos de forma óptima, no sentido de que 
não é possível melhorar o bem-estar de um agente económico sem 
que seja através da diminuição do bem-estar de outro. Este conceito é 
explicado, de forma simples, no conceito da Fronteira das 
Possibilidades Produtivas (FPP) em manuais introdutórios de 
Economia, indicando movimentos sobre a linha da FPP. 
Quando o mercado falha na alocação de recursos é preciso identificar 
as circunstâncias em que isso ocorre, identificar as acções correctivas 
necessárias e avaliar as condições específicas existentes no Estado 
para que a intervenção correctiva seja comparativamente benéfica em 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
48 
 
termos de eficiência. 
As acções correctivas do Estado para promover a eficiência podem 
incluir: 
 Provisão de bens e serviços públicos, 
 Impostos e/ou subsídios para corrigir efeitos externos 
negativos à acção do sector privado, e 
 Regulamentação de certas actividades. 
 
(b) Promoção da Equidade 
 
Equidade significa tratamento igual de indivíduos em situações 
similares. A análise da equidade “visa determinar os efeitos da 
distribuição da carga fiscal e dos benefícios de despesa pública no 
bem-estar social” (Pereira et al, 2009). 
O princípio de igualdade de oportunidades para todos os cidadãos, 
pressupõe, entre outras coisas, uma igualdade de acesso aos bens 
primários ou de mérito, como sejam educação básica, cuidados 
primários de saúde. Essa igualdade de acesso implica que o Estado 
intervenha ao nível do ensino básico obrigatório, ao nível das 
campanhas de vacinação gratuitas e noutros sectores. Neste caso, 
está-se na presença de uma provisão a todos os cidadãos de certos 
bens e serviços directamente em espécie. Esta intervenção tem a 
função distribuição para promover a equidade, a igualdade de acesso. 
 
1.2 Os Dois Teoremas Fundamentais da Economia do Bem-Estar 
 
Numa economia com mercados perfeitos – ou seja, mercados que se 
caracterizam pela existência de concorrência perfeita e informação 
perfeita, ausência de externalidades e bens públicos, e rendimentos 
constantes à escala – o livre funcionamento do mercado garante uma 
afectação óptima ou eficiente de recursos. Por outras palavras, conduz 
a um equilíbrio (ou óptimo) de Pareto: não existe nenhuma afectação 
de recursos alternativa que melhore o 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
49 
 
bem-estar de um agente económico sem que seja através da 
diminuição do bem-estar de outro. Este é, precisamente, o corolário 
do primeiro teorema fundamental da economia do bem-estar. 
Segundo Pareto existe um sistema de preços, de bens e factores 
produtivos, para o qual as empresas utilizam os seus recursos 
produtivos de forma óptima – isto é, com uma combinação de factores 
produtivos que minimizam os seus custos – e os consumidores 
utilizam os seus rendimentos de forma óptima. Estes preços resultam 
da interacção de milhões de agentes de forma descentralizada sem 
necessidade a priori de intervenção pública. 
Este teorema demonstra que o mercado pode ser um poderoso 
mecanismo de coordenação descentralizada de recursos. Por outro 
lado, o teorema dá também a primeira racionalidade para a 
intervenção da pública na economia baseada no critério de eficiência. 
Portanto, não só assegurar que os mercados sejam e permaneçam 
competitivos, como tentar ultrapassar as falhas de mercado que 
existem quando pelo menos uma daquelas condições iniciais não se 
verifica. 
Dizer que a afectação de recursos é eficiente não significa que seja 
considerada socialmente justa. Mas será que para promover a justiça e 
equidade é necessário abdicar totalmente da eficiência? É aqui onde 
entra o segundo teorema fundamental da economia de bem-estar, 
segundo o qual, qualquer afectação de recursos eficiente (à Pareto) 
pode ser alcançada como um equilíbrio competitivo de mercado após 
uma apropriada redistribuição das dotações iniciais. 
O que este teorema pretende é mostrar que não é preciso uma 
sociedade ficar dependente da distribuição de rendimento que resulta 
do funcionamento livre e competitivo dos mercados. Em teoria, outra 
qualquer afectação de recurso eficiente, e socialmente mais justa, 
poderá ser alcançada por via, quer de uma redistribuição inicial quer 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
50 
 
do funcionamento dos mercados. 
Neste contexto,o Estado, poderá, por isso, influenciar a distribuição 
dos recursos na economia, sem contudo prejudicar a eficiência 
económica, através de uma redistribuição ex-ante dos mesmos. 
Através, por exemplo, de transferências de soma fixa (lump sum). 
Concluindo: da interpretação dos dois teoremas, têm-se deste modo 
as duas racionalidades distintas que potencialmente justificam a 
intervenção do sector público na economia. Por um lado, razões que 
se prendem com a ineficiência dos mercados, que em certas situações 
se designam por falhas de mercado. Por outro, razoes que têm a ver 
com a equidade e que justificam a intervenção pública redistributiva, 
quer para corrigir a situação inicial em que os indivíduos “entram”no 
mercado (as suas dotações iniciais), quer para alterar a situação 
redistributiva resultante do seu funcionamento. 
1.1 A Lei de Pareto 
A “Lei da Eficiência de Pareto” é uma proposição devida ao engenheiro 
e economista franco-italiano Vilfredo Frederico Damaso Pareto, 
publicada em 1897, em seu livro “Cours d’Économie Politique”, e que 
passou a ser conhecido como o “ÓPTIMO DE PARETO”. Mas a 
formulação matemática do equilíbrio Paretiano foi publicado em 
artigo da Giornale degli Economisti, em 1906 e expandido no Anexo do 
livro Manuale di Economia Política. 
 
 O que é uma situação “OPTIMO DE PARETO”? 
 
O “óptimo de Pareto” ocorrerá, quando existe uma situação (A) onde 
ao se sair dela, para que “um ganhe”, pelo menos “um perde”, 
necessariamente. Desta forma, uma situação económica é óptima no 
sentido de Pareto se não for possível melhorar a situação de um 
agente, sem piorar a situação de qualquer outro agente económico. 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
51 
 
Existem três condições que devem ser verificadas para que uma 
economia possa ser considerada Pareto Eficiente: 
 
1) Eficiência nas trocas - o que é produzido numa economia é 
distribuído de forma eficiente pelos agentes económicos, 
possibilitando que não sejam necessárias mais trocas entre 
indivíduos, isto é a taxa marginal de substituição é mesma 
para todos os indivíduos; 
 
2) Eficiência na produção - quando é possível produzir mais de um 
tipo de bens sem reduzir a produção de outros, isto é, quando 
a economia se encontra sobre a sua curva de possibilidade de 
produção; 
 
3) Eficiências na “combinação/mistura” de produtos - os bens 
produzidos numa economia devem reflectir as preferências dos 
agentes económicos dessa economia. A taxa marginal de 
substituição deve ser igual à taxa marginal de transformação. 
Um sistema de preços de concorrência perfeita permite 
satisfazer esta condição. 
 
Numa estrutura ou modelo económico podem coexistir diversos 
óptimos de Pareto. Um óptimo de Pareto não tem necessariamente 
um aspecto socialmente benéfico ou aceitável. Por exemplo, a 
concentração de rendimento ou recursos num único agente pode ser 
óptima no sentido de Pareto, mas não é socialmente aceitável ou justa 
sob ponto de vista de equidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
52 
 
1.2 Teorias de Bem-Estar 
 
1.2.1 Teoria Utilitarista 
 
O Utilitarismo, que surgiu no século XVIII, com Say, Sênior e Bentham, 
tornou-se a base da teoria neoclássica formalizada por Jevons, Menger 
e Walras. 
 
A economia do bem-estar tradicional é fortemente ancorada ao 
utilitarismo e a optimalidade de Pareto. De acordo com a abordagem 
utilitarista clássica, o bem-estar dos indivíduos é obtido quando cada 
um, individualmente, maximiza a própria utilidade, e o bem-estar 
social é resultante da maximização da soma das utilidades individuais. 
 
As análises utilitaristas são realizadas a partir das chamadas Funções 
de Bem-estar Social, que descrevem os pesos específicos atribuídos à 
utilidade de cada indivíduo na determinação do que é socialmente 
desejável, expressando uma condição técnica de avaliação. Vale 
ressaltar que tal condição resulta de decisões políticas, ou seja, de 
aspectos normativos. 
 
A teoria utilitarista visa, ao analisar a distribuição dos bens, mostrar 
como se alcança a maximização da utilidade total de uma sociedade, 
levando em consideração dois aspectos: os bens são produzidos e 
alocados de maneira eficiente; e não há a necessidade da equidade 
para tanto. 
 
 A redistribuição de rendimento 
 
Os fundamentos éticos do Estado redistribuidor residem numa versão 
do utilitarismo. O utilitarismo, segundo defendido por Jeremy 
Bentham (1748-1832), é uma teoria ética baseada em três princípios 
de utilidade: (i) Os seres humanos preferem o prazer à dor; (ii) O que 
causa prazer é bom e o que causa é mau e; (iii) As acções que causam, 
em termos agregados, mais prazer 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
53 
 
que dores são acções morais defensáveis. 
 
Em termos actuais pode-se formular o utilitarismo como uma teoria 
que permite avaliar o efeito de certas acções no bem-estar a partir da 
soma das variações de bem-estar (benefícios menos custos) em todos 
os indivíduos resultantes dessas acções. Assim, se a utilidade de um 
metical adicional para um indivíduo pobre é muito superior à 
desutilidade de um metical a menos para um indivíduo rico, transferir 
um metical do segundo para o primeiro fará aumentar o bem-estar 
social. 
 
A redistribuição de rendimento é pois um instrumento necessário para 
a melhoria do bem-estar social e como ela não poderá ser 
satisfatoriamente realizada pelo mercado, caberá ao Estado tal tarefa. 
Actualmente as duas vias essenciais com que se processa esta função 
do sector público são através do sistema fiscal e através de prestações 
pecuniárias do sistema de segurança social (rendimentos social de 
inserção e pensões sociais). 
 
O rendimento é apenas uma dimensão do bem-estar, pois o acesso a 
um conjunto de bens primários (saúde, saúde) é também uma 
componente que não pode ser descurada. 
 
1.2.2 Teoria da Justiça (Igualitária e Rawlsiana) 
 
Um outro debate é sugerido pela Teoria da Justiça, que busca mostrar 
como as acções governamentais podem actuar para combinar 
eficiência e redução da desigualdade. Seus defensores não 
apresentam uma resposta que represente um consenso sobre a 
melhor forma de definir e quantificar a equidade. Porém, apontam 
duas proposições teóricas alternativas: a Igualitária e a Rawlsiana. 
 
A proposição igualitária é considerada uma crítica extrema ao 
utilitarismo, ao propor que todos os membros da sociedade devem 
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54 
 
receber iguais quantidades de mercadorias. Já a visão Rawlsiana tem 
um carácter intermediário entre utilitaristas e igualitaristas, aceitando 
a desigualdade quando esta é capaz de maximizar a utilidade do 
indivíduo de menor poder aquisitivo da sociedade. Para Rawls, embora 
a sociedade igualitária seja a ideal, não necessariamente deve ser a 
regra. 
 
Se o Estado deve ser uma instituição que contribua para uma 
sociedade justa interessa questionar sobre quais os princípios que 
norteiam uma sociedade justa. Poder-se-á argumentar que cada 
indivíduo tem a noção do que deve ser uma sociedade justa e que 
nenhum tipo de consenso poderá ser alcançado sobre isto. Na 
realidade a posição que cada um tem na sociedade, condicionada 
fortemente a sua concepção de sociedade justa. 
 
Em relação a este ponto, Rawls (1971) apresentou dois princípios 
fundamentais que norteiam uma sociedade justa, nomeadamente: 
 
1) Princípio de iguais liberdades: cada pessoa deve ter as mais 
extensas liberdades básicas, compatíveis com semelhantes 
liberdades dos outros; 
 
2) Princípio da diferença: desigualdades sociais e económicas 
devem ser dispostas de forma a que: a) se espere que sejamvantajosas para todos, b) estejam associadas a posições e 
lugares acessíveis a todos. 
 
Existem algumas ideias que convém clarificar em relação aos princípios 
de Rawls. Em primeiro lugar, que o primeiro principio tem prioridade 
sobre o segundo, isto é, que um afastamento do principio de igual 
liberdade não pode ser justificado com base em maiores vantagens 
económicas e sociais. Por exemplo, não se devem sacrificar certas 
liberdades básicas (liberdade de expressão, pensamento) mesmo que 
isso leve a um maior crescimento. Em 
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55 
 
segundo lugar, as desigualdades são definidas em termos de bens 
primários, ou seja não são definidas em termos apenas de 
rendimentos. Há dois aspectos do tratamento das desigualdades que 
merecem realce: 
 
 As desigualdades devem estar associadas às posições a que 
todos possam concorrer em pé de igualdade, o que pressupõe 
não apenas igualdade de oportunidades legalmente definidas 
por lei, mas ainda em certa medida uma discriminação positiva 
em relação a grupos socialmente marginalizados. 
 
 As desigualdades devem ser organizadas para ser do benefício 
de todos, isto é, também dos mais desfavorecidos. Isto significa 
que se aumentar o bem-estar daqueles que estão melhor na 
sociedade, o bem-estar social não aumento. Este é o conhecido 
princípio do maximin – o bem-estar social só aumenta se 
melhorar a situação dos que estão pior na sociedade. 
 
A estrutura básica da sociedade distribui certos bens primários, que 
qualquer pessoa racional deseja, pois têm um determinado valor de 
uso qualquer que seja o plano de vida da pessoa – bens primários 
sociais: direitos e liberdades, poderes e oportunidades, rendimento e 
riqueza. O papel do Estado é pois o de garantir que todos os indivíduos 
na sociedade tenham acesso a esses bens primários sociais, sobretudo 
os que estão em piores condições. A abordagem de Rawls é 
essencialmente normativa. O rawlsianismo define o bem-estar social 
antes do mais em termos de acesso a liberdade básicas e em segundo 
lugar em termos da situação dos que estão pior na sociedade. 
 
 
 
 
 
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56 
 
 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Marque V as afirmações verdadeiras e F as afirmações falsas. 
1. No âmbito dos fundamentos/argumentos para intervenção 
pública, a classificação clássica evidencia apenas dois 
objectivos da intervenção pública, designadamente, a 
promoção da: 
a) Eficácia e equidade. 
b) Eficiência e equidade. 
c) Estabilidade e eficiência. 
d) Transparência e boa governação. 
 
2. Uma das acções correctivas do Estado para promover a 
eficiência pode incluir: 
a) Adopção de políticas redistributivas. 
b) Eliminação das falhas de mercado. 
c) Provisão de bens e serviços. 
d) Melhoria do ambiente de negócios. 
 
3. A economia do bem-estar apresenta dois teoremas 
fundamentais. O primeiro teorema refere-se que com 
mercados perfeitos, o livre funcionamento do mercado garante 
uma afectação óptima de recursos. Ou seja, a um equilíbrio (ou 
óptimo) de: 
a) Walras. 
b) Pareto. 
c) Kaldor. 
d) Wagner. 
 
4. A interpretação dos teoremas da economia do bem-estar, 
ilustra duas racionalidades distintas que potencialmente 
justificam: 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
57 
 
a) A não intervenção do Estado na economia. 
b) A intervenção do Estado na economia. 
c) A complementaridade entre o Estado e o mercado. 
d) O ajustamento automático dos mercados. 
 
5. Existe uma situação “Óptimo de Pareto” quando: 
a) Não há melhoria da situação de nenhum agente económico 
b) Há melhoria da situação de todos agentes económicos. 
c) Não é possível melhorar a situação de um agente sem piorar a 
situação de qualquer outro agente económico. 
d) Todos os agentes económicos estão numa situação pior. 
 
6. A principal condição económica para que ocorra um “Óptimo 
de Pareto” é que os mercados sejam: 
a) Imperfeitos 
b) Perfeitamente competitivos 
c) Incompletos 
d) Monopolistas 
 
7. Na análise das teorias de bem-estar, a abordagem utilitarista 
clássica, o bem-estar dos indivíduos é obtido quando cada um, 
individualmente: 
a) Alcança o óptimo de Pareto. 
b) Alcança a felicidade individual. 
c) Maximiza a própria utilidade. 
d) Aloca eficientemente os seus recursos. 
 
8. A teoria utilitarista toma a utilidade como indicador do bem-
estar geral da pessoa. Todavia, existe outra dimensão de bem-
estar a tomar em conta. 
a) Rendimento. 
b) Poupança. 
c) Felicidade. 
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58 
 
d) Liberdades individuais. 
 
9. Na teoria da Justiça emergem duas proposições teóricas 
alternativas: a igualitária e a Rawlsiana. A proposição igualitária 
defende que: 
a) Todos os membros da sociedade são iguais. 
b) Tem as mesmas curvas de utilidades. 
c) Todos os membros da sociedade devem receber iguais 
quantidades de mercadorias. 
d) Todos os membros da sociedade maximizam as suas utilidades 
de igual forma. 
 
10. A teoria de John Rawls tem um carácter intermediário entre 
utilitaristas e igualitaristas, pois defende que: 
a) A sociedade igualitária deve ser uma regra. 
b) A utilidade não mede o bem-estar dos indivíduos. 
c) A desigualdade é aceitável quando esta é capaz de maximizar a 
utilidade do indivíduo de menor poder aquisitivo da sociedade. 
d) Não há igualdades entre utilidades individuais. 
 
 
Exercícios de AVALIAÇÃO 
Caro estudante, responda de forma clara e objectiva as questões que 
se seguem. 
 
1. No debate sobre a economia do bem-estar, dois teoremas 
fundamentais foram formulados pelo Vilfredo Pareto. Enuncie 
o primeiro teorema fundamental da economia do bem-estar. 
 
2. Na sua opinião, os dois teoremas fundamentais da economia 
do bem-estar apresentam fundamentos ou não que justificam 
a intervenção do sector público na economia? Fundamente a 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
59 
 
sua resposta. 
 
3. Enuncie a lei de Pareto e explique em que condições uma 
economia pode ser considerada Pareto Eficiente. 
 
4. A economia do bem-estar tem como suporte teórico a teoria 
utilitarista e a optimalidade de Pareto. Faça uma análise crítica 
entre as teorias utilitaristas, igualitária e de Rawls, indicando os 
pontos de divergência entre elas. 
 
5. Para Rawls, embora a sociedade igualitária seja a ideal, não 
deve necessariamente ser a regra. Enuncie o princípio do 
maximin formulado por John Rawls. Mostre a diferença 
existente entre o tal princípio e o conceito de “Óptimo de 
Pareto”. 
 
UNIDADE TEMÁTICA II: FALHAS DE MERCADO 
INTRODUÇÃO 
A afectação de recursos no sentido de óptimo de Pareto só é possível 
quando os mercados são perfeitamente competitivos, mas no mundo 
real os mercados raramente são perfeitos devido as falhas de 
mercado, designadamente: (i) Externalidades; (ii) Bens públicos; (iii) 
Poder do mercado (concorrência imperfeita); e (iv) Assimetrias de 
informação. 
 
Assim, as falhas de mercado constituem o primeiro e um dos maiores 
argumentos para a intervenção pública na economia na medida em 
que na presença das falhas, o mercado não conduz a uma alocação 
eficiente de recursos. Assim sendo, em tais situações, a intervenção do 
sector público para corrigir essas falhas de mercado poderá conduzir a 
uma afectação mais eficiente dos recursos do que aquela que 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
60 
 
resultaria do livre funcionamento do mecanismo de mercado. 
 
Esta unidade temática aborda essencialmente as falhas de mercado, 
todavia, convém salientar que para efeitos puramente didácticosiremos apenas nos debruçar sobre duas falhas de mercado: Bens 
públicos e Externalidades. 
 
 
Objectivos 
Específicos 
Ao completar esta unidade, espera-se que você seja capaz de: 
 
 Diferenciar os bens públicos das externalidades; 
 Explicar as características de bens públicos; 
 Descrever as políticas para correcção das externalidades. 
 
 
2.1 Conceito de Falhas de Mercado 
 
Entende-se por falhas de mercado a “situação em que existe um bem 
ou serviço, que afecta o bem-estar dos indivíduos (é argumento da 
função utilidade) ou que afecta os custos de uma empresa (é 
argumento da função de produção), para os quais há pelo menos um 
preço ao qual certos agentes estão dispostos a vender e outros a 
comprar, mas onde não há mercado para esse bem” (Pereira et al, 
2009). Importa salientar que na presença de falhas de mercado a 
afectação de recursos é ineficiente tanto sob de vista de Pareto. 
 
2.1.1 Bens Públicos 
Entende-se por bens públicos aqueles em que, para a totalidade dos 
indivíduos, não existe rivalidade no consumo. A exclusão ou não é 
possível, caso seja possível, não é desejável do ponto de vista 
económico. Na realidade, não havendo rivalidade no consumo, o custo 
adicional de se ter mais um indivíduo a consumir o bem público é nulo. 
Assim, qualquer forma de exclusão, baseada no preço ou no 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
61 
 
racionamento, é ineficiente pois está a diminuir o consumo sem que 
dai resulte algum benefício. 
Nota: os bens públicos podem ser puros ou semi-puros. 
As características dos bens públicos puros são: 
 Indivisibilidade ou não-rivalidade no consumo ou oferta 
conjunta, 
 Impossibilidade de exclusão, e 
 Não-rejeitabilidade. 
 
Note que é raro encontrar bens públicos que atendam completamente 
às características de não-rivalidade e não exclusividade. O que há em 
geral é um contínuo em que uma parte maior ou menor dessas 
características é observada. Um exemplo clássico de bem público puro 
que completa estas características é a defesa nacional. O regresso de 
um moçambicano que esteve no exterior não diminui a defesa 
nacional dos que já estão cá no país e nem seria possível ao governo 
excluir esse cidadão de usufruir da defesa das fronteiras do país. 
 
 (a) Indivisibilidade 
Um bem diz-se indivisível se, dada certa quantidade do bem que é 
consumida por um grupo de indivíduos, poder efectuar-se a inclusão 
de consumidores adicionais sem que isso reduza o nível de utilidade 
(satisfação) dos indivíduos do grupo inicial. Exemplos de bens 
indivisíveis são a emissão do sinal de televisão, a iluminação pública, 
as auto-estradas, pontes, salas de espectáculo, desde que, pelos seus 
níveis de utilização não chegue a surgir congestionamento. 
 
(b) Impossibilidade de exclusão 
Um bem diz-se com impossibilidade de exclusão se, produzida certa 
quantidade, esta tem necessariamente de se tornar acessível a 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
62 
 
consumidores adicionais que a desejam. Quer dizer que o agente que 
efectua a provisão do bem não tem a capacidade de excluir quem 
esteja interessado no seu consumo. 
A impossibilidade, ou dificuldade, de exclusão nos bens públicos dá 
origem ao free-riding, ou boleia, dos agentes que podem beneficiar do 
bem sem para ele contribuírem para a sua provisão. Cada indivíduo 
sabe que se não contribuir, mas os outros contribuírem, irá também 
beneficiar do bem público. Havendo uma proporção significativa a 
pensar deste modo, a provisão do bem será ineficiente. No caso limite, 
se todos pensarem assim então a provisão voluntaria, no mercado, 
será mesmo nula. 
(c) Não-rejeitabilidade 
Um bem diz-se com impossibilidade de rejeição se, produzida certa 
quantidade, esta tem necessariamente de ser consumida por todos os 
indivíduos do grupo relevante, ainda que não a desejem. O consumo é 
imperativo. A defesa nacional, como foi referido é o exemplo mais 
claro deste tipo de bens. 
 
2.1.2 Bens de Mérito ou Primários 
Além dos bens públicos puros, há os bens semi-públicos que possuem 
parte das características dos bens públicos. Estes bens podem também 
ser designados por bens de mérito para justificar a actuação do 
governo no seu fornecimento. A educação e a saúde são casos de bens 
públicos meritórios. Estes bens para além de possuir algumas 
características dos bens públicos, eles são tão fundamentais que 
constituem direito humano e constitucional do cidadão e cabem ao 
Estado garantir o seu fornecimento. 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
63 
 
 
2.1.3 Formas de Produção e Provisão de Bens Públicos 
 
Os bens públicos diferem dos bens privados no que toca as suas 
características. Mas também, diferem na forma de produção e 
provisão. É importante distinguir provisão de produção. A provisão 
tem a ver com a forma de fornecimento e de acesso ao consumo do 
bem, ao passo que a produção tem a ver com a actividade produtiva 
que gera o bem. Assim pode-se ter quatro situações possíveis: 
produção pública e privada; provisão pública e privada. 
A provisão pública é aquela que é essencialmente financiada pelo 
orçamento de uma entidade pública, orçamento do Estado ou de uma 
autarquia local, pelo que os utilizadores não pagam um preço pela sua 
utilização, o financiamento é indirecto, através dos impostos. Por 
outro lado, a provisão privada é financiada através de um preço ou 
tarifa, que deverá ser semelhante ao custo marginal ou médio de 
produção. Neste caso é o utilizador o pagador do serviço. 
Em contrapartida, a produção pública é aquela cujo processo 
produtivo ou a manutenção é assegurada por uma entidade pública, 
sendo a produção privada assegurada por empresas privadas. Neste 
contexto, provisão e produção são duas coisas claramente distintas. 
Do ponto de vista de políticas públicas interessaria clarificar quais os 
argumentos que apoiam a produção pública e quais os argumentos 
que favorecem a produção privada. Deixando por enquanto este 
problema em aberto, pode-se clarificar com alguns exemplos estas 
quatro possibilidades. 
Considere-se o caso do “Jardim Dona Berta”, na cidade de Maputo. 
Em teoria pode-se ter: 
 Provisão pública e produção pública – o equipamento colectivo 
aparentemente “gratuito”, isto é, financiado por um 
orçamento local, com livre 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
64 
 
acesso dos utilizadores. Pode também ter produção pública (no 
sentido da sua manutenção ser feita por funcionários do 
Conselho Municipal). 
 Provisão pública e produção privada – caso em que o serviço 
de jardinagem e manutenção é concessionado a uma empresa 
privada, mas mantém-se o livre acesso. 
 Provisão privada com produção pública – pagamento de uma 
taxa de utilização aos Domingos para evitar congestionamento 
excessivo. 
 Provisão privada com produção privada – em que há exclusão 
no consumo (pratica-se um preço) e a propriedade, 
manutenção e gestão seria privada. 
As formas de produção e provisão não devem pois ser confundidas 
com as características dos bens. O “jardim Dona Berta” é bem que, se 
assumirmos que nunca esta congestionada, pode-se classificar como 
bem público local, isto é, um bem público cujos benefícios são 
limitados territorialmente. Neste caso, não há rivalidade no consumo e 
muito embora haja possibilidade de exclusão tal não é desejável. A 
classificação de local prende-se com o facto de gerar benefícios 
sobretudo para residentes de uma dada localidade. 
 
2.1.4 Externalidades 
Existe uma externalidade quando a acção de consumo, produção ou 
outra, realizada por um agente, afecta significativamente o bem-estar 
de outro, e esse efeito não é transmitido atravésdo sistema de preços. 
Portanto, as externalidades podem ser positivas ou negativas. São 
positivas as que beneficiam a terceiros, como por exemplo, uma acção 
de vacinação contra uma certa doença contagiosa numa determinada 
comunidade reduz a possibilidade de contaminação na comunidade 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
65 
 
vizinha. Contrariamente, as externalidades negativas formam os 
efeitos colaterais, prejudiciais a terceiros mas não intencionais. Por 
exemplo, emissão de gases por uma indústria de alumínio. 
Quando se está na presença de externalidades, o livre 
funcionamento do mercado não garante uma alocação eficiente de 
recursos: 
 
 No caso das externalidades negativas, os agentes económicos 
não contabilizam os custos que impõem a terceiros quando 
desenvolvem determinadas actividades, pelo que o farão em 
excesso. Os custos sociais superam os custos privados. 
 
 Do mesmo modo, quando a actividade de um agente 
económico gera uma externalidade positiva, ele não beneficia 
dos efeitos positivos da sua acção em terceiros. 
Consequentemente, ele desenvolverá essa actividade em 
menor quantidade do que seria socialmente desejável 
(eficiente). Os benefícios sociais são superiores aos benefícios 
privados. 
 
1.2.5 Políticas para Correcção de Externalidades 
Para correcção das externalidades negativas, o Estado poderá recorrer 
a vários tipos de instrumentos ou politicas corrigir a falha de mercado: 
 A imposição de multas. Por exemplo, um imposto sobre cada 
unidade produzida por uma empresa que polui a atmosfera, o 
mar ou um rio. Nestas condições a empresa ver-se-ia obrigada 
a internalizar o custo relativo ao imposto pago ao governo ou a 
comunidade que antes da imposição não era considerado 
como custo. Assim, o governo promoveria a eficiência na 
medida em que ele forçaria a igualdade entre os custos sociais 
marginais e os benefícios sociais marginais da poluição. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
66 
 
 Um subsidio às actividades que reduzem a externalidade 
negativa. Por exemplo, poder-se-á conceder um subsídio a uma 
fábrica por cada unidade de poluição que ela deixe de produzir. 
 A introdução de legislação que limite a produção da 
externalidade. Tal pode ser feito através da regulação do 
processo produtivo (por exemplo, o tipo de equipamento a 
utilizar e especificações técnicas sobre o produto final) ou do 
nível de poluição (caso do estabelecimento de limites máximos 
para os níveis de emissão de resíduos tóxicos). 
 
No caso das externalidades positivas, o governo poderá utilizar vários 
instrumentos de política com vista a melhorar a afectação de recursos: 
 Subsídios que incentivem a produção da externalidade 
positiva. É o caso da concessão de bolsas de estudo e da 
distribuição gratuita de leite e outros alimentos na escola, 
de forma a incentivar a presença nas aulas (expansão da 
procura por educação); 
 Legislação que garanta um determinado nível de 
externalidade positiva: por exemplo, o estabelecimento de 
níveis mínimos de escolaridade obrigatória; 
 Outras medidas que se traduzam num aumento da 
externalidade positiva. Por exemplo, a construção de 
escolas. Esta origina não apenas origina um aumento na 
oferta, mas também na procura, já que torna a educação 
mais acessível para aqueles que antes não beneficiavam de 
acesso fácil a instituições de ensino, baixando assim como o 
custo de oportunidade associado à ida à escola. 
Nota: Numa situação em que não existem externalidades, os custos e 
benefícios privados são idênticos aos custos e benefícios sociais, e a 
actuação dos agentes económicos vai 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
67 
 
ao encontro dos interesses da sociedade. Não há, por isso, 
necessidade de intervenção pública. Contudo, quando certas 
actividades têm associada uma externalidade, o Estado poderá (e 
deverá, em muitos casos) intervir de forma a “internalizar”o efeito 
externo, fazendo com a actuação privada vá ao encontro do interesse 
público. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Marque V as afirmações verdadeiras e F as afirmações falsas. 
1. As falhas de Mercado constituem o primeiro e um dos maiores 
argumentos para a intervenção pública. Constituem exemplos 
de falhas de mercado os seguintes casos: 
a) Concorrência perfeita, bens primários, bens públicos. 
b) Informação simétrica, poder de mercado, economias de escala. 
c) Externalidades, bens públicos, assimetrias de informação. 
d) Concorrência perfeita, externalidades, bens públicos. 
 
2. Na presença de falhas, o mercado apresenta a seguinte 
característica: 
a) Alocação eficiente de recursos. 
b) Afectação ineficiente de recursos. 
c) Equilíbrio óptimo de Pareto. 
d) Equilíbrio geral na economia. 
 
3. Os bens públicos definem-se pelas seguintes características: 
a) Não-rivalidade, impossibilidade de exclusão, não-
rejeitabilidade. 
b) Não-rivalidade, rejeitabilidade, impossibilidade de exclusão. 
c) Exclusão, rejeitabilidade, possibilidade de exclusão. 
d) Provisão pública, produção privada, provisão privada. 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
68 
 
4. A impossibilidade, ou dificuldade, de exclusão nos bens 
públicos da origem a um comportamento, denominado: 
a) Individualismo. 
b) Liberalismo. 
c) Free-riding. 
d) Liberdade negativa. 
 
5. Os bens públicos diferem dos bens privados no que tange as 
suas características. Mas também, diferem na forma de 
produção e provisão. A provisão pública é aquela que é 
financiada: 
a) Pelos orçamentos dos privados. 
b) Pelos parceiros de cooperação. 
c) Pelo orçamento de uma entidade pública. 
d) Pelas tarifas pagos pelos consumidores. 
 
6. Diz-se que há externalidades, quando a acção de consumo, ou 
de produção, realizada por um agente: 
a) Afecta positivamente o bem-estar de outro agente. 
b) Afecta negativamente o bem-estar de outro agente. 
c) Não afecta o bem-estar de nenhum agente. 
d) O bem-estar mantém-se inalterado. 
 
7. As externalidades podem ser positivas ou negativas. No caso 
das externalidades positivas: 
a) Beneficiam a terceiros. 
b) Produzem efeitos colaterais a terceiros. 
c) Não afectam a terceiros. 
d) Nenhuma das afirmações. 
 
8. Quando no sistema económico ocorre externalidades 
negativas, o Estado pode intervir com vista a corrigi-las 
recorrendo a vários instrumentos ou políticas, nomeadamente: 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
69 
 
a) Apoio as empresas poluidoras, redução dos preços dos 
produtos. 
b) Imposição de multas, subsídios as actividades que reduzem a 
externalidade negativa. 
c) Políticas de redistribuição do rendimento, realocação de 
recursos. 
d) Nenhuma das afirmações. 
 
9. As externalidades negativas diferem das externalidades 
positivas, pois as negativas: 
a) Aumentam a produtividade das empresas. 
b) Aumentam o bem-estar dos agentes económicos. 
c) Produzem efeitos colaterais a terceiros. 
d) Eliminam as externalidades positivas. 
 
10. Para a correcção de externalidades na economia, o Estado 
pode usar os subsídios, tanto para externalidades negativas 
assim como externalidades positivas. A diferença é que nas 
externalidades positivas os subsídios servem para: 
a) Incentivar a acção poluidora das empresas. 
b) Alterar o comportamento dos consumidores. 
c) Incentivar a produção da externalidade positiva. 
d) Eliminar a externalidade positiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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70 
 
Exercícios de AVALIAÇÃO 
 
Caro estudante, responda de forma clara e objectiva as questões que 
se seguem. 
 
1. A afectaçãode recursos no sentido de óptimo de Pareto só é 
possível na ausência de falhas de mercado, por exemplo 
Externalidades; Bens públicos, etc. Indique a diferença entre 
estas duas falhas de mercado (externalidades e bens públicos). 
 
2. Suponha que o “Jardim da Casa dos Bicos”, um bem público, 
tenha sido construído com os fundos do Estado e cuja 
manutenção é assegurada pela empresa privada “LIMPA 
SECO”. Indique a forma de produção e de provisão daquele 
bem público. 
 
3. Embora as externalidades negativas formam efeitos 
prejudiciais, mas não intencionais a terceiros, uma vez que 
afecta negativamente o bem-estar de outros agentes 
económicos, o Estado é chamado a corrigir esta situação. 
Indique e explique os instrumentos e estratégias que o Estado 
pode recorrer para correcção de externalidades negativas. 
 
4. No caso de externalidades positivas, que instrumentos de 
política o Estado pode usar para incentivar a produção de 
externalidade positiva? 
 
5. Explique as diferenças entre as externalidades positivas e 
externalidades negativas. Dentre estas externalidades são as 
mais desejáveis para uma sociedade. Fundamente a sua 
resposta. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
71 
 
Exercícios INTEGRADOS DE AVALIAÇÃO 
 
Marque V as afirmações verdadeiras e F as afirmações falsas 
 
1. No âmbito dos fundamentos/argumentos para intervenção 
pública, a classificação clássica evidencia apenas dois 
objectivos da intervenção pública, designadamente, a 
promoção da: 
e) Eficácia e equidade. 
f) Eficiência e equidade. 
 
g) Estabilidade e eficiência. 
h) Transparência e boa governação. 
e) Melhoria do ambiente de negócios. 
 
2. A interpretação dos teoremas da economia do bem-estar, 
ilustra duas racionalidades distintas que potencialmente 
justificam: 
e) A não intervenção do Estado na economia. 
f) A intervenção do Estado na economia. 
g) A complementaridade entre o Estado e o mercado. 
h) O ajustamento automático dos mercados. 
 
3. Existe uma situação “Óptimo de Pareto” quando: 
e) Não há melhoria da situação de nenhum agente económico 
f) Há melhoria da situação de todos agentes económicos. 
g) Não é possível melhorar a situação de um agente sem piorar a 
situação de qualquer outro agente económico. 
h) Todos os agentes económicos estão numa situação pior. 
 
4. As falhas de Mercado constituem o primeiro e um dos maiores 
argumentos para a intervenção pública. Constituem exemplos 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
72 
 
de falhas de mercado os seguintes casos: 
e) Concorrência perfeita, bens primários, bens públicos. 
f) Informação simétrica, poder de mercado, economias de escala. 
g) Externalidades, bens públicos, assimetrias de informação. 
h) Concorrência perfeita, externalidades, bens públicos. 
 
5. Os bens públicos definem-se pelas seguintes características: 
e) Não-rivalidade, impossibilidade de exclusão, não-
rejeitabilidade. 
f) Não-rivalidade, rejeitabilidade, impossibilidade de exclusão. 
g) Exclusão, rejeitabilidade, possibilidade de exclusão. 
h) Provisão pública, produção privada, provisão privada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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73 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 Pereira, P.T., Afonso, A., Arcanjo, M., Santos, J.C.G. (2009). 
Economia e Finanças Públicas, 3ª Edição. Escolar Editora, Parte 
1, pp. 7-28; pp.39-53. 
 Ribeiro, J.J. Teixeira. (1997). Lições de Finanças Públicas, 5ª 
Edição, refundida e actualizada. Coimbra Editora. 
 Sousa Franco, A.L. (1996). Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, Vol.1, Cap.1, pp. 13-41. 
 Wandschneider, T. S. (1998-99). Apontamentos de Finanças 
Públicas. Universidade Eduardo Mondlane (UEM), pp. 11-33. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEMA III: ORÇAMENTO DO ESTADO 
UNIDADE TEMÁTICA I: ORIGEM, CONCEITO E FUNÇÕES 
DO ORÇAMENTO 
INTRODUÇÃO 
A teoria do orçamento foi elaborada sobretudo durante o liberalismo 
e liga-se aos objectivos inspiradores da democracia liberal. O reforço 
do papel do Estado na vida económica, a diminuição dos poderes do 
Parlamento em relação aos Executivos e a crescente complexidade dos 
métodos de gestão financeira determinaram no século XX um certo 
declínio da instituição orçamental clássica. 
Todavia, a instituição orçamental continua a existir nas economias 
modernas, em relação às quais fora inicialmente concebida, mas 
também, embora com adaptações muito especiais, nas economias de 
inspiração socialista. 
Nesta unidade será abordada por um lado a origem e a conceito do 
orçamento, suas funções, regras e princípios na sua organização. Por 
outro lado, vai apresentar o ciclo orçamental em Moçambique, 
classificação e estrutura da despesa pública e por último, iremos 
abordar as teorias explicativas do crescimento da despesa pública. 
 
Objectivos 
Específicos 
Ao completar esta unidade, espera-se que você seja capaz de: 
 
 Apresentar o conceito e funções do orçamento; 
 Identificar as fases do ciclo orçamental em Moçambique; 
 Explicar as teorias do crescimento da despesa pública. 
 
 
 
 
1.1 Origem 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
75 
 
 
Maior parte de autores considera que as primeiras aproximações do 
Orçamento do Estado surgiram na Inglaterra. Consta que já no século 
XIII, em consequência da luta contra o poder absoluto da monarquia, 
os senhores feudais impuseram ao Rei a Magna Carta, da qual 
constava o que é conhecido como primeiro orçamento da história, 
subordinando o poder do Rei, no domínio tributário, ao 
consentimento de um Conselho de Nobres. 
No século XVII, precisamente em 1689, em resultado da revolucionária 
Bill of Rights, inicia a obrigatoriedade de as receitas passarem a ser 
aprovadas e as despesas autorizadas pelo Parlamento Inglês. Surge, 
assim, o primeiro Orçamento do Estado mais semelhante ao que se 
define hoje. 
No final do século XVIII, com a revolução francesa de 1789, termina a 
monarquia absoluta e inicia a democracia que se desenvolve no 
sentido de separação de poderes. Nestes moldes, consagra-se o 
Orçamento do Estado um instrumento de controlo da actividade 
financeira do Estado, definindo princípios orçamentais que 
delimitavam a acção do estado. 
A revolução francesa ocorre dois anos depois da proclamação da 
Constituição nos Estados Unidos da América (1787). 
Por estes factos, podemos afirmar que o Orçamento do Estado é um 
ganho das democracias parlamentares mais concretamente do 
pensamento económico liberal dos séculos XVIII e XIX. 
 
 
 
 
 
 
 
1.3 Conceito 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
76 
 
A ideia de orçamento não começa e nem se limita ao nível 
institucional. Na verdade, a ideia do orçamento, que nos remete à 
disciplina na busca de recursos financeiros e na realização de 
despesas, aplica-se também na esfera individual. Por isso, o conceito 
genérico de orçamento é de um plano de acção expresso em termos 
financeiros, pois indica o que um indivíduo ou organismo vai fazer com 
os recursos que obtém de fontes identificadas. 
De forma genérica, conceptualmente, o Orçamento do Estado é um 
documento apresentado sob forma de lei, que comporta uma 
descrição detalhada de todas as receitas e de todas as despesas do 
estado, propostas pelo poder executivo (Governo) e autorizadas pelo 
poder legislativo (Assembleia da República), e antecipadamente 
previstas para um horizonte temporal de um ano. 
Do ponto de visto jurídico, em Moçambique, o Orçamento do Estado é 
visto como sendo um “documento no qualestão previstas as receitas a 
arrecadar e fixadas as despesas a realizar num determinado exercício 
económico e tem por objecto a prossecução da política financeira do 
Estado” (artigo 12 da Lei nº 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o 
SISTAFE). 
 Mas porquê no orçamento se prevê as receitas e fixa-se as 
despesas? 
O orçamento constitui sempre uma previsão, já que se refere a um 
período futuro – o próximo ano financeiro. E o futuro, é sempre 
incerto. O Estado tem necessidade de fixar as suas despesas, a fim de 
saber o montante de receita que necessita de arrecadar. Do mesmo 
modo, precisa de prever as suas receitas, para assim poder determinar 
os recursos de que dispõe e avaliar os limites a impor às suas 
despesas. 
As receitas necessariamente que cobrir as despesas. Por esta razão, é 
absolutamente imperioso que se 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
77 
 
fixem as despesas, para que elas não possam variar ao sabor da 
vontade dos governantes ou dos funcionários públicos. 
Ao contrário do que sucede para as despesas, as receitas não poderão 
ser fixadas, mas apenas estimadas, já que contém um elemento de 
incerteza muito maior que os gastos, pelo que, dependem de vários 
factores, como sejam o nível de actividade económica, a eficiência na 
cobrança e o grau de fuga e evasão fiscal. Dependendo das 
circunstâncias futuras, elas serão geralmente superiores ou inferiores 
ao montante orçado. 
 
1.4 Dimensões e Funções do Orçamento 
 
São três as dimensões do orçamento: 
 Económica: o orçamento constitui uma previsão da gestão 
orçamental e uma exposição do plano financeiro. 
 Política: o orçamento, uma vez aprovado, é a autorização 
política do plano financeiro. Autoriza o Governo a realizar 
certas despesas e a cobrar determinadas receitas. 
 Jurídica: o orçamento é o instrumento através do qual se 
limitam os poderes financeiros da administração. Os órgãos da 
Administração terão de seguir as linhas traçadas pelo 
orçamento na execução da gestão financeira do Estado: não 
poderão gastar mais do que aquilo que vem especificado no 
orçamento nem cobrar receitas que não estão inscritas neste 
documento. 
As dimensões do orçamento estão directamente relacionadas com as 
suas funções económicas, políticas e jurídicas. Tais funções assumem, 
desde os tempos do liberalismo, uma importância extrema para o bom 
funcionamento do Estado, da economia e do sistema político. Dai a 
razão da existência do orçamento e a sua importância. Assim, seguem 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
78 
 
as funções do orçamento: 
No plano económico: 
 Facilita a gestão dos dinheiros públicos, tornando-a mais 
racional e eficiente. Por outras palavras, evita improviso, que é 
sempre uma causa de desperdício. 
 Constitui um elemento fundamental na definição e execução 
da política económica e social do Governo, e permite aos 
agentes económicos e à sociedade em geral conhecer as 
principais linhas desta política. 
No plano político: 
 Garante que a tributação dos rendimentos dos cidadãos e a 
utilização dos dinheiros públicos estão dependentes da 
aprovação pelos representantes do povo na Assembleia da 
República. 
 Assegura o equilíbrio e a separação dos poderes: o Parlamento 
autoriza a arrecadação de receitas e a utilização das mesmas; o 
Executivo (o Governo) executa o orçamento; e o Parlamento 
e/ou outro órgão jurisdicional fiscaliza a sua execução. 
No plano jurídico: 
 A autorização política que é concedida ao Estado para realizar 
despesas e cobrar receitas limita os poderes financeiros da 
Administração Pública. 
As funções económicas, políticas e jurídicas do orçamento não são 
independentes entre si. Sem a autorização parlamentar (dimensão 
política) e a fiscalização das despesas e receitas do Estado (dimensão 
jurídica), dificilmente se alcançará uma boa administração financeira 
(dimensão económica): 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
79 
 
 O controlo político torna o processo de definição de políticas 
financeiras mais rigoroso, participativo e transparente; 
 A fiscalização das despesas e receitas públicas, por sua vez, 
minimiza a ocorrência de desvios e abusos na obtenção e 
utilização dos dinheiros públicos, garantida uma execução 
orçamental mais verdadeira e eficiente. 
 
2. Princípios e Regras Orçamentais 
 
A elaboração do Orçamento do Estado obedece a um conjunto de 
regras teorizadas durante o liberalismo, com as devidas excepções e 
representam uma tradução concreta da ortodoxia liberal no plano da 
prática financeira. Estas regras e princípios funcionam como 
verdadeiras restrições técnicas, ao disciplinar, de forma rigorosa, as 
opções em matéria de forma e conteúdo do orçamento. 
Assim, seguem as regras e princípios da organização orçamental. 
 
2.1 Anualidade 
 
De acordo com esta regra, o Orçamento do Estado tem um período de 
validade e execução anual, sem prejuízo da existência de programas 
que impliquem encargos por mais de um exercício económico. Este 
princípio implica que: (i) aprovação anual do orçamento pela 
Assembleia da República; (ii) execução anual das despesas e receitas 
públicas e; (iii) fiscalização anual das receitas e despesas públicas pelo 
Parlamento e/ou um órgão jurisdicional. Convém realçar que em 
Moçambique, o ano de vigência do orçamento é o ano civil (1 de 
Janeiro a 31 de Dezembro). 
 
 
 
2.2 Plenitude Orçamental: Unidade e Universalidade 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
80 
 
Este princípio apresenta dois elementos distintos que, no entanto, 
entrecruzam e complementa-se: a Unidade e a Universalidade. Estes 
princípios visam evitar que escape à autorização politica (na fase de 
previsão), ao controlo politico e administrativo (na fase de execução) e 
à responsabilização jurisdicional e/ou parlamentar (na fase de 
execução de contas) uma quantidade significativa de fundos públicos – 
fenómeno geralmente conhecido por desorçamentação das despesas 
e receitas públicas. 
 
Ambas as regras conferem uma maior abrangência, racionalidade e 
transparência ao orçamento, facilitando assim como o controlo 
político, a formulação de opções globais de natureza financeira e uma 
execução orçamental rigorosa. 
 
A Unidade orçamental determina que o conjunto das receitas e das 
despesas deve ser apresentado num único documento, isto é, o 
orçamento deve ser único ou unitário. No entanto excepções à regra. 
O Orçamento do Estado não inclui receitas e despesas de órgãos 
descentralizados e instituições que gozam de autonomia financeira, 
administrativa e patrimonial, como é o caso das autarquias e do sector 
público empresarial cujos orçamentos são elaborados, aprovados e 
executados autonomamente. 
 
A Universalidade determina que todas as receitas e todas as despesas 
sejam na sua globalidade inscritas no orçamento para não defraudar a 
função fiscalizadora do orçamento. As vantagens decorrentes do 
princípio da universalidade consistem em assegurar que todos (eleitos, 
eleitores e a administração pública) possam conhecer as fontes de 
financiamento do orçamento e o destino que é dado aos dinheiros 
públicos, situação que seria impossível de controlar se não houvesse a 
obrigatoriedade de inscrever todas as receitas e todas as despesas. 
 
2.3 Especificação 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
81 
 
Este princípio estabelece que o Orçamento do Estado deve especificar 
ou individualizar de forma suficiente mas não exaustiva as receitas e 
as despesas, constituindo excepção a inscrição no Orçamento do 
Estado de uma dotação provisional, sob gestão do Ministro que 
superintende a área das Finanças.Em Moçambique, as despesas 
públicas são especificadas de acordo com a sua natureza económica, 
funcional, orgânica e territorial. A especificação das receitas públicas 
por sua vez, é feita de acordo com classificador económico e 
territorial. 
A dotação provisional constitui uma excepção à regra e não uma 
violação do princípio em si, pois com a utilização da dotação, os gastos 
não previstos deverão ser especificados. Outra excepção a este 
princípio, no caso de Moçambique, é instituída no nº 3 do artigo 13 da 
Lei nº 9/2002, de 12 de Fevereiro. 
 
2.4 Não Consignação 
 
Este princípio determina que as receitas especificadas no orçamento, 
quando liquidadas e arrecadadas não se destinam a atender a 
compromissos específicos, antes constituem um único fundo que 
servirá de cobertura de todas as despesas. Por outras palavras, a 
totalidade das receitas orçamentais deve servir para financiar a 
totalidade das despesas orçamentais, sem qualquer afectação a 
determinadas despesas. 
Assim, ao interditar consignação significa não permitir que uma 
determinada receita seja afecta – consignada – a uma determinada 
despesa. Diversas razoes o justificam. 
A primeira, e mais importante, tem a ver especificamente com a 
receita fiscal. Se a receita de cada tipo de imposto fosse, por hipótese 
e na ausência da regra, consignada a uma despesa específica e só a 
esta, os contribuintes “reconheceriam” a aplicação dos seus 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
82 
 
pagamentos fiscais e poderiam não desejar continuar a faze-lo na 
ausência de benefícios individuais directos. 
Outra justificação é de que, se houvesse consignação, seria impossível 
a realização plena daquelas despesas cujas receitas consignadas 
fossem insuficientes na sua arrecadação ou então, montantes extras 
de algumas seriam inaplicáveis para quaisquer outras despesas. 
Todavia, a não consignação é, por vezes, violada, quando se pretende 
proteger determinadas despesas. No caso de Moçambique, o nº 2 do 
artigo 13 da Lei nº 9/2002, de 12 de Fevereiro exceptua o princípio da 
não consignação das receitas orçamentais (ex. receitas provenientes 
de créditos públicos, de doações, heranças ou legados). 
 
2.5 Não Compensação 
 
Este princípio designa-se também por princípio de orçamento bruto. 
Ele pretende facilitar o controlo orçamental na medida em que 
determina que as receitas e as despesas sejam inscritas pelos seus 
valores ilíquidos, isto é, sem qualquer dedução de eventuais despesas 
(encargos de cobrança) e de eventuais receitas (ganhos originados 
pela realização de despesas) que lhe estejam associados. 
A semelhança do que acontece com a regra da especificação, o 
orçamento bruto permite uma maior clareza, veracidade e 
racionalidade económica. Se as receitas e as despesas fossem inscritas 
pelo seu valor líquido não se saberia qual o seu montante exacto nem 
se estaria a respeitar a regras da universalidade, que prevê a inclusão 
no orçamento de todas as despesas e todas as receitas. 
 
2.6 Publicidade 
 
A regra de Publicidade estabelece que devem ser publicadas no 
Boletim da República a Lei Orçamental, as tabelas de receitas e as 
tabelas de despesas e bem assim informações económicas e 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
83 
 
financeiras julgadas pertinentes. 
 
Ao nível autárquico, também existe uma obrigatoriedade expressa de 
publicidade de orçamentos no Boletim da república (nº 1 do artigo nº 
7 da Lei nº 11/97, de 31 de Maio) bem como colocar à disposição do 
público pelo menos três cópias do orçamento aprovado para efeitos 
de informação e consulta em local apropriado no edifício-sede da 
autarquia (nº 2, do mesmo artigo nº 7, da mesma lei). 
 
2.7 Equilíbrio 
 
A regra de equilíbrio determina que todas as despesas previstas no 
orçamento devem ser efectivamente cobertas por receitas nele 
inscritas. Num certo sentido é correcto afirmar que um orçamento 
está sempre em equilíbrio, contudo, deve-se distinguir as receitas e as 
despesas efectivas. Assim, o saldo global ou efectivo, traduz a 
diferença entre receitas e despesas efectivas e pode ser deficitário, 
equilibrado ou superavitário. 
 
2.7.1 Equilíbrio Orçamental 
 
A regra do equilíbrio entre as receitas e as despesas, ou equilíbrio 
orçamental, tem sido considerada, pelo seu alcance, como a mais 
importante das regras orçamentais. Para uma melhor compreensão do 
que está em causa, importa ter presente que todo e qualquer 
orçamento – em qualquer época – apresenta sempre, portanto, ou 
com receitas iguais ou com receitas superiores às despesas, isto é, ou 
equilibrado ou superavitário. 
 
Não se concebe um orçamento com receitas inferiores às despesas, 
isto é, deficitário. Todavia, fala-se frequentemente do défice 
orçamento. Se fala-se disto, então, é que pode haver défice mesmo 
quando as receitas são iguais ou superiores às despesas. Isto acontece 
porque o equilíbrio orçamental não se define pelo equilíbrio entre 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
84 
 
todas despesas e todas as receitas, mas pelo equilíbrio entre certas 
despesas e certas receitas. 
 
Portanto, existe vários conceitos de equilíbrio orçamental 
nomeadamente: (a) Equilíbrio entre despesas efectivas e receitas 
efectivas; (b) Equilíbrio entre despesas ordinárias e receitas ordinárias; 
e (c) Equilíbrio entre despesas correntes e receitas correntes. 
 
Em Moçambique os critérios de equilíbrio orçamental comummente 
usados são: 
(i) Equilíbrio global; 
(ii) Equilíbrio do orçamento corrente; 
(iii) Equilíbrio antes de donativos; e 
(iv) Equilíbrio após donativos. 
 
(i) O critério do equilíbrio global é o que se aplica de forma mais 
evidente. Por exemplo, a alínea a) do nº 1 do artigo nº 3 da lei 
nº 1/2007, de 3 de Janeiro apresenta o equilíbrio do 
Orçamento do Estado de 2007. 
(ii) O critério do equilíbrio do orçamento corrente, pretende 
disciplinar a despesa pública corrente promovendo as despesas 
de capital. Na verdade, a legislação financeira moçambicana 
não permite que receitas de capital sejam aplicadas para 
despesas correntes. De igual modo os saldos orçamentais de 
um exercício económico só podem ser aplicados em despesas 
de capital. 
(iii) O critério do equilíbrio antes dos donativos pretende medir, 
através do saldo resultante da diferença entre as receitas 
próprias (fiscais e não fiscais) e as despesas totais, a 
dependência externa já que os donativos e os créditos, no 
nosso caso, são fundamentalmente (apenas 
fundamentalmente) externos. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
85 
 
Portanto, isso não significa que o Estado não possa ter 
donativos ou créditos internos. 
(iv) O critério do equilíbrio após donativos permite verificar as 
necessidades financeiras do Estado que devem ser financiada 
com recurso ao crédito. É uma análise de grande importância 
do ponto de vista de análise da dívida pública (ponto a ser 
tratado no tema 4). 
 
3. O Ciclo Orçamental em Moçambique: Fases e Competências 
 
De forma genérica, o ciclo orçamental tem no essencial quatro fases 
que compreende: A preparação do Orçamento do Estado, a Discussão 
e Aprovação na Assembleia da República, a Execução e Fiscalização e 
por fim da Conta Geral do Estado. Todavia, de forma desagregada, a 
elaboração da proposta do Orçamento do Estado (OE), obedece as 
seguintes etapas: 
 Etapa 1 (31 de Janeiro): Submissão, ao Ministério de Economia e 
Finanças, das propostas do Balanço do Plano Económico (PES) 
e Social do ano anterior dos sectores, províncias e distritos. 
 
 Etapa 2 (15 de Fevereiro): Submissão do Balanço do PES do ano 
anterior à Assembleia da República. 
 
 Etapa 2 (Fev. – Abril): Elaboração do CenárioFiscal de Médio Prazo 
(CFMP). O CFMP é o instrumento de planificação que garante 
a previsibilidade de recursos para a continuidade da despesa 
dos exercícios anteriores e permite em função do envelope de 
recursos (definidos no Quadro Macro) definir novas despesas 
públicas, através das quais se estabelecem os limites para o 
OE. No caso de Moçambique, o CFMP tem enquadramento legal no 
artigo 45º da Lei nº 9/2002 (Lei do SISTAFE). Mais especificamente, 
o CFMP tem como objectivo de garantir maior articulação entre 
Orçamento do Estado e o PES. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
86 
 
 
 Etapa 3 (31 de Maio): Comunicação de limites de despesa pública 
junto com as Metodologias para elaboração do PES/OE, Plano 
Económico e Social e Orçamento Provincial (PESOD), Plano 
Económico e Social e Orçamento Distrital (PESOD). 
 
 Etapa 4 (20 de Junho – 30 Junho): Submissão das propostas do 
PESOD pelas Direcções Provinciais e Governos Distritais à 
DPPF; Apresentação globalizada dos Programas Económicos e 
Sociais e Orçamento Distrital (PESOD’s) nos Plano Económico 
e Social e Orçamento Provincial (PESOP’s). 
 
 Etapa 5 (12 de Julho – 31 de Julho): Submissão da Proposta do 
PES/OE à Assembleia Provincial; Apreciação da Proposta do 
PES/OE à Assembleia Provincial e submissão das propostas do 
PES/OE ao Ministério de Economia e Finanças. 
 
 Etapa 6 (15 de Setembro): Submissão da proposta do PES/OE ao 
Conselho de Ministros. 
 
 Etapa 7 (30 de Setembro): De acordo com o artigo 25 da Lei nº 
9/2002 (Lei do SISTAFE), o Governo submete até ao dia 30 de 
Setembro de cada ano à Assembleia da República a proposta 
do Orçamento do Estado a que se refere o N.º 1 do artigo 21 
desta Lei. 
 
 Etapa 8 (15 de Dezembro): A Assembleia da República delibera 
sobre a proposta de Lei de Orçamento do Estado e 
Regulamento do Plano Económico e Social até 15 de 
Dezembro de cada ano (Artigo 26 da Lei nº 9/2002 – Lei do 
SISTAFE). 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
87 
 
4. Despesa Pública: Conceito, Classificação e Estrutura 
 
Constitui despesa pública “todo o dispêndio de recursos monetários 
ou em espécie, seja qual fora sua proveniência ou natureza, gastos 
pelo Estado, com ressalva daqueles em que o beneficiário se encontra 
obrigado à reposição dos mesmos” (Artigo 15 da Lei 09/2002 – Lei do 
SISTAFE). 
 
4.1 Classificação e Estrutura 
 
Em qualquer orçamento, a despesa pública deve ser classificada, 
simultaneamente, segundo diversos critérios. Cada um deles fornece 
um tipo específico de informação que permite identificar a natureza, a 
finalidade e a função da despesa pública. Assim, em Moçambique, 
segundo alínea b do artigo 23 da Lei 9/2002, de 12 de Fevereiro – Lei 
do SISTAFE, a despesa pública é classificada de acordo com os 
critérios: 
 Económico; 
 Funcional; 
 Orgânico; e 
 Territorial. 
 
A classificação económica permite identificar a natureza económica da 
despesa (rubricas orçamentais). Segunda esta classificação as despesas 
públicas podem ser: despesas correntes e despesas de capital. 
 
Segundo a classificação funcional a despesa é agregada pelos 
diferentes domínios de intervenção do Estado – as funções e sub- 
funções a que correspondem finalidades específicas (defesa nacional, 
educação, saúde, etc.). 
 
De acordo com a classificação orgânica a despesa pública é 
discriminada por órgão ou instituição do Estado responsável pela 
execução da despesa. Como vantagens, a adopção deste critério 
permite: identificar, de uma forma 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
88 
 
fácil e directa, o departamento/ministério responsável pela execução 
de cada bloco de despesa e, assim, avaliar o seu contributo e 
desempenho no cumprimento dos objectivos e políticas do Governo. 
 
Por último, a classificação territorial permite o registo da despesa 
segundo a divisão territorial do país (Central, Provincial e Distrital). 
 
4.2 Classificação Económica da Despesa 
 
A classificação económica da despesa pública atende apenas à 
natureza económica. De acordo com o período de tempo em que 
produzem os seus efeitos, segundo a classificação económica, as 
despesas públicas podem subdividir-se em: 
 
 Despesas Correntes 
Todas aquelas que o Estado faz no decurso de determinado ano e que 
se esgotam nesse mesmo ano, nomeadamente as despesas com os 
vencimentos dos funcionários públicos ou aquisição de bens não 
duradouros necessários para o funcionamento dos serviços das 
administrações, ou ainda as transferências correntes de pensões de 
reforma e de outros subsídios destinados, sobretudo, ao 
funcionamento do consumo privado das famílias. 
As despesas correntes abarcam cinco grupos agregados principais 
(vide a tabela abaixo): (i) as despesas com o pessoal; (ii) bens e 
serviços necessários ao funcionamento das instituições; (iii) os 
encargos da dívida interna e externa; (iv) as transferências; (v) 
subsídios e; (vi) outras despesas. Um grupo complementar, o sexto, 
compreende despesas referentes ao(s) exercício(s) findo(s). 
 
 
 
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89 
 
Categoria da despesa Descrição 
1.1 Despesas com o 
Pessoal 
Englobam os salários, as remunerações e 
outros abonos que o Estado paga aos 
titulares de cargos políticos e outros agentes 
que prestam serviços ao Estado, aos agentes 
militares e paramilitares. Subdividem-se e, 
dois grupos desagregados: (i) salários e (ii) 
remunerações e outras despesas com o 
pessoal. 
1.2 Bens e Serviços Este grupo agregado de despesa subdivide-
se em Bens e Serviços. A diferença entre 
esses dois grupos consiste na possibilidade 
de exercício de propriedade. Assim, os bens 
tornam-se propriedade do Estado quando 
adquiridos, enquanto que os serviços não. 
1.3 Encargos da 
Dívida 
Os encargos da dívida englobam os juros, as 
comissões bancárias e outras despesas 
decorrentes da contratação ou utilização de 
empréstimos contraídos pelo Estado, no país 
ou fora dele. Incluem, portanto, juros 
internos e juros externos. Note que os 
reembolsos ou as amortizações dos 
empréstimos (o principal) são contabilizados 
como despesas de capital e não como 
encargos da dívida, mais concretamente 
operações financeiras passivas. 
 
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90 
 
Categoria da despesa Descrição 
1.4 Transferências e 
1.5 Subsídios 
Estas são prestações sem contrapartida, ou 
seja, prestações gratuitas. São transacções 
através das quais o governo central fornece 
bens, serviços ou activos a um outro agente, 
sem que em contrapartida receba qualquer 
bem ou serviço desse agente ou do 
beneficiário. As transferências podem ser em 
espécie (bens e serviços). Os subsídios são 
uma forma de transferência a empresas, 
privadas ou públicas, destinadas ao alcance 
do seu equilíbrio financeiro ou garantir níveis 
de preços de certos produtos ou serviços 
básicos inferiores aos custos de produção. 
1.6 Outras Despesas 
Correntes 
Agregam-se neste grupo agregado as 
despesas não classificáveis nos grupos 
anteriores. Tais despesas incluem, por 
exemplo: a dotação provisional cuja gestão é 
da responsabilidade directa do Ministro das 
Finanças para fazer face às despesas 
correntes não previstas e inadiáveis. 
1.7 Exercícios Findos As despesas não pagas dentro do período 
complementar e as dos exercícios 
económicos findos são agregados neste 
grupo. Incluem-se os salários e 
remunerações do pessoal, outras despesas 
com o pessoal, bens e serviços. 
 
 
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91 
 
 Despesas de CapitalCorresponde as despesas realizadas num determinado ano mais cujos 
efeitos se prolongarão nos períodos seguintes, que englobam não só a 
construção e compra de bens duradouros (investimentos em capital 
fixo – infrastruturas, equipamentos, máquinas, tecnologia…) como as 
compras de acções ou reembolsos de empréstimos ou mesmo as 
transferências de capital que irão contribuir para a formação bruta de 
capital fixo dos outros agentes económicos. 
As despesas de capital dividem-se em três grupos desagregados: (i) 
bens de capital; (ii) transferências de capital, e (iii) outras despesas de 
capital. 
 
4.3 Determinantes da Despesa Pública – Teorias Explicativas 
 
Algumas hipóteses sobre o comportamento dinâmico das despesas 
públicas têm sido formuladas. Ainda que Adam Smith tenha observado 
a tendência da evolução dos gastos públicos, foi com a sugestão de 
Adolph Wagner que uma hipótese de explicação deste fenómeno se 
tornou verificável. Sobre o mesmo assunto, pode-se também destacar 
as contribuições de Peacock/Wiseman e Musgrave/Rostow/Herber. 
 
1. A Lei de Wagner 
 
A lei de Wagner diz que com o crescimento da renda de um país, o 
sector público ganha maior participação na economia, ou seja, o 
sector público cresce a taxas maiores do que a economia como um 
todo. As explicações para esse fenómeno são: (i) crescimento traz 
maiores demandas por bens públicos e semi-públicos, tais como ruas, 
hospitais, etc; (ii) aumento das necessidades relacionadas com o bem-
estar (educação, saúde, previdência social, etc.); (iii) surgimento de 
estruturas de competição imperfeita, com necessidade de maior 
intervenção governamental. 
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92 
 
Por detrás destes argumentos compreende-se que a renda per capita, 
a população, a densidade demográfica, o grau de urbanização são 
variáveis importantes na análise e determinação do crescimento da 
despesa pública nas diferentes funções exercidas pelo Estado. 
 
2. Contribuição de Peacock e Wiseman 
 
Para Peacock e Wiseman (1961), o crescimento dos gastos deriva das 
possibilidades de obtenção de recursos. Em face de períodos 
particulares de instabilidade na sociedade (como guerras), os agentes 
públicos, a coberto desses momentos, alteram quer a estrutura dos 
gastos quer a formalidade das receitas. Ultrapassadas essas fases 
extraordinárias, há uma fase de ajustamento recíproca (entre agentes 
públicos e o conjunto dos restantes agentes económicos) mas com 
uma fraca possibilidade de que a estrutura, sobretudo, dos gastos 
regresse ao padrão anterior. 
 
A hipótese de explicação deste fenómeno, segundo Peacock e 
Wiseman (1961), está patente no facto de que os agentes económicos 
se ajustam a um determinado nível de fiscalidade em períodos de 
estabilidade social o que condiciona a evolução (taxas de crescimento) 
das despesas efectuadas pelo Estado. 
 
3. Contribuição de Musgrave, Rostow e Herber 
 
Estes autores relacionam o crescimento dos gastos públicos com os 
estágios de crescimento do país. Nos estágios iniciais do 
desenvolvimento haveria maior demanda por gastos do governo 
(estradas, educação, saúde, etc.). Nos estágios intermediários de 
desenvolvimento haveria uma demanda para que o sector público 
desempenhasse um papel de complementaridade dos investimentos 
privados. Por fim, em estágios de maior desenvolvimento, os gastos 
públicos voltam a crescer novamente (em relação aos investimentos 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
93 
 
privados) devido a factores similares aos contidos na lei de Wagner. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Marque V as afirmações verdadeiras e F as afirmações falsas 
 
1. De forma simples, podemos definir Orçamento do Estado como 
sendo um documento no qual: 
a) Estão previstas as receitas e despesas. 
b) Estão fixadas as receitas e previstas as despesas. 
c) Estão fixadas as despesas e previstas as receitas. 
d) Estão fixadas as receitas e as despesas. 
 
2. “A totalidade de receitas orçamentais deve servir para 
financiar a totalidade das despesas orçamentais”. Está 
afirmação é referente ao seguinte princípio/regra orçamental: 
a) Especificação. 
b) Equilíbrio. 
c) Não compensação 
d) Universalidade 
 
3. “As receitas e as despesas devem ser inscritas pelos seus 
valores brutos”. Nesta frase está subjacente o seguinte 
princípio/regra orçamental: 
a) Não consignação. 
b) Especificação. 
c) Não compensação. 
d) Universalidade. 
 
4. No contexto da discussão sobre classificação e estrutura de 
despesa, referimos que em Moçambique, a despesa pública é 
classificada de acordo com criterios: 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
94 
 
a) Funcional, económica, orgânica e programática. 
b) Sectorial, orgânica, territorial e económica. 
c) Distrital, provincial, funcional e orgânica. 
d) Económica, orgânica, funcional e territorial. 
 
5. De acordo com o período de tempo em que produzem os seus 
efeitos, segundo a classificação económica, as despesas 
públicas podem subdividir-se em: 
a) Despesas patrimoniais e despesas efectivas. 
b) Despesas efectivas e despesas correntes. 
c) Despesas correntes e despesas de capital. 
d) Despesas de investimento e despesas patrimoniais. 
 
6. No estudo dos determinantes de crescimento da despesa 
pública, Wagner formulou uma lei explicativa do crescimento 
da despesa pública, segundo a qual: 
a) Com o crescimento da renda de um país, o sector público 
ganha maior participação na economia, isto é, o sector público 
cresce a taxas maiores que a economia como um todo. 
b) Com a industrialização de um país, o sector público reduz o seu 
papel na provisão de bens públicos e semi-públicos. 
c) O crescimento dos gastos públicos deriva das possibilidades de 
obtenção de recursos. 
d) O crescimento das despesas públicas resulta do aumento das 
necessidades relacionadas com o bem-estar (educação, saúde, 
previdência social, etc). 
 
7. Os modelos macroeconómicos procuram analisar o 
crescimento dos gastos públicos ao longo do tempo. Os 
modelos que tentam associar o crescimento dos gastos 
públicos com os estágios de crescimento do país foram 
desenvolvidos por: 
a) Peacock, Wiseman e Wagner. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
95 
 
b) Adolph Wagner. 
c) Peacock, Wiseman e Herber. 
d) Musgrave, Rostow e Herber. 
 
8. Dentre vários fenómenos que explicam o crescimento da 
despesa pública, Wagner apontou os seguintes: 
a) Industrialização dos países através da substituição das 
importações. 
b) Surgimento de estruturas de competição imperfeita, com 
necessidade de maior intervenção governamental. 
c) Crescente militarização das nações. 
d) Redução da taxa de crescimento populacional. 
 
9. Analisando, historicamente, o sector público tem, ao longo do 
último século, aumentado as suas funções no plano económico 
e social. Uma das razões básicas para que isto suceda prende-
se com: 
a) Crises económicas a escala mundial. 
b) Necessidade de estruturação e afirmação do processo de 
industrialização, no caso dos países subdesenvolvidos. 
c) Crescente militarização das nações. 
d) Redução da taxa de crescimento populacional. 
 
10. As contribuições de Musgrave, Rostow e Herber no tange às 
explicações do crescimento da despesa pública é indiscutível. 
Para explicar o crescimento da despesa pública estes autores 
associam: 
a) A renda per capita com níveis de crescimento dos gastos 
públicos. 
b) O crescimento dos gastos públicos com os estágios de 
crescimento do país. 
c) A demanda por bens públicos e semi-públicos com crescimento 
dos gastos públicos. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
96 
 
d) Osestágios de desenvolvimento com a necessidade de maior 
intervenção governamental. 
 
 
 
 
Exercícios de AVALIAÇÃO 
Caro estudante, responda de forma clara e objectiva as questões que 
se seguem. 
 
1. “O Orçamento do Estado é um documento no qual estão 
previstas as receitas a arrecadar e fixadas as despesas a realizar 
num determinado exercício económico”. Partindo desta 
definição explique porquê no orçamento as receitas são 
previstas e as despesas são fixadas. 
 
2. Considerando as regras ou princípios de organização 
orçamental: 
a) Justifique a sua importância no processo orçamental 
Moçambicano. 
b) Escolha três delas, caracterize-as e explique as razões da 
existência de eventuais excepções legais ao seu cumprimento. 
 
3. Em qualquer orçamento, a despesa pública deve ser 
classificada, simultaneamente, segundo diversos criterios. Diga 
qual a importância da distinção entre a classificação funcional e 
orgânica da despesa. 
 
4. No contexto da despesa pública, Wagner formulou teorias 
sobre o comportamento dinâmico das despesas públicas. Ainda 
sobre o mesmo assunto, Musgrave, Rostow e Herber 
apresentaram suas contribuições. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
97 
 
a) Enuncie a Lei de Wagner 
b) Apresente as diferenças entre o pensamento de Wagner com 
autores como Musgrave, Rostow e Herber no que toca aos 
factores explicativos do crescimento da despesa pública. 
 
5. Tomando em consideração a situação da economia 
moçambicana, reflicta sobre os possíveis determinantes do 
crescimento da despesa pública entre (2014-2015). Qual é a 
teoria que melhor se enquadra para explicar tal tendência? 
 
UNIDADE TEMÁTICA II: EXECUÇÃO, FISCALIZAÇÃO E 
CONTROLO DO ORÇAMENTO DO ESTADO. A CONTA 
GERAL DO ESTADO 
INTRODUÇÃO 
Após a aprovação no Parlamento, a promulgação presidencial e a 
respectiva publicação (em Boletim da República, tal como qualquer 
outro diploma legal), o orçamento entra em vigor, isto é, começa a ser 
executado. Tal significa, em termos muito simples, que ao longo de 
doze meses vão ser obtidas as receitas previstas (natureza e 
montantes) de modo a realizar as despesas fixadas (natureza e 
montantes) e desta forma concretizar os objectivos, as prioridades e 
as metas da política orçamental e das políticas sectoriais. 
Ainda durante esta actividade, faz-se o acompanhamento e controle 
administrativo da execução do Orçamento do Estado, por foma a 
prevenir, detectar ou corrigir problemas, erros e irregularidades. 
Pretende-se, desta forma, assegurar a subordinação da administração 
financeira à política financeira do governo. 
A presente unidade apresenta o processo da execução orçamental 
evidenciando as suas regras. Adicionalmente, iremos abordar o 
processo de fiscalização e controlo do orçamento olhando para o 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
98 
 
papel de cada instituição neste processo. Por último, iremos descrever 
o processo da elaboração da Conta Geral do Estado. 
 
 
Objectivos 
Específicos 
Ao completar esta unidade, espera-se que você seja capaz de: 
 
 Enunciar as regras gerais de execução do orçamento; 
 Explicar as regras de execução das despesas e das receitas; 
 Identificar as instituições responsáveis pela fiscalização e 
controlo do orçamento assim como da elaboração da Conta 
Geral do Estado; 
 Descrever os resultados, constrangimentos e desafios do 
SISTAFE na gestão financeira do Estado. 
 
 
2.1 Execução Orçamental 
Entende-se por execução orçamental ao conjunto de actos e 
operações de gestão financeira e de tesouraria praticados para cobrar 
as receitas e realizar as despesas inscritas ou para prover ao respectivo 
ajustamento. 
 
2.2 Execução do Orçamento – Regras Gerais 
 
Para dar inicio á execução orçamental, o Governo aprova as 
disposições que se mostrem necessárias, sem prejuízo da imediata 
aplicação das normas da Lei do Orçamento do Estado que sejam 
directamente exequíveis. 
Compete ao Governo executar e fazer executar o orçamento, sendo 
para tal coadjuvado pelo conjunto da Administração Pública. A 
execução orçamental deverá obedecer a dois princípios básicos: o da 
utilização mais racional possível das dotações orçamentais aprovadas 
e o da melhor gestão de tesouraria. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
99 
 
Na execução do orçamento, o Governo deverá respeitar as leis em 
geral (legalidade genérica) e o próprio orçamento (legalidade 
especifica): 
 Não poderá liquidar e cobrar, nem inscrever no orçamento, 
uma receita que não esteja autorizada por lei. A cobrança de 
um imposto pode, todavia, superar o montante inscrito no 
orçamento, já que, ao contrário das despesas, para as quais são 
fixadas limites máximos, as receitas são uma previsão. Podem 
variar de acordo com a conjuntura económica e outros factores 
que estão fora do controlo do Governo. 
 Não poderá realizar despesas que, além de terem base legal, 
não se encontrem inscritas no orçamento ou não tenham 
cabimento na correspondente verba orçamental, isto é, 
superem o montante de verba fixado no orçamento. 
A obrigatoriedade das receitas cobradas e das despesas efectuadas 
terem que estar necessariamente inscritas no orçamento chama-se 
tipicidade orçamental. De referir que a tipicidade orçamental 
apresenta naturezas distintas, consoante se trate do orçamento das 
despesas ou do orçamento das receitas: 
 No caso das receitas, apenas se condiciona a espécie de receita 
que poderá ser inscrita no orçamento (tipicidade qualitativa), 
não o seu montante. 
 No caso das despesas, pelo contrário, impõem-se limites aos 
montantes que poderão ser gastos (tipicidade quantitativa). 
Elas não poderão exceder as dotações globais fixadas no 
orçamento: são autorizadas em espécie e em quantidade. 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
100 
 
2.2.1 Fases da Execução do Orçamento 
Uma vez aprovado o orçamento e iniciado o ano económico, 
começam-se a cobrar as receitas e a pagar despesas. O processo de 
execução orçamental compreende a execução de receitas e a 
realização das despesas. 
 
a) Execução das Receitas 
Na execução de receitas deve-se respeitar o princípio da legalidade. 
Ela só pode ser cobrada se não ferir as leis em geral e a própria Lei 
Orçamental. A receita só poderá ser cobrada se tiver existência legal e 
se estiver inscrita no orçamento. 
A execução das receitas compreende as três fases seguintes: 
 Lançamento e procedimento administrativo de verificação da 
ocorrência do facto gerador da obrigação; 
 Liquidação, cálculo do montante da receita devida e 
identificação do respectivo sujeito passivo; 
 Cobrança, acção de cobrar, receber ou tomar posse da receita 
e subsequente entrega ao Tesouro Público. 
 
b) Execução das Despesas 
Na realização das despesas a lei estabelece as despesas só poderão ser 
assumidas durante o ano económico para o qual estiveram 
orçamentadas e deverão respeitar os princípios de economia 
(minimização dos custos), eficiência (maximizar os resultados), e 
eficácia (obtenção dos resultados pretendidos). 
O processo de execução das despesas é bastante mais complexo que o 
das receitas. Em primeiro lugar, a despesa tem de ser legal, tem de 
estar inscrita numa classe e verba prevista no Orçamento do Estado, e 
tem de ter cabimento orçamental (ou seja, tem de haver verba 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
101 
 
disponível). No caso das despesas obrigatórias, a utilização da dotação 
orçamental - do montante inscrito na rubrica de despesa - é 
obrigatória, enquanto que no caso das despesas facultativas a sua 
utilização é opcional. 
A realização das despesascompreende as três fases seguintes: 
 Cabimento, acto administrativo de verificação, registo e cativo 
do valor do encargo a assumir pelo Estado; 
 Liquidação, apuramento do valor que efectivamente há a pagar 
e emissão da competente ordem de pagamento; 
 Pagamento ou entrega de importância em dinheiro ao titular 
do documento de despesa. 
As despesas que sejam reconhecidas judicialmente no exercício em 
curso, pertencentes a exercícios anteriores mas neles não liquidadas, 
são pagas na rubrica adequada do Orçamento do Estado desse 
exercício em curso. 
Pode ser autorizada a realização de despesas sob o regime de 
adiantamentos em numerário, denominado fundo de maneio, para 
atender despesas cujos valores sejam de pequena monta e para as 
quais se dispense o cumprimento do normal processo de realização de 
despesas. 
Compete ao Governo aprovar, quer os limites máximos para a 
realização das despesas a que se refere o parágrafo anterior, quer as 
dotações a este regime sujeitas, quer ainda á regulamentação sobre a 
sua concessão, aplicação e prestação de contas. 
 
3. Fiscalização e Controlo da Execução Orçamental 
Durante o ano económico faz-se a fiscalização e controle 
administrativo da execução do orçamento do Estado, de forma a 
prevenir, detectar ou corrigir problemas, erros e irregularidades. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
102 
 
Pretende-se, desta forma, assegurar a subordinação da administração 
financeira à política financeira do governo. Mais concretamente, que: 
 A arrecadação e afectação de recursos seja feita de acordo com 
o que vem estipulado no orçamento do Estado, de forma a 
evitar-se uma má utilização dos dinheiros públicos e a 
ocorrência de desperdícios; 
 Os objectivos que se pretende alcançar com a execução 
orçamental, e que vêm definidos no Plano Económico e Social 
(PES), estejam a ser efectivamente cumpridos. 
 
3.1 Fiscalização do Orçamento 
 
A fiscalização do orçamento é um processo que consiste em averiguar 
se os serviços cumpriram a sua obrigação de cobrar as espécies de 
receitas previstas no Orçamento do Estado, bem como verificar se 
cada uma das despesas realizadas pelos serviços está prevista no 
Orçamento do Estado e se cabe na respectiva dotação. 
Uma vez executado o orçamento e aprovada a Conta Geral do Estado, 
chega o momento de prestação de contas: de se detectarem os erros e 
as irregularidades cometidas durante a execução orçamental e de se 
apurarem responsabilidades. 
Para tal, procede-se a fiscalização da actividade dos órgãos e 
funcionários autorizados a cobrar receitas e a realizar gastos, os quais 
respondem civil, criminal e disciplinarmente pelos actos ou omissões 
que pratiquem no âmbito do exercício das suas funções de execução 
orçamental. 
A fiscalização visa assegurar que a execução orçamental não sofra 
desvios, cumprindo-se assim os objectivos e a estratégia definidos no 
orçamento. Procura-se garantir que o Executivo se mantém dentro 
dos limites impostos pela lei - os quais foram determinados pela 
Assembleia da Republica aquando da 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
103 
 
aprovação da Lei do Orçamento - e evitar o desperdício e a má 
utilização dos dinheiros públicos. 
A fiscalização tem normalmente em vista as despesas, uma vez que o 
montante das receitas é uma estimativa e esta sujeito a variações, 
dependendo da conjuntura económica, entre outros factores. A sua 
fiscalização é, por isso, menos rigorosa: limita-se a averiguar se as 
receitas foram correctamente liquidadas e contabilizadas. 
No caso das despesas, confere-se a sua legalidade, regularidade e 
cabimento orçamental (fiscalização material), bem como o respeito 
pelos princípios de economia, eficiência e eficácia (fiscalização 
económica). 
Em Moçambique a fiscalização do orçamento é feita pelo Tribunal 
Administrativo (fiscalização jurisdicional), pela Assembleia da 
República (fiscalização politica) e pela própria Administração Pública 
(fiscalização administrativa): 
 Compete ao Tribunal Administrativo fiscalizar as despesas 
públicas e apreciar as contas do Estado. 
 Cabe, por sua vez, á Assembleia da República pronunciar-se e 
decidir sobre o relatório de execução do orçamento do Estado 
elaborado pelo Tribunal Administrativo. 
 Por último, a entidade responsável pela gestão e execução do 
orçamento, as entidades hierarquicamente superiores e de 
tutela, os serviços de contabilidade pública e os órgãos gerais 
de inspecção têm o dever e a obrigação de acompanhar, 
inspeccionar e controlar a execução orçamental. 
 
NOTA: A fiscalização jurisdicional assume uma especial importância, 
não só pela sua "forca", mas também pelo facto de depender de um 
órgão externo e independente do Governo. Garante-se, assim, a 
separação do poder executivo e 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
104 
 
jurídico, essencial para o funcionamento de qualquer democracia. 
É preciso salientar que a fiscalização não incide apenas sobre a Conta 
Geral do Estado - não é feita somente depois de ser executado o 
orçamento. Ela é também realizada ao longo da própria execução 
orçamental. Trata-se, neste caso, de uma fiscalização prévia, por 
oposição a fiscalização sucessiva, que se traduz numa verificação da 
legalidade e da regularidade das receitas e da realização das despesas. 
 
3.2 Controlo Orçamental 
O controlo orçamental é um processo que consiste na verificação da 
legalidade e regularidade de toda e qualquer receita cobrada e 
despesa realizada segundo princípios estabelecidos pela legislação 
atinente a matéria. 
O controlo orçamental de dinheiros públicos tem duas ordens de 
fundamentos: I) fundamentos jurídico-políticos - assegurar que o 
executivo se mantém dentro do limite da lei e dos que lhe foram 
assinalados pelo parlamento, através da aprovação de lei do 
orçamento e II) fundamentos económicos - evitar os desperdícios e a 
má utilização dos recursos públicos. Por isso, o controlo pode assumir 
as formas de controlo jurídico-político ou controlo económico, 
constante o predomínio de um ou de outro tipo de critério 
No plano jurídico, o controlo pode assumir duas formas principais: 
fiscalização e responsabilização. Fala-se de fiscalização (ou inspecção) 
quando um órgão ou entidade pratica os actos necessários para 
prevenir, apurar ou corrigir erros ou irregularidades da execução 
orçamental e ajustar aos objectivos. Fala-se de responsabilização 
quando o objectivo do controlo é o apuramento de eventuais erros ou 
irregularidades, quer para ilibar as entidades controladas, quer para 
promover a respectiva efectivação das formas de responsabilidade 
que ocorrem. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
105 
 
No controlo em geral podem ser distinguir o controlo genérico e o 
especifico. O controlo genérico recorre aos meios ou instrumentos 
comuns para fiscalizar eventuais ocorrências negativas ou para apurar 
as respectivas responsabilidades. Assim, por exemplo, pode-se exercer 
o controlo financeiro por via da tutela administrativa ou da 
efectivação da responsabilidade disciplinar, ou o controlo jurisdicional 
dos crimes, mediante inquérito preliminar ou processo-crime, ou o 
controlo politico-parlamentar, mediante interpelações, perguntas ao 
governo, requerimentos parlamentares, monções de censura ou 
inquéritos parlamentares. 
O controlo financeiro específico é exercido por meios próprios, 
exclusivos e adequados á actividade financeira, este é fundamental na 
actuação política ou administrativa dos órgãos do Estado. 
NOTA: o controlo pode ser feito dentro de uma instituição (Controlo 
Interno) ou fora dela (Controlo Externo). Ainda referir que destacam-
se dois tiposde controlo interno. O Controlo Interno 
Contabilístico/financeiro que visa garantir a fiabilidade dos registos, 
facilitar revisão das opções financeiras autorizadas pelos responsáveis 
e a salvaguarda dos activos. O Controlo Interno Administrativo que 
compreende o controlo hierárquico e dos procedimentos e registos 
relacionados com o processo de tomada de decisões e, portanto, 
planos, politicas, e objectivos definidos pelos responsáveis. 
O controlo Interno da execução orçamental é feito pelas entidades 
responsáveis pela gestão e execução do orçamento, as entidades 
hierarquicamente superiores e de tutela, os serviços de contabilidade 
pública e os órgãos gerais de inspecção. 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
106 
 
3.3 A Conta Geral do Estado 
 
Define-se a Conta Geral do Estado como um documento no qual estão 
apresentadas as receitas arrecadadas e as despesas efectuadas num 
determinado ano económico, assim como os devedores e credores 
existentes no fim do ano. 
Ela tem pôr objecto evidenciar a execução orçamental e financeira, 
bem como apresentar o resultado do exercício e a avaliação do 
desempenho dos órgãos e instituições do Estado e deve ser 
apresentada anualmente à Assembleia da República pelo Governo. 
A Conta Geral do Estado evidenciará os ordenadores e gestores de 
despesas inscritos em “Responsabilidades Diversas” em decorrência 
de irregularidades apuradas nos processos de prestação de contas ou 
da não apresentação dos mesmos. A Conta Geral do Estado: 
 Deve ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de 
modo a possibilitar a sua análise económica e financeira; 
 
 Deve reflectir a observância do grau de cumprimento dos 
princípios de regularidade financeira, legalidade, 
economicidade, eficiência e eficácia na obtenção e aplicação 
dos recursos públicos colocados à disposição dos órgãos e 
instituições do Estado; 
 
 Deve ser elaborada com base nos princípios e regras de 
contabilidade geralmente aceitas, tendo em vista reflectir a 
situação financeira e os resultados da execução orçamental dos 
órgãos e instituições do Estado. 
 
O artigo 50 da Lei 09/2002 – Lei do SISTAFE, estabelece como prazos 
referentes à apresentação e aprovação da Conta Geral do Estado os 
seguintes: 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
107 
 
 O Governo deve apresentar à Assembleia da República e ao 
Tribunal Administrativo a Conta Geral do Estado, até ao dia 31 
de Maio do ano seguinte àquele a que a referida conta 
respeite; 
 
 O relatório e o parecer do Tribunal Administrativo sobre a 
conta Geral do Estado devem ser enviados à Assembleia da 
República até ao dia 30 de Novembro do ano seguinte àquele 
em que a Conta Geral do Estado respeite; 
 
 A Assembleia da República aprecia e aprova a Conta Geral do 
Estado, na sessão seguinte à entrega do Relatório e Parecer 
pelo Tribunal Administrativo. 
 
 
4. SISTAFE na Macro-Gestão Financeira do Estado 
 
Em Junho de 2001 foi aprovada a "Estratégia Global de Reforma do 
Sector Público". Como parte integrante deste programa de reforma foi 
iniciada a implementação do programa de modernização da 
Administração Financeira do Estado - 1, através de vários estudos 
efectuados. 
 
A Lei 9/2002, de 12 de Fevereiro de 2002, denominada de Lei do 
SISTAFE, redirecciona o Sistema de Gestão das Finanças Públicas para 
uma nova filosofia de gestão orçamental, financeira e patrimonial 
integrada, descentralizada e com abrangência à todos os Órgãos e 
Instituições do Estado, alicerçada num sistema de contabilidade em 
partidas dobradas. 
 
Considera-se por Sistema de Administração Financeira do Estado 
(SISTAFE) – o conjunto de órgãos, subsistemas, normas e 
procedimentos administrativos que tornam possível a obtenção da 
receita, a realização da despesa e a gestão do património do Estado, 
incluindo suas aplicações e 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
108 
 
correspondentes registos. Compreende também a obtenção e gestão 
das receitas que não determinem alterações ao património do Estado. 
Do ponto de vista de aplicabilidade, o SISTAFE aplica-se a todas as 
instituições e agências do Estado, incluindo aquelas com autonomia 
administrativa e financeira. Também é aplicável às empresas públicas 
(Empresas do Estado) e às autarquias, excepto em relação à prestação 
de contas, que é governada por regulamentação específica. 
Convém salientar que ainda dentro do SISTAFE temos o e-SISTAFE – 
que é um pacote informático que suporta o SISTAFE e atende a todos 
os procedimentos previstos no regulamento do SISTAFE e nos seus 
instrumentos complementares. 
 
4.1 Objectivos do SISTAFE 
O Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE), foi criado 
através da Lei 09/2002 e regulamentado pelo Decreto 23/2004 e tem 
os seguintes objectivos: 
 
 Estabelecer e harmonizar regras e procedimentos de 
programação, gestão, execução, controlo e avaliação dos 
recursos públicos; 
 
 Desenvolver subsistemas que proporcionem informação 
oportuna e fiável sobre o comportamento orçamental e 
patrimonial dos órgãos e instituições do Estado; 
 
 Estabelecer, implementar e manter um sistema contabilístico 
de controlo da execução orçamental e patrimonial, adequado 
às necessidades de registo, da organização da informação e da 
avaliação do desempenho das acções desenvolvidas no 
domínio da actividade financeira dos órgãos e instituições do 
Estado; 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
109 
 
 Estabelecer, implementar e manter o sistema de controlo 
interno eficiente e eficaz e procedimentos de auditoria interna, 
internacionalmente aceitos; 
 
 Estabelecer, implementar e manter um sistema de 
procedimentos adequados a uma correcta, eficaz e eficiente 
condução económica das actividades resultantes dos 
programas, projectos e demais operações no âmbito da 
planificação programática delineada e dos objectivos 
pretendidos. 
 
4.2 Princípios Fundamentais do SISTAFE 
 
O SISTAFE, no seu funcionamento, rege-se por um conjunto de 
princípios fundamentas, designadamente: 
 Regularidade financeira - execução do orçamento do Estado 
em harmonia com as normas vigentes e mediante o 
cumprimento dos prazos estabelecidos; 
 
 Legalidade – observância das normas legais vigentes; 
 
 Economicidade – utilização racional dos recursos 
disponibilizados, bem como uma melhor gestão de tesouraria; 
 
 Eficiência - minimização dos desperdícios para a obtenção dos 
objectivos delineados. 
 
 
4.3 Os Subsistemas do SISTAFE 
 
O SISTAFE é composto por 5 subsistemas, nomeadamente: 
1. Subsistema do Orçamento do Estado (SOE) 
2. Subsistema do Tesouro Público (STP) 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
110 
 
3. Subsistema da Contabilidade Pública (SCP) 
4. Subsistema do Património do Estado (SPE) 
5. Subsistema do Controlo Interno (SCI) 
 
 
4.4 Estrutura funcional dos subsistemas 
 
Os órgãos e instituições do Estado exercem suas funções, no âmbito 
do SISTAFE, por intermédio de unidades funcionais, designadas de 
subsistemas, assim denominadas: 
1) Unidade se Supervisão (US) – São responsáveis pela orientação 
e supervisão técnica do Subsistema a que pertence, sendo que 
nos Órgãos Centrais e em todos os Órgãos Locais (Províncias) 
existe uma única Unidade de Supervisão para cada Subsistema 
do SISTAFE, também responsável pela normalização do 
Subsistema a que pertence. 
2) Unidades Intermédias (UI) - São especializadas numa ou em 
mais funções em cada Subsistema e representam o elo de 
ligação entre a US e as Unidades Gestoras Executoras, 
possibilitando a aplicação do princípio da desconcentraçãodos 
procedimentos dos macro- processos do SISTAFE, sendo que 
nos Órgãos Centrais e em todos os Órgãos Locais (Províncias) 
existe uma UI para cada Subsistema do SISTAFE, classificadas 
como sectoriais, provinciais ou distritais, de acordo com a 
necessidade de desconcentração. 
3) Unidade Gestora Executora – (UGE) - são órgãos e instituições 
do Estado que têm a capacidade administrativa de executar os 
procedimentos estabelecidos nos macro processos do SISTAFE 
e apoiam as Unidades Gestoras Beneficiárias - UGB a ela 
vinculadas. 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
111 
 
4) Unidade Gestora Beneficiária (UGB) - São todos os órgãos e 
instituições do Estado destinatários de uma parcela do 
Orçamento do Estado ou detentora de uma parcela do 
Património do Estado, não tendo a capacidade de execução 
orçamental e financeira no e-SISTAFE precisando, para tanto, 
do apoio das Unidades Gestoras Executoras – UGE, e sendo de 
competência das UGB’s. 
 
 
4.5 Conta Única do Tesouro – CUT 
 
A Conta Única do Tesouro “ é uma conta bancária de tipo piramidal 
com as necessárias subcontas, através da qual se movimenta quer a 
arrecadação e cobrança de receitas quer o pagamento de despesas, 
seja qual for proveniência” (Artigo 74 do Decreto n° 23/2004, que 
aprova o regulamento do SISTAFE). É vedada a abertura de contas 
bancária de que seja unicamente titular qualquer órgão ou instituição 
do Estado. 
A CUT é estruturado no Plano Básico de Contabilidade Pública em que 
cada órgão o instituição do Estado tem uma conta contabilística que 
representa a sua parcela na CUT. Os saldos das disponibilidades da 
CUT deverão ser igual aos saldos das contas contabilísticas 
representativas da CUT no Plano Básico de Contabilidade Pública 
(PBCP). 
A CUT é movimentada por transacções no e-SISTAFE e trata da 
cobrança de receitas e pagamentos de despesas liquidadas ou 
adiantamento de fundos. 
Importa referir que o Banco de Moçambique, no seu papel de Caixa de 
Estado é responsável pela administração, supervisão e manutenção de 
regras de funcionamento da CUT. 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
112 
 
4.6 Modalidade de execução da despesa 
 
As despesas financiadas por recursos que transitam pela CUT serão 
executadas pelas UGE’s por intermédio de uma das seguintes 
modalidades: 
 Como regra, “Via Directa”, que tem como principais 
características o cumprimento das três fases da despesa 
(cabimento, liquidação e pagamento) em ordem sequencial 
compulsória, sendo que tanto o cabimento quanto o 
pagamento são direccionados aos beneficiários finais 
(fornecedores, prestadores de serviços, etc.); 
 Excepcionalmente, “Via Indirecta”, com a utilização dos 
instrumentos especiais “Adiantamento de Fundos” UGB – 
consiste na entrega de numerário a determinada UGB, pela 
execução do Orçamento por uma UGE que a apoie. No caso da 
“via indirecta”a realização de despesas pelas UGE’s faz-se a 
partir da requisição de fundos apresentada pelas UGB’s. 
 
4.7 Resultados, Constrangimentos e Desafios do SISTAFE 
 
A aprovação do SISTAFE resultou da reforma do sistema de 
administração financeira herdado da administração colonial, de forma 
a introduzir legislação e modelos de gestão mais adequados às 
necessidades de uma administração pública moderna. 
 
Volvidos mais de 10 anos de implementação do SISTAFE, pode-se, de 
forma genérica, apontar-se alguns resultados, constrangimentos e 
desafios do SISTAFE. 
 
1. Resultados do SISTAFE 
 
 Na Politica Cambial: Devido a manutenção da moeda 
estrangeira na Conta Única do Tesouro, no Banco de 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
113 
 
Moçambique, tem proporcionado uma estabilidade cambial, 
aumentando as disponibilidades financeiras em moedas 
estrangeiras no BM. 
 
 Na Execução Tributária: optimização da receita, 
nomeadamente, no que tange a: (i) Obrigatoriedade do uso do 
NUIT na execução da despesa, contribuindo para o 
alargamento d base tributaria; (ii) Maior visibilidade dos 
pagamentos efectuados aos fornecedores do Estado, 
contribuindo para o controlo fiscal; e (iii) Retenção na fonte do 
IRPS para funcionários públicos e serviços de consultoria. 
 
 Na Politica Fiscal: Com a unificação da tesouraria do Estado 
através da Conta Única do Tesouro (CUT), passou a registar-se 
melhorias no controlo de liquidez, resultando em maior 
disponibilidade de recursos para o Tesouro Publico. Deixou de 
existir imobilização de recursos destinados ao pagamento dos 
fornecedores do Estado. Passou haver maior controlo 
financeiro e consequente redução da emissão de Bilhetes de 
Tesouro, resultando num maior controlo da política monetária. 
 
 Pagamento de Salários e Pensões: A utilização da base de 
dados específicos no e-SISTAFE para o pagamento de salários e 
pensões contribui em grande medida no seguinte: (i) Redução 
do número de funcionários e pensionistas “fantasmas”; (ii) 
Pagamento directo no domicílio bancário dos funcionários e 
pensionistas do Estado; e (iii) Transparência e disponibilização 
das informações sobre direitos e obrigações remuneratórias. 
De um modo geral pode-se dizer que o SISTAFE teve como resultados: 
(i) Melhoria na gestão das finanças públicas; 
(ii) Melhoria da informação sobre os gastos públicos; 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
114 
 
(iii) Redução de riscos de desvio dos fundos; 
(iv) Aumento da racionalidade na utilização de fundos públicos 
(v) Maior flexibilidade na tramitação de processos administrativos; 
(vi) Aumento da eficiência no intercâmbio institucional com outros 
órgãos do Estado. 
 
2. Constrangimentos do SISTAFE 
Do ponto de vista de constrangimentos enfrentados pelo SISTAFE 
pode-se elencar os seguintes: 
 Insuficiência de instituições bancárias nas zonas rurais impede 
a implementação do SISTAFE; 
 Fraco domínio das tecnologias de informação por parte dos 
funcionários que lidam com o sistema; 
 Fraca expansão das redes de telecomunicações e das 
tecnologias de informação a nível nacional; 
 Para realização duma despesa por via deste sistema impõe-se 
que intervenha pelo menos três usuários, onde na ausência de 
um inviabiliza o encerramento do ciclo completo duma 
despesa. 
 
3. Desafios do SISTAFE 
Partindo dos constrangimentos do SISTAFE pode-se identificar 
como desafios os seguintes: 
 Implementação do SISTAFE em todo o país (a nível provincial e 
distrital); 
 Expansão das redes de comunicação e telecomunicações em 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
115 
 
todo o território nacional; 
 Bancarização de todos os distritos e das zonas rurais; 
 Formação e capacitação dos funcionários públicos em matéria 
do SISTAFE, e-SISTAFE e das tecnologias de informação 
principalmente para aqueles funcionários que lidam 
directamente com SISTAFE e o e-SISTAFE. 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Marque V as afirmações verdadeiras e F as afirmações falsas 
 
1. A execução orçamental pode ser definida como um processo 
de: 
a) Discussão e aprovação do orçamento de Estado. 
b) Fiscalização das receitas e despesas inscritas no orçamento. 
c) Arrecadação de receitas e realização de despesas. 
d) Acompanhamento do processo orçamental. 
 
2. A execução das receitas obedece as seguintes fases: 
a) Legalidade, tipicidade e regularidade financeira. 
b) Lançamento, liquidação e cobrança. 
c) Liquidação, cobrança e Verificação. 
d) Cobrança, verificação e tipicidade. 
 
3. A execução das despesas compreende as seguintes fases: 
a) Cabimento, liquidação e pagamento 
b) Lançamento, liquidação e cobrança 
c) Cabimento, lançamento e cobrança 
d) Lançamento, cabimentoe pagamento 
 
4. Em Moçambique a fiscalização do orçamento é feita por várias 
instituições. Todavia, a fiscalização de cada uma delas tem 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
116 
 
denominação específica. Assim, a fiscalização feita pelo 
Tribunal Administrativo denomina-se: 
a) Fiscalização administrativa. 
b) Fiscalização política. 
c) Fiscalização político-administrativa. 
d) Fiscalização jurisdicional. 
 
5. O controlo orçamental é um processo que consiste na 
verificação da legalidade e regularidade das receitas e 
despesas. Ele pode ser feito dentro de uma instituição 
denominando-se: 
a) Controlo contabilístico. 
b) Controlo financeiro. 
c) Controlo interno. 
d) Controlo administrativo. 
 
6. O SISTAFE criado pela Lei 09/2002, de 12 de Fevereiro e 
regulamentado pelo Decreto 23/2004, de 20 de Agosto - visa 
essencialmente assegurar uma gestão integrada de finanças 
públicas. Deste modo, ela aplica-se as: 
a) Instituições do sector privado empresarial 
b) Instituições e agências do Estado. 
c) Empresas públicas e as autarquias. 
d) Instituições não-governamentais. 
 
7. O SISTAFE, no seu funcionamento, rege-se por um conjunto de 
princípios fundamentais, nomeadamente: 
a) Regularidade financeira, legalidade, economicidade e 
eficiência. 
b) Tipicidade, legalidade, eficiência, eficácia. 
c) Boa governação, accountability, transparência, eficiência. 
d) Transparência, eficiência, eficácia, legalidade. 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
117 
 
8. Do ponto de vista de resultados, a implementação do SISTAFE 
trouxe melhorias na administração pública destacando-se os 
seguintes: 
a) Aumento dos desvios de fundos públicos. 
b) Melhoria na gestão das finanças públicas. 
c) Aumento do volume de exportações. 
d) Melhoria na informacao sobre os gastos públicos. 
 
9. Do ponto de vista de constrangimentos do SISTAFE, pode-se 
apontar os seguintes: 
a) Aumento da racionalidade na utilização de fundos públicos 
b) Fraco cometimento dos gestores públicos 
c) Insuficiência de instituições bancárias na zonas rurais que 
impede a implementação do SISTAFE. 
d) Fraca expansão das redes de telecomunicações e das 
tecnologias de informacao a nível nacional. 
 
10. No tocante aos desafios, o SISTAFE apresenta os seguintes: 
a) Implementação do SISTAFE na cidade da Beira. 
b) Implementação do SISTAFE em todo o país (a nível provincial e 
distrital). 
c) Bancarização das zonas rurais. 
d) Geração de empregos a nível rural e distrital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
118 
 
Exercícios de AVALIAÇÃO 
Caro estudante, responda de forma clara e objectiva as questões que 
se seguem. 
 
1. Depois da aprovação do orçamento do Estado pela Assembleia 
da República segue-se a fase da execução orçamental. 
Apresente as regras gerais da execução do orçamento. 
 
2. A execução orçamental visa a arrecadação de receitas e 
realização de despesas. Descreve de forma clara e breve as 
fases que compreendem a execução das receitas e a execução 
das despesas. 
 
3. Durante e depois da execução orçamental algumas instituições 
do Estado, dotadas desse direito, iniciam o processo de 
fiscalização e controlo do orçamento. Explique porquê a 
fiscalização tem normalmente em vista as despesas. 
 
4. Em Moçambique a fiscalização do orçamento é feita pelo 
Tribunal Administrativo, pela Assembleia da República e pela 
própria Administração Pública. Argumente porque se diz que a 
fiscalização feita pelo Tribunal Administrativo assume especial 
importância. 
 
5. “O SISTAFE resulta de um processo de reformas no sector 
público com vista a introdução de uma legislação e modelos de 
gestão mais adequados a uma administração pública mais 
moderna e actualizada”. Apresente os principais resultados, 
constrangimentos e desafios do SISTAFE. 
 
6. 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
119 
 
Exercícios INTEGRADOS DE AVALIAÇÃO 
Marque V as afirmações verdadeiras e F as afirmações falsas 
 
1. “A totalidade de receitas orçamentais deve servir para 
financiar a totalidade das despesas orçamentais”. Está 
afirmação é referente ao seguinte princípio/regra orçamental: 
a) Especificação. 
b) Equilíbrio. 
c) Não compensação 
d) Universalidade 
 
2. “As receitas e as despesas devem ser inscritas pelos seus 
valores brutos”. Nesta frase está subjacente o seguinte 
princípio/regra orçamental: 
a) Não consignação. 
b) Especificação. 
c) Não compensação. 
d) Universalidade. 
 
3. Dentre vários fenómenos que explicam o crescimento da 
despesa pública, Wagner apontou os seguintes: 
a) Industrialização dos países através da substituição das 
importações. 
b) Surgimento de estruturas de competição imperfeita, com 
necessidade de maior intervenção governamental. 
c) Crescente militarização das Nações. 
d) Redução da taxa de crescimento populacional. 
 
4. A execução orçamental pode ser definida como um processo 
de: 
a) Discussão e aprovação do orçamento de Estado. 
b) Fiscalização das receitas e despesas inscritas no orçamento. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
120 
 
c) Arrecadação de receitas e realização de despesas. 
d) Acompanhamento do processo orçamental. 
 
5. Em Moçambique a fiscalização do orçamento é feita por várias 
instituições. Todavia, a fiscalização de cada uma delas tem 
denominação específica. Assim, a fiscalização feita pelo 
Tribunal Administrativo denomina-se: 
a) Fiscalização administrativa. 
b) Fiscalização política. 
c) Fiscalização político-administrativa. 
d) Fiscalização jurisdicional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
121 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 Decreto n° 23/2004 de 20 de Agosto. Regulamento do Sistema 
de Administração Financeira do Estado. 
 Do Amaral, J.F., Louça, F., Ferreira, C., Fontaínha, E., Caetano, 
G., Santos, S. (2002). Introdução à Macroeconomia, Escolar 
Editora, Cap.3, pp. 58-64. 
 Lei n° 09/2002 de 12 de Fevereiro. Lei que cria o Sistema de 
Administração Financeiro do Estado (SISTAFE). 
 Pereira, P.T., Afonso, A., Arcanjo, M., Santos, J.C.G. (2009). 
Economia e Finanças Públicas, 3ª Edição. Escolar Editora, Parte 
IV, pp. 405-453. 
 Ribeiro, J.J. Teixeira. (1997). Lições de Finanças Públicas, 5ª 
Edição, refundida e actualizada. Coimbra Editora, pp.50-79; 91-
101. 
 Sousa Franco, A.L. (1995). Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, Vol.1, Cap.V, pp. 335-342; pp.408-415; 427-440. 
 Wandschneider, T. S. (1998-99). Apontamentos de Finanças 
Públicas. Universidade Eduardo Mondlane (UEM), pp. 42-73. 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
122 
 
TEMA IV: DÍVIDA PÚBLICA 
UNIDADE TEMÁTICA I: GENERALIDADES SOBRE A DÍVIDA 
PÚBLICA 
INTRODUÇÃO 
No sentido de financiar a existência de défices orçamentais, as 
autoridades podem recorrer a várias formas de financiamento. Entre 
as mais usadas pelo Estado para obter recursos financeiros, quando as 
despesas orçamentais são superiores às receitas orçamentais num 
determinado ano, importa destacar as seguintes: a emissão de divida 
publica; a alienação de património do Estado (por exemplo, venda de 
imóveis ou privatização de empresas públicas); ou ainda o 
financiamento monetário junto do Banco Central. 
Moçambique tem podido cumprir com o serviço da sua dívida externa 
apenas devido aos sucessivos reescalonamentos e ao perdão parcial 
ou total concedido por alguns países credores. 
Desde 1984, Moçambique beneficiou de várias operações de 
reescalonamentoda sua dívida no âmbito do Clube de Paris que 
congrega a maioria dos países credores. Estes acordos apenas 
abrangem a dívida pública bilateral e resultam no adiamento dos 
pagamentos a efectuar e, em certos casos, numa redução da taxa de 
juro. 
A presente unidade, a única deste tema, aborda aspectos gerais 
ligados a dívida pública. Ainda nesta unidade iremos abordar as 
necessidades de financiamento do Estado, e por último, instrumentos 
da divida pública. 
 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
123 
 
 
Objectivos 
Específicos 
Ao completar esta unidade, espera-se que você seja capaz de: 
 
 Distinguir a dívida pública da dívida externa; 
 Enunciar as vantagens e desvantagens do endividamento 
público 
 Enumerar os instrumentos da dívida pública interna. 
 
 
4.1 Conceito de Dívida Pública 
A Divida Pública “compreende as obrigações financeiras assumidas em 
virtude de leis, contratos e acordos e da realização de operações de 
crédito” (Artigo 56 da Lei 09/2002 – Lei do SISTAFE). 
 
De forma genérica, entende-se por dívida, “uma quantia emprestada 
acrescida de juros, com uma previsão de pagamento futuro” (Grupo 
Moçambicano da Divida, 2006). 
 
4.2 Formas de Dívida Pública 
 
A dívida pública, pode dizer-se, que tem as formas do crédito e dos 
empréstimos que lhe dão origem. Assim, a dívida pública poderá ser 
interna ou externa, consoante seja interno ou externo o respectivo 
empréstimo. 
A Lei 9/2002 de 12 de Fevereiro - Lei do Sistema de Administração 
Financeira do Estado (SISTAFE) - define a Dívida Pública Interna como: 
 
 “aquela que é contraída pelo Estado com entidades de direito 
público ou privado, com residência ou domiciliadas no País, e 
cujo pagamento é exigível dentro do território nacional”. 
 
A mesma lei 09/2002 define a Dívida Pública Externa como: 
 
“aquela que é contraída pelo Estado com outros Estados, 
organismos internacionais ou outras 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
124 
 
entidades de direito público ou privado, com residência ou 
domicílio fora do País, e cujo pagamento é exigível fora do 
território nacional”. 
 
A dívida externa poderá reportar-se a situações passivas do Estado 
relativamente às instituições monetárias e financeiras internacionais, 
caso em que se designa de dívida internacional. 
 
4.3 Dívida Interna Vs. Dívida Externa 
 
Dada a importância e peso da dívida pública externa, que representa a 
quase totalidade da dívida pública moçambicana, é pertinente fazer-
se aqui uma exposição dos principais argumentos que estão 
normalmente presentes neste debate. 
Segundo (Waty, 2004) a dívida pública externa, na óptica de credor, 
poder ser do tipo comercial, bilateral ou multilateral: 
 A dívida comercial, refere-se aos empréstimos contraídos junto 
de bancos comerciais estrangeiros, a taxas de juro de 
mercado; 
 A dívida bilateral, por sua vez, resulta dos empréstimos 
provenientes de outros Estados (por exemplo, a Dinamarca, 
através da DANIDA e o Canadá, através da CIDA); 
 Por último a dívida multilateral é consequência da contracção 
de empréstimos junto de instituições financeiras multilaterais 
(por exemplo, o Banco Mundial, o FMI e o Banco Africano de 
Desenvolvimento). 
No caso das dívidas bilateral e multilateral, trata-se de empréstimos 
concessionais, ou seja, de empréstimos com uma taxa de juro muito 
inferior à de mercado e que beneficiam de condições vantajosas de 
pagamento, como sejam, um longo período de graça e prazos de 
amortização muito dilatados. Fazem parte, conjuntamente com os 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
125 
 
donativos, que não implicam qualquer encargo para o Estado, da 
ajuda externa. 
 
4.4 Vantagens e Desvantagens do Endividamento 
4.4.1 Vantagens 
A dívida pública externa, proveniente de poupanças externas implica 
um aumento dos recursos financeiros totais disponíveis para o 
financiamento do investimento nacional que permite um mais rápido 
crescimento económico. 
Tal já não sucede no caso dos empréstimos internos. O recurso a este 
tipo de empréstimos por parte do Estado absorve poupanças internas, 
reduzindo assim o volume dos recursos financeiros disponíveis para o 
sector privado. 
Outra potencial vantagem do endividamento externo consiste no 
aumento da disponibilidade de divisas para o país devedor, 
contribuindo para o financiamento dos défices na balança de 
transacções correntes e um aumento das reservas externas do Banco 
Central. 
Uma terceira vantagem dos empréstimos públicos externos, 
nomeadamente daqueles que têm um carácter concessional, consiste 
no seu baixo custo e condições favoráveis de amortização. A 
concessionalidade dos empréstimos bilaterais e multilaterais torna-os 
particularmente atractivos para os países de baixo rendimento que 
não dispõem de recursos suficientes para suportar os juros de 
mercado e cumprir com as condições de amortização associadas aos 
empréstimos comerciais internos e externos. 
Em resumo, podemos apontar com vantagens do endividamento: 
 Aumento da disponibilidade de recursos para financiar um 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
126 
 
investimento; 
 Entrada de divisas; e 
 Concessionalidade dos empréstimos bilaterais e multilaterais 
 
4.4.2 Desvantagens 
O endividamento externo apresenta várias desvantagens em relação 
ao endividamento interno (Waty, 2004): 
 O serviço de dívida pública externa implica uma saída de 
dinheiro do país. Na dívida pública interna, pelo contrário, a 
amortização do capital e o pagamento de juros representam 
uma transferência a favor de agentes económicos nacionais. O 
dinheiro fica no país. Por outras palavras, as gerações futuras 
pagam a si próprias os juros e o capital. 
 A acumulação de dívida pública externa gera uma crescente 
drenagem de divisas do país, com reflexos negativos na 
balança de transacções correntes (pagamento dos juros) e na 
balança de capitais (amortização do capital). 
 Com a desvalorização da moeda e da inflação a dívida externa 
sofre um agravamento cada vez que a moeda nacional se 
desvaloriza, já que serão necessárias mais unidades de moeda 
nacional para pagar os juros e o capital em moeda externa. Por 
outro lado, o valor real da dívida pública externa não diminuiu 
com a inflação. 
Resumindo, podemos apontar como desvantagens do endividamento 
público externo: 
 O serviço da dívida implica saída de dinheiro do país; 
 Impacto negativo do serviço da dívida na Balança de 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
127 
 
Pagamentos; 
 Efeitos negativos da desvalorização da moeda nacional e 
ausência dos efeitos positivos da inflação no valor real da 
dívida. 
 
4.4.3 Necessidades de Financiamento do Estado 
A existência de um défice orçamental não significa, por si só, que num 
determinado país exista algum problema ao nível das contas públicas. 
Com efeito, o facto de o Estado ter, em cada, necessidades 
orçamentais que são totalmente cobertas com as receitas habituais, 
como sejam os impostos e as contribuições para a segurança social, 
pode ser justificado, até certa medida, de um ponto de vista de 
racionalidade económica. 
As necessidades anuais de financiamento surgem da soma de várias 
componentes, sendo, em princípio, o défice orçamental a mais 
importante. Assim sendo, num determinado ano, o Estado terá que 
recorrer ao mercado de capitais, essencialmente através da emissão 
de dívida pública para fazer face às suas necessidades de 
financiamento (NF). Essas decorrem da eventual existência de um 
défice orçamental ou da amortização da dívida pública existente. 
De um modo geral existem três razões principaispara o 
endividamento público interno: 
I. Financiamento do défice orçamental. Se o Governo não for 
capaz de fazer face aos seus compromissos de despesas a 
partir de receitas mobilizadas a nível nacional, tais como 
impostos e direitos, e de doações e empréstimos de fontes 
externas, pode então contrair empréstimo a nível nacional. 
 
Em Moçambique, assim como em muitos países menos desenvolvidos, 
receitas públicas tem estado aquém do volume de despesas fixadas, 
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128 
 
havendo então a necessidade de se recorrer a outras fontes. 
 
O recurso ao endividamento interno para o financiamento do défice é 
tomado como o último recurso. Último recurso porque quando se 
recorre à dívida interna penaliza-se o sector privado, pois este fica sem 
recursos suficientes para financiar os seus investimentos. 
 
II. Implementação da Política Monetária. O Governo pode 
implementar a política monetária através comprando ou 
vendendo títulos do tesouro – através das operações de 
mercado aberto. A venda de títulos do tesouro por parte do 
Estado reduz a oferta de moeda e absorve a liquidez, pois as 
pessoas e as instituições compram títulos de tesouro e ficam 
assim com menos dinheiro, ao passo que a compra de títulos 
do tesouro por parte do estado injectam dinheiro na economia, 
pois as pessoas vendem títulos do tesouro e ficam com mais 
dinheiro. 
 
III. Desenvolvimento do sistema financeiro. Para desenvolver e 
aprofundar os mercados do sector financeiro é necessário 
haver uma oferta e uma gama firme de instrumentos de 
instrumentos financeiros a transaccionar. No início deste 
processo o governo oferece geralmente títulos do tesouro de 
curto prazo, que proporcionam uma rentabilidade certa e 
desenvolvem a confiança dos investidores nos instrumentos 
públicos de dívida. Consequentemente, o aprofundamento do 
mercado financeiro pode ser conseguido através da oferta de 
instrumentos de mais longo prazo com estruturas diversas de 
taxas de juro (fixas e flutuantes). 
 
Importa salientar que o valor dos títulos emitidos é fixado em moeda 
nacional, mas casos há em que os valores são convertidos para moeda 
externa. Neste segundo caso, além dos encargos derivados da taxa de 
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129 
 
juros, há que ter em conta a taxa de câmbios, dados os riscos de sua 
flutuação. 
 
4.4.4 Instrumentos de Dívida Pública 
 
Quando se fala de dívida pública, muitas vezes não se percebe qual o 
conceito usado. Em termos gerais a dívida pública interna engloba o 
conjunto de títulos emitidos pela Administração Pública, no mercado 
de capitais, no sentido de captar os recursos necessários para financiar 
a existência de défices orçamentais. 
Existem dois instrumentos principais que os governos emitem no 
processo de contratação de empréstimos internos: títulos de tesouro e 
obrigações de tesouro. 
 
 Título de Tesouro – títulos de crédito emitidos a breve data 
pelo governo, geralmente vendidos a desconto em vez de 
pagarem juros, com um vencimento de um ano ou inferior a 
um ano. Também é possível os títulos de tesouro pagarem 
juros no termo do prazo de pagamento e serem emitidos ao 
par (100% do valor facial). 
 
 Obrigações de Tesouro – instrumento de médio e longo prazo 
emitidos ao par (100% do valor facial) e com juros pagáveis 
anual ou semestralmente. 
 
Para além destes instrumentos de dívida pública, existe em alguns 
países, como é o caso de Portugal, os Certificados de Aforro (CA). Estes 
instrumentos visam a captação de poupanças das famílias e são 
distribuídos directamente juntos dos particulares. Têm montantes 
mínimos de subscrição reduzidos, não são negociáveis e a sua 
transmissão só se efectua por falecimento do titular. Os juros vencidos 
em cada trimestre são capitalizados sendo possível resgatar os títulos 
após a primeira capitalização de juros. 
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130 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Marque V as afirmações verdadeiras e F as afirmações falsas 
 
1. A divida pública compreende as obrigações financeiras 
assumidas em virtude de leis, contratos e acordos e da 
realização de operações de crédito. Ela pode assumir duas 
formas principais: 
a) Interna ou externa. 
b) Nacional ou internacional. 
c) Variável ou fixa. 
d) Amortizável ou perpétua. 
 
2. Existem dois instrumentos principais usados pelo governo para 
a contratação de empréstimos internos, são eles: 
a) Títulos de tesouro e papel-moeda. 
b) Obrigações de tesouro e títulos de tesouro. 
c) Taxas de juro e taxas de câmbio. 
d) Emissão da moeda e taxa de juro. 
 
3. Na óptica de credor a dívida externa pode ser classificada nos 
seguintes termos: 
a) Dívida multilateral, divida bilateral, divida comercial. 
b) Dívida amortizável, divida multilateral, divida perpétua. 
c) Dívida fundada, divida interna, divida externa 
d) Dívida comercial, dívida fundada, dívida bilateral. 
 
4. A dívida, pese embora implique a redução de recursos 
financeiros no futuro para o país, face ao serviço da dívida, ela 
apresenta algumas vantagens. Dentre várias vantagens do 
endividamento externo, pode-se apontar as seguintes: 
a) Entrada de divisas 
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131 
 
b) Amortização da dívida 
c) Aumento da disponibilidade de recursos para financiar 
investimentos. 
d) Apreciação da moeda externa reduzindo os juros da dívida. 
 
5. As necessidades anuais de financiamento surgem da soma de 
várias componentes, dente várias, em princípio, destaca-se: 
a) A ocorrência de calamidades naturais. 
b) O défice orçamental. 
c) O equilíbrio orçamental. 
d) Desvio de fundos públicos. 
 
6. No âmbito da contratação de empréstimos internos existem 
dois instrumentos principais de divida públicos usados pelos 
governos, nomeadamente: 
a) Operações de mercado aberto 
b) Operações cambiais 
c) Taxas de juro e taxas de câmbio 
d) Títulos de tesouro e obrigações de tesouro. 
 
 
 
 
 
Exercícios de AVALIAÇÃO 
Caro estudante, responda de forma clara e objectiva as questões que 
se seguem. 
1. O que entendes por dívida pública? 
a) Indique as formas que uma dívida pode assumir. 
b) Apresente as diferenças as formas de dívida mencionada na 
alínea a). 
 
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132 
 
2. Apresente de forma clara as diferenças entre a dívida 
comercial, dívida bilateral e dívida multilateral. 
 
3. Indique as vantagens e desvantagens do endividamento 
externo 
 
4. No tocante ao endividamento, de um modo geral, pode-se 
apontar três principais razoes para o endividamento público 
interno. Apresente a principal razão que levado o governo 
moçambicano a contrair a divida publica interna. 
 
5. Identifique os instrumentos da dívida pública e mostre a 
diferença existente entre eles. 
 
Exercícios – PREPARAÇÃO PARA O EXAME 
 
Marque V as afirmações verdadeiras e F as afirmações falsas 
 
1. A palavra latina finis é apontada como sendo a raiz etimológica 
do termo finanças através duma evolução pelo qual, nos 
séculos XII e XIV. Modernamente, as finanças públicas referem-
se: 
a) A utilização de meios financeiros próprios para a satisfação de 
necessidades colectivas e individuais. 
b) Ao processo de aquisição e utilização de meios financeiros 
pelas entidades públicas. 
c) A arrecadação de receitas e realização de despesas. 
d) Receitas públicas e despesas públicas. 
 
2. O Estado tem as suas finanças, sem dúvida; mas também têm 
as suas finanças os particulares. A grande diferença entre 
finanças publicas e finanças privadas reside no facto de: 
a) As finanças privadas as empresas terema prerrogativa de 
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133 
 
cobrar impostos; 
b) Nas finanças públicas as receitas determinaram o volume de 
despesas; 
c) As empresas privadas poderem recorrer ao empréstimo 
bancário; 
d) Os impostos constituírem o meio de financiamento específico 
para o Estado. 
 
3. A teoria da tributação baseia-se em dois princípios 
fundamentais: 
a) Harmonia e eficiência 
b) Equidade e eficácia 
c) Neutralidade e equidade 
d) Eficácia e equilíbrio. 
 
4. A técnica tributária apresenta 5 fases, designadamente: 
a) Incidência fiscal, determinação da matéria colectável, fixação 
da taxa, liquidação do imposto e cobrança. 
b) Incidência fiscal, avaliação da taxa, fixação da taxa, liquidação 
do imposto e cobrança. 
c) Avaliação da taxa, determinação da matéria colectável, 
liquidação do imposto, fixação da taxa e cobrança. 
d) Incidência fiscal, liquidação do imposto, cobrança, avaliação 
fiscal e fixação da taxa. 
 
5. Em Moçambique a tributação tem como um dos grandes fins: 
a) Satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras 
entidades públicas. 
b) Garantir a segurança e ordem públicas. 
c) Arrecadar receitas e realizar despesas. 
d) Financiar o sector privado criando um bom ambiente de 
negócios. 
 
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134 
 
6. No âmbito dos fundamentos/argumentos para intervenção 
pública, a classificação clássica evidencia apenas dois 
objectivos da intervenção pública, designadamente, a 
promoção da: 
a) Eficácia e equidade. 
b) Eficiência e equidade. 
c) Estabilidade e eficiência. 
d) Transparência e boa governação. 
 
7. A economia do bem-estar apresenta dois teoremas 
fundamentais. O primeiro teorema refere-se que com 
mercados perfeitos, o livre funcionamento do mercado garante 
uma afectação óptima de recursos. Ou seja, a um equilíbrio (ou 
óptimo) de: 
a) Walras. 
b) Pareto. 
c) Kaldor. 
d) Wagner. 
 
8. Diz-se que existe uma situação “Óptimo de Pareto” quando: 
a) Não há melhoria da situação de nenhum agente económico 
b) Há melhoria da situação de todos agentes económicos. 
c) Não é possível melhorar a situação de um agente sem piorar a 
situação de qualquer outro agente económico. 
d) Todos os agentes económicos estão numa situação pior. 
 
9. As falhas de Mercado constituem o primeiro e um dos maiores 
argumentos para a intervenção pública. Constituem exemplos 
de falhas de mercado os seguintes casos: 
a) Concorrência perfeita, bens primários, bens públicos. 
b) Informação simétrica, poder de mercado, economias de escala. 
c) Externalidades, bens públicos, assimetrias de informação. 
 ISCED CURSO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2° Ano Módulo: FINANÇAS PÚBLICAS 
135 
 
d) Concorrência perfeita, externalidades, bens públicos. 
 
10. Na presença de falhas, o mercado apresenta a seguinte 
característica: 
a) Alocação eficiente de recursos. 
b) Afectação ineficiente de recursos. 
c) Equilíbrio óptimo de Pareto. 
d) Equilíbrio geral na economia. 
 
11. Os bens públicos definem-se pelas seguintes características: 
a) Não-rivalidade, impossibilidade de exclusão, não-
rejeitabilidade. 
b) Não-rivalidade, rejeitabilidade, impossibilidade de exclusão. 
c) Exclusão, rejeitabilidade, possibilidade de exclusão. 
d) Provisão pública, produção privada, provisão privada 
 
12. Os modelos macroeconómicos procuram analisar o 
crescimento dos gastos públicos ao longo do tempo. Os 
modelos que tentam associar o crescimento dos gastos 
públicos com os estágios de crescimento do país foram 
desenvolvidos por: 
a) Peacock, Wiseman e Wagner. 
b) Adolph Wagner. 
c) Peacock, Wiseman e Herber. 
d) Musgrave, Rostow e Herber. 
 
13. A execução orçamental pode ser definida como um processo 
de: 
a) Discussão e aprovação do orçamento de Estado. 
b) Fiscalização das receitas e despesas inscritas no orçamento. 
c) Arrecadação de receitas e realização de despesas. 
d) Acompanhamento do processo orçamental. 
 
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136 
 
14. Em Moçambique a fiscalização do orçamento é feita por várias 
instituições. Todavia, a fiscalização de cada uma delas tem 
denominação específica. Assim, a fiscalização feita pelo 
Tribunal Administrativo denomina-se: 
a) Fiscalização administrativa. 
b) Fiscalização política. 
c) Fiscalização político-administrativa. 
d) Fiscalização jurisdicional. 
 
15. A dívida pública compreende as obrigações financeiras 
assumidas em virtude de leis, contratos e acordos e da 
realização de operações de crédito. Ela pode assumir duas 
formas principais: 
a) Interna ou externa. 
b) Nacional ou internacional. 
c) Variável ou fixa. 
d) Amortizável ou perpétua. 
 
16. As necessidades anuais de financiamento surgem da soma de 
várias componentes, dente várias, em princípio, destaca-se: 
a) A ocorrência de calamidades naturais. 
b) O défice orçamental. 
c) O equilíbrio orçamental. 
d) Desvio de fundos públicos. 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 Do Amaral, J.F., Louça, F., Ferreira, C., Fontaínha, E., Caetano, 
G., Santos, S. (2002). Introdução à Macroeconomia, Escolar 
Editora, Cap.3, pp. 71-82. 
 Lei n° 09/2002 de 12 de Fevereiro. Lei que cria o Sistema de 
Administração Financeira do Estado (SISTAFE). 
 Pereira, P.T., Afonso, A., Arcanjo, M., Santos, J.C.G. (2009). 
Economia e Finanças Públicas, 3ª Edição. Escolar Editora, Parte 
V, pp. 507-511. 
 Waty, T.A. (2004). Introdução ao Direito Fiscal. W&W Editora, 
Lda. Maputo.

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